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Parte 1 / Sumé -Tomé: Jesuítas e um Apóstolo de Cristo no Além Mar

por Thiago Leandro Vieira Cavalcante

Sobre o autor 1[1]

Sobre a ilustração:

Introdução.

Os jesuítas tiveram ampla participação na

História da colonização americana, principalmente

no que diz respeito à educação e à cristianização

dos povos nativos. São apontados pela


Sumé
Cortesia: Geosities/peabiru historiografia2[2] como mentores de sociedades

indígenas organizadas, sejam as reduções da bacia platina ou os aldeamentos do norte nordeste

brasileiro, sociedades essas que em grande parte são apontadas como um dos fatores

determinantes para a derrota indígena, pois os índios foram organizados de modo que se

tornassem “civilizados3[3]”, isso significou a perda de grande parte do arcabouço cultural

indígena e por conseqüência limitou muito sua capacidade de defesa em relação aos invasores.

Embora os jesuítas apareçam algumas vezes no cenário colonial como defensores dos

indígenas, em muito a organização por eles posta em prática contribuiu para a desestruturação

das tribos tradicionais. Alcançaram efetivamente uma grande influência sobre os indígenas, isso

se dá devido ao poder de persuasão religiosa que conquistaram e utilizaram. Conquista que foi

em grande parte favorecida pela apropriação e utilização de elementos da cultura religiosa

nativa. É justamente sobre uma dessas apropriações que me proponho discorrer neste trabalho.

O mito do Sumé – Zumé que foi transformado no apóstolo cristão Tomé.

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Jesuítas, a Conquista e Contra-reforma.

Utilizarei como ponto de partida para esta tentativa de reconstrução histórica a

publicação das noventa e cinco teses de Martinho Lutero. A atitude de Lutero deu inicio à

Reforma Protestante4[4]. Esse movimento tirou grande parte do mundo cristão da submissão ao

Papa. O movimento reformista pregava entre outras coisas a justificação pela fé, ao contrário

dos católicos que pregavam a justificação pelas obras, pregava o fim do celibato e o fim do

culto à Virgem a Maria5[5] e aos demais Santos.

Diante desse fato que abalou seriamente as estruturas da Igreja Católica Apostólica

Romana, algumas ações foram tomadas para que se revertesse a situação ou ao menos que se

amenizassem seus efeitos. Destaca-se o Concílio de Trento6[6] (1545) que formulou as bases

da Contra Reforma.

Após o Concílio de Trento é que a Igreja intensifica sua ação missionária nas terras

recém conquistadas da América, para isso o Papa precisava de religiosos que estivessem

dispostos a deixar o luxo das cortes européias para se aventurar em terras do além mar que

eram desconhecidas e estavam estigmadas por uma série de mitos e lendas medievais. Neste

contexto Roma encontrou uma ordem religiosa que lhe serviu de fiel escuderia, a Companhia de

Jesus.

A ordem foi fundada por Inácio de Loyola em 1534 na Capela Montmartre, em Paris,

com objetivos catequéticos. Em 27 de setembro de 1540 teve suas constituições “Regimini

Militantis Ecclesiae” aprovadas pelo Papa Paulo III, contando então com somente dez membros.

Destacou-se no catolicismo em duas vertentes principais, as missões e a educação. Como

missionários empenharam-se em levar a fé aos pagãos, tinham certa afeição também por

judeus e cristãos novos, atitude que ia contra o pensamento da maioria dos eclesiásticos

inclusive do Santo Ofício7[7].

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Na área educacional podemos destacar a criação do Colégio de Messina, na Sicília, em

1548, o primeiro e inspirador de todos os outros colégios da companhia. Em 1551 foi fundado o

Colégio de Roma, que mais tarde tornou-se a conceituada Universidade Gregoriana.

Os jesuítas chagaram em 1587 ao Paraguai, em 1568 ao Peru, em 1585 a Tucumán

(Argentina) e em 1549 ao Brasil, sob a liderança do Padre Manoel da Nóbrega. Tornaram-se os

mentores da Educação no Brasil até 1759 quando foram expulsos por decisão do Marquês de

Pombal, naquele momento tinham 25 residências, 36 missões e 17 colégios e seminários. Todos

os estudos jesuíticos eram regidos pelo documento “Ratio atque Instituto Studiorum”,

abreviadamente “Ratio Studiorum”8[8], um documento que dentre vários outros visava manter

a unidade entre os “soldados de Cristo”.

A principal missão dos jesuítas na América do Sul era evangelizar os povos nativos e

assim “recuperar as almas” perdidas com a Reforma Protestante ocorrida na Europa.

Diante de tal tarefa alguns jesuítas se dedicaram a conhecer a língua, os costumes e a

conviver com os povos, que convencionalmente chamaram índios. Esse trabalho foi de

fundamental importância para o êxito das missões, haja vista que o principal método de

conversão utilizado era a pregação.

Os trabalhos jesuíticos focalizaram o desenvolvimento de uma série de atividades

civilizatórias9[9], é claro que a idéia civilizatória por eles empregada era baseada no modelo

europeu, que tinha no mercantilismo e nos valores cristãos católicos seus pontos de base.

Outro fator motivador foi o surgimento do ideal missionário 10[10] que floresce na Igreja

por volta do séc. XVI, sendo um contraponto entre a Igreja medieval que tinha nas ordens

monásticas seu fundamento e buscava a salvação do mundo através de sua contemplação e

interseção. As ordens missionárias deram uma dimensão social à Igreja constituindo-se a ponte

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entre o mundo sagrado e o profano. A Igreja vê na missão a oportunidade de conquistar novos

fiéis e unida ao poder terreno participa das conquistas.

No séc. XVI o mundo vive a ausência de seu paradigma, pois Deus é expresso apenas

por semelhanças já que seu lugar é no mundo profano ao contrario do período anterior em que

o lugar do divino estava reservado ao recolhimento dos monastérios e à vida de cada um, ou

seja, a sociedade estava imersa em um ambiente sagrado, agora outros interesses começavam

a se sobrepor ou iguala-se aos religiosos e Deus está com o missionário em lugares onde nem

se quer é conhecido. Assim:

“... A tarefa do cristão e particularmente do sacerdote cristão é de tentar ler

essas marcas que inscrevem nos objetos sua distância e sua diferença do

paradigma. A tarefa do sacerdote cristão missionário é maior. Ele não é apenas

um leitor das marcas; deve lê-las e modificá-las. Se a mudança não é possível

deve abandoná-las à sua sorte ou – melhor – eliminas-las Ainda mais quando há

o perigo do inimigo de Deus e do homem ter se apoderado – temporariamente ou

não – de certos objetos, roubando-os a seu legitimo senhor. O missionário não

quer somente ler o livro sagrado enquanto tal. Ele quer Lê-lo (confrontá-lo

enquanto código ideal) no mundo secular. Quer decifrar este mundo como

linguagem, percorrer seus sinais e estabelecer uma leitura frutífera para uma

interpretação adequada quando o ‘texto’ estiver truncado ou maculado. Não

devemos por outro lado, supor um abandono da interpretação das escrituras

sagradas por parte das ordens missionárias. Elas as lêem e transmitem sua

verdade para o século, especialmente para os semelhantes menos semelhantes,

mais afastados do dogma. O auditório predileto da Missão é o dos que ainda não

tinham ouvido a palavra divina. Esta palavra para ser ouvida deve ser repetida

pelos que foram capazes de a escutar e autorizados, pela Instituição Sagrada, a

fazê-lo. Os missionários são pregadores. Restabelecem a oratória como estilo

preferido para a conversão, o que leva a um revigoramento de formas muito mais


inflamadas, eloqüentes e sentimentais do que as peculiares à escrita escolástica. 11

[11]”. (SIC).

O fundador da Companhia de Jesus, Inácio de Loyola, teve a preocupação com a

unidade da mesma, um exemplo disso, já citado, é a “Ratio Studiorum”. Outro aspecto

importante era a comunicação. Como sabemos a produção de cartas dos jesuítas em geral é

bastante grande, isso não ocorre por um simples acaso, mas sim devido às diretrizes da

Companhia de Jesus. Sobre esse tema, há um artigo de Fernando Torres Londoño “Escrevendo

Cartas: Jesuítas, Escrita e Missão no século XVI12[12]”.

Segundo Londoño, após o surgimento da Companhia de Jesus no século XVI ela

rapidamente se espalhou pelos quatro cantos do mundo. Assim Loyola temendo uma

desagregação dos membros cria uma série de medidas nas constituições da companhia para

evitar que isso ocorresse, dentre as quais a obrigação dos religiosos manterem uma freqüente

comunicação com seus superiores através de cartas. Criaram-se prazos para envio, as cartas

eram copiadas e reenviadas a outras partes do mundo onde houvessem jesuítas, devido à

grande diversidade lingüística e por ser a língua oficial da Igreja, estabeleceu-se o latim como

língua oficial para essas comunicações. Criou-se um sistema de comunicação muito eficiente

para a época.

Além disso, dado que os primeiros membros da companhia, incluindo seu fundador eram

todos mestres em letras e posteriormente muitos doutores fizeram parte de suas fileiras, a

tradição da escrita não teve muita dificuldade para se solidificar na companhia, embora é claro

tenham existido alguns poucos casos de resistência. Havia basicamente dois tipos de cartas, as

de “edificação”, que deveriam mostrar a graça de Deus manifestada pela ação jesuítica nos

diversos cantos do mundo e as cartas que descreviam o cotidiano das casas, os problemas, as

evoluções dos irmãos etc. Esse tipo de carta ficava reservado aos superiores provinciais e ao

governo geral ao contrario das de edificação que deveriam ser lidas pelo maior número de

jesuítas possível.

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A principal forma utilizada pelos jesuítas para a conversão dos índios, na América do

Sul, foram as reduções. O termo “reduções” nos esclarece um dos objetivos desses

aldeamentos, que era justamente o de reduzir os índios a um espaço determinado no território.

Posso indicar outro motivo de relevância acentuada, a “civilização” do indígena, pretendia-se

que o índio deixasse o estado de “barbárie” passando então a civilizado. “... já foram reduzidos

por nosso esforço ou indústria a povoações grandes e transformados de gente rústica em

cristãos civilizados com a continua pregação do evangelho13[13]”. Elas também serviam como

grandes reservas de mão-de-obra.

A primeira surgiu por volta de 1610 e foi chamada de Loreto, fundada pelos Padres José

Cataldino e Simão Masseta, ambos italianos. Logo em seguida surge a de Santo Inácio, fundada

por pelo Pe. Marciel de Lorenzana. Essas reduções, localizadas respectivamente, onde

atualmente estão as cidades de Itaguajé e Santo Inácio no norte do Paraná, foram as primeiras

de muitas que existiram nas regiões do Paraguai, Guairá e Tape que abrangem as bacias do

Paraná, Paraguai e Uruguai.

Segundo J. M. Monteiro14[14] os jesuítas concentravam seus esforços em três principais

pontos: A “conversão dos principais”, pois convertendo os caciques os jesuítas teriam uma força

muito maior de coação sobre os demais membros da sociedade. “A doutrinação dos jovens”,

que pretendia que os jovens crescessem sem os vícios já enraizados nos mais velhos e a

“eliminação dos Pajés” que eram responsáveis pela manutenção da cultura religiosa nativa.

Aliado a essas ações os indígenas eram doutrinados para o trabalho.

A Missão dos jesuítas foi responsável por um grande choque cultural. Neste momento

de encontro entre culturas tão diferentes ocorreram vários movimentos de circularidade

cultural15[15]. Essa circulação pode ser vista nos ritos religiosos, nas formas lingüísticas, no

desenvolvimento de novas técnicas de caça e pesca, na modificação de hábitos alimentares,

introdução de raízes e frutas tropicais na alimentação dos portugueses, enfim, ambas as

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culturas envolvidas no processo absorveram elementos da cultura com que estavam se

relacionando16[16], sem deixarem de ter suas identidades próprias. Um grande exemplo disso é

a cristianização do mito do Pay Sumé, tema central de nosso trabalho.

O aldeamento dos índios em reduções foi responsável pela dizimação de muitos índios,

pois devido à grande aglomeração de pessoas e a introdução de muitos microrganismos

estranhos, a comunidade nativa padeceu sob muitas epidemias. Outro fator que contribuiu para

o desaparecimento de muitos índios foi a perda de tradições bélicas que os deixou muito

vulneráveis aos ataques que vieram de São Paulo e do Paraguai.

Elas constituíram-se em sociedades de médio a alto nível organizacional, mantinham

redes de comunicação eficazes que garantiam uma quase que total auto-suficiência. Há

estudiosos que falam até mesmo em uma República Guarani Cristã, que seria uma espécie de

comunismo cristão incipiente17[17].

Apesar de não receber a devida atenção pela historiografia o trabalho indígena ocupa

um local de grande importância na história do Brasil e dos demais países sul-americanos 18[18].

Dada está importância a busca por essa mão-de-obra foi muito grande. Segundo trabalho

coordenado pelo professor M. K. Macedo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte 19[19],

verificou-se a existência de vários conflitos em torno da legislação e da escravização do

indígena. Em 1565 a Mesa da Consciência e Ordem, reunida em Lisboa, restringia o direito a se

escravizar apenas índios aprisionados em Guerra justa e garantia a liberdade aos índios que se

submetessem pacificamente aos colonizadores. Mem de Sá obrigou que as missões tivessem

uma estrutura administrativa como a das demais vilas, um meirinho seria responsável pelo

cumprimento das leis e deveria garantir a liberdade dos índios dóceis, essa atitude tira a

autonomia administrativa dos jesuítas deixando-os encarregados apenas dos assuntos

espirituais. Apesar dessas medidas o aprisionamento por guerra justa ainda continuava sendo

permitido e praticado. Em 1609 com o desenvolvimento econômico da colônia foi instalado o

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Tribunal da Relação do Brasil responsável pelo controle das relações sociais, jurídicas e políticas

da colônia. Esse órgão garantiu a liberdade a todos os índios e devolveu o poder administrativo

das missões aos jesuítas. Essa lei gerou fortes reações, isso fez com que a Coroa voltasse atrás

em 1611, liberando novamente a escravização de índios apresados em guerra justa ou

resgatados em outros aldeamentos. Além disso, tirou novamente o poder administrativo das

missões dos jesuítas, que ficaram novamente restritos à administração espiritual. Diante dos

diversos conflitos existentes perante as missões no norte do Brasil “Percebe-se que a criação

das Missões de aldeamento fez parte da política de aldeamento da Coroa portuguesa que

assegurava os diversos interesses da colonização, como também respondiam aos objetivos

religiosos dos missionários e da Igreja20[20]” Os conflitos aconteciam sempre que os interesses

de uns eram prejudicados pelos de outros. Ora a colonização era favorecida, ora os interesses

dos jesuítas eram favorecidos. Era uma verdadeira queda de braços. Constata-se que as

Missões foram importantes no processo de colonização na medida em que concentrando os

índios, despovoavam o sertão abrindo espaço para a colonização. Não é por acaso que a

maioria das missões se localizava no litoral.

Processos parecidos ocorreram no sul do Brasil e Paraguai, principalmente no momento

em que os Paulistas intensificaram a necessidade de mão-de-obra indígena com a decadência a

escravidão africana.

Segundo J. M. Monteiro21[21] os bandeirantes contribuiriam muito para a destruição das

reduções da região do Guairá. Os guaranis reduzidos eram alvos de freqüentes assaltos de

paulistas e também de paraguaios que buscavam mão-de-obra dócil. Os paulistas eram cruéis

nos ataques e também no transporte dos prisioneiros. Muitos morriam no momento do conflito

e dos sobreviventes poucos conseguiam chegar vivos a São Paulo. Das reduções do Guairá

somente as de Loreto e Santo Inácio não foram destruídas, isso porque se deslocaram em

direção ao sul. Não satisfeitos com a conquista e destruição das reduções do Guairá, os

bandeirantes passaram a atacar as reduções do Tape e do Uruguai. Apesar da supremacia dos

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paulistas os reduzidos não se entregavam sem resistência, porém tinham um poder de fogo

muito pequeno já que praticamente não contaram com armas de fogo e tinham perdido em

muito suas tradições guerreiras. Nem mesmo a viagem do Pe. Montoya à corte espanhola e o

apelo de muitos outros jesuítas, foi capaz de sensibilizar as autoridades coloniais e conter o

genocídio22[22]. Muitas autoridades eclesiásticas, principalmente as de linhagem secular23[23]

eram a favor da escravização indígena, isso enfraquecia o argumento dos jesuítas.

Os jesuítas eram vistos com maus olhos pela maior parte dos colonos tanto portugueses

quanto espanhóis. Isso se deve ao fato de que a ação dos jesuítas sempre foi no sentido de

defesa dos índios reduzidos24[24]. Essa defesa não era descompromissada, visava

primeiramente o sucesso da missão jesuítica que pretendia cristianizar e “civilizar” os índios,

além de terem interesses patrimoniais envolvidos, pois a civilização dos índios incluía o trabalho

e os grandes favorecidos por esse trabalho nas reduções eram os jesuítas.

Diante de tantos litígios envolvendo índios, jesuítas, colonos portugueses e espanhóis,

as coroas ibéricas tomaram uma atitude em favor de seus colonos expulsando os jesuítas de

suas terras. Assim em 1759 o Marquês de Pombal expulsa os jesuítas de Portugal e suas

colônias, a Espanha faz o mesmo em 1767. Os monarcas desses países mantiveram pressão

contraria a Companhia perante o Papa Clemente XIV, que em 1773 dissolveu a Companhia em

todo o mundo, com exceção da Prússia e da Rússia Branca. Estava então terminado o período

da história das colônias americanas em que os Jesuítas exerceram grande influência e poder.

Somente em 1814 o Papa Pio VIII restaura a Companhia em todo o mundo.

Continua na Parte 2

25
[1] Bacharel/licenciado em História pela UEL e mestrando em História pela UFGD sob

orientação do Prof. Dr. Jorge Eremites de Oliveira. Contato thiago_cavalcante@hotmail.com

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26
[2] MONTEIRO, John M. Negros da Terra: Índios e Bandeirantes nas origens de São Paulo. São

Paulo: Cia das Letras, 1995.

LUGON, C. A República Comunista dos Guaranis 1610/1768. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977.

Entre outros.

27
[3] Isso significava que os índios assumissem valores europeus.

28
[4] Movimento responsável pelo segundo rompimento entre os cristãos, pois o primeiro

ocorreu em 1054 originando a Igreja Ortodoxa.

29
[5] No culto católico os santos são cultuados, porém o culto a eles prestado é chamado de

“Dulia”, diferente da “Adoração” que é prestada apenas à Santíssima Trindade. A Virgem Maria

mãe de Jesus recebe um culto superior aos demais santos, chamado de “Hiperdulia”, São José

considerado pai adotivo de Jesus recebe a “protodulia” e a os demais santos apenas a dulia.

Parte das queixas dos protestantes contra o catolicismo deve-se ao entendimento da não

diferenciação entre os cultos. Para os protestantes os católicos eram considerados idólatras, ou

seja, – Adoradores de ídolos. Porém os católicos se defendem argumentando que não adoram,

mas prestam dulia, que seria uma espécie de reverencia apenas, assim os Santos teriam

apenas poder de intercessão junto à divindade que é quem de fato tem o poder de modificar a

história das pessoas.

PACE. E. A. Dulia, disponível em < http://www.enciclopediacatolica.com/d/dulia.htm> em 04 de

jan. de 2006.

30
[6] “O Concílio de Trento, realizado de 1545 a 1563, foi o 19º concílio ecuménico, convocado

pelo Papa Paulo III para assegurar a unidade de fé e a disciplina eclesiástica. A sua convocação

surge no contexto da reação da Igreja Católica à divisão que se vive na Europa do século XVI

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quanto à apreciação da Reforma Protestante. O Concílio de Trento foi o mais longo da história

da Igreja: é chamado Concílio da Contra-Reforma. Emitiu numerosos decretos disciplinares. O

concílio especificou claramente as doutrinas católicas quanto à salvação, os sacramentos e o

cânon bíblico, em oposição aos protestantes e estandardizou a missa através da igreja católica,

abolindo largamente as variações locais. A nova missa estandardizada tornou-se conhecida

como a "Missa Tridentina", com base no nome da cidade de Trento, onde o concílio teve lugar.

Regula também as obrigações dos bispos e confirma a presença de Cristo na eucaristia. São

criados seminários como centros de formação sacerdotal e reconhece-se a superioridade do

papa sobre a assembléia conciliar. É instituído o índice de livros proibidos Index Librorum

Prohibitorum e reorganizada a Inquisição”.

Fonte < http://pt.wikipedia.org/wiki/Conc%C3%ADlio_de_Trento> em 28 de dez. 2005

31
[7] SALVADOR, José Gonçalves. Cristãos Novos Jesuítas e Inquisição. São Paulo: Edusp, 1969.

32
[8] Ordenação dos Estudos - Documento escrito por Loyola, garantia a unidade da Companhia

no âmbito educacional. Os Jesuítas não se limitavam ao ensino das primeiras letras, tinham

também cursos de Letras e Filosofia, considerados secundários e Teologia e Ciências Sagradas

em nível superior.

33
[9] Segundo Norbert Elias em “O Processo Civilizador, Volume 1: Uma História dos Costumes”,

o conceito de civilização foi cunhado na Europa no séx XVIII, apresentando diferenças

conceituais de acordo com a nação no qual foi concebido. O conceito que se expandiu para as

nações ocidentais e está ligado a esse trabalho é o conceito francês de Civilisation, esse

conceito descreveria uma auto imagem da sociedade, imagem essa que se acreditava superior a

todas as demais, abrangia fatos políticos, econômicos, religiosos, técnicos, morais e sociais e

presume o desenvolvimento de um processo. O conceito refere-se a realizações, mas também a

atitudes de comportamentos das pessoas.

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Como vimos o conceito de civization é posterior ao período que estudamos, porém Elias afirma

que o processo é anterior. Termos como civilisé, poli, policé ou civilité eram utilizados quase

como sinônimos como expressão dos seus padrões comportamentais que eram considerados

superiores aos demais. “...politesse ou civilité tinham, antes de formado e firmado o conceito de

civilisation, praticamente a mesma função deste ultimo: expressar a auto imagem da classe alta

européia, em comparação com outros que seus membros mais simples ou mais primitivos e ao

mesmo tempo caracterizar o tipo específico de comportamento através do qual essa classe se

sentia diferente de todos aqueles que julgava mais simples e mais primitivo...”pp. 54. Assim

sendo, utilizaremos os conceitos de civilidade e civilização com o sentido de um processo

empreendido pelos jesuítas e europeus em geral que buscava impor os padrões cristãos

europeus aos nativos.

Sobre a ilustração (*):As inscrições encontradas em Ingá na Paraíba constituem o verdadeiro

modelo das inscrições atribuídas ao SUMÉ. Imagem extraída de

http://br.geocities.com/enigmasdahumanidade/peabiru.htm

34
[10] NEVES, Luiz Felipe Baeta. O Combate dos Soldados de Cristo na Terra dos Papagaios:

Colonialismo e Repressão Cultural. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1978.

35
[11] NEVES, Luiz Felipe Baeta. O Combate dos Soldados de Cristo na Terra dos Papagaios:

Colonialismo e Repressão Cultural. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1978. p. 36.

36
[12] LONDOÑO, Fernando Torres. Escrevendo Cartas: Jesuítas, Escrita e Missão no Século

XVI. Ver. brás. Hist., 2002. vol.22, nº43, pp.11-32.

34
35
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37
[13] MONTOYA, Pe. Antonio Ruiz, Conquista Espiritual feita pelos Padres da Companhia de

Jesus. Porto Alegre: Martins Livreiro Editor, 1ª ed. 1639, 1985. p. 20.

Nota dos tradutores sobre o texto: Este texto vem sendo considerado como a melhor definição

que se tenha da “Redução” ou de “Reduções”, sendo seu autor o próprio Pe. Montoya.

38
[14] MONTEIRO, John M. Negros da Terra: Índios e Bandeirantes nas origens de São Paulo.

São Paulo: Cia das Letras, 1995.p.47.

39
[15] Segundo Ronaldo Vainfas (VAINFAS, R., História das mentalidades e História Cultural in.

FLAMARION, C. & VAINFAS, R. (ORGS). Domínios da história: Ensaios de teoria e metodologia.

Rio de Janeiro: Campus, 1997), Ginzburg é o historiador que propõe abertamente o conceito de

circularidade cultural, conceito anteriormente apenas implícito na obra do marxista Mikhail

Bakhtin. A circularidade cultural seria uma série de trocas entre culturas diferentes, Para a

operacionalização desse conceito pressupõem-se uma dicotomia cultural. Dicotomia essa que

pode ser contestada se formos aplicar em sociedades mais recentes, porém aceitável no caso

das sociedades que se encontram nos séclos XVI e XVII.

40
[16] ASSUNCAO, Paulo de. A terra dos Brasis: um tapete de Flandres jamais visto. Rev. bras.

Hist. [online]. 2001, vol.21, no.40 [citado 07 Janeiro 2006], pp.217-235. Disponível na World

Wide Web: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-

01882001000100011&lng=pt&nrm=iso>. ISSN 0102-0188.

41
[17] Ver: LUGON, C. A República Comunista dos Guaranis 1610/1768. Rio de Janeiro: Paz e

Terra, 1977.

42
[18] MONTEIRO, John M. Negros da Terra: Índios e Bandeirantes nas origens de São Paulo.

São Paulo: Cia das Letras, 1995 p. 08.

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41
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43
[19] TURMA 2000.2 Coord. MACEDO, M. K. Missões de Aldeamento como Integradoras da

Colonização no Rio Grande. Disponível em <

http://www.seol.com.br/rnnaweb/historia/colonia/missões.htm > em 15 de set. de 2005.

44
[20] TURMA 2000.2 Coord. MACEDO, M. K. Missões de Aldeamento como Integradoras da

Colonização no Rio Grande. Disponível em <

http://www.seol.com.br/rnnaweb/historia/colonia/missões.htm > em 15 de set. de 2005

45
[21] MONTEIRO, John M. Negros da Terra: Índios e Bandeirantes nas origens de São Paulo.

São Paulo: Cia. das Letras, 1995.

46
[22] Montoya atingiu parte de seus objetivos, conseguindo a autorização para que os índios

utilizassem armas de fogo em defesa própria, mas isso não foi suficiente para evitar a

destruição das reduções.

47
[23] O clero católico é dividido em duas categorias os seculares e os religiosos. Os primeiros

são ordenados, porém não fazem profissão dos votos evangélicos devem apenas guardar o

celibato e as determinações do direito canônico e devem obediência direta ao bispo. Os

religiosos podem ser ordenados, mas sua principal característica é a profissão dos votos

evangélicos da pobreza, castidade e obediência. Invariavelmente estão ligados a uma ordem ou

congregação religiosa e devem obediência a um superior. Estão submetidos ao direito canônico

e também às constituições de sua ordem.

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[24] Mesmo que essa defesa muitas vezes significasse defesa de interesses próprios.

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Parte 2 / Sumé - Tomé: Jesuítas e um Apóstolo de Cristo no Além Mar

por Thiago Leandro Vieira Cavalcante

Sobre o autor (*)

Continuação: Vindo da Parte 1

Sumé – Zumé? São Tomé, o Mito.

Ao tentar introduzir o catolicismo como religião aos índios os jesuítas se depararam com

um conjunto de crenças consolidadas. Uma delas lhes chamou atenção. Tanto lhes chamou

atenção que vários jesuítas se preocuparam e dedicaram grande tempo de suas vidas em

estudá-la e registrá-la através de seus escritos, dos quais temos maior conhecimento dos

trabalhos de Manoel da Nóbrega em suas cartas do Brasil49[1] e o de Antonio Ruiz Montoya em

sua obra Conquista Espiritual50[2].

No imaginário indígena habitaria um personagem mítico conhecido por Pay Sumé.

Deste personagem os indígenas guardariam apenas uma vaga lembrança. Num passado

bastante longínquo teria percorrido muitos locais habitados por indígenas, pregado a fé em um

único deus, nessa trajetória teria ele deixado vários sinais como, pegadas em pedras, teria

carregado um símbolo posteriormente interpretado como uma cruz e por fim teria deixado a

mensagem de que com o passar do tempo os nativos esqueceriam do teor completo da

pregação, mas no futuro viriam alguns sucessores seus que revificariam a fé perdida.

“Estranhando nós um acolhimento tão fora do comum, disseram-nos que, por

tradição antiqüíssima e recebida de seus antepassados, sustentavam que,

quando São Tomé – a quem comumente chamavam ‘Pay Zumé’ na Província do

49
50
Paraguai e ‘Pay Tumé’ nas do Peru – fez a sua passagem por aquelas terras,

disse-lhes estas palavras:

‘A doutrina que eu agora vos prego, perdê-la-eis com o tempo. Mas, quando

depois de muitos tempos, vierem uns sacerdotes sucessores meus, que

trouxerem cruzes como eu trago, ouvirão vossos descendentes esta (mesma)

doutrina’.51[3]” (SIC).

Esse tratamento não era esperado pelos Padres, após receberem tal tratamento eles se

animaram e ali teriam constituído uma povoação que se tornou a base para todas as outras. Os

padres teriam sido chamados de Pay Abaré – Homem segregado de Vênus – o que significaria

homem casto. Esse título anteriormente os índios teriam dado somente a São Tomé. Abaré era

um título pejorativo na cultura indígena, pois eles não concebiam a vivência da castidade e

celibato. Já para os jesuítas serem chamados da mesma forma que São Tomé o era, constitui-

se motivo de glória com um forte componente psicológico, pois agora eles não eram apenas

jesuítas, mas sim os sucessores de São Tomé.

O Mito do Sumé-Tomé rapidamente espalhou-se por toda a colônia brasileira e colônias

espanholas da América do Sul. Era corrente a idéia de que o Apóstolo Tomé aqui teria estado e

deixado várias provas disso. Henani Donato52[4] destaca que vários homens de respeitabilidade

escreveram e discutiram sobre o tema, entre eles, Tiago Voragine53[5] “... elenca reinos

54
prodigiosos do Oriente nos quais São Tomé teria cristianizado príncipes e plebeus... [6].

Gustavo Barroso em Aquém da Atlântida diz: “... Como São Tomé foi assim, o apóstolo que por

mais distantes fantásticas plagas andou pregando o credo de Jesus, os descobridores,

catequistas e exploradores da época... das conquistas... julgavam ver suas pegadas por toda a

parte55[7]”. Além de outros como Manoel da Nóbrega, que afirma ter visto com os próprios

olhos as tais pegadas:

51
52
53
54
55
“Dizem Elles que S. Thomé a quem elles chamam Zomé, passou por aqui, e isto

lhes ficou por dito que seus passados e suas pisadas estão signaladas juncto de um

rio, as quaes eu fui ver por mais certeza da verdade e vi com meus próprios olhos,

quatro pisadas mui signaladas com seus dedos...56[8]” (SIC).

Ainda em tempos recentes o Editor Gumercindo Rocha Dorea afirma ter visto

pegadas em São Tomé de Paribe, próximo a Salvador BA57[9].

Montoya destaca a ocorrência de pegadas em várias partes da América para ele elas

seriam evidências materiais da passagem do apóstolo por essa região.

“... Hoje se vêem rastos indicadores deste princípio de caminho ou vereda, ou

seja, nas pegadas que o Santo Apóstolo deixou impressas numa grande penha,

localizada no final da praia, onde desembarcou em frente da barra de São

Vicente. Segundo quer o povo, elas se enxergam ainda hoje menos de um quarto

58
de légua da povoação. [10]“.

“Na cidade de Assunção do Paraguai se acha uma penha ou rocha perto da

mesma cidade, em cuja planície hoje se vêem duas pegadas humanas, a modo

de sandália, impressas na tal de penha. A pegada do pé esquerdo antecede a do

direito, como de pessoa que fazia força ou finca pé. Existe a tradição entre os

índios de que o Santo Apóstolo pregava aos gentios do alto daquela rocha e que,

ao ouvi-lo, se enchiam de gente aqueles campos59[11].

Percebe-se que a presença das pegadas na mente de Montoya e provavelmente

também dos demais religiosos é marcante e dá um caráter continental ao mito, pois as pegadas

estão presentes tanto no litoral brasileiro quanto na província paraguaia. É um mito que está

56
57
58
59
em ambas as Américas, portuguesa e espanhola, com características similares. Além das

pegadas, atribui-se ao mito algumas inscrições em pedra encontradas no nordeste brasileiro.

A forma com que o apóstolo se conduzia de um lugar para o outro era unânime, ele

estava sempre caminhando ou transportando-se sobrenaturalmente 60[12].

Essas observações são interessantes, pois não faltaram relíquias do santo como

sandálias milagrosas, fontes de água que curavam, pedaços da cruz que eram eficazes contra

raios e incêndios, no Brasil supostamente raspavam as pedras onde havia pegadas e com o pó

conseguia-se muitos milagres, isso teria feito com que a maioria das pegadas desaparecesse já

em meados do séc. XXVII61[13].

Sobre as pegadas temos que destacar que elas muito provavelmente não sejam

invenções dos jesuítas, pois a ocorrência de pegadas atribuídas ao Santo é presente e anterior

nas terras do oriente, por onde tradicionalmente o apóstolo teria pregado. É possível que tendo

conhecimento dessas tradicionais relíquias os portugueses tenham se apropriado e destacado

marcas em pedras como tais pegadas no Brasil e logo isso se expandiu para o Paraguai e Peru.

Essa hipótese é provável, pois locais onde a tradição católica atribui a evangelização primitiva a

São Tomé estavam sob o domínio português e São Francisco Xavier, jesuíta, também estava

por lá em missão.

Essas coincidências levavam cada vez mais a se acreditar que Tomé de fato tinha

passado por aqui pregando aos índios, isso principalmente se lembrarmos que o ambiente de

espiritualidade medieval ainda estava fortemente presente entre os cristãos do séc. XVI62[14].

O Santo também carregaria consigo uma cruz, essa cruz foi considerada milagrosa e

sobre ela existem vários relatos:

60
61
62
“...uma cruz, que este santo discípulo ergueu no povoado dito Carabuco, e que à

sua vista emudeceram os ídolos. Não dando eles resposta e, sabida a causa pelos

gentios, tiraram a cruz e tentaram queima-la. Mas, não o podendo, enterraram-

na perto de uma lagoa e, ainda que a água banhasse aquele sítio ou sepultura,

depois de mais de 1500 anos a descobriram com inteire ainda hoje constatada... 63

[15]”

Montoya destaca que a cruz era feita em madeira maciça, haveria grande escassez de

madeira em todo o Peru, assim sendo ele supõem que pela dureza da madeira, ela tenha sido

feita de Jacarandá, madeira encontrada apenas no Brasil. Devido ao grande peso do artefato,

somente seria possível um transporte sobrenatural da mesma até o Peru. A cruz que teria sido

desenterrada pelo Cura Pe. Sarmiento teria grande eficácia para afastar demônios e também

era milagrosa contra raios e incêndios.

Segundo relato, os índios conheceriam o sinal antes mesmo que os europeus os

ensinassem.

“Pietro Martire di Anghiera, em De orbe novo, relatou: ´Interrogamos os povos americanos do

norte e do sul por que derramavam água em forma de cruz sobre a cabeça dos recém-nascidos,

responderam categoricamente: um homem de grande formosura passou outrora por este país e

64
nos ensinou a fazer estas coisas` [16]“

Também se atribui a Tomé a construção do Chamado caminho do Peabiru ou Caminho

de São Tomé, um imenso caminho que ligava o litoral do Atlântico ao Pacífico, considerado

superior em todos os sentidos ao sistema viário europeu da época65[17].

É fato a existência de um grande caminho que ligava litoral brasileiro ao Peru,

precisamente São Vicente a Cuzco ou o inverso, pois ainda não se sabe com certeza onde era o

inicio e fim deste misterioso caminho.

63
64
65
Estima-se atualmente em cerca de três mil quilômetros a extensão total do caminho. Ele

possuía ramais que se interligavam e passava pelos seguintes atuais Estados brasileiros;

Paraná, São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul, atingia os atuais;

Paraguai; Argentina; Bolívia e Peru. Por ele transitaram vários exploradores como Dom Álvar

Cabeza de Vaca, Ulrich Schimidel, Pero Lobo e Francisco Chaves66[18].

O caminho também foi utilizado pelos religiosos jesuítas que formaram as reduções na

região sul do Brasil, Langer67[19] destaca que o mesmo caminho que facilitou a empresa

missionária facilitou também o acesso a ela aos Bandeirantes que a destruíram principalmente a

de Raposo Tavares, em 1628.

Religiosos como o Pe. Antonio Ruiz de Montoya é que vão dar um caráter sagrado ao

caminho atribuindo sua construção a São Tomé.

“... 200 léguas desta costa terra adentro, meus companheiros e eu vimos um

caminho, que tem oito palmos de largura, sendo que neste espaço nasce uma

erva muito miúda. Cresce, porém, aos dois lados dessa vereda uma erva que

chega até a altura de quase meia vara. Esta erva, embora de palha murchada e

seca, queimando-se aqueles campos, sempre nasce, (renasce e cresce) do modo

que está dito. Corre esse caminho por toda aquela terra e, como me asseguraram

alguns portugueses, avança sem interrupção desde o Brasil. Comumente o

chamam de ´caminho de São Tomé`. Tivemos nós o mesmo informe dos índios

de nossa conquista espiritual.68[20]”

Uma das teorias mais aceita credita aos Incas a autoria dos caminhos brasileiros, porém

está teoria vem recebendo muitas críticas.

“Defendida por pesquisadores como o barão de Capanema, Jaime Cortesão,

Augusto Pinto, Hernani Donato, entre outros, a tese andina possui antecedentes

66
67
68
intelectuais que remontam ao Império brasileiro. Muito intelectuais defendiam

esta idéia, como o diretor do Museu Nacional durante os anos de 1870, Ladislau

Netto, além de outros como Antonio Tocantins e o barão de Capanema. A Região

Amazônica era vista especialmente como o local onde os incas exerceram grande

influência, ou, segundo as hipóteses de Tocantins, teriam fugido do domínio

espanhol, refugiando-se na ilha de Marajó. Desta maneira, a cerâmica sul-

americana mais famosa durante o século XIX, a marajoara, teria sido fabricada

por um povo mais ´civilizado`. A teoria andina atingiu seu ponto máximo durante

a Exposição Internacional de 1882, em Paris, onde o pavilhão antropológico e

arqueológico brasileiro recebeu a denominação de ´Casa Inca`. Com a renovação

do interesse pelo caminho do Peabiru, já no século XX, a antiga teoria voltou a

ser cogitada, novamente sem fundamento científico. Sem maior respaldo entre os

acadêmicos atuais, esta interpretação é enfraquecida perante dois pontos

básicos. O primeiro é que não existem vestígios descobertos por escavações

arqueológicas criteriosamente conduzidas atestando a presença inca no Brasil,

Dezenas de artefatos encontrados no interior brasileiro desde o século XIX por

amadores, e que sem sombra de dúvida possuem origem andina... podem ter

penetrado no país já em tempos coloniais, frutos do contato europeu pós-

conquista ou mesmo obtidos de colecionadores a partir do século XVIII. Em

muitos casos trata-se de fraudes... Outra constatação que enfraquece a suposta

origem inca dos caminhos brasileiros é uma comparação física entre os dois

sistemas viários... no Brasil utilizavam técnicas extremamente simples, os

construídos pelo Império Inca era muito complexos e sofisticados... 69[21]”

Langer70[22] destaca ainda que a única escavação arqueológica realizada no Peabiru,

data de 1970, feita por arqueólogos da UFPR – Universidade Federal do Paraná. Nesta

escavação se encontrou diversos vestígios indígenas como, aldeias e túmulos, especialmente da

cultura Itararé. O caminho seria de cerca quatrocentos a oitocentos anos d.C. A hipótese mais

69
70
provável é que o caminho tenha sido construído por índios brasileiros antes de Cabral, mas as

razões permanecem incógnitas.

Um aspecto destacado por Ernani Donato71[23] sobre o Peabiru, foi sua importância geopolítica

nas relações entre portugueses e espanhóis no século XVI. O caminho ligava Assunção a São

Vicente e possibilitava uma mobilidade muito grande para a época, mobilidade considerada

assombrosa se comparada com o século XVII quando o caminho já estava praticamente

inutilizado.

Os espanhóis iam e vinham tranqüila e rapidamente a São Vicente, o considerável

rendimento da alfândega de São Vicente, fruto das relações comerciais mantidas com os

espanhóis preocupou Tomé de Souza que temia uma ação militar dos potenciais inimigos. Em

1553 Tomé de Souza manifestou sua desconfiança em relação ao caminho ao Rei. Apesar do

medo da ameaça militar não foi essa a causa que deu autoridade às medidas tomadas.

“... terá sido um episódio de espionagem econômica, e não propriamente militar,

o que indispôs Lisboa contra o Peabiru. Martin de Arue – diplomata que agindo na

corte português seria informante do rei espanhol – notificou Madri de que em

setembro de 1553 um homem de São Vicente, Adão Gonçalves, exibira amostra

colhidas nas vizinhanças de Assunção. Analisadas tais amostras revelaram tratar-

se de prata de boa qualidade. Madri, enxergando o Peabiru ao revés do

entendimento de Tomé de Souza e de Lisboa, anunciou medidas para defender

Assunção e suas minas de prata. Lisboa irritou-se. E liberou o Governador-Geral

para tomar providências que acautelassem interesses lusitanos e hostilizassem os

72
madrilenhosj... [24]“.

Tomé de Souza então recebeu apoio da coroa portuguesa e proibiu o tráfego em toda a

extensão do caminho instalando inclusive postos de controle. Não abriu mão nem mesmo aos

Jesuítas, preferiu a indisposição com Nóbrega a abrir uma exceção.

71
72
Ao que tudo indica a proibição de Tomé de Souza foi respeita pela maioria,

principalmente pela constante vigilância exercida habilmente pelos tupis, mas certamente houve

transgressões, Donato cita, por exemplo, “... o aproveitamento do Peabiru pelo mensageiro que

conduziu pacote com avisos e cartas de São Vicente para moradores de Assunção, no ano de

1554...” e ainda “... o índio Miguel, cristão convertido de São Vicente, que regressava do

73
Paraguai à sua redução... [25]”.

Até mesmo aos soldados portugueses o caminho estava fechado, “... Em 1584, para a

guerra contra os carijós, as forças velejaram pelo litoral, alongando o caminho a fim de não

74
romper a proibição... [26]”.

Com a proibição o caminho praticamente se perdeu, somente voltou a ser utilizado,

ainda de forma ilegal, pelos Bandeirantes.

Além do famoso caminho do Peabiru, existem referências a outro caminho, chamado de

Mairapé, localizado na Baía de Todos os Santos, “... feito de areia dura e pura com cerca de

75
meia légua, pelo mar afora... [27]”.

Além disso, podemos ver nos documentos, que no imaginário indígena seriam dádivas

do Apóstolo a mandioca, a batata doce e a erva mate, constituintes das bases alimentares

nativas. “... têm eles por tradição, que o Santo Apóstolo lhes deu a mandioca, o pão principal

76
dos naturais da terra... [28]”.

O Sumé apresentaria ainda algumas variáveis dependo da região em que é conhecido,

no Brasil andava descalço, no Paraguai usava sandálias e já no Peru uma espécie de sapato

parecido com sandálias. No Brasil o apóstolo apresentava um temperamento mais dócil e

ameno, já no Paraguai e Peru era mais enérgico.

73
74
75
76
“... em contraste com o sucedido no Brasil, onde perseguido dos índios, procura

muitas vezes fugir às insídias e tiranias destes, mostrava-se o apóstolo

impaciente de qualquer injúria. Aliás, já se viu como no Paraguai chegara a

castigar a insolência dos gentios, dilatando o prazo de amadurecimento da

mandioca. Passando-se, porém, ao assento de Cacha, caminho de Collai,

manifestara seu alto poder, fazendo com que baixasse o fogo do céu para

castigar os desaforos dos que o pretenderam apedrejar... No Titicaca teve a

pretensão de querer ver o altar e adoratório mantido pelos collas, com a intenção

de o destruir. Silenciam, porém, os depoimentos conhecidos sobre o resultado

desse intento77[29].

Essas variações são indicações de caminhos ainda a serem pesquisados, como um mito

pode ter tamanho alcance em uma América tão fragmentada etnicamente, certamente as

diferenças étnicas entre os povos poderão ter relevância em um estudo mais profundo estou

desenvolvendo78[30].

Recriação e Favorecimentos do Mito. Agora São Tomé!

Rapidamente, o mito do Sumé foi recriado em apóstolo Tomé, isso possivelmente

devido a fatores como, o fato de Tomé tradicionalmente ter sido identificado como o apóstolo

dos gentios, e ter pregado no oriente e na África. Estabeleceu-se que o Apóstolo Tomé 79[31]

teria passado pela América do Sul pregando o evangelho de Jesus Cristo. Uma das fontes

inspiradoras de tal ligação possivelmente foi a proximidade fonética entre Sumé80[32] e Tomé.

Há também a questão da missão apostólica de levar o evangelho a todo o mundo. Ficaria

somente a América sem receber a mensagem redentora? Poderia o apóstolo ter conseguido

algum meio para passar da África à América, embora a crença maior fosse de um transporte

sobrenatural.

77
78
79
80
Segundo Sergio Buarque de Holanda os portugueses já tinham amplo conhecimento da

forte e já canonizada passagem e evangelização feita por São Tomé em possessões suas na

África, lá se cultuavam em geral o mesmo tipo de relíquias que na América foram atribuídas ao

Santo, como pegadas, fontes de água etc.

Essa familiaridade cultural, provavelmente através associações, tenha sido um dos

atores responsáveis pela cristianização do mito do Sumé, pois com a mentalidade espiritual

medieval, ainda presente, poderia ser muito fácil transformar Sumé ou Zumé em São Tomé.

Embora os Jesuítas tenham sido grandes beneficiários do Sumé-Tomé, não se pode

atribuir a eles a transformação de Sumé em Tomé, pois as primeiras notícias que temos deste

fato estão registradas na “Nova Gazeta Alemã”81[33] de 1514. Assim sendo seria impossível a

um jesuíta formular tal mito, pois a Companhia de Jesus foi fundada em 1534 e chegou ao

Brasil apenas em 1549.

Através da intensa comunicação entre os jesuítas o mito recriado foi vastamente

divulgado. Vide as cartas de Manoel da Nóbrega e Antonio Ruiz de Montoya como um exemplo.

Compartilhamos da opinião apresentada por Sergio Buarque de Holanda sobre o

favorecimento que os jesuítas obtiveram a partir da recriação do mito indígena.

“... parece fora de discussão a missionários que identificaram o Sumé brasílico e

o Pay Tumé peruano ao discípulo de Jesus: na ajuda que teria ele prestado à

obra de conversão do gentil. O próprio Nóbrega já escreverá que, segundo a

tradição dos índios, anunciará-lhes São Tomé, ao partir para a Índia que, ‘havia

de tornar a vê-los’. Por sua vez os missionários jesuítas do Paraguai não

hesitaram em interpretar essa promessa como anúncio do seu próprio

apostolado. Aos Padres Mazeta e Cataldino chegara mesmo, certo cacique do

Paranapanema, a dizer de Pay Zomé que falará aos seus antepassados do dia em

que toda aquela gentileza se haveria de estabelecer em povoados, por obra de

81
certo homens que levariam a cruz diante de si, o que afinal se realizou com as

fundações de Santo Inácio e Loreto...”82[34]

O acaso de encontrar o mito indígena do Pay Sumé, Zomé, Zumé etc. possibilitou aos

jesuítas valer-se do suposto legado do apóstolo Tomé. E isso foi importantíssimo para o sucesso

ao menos temporário da empreita jesuítica.

São ao menos dois os principais pontos de favorecimento de que os jesuítas se

beneficiaram:

Em primeiro lugar se os índios estavam à espera de alguém que devia retornar com uma

mensagem já revelada a seus antepassados e tida por boa, isso facilitou grandemente a missão

dos jesuítas, pois é indiscutível a maior eficácia de pregações a pessoas abertas à mensagem.

Em segundo lugar, está o fator motivacional. Atualmente as organizações sabem da

importância que é terem seus membros motivados, certamente na época em questão não era

diferente. Santo Inácio de Loyola instituiu as cartas de edificação, que nada mais eram do que

documentos produzidos com o intuito de motivar os irmãos em todas as partes do mundo com

os frutos que Deus concedia à Companhia. Seria difícil imaginar fator mais motivante do que se

considerar sucessor de um apóstolo de Cristo, no caso São Tomé. Micea Eliade destaca a

importância para sociedades tidas por primitivas de um modelo a ser seguido, neste caso

podemos nos apropriar dessa explicação para dizer o quão grande teria sido o modelo de Tomé

para os jesuítas que estavam imersos em uma missão tão difícil, vale lembrar que os fatores

desmotivantes eram muitos, escassez de alimentos, moradias precárias, riscos de servirem de

alimento para índios, como de fato ocorreu com alguns jesuítas.

Considerações Finais

Como vimos os jesuítas assumiram grande parte da missão da Igreja católica de

conquistar novas almas para seu rebanho nas terras de além mar. Foram responsáveis pela

“civilização dos nativos” e da educação na colônia, conseguiram conquistar muitos índios que

82
foram reduzidos em aldeamentos onde foram introduzidos ao modo de vida europeu deixando

de lado muitas de suas própria tradições étnico-culturais. Apesar de rejeitarem grande parte

das expressões culturais religiosas dos indígenas, encontraram no Mito do Pay Sumé ou Zumé

um forte apoio e sua recriação cristianizada proporcionou-lhes motivação desigual para o

cumprimento da missão além da abertura natural dos nativos que esperavam a volta do ente

que lhes traria uma mensagem perdida no tempo.

A partir desta tentativa de reconstrução histórica, chego à conclusão preliminar de que

o Mito do Sumé transformado em São Tomé teve uma larga divulgação pela América do Sul e

também nas metrópoles européias. Alcançou uma repercussão muito grande entre as fileiras

da Companhia de Jesus, e seus membros, mesmo sem terem sido realmente quem deram inicio

à transformação que o mito indígena sofreu, foram seus grandes beneficiários, pois como

sucessores de São Tomé, os jesuítas alcançaram com mais facilidade seus objetivos, tanto pela

receptividade dos indígenas que esperavam a volta de Sumé, quanto pela própria motivação

pessoal. É presumível que ao menos metaforicamente São Tomé concedeu valiosa ajuda aos

jesuítas das missões sul-americanas.

Este artigo não tem a pretensão de fechar o assunto, há ainda muito a se pesquisar

principalmente em uma perspectiva etnoistórica onde se analisarão mais profundamente quais

foram as transformações na estrutura sócio-cultural das sociedades envolvidas nesse processo,

em decorrência desta transformação mitologia.

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Bibliografia e fontes:

Sobre o autor [1] Bacharel/licenciado em História pela UEL e mestrando em História pela UFGD sob

orientação do Prof. Dr. Jorge Eremites de Oliveira. Contato thiago_cavalcante@hotmail.com

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83
[1] NOBREGA, Manoel. Cartas Jesuíticas 1: Cartas do Brasil 1549-1560. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: EDUSP, 1988

84
[2] MONTOYA, Pe. Antonio Ruiz, Conquista Espiritual feita pelos Padres da Companhia de Jesus. Porto Alegre: Martins Livreiro
Editor, 1ª ed. 1639, 1985.

83
84
85
[3] MONTOYA, Pe. Antonio Ruiz,Conquista Espiritual feita pelos Padres da Companhia de Jesus. Porto Alegre: Martins Livreiro
Editor, 1ª ed. 1639, 1985. p.86.

86
[4] DONATO, Hernani. Sumé e Peabiru: Mistérios do Século da descoberta. São Paulo: Edições GRD, 1997.

87
[5] Bem aventurado (1230-1298) Arcebispo de Genova. Hagiógrafo, autor de Legenda áurea.

88
[6] DONATO, Hernani. Sumé e Peabiru: Mistérios do Século da descoberta. São Paulo: Edições GRD, 1997. p.20

89
[7] DONATO, Hernani. Sumé e Peabiru: Mistérios do Século da descoberta. São Paulo: Edições GRD, 1997. p. 20.

90
[8] NOBREGA, Manoel. Cartas Jesuíticas 1: Cartas do Brasil 1549-1560. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: EDUSP, 1988. p.
101

91
[9] DONATO, Hernani. Sumé e Peabiru: Mistérios do Século da descoberta. São Paulo: Edições GRD, 1997. (Esta na
apresentação que o editor faz do livro nas “orelhas”).

92
[10] MONTOYA, Pe. Antonio Ruiz, Conquista Espiritual feita pelos Padres da Companhia de Jesus. Porto Alegre: Martins
Livreiro Editor, 1ª ed. 1639, 1985.p. 89.

93
[11] MONTOYA, Pe. Antonio Ruiz, Conquista Espiritual feita pelos Padres da Companhia de Jesus. Porto Alegre: Martins
Livreiro Editor, 1ª ed. 1639, 1985.p. 89.

94
[12] HOLANDA, Sergio. Visão do Paraíso: Os Motivos Edênicos no descobrimento e Colonização do Brasil. São Paulo:
Brasiliense, Publifolha, 2000. p. 145.

95
[13] HOLANDA, Sergio. Visão do Paraíso: Os Motivos Edênicos no descobrimento e Colonização do Brasil. São Paulo:
Brasiliense, 1996. p 113.

96
[14] HOLANDA, Sergio. Visão do Paraíso: Os Motivos Edênicos no descobrimento e Colonização do Brasil. São Paulo:
Brasiliense, Publifolha, 2000. p. 140

97
[15] Frei Alonso Ramos OSA, citado por - MONTOYA, Pe. Antonio Ruiz, Conquista Espiritual feita pelos Padres da Companhia
de Jesus. Porto Alegre: Martins Livreiro Editor, 1ª ed. 1639, 1985.p. 91-92

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[16] DONATO, Hernani. Sumé e Peabiru: Mistérios do Século da descobe

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