Anda di halaman 1dari 14

A LOUCA DA SENZALA

PEÇA EM 3 ATOS

30/OUTUBRO/1971
VALE DO AMANHECER
TIA N E I V A

ATENÇÃO: TEXTO INCOMPLETO, AGUARDANDO


COMPLEMENTAÇÃO.
1753 – Mudança da capital para o Rio de Janeiro
Regente em Portugal: Dom João VI

Sala de um casarão. Época da escravidão. Preparação para


a festa de casamento da Sinhazinha daí a 3 dias.

PERSONAGENS:

Preto Velho (PAI JOÃO)


Preta Velha (NHA ZEFA)
Filho de Nha Zefa (NHÔ DICO), rapazinho apaixonado por
mocinha escrava (NHA SILVINA) que irá acompanhar
Sinhazinha depois do casamento
Sinhazinha (MARIAZINHA)
Sinhazinha (DOROTÉIA), irmã de Mariazinha
Dono da casa (AMÂNCIO)
Espírito Protetor (MÃE YARA), mentora de Pai João, feitor
dos escravos
DENIZE – Encarnação anterior de Mariazinha
Preto Velho (NHÔ ANASTÁCIO)
Preto Velho (NHÔ TOMAZ)
Escrava (NHA RITA)
Menino escravo (CRIOULO)
Espírito Protetor da Magia (O AFRICANO)
Espírito Guia da Magia (A MESTIÇA)
Espírito afim (ALMA GÊMEA DE MARIAZINHA)

1º A T O

Na sala de jantar, ZEFA, PAI JOÃO e SILVINA conversam.


ZEFA arrumando, preparando e colocando tudo em ordem.

ZEFA (falando a Pai João)


Farta treis dia p’ro casamento ejá tá tudu preparado. As sinhazinha já
tá tudu chegando do Rio de Janeiro p’ra assisti a festa. Óia qui tem cada
moça bunita!... Vai sê difici a gente vê outra coisa assim...

PAI JOÃO

É, Zefa, vai sê uma festança...

ZEFA

Tô com muita dó do Nho Dico. Vai sofrê muito, longe da Silvina. Ocê
sabe que ela vai acompanhá Mariazinha. Já pensô nisso, João? Coitadinho
do Nhô Dico! Sofre calado, sonhando com a Silvina... (melancolia): Preto
num tem direito de amá. Tem só que oiá de longe. Num sei que vai sê dele
não... (vira-se para Silvina): Vá se arrumá, menina. Daqui a pôco ocê tem
que prepará a Sinhazinha. (Silvina sai da sala. Zefa continua em tom
confidencial): Sabe, João? Nhô Dico vai oiá Silvino prepará a Sinhazinha. Ele
tá arriscando o côro. Mais, também, coitado, farta pôco tempo pra ele num vê
a Silvina mais.. Tô pensando como o coitadinho vai sofrê!... (Silvina entra
atabalhoada e tropeça num vaso. Senta-se, olhando para Zefa, que continua
falando): Coitadinha da Mariazinha! Vai se casá a contragôsto. Tão boa, tem
tanto amô no coração!... Ela fala com nóis como se a gente fosse branco. O
home é rico, mais ela num tem amô no coração... Num adianta, né, João?
É... branco também sofre! (continua em tom de revolta): E, no entanto – cruiz
credo! Tenho até medo de falá... A Dorotéia qui divia tá sofrendo...

PAI JOÃO

É, Zefa, quanta coisa já se ouviu falá!... Quantos caprichos qui valeu a


vida de nossos irmão!...
ZEFA

Sabe, João? Dorotéia deve ter um espírito no lombo.

PAI JOÃO

Cuidado com as palavras, Zefa!

ZEFA (ainda revoltada)


Ela é muito perigosa! Voismicê viu como o Zico apanhou só pruquê
deixou o cavalo dela fugi? E só por isso ele apanhô como o diabo... (entra
Nhô Dico, sem dizer nada. Zefa dirige-se a ele): E ocê, Dico, cumu é que
ainda tem corage de oiá a Silvina arrumá a Sinhazinha? Toma conta do seu
côro, nêgo danado...

NHÔ DICO

É pruquê agora só Deus pode fazê nóis encontrá de novo. Quero ficá
mais perto dela enquanto ela num vai simbora. Eu acridito muito na bondade
de Sinhá Maria.

ZEFA

Óia, gente, pra mim branco nenhum vale nada!...

PAI JOÃO

Pesa tuas palavras, Zefa, pra dispois tu dizê... O branco custuma dizê
qui nêgo num tem alma i qui num é fio di Deus. No entanto, só dipois da
morte é qui voismicê vai sabê pruquê. Deus tingiu nosso côro pra modi nóis
sirvi os brancos...O chicote... Nada, num importa! Ah, Zefa, si tu subesse qui
nêgo já foi branco... Si subesse as istripulias que nêgo já fez... Si tu subesse
qui muitas vêis Sinhá Dorotéia já foi preta como tu, ocê fazia as coisa direito i
num ficava aí provocando, escunjurando... Reza por ela. Só Deus jula as
criaturas, mesmo a Sinhazinha Dorotéia cum sua mardade...

ZEFA (assustada)

Te desconjuro, nêgo!... Tu tem hora qui cunversa como si fosse branco.


Inda vô sabê quem ti insinou tanta coisa. É... Antes de morrê inda vou sabê
si tu tá inventando... Cruiz credo! (faz o sinal da cruz)

PAI JOÃO (dá um riso cansado, balança a cabeça e profetiza)

Si tu subesse a dôr qui tu vai passá!... Agora eu sei pruquê tu guarda


tanto ódio da Sinhazinha Dorotéia (olha o horizonte como se guardasse um
segredo)
NHÔ DICO

Está como se estivessi fora de si (ele e Silvina dão as mãos em


silêncio)

SILVINA (resmungando)

Tu tá diferente, Dico! Parece inté qui num gosta mais de mim...

NHÔ DICO

Num é nada não, Silvina. Já sinto a dor da sodade! Deus vai apartá ocê
de mim... (soluça) i eu num vô dá conta de vivê longe d’ocê... (olham-se
mutuamente por longo tempo)

ZEFA (olhando para o casal)

Veja, João, pruquê tô revortada. Nêgo só tem é qui sofrê, mais nada!

PAI JOÃO

Pobre Zefa!... Há quanto tempo eu insisto cum voismicê. Já te incinei, e


ocê nunca quis. Só viveu na gandaia... Quando chegava a hora boa de
descansá, ocê ia pras fulia da senzala, si misturá caqueles nêgo... Lembra
quando eu disse a ocê qui ocê tinha uma cruz nas costa, numa missão di
Nosso Sinhô Jisuis Cristo? Sabe pruquê, Zefa? Pruquê tu já foi branca!...

ZEFA (desconfiada, dando um muchocho)

Ah!... Deixa disso, João!...

PAI JOÃO

É, ocê era arvinha... Eu mi alembro d’ocê...

ZEFA

Tu é besta, nêgo! Vem sempre cum tuas invenção, i eu acridito!...

PAI JOÃO (com voz cansada e de maus presságios)


O teu fio – essi moleque Nhô Dico... Ah! Isso aí... num vô dizê pruque
oceis num vão acreditá (faz um muchocho): Acriditi si quisé: a verdade é qui
ele já foi um sinhô. Ele já seu chicotada em quem hoje tá dano nele...

ZEFA (com ar satisfeito, dirige-se a Nhô Dico)

Cruiz credo! I tomara que ocê tenha dado muita chicotada boa. E tenha
inté matado... Cruiz credo! Aquela amardiçuada da Sinhazinha Dorotéia...

NHÔ DICO (indiferente a tudo, sorri, balançando negativamente a cabeça)

Mãe indoidô, e indoideceu também Pai João! (sai da sala)

PAI JOÃO

Óia, Nha Zefa, voismicê é mêmo uma muié incompreensiva. Ti chamei


muito a atenção. Ocê si lembra qui na senzala ocê bulia cum todo mundo,
julgando e mardiznedo as pessoa? Ocê já feiz muito mal... E tenha cuidado,
pruquê tudo qui ocê mais qué no mundo é seu fio... E a sorte dele num é
boa... Sim, num é boa, aqui entri nóis. Seu fio é um esprito de lúiz. Ele veio
pra se sarvá. E, dispois, o esprito dele fica aqui, vagando, protegendo nóis
tudo.

ZEFA (gritando)

Meu fio vai morrê?

PAI JOÃO

Tu sabe muito bem qui tâmo aqui pintado di preto. Foi Deus qui pintô
pra nossa salvação, pra nóis pagá o qui fizemo. Já ti disse qui todos nóis
fomo branco.

ZEFA (em gargalhadas)

Tu também, cum todo esse nigrume, já foi branco? Deixa de gaiofa...


Até tua arma, eu tenho certeza qui é preta.

PAI JOÃO
Já ti disse qui só a Deus cabe o julgamento. E tu continua teimando.
Zefa, teu fio é um esprito de lúis. Num vê qui ele ama, cum tôda pureza, Nha
Silvina, qui também é uma enviada de Deus no meio dessa negrada suja qui
tá por aí?

ZEFA (galhofeira, mas insegura)

Verdade, Pai João? Cruiz credo! Qui nos valha Nosso Sinhô Jisuis
Cristo! (beija uma cruz pendurada em seu pescoço). Ocê tá mi fazendo
alembrá qui Silvina foi escolhida pela Sinhazinha e vai imbora. I o qui vai sê
do meu pobre fio?... (já demonstrando alarme)

PAI JOÃO

Num ti preocupa, Zefa. Nhô Dico tá longe du alcance de tuas mão. Ele
é responsável pelo teu esprito. Ocê é a única conta qui ele tem pra pagar
neste chão.

ZEFA

Mas, si a Silvina fô embora, meu fio se mata! Tenho certeza disso. Ele
num resisti a dor. (Ruídos de pessoas chegando. Dois crioulos passam)

PAI JOÃO

Vai, vai, num tenha medo qui seu fio num se suicida. As mãos de Deus
tão sobre ele neste instanti. (Pai João e Zefa saem. Zefa está preocupada.
Entram as duas sinhazinhas. Dorotéia gesticula, esbaforida)

DOROTÉIA (com ares de grandeza)

Imagina, Mariazinha! Dorotéia Alcântara Rodrigues de Abreu, sua irmã,


vai se casar com o ilustre representante e primo de Dom João VI, Carlos
Henrique de Albuquerque Azevedo. Já imaginou, queridinha, sua irmã
fazendo parte da ilustre família real? Já fez uma idéia do poder e do luxo?
Sabe o que é isso, querida irmã? Eu, vivendo no meio de gente fina, da elite,
com todos os requintes e prazeres? Olha, sua boba, você está triste porque
não tem amor no coração.
Me diga uma coisa: Prefere ficar aqui, no meio desta negrada suja?
Essa gente não presta. Só sabem empestiar a casa da gente. Repare bem o
mau cheiro que eles têm. “Nêgo não vai pro céu, nem que seja rezador/Nêgo
catinga muito, incomoda Nosso Senhor!” Deixa de ser boba, irmãzinha.
Quando você estiver casada, gozando o luxo e a riqueza, verá como é bom
viver livre deles!... E, olha, vou lhe contar um segredo: Você acha que gosto
do Carlos Henrique? Bobagem, queridinha. Eu só quero ter uma vida melhor!
É bem verdade que nosso pai é muito rico, mas, e daí? Viver aqui junto
com estas pestes? (aponta Silvina que, abaixada, faz papelotes em
Mariazinha. A negrinha vê Dico num canto, olhando-a, e fica parada. As
duas sinhazinhas olham para Dico, e Dorotéia grita)

DOROTÉIA

Negro bisbilhoteiro! Imundo! Canalha! Vais ter o castigo que mereces...


Papai! Papai! (Amâncio, o pai, chega raivoso e Dorotéia aponta para o Dico)
Veja, pai, esse negro imundo ouvindo a nossa conversa! Quero que o
mate, pois se meu noivo souber o que estávamos falando não se casará
mais comigo!...

MARIAZINHA (intervindo, nervosa)

Não ligue para isto, papai. Ele não fez por mal. Por favor, não faça mal
a ele! (o pai, raivoso, arrasta Dico para fora. Mariazinha grita, pedindo
piedade. Os três ficam na sala, parados. Ouve-se apenas o barulho das
chibatadas. Dorotéia vai até a janela e volta gargalhando)

DOROTÉIA

Imagina, maninha, Dico já tem um palmo de língua para fora! Nunca


mais ele vai querer ouvir a conversa dos outros. Quando eu digo que negro
não presta... (Entra Zefa correndo e se ajoelha aos pés de Dorotéia,
implorando piedade. Dorotéia se levanta, empurra-a com o pé, jogando-a ao
chão, e grita) Tirem esta negra suja daqui! Tocou-me com estas mãos
imundas! Estou toda suja, vejam!... (Amâncio volta e procura acalmá-la)

AMÂNCIO

Vamos, filhinha, acalme-se. Ele já está recebendo o merecido castigo.


Esses cães imundos!... Não valem para nada. Só nos causam
aborrecimentos! (Zefa se levanta e vai saindo, desesperada, e encontra Pai
João, que vai entrando. Ele sorri amargamente para ela, balançando a
cabeça. Lá de fora ouve-se um último gemido. A negrinha levanta a cabeça e
faz o Em Nome do Padre.

SILVINA

Que Deus abençoe a alma do pobre Nhô Dico!....


(Dorotéia se levanta e se lança contra Silvina, jogando-a no chão.
Mariazinha ergue-se como uma louca, apanha um punhal sobre a mesa, tira-
o da bainha e, com um gesto alucinado, ergue os braços e grita loucamente)

MARIAZINHA

Não temes o castigo de Deus? (gargalha estridentemente, como se


estivesse irada contra Deus) Deus é nosso pai? Pai... Ele não existe como
pai e, sim, como um tirano!... Ah, ah, ah... Um pai que tinge os filhos de
preto! Um pai que obriga os filhos a viverem como bichos, enxotados e
humilhados por onde passam... Onde está você, pai? Venha até aqui e veja
o seu filho negro chicoteado! (anda loucamente, olhando sempre para a
janela) Você quem permitiu isso, não foi? Por que quis que ele viesse ao
mundo? Foi só pelo prazer desta hora, não foi, pai? Queria ver o seu filho
rasgado pelas chibatas, pisoteado... Falam de sua imensa bondade! Onde
está ela? (barulho de chicotes) Na perversidade da irmã que me deste? Ah,
pai, a sua bondade está no sangue derramado de Nhô Dico e dos outros?
Não é isso, pai? É ali , pai, é ali que está ela... Vejam a bondade de nosso
pai! (aponta para a janela, rindo loucamente. Amâncio entra e ela continua,
apontando para ele) Por que vocês, os pais, são tão perversos? O senhor,
meu pai! Pai da dor e da desgraça, da humilhação e da maldade!... Pai da
vergonha, pai que só mostra o desprezo e a morte! Pai que espreita de
tocaia, para sugar o sangue do negro. Pai, que me deu a vida, me
envergonha... O senhor me envergonha, pai, me enoja! Onde está a sua
honra, pai? No dinheiro que tem nos bolsos? Neste casarão bonito? Será,
pai? Ou ela está nas suas mãos sujas de sangue, no seu olhar que conspira
traição, nessa sua horrenda máscara? Vejam que horrenda máscara!... Ele
se mascarou de pai para ensinar a desgraça, somente a desgraça!... (volta-
se, e pára no meio da sala, erguendo os braços, já quase sem forças, e grita,
mais loucamente ainda:) E por que me deu a vida, pai? Por quê? O senhor
me embruteceu a alma, a carne, a existência. Mostrou-me a vergonha que é
possuir um coração. Ele tem que bater, que vibrar, mas é com a desonra e
com a desgraça dos outros, não é, meu pai? Foi isso que aprendi até agora...
Vamos chicotear os negros, sugar, como vampiros, o seu sangue, vamos,
todos, fazer a desgraça! A desgraça... A desgraça!...
(Pai João vai chegando devagarinho, olhando como se entendesse a
situação)
DOROTÉIA (gritando)

Meu Deus! Meu Pai! (e apontando os negros:) Enxote-os daqui. São os


únicos culpados pelo que está acontecendo à minha pobre irmãzinha. São
eles os culpados, pai!
(Pai e filha se voltam para os negros e não percebem Mariazinha indo
na direção de Dorotéia, com o punhal na mão. Todos se entreolham, em
pânico, enquanto Mariazinha sai em perseguição a Dorotéia, que corre.

MARIAZINHA (gritando e correndo pela sala)

Vou te matar! Vou te matar! Vou fazer correr o teu sangue para
satisfazer nosso pai! Será para sua satisfação, meu pai!...

(Dorotéia, assustada, não diz nada, só foge da irmã. Todos estão


estarrecidos. Amâncio começa a gritar:)

AMÂNCIO

Minha filha, Mariazinha! Dê-me esse punhal!

MARIAZINHA (segurando Dorotéia pelo braço e armando o golpe)

Ninguém tente chegar perto de mim! Vou matar Dorotéia e, depois,


cada um de vocês. O senhor também, meu pai. Matarei todos, todos... (e ri
loucamente)
AMÂNCIO (gritando, agitado)

Pelo amor de Deus, minha filha, largue sua irmã e esse punhal!...
( enquanto o pai grita e Mariazinha está cheia de fúria, ouve-se a voz
de Pai João, que se encaminha para ela e fala com suavidade:)

PAI JOÃO

................................................................................................
................................................................................................

(Mariazinha baixa o punhal e se joga nos ombros de Pai João, caindo


até o chão. Volta a si estonteada, e começa a beijar as mãos de Pai João.
Todos ficam assombrados, e Amâncio se preocupa com Mariazinha)

DOROTÉIA (com todo sarcasmo)

Até que enfim vejo um negro servir para alguma coisa!...


(Estão todos ainda muito assombrados, olhando Mariazinha, que
aceitou toda a doutrina, mas não se desfizera da arma. Mariazinha se
levanta e Dorotéia se encosta mais na parede. Mariazinha sai, e vai até o
lugar onde estava o corpo de Nhô Dico. Ela apanha uma bolsinha de couro,
que estava caída no chão.
...................................................................................................
...................................................................................................

DOROTÉIA

Socorro, pai! Defenda-me!

MARIAZINHA (gritando)

Ninguém defende as nossas maldades, ninguém! (gesticulando para


Dorotéia, grita:) Vais pagar pela tua perversidade!
(Amâncio procura se aproximar de Mariazinha, mas ela se afasta e leva
Dorotéia pelo braço, não deixando que ela se aproxime do pai. Amâncio
chama Mariazinha para entrarem em casa)

AMÂNCIO

Vamos, filha, vamos entrar e descansar um pouco, porque, depois de


amanhã, é o casamento de sua irmã, e o noivo já vai chegar.
(Ouvindo falar no casamento, Mariazinha tem novas reações)

MARIAZINHA (gargalhando histericamente)

Casamento??? Haverá que casamento???

AMÂNCIO (tentando tranquilizá-la)


Esqueça, filha! Não tratemos disso agora.
(Mariazinha solta Dorotéia, que se abraça com o pai e os dois vão
retornando à casa. Mariazinha olha para Pai João e, num impulso, se abraça
com ele e diz:)
MARIAZINHA

Viu, Nhô João? Não compreenderam mesmo o teu gesto. Eles gostam
é de sangue! Só tu és como eu. Eles gostam, mesmo, é de sangue... Por que
não me deixou matar Dorotéia? (virando-se para Amâncio e Dorotéia:) Saiam
daqui! Agora, só obedecerei ao Pai João.

PAI JOÃO

Não, fia, não pode fazê isso! João vai pra senzala, descansá com os
seus. Voismicê deve di ir cum teu pai e cum sinhazinha tua irmã, pra tua
casa.

DOROTÉIA (gritando)

Oh, meu pai! Deixa, deixa, pai. Dê ordens para João levar Mariazinha
para a senzala. Ela gosta mais deles do que dos brancos.

PAI JOÃO

Vai, minha fia! Vai, sinhazinha, vai cum teu pai e tua irmã, e num te
preocupe voismicê cum nada. Num deve preocupá cum nêgo véio. Obedece
teu pai e tem compaixão da sinhazinha Dorotéia. (enquanto Pai João fala,
Mariazinha vai se recuperando) Siga teu pai, sinhazinha. Onde tá a caridade
do teu coração, sempre tão bom, que sempre foi manso? Segue teu pai e,
dispôs, volta qui vô isclaricê pra voismicê a passage de Nosso Sinhô Jisuis
Cristo, que nos vale aqui na Terra. Vai, minha sinhazinha!...
(Sem nada dizer, Mariazinha se aproxima do pai, que lhe pega nas
pontas dos dedos, e vão para casa)

-0-0-0-0-0-0-0-

FECHA O PANO

(FIM DO 1º ATO)
2º A T O
PAI JOÃO ESTÁ NA SALA, ESTUPEFATO COM TUDO QUE
ACONTECEU, QUANDO UMA LUZ RÓSEA – A LUZ DE YARA –
ILUMINA O CENÁRIO NITIDAMENTE. OUVE-SE A VOZ DE
MÃE YARA E PAI JOÃO, QUE É MÉDIUM AUDITIVO, APENAS,
FAZ GESTO DE QUEM PROCURA A ORIGEM DA VOZ.

YARA

João, meu pobre João, chegou o teu dia. Tens, como missão, essa tua
jovem sinhazinha e o desventurado Nhô Dico.

JOÃO

..............................................................................

SALVE DEUS!

Anda mungkin juga menyukai