socioeconómico e cultural do país assim como do do sistema económico e social no seu conjunto.
grau de priorização de género na programação O capítulo finaliza com uma definição do que é
estratégica nacional. O diagnóstico permitiu um plano para a igualdade de género, e qual a
identificar os desafios e problemas centrais para sua utilidade no contexto atual de Cabo Verde.
a igualdade de género no país assim como as
oportunidades para a transversalização da 2a Parte - Contexto de Implementação do PNIG.
abordagem de género nos planos e programas Numa primeira parte se apresenta a situação
sectoriais, tendo em conta as áreas estratégicas das relações de género no contexto demográfico,
do plano do Governo e suas potencialidades socioeconómico e cultural do país. Seguidamente
para dar resposta aos desafios identificados. se analisa o grau de priorização de género na
programação estratégica nacional, incluindo o
● O diagnóstico foi apresentado aos parceiros num quadro jurídico e legal e o quadro institucional
atelier, durante o qual, após priorizados os e político para a igualdade de género em Cabo
principais desafios a que o PNIG deve dar Verde. Na ultima parte se identificam os principais
resposta, foi também construído o referencial desafios e problemas com que as instituições do
estratégico e operacional do plano (visão, Estado e as organizações da sociedade civil se
objectivos, princípios de atuação, resultados, deparam para promover a igualdade de género
medidas estratégicas e quadro institucional de no país e na implementação de uma abordagem
implementação). transversal nos diferentes sectores que, após
ser hierarquizados, serviram de base para a
● Após a redação de um documento preliminar, formulação do novo plano.
a última etapa da elaboração do PNIG foi a
realização de um ateliê de trabalho com as 3a Parte - PNIG 2015-2018: Contêm os elementos
partes interessadas, para discutir e avaliar o que conformam o Plano de Igualdade de Género
conteúdo do mesmo e recolher as propostas 2015-2018, iniciando pela visão, os princípios
de modificação que consecutivamente foram orientadores, os objectivos e resultados, assim
integradas na versão final. como as medidas estratégias selecionadas para
atingi-los. Se apresentam de seguida os quadros
Como resultado do processo, encontramo-nos com este institucionais de intervenção, que incluem a
Plano, produto de elaboração participativa com os sectores definição dos parceiros responsáveis pela
implicados e organizações da sociedade civil comprometidas implementação e parceiros envolvidos, assim
com a igualdade de género, com vigência de 4 anos, focalizado como as ligações com os principais programas
em 8 eixos prioritários: sectoriais existentes. A continuação se descreve
a proposta para o seguimento e avaliação do
1. Saúde;
plano, finalizando com um cálculo estimativo
2. Direitos Sexuais e Reprodutivos; dos custos para a implementação do PNIG
durante quatro anos.
3. Violência Baseada no Género7;
Para além do documento principal, foram elaborados
4. Educação e formação profissional; como documentos complementáres:8
O documento do PNIG organiza-se em três partes: ● Relatórios semestrais de avanço para cada uma
das instituições.
1a parte – Introdução: Além desta secção introdutória,
● Detalhe da estimativa orçamental com dados de
se integra um apartado de quadro conceptual
custos unitários e montantes anuais.
sobre a igualdade de género e sua ligação com
outros elementos fundamentais como a não ● Quadro de Recursos Humanos para a coordenação,
discriminação, a equidade, a transversalização e a acompanhamento e assistências técnicas
autonomia. Também se descrevem as articulações necessárias para a implementação do PNIG.
entre a igualdade de género e o funcionamento do
sistema económico, visibilizando a importância O PNIG é um instrumento de planificação formulado
que as contribuições da economia reprodutiva têm participativamente e traçado com base na realidade do país,
para a procura de bem-estar e o funcionamento numa lógica transversal e interdisciplinar de estabelecimento
de parcerias, que apoiará os esforços conjunto de todos os
7
A implementação deste eixo e realizada com base no IIº Plano Nacional de
Combate à Violência Baseada no Género aprovado para o período 2014- 2016 8
Estes documentos estão à disposição no ICIEG
I SÉRIE — NO 20 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE MARÇO DE 2016 641
actores sociais públicos e privados, com vista a contribuir das desigualdades, apontando para a diversidade
para o alcance dos objectivos de desenvolvimento do país. de condições económicas e materiais em que
O PNIG assenta num compromisso político, técnico e de as pessoas vivem. Portanto, a diferença não
cidadania com a promoção da igualdade e equidade de pode ser entendida de forma alguma como um
género e na defesa dos direitos humanos e da dignidade conceito em oposição à igualdade. A aceitação
dos homens e mulheres em Cabo Verde, reconhecido como o do princípio da diversidade e da diferença tem a
único caminho para alcançar o verdadeiro desenvolvimento ver com a equivalência jurídica das diferenças.
do país: a procura do bem-estar do conjunto da população A igualdade na diferença tem como propósito
para viver uma vida digna de ser vivida. proteger as diferenças de identidade, valorizá-
las e tutelá-las e ao mesmo tempo reduzir ou
2. QUADRO CONCEPTUAL RELATIVO À eliminar as desigualdades.9.
IGUALDADE DE GÉNERO
2.1.1. Igualdade e não discriminação
2.1. ELEMENTOS CONCEPTUAIS LIGADOS À
IGUALDADE DE GÉNERO A não discriminação é política e juridicamente um princípio
complementar ao da igualdade, mas não equivalente.
A igualdade de género é um princípio universal de direito A Convenção para a Eliminação de todas as Formas de
e um compromisso de dimensão global reconhecido nos Discriminação contra as mulheres (CEDAW) define no
principais instrumentos internacionais sobre direitos seu primeiro artigo, a expressão “discriminação contra as
humanos, formulado sobre a base de que todos os seres mulheres” como “toda a distinção, exclusão ou restrição
humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. baseada no sexo e que tenha por objeto ou resultado
Este princípio e aplicável tanto aos Estados a respeito prejudicar ou anular o reconhecimento, gozo ou exercício
dos seus habitantes, como nas relações internacionais. pela mulher, independentemente de seu estado civil, com
base na igualdade do homem e da mulher, dos direitos
A igualdade de género é também uma questão fundamental
humanos e liberdades fundamentais nos campos político,
do desenvolvimento económico e social e da construção
económico, social, cultural e civil ou em qualquer outro
da democracia em termos políticos, sociais e económicos.
campo”.10
Como estabelecido pela Declaração e Plataforma de Ação
de Pequim no seu parágrafo 13, o empoderamento da Os princípios da igualdade e da não discriminação
mulher e sua plena participação, em base de igualdade, perante a lei são princípios básicos e gerais do direito
em todos os campos sociais, incluindo a participação no internacional em matéria de proteção dos Direitos Humanos.
processo decisório e o acesso ao poder, são fundamentais Conforme estipulado no artigo 1 da Declaração Universal
para o desenvolvimento. Atualmente, o desenvolvimento dos Direitos Humanos: “Todos os seres humanos nascem
humano só pode ser compreendido com referência ao livres e iguais em dignidade e direitos.” A igualdade e a não
respeito dos direitos humanos das mulheres e homens à discriminação também são princípios que se complementam
educação, saúde, habitação, emprego, igualdade perante a no seu significado sendo ambos necessários. Portanto, na
lei, ao respeito pela sua integridade física, à liberdade de maioria dos casos, a declaração da igualdade é estabelecida
expressão, movimento e participação política, entre outros. em conjunto com a proibição da discriminação com base
em critérios tais como o sexo, a raça, etc.
Para uma boa compreensão do princípio da igualdade
é importante ter em conta a natureza multifacetada e os COMPROMISSOS DOS ESTADOS PARA A
diferentes significados que foram articulados em torno ELIMINAÇÃO DA DISCRIMINAÇÃO
do conceito tal como: CONTRA A MULHER
Os Estados-Partes condenam a discriminação contra a
a) A igualdade como um reflexo da equivalência mulher em todas as suas formas, concordam em seguir,
humana. Mulheres e homens são iguais no por todos os meios apropriados e sem dilações, uma
sentido de que são humanamente equivalentes, política destinada a eliminar a discriminação contra a
ou seja, de igual valor humano. O ser humano mulher, e com tal objetivo se comprometem a:
não admite classificações avaliativas hierárquicas ● consagrar, se ainda não o tiverem feito, em suas
entre as pessoas. Não há pessoas que sejam mais constituições nacionais ou em outra legislação
apropriada, o princípio da igualdade do homem e da
ou menos humanas que outras ou que sejam
mulher e assegurar por lei outros meios apropriados
melhores ou piores humanas ou humanos. à realização prática desse princípio;
● adotar medidas adequadas, legislativas e de outro
b) A igualdade de direitos e de tratamento
caráter, com as sanções cabíveis e que proíbam
legal. Com base na equivalência humana acima toda discriminação contra a mulher;
mencionada, homens e mulheres devem ter
direitos iguais consagrados na lei, bem como 9
Ferrajoli, Luis. Derechos y Garantías. La ley del más débil. Editorial Trotta.
igual proteção e igualdade de tratamento e Madrid, 1999.
respeito perante a lei. 10
Essa definição leva em conta, entre outras referências, o artigo 1
da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de
c) A igualdade na diferença. As diferenças dizem Discriminação Racial que define a discriminação racial como “qualquer
respeito à diversidade nas características que distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência
fazem identidades pessoais: o género, a etnia, a ou origem nacional ou étnica que tenha por objeto ou resultado anular ou
restringir o reconhecimento, gozo ou exercício, em condições de igualdade de
nacionalidade, a língua, a religião, as opiniões direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, económico,
políticas, e devem ser entendidas como distinta social, cultural ou em qualquer outro campo da vida pública.”
642 I SÉRIE — NO 20 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE MARÇO DE 2016
● estabelecer a proteção jurídica dos direitos da mulher uma igualdade restrita porque somos todos diferentes do
numa base de igualdade com os do homem e garantir, ponto de vista biológico, social e cultural, e precisamos
por meio dos tribunais nacionais competentes e de de coisas distintas em momentos diferentes”13.
outras instituições públicas, a proteção efetiva da
Em suma, a equidade tem como objetivo final de contribuir
mulher contra todo ato de discriminação;
para alcançar a igualdade (alcançar a igualdade como
● abster-se de incorrer em todo ato ou prática de
resultado). Para tal, tem em conta as necessidades e
discriminação contra a mulher e zelar para que
as autoridades e instituições públicas atuem em interesses das pessoas que são diversas ou diferentes e
conformidade com esta obrigação; permite um tratamento diferenciado para os desfavorecidos,
para que tenham a possibilidade de alcançar seus objetivos
● tomar as medidas apropriadas para eliminar a
discriminação contra a mulher praticada por qualquer comuns em condições de igualdade com outras pessoas.
pessoa, organização ou empresa; Consequentemente, as políticas e ações para eliminar a
discriminação e alcançar a igualdade de género requerem
● adotar todas as medidas adequadas, inclusive de
caráter legislativo, para modificar ou derrogar a aplicação de medidas deliberadas para corrigir as
leis, regulamentos, usos e práticas que constituam desvantagens e eliminar as desigualdades resultantes de
discriminação contra a mulher; diferenças, sejam elas de género, idade, origem étnica ou
● derrogar todas as disposições penais nacionais que qualquer outro fator que produza efeitos discriminatórios
constituam discriminação contra a mulher. sobre direitos, benefícios, obrigações e oportunidades entre
homens e mulheres. São as denominadas medidas de ação
FONTE: CEDAW, artigo 2.
afirmativa e aplicam-se a certos setores da população, tendo
O princípio da não discriminação obriga aos Estados em conta as circunstâncias particulares de desvantagem
a garantir a igualdade de tratamento entre as pessoas, e exclusão que viveram ao longo de suas vidas.
independentemente da sua condição e para isso “tomarão,
em todas as esferas e, em particular, nas esferas política, 2.1.3. Transversalização e igualdade de género
social, económica e cultural, todas as medidas apropriadas, As Conferência do Cairo, em 1994 e de Beijing em 1995,
inclusive de caráter legislativo, para assegurar o pleno destacaram a importância do envolvimento de toda a
desenvolvimento e progresso das mulheres, com o objetivo sociedade e do Estado na realização da igualdade de género,
de lhes garantir o exercício e gozo dos direitos humanos estabelecendo, pela primeira vez, que sua abordagem
e liberdades fundamentais em igualdade de condições pode não ser exclusivamente sectorial, mas sim deve ser
com os homens”.11 integrada no conjunto das políticas.
2.1.2. Igualdade e equidade de género Assim, surge a estratégia de transversalização de género
(gender mainstreaming em Inglês), cujo objetivo geral é
Quando falamos de igualdade e equidade é necessário
fazer com que as políticas públicas em geral, e políticas de
ter em conta que os dois termos não são sinónimos nem
igualdade, tenham um impacto efetivamente transformador
intercambiáveis. A equidade é definida como um princípio
nas relações de género. Para isso, as políticas de igualdade
associado com juízos éticos, morais e políticos em torno
devem contribuir para que os governos e outros atores
da ideia do que é justo. Parte do fato de que ninguém
envolvidos na construção da igualdade de género, levem a
deve estar em desvantagem e sua função é fechar as
cabo análises dos efeitos que suas distintas intervenções
diferenças injustas. Tem caráter social e não só individual,
têm nas mulheres e nos homens e, portanto, desenvolver
e procura influenciar a distribuição de poder, direitos,
uma política ativa e visível de integração da perspetiva
oportunidades e opções12.
de género em todas as políticas e programas.
A igualdade de género salienta a importância da igualdade A estratégia de transversalização de género não exclui
de resultados e chama a atenção para a importância o desenvolvimento de medidas de orientação específica
do tratamento diferencial necessário para acabar com focalizadas, como referido anteriormente, a aplicar
as iniquidades e promover a autonomia das mulheres a determinados setores da população em situação de
como condição indispensável para alcançar a igualdade desvantagem e exclusão. Ambas estratégias de intervenção
de género. Portanto a igualdade e equidade são dois - transversalização e ação afirmativa - são necessárias
princípios que andam de mãos dadas. “Em uma sociedade e complementares para a construção da igualdade e
verdadeiramente justa, os princípios da equidade e da equidade de género, uma vez que a transversalização é
igualdade não se anulam mutuamente, ambos se aplicam, um processo de longo prazo, o que exige a ampliação de
porque eles são interdependentes: nenhum é suficiente capacidades e desenvolvimento institucional e ferramentas
sem o outro. A equidade associa-se com oportunidades, de planeamento e implementação ainda em construção,
enquanto a igualdade tem a ver com o reconhecimento enquanto as medidas específicas orientadas tendem a agir
social e jurídico dos direitos e do exercício do poder. Em no curto prazo para abordar de maneira mais concreta
uma sociedade onde as pessoas não se reconhecem como as necessidades mais urgentes.
iguais, é difícil que haja oportunidades para todos. Em
uma sociedade de iguais onde não há equidade, haverá 2.1.4. Igualdade de género e empoderamento das
mulheres
11
Artigo 3 CEDAW.
12
Definição de Yolanda D’Elia e Thais Maingon citado em Evangelina O termo empoderamento procede do inglês empowerment.
GARCÍA-PRINCE, Políticas de Igualdade, Equidade e mainstreaming de Nasce como conceito nas organizações populares dos países
gênero. Edição revista e atualizada. Área de Gênero do Centro Regional do
PNUD para a América Latina e Caribe. Panamá. 2011 p.49. 13
Ibid, p.49.
I SÉRIE — NO 20 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE MARÇO DE 2016 643
do Sul, entre elas as organizações feministas e de mulheres, 2.1.5. Igualdade de género, economia produtiva
para referir-se ao processo mediante o qual as pessoas e e reprodutiva
grupos excluídos desenvolvem capacidades para analisar,
questionar e subverter as estruturas de poder que as Em todas as sociedades são desenvolvidas atividades de
mantêm em posição de subordinação. O empoderamento produção de bens e serviços orientadas para o mercado.
é um processo gradual, complexo e dinâmico através do É o que se conhece como economia produtiva, que
qual se busca o: normalmente se situa na “esfera pública”, pelo que é
economicamente valorado, simbolicamente prestigiante
● Aumento da autonomia e das forças internas no e geralmente remunerado.14 No entanto, diariamente
acesso aos recursos e benefícios, e o controlo uma grande quantidade de tempo e esforço é dedicado
sobre estes; às múltiplas atividades que permitem regenerar e cuidar
do bem-estar físico e emocional das pessoas, entre as
● Fortalecimento da autoconfiança, da capacidade
quais se incluem tarefas como: a gestão dos espaços e
de fazer escolhas, de influenciar o sentido da
bens domésticos, o cuidado dos corpos, a formação das
mudança;
pessoas, a manutenção das relações sociais ou de apoio
● Reequilíbrio do exercício do poder entre mulheres psicológico para os familiares e pessoas de nosso entorno.
e homens. Essas atividades garantem a reprodução das pessoas e
são, por tanto, fundamentais para a manter as condições
O empoderamento seria então passar duma situação
de sustentabilidade do sistema económico e para garantir
de subordinação a uma situação na qual se tem
o bem-estar e a qualidade de vida da sociedade no seu
autonomia, controlo, sobre as decisões que afetam a própria
conjunto. É o que se conhece como economia reprodutiva.
vida. É por esta razão que a autonomia das mulheres constitui
o conceito básico ligado ao empoderamento. A noção de Figura 1. Esquema da Economia do Trabalho
autonomia refere-se à capacidade das pessoas para tomar RIQUEZA, BEM-ESTAR, QUALIDADE CARGA GLOBAL DO
decisões livremente e informadas sobre as suas vidas, e DE VIDA TRABALHO
● A autonomia económica: Representa a capacidade A maioria do trabalho reprodutivo é feito sem remuneração
de gerar renda e recursos próprios, a partir do e, em consequência, não é incluído nas contas nacionais,
acesso ao trabalho remunerado. ficando invisível para o sistema económico e para a tomada
de decisões sobre as políticas publicas, em particular,
● A autonomia física: Refere-se à capacidade de as políticas económicas. Os estudos de uso de tempo
controlo sobre seu corpo e sua saúde integral mostram também como, na atualidade, esse trabalho é
incluindo a liberdade de decisão em relação à feito maioritariamente no interior dos agregados domésticos
sexualidade e fecundidade e o direito a uma e pelas mulheres, já que os papeis e estereótipos de género
vida livre de violência. lhes têm atribuído essas responsabilidades como parte da
A Declaração e Plataforma de Ação de Beijing definiu em divisão sexual do trabalho. Além disso, a atual repartição do
1995 o empoderamento da mulher e sua total participação, trabalho reprodutivo evidencia desigualdades económicas,
em base de igualdade, em todos os campos sociais, incluindo porque as pessoas com melhor situação podem pagar por
a participação no processo decisório e acesso ao poder, como uma parte desse trabalho (por exemplo através do emprego
elementos fundamentais para a realização da igualdade. doméstico, pagar uma creche, etc..), enquanto as pessoas
Posteriormente, em 2000, a ligação entre a igualdade de em situação de maior desvantagem não podem. Como
género e o empoderamento das mulheres foi oficialmente resultado, produz-se um círculo vicioso: as mulheres em
ratificada, constituindo-se ambos, em conjunto, como o pior situação económica têm uma maior carga de trabalho
conteúdo do terceiro Objetivo de Desenvolvimento do Milénio reprodutivo que deixa menos tempo para poder se dedicar
adotados pela comunidade internacional na Assembleia ao trabalho produtivo, a uma melhor formação, procura
Geral das Nações Unidas. Desde então, o empoderamento de emprego, etc., em definitiva gerar condições para sair
tem sido parte da construção da igualdade entre mulheres e da pobreza.
homens, no sentido de que as caraterísticas mais solidamente
estruturante das identidades de género dentro de um de 14
Contudo, o trabalho para o mercado pode ser não remunerado, como por
um sistema patriarcal, é o elo de dominação-dependência exemplo no caso dos trabalhadores familiares sem remuneração.
15
Representação elaborada com base nas definições de Esquivel (2009):
e, portanto, a igualdade não pode ser alcançada sem uma
Uso del Tiempo en la ciudad de Buenos Aires e Coello & Pérez (2013) Cómo
rutura de tal submissão e sem geração de uma consciência trabajar la economía de los cuidados desde la cooperación internacional para
de liberdade para as mulheres. el desarrollo.
644 I SÉRIE — NO 20 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE MARÇO DE 2016
PARTE II: CONTEXTO DE IMPLEMENTAÇÃO (cerca de 55% da sua população é do sexo masculino). Ao
DO PNIG invés, as ilhas de Santiago e do Maio são aquelas em que
a proporção de mulheres é maior: no caso de Santiago as
1. CONTEXTO DEMOGRÁFICO, SOCIOECONÓMICO proporções são aproximadamente de 55% para os concelhos
E CULTURAL DO PAÍS de São Miguel e Tarrafal; 53% em Santa Catarina, São
1.1. CONTEXTO DEMOGRÁFICO Salvador do Mundo e Ribeira Grande de Santiago; e de
52% em São Lourenço dos Órgãos e Santa Cruz. Na ilha
Ao iniciar o presente plano estratégico, é fundamental do Maio, 51,6% da população é do sexo feminino.
caracterizar a situação de partida de mulheres e homens
em Cabo Verde. De seguida apresentam-se uma análise Ainda na idade adulta, verifica-se que a partir dos 40
dos indicadores socioeconómicos fundamentais, informados anos a proporção de mulheres começa a ser superior à
com base nas fontes e informações mais recentes. Se dos homens: as mulheres representam 51% e 52% das
por um lado permitem destacar os grandes progressos faixas etárias dos 40-44 e 45-49 anos, respetivamente,
alcançados em vários domínios da igualdade de género no uma tendência que se acentua para as faixas etárias
país, também permitem identificar os principais desafios seguintes, atingindo a partir dos 65 anos proporções de
que persistem. 60% ou mais.
os do interior da ilha de Santiago: Tarrafal (62,6%), Santa Estes dados permitem reconfirmar a análise feita por
Cruz (57,2%), Santa São Lourenço dos Órgãos (52,4%). ocasião da avaliação/atualização do PNIEG, de que «o
Por outro lado, nos três concelhos de Santo Antão, no modelo de família, conjugal nuclear, formada por um
Sal, na Boavista e em Santa Catarina do Fogo, mais de casal e os filhos, todos vivendo juntos e onde o homem é o
60% dos agregados têm um representante masculino, principal provedor e a mulher dona de casa ou uma fonte
seguindo-se-lhe os demais concelhos do Fogo: São Filipe de ingresso adicional, coadjuvante do marido no sustento
(57,8%) e Mosteiros (56,7%). Para os restantes concelhos familiar, esta longe de ser uma realidade no nosso país.
as proporções aproximam-se da média nacional. Nas famílias chefiadas por mulheres, elas são geralmente, o
único recurso disponível para a sobrevivência do agregado
Existem diferenças substanciais na tipologia das famílias familiar, sendo evidente um elevado e crescente grau de
que são representadas por mulheres e por homens. De não assunção por parte dos homens das responsabilidades
acordo com os dados do Censo 2010, globalmente, cerca paternas e familiares».21
de 45% dos agregados familiares em Cabo Verde são
conjugais. Mais especificamente: Existem diferenças no nível de instrução dos representantes
femininos e masculinos, no sentido de um menor grau de
- 23% são casais com filhos instrução no caso das mulheres: globalmente cerca de 32%
dos agregados em Cabo Verde têm um representante com
- 17% são casais com filhos e outros elementos o nível secundário ou superior, proporção que é de 37%
- 5% são casais isolados entre os representantes e de 27% entre as representantes.
Globalmente quase 1 em cada 5 família em Cabo Verde
No caso dos agregados representados por mulheres tem um representante sem nenhum nível de instrução
estas proporções são, respetivamente, de 13%, 10% e 3%, (19%), o que acontece com pouco mais de 1 em cada 10
enquanto nos agregados representados por homens, são representante masculino (11%) e mais de 1 em cada 4
de 33%, 24% e 7%. Verifica-se assim que os homens são representante feminino (27%).
essencialmente representantes em famílias conjugais, mais No que respeita a situação da nupcialidade, a tendência
concretamente em 64% dos casos em que são identificados vem sendo no sentido da diminuição dos casamentos: em
como representante. 2010 cerca de 10% da população era casada, proporção que
Por outro lado, 38% dos agregados familiares em Cabo em 2000 era de 17%. Em 2010 a cerca de 38% da população
Verde são não conjugais: era solteira, tendo a união de facto registado uma ligeira
diminuição, passando para 20,5%, quando era de 23% em
- 24% são agregados não conjugais, com representante, 2000. Mantem-se a tendência dos homens, mais do que
filhos e outros elementos as mulheres, serem solteiros (com proporções de cerca
de 42% dos homens versus 35% das mulheres em 2010).
- 14% são agregados monoparentais, proporção que,
1.1.3. Situação dos agregados familiares
globalmente, representa uma redução em relação
a 2000, em que os agregados monoparentais O acesso dos agregados familiares a serviços de base
representavam 16,7% do total dos agregados ainda apresenta algumas diferenças em razão do sexo
do representante do agregado, apesar dos progressos
No caso dos agregados representados por mulheres consideráveis alcançados neste âmbito: em 201322 87%
estas proporções são, respetivamente, de 38% e 26%, dos agregados em Cabo Verde têm acesso à eletricidade,
enquanto nos agregados representados por homens, 88% entre os agregados representados por homens e 85%
são de 11% e 4%. Verifica-se assim que as mulheres entre os representados por mulheres, quando em 2000 o
são essencialmente representantes em famílias não fosso de género era de 7 pontos percentuais. A principal
conjugais, mais concretamente em 64% dos casos em que fonte de energia utilizada para cozinhar é o gás para cerca
são identificadas como representante. de 71% dos agregados, 74% entre os representados por
homens, 68% entre os representados por mulheres; o uso
De referir ainda o aumento da proporção de agregados
de lenha é mais comum entre estes últimos agregados
unipessoais (15%), com maior peso dos agregados unipessoais
(30% versus 21% dos representados por homens). Entre
masculinos (20% dos agregados com representante
os agregados que não têm acesso a uma cozinha (19%),
masculino) em relação aos femininos (10% dos agregados
17% são representados por homens e 21,5% por mulheres.
com representante feminino).
Em termos de acesso a água potável e canalizada não
Gráfico 1.1 – Tipologia dos agregados familiares, por sexo do
se verificam diferenças em razão do sexo do representante
representante do agregado (%)
do agregado. Contudo, persistem diferenças no que tange
ao saneamento: cerca de 72% dos agregados têm acesso
a uma casa de banho com sanita, o que acontece com
cerca de 74% dos representados por homens e 70% por
mulheres, existindo por outro lado um fosso da ordem
dos 5% no caso do acesso a um sistema de evacuação de
águas residuais.
21
ICIEG (2008) Relatório de Avaliação e Atualização do PNIEG (2005-2009),
pp 20-21.
22
INE (2013) Inquérito Multiobjectivo Contínuo (IMC) – Estatísticas das
Fonte: INE (2010) Recenseamento Geral da População e Habitação famílias e condições de vida.
I SÉRIE — NO 20 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE MARÇO DE 2016 647
Ainda persistem algumas diferenças no acesso a vários entre as principais causas de mortalidade”23 Os dados
bens, tais como eletrodomésticos e automóvel, contudo de 2012, em relação às 10 principais causas de morte,
esta diferença já não se verifica para a posse de telefone confirmam que tanto mulheres como homens morrem mais
ou telemóvel. No entanto os agregados com representante de doenças do aparelho circulatório (sobretudo no caso
masculino têm mais acesso a computador (32% versus 27%) das mulheres), seguindo-se-lhe os tumores e neoplasias
e a internet (25% versus 20%). (sobretudo no caso dos homens). As causas externas e
Quadro 1.1 - Acesso dos agregados a serviços de base por sexo
envenenamentos são causas de morte mais características
do representante dos homens, enquanto as mulheres apresentam mais
situações de sintomas indefinidos.
Percentagem dos Total dos Agregados com Agregados com
agregados familiares agregados representante representante Gráfico 1.2 – Causas de mortalidade geral por sexo, 2012
que: familiares (%) feminino (%) masculino (%) (taxas por 100.000)
Tem acesso à rede 58,6 58,3 58,7
pública (principal meio
de abastecimento água)
Cozinha com gás 71,3 68,4 73,6
Cozinha c/ lenha 25,1 30,2 21,1
Não tem cozinha 19,2 21,5 17,3
Tem casa de banho c/ 72,4 74,4 69,9
sanita
Sem sistema de evacuação 27,3 29,9 25,3
de águas residuais
Usa eletricidade (principal 86,9 85,4 88
forma de iluminação)
Tem computador em casa 30,2 27,4 32,4
Tem internet em casa 22,8 20,2 24,8
afetam em particular os homens. A análise de género do PNDS Em 2012 foram avaliados os serviços de SSR para
refere que estes indicadores, entre outros, apontam para a Adolescentes, estabelecidos desde 2008, mostrando que
necessidade de aprofundar o debate sobre masculinidades, embora atinjam a cobertura necessária, há necessidade
género e políticas públicas e que será difícil perspetivar de ajustes em termos de infraestrutura e capacitação
mudança de comportamento sem abordar a temática desde de recursos humanos. As recomendações apontaram,
este prisma. Nesse sentido, as campanhas de sensibilização entre outras, para: i) a incorporação de discussões de
e estratégias de Informação, Educação e Comunicação (IEC) género nas ações de SSR; ii) o aproveitamento da presença
terão de envolver homens jovens e adultos. masculina nos Centros da Juventude para aprofundar
esta reflexão, em especial no que se refere ao exercício das
Refere ainda que os “jovens e homens precisam ser masculinidades; iii) a capitalização da janela de oportunidade
priorizados, considerando as tendências epidemiológicas e aberta pela Lei sobre VBG para o aprofundamento da
dados sobre os agravos à saúde e dificuldades de acesso a discussão das diferentes expressões das desigualdades
rede de atenção primária”25 tradicionalmente orientada à de género, especialmente as que se refletem nas práticas de
saúde materno-infantil. Preconiza-se assim a identificação SSR; iv) a incorporação de uma abordagem da sexualidade
de populações/grupos específicos por tipologia de doença, nas intervenções; v) o reforço do trabalho educativo em
o que implica investir na produção de dados desagregados sexualidade nas comunidades, com vista a atingir a família;
por sexo, e análise de determinantes numa perspetiva de vi) a promoção da educação de pares; e viii) a capacitação
género, para uma melhor análise, e reposta, aos impactos permanente do pessoal dos serviços de SSR.
diferenciados na saúde dos homens e das mulheres.
De referir que os progressos relativamente à esperança A taxa de prevalência contracetiva (uso atual de um
de vida em Cabo Verde continuam: a esperança de vida método entre as mulheres casadas/unidas ou que não
passou de 75 para 79,1 anos entre as mulheres, e de 67 vivem em união, mas são sexualmente ativas) passou
para 69,7 anos entre os homens, entre 2000 e 2010. de 37% para 44% entre 1998 e 2005. A realização do
IDSR III, previsto para 2014/2015, permitirá confirmar a
1.2.2. Principais indicadores relacionados com situação atual. A taxa para o uso de um método moderno
os direitos sexuais e reprodutivos foi, em 2005 de 42%, taxa que se eleva a 57% entre as
O controlo da sexualidade, como a VBG, é um domínio mulheres em união e para 70% entre as mulheres não
em que as relações de poder desequilibradas dos homens unidas sexualmente ativas. A taxa de necessidade não
sobre as mulheres se manifestam, em particular na tomada satisfeita em matéria de planeamento familiar foi de
de decisão quanto a quando, como e com quem as mulheres 16,7%, sendo superior entre as mulheres do meio rural
escolhem ter relações sexuais, com ou sem proteção contra (19,6% comparado com 14,4% entre as mulheres do meio
as IST e o VIH/SIDA, bem como em relação ao controlo urbano). Entre as adolescentes (15-19) é também mais
da reprodução e planeamento familiar. elevada: 23,3%.
A saúde da mulher, em particular a saúde materna, A taxa de VIH/SIDA era, em 2005, de 0,8% (0,4% entre
tem sido uma área de intervenção prioritária ao longo das as mulheres e 1,1% entre os homens de 15-49 anos).
últimas décadas, investimentos que permitiram grandes Contudo, os dados administrativos do Ministério da Saúde
progressos em termos da mortalidade materna. Tem mostram uma tendência ao aumento da prevalência entre
rondado, em média, 36,6 por 100.000 nos últimos 5 anos as grávidas (0,7% em 2011, 0,8% em 2011 e 1% em 2013),
(com oscilações de 1-2 óbitos por ano a um máximo de 4-5). especialmente entre as jovens (15-24) (0,96% em 2013).
Em 2012, 94% dos partos foram assistidos por profissionais Também entre populações específicas, nesse mesmo período,
de saúde qualificados (um aumento em praticamente 20 passando de 5,3% para 7,7% entre as trabalhadoras do
pontos percentuais em relação aos partos realizados em sexo (TS), uma população essencialmente feminina, e
2007), com uma evolução marcada dos serviços nas zonas de 3,6% para 3,9% entre os usuários de droga (UD). As
rurais (de 36% para 63,5%, de acordo com os dados do mulheres representam 2,5% da população UD testada,
IDRS I (1998) e do IDRS II (2005), respetivamente). A mas têm uma taxa de prevalência superior à dos homens
taxa de grávidas que realizam pelo menos 1 consulta de (5,6% contra 3,9%). Dados que são preocupantes tendo em
pré-natal foi em 2013 de 95% e, de acordo com o IDSR I e conta a vulnerabilidade física das mulheres à infeção pelo
II, a taxa de grávidas que efetua pelo menos 4 consultas VIH, mas também as questões ligadas à capacidade de
passou de 64% para 72% entre 1998 e 2005. O número negociação de relações sexuais seguras, devido aos papéis
médio de filhos por mulher tem diminuído (de 2,9 em de género atribuídos a homens e a mulheres.
2005 para 2,3 em 2010). Entretanto a taxa específica
de fecundidade entre as adolescentes (15-19) desceu de A esse respeito o APIS (2012) mostra que subsiste um
104‰ em 1998, para 92‰ em 2005, e para 62‰ em 2010. nível considerável de comportamento de risco no exercício
Os dados administrativos da saúde mostram que 2 em da sexualidade:
cada 10 grávidas atendidas em 2012 nas consultas pré-
natais eram adolescentes de menos de 19 anos (20%), - Entre os adultos (15-49 anos) cerca de 61% dos
quando em 2010 representavam 3 em cada 10 grávidas homens e 54% das mulheres referem ter tido
(30,5%). As adolescentes mais jovens (menores de 17 anos) relações sexuais de risco nos últimos 12 meses,
representam em 2012 cerca de 5% do total, quando em proporção que aumenta entre os jovens (15-24
2007 representavam 11,4%. anos): cerca de 9 em cada 10 jovens homens
25
Eliane Bortolanza Notas para uma efetiva transversalização do género no
estão nessa situação (91%) e 8 em cada 10 jovem
PNDS (2012-2016). [Comentário 158, p.38]. mulheres (79%)
I SÉRIE — NO 20 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE MARÇO DE 2016 649
- O uso do preservativo na última relação de risco não tem poder de decisão sobre a sua saúde, compras para
é, contudo, mais elevado entre os jovens (15- o lar, visita a familiares ou alimentos a cozinhar ascendia
24 anos) do que entre os adultos (15-49 anos): a 24% e que 1/5 das mulheres casadas ou que viviam em
84% dos jovens e 80% das jovens, comparado, união de facto, não tinham nenhum poder de decisão sobre
nos adultos com 73% dos homens e 57% das as formas de utilização do dinheiro resultante do salário
mulheres. A discrepância entre sexos é menor que ela aufere”.27 Uma parte considerável da sociedade
nas gerações mais jovens. aceita o usa da violência física como forma legitima de
ação disciplinar, por parte do homem (17% das mulheres
- Entre os jovens (15 -24 anos), cerca de 4 em cada 10 e 16% dos homens), uma opinião mais partilhada entre
jovem homens reporta ter tido relações sexuais as mulheres rurais (26%), com um nível educacional mais
com mais de um parceiro nos últimos 12 meses baixo (20%), e economicamente dependentes (20%). A
(41%), o que acontece com 1 em cada 10 jovem VBG tem repercussões tanto sobre as mulheres que a
mulheres (9,5%). sofrem, como sobre as vítimas indiretas que a ela assistem,
em particular os filhos e filhas, frequentemente também
De referir que as mulheres continuam a ter mais acesso
vítimas diretas.
ao teste do VIH: os dados de 2012 mostram que 47% das
mulheres realizaram o teste do VIH/SIDA e receberam o Gráfico 1.3 –Proporção de mulheres que refere práticas de controlo
resultado, o que acontece com 28% dos homens. Um número por parte do marido/companheiro
marido/companheiro
considerável de testes de VIH é efetuado no contexto
programa de transmissão vertical do VIH, o que tem
permitido melhorar a identificação precoce das mulheres
seropositivas, e que o tratamento ARV seja iniciado em
boas condições, para além de reduzir o número de crianças
seropositivas (a transmissão vertical do VIH passou de
5,6% em 2011 para 2,9% 2013).
A análise detalhada da situação da VBG foi feita em sede Fonte: PNVBG II (p.18), elaborado com base nos dados do INE (2005) IDSR II
própria, no contexto da elaboração do 2º Plano Nacional
de combate à VBG. Assim sendo, é feita apenas uma Conforme referido pelo PNVBG, desde a entrada em
referência sumária a esta questão, remetendo para a vigor da Lei Especial de VBG existe um incremento
leitura do PNVBG (2014-2016). substancial de denúncias, relacionado entre outros ao
“maior grau de informação sobre a VBG, conjugado com a
Os dados sobre a prevalência da VBG, que datam mudança de atitude que já não a considera como socialmente
de 2005, mostram que mais de 1 em cada 5 mulheres aceitável, bem como pelo facto de o procedimento criminal
(19%) em Cabo Verde é vítima de violência no marco das ser público, permitindo a denúncia por qualquer cidadão.”
relações conjugais (presentes ou passadas).26 Incluindo Em 2013 foram submetidos 3.237 processos por crimes
violência física (16%), psicológica (14%) ou sexual (4%), desta natureza em 2013 (2.607 em 2010). No ano judicial
sendo a proporção de mulheres que procura apoio muito 2012-2103 “os processos de VBG representam 6.5% do total
reduzida. O IDSR III, a ser realizado em 2014, permitirá de processos-crime que deram entrada na Procuradoria.
uma atualização da situação. Já no que respeita aos processos transitados de um ano
para outro, os crimes de VBG representam 4,5% do total”,
Como destacado pelo PNVBG (2014-2016), “a avaliação do enquanto a proporção de processos transitados no caso de
controlo exercido pelo parceiro íntimo é de grande relevância outros tipos de crimes é consideravelmente mais elevada,
para a perceção da violência baseada no género no país, o que aponta “para uma maior eficiência do Ministério
tendo em vista que esta é uma violência que se concretiza Público na resolução dos casos de VBG, em relação com
em função do exercício de poder baseado nos papéis e outros processos”.
estereótipos de género, construídos para as mulheres e homens
na nossa sociedade”. A esse respeito os dados do IDSR II 1.2.4. Principais indicadores relacionados com a
(2005) mostram a existência de práticas generalizadas educação e a formação profissional
de controlo, tais como “a imposição de restrições para A educação é fundamental na vida das pessoas, ampliando
relacionar-se tanto com pessoas do sexo masculino como oportunidades de desenvolvimento, participação e tomada de
feminino mediante cenas de ciúmes (44%); acusações decisão nos mais variados campos, e enquanto precondição
de infidelidade (17%) ou limitações para frequentar ou para a economia. É assinalada como prioridade no DECRP
reunir-se com as amigas (8%). O controlo da mobilidade III, que destaca a importância da melhoria da qualidade
das mulheres, se traduz numa permanente insistência em e da relevância da educação e formação, enquanto fator
saber onde estas se encontram (43%). Também lhes são fundamental de combate ao desemprego.
impostas limitações na gestão dos recursos financeiros, a) Alfabetização
manifestada na falta de confiança em relação ao dinheiro
(39%). Ainda mostrou que a percentagem de mulheres que A taxa de alfabetização continua a progredir em Cabo
Verde e, no caso dos adultos (15 anos ou mais), passou
26
NE & Ministério da Saúde (2005). 2º Inquérito Demográfico e de Saúde
Reprodutiva. 27
Rosabal, M. (2011) As faces (in)visíveis da violência de género.
650 I SÉRIE — NO 20 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE MARÇO DE 2016
de 83% para 87% entre 2010 e 2013.28 Uma evolução 20.081 meninas e meninos dos 3 aos 5 anos (idade do nível
que beneficiou tanto homens como mulheres: no caso dos de ensino do pré-escolar), de forma paritária. Registou-se
homens a taxa de alfabetização passou de 88,5% para ainda a disponibilização de serviços para 1.971 crianças
91% (um aumento em 2,5 pontos percentuais) e, das dos 0 aos 2 anos. A frequência do pré-escolar aumenta à
mulheres, de 77% para 83,4% (um aumento em 6,4 pontos medida que as crianças se aproximam da idade de entrar
percentuais). Apesar da diminuição do fosso de género, este para a escola: do total de vagas disponibilizadas nesse
ainda representa cerca de 8 pontos percentuais a desfavor ano escolar, cerca de 3/4 foram para crianças de 4 e 5
das mulheres, e continua a ser particularmente marcado anos (74,6%) e 1/4 para as de 3 anos ou menos (25,4%).
para as mulheres rurais, com uma taxa de alfabetização Gráfico 1.6 – Proporção de crianças matriculadas num
de 77%, ou seja, com 10 pontos percentuais de diferença estabelecimento pré-escolar (2012/2013) por idade
tanto em relação à taxa de alfabetização nacional, como
à dos homens rurais (87%). O analfabetismo entre as
mulheres continua a ser maior a partir dos 35 anos de
idade: existe paridade entre os adultos de 25-34 anos,
mas na faixa etária dos 35-64 anos regista-se um fosso
superior a 13 pontos percentuais (pouco mais de 1 em
cada 10 homens é analfabeto, o que acontece com 1 em
cada 4 mulheres), que se agrava ainda entre os adultos
de 65 anos ou mais, idade em que 3 em cada 4 mulheres
são analfabetas.
Fonte: Dados administrativos do MED & Projeções Demográficas do INE
Gráfico 1.4 - Taxa de analfabetismo da população de 15 anos, por
sexo e faixa etária No caso das crianças dos 3 aos 5 anos estas vagas
correspondem a cerca de 64,6% das crianças que existem
na população nessa faixa etária. No caso dos 0 aos 2 anos,
corresponde a 6,5% das crianças dessa faixa etária. No
pré-escolar predominam as instituições privadas, com o
sector público a assegurar 43% das vagas. Os serviços
para crianças dos 0 aos 2 anos são prestados, em mais de
85% dos casos, por instituições de cariz privado.
c) Acesso e sucesso no ensino básico e secundário
Os dados administrativos do Ministério da Educação
mostram que a taxa líquida de escolarização das crianças
Gráfico 1.5 - Taxa de analfabetismo da população de 15 anos, por dos 6-11 anos tem sofrido flutuações, com valores mais
sexo e meio de residência baixos dos atingidos em anos anteriores: no ano letivo
2012/2013 esta taxa foi de 93,3%, sendo de 91,8% entre
as raparigas e de 94,7% entre os rapazes.29 O índice de
paridade na educação, calculado com base na taxa bruta
de escolarização, tem evoluído no sentido de uma menor
paridade: se em 2000 se situava em 0,96, em 2012 desceu
para 0,92.
A menor paridade de género no ensino primário pode estar
vinculada a vários fatores, entre os quais o maior sucesso
das raparigas que se encontram no sistema educativo, um
abandono mais elevado entre os rapazes, e um número
crescente de crianças fora do sistema. De acordo com o
Como resultado das políticas de generalização do ensino
recém-elaborado relatório do ODM 2, em termos de acesso
básico, a taxa de alfabetização dos jovens de 15-24 anos é
«a taxa líquida de admissão no ensino básico situa-se
praticamente universal: em 2010 era de 97%, com apenas
em 92,9%, o que significa que 7,1% de crianças em idade
1 ponto percentual de diferença entre os dois sexos, a
teórica de entrada no ensino básico, no ano letivo em
favor das jovens; em 2013 passa para 98%, mantendo-se
referência (2012/2013), ficaram fora do sistema de ensino.
o ponto percentual de diferença nesse mesmo sentido. O
Esta taxa é de 91,6% para as raparigas e de 94,2% para
número médio de anos de estudo dos jovens é de 9,3 anos
os rapazes, o que significa que de entre as crianças que
em 2013, com as jovens a apresentar em média cerca de
ficaram fora do sistema escolar, 8,4% são raparigas e
mais 1 ano de estudo (9,8) do que os jovens (8,9).
5,8% são rapazes».30 A entrada tardia das crianças na
b) Pré-escolar escola (depois dos 6 anos de idade) é um dos fatores que
O pré-escolar reveste-se de particular importância, tanto 29
De referir que existe alguma discrepância entre os dados administrativos e
do ponto de vista educacional, como pelo seu significado no os dados de inquérito: para o ano de 2012 os dados do IMC apontam para uma
sistema de cuidados de crianças pequenas. Este subsistema taxa líquida de escolarização de 96,6% e para uma discrepância entre rapazes
da educação disponibilizou, em 2012/2013, vagas para e raparigas inferior a 1 ponto percentual - 96,4% entre as raparigas e 96,9%
entre os rapazes.
28
INE (2010) RGPH e INE (2013) IMC – Inquérito Multiobjectivo Contínuo. 30
Relatório ODM2 (2014), p. 7
I SÉRIE — NO 20 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE MARÇO DE 2016 651
justifica esta diferença: a proporção de crianças com 7 Ministério da Educação em 2001, que recomendava que
e 8 anos que não se encontram matriculadas é menor as estudantes grávidas interrompessem os seus estudos,
do que aos 6 anos (respetivamente 5,1% e 3,7%, versus para os reassumir após o parto. Persiste a necessidade de
6,5% para as crianças de 6 anos). Contudo este efeito é assegurar o seguimento da situação, incluindo em termos
marcado sobretudo para os rapazes (cerca de 2,5% e 2,1% de produção sistemática de dados nas escolas.
aos 7 e 8 anos, versus 5,5% para os rapazes de 6 anos),
enquanto a proporção de raparigas não matriculadas se Em relação ao ensino secundário, a taxa líquida de
mantem elevada aos 6, 7 e 8 anos (7,6%, 7,5% e 5,2% escolarização continua a aumentar: entre os anos letivos de
respetivamente). A proporção de crianças que não se 2006/2007 e de 2012/2013 aumentou em cerca de 10 pontos
encontra matriculada volta a aumentar a partir dos 9 percentuais entre as raparigas (de 63,8% para 74,2%) e em
anos, no caso dos rapazes, e dos 10 anos, no caso das cerca de 9 pontos percentuais entre os rapazes (de 55,9%
raparigas e as proporções continuam a ser mais elevadas para 64,8%). O índice de repetência no ensino secundário
entre as raparigas. Estes dados potencialmente incluem nesse mesmo ano letivo foi globalmente de 19,6%, com
tanto as crianças que nunca foram à escola, como as que já uma diferença de cerca de 6 pontos percentuais entre
frequentaram o ensino básico, mas não o frequentam mais. rapazes e raparigas (cerca de 23% e 17%, respetivamente).
A diferença entre diplomados e diplomadas no ensino
Gráfico 1.7 – Proporção de crianças (6-11 anos) que não se secundário chega a 13% (cerca de 65% para as raparigas e
encontram matriculadas em 2012, por idade simples e sexo 52% para os rapazes). De referir que a via técnica passou
,p p
a representar quase 3% do ensino secundário, em 2011,
sendo a proporção de raparigas nesta via cerca 48%, quando
era de 44% em 2009.
Os dados de Cabo Verde apontam, como é o caso em
muitos países, para especificidades relativamente à
forma como rapazes e raparigas progridem no sistema
educativo e para as diferentes facetas da manutenção
do acesso paritário de rapazes e raparigas à educação.32
A avaliação do PNIEG (2011) destacou a importância
Fonte: Dados administrativos do MED & Projeções Demográficas do INE do sector educação por ser o “veículo mais poderoso de
transformação social e mudança de mentalidades”, em
As informações disponíveis não permitem uma análise
particular num contexto como o de Cabo Verde, de acesso
caracterização detalhada das crianças fora da escola, em
universal. Recomendou que fosse explorado esse potencial,
termos da sua dimensão, perfil e/ou dinâmicas subjacentes
vendo para além da paridade de género na escola. Com
às diferenças observadas entre raparigas e rapazes. Está
efeito as questões de género para o sector educação incluem
prevista a realização, em 2014, de um estudo sobre as
questões de currículo, materiais e capacidades, que possam
crianças fora da escola e será importante que integre uma
contribuir para uma educação para a igualdade e respeito
abordagem de género, permitindo analisar os motivos
mútuo, bem como questões de segurança, de assédio, sem
específicos que afetam rapazes e raparigas, e desenhar
esquecer as questões de escolha vocacional. A questão
estratégias/intervenções adequadas às situações de cada
dos benefícios que a educação pode trazer a mulheres
um/uma.
e a homens coloca-se igualmente, já que o aumento dos
Analisando o percurso das crianças que têm acesso ao níveis de escolaridade entre as mulheres, incluindo em
ensino básico, verifica-se que globalmente que as raparigas termos e formação superior, está ainda por se traduzir na
demonstram maior sucesso do que os rapazes: em 2012 sua representação proporcional no mercado de trabalho.
a taxa de repetência em 2012 foi de cerca de 12%, sendo A proporção de mulheres no desemprego com níveis mais
de 9,5% entre os rapazes e de 7% entre as raparigas. elevados de escolaridade, é maior do que a dos homens:
Entre outros fatores, esta situação tem contribuído para cerca de mais 6% entre as mulheres com formação pós-
a descida do índice de paridade na educação, na medida secundária, ilustrando que a melhoria no nível de educação
em que os rapazes permanecem por mais tempo no ensino das mulheres pode só por si não resultar em maior acesso
básico: com efeito, nesse mesmo ano letivo, 6 em cada 10 ao mercado de trabalho. O acesso ao emprego continua
crianças com mais de 11 anos que ainda permanecem a ser diferente entre mulheres e homens, em particular
no ensino básico são do sexo masculino. Quanto à taxa entre os jovens adultos.
de abandono, foi de cerca de 2% em 2012/2013, sendo de
d) Ensino superior e formação profissional
5,4% entre os rapazes e de 1,8% entre as raparigas. O
maior sucesso das raparigas reflete-se na percentagem No ensino superior, vem aumentando a taxa bruta de
de diplomados e diplomadas do ensino básico, que em escolarização: em 2011 era de 21%, sendo 24,5% entre as
2012 foi de 92% entre as raparigas, contra cerca de 87% mulheres e 11% entre os homens. Esta situação reflete a
entre os rapazes. tendência que se desenha desde o ensino básico e secundário,
e a proporção mais elevada de raparigas que completa o
De referir que uma das causas específica de abandono
da escola por parte das raparigas é a gravidez. Em finais 32
A nível global considera-se que existe paridade na educação quando o
de 2013 foi revogada pelo ECA31 uma medida emitida pelo índice de paridade assume um valor entre 0,97 e 1,03 (Relatório Global dos
ODM, 2013). O fato das raparigas demonstrarem globalmente um melhor
31
O ECA-Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 50/VIII/2013, de 26 desempenho escolar e menor abandono não significa que a questão de género
Dez) afirma que a criança/adolescente grávida não pode ser incentivada a esteja resolvida: os fossos registados no desempenho e abando por parte dos
interromper os estudos ou a abandonar a escola (Artigo 47). rapazes constituem-se como um desafio de género a equacionar.
652 I SÉRIE — NO 20 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE MARÇO DE 2016
secundário, sendo esta uma condição de acesso ao ensino Os cargos de chefia para os quais se verifica um certo
superior. Em termos de bolsas de estudo, as mulheres equilíbrio de género em 2014 são os exercidos a nível do
representam 54% das beneficiárias das 342 bolsas nacionais Ministério da Educação e Desporto (44% mulheres e 56%
atribuídas no ano letivo 2011/2012 e 65% das bolsas 161 homens) e dos/as Diretores/as de Liceu/ES (48% mulheres e
atribuídas para estudos no exterior. 52% homens). Neste último caso esta proporção representa
uma evolução em relação à situação de 2003, em que
Por outro lado, num contexto de algum crescimento apenas cerca de 15% dos cargos de Diretor/a de Liceu/
da oferta formativa do ensino profissional, aumentou a ES era exercido por mulheres. Quanto mais os cargos de
proporção de mulheres que beneficiam do ensino profissional tomada de decisão são no terreno, como é o caso dos/as
(47% e 43% em 2009 e 2010; 49% em 2011 e 51% em Delegados/as e dos/as gestores/as de Pólo educativos, mais
2012 e 2013). tendem a ser ocupados por homens. De referir que em
Em termos de escolha de área de estudo/profissional, os relação à situação de 2003 se nota uma evolução no que
dados apontam para persistência de estereótipos: nas áreas diz respeito aos coordenadores pedagógicos (de 18% para
das ciências exatas os homens estão melhor representados 40%), aos gestores de Pólo (de 12% para 31%), enquanto
(73% das engenharias e tecnologias), enquanto há mais a proporção de mulheres a exercer o cargo de Delegadas
mulheres nas demais ciências (cerca de 60% para as ciências diminuiu (de para 29% para 18%).
sociais, humanas, letras e línguas, e 67% para as ciências Gráfico 1.9 - Cargos diretivos no sector educação por sexo
económicas, jurídicas e políticas). A área científica na qual g ç p
as mulheres estão mais representadas é a das ciências
da vida, ambiente e saúde (72%). Nos Cursos de Estudos
Superiores Profissionalizantes (CESP), em 2012, 35% das
mulheres estão inscritas em cursos técnico-científicos,
enquanto 73% escolhem outras áreas (turismo, negócios,
secretariado).
taxa de atividade de mulheres e homens no meio urbano rentáveis, valorizados socialmente ou seguros.
(57,5% e 70%, respetivamente), que no meio rural é de Vide o caso do comércio que, no caso das mulheres é
16 pontos percentuais (45,7% entre as mulheres e 61,3% de natureza essencialmente informal, ou ainda o
entre os homens). emprego doméstico, o 4º empregador das mulheres em
Cabo Verde. Adicionalmente as mulheres são o grosso dos
Em relação à população considerada inativa em 2013, trabalhadores familiares não remunerados.
a proporção de mulheres (47%) é superior à dos homens
(40%). Entre os motivos para não se ser considerado(a) De acordo com o 4º Recenseamento Empresarial
população ativa no âmbito de um inquérito ao emprego, (2012), em 2012 Cabo Verde contava com 10.101 empresas,
estão as responsabilidades familiares: de acordo com os mais 1.385 empresas do que em 2007. O sector privado
dados do Censo 2010, 22,5% das mulheres referem ser cabo-verdiano caracteriza-se sobretudo por micro,
esse o principal fator que limita a sua entrada no mercado pequenas e médias empresas (cerca de 2/3 não tem
de trabalho, o que acontece com cerca de 4% dos homens. contabilidade organizada e apenas 24% tem acesso a
Dado que ilustra a maior situação de dependência das computador). De acordo com este mesmo inquérito,
mulheres, quer na atualidade, quer potencialmente no as mulheres exercem a liderança nas empresas
futuro, na medida em que não terão acesso à cobertura em 35% dos casos. As mulheres são reconhecidas
do regime contributivo da segurança social. De referir pela sua capacidade empreendedora, contudo
que os dados apontam para um maior peso das mulheres enfrentam desafios substanciais no estabelecimento
entre os beneficiários de pensões ou outros apoios sociais.35 e crescimento das suas iniciativas empresariais.
Representam 52,5% dos ativos do sector informal (76%
b) Sectores de atividade. no comércio), sabendo que 50% dos empregados do sector
informal auferem um rendimento mensal inferior a 11.800
Observam-se nos últimos anos mudanças no perfil das
ECV, investindo mais de 44 horas semanais de trabalho
atividades económicas no país, bem como nos nichos de
(o comércio apresenta o rendimento mensal mais baixo
emprego de mulheres e homens. Os dados de 2012
e as mulheres do sector informal globalmente têm um
apontam para a renovada importância da agricultura,
rendimento 2 vezes mais baixo do que o dos homens; em
pecuária e pesca, que ocupa quase 1/4 da população
termo do seu estatuto nas unidade, 60% são trabalhadoras
(24,8%), quando em 2006 tinha descido para a terceira
familiares não remuneradas).36 De referir a pressão que
posição (14%). O Censo Agrícola, em curso, permitirá num
existe atualmente para a formalização dos negócios do sector
futuro breve melhor caracterizar a situação das mulheres
informal, quer para minimizar a concorrência desleal, quer
e homens que trabalham neste domínio. Segue-se-lhe o
numa lógica de aumento da base tributária. No entanto a
ramo do comércio (15,7%) e da administração pública
informalidade também representa uma estratégia de
(9%), enquanto para a educação e a saúde, sectores
sobrevivência, e as iniciativas de capacitação para
essencialmente públicos, as proporções são de 6% e 2%
a atividade empreendedora ainda são limitadas, e
respetivamente). Em 2006 a construção estava em expansão
as que existem raramente têm um enfoque de género.
e era a segunda área de atividade (15%), enquanto em 2012
absorve 8,2% do total, passando para a terceira posição, c) Subemprego e emprego precário.
em pé de igualdade com as indústrias transformadoras
(que em 2006 representavam 7,4% do total). O INE vem publicando dados em relação ao subemprego37
que confirmam o acima exposto: em 2013 o subemprego
Em 2012 os principais nichos de emprego das afeta 37,8% da população ativa ocupada, em particular os
mulheres são a Agricultura, o Comércio, a Educação que laboram no meio rural (60,6%), o que confirma a falta
e o Emprego Doméstico, representando respetivamente de oportunidades no acesso a um rendimento independente
22%, 21%, 9% e 9%. Em relação a 2006, aumentou a e regular. As mulheres têm sempre taxas de subemprego
presença das mulheres na agricultura, manteve-se a sua superiores às dos homens: existe uma diferença de quase
presença no comércio, e diminuiu a sua representação na 12 pontos percentuais globalmente (44,2% das mulheres
administração pública, que vem em 5º lugar, enquanto são afetadas pelo subemprego contra 32,4% dos homens),
para os homens se constitui como o 3º empregador. um fosso que acende a 18,7 pontos percentuais no meio
Contudo, na Educação e Saúde, sectores essencialmente rural (71% das mulheres versus 52,4% dos homens).
públicos, predominam as mulheres. O emprego doméstico,
uma atividade essencialmente feminina (exercida por A proporção de trabalhadores por conta própria e
mulheres em 90% dos casos) mantem a sua importância trabalhadores familiares não remunerados38 é outro
no cômputo geral das atividades das mulheres. Para os indicador que permite uma reflexão sobre o emprego
homens, os nichos de emprego são a Agricultura, a de baixa qualidade. No caso das mulheres é sempre
Construção, a Administração Pública e o Comércio, substancialmente maior do que para os homens: em 2010,
representando respetivamente 27%, 15%, 11% e 10%. mais de 4 em cada 10 mulheres empregadas tem um
Em 2006 a principal fonte de atividade dos homens era emprego por conta própria ou não remunerado (41%) face
a construção (23%), seguida da agricultura (15%), tendo a 2 em cada 10 homens (22%). Este indicador reflete, entre
assim invertido as posições. Globalmente verifica-se que
36
INE (2009) Inquérito ao Emprego e Sector Informal (IESI)
persiste uma importante segregação de género em relação 37
A análise considera as horas trabalhadas (menos de 40 horas semanais
às atividades profissionais, e que muitos dos nichos em pessoas que declaram estar disponíveis para trabalhar mais horas, caso
de emprego feminino não são necessariamente tivessem encontrado uma outra atividade).
38
Indicador usado no quadro do seguimento global e nacional dos ODM
35
Censo 2010, dados sobre o principal meio de vida (especificamente do ODM 1).
654 I SÉRIE — NO 20 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE MARÇO DE 2016
outros, a situação das mulheres no sector informal, A proporção de crianças que trabalha é mais elevada
com empregos precários, de baixo rendimento, não quando estas pertencem a agregados monoparentais,
valorizados socialmente e sem acesso a proteção social dirigidos por mulheres (7,5% contra 5,4%). De referir
(com consequências atuais e futuras). O emprego de baixa que a grande maioria das crianças (84,5%) exerce uma
qualidade tem consequências específicas para as mulheres atividade no contexto familiar, sobretudo no domínio da
chefes de família monoparentais: o baixo rendimento e agricultura e criação de gado. As raparigas predominam
número de horas trabalhadas afetam os meios e horas nos trabalhos domésticos e 11% das crianças ocupadas
dedicados aos cuidados familiares que, na ausência de exerceram tarefas domésticas sem laço de parentesco com
um sistema de suporte familiar, ampliam os mecanismos o representante do agregado. A maioria das crianças que
de reprodução do ciclo da pobreza. tem uma atividade doméstica vai à escola, mas 1 em cada
5 crianças não vai (22%), sendo a proporção mais elevada
Gráfico 1.10 – Evolução da proporção de trabalhadores/as por conta
própria & familiares não remunerados de 2000 a 2010, por sexo para as raparigas (29% contra 18% entre os rapazes).
(sobre população empregada)
,p ( p p ç p g ) 1.2.6. Contribuições desde a economia reprodutiva
um ponto percentual acima da proporção de mulheres discriminação em razão do sexo. Enquanto instrumentos
no parlamento, mas representando uma estagnação em legais vinculativos, consagram a responsabilidade dos
relação às eleições autárquicas de 2008. Apenas 1 mulher Estados parte em respeitar, proteger e promover os direitos
é Presidente de Câmara, de um total de 22 municípios. humanos das mulheres. Particularmente relevante entre
os instrumentos internacionais, a CEDAW – Convenção
Gráfico 1.14 - Evolução da representação das mulheres
no Parlamento (1991-2011)
para a Eliminação de todas as Formas de Descriminação
Contra as Mulheres, adotada pela Assembleia Geral das
Nações Unidas em 1979, que circunscreve o que constitui
discriminação contra as mulheres e define uma agenda
para ação a nível dos países, no sentido de eliminar esta
discriminação. Cobre em particular as dimensões de direitos
civis e estatuto legal das mulheres, seus direitos sexuais e
reprodutivos, realçando o impacto que a cultura e tradição
têm nos papéis de género e relações na família.
De entre outros compromissos internacionais fundamentais
para a plena realização dos direitos das mulheres, destacam-se
Fonte: Dados da CNE
o Plano de Ação saído da Conferência Internacional sobre
A proporção de mulheres no Supremo Tribunal de Justiça População e Desenvolvimento de 1994 (CIPD); e a Declaração
é de 20% e, entre os magistrados, a sua representação e Plataforma de Ação de Beijing, saída da 4ª Conferência
tem variado entre 35% e 37% no período de 2009 a 2013. Mundial sobre as Mulheres, em 1995, que absorveu os
Na Administração Pública, as mulheres detêm 35% dos princípios da CIPD e que objetiva remover todos os obstáculos
cargos de liderança. Na comunicação social, o Sindicato à igualdade de género em todas as esferas da vida pública e
dos Jornalistas conta com 3 mulheres do total de 5 membros privada, baseada na plena e equilibrada partilha da tomada
do Conselho de Administração da AJOC, incluindo a de decisão económica, social, cultural e política. Nesse sentido
Presidente e na INFOPRESS, a Agência Cabo-verdiana definiu 12 áreas críticas de intervenção,43 propondo para cada
de Notícias, a gestora executiva e diretora de informação área objectivos estratégicos e medidas. Passados 20 anos
são mulheres). Na imprensa escrita, 1 dos 3 jornais de da adoção de ambos, por praticamente 180 Estados, estão
tiragem nacional é dirigido por uma mulher (A Semana). em curso exercícios de balanço (CIPD+20 e Beijing+20), a
As mulheres representarem 51% das jornalistas e editoras nível nacional, regional e global, aos quais também Cabo
dos principais órgãos de comunicação em Cabo Verde, e Verde aderiu.
36% dos cargos de chefia destes mesmos órgãos. São ainda referência fundamental as Resoluções 1325,
1820, 1888 e 1889 do Conselho de Segurança das Nações
Apesar da progressiva incorporação das mulheres em
Unidas, que enquadram legalmente e politicamente a
todos os âmbitos atividade pública - política, científica,
participação das mulheres nas negociações de paz, operações
económico, cultural, social, os dados mostram que continua
humanitárias e de manutenção da paz, reconstrução e
a ser essencial fortalecer o acesso e a participação das
governação pós-conflito, bem como a integração de uma
mulheres na definição e decisão sobre políticas públicas. Os
abordagem de género nestes domínios; as Convenções da
mecanismos para garantir a representatividade feminina
OIT sobre os direitos das trabalhadoras; a Declaração do
na vida política e nos órgãos de decisão continuam a ser
Milénio (2000), que levou à definição dos 8 Objectivos de
insuficientes, e verifica-se que persiste desconhecimento,
Desenvolvimento do Milénio (ODM), a atingir até 2015.
entre os vários intervenientes no processo político, mulheres
A prioridade assignada a nível global à igualdade de
e homens, quanto aos instrumentos que a nível internacional
género, em consonância com o quadro normativo universal,
têm sido utilizados para promover o aumento da participação
levou à inclusão de um ODM sobre igualdade de género e
política das mulheres, bem como das relações sociais de
empoderamento das mulheres - o ODM 3, bem como à sua
género que justificam o reforço da atuação neste campo.
integração transversal nos demais ODM, em particular
2. GRAU DE PRIORIZAÇÃO DE GÉNERO NA em algumas metas e indicadores. Importância que foi
PROGRAMAÇÃO ESTRATÉGICA NACIONAL reafirmada recentemente no documento “O Futuro que
Queremos”, saído da Conferência das Nações Unidas sobre
2.1. O QUADRO JURÍDICO-LEGAL NACIONAL E Desenvolvimento Sustentável (Rio+20, 2002) que afirma:
INTERNACIONAL RELATIVO À IGUALDADE DE “Reconhecemos que a igualdade de género e o empoderamento
GÉNERO das mulheres são importantes para o desenvolvimento
sustentável e o nosso futuro comum. Reafirmamos os nossos
2.1.1. As recomendações a nível mundial e regional compromissos de assegurar às mulheres a igualdade de
direitos, acesso e oportunidades de participação e liderança
Os compromissos internacionais com a igualdade de na economia, na sociedade e esfera política.”44 Espera-se
género são explicitados nos principais instrumentos de
direitos humanos, desde a Declaração Universal dos 43
As 12 áreas críticas da situação das mulheres são a (A) pobreza, (B) Educação
Direitos Humanos às Convenções e Pactos que se lhe e formação, (C) Saúde, (D) Violência contra as mulheres, (E) Conflitos armados,
seguiram desde 1948. Compromissos que decorrem do (F) Economia, (G) Poder e tomada de decisões, (H) Mecanismos institucionais,
(I) Direitos humanos das mulheres, (J) Media, (K) Meio ambiente, (L) Meninas
princípio fundamental de que todos os seres humanos 44
“O Futuro que Queremos” Documento saído da Conferência das Nações
nascem livres e iguais em dignidade e direitos, da igualdade Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20, 2002) Tradução livre,
de direitos entre mulheres e homens e da proibição da parágrafo 31
I SÉRIE — NO 20 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE MARÇO DE 2016 657
que a discussão em curso sobre o pós-2015, e a definição seguimento e avaliação da situação de género no país: a
dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS), este respeito os mais recentes relatórios de Cabo Verde
possam resultar num quadro reforçado de compromisso e datam deste ano e do ano passado, respetivamente, os
prestação de contas em matéria de igualdade de género, relatórios nacionais Beijing+20 e da CIPD+20. Cabo Verde
que vá além das dimensões estabelecidas no contexto é ainda signatário da Declaração do Milénio e, desde
do ODM 3. 2003, vem elaborando relatórios de seguimento do ODM3,
que analisam os respetivos indicadores, mas também, de
Progressivamente, a nível do continente Africano e da forma transversal, o contributo da igualdade de género
sub-região oeste africana (CEDEAO), têm sido assumidos para os demais ODM.
acordos em matéria de género: a União Africana (UA) b) Quadro jurídico-legal nacional
refere no seu Ato Constitutivo o princípio da promoção
O quadro legal cabo-verdiano garante a igualdade e
da igualdade de género e tem acionado medidas para
não discriminação perante a lei:
assegurar a participação das mulheres em cargos de
liderança e tomada de decisão. Em 2012 é eleita uma - A Constituição da República garante direitos iguais
mulher para o cargo de Presidente da Comissão da União a todos os cidadãos e proíbe a discriminação
Africana e, em 2013, 6 dos 10 Comissários são mulheres. em razão do sexo; no seu artigo 7º atribui
A AU estabeleceu uma Direção de Mulheres, Género e responsabilidades ao Estado na remoção dos
obstáculos à igualdade de oportunidades de
Desenvolvimento, posicionada a alto nível na instituição,
natureza económica, social, cultural e política,
com o mandato de integrar transversalmente o género. A
especialmente os fatores de discriminação das
Direção tem tido um papel importante no apoio à pesquisa
mulheres na família e na sociedade; o artigo 47º
e estatísticas, na visibilidade das questões de género em institui como limite à liberdade de expressão e
África e em dar voz às organizações de mulheres. Existem informação, o dever de não fazer a apologia da
unidades dedicadas de género a nível sub-regional, como discriminação da mulher, incentiva no artigo
é o caso da CEDEAO, que definiu uma política de género 54º a participação equilibrada de cidadãos de
para guiar os estados membros da CEDEAO na integração ambos os sexos na vida política; estabelece, no
transversal do género. A AU estabeleceu ainda a Nova artigo 81º, que a lei pune a violência doméstica.
Parceria para o Desenvolvimento de África (NEPAD), hoje - A Lei Especial sobre Violência Baseada no Género
um programa para o desenvolvimento, que tem entre os (VBG) (Lei 84/VII/11, de 10 de Janeiro) define
seus objectivos o reforço das capacidades das mulheres, a a violência contra as mulheres de forma ampla,
fim de promover o seu papel no desenvolvimento económico. ligando-a explicitamente à desigualdade de
Em 2003, é assinado pelos Chefes de Estados Africanos género, enquanto sintoma das relações desiguais
o Protocolo à Carta Africana dos Direitos Humanos e de poder e mecanismo de subordinação das
dos Povos, sobre os Direitos das Mulheres (Protocolo de mulheres. O enfoque primário da Lei é a regulação
Maputo). Em 2010 a AU lançou a Década das Mulheres das medidas necessárias para alcançar o efetivo
Africanas (2010-2020), baseada numa abordagem com princípio de igualdade de género, para reprimir
enfoque nas comunidades (de baixo para cima), focada e responsabilizar os autores de VBG e garantir
na luta contra a pobreza, empoderamento económico e o apoio às vítimas. Define a VBG como crime
empreendedorismo, agricultura e segurança alimentar, público e reforça o quadro de responsabilidades
ambiente e mudanças climáticas, finanças e orçamentação das instituições públicas na implementação da
sensível ao género, e participação na tomada de decisão. Lei, nomeadamente do ICIEG e dos sectores
da Educação, Média, Justiça, Administração
2.1.2. Compromissos nacionais com a igualdade Pública e Saúde. A Lei, que se tornou efetiva
de género em Março de 2011, está sendo implementada e
previa a regulamentação de vários aspetos no
a) Ratificação de convenções e pactos internacionais
prazo de um ano. A aprovação da proposta para
e regionais
a regulamentação da Lei VBG, que se encontra
Cabo Verde ratificou os principais instrumentos de em fase final de análise, permitirá formalizar
direitos humanos internacionais e regionais, que à luz a Comité intersectorial para o seguimento da
da Constituição de Cabo Verde, se tornam diretamente implementação da Lei VBG e operacionalizar
aplicáveis no país. Ratificou a CEDAW em 1980 e o seu vários serviços, entre os quais as casas de
Protocolo Facultativo em 2011. Submeteu um primeiro abrigo e o fundo de apoio. Apesar do profundo
relatório combinado ao Comité CEDAW em 2006 e, de avanço que a Lei VBG representou para Cabo
Verde, alguns aspetos, tais como o tráfico de
acordo com o calendário estabelecido pelo Comité, o seu
mulheres, carecem de maior aprofundamento
7º e 8º relatório combinado em finais de 2010. Ratificou o
no ordenamento jurídico nacional, conforme
Protocolo à Carta Africana dos Direitos Humanos e dos
recomendação recebida do Comité CEDAW. Um
Povos sobre os Direitos das Mulheres em África (Protocolo ante-projecto-lei sobre tráfico ilícito de migrantes
de Maputo) em 2005. Também assinou a Declaração Solene representa algum avanço, na medida em que
sobre a Igualdade de Género de Maputo, da UA. contem disposições relevantes em relação ao
Cabo Verde firmou por outro lado Programa de Ação tráfico de seres humanos (TSH) e a exploração
da CIPD, a Declaração e Plataforma de Acão de Beijing de imigrantes.45
e Beijing +5. A revisão periódica destes instrumentos 45
Anteprojeto da Lei que regula as condições de entrada, permanência,
internacionais e submissão dos respetivos relatórios, saída e afastamento de estrangeiros do território de Cabo Verde, aprovado pelo
como no caso da CEDAW, fazem parte do processo de Parlamento na generalidade, está sendo analisado na especialidade.
658 I SÉRIE — NO 20 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE MARÇO DE 2016
- O Código da Família (1997) reconhece a igualdade construção da plena autonomia das crianças/
de direitos e de deveres aos dois cônjuges e a adolescentes, destacando as responsabilidades
separação de pessoas e bens, consagra a união de que as famílias, instituições e políticas têm nesta
facto, a igualdade das crianças nascidas dentro matéria. Perspetiva muito relevante do ponto
e fora do casamento, e o exercício conjunto do de vista do género, quer para a construção da
poder paternal. Contudo, o reconhecimento autonomia das raparigas, quer dos rapazes.
legal da união de facto é pouco praticado, em Neste sentido será primordial zelar pela plena
virtude da complexidade dos procedimentos e implementação do ECA.
do desconhecimento deste mecanismo legal.
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
- O Código do Trabalho (2007) reconhece o emprego (ECA - LEI 50/VIII/2013)
doméstico, a licença de 60 dias de maternidade,
Artigo 4: Define os limites de idade para “criança”
os direitos de dispensa para amamentação, a
(até aos 12 anos) e “adolescente” (dos 12 aos 18 anos).
presunção do despedimento sem justa causa da
grávida, puérpera ou lactante. Entre os desafios, Vários artigos: definem os prazos processuais para
há que assegurar que o tempo da licença de procedimentos que afetam as crianças e os adolescentes,
maternidade reflete a normativa internacional uma medida crucial para combater a lentidão processual.
e prever a licença de paternidade. Por outro Artigo 20: Contempla o direito à proteção perante
lado, conforme recomendação recebida do Comité qualquer fundamentalismo ou prática religiosa que
CEDAW, assegurar a integração do princípio de atente contra a sua pessoa, permitindo o enquadramento
pago igual por trabalho igual no código laboral, de práticas nocivas que, não existindo presentemente
em conformidade com a Convenção da OIT Nº100 em Cabo Verde, podem vir a surgir.
da OIT, no sentido de reduzir o gap de género a
Artigo 22: Contempla a circulação não autorizada e
nível salarial, contribuindo para a igualdade de
ilícita em território nacional ou saída para o estrangeiro,
oportunidade das mulheres no mercado laboral.
permitindo o enquadramento de situações de tráfico.
- Os vários diplomas aprovados a partir de 2006 em Artigo 29: Afirma o direito a conhecer os progenitores e
relação à Previdência Social, que instituem a investigar a sua maternidade ou paternidade nos termos
pensão social (sistema não contributivo), bem da lei. Assim mesmo, contempla o reconhecimento pelos
como a possibilidade de inscrição no sistema progenitores dos filhos havidos fora do casamento, conjunta
contributivo dos e das trabalhadoras do sector ou separadamente, contribuindo para resolver situações em
informal e empregadas domésticas. Criadas que, existindo casamento, é presumida a filiação da criança.
estas condições, estão em curso iniciativas de Artigo 43: Afirma o direito de acesso a informação/educação
divulgação no sentido de aumentar as inscrições. sobre saúde sexual e reprodutiva (SSR), que permita um
- O Código Eleitoral de 1999 prevê a representação pleno desenvolvimento, uma conduta sexual responsável
equilibrada de ambos os sexos nas listas eleitorais, e uma maternidade e paternidade responsáveis, sãs,
e um prémio por subvenção eleitoral do Estado voluntárias e sem riscos. Estabelece que o acesso a
aos partidos políticos que façam eleger pelo programas de SSR gratuitos e confidenciais; e, para
menos 25% de candidatas, aspeto a regulamentar. adolescentes de 14 anos ou mais, o direito a solicitar
Encontra-se presentemente em discussão o e receber estes serviços, uma disposição que tem em
anteprojeto da Lei dos Partidos Políticos, que conta uma limitação anterior dos programas de SSR
prevê o princípio da participação equilibrada existentes para adolescentes, que implicavam que as/
de mulheres e homens na atividade político- os adolescentes, para aceder a contracetivos, tinham
partidária, “…não podendo nas eleições dos de ser acompanhadas/os por um adulto responsável.
titulares dos respetivos órgãos, nenhuma lista Ainda no mesmo artigo, que as intervenções médicas,
plurinominal conter, de entre os titulares, menos nomeadamente a interrupção voluntária da gravidez
de 40% de cidadãos de cada um dos sexos.” (legal em Cabo Verde nos termos da legislação específica
(artigo 32), ou seja, a paridade, considerando um em vigor), não pode ser realizada sem informação prévia
intervalo de 40% a 60%. Uma oportunidade a à criança/adolescente e, no caso das adolescentes, se
capitalizar, assegurando que a Lei dos Partidos estas se opõem ao procedimento, não pode ser efetuado
Políticos prevê um dispositivo de fiscalização sem autorização judicial.
do cumprimento do estipulado em relação à Artigo 47: A criança/adolescente grávida não pode ser
paridade, ao mesmo tempo que se zela pela incentivada a interromper os estudos ou a abandonar a
regulamentação da subvenção do Código Eleitoral escola, derrogando uma medida emitida pelo Ministério
acima mencionada. da Educação em 2001, que recomendava a interrupção
temporária da frequência escolar para as adolescentes
- O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA - Lei grávidas, para a reassumir após o parto.
50/VIII/2013) reúne num só instrumento toda
a legislação relativa à criança e ao adolescente, Por outro lado, os diplomas produzidos de 2008 a esta
introduzindo disposições fundamentais para parte contêm disposições que promovem a igualdade entre
a igualdade de género, que contribuem para mulheres e homens, bem como medidas afirmativas em
colmatar lacunas identificadas em vários domínios relação às mulheres, reconhecendo situações em que existe
(ver caixa). O ECA assenta numa perspetiva de necessidade de superar a desigualdade.
I SÉRIE — NO 20 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE MARÇO DE 2016 659
2.2 QUADRO INSTITUCIONAL E POLÍTICO PARA 1994: a criação do ICF dá lugar a uma etapa em
A IGUALDADE DE GÉNERO EM CABO VERDE que o género passa a ser política pública e em que são
2.2.1. Grau de priorização da agenda de género criados mecanismos institucionais que assegurem os
na programação estratégica nacional direitos das mulheres. O enfoque do ICF continua a ser
a ação dirigida às mulheres, no sentido de contrariar
O Programa do Governo (2012-2016) assinala a importância as discriminações verificadas, contemplando serviços
da igualdade de género, tida como um de quatro pilares vocacionados para as mulheres e concessão de ajudas
coadjuvantes para o crescimento económico, a redução específicas, que visam proporcionar às mulheres vantagens
da pobreza e para atingir os ODM. Neste contexto, em concretas para combater a situação de desvantagem
2012 o ICIEG elaborou uma Proposta para efetiva a em que se encontram.
transversalização da abordagem de género no programa
de Governo, que faz corresponder a cada área estratégica 2006: o ICIEG, a partir de 2006, passa a uma abordagem
enunciada, as medidas prioritárias a implementar para de género, reconhecendo que as políticas específicas,
assegurar a transversalização da abordagem de género. embora importantes e necessárias para dar respostas
concretas a curto prazo, não produzem mudanças nas
Ancorada no Programa do Governo, a Estratégia de
estruturas sociais e nas instituições. Assim sendo,
Crescimento e de Redução da Pobreza (DECRP III, 2012
dificilmente podem contrariar o impacto de género
– 2016) assinala a relevância do género “numa perspetiva
da competitividade uma vez que os desafios do aumento provocado por políticas planificadas e implementadas
da produtividade e crescimento económico só podem ser sem ter em conta uma abordagem de género.
vencidos através da realização do pleno potencial contributo
O estatuto do ICF, hoje ICIEG, prevê um Conselho
das mulheres”46.
Consultivo, órgão que “assegura a cooperação de todos os
2.2.2. Instituições e mecanismos institucionais sectores da Administração e de ONG na prossecução dos
para a igualdade de género objectivos do ICF e das políticas definidas relativamente à
problemática de Género e compete-lhe acompanhar e avaliar
O ICIEG – Instituto Cabo-verdiano para a Igualdade e a execução dessas políticas. Nele devem estar representados
Equidade de Género, é o órgão governamental encarregue três sectores governamentais prioritários na implementação
das políticas públicas relativas à igualdade de género, em dos programas de desenvolvimento em matéria de género e
todas as esferas de atividade do país. Depende da cheia do três organizações da sociedade civil (ONG), ligadas a esta
Governo, nomeadamente do Primeiro-ministro, que delega problemática.”47 Funcionou de forma limitada no tempo,
a tutela a um Ministro (desde 2008 um Ministro-adjunto). aquando do início da elaboração do PNIEG, existindo a
Presentemente a tutela é assumida pela Ministra-adjunta necessidade de reforçar os mecanismos de coordenação
e da Saúde. O Instituto entrou em funcionamento em intersectorial para assegurar a boa implementação,
1994, na altura enquanto ICF – Instituto da Condição seguimento e avaliação da política de género.
Feminina, passando a ICIEG em 2006, o que corresponde
a uma mudança de foco e de abordagem: passando de um Existem Pontos Focais de género nos Ministérios
enfoque centrado nas mulheres para um enfoque nas e Municípios, vocacionados para a incorporação da
relações sociais de género; e de uma abordagem de políticas abordagem de género nas suas instituições, com base
específicas de igualdade para as mulheres, a uma abordagem nas prioridades traçadas no âmbito da política de género.
de igualdade em todas as políticas e sectores, mediante Mais recentemente, no âmbito de alguns programas,
uma estratégia de integração transversal da igualdade começam a surgir células de género vocacionadas para
de género em todas as fases de conceção, implementação a transversalização da abordagem de género, como é o caso
e seguimento e avaliação das políticas públicas. do Programa das Oportunidades Socioeconómicas Rurais
(POSER)48, ou o Programa de Reforma do Sector da Água
PERCURSO INSTITUCIONAL E ORGANIZATIVO e Saneamento, enquanto alguns Ministérios equacionam
DA IGUALDADE DE GÉNERO EM CABO VERDE o estabelecimento de grupos de trabalho internos.
Desde a independência: o ativismo de género tem A TRANSVERSALIDADE: UMA ESTRATÉGIA QUE
sido efetivo no país. Na década de 80 com a OMCV, no
PRECISA TAMBEM DE INSTITUCIONALIDADE
contexto do regime de partido único; a partir de 90, com o
multipartidarismo, surgem organizações da sociedade civil 2006: Com a criação do ICIEG começam as primeiras
tais como a MORABI, AMJ, REDEMEC, VERDEFAM, iniciativas para o estabelecimento do sistema de pontos
entre outras. O papel da sociedade civil foi fundamental focais. Esta estratégia no obstante viu-se limitada em
para combater as desigualdades existentes entre homens e razão de fatores como a rotatividade dos quadros e do
mulheres, enquanto impulsionadora de projetos e programas
perfil desajustado das pessoas indigitadas, nomeadamente
de acesso a bens e serviços em vários domínios, educação,
saúde, geração de renda, violência contra a mulher; e como no que tange ao seu poder de decisão e influenciação.
impulsionadora da igualdade nas instâncias de poder e de
uma cultura de igualdade de género nas várias esferas da 47
Decreto-lei Nº 4/2003 de Agosto de 2003. Artigo 3. Estatuto do Instituto da
vida, através da sua ação de advocacia e de informação, Condição Feminina; foram indicados para fazer parte do Conselho Consultivo
educação e comunicação. o Ministério de Educação e Ensino Superior, o Ministério de Finanças e
Administração Pública, o Ministério de Agricultura e Ambiente, o Ministério
do Trabalho, Família e Solidariedade, o Ministério de Justiça, a OMCV, o
46
Estratégia de Crescimento e de Redução da Pobreza III (2012 – 2016). Programa Nacional de Saúde Reprodutiva, a MORABI, e a REDMEC.
República de Cabo Verde, p. 101 48
anteriormente Programa Nacional de Luta conta a Pobreza (PNLP),
660 I SÉRIE — NO 20 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE MARÇO DE 2016
2008/2009: são privilegiadas novas estratégias para informações desagregadas por sexo e indicadores específicos
a transversalização da abordagem de género, com no domínio da igualdade de género, o que tem permitido
dar visibilidade às desigualdades de género, subsidiar
enfoque em programas/instituições particulares e em
processos de planificação, e medir os progressos ao longo do
actores do sistema nacional de planificação, incluindo o
tempo. O engajamento do INE permitiu a adoção, em 2012,
Ministério das Finanças e do Planeamento e as DGPOG
de um conjunto de indicadores de base para o seguimento
dos sectores (auditorias de género, reforço das capacidades e avaliação da situação e a criação do Observatório da
em planificação e orçamentação sensível, melhoria da Igualdade de Género, gerido conjuntamente pelo ICIEG e
disponibilidade/análise de dados para dar visibilidade pelo INE, no âmbito de um protocolo assinado para o efeito.
às desigualdades). O Observatório compreende 12 indicadores que espelham
2010/2012: com a aprovação da Lei de VBG, é reforçado 3 esferas fundamentais da autonomia das mulheres: a
o trabalho com sectores específicos e perspetivado um autonomia na tomada de decisões, a autonomia física e a
Comité Nacional para Monitorização da Implementação da económica. Adicionalmente um conjunto de 68 indicadores
Lei VBG, composto por instituições governamentais e não- constitui o Sistema Nacional de Indicadores de Género
governamentais diretamente envolvidas na implementação (SNIG), permitindo uma análise mais aprofundada das
da Lei VBG. Os técnicos e técnicas indigitadas foram 3 esferas retidas.
formadas, aguardando-se a formalização do Comité. Em 2008 foi criado o CIGEF - Centro de Investigação
Atualmente: o ICIEG dispõe de uma equipa de Pontos e Formação em Género e Família, uma unidade orgânica
Focais com competências técnicas melhoradas e condições da Universidade de Cabo Verde (Uni-CV), que conjuga a
mais favoráveis para dialogar e influenciar as estruturas pesquisa, a formação e a intervenção pública, nas áreas
centrais de planificação de cada ministério. O percurso dos de género e família. Conta presentemente com 2 núcleos
Pontos Focais Municipais tem, paralelemente, evoluído de pesquisa: núcleo em matéria de Género, Migrações e
no mesmo sentido, contando com iniciativas próprias Desenvolvimento, criado em 2011, e o LIG – Laboratório
de reforço das capacidades. de Investigação em Género49. O CIGEF vem contribuído
para o debate a nível nacional, através de seminários
A avaliação do PNIEG (2005-2011) observou uma evolução nacionais e internacionais, e publicações, visando os
positiva, ao longo do período de implementação, em termos estudantes da Universidade e a sociedade em geral.50 Com
da abordagem à transversalidade do género, no sentido de vista à integração transversal da igualdade de género na
uma abordagem mais estratégica e multidimensional, não Uni-CV, formulou um Plano de Capacitação em Género
deixando, contudo, de notar que se trata de uma área em para o horizonte 2013-2014; tendo em conta as mudanças
que subsistem enormes desafios. Entre as lições aprendidas institucionais havidas, que condicionaram a implementação
colhidas ao longo da implementação do Programa + Género, do Plano, perspetiva-se a sua extensão até 2015.
visando a introdução de uma perspetiva de planificação A nível legislativo, há que destacar a importância da
e orçamentação sensível ao género (POSG), destaca-se a ação da RMP-CV – Rede de Mulheres Parlamentares de
importância da disponibilidade de dados, a centralidade Cabo Verde, uma das 3 redes temáticas existentes a nível
dos processos de planificação, seguimento e avaliação, da Assembleia Nacional. A sua ação incide sobre o domínio
bem como a importância de focalizar as intervenções nas da participação política das mulheres e, globalmente,
instituições. Afigura-se essencial continuar a sensibilizar no que tange à aprovação de leis e seguimento da sua
as/os decisoras/es e técnicos, sobretudo as/os das instâncias implementação. Teve por exemplo um papel crucial na
com maiores responsabilidades no sistema de planificação elaboração, debate e aprovação da Lei sobre VBG (2010-
em Cabo Verde, bem como a articulação e parceria técnica 2011), estando ativamente implicada no seguimento da
para a apropriação de ferramentas teóricas e metodológicas sua aplicação. A Rede intervém igualmente em matéria
à altura da tarefa. De referir a este respeito a recomendação de orçamentação sensível ao género, estando previsto um
emitida pelo Comité CEDAW ao Estado de Cabo Verde, exercício de seguimento da implementação do orçamento
de reforçar a entidade de género, com vista a aumentar a de estado nesta perspetiva.
cooperação técnica e financeira com os sectores, garantindo As organizações da sociedade civil (OSC) que trabalham
a eficácia do sistema de pontos focais, bem como o reforço na promoção da igualdade de género são importantes aliadas
da transversalização da abordagem de género a outros nos esforços de advocacia, e participam nos processos de
níveis, incluindo a nível local. planificação e na implementação de programas e projetos
que materializam os Planos nacionais. A sua presença no
Para além da colaboração com os vários sectores, o ICIEG
colabora com as instituições congéneres que conformam 49
O núcleo em matéria de Género, Migrações e Desenvolvimento, insere-
o quadro institucional dos direitos humanos em Cabo se em projetos internacionais neste domínio, juntamente com outras
Verde, nomeadamente o ICCA - Instituto Cabo-verdiano Universidades/Centros; o Laboratório de Investigação em Género (LIG) atribui
bolsas de iniciação à pesquisa e subsídios de trabalhos de campo no domínio
da Criança e do Adolescente, estabelecido em 1982, e a do género, e orientação dos respetivos trabalhos. Conta com 5 subnúcleos, (i)
CNDHC - Comissão Nacional para os Direitos Humanos Género e Família em Cabo Verde, (ii) Experiências de Masculinidades em
e Cidadania, estabelecida em 2004. Cabo Verde, (iii) Género e Migrações, (iv) Género e Violência, e (v) Género e
Desenvolvimento. Neste contexto encontram-se em elaboração, ou foram já
Além destas, outras instituições têm um papel finalizados, 14 teses de Mestrado ou Doutoramento.
primordial em matéria de igualdade de género no país, 50
Seminários: Género, família e migrações, em 2014; Género, sexualidade
entre as quais o Instituto Nacional de Estatística (INE), e dinâmicas familiares, em 2013; Família, violência e género, 2012; Olhares
de Mulheres sobre Cabo Verde em 2010, no formato de ciclo de conferências
enquanto órgão executivo central de produção e difusão mensais, cada uma apresentando e debatendo dois trabalhos de especialistas
das estatísticas oficiais no âmbito do Sistema Nacional cabo-verdianas). Publicações nas áreas cobertas pelos núcleos de pesquisa do
de Estatísticas. O INE vem produzindo cada vez mais CIGEF e, nesse mesmo âmbito, do documentário A Ilha das Mulheres.
I SÉRIE — NO 20 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE MARÇO DE 2016 661
terreno permite-lhes uma posição privilegiada junto das da política de género. O PNIG está alinhado à agenda
mulheres e comunidades. Nos últimos cinco anos, vem estratégica nacional de desenvolvimento. Conforme opção
aumentando a participação dos homens no ativismo de do país, propõe medidas para a integração transversal
género: a criação da Rede Laço Branco em particular tem da abordagem de género na planificação estratégica e
permitido o seu envolvimento proactivo, que tem contribuído sectorial, e sua institucionalização a vários níveis, com vista
para a mobilização social, com enfoque nos homens jovens a alcançar mudanças qualitativas de comportamentos e
e adolescentes. De referir que se vêm estabelecendo nos atitudes face ao papel de mulheres e homens na sociedade
últimos anos núcleos específicos vocacionados para as cabo-verdiana. O presente PNIG insere-se na linha de
questões das mulheres em associações defensoras dos continuidade de anteriores instrumentos de materialização
direitos de grupos específicos, como é o caso da Associação da política de género do país, que de forma geral têm dotado
Cabo-verdiana de Deficientes e da Rede de Pessoas Vivendo as instituições públicas, da sociedade civil e os parceiros
com VIH. Existem também núcleos do tipo em instituições de um quadro de intervenção coerente e sistemático no
sindicais e associações profissionais. domínio da igualdade de género. Estes documentos têm
A avaliação do PNIEG destacou, entre os fatores que permitido mobilizar fundos junto de diferentes parceiros de
contribuíram para o sucesso da sua implementação, a desenvolvimento e as respetivas avaliações têm contribuído
promoção de parcerias, permitindo uma relação participativa para a reorientação da planificação.
e de colaboração entre governo e sociedade civil, tendo o Os antecedentes das políticas de género em Cabo Verde
Comité CEDAW parabenizado o Estado de Cabo Verde pela remontam à criação do Instituto da Condição Feminina (ICF),
cooperação próxima que existe entre o ICIEG e sociedade com a aprovação do Plano de Ação Nacional de Promoção
civil, e a capitalização do trabalho em rede. Nesse sentido, da Mulher (1996-2000). Seguiu-se-lhe o Plano Nacional
conforme recomendação da avaliação do PNIEG, tendo em
de Igualdade e Equidade de Género (PNIEG, 2005-2011),
conta o mandato do ICIEG e para um maior foco da ação,
elaborado sob o marco do ICIEG. O 1º Plano Nacional de
caberá ao ICIEG concentrar os seus esforços nos trabalhos de
combate à VBG (PNVBG. 2008-2011) foi elaborado em
coordenação, articulação e transferência de capacidades a nível
finais de 2007, como subproduto do PNIEG e, em 2011,
macro, bem como de seguimento e avaliação, fortalecendo e
o PNIEG dá lugar a um terceiro plano em matéria de
ampliando as parcerias para que as instituições e organizações
igualdade de género, o Programa de Ação para a Promoção
locais reforcem o trabalho a nível local. O que implica o
da Igualdade de Género (PAPIG, 2011-2013).
fortalecimento técnico e financeiro das organizações parceiras,
bem como do próprio ICIEG. O PNIEG (2005-2011) organizou-se em torno de três
sectores, desdobrando-se em áreas de intervenção: (i) sector
As limitações financeiras afetam tanto o ICIEG como as
organizações da sociedade civil (OSC) de forma recorrente, económico (pobreza, trabalho e emprego), (ii) sector social
e condicionam a disponibilidade de recursos humanos, (educação, saúde e VBG), (iii) sector público (exercício
a implementação de programas e projetos, bem como a do poder e tomada de decisões, comunicação social). O
coordenação e articulação regular. Verifica-se para além PNIEG, inicialmente previsto para o período 2005-2009,
disso que a escassez de fundos se têm agravado nos últimos foi avaliado a meio percurso e estendido até 2011.
3 anos. O orçamento do ICIEG é resultado de uma estratégia
de mobilização de recursos e, consequentemente implica a PRINCIPAIS RESULTADOS DO PNIEG 2005-2011
dependência de apoios internacionais. A redução das verbas O PNIEG contribuiu para:
do orçamento de investimento tem de ser equacionada no
● O desenvolvimento das competências, tanto do
seu contexto mais amplo, de um país em transição, já que governo quanto das ONGs, em termos de conhecimentos
o nível de renda per capita influencia os níveis de ajuda técnicos e capacidade de gestão, trabalho em rede e
pública ao desenvolvimento.51 Situação que tem afetado atendimento ao público-alvo, melhorando os serviços
a capacidade de intervenção do ICIEG, tendo em conta disponíveis à população em matéria de equidade e
que as OSCs – parceiras de implementação dos planos e igualdade de género.
programas no terreno, não têm sido contempladas com
fundos para a implementação de projetos.52 Neste contexto, ● Avanços importantes na adopção de dados
desagregados por sexo, em particular no trabalho
para além de trabalhar para uma maior assunção do
do INE e nas pesquisas realizadas por outras
financiamento mediante recursos nacionais, haverá que
organizações públicas.
repensar a estratégia de mobilização de recursos tendo em
conta as modalidades de cooperação para o desenvolvimento ● A nível de legislação houve criação e revisão de leis
a que Cabo Verde pode ter acesso.53 que vieram abordar explicitamente os direitos das
mulheres e/ou medidas de equidade.
2.2.3 Programas e políticas específicas para a ● Perante a necessidade de priorização das áreas
igualdade de género de atuação, face aos meios disponíveis, alguns dos
eixos do PNIEG foram priorizados, nomeadamente
a) A política de género a nível nacional o da VBG, enquanto porta de entrada abrangente,
Como previsto pelo DERCP III, o ICIEG elaborou o presente seguindo-se-lhe os da educação, saúde, comunicação
social, participação política e transversalização, em
PNIG, enquanto Plano Estratégico para a operacionalização
detrimento, até certo ponto, do eixo de intervenção
51
Cabo Verde é um país de rendimento médio-baixo, que se graduou da lista do sector económico.
de Países Menos Avançados em 2008 ● No caso da VBG, em finais de 2007 foi elaborado
52Relatório de Cabo Verde Beijing+20 sobre a implementação da Declaração
um plano de ação, o PNVBG, que operacionalizou o
e Plataforma de Ação de Beijing (2014)
eixo estratégico do PNIEG de combate à VBG para
53
Cooperação Sul-Sul e tripartida, cooperação decentralizada, parcerias
público-privadas, etc.
o período 2008-2011.
662 I SÉRIE — NO 20 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE MARÇO DE 2016
● A avaliação do PNIEG nota que o PNVBG, de consciência dos partidos políticos e instituições quanto
globalmente, adotou uma abordagem programática, ao seu desempenho sobre as questões que preocupam
com um marco lógico próprio, permitindo uma atuação mulheres/meninas e a igualdade de género. A elaboração
mais estratégica para este sector e de captação de uma Agenda de Género começa com a (i) criação de
de recursos específicos para o tema, permitindo uma coligação de mulheres eleitas e candidatas às últimas
implementar um conjunto abrangente de atividades eleições autárquicas de 201, ou seja um grupo de mulheres
e atingir um número significativo de beneficiários. engajadas com a ação político-partidária, numa lógica
● Os cincos eixos de intervenção do PNVBG previam suprapartidária; (ii) o reforço das suas capacidades (formação
uma ação a nível da (i) vertente jurídico-legal em género, desenvolvimento local, intervenção comunitária);
e institucional, (ii) prevenção, (iii) proteção das (iii) a realização de consultas a nível local, com base numa
vítimas, (iv) repressão e reinserção social e psicológica metodologia de diagnóstico participativo (recolha com
das vítimas e agressores e (v) IEC/mudança de grupos de mulheres e lideranças das comunidades); (iv) a
comportamentos. sistematização das informações e elaboração do relatório
● Os avanços foram substanciais, em particular em final – a Agenda de Género. Este diagnóstico irá informar
três dos eixos, a saber a nível da legislação, do apoio o Plano do Município de São Miguel, no sentido de nele
e proteção às vítimas, e da prevenção, incluindo o transversal izar uma abordagem de género. Uma segunda
reforço do engajamento de homens no combate à VBG. Agenda, da coligação de mulheres eleitas e candidatas da
Fonte: Relatório de Avaliação Final de Implementação da política de Género em Praia, foi entretanto finalizada e apresentada publicamente.
Cabo Verde: Plano Nacional para a Igualdade e Equidade de Género 2005–2011.
Plano Nacional para o Combate à Violência Baseada no Género 2008–2011. As Câmaras Municipais vêm sendo parceiras de várias
iniciativas locais, em conjunto com a sociedade civil, em
De referir que, em virtude do novo quadro legal da VBG,
particular no domínio da VBG. Hoje são várias as Câmaras
o 2º PNVBG (2012-2016) foi elaborado de forma autónoma.
que contam entre o seu executivo com vereadores/as
Com efeito, encontra-se ancorado na Lei VBG, que atribui
responsáveis por uma pasta de igualdade de género (ou
responsabilidades claras a vários sectores, quais sejam
condição feminina), ilustrando a progressiva assunção
o Ministério da Administração Interna, Ministério da
desta temática na agenda do poder local. Existe potencial
Justiça e Ministério da Saúde, entre outros, e que define
para o reforço da parceria no âmbito do presente Plano,
as várias estruturas que devem ser criadas, de proteção,
incluindo o reforço do papel da Associação Nacional de
apoio e reinserção a vítimas e autores de VBG. Assim,
Municípios de Cabo verde (ANMCV). A parceria com o
no que tange ao domínio da VBG, o PNIG remete para
poder local, como no caso da sociedade civil, traz a mais-
o PNVBG, e os eixos, objectivos, medidas estratégicas,
valia do posicionamento no terreno, junto às populações,
indicadores e quadro operacional por ele definidos.
tendo em conta a importância de combater os estereótipos
De 2011 ao presente vigorou o PAPIG – Programa de de género e promover a mudança de atitudes e práticas
Ação para a Promoção da Igualdade de Género, visando a nível comunitário.
uma planificação adequada ao período de transição,
tendo em conta o fim do período de implementação do 2.2.4. A igualdade de género nas políticas sectoriais
PNIEG, as eleições legislativas de 2011 e necessidade As diferentes políticas e estratégias sectoriais estão
de alinhamento da política de género ao Programa do articuladas ao DECRP III, pelo que é importante enquadrar
Governo para a nova legislatura e ao DECRP III, bem a forma como o mesmo materializa a visão do Programa
como o primeiro ano de implementação da Lei Especial do Governo e a Agenda de Transformação. O DECRP
sobre VBG, que definiu competências acrescidas para o III foca o desenvolvimento dos sete (7) “clusters” de
ICIEG, incluindo de apoio aos parceiros institucionais competitividade: Turismo, Economia Marítima, Aero
no esforço de adaptação institucional. O PAPIG definiu Negócios, TIC, Finanças, Economias Criativas, e Agro-
5 áreas de ação, a saber a (i) a implementação da Lei negócios. Os clusters do agro-negócio, turismo e economia
VBG, (ii) reforço Institucional, (iii) transversalização da marítima têm prioridade máxima, devido ao seu potencial
abordagem género, (iv) educação e comunicação para a de impacto na redução de pobreza e geração de crescimento,
mudança, e (v) oportunidades económicas. sendo o segundo grupo constituído pelos clusters TIC e
b) Planificação de género a nível local economia criativa, e em terceira posição os clusters de
serviços financeiros e aero-negócios.
A nível municipal, desde 2008, alguns Município
desenvolveram PMIEGs - Planos Municipais para a Igualdade Para concretizar a agenda de transformação, o DECRP III
e Equidade de Género. Os PMIEG tratam a questão de identifica 5 eixos de intervenção de estratégica que
género em todos os aspetos do governo municipal, inclusive constituem a substância da intervenção pública para o
no orçamento, e sua elaboração, apoiada pelo ICIEG, segue período 2012-2016, com vista a apoiar a promoção dos
o mesmo modelo participativo e de formação de parcerias clusters de competitividade: a saber infraestruturação,
adotadas no âmbito do PNIEG. Duas Câmaras Municipais capital humano, boa governação, reforço do sector privado,
(Praia e Paul) implementaram os seus PMIEGs. Também os e afirmar a nação global. Decorrem dos principais desafios
municípios de Santa Catarina e São Lourenço beneficiaram identificados, nomeadamente construir uma economia
de assistência técnica em processos semelhantes, existindo dinâmica, competitiva e inovadora com prosperidade
demanda para a preparação de planos em outros municípios. partilhada por todos; fomentar o crescimento do sector
privado, do investimento e da produtividade; promover
Em 2013/2014 surge a Agenda de Género do município de o desenvolvimento e a coesão social e facilitar o acesso
São Miguel, que pretende ser um instrumento de tomada aos serviços básicos; capacitar os recursos humanos e
I SÉRIE — NO 20 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE MARÇO DE 2016 663
produzir conhecimento que propicie o crescimento económico; unidades técnicas do projecto, e os/as animadores/as que no
consolidar a democracia, aprofundar as liberdades e reforçar dia-a-dia trabalham junto das comunidades. Para além de
a boa governação; modernizar e estender as infraestruturas; várias formações em género dos vários intervenientes locais
e afirmar a Nação Global e desenvolver parcerias para em todas as ilhas/municípios abrangidas pelo programa.
a competitividade. As assembleias comunitárias, onde são aprovados os
projetos, adotaram outra metodologia para fomentar a
Desenvolvimento rural maior participação das mulheres, sendo realizados grupos
O DECRP III prioriza o desenvolvimento do agronegócio de discussão separados de mulheres e homens, antes da
e a modernização da agricultura, como estratégias para sessão plenária comum, tendo sido fixada uma presença
maximizar as oportunidades de trabalho no mundo rural e mínima de 45% de mulheres. A experiência adquirida
de melhorar as condições de subsistência das populações, permitiu que a nova fase de implementação do Programa
apoiando a criação de ligações ao mercado, incluindo o (2013-2018) integrasse de raiz o género. O POSER trabalha
ecoturismo. Os documentos de planificação estratégica do de forma desconcentrada, através de 9 Comissões Regionais
sector fazem referência à igualdade de género, veiculando de Pobreza – CRPs, que são estruturas operacionais do
o engajamento com a introdução da abordagem de género, programa em diferentes concelhos. A coordenação de género
contudo nem sempre detalham suficientemente estratégias está a apoiar as unidades técnicas de género de cada CRPs
que permitam a sua tradução em ação concreta.54 O Censo na elaboração de planos de ação específicos. O POSER
Agrícola 2014 está em curso e as respetivas reuniões irá recorrer ao diagnóstico já elaborado em São Miguel
técnicas preparatórias tiveram em conta a vertente de (Agenda de Género) para informar a sua planificação neste
género, quer na revisão dos instrumentos de recolha de município e conta replicar este diagnóstico participativo
dado, quer na discussão do plano de análise. A obtenção de aprofundado noutras zonas de intervenção (metodologia e
dados desagregados/indicadores específicos contribuirão instrumentos da Agenda de Género, a implementar com
para dar visibilidade à situação das mulheres rurais, o apoio dos ativistas formados a nível local no âmbito do
compreender as suas condicionantes, e melhorar a capacidade projecto anterior. Neste contexto foi firmado um protocolo
de definição de medidas adequadas. Decorre um projecto de colaboração técnica com o ICIEG. A desconcentração do
para a revisão do ponto de vista do género e das mudanças POSER é uma mais valia para uma intervenção de cariz
climáticas do Programa Nacional de Investimento na socioeconómico sensível ao género junto das comunidades.
Agricultura (PNIA), bem como da Estratégia Nacional
Água e saneamento
de Segurança Alimentar (ENSA). Neste contexto foi
assinado um protocolo de colaboração (MoU) com o ICIEG. Através do Projecto Água, Saneamento e Higiene
As barragens e o ordenamento das bacias hidrográficas (WASH) do MCA CV II está em curso desde 2012 um
são outra oportunidade de ter um impacto no terreno: programa abrangente de 5 anos, que integrou de raiz uma
os projetos em curso contam com esforços concretos de perspetiva social e de género (desde a análise da situação
integração da abordagem de género.55 De referir que está à formulação e implementação do programa). O programa
prevista a elaboração de um Plano Estratégico da Pecuária, têm sido o motor da Reforma das Instituições Nacionais
em 2015: tendo em conta a importância da pecuária no e dos Serviços Municipais de Água e Saneamento, para
rendimento familiar, deveria integrar uma abordagem o estabelecimento de uma base institucional sustentável
de género. no sector. O Projecto tem como objetivo geral melhorar
Programa das Oportunidades Socioeconómicas a qualidade dos serviços de abastecimento de água e
Rurais (POSER) saneamento às famílias e empresas Cabo-verdianas.
Conta com um Plano de Integração Social e de Género
Este Programa, anteriormente nomeado Programa que garante a transversalização de género em todas as
Nacional de Luta contra a Pobreza (PNLP) componentes e atividades do projecto desde processos de
elaboração de Termos de Referencia à gestão de contractos.
é vocacionado para a redução da pobreza no meio rural,
Marcos importantes foram alcançados desde o arranque
com enfoque nas ilhas agrícolas, e conta na sua equipa
do projecto nomeadamente: 1) Foi constituído o Conselho
de gestão com uma Célula de Género e Animação. Na
Nacional de Agua e Saneamento onde o ICIEG têm
sequência de uma auditoria de género, realizada com
assento reservado bem como uma ONG de promoção da
apoio técnico do ICIEG em 2010, o POSER introduziu uma
Igualdade de Género; 2) A Agência Nacional de Água e
abordagem de género nos processos de recolha e tratamento
Saneamento, recentemente criada, dispõe de um Gabinete
de informações, capacitou as suas equipas de gestão, as
de integração Ambiental Social e de Género e está em
54
O Programa Nacional de Investimento na Agricultura (PNIA, 2011-2015) curso o recrutamento dos especialista e uma Assistência
por exemplo conta com um eixo de intervenção de reforço institucional, que Técnica internacional especializada para a sua efetivação;
compreende a integração da abordagem de género; o Plano Estratégico de 3) O Plano Estratégico do sector de água e saneamento,
Desenvolvimento Agrícola (PEDA, 2004-2015) apresenta uma análise de género horizonte 2020 define metas sociais e de género para
a nível do diagnóstico e contempla a dimensão de género, para favorecer a
o sector e apresenta uma Avaliação Ambiental Social
participação efetiva de todas as camadas da população.
55
Os termos de referência dos estudos preparatórios para a exploração Estratégica com uma matriz sobre riscos e mitigações
das novas barragens, prevê uma análise social e de género; os dados sobre Sociais e de Género; 4) Os estatutos da nova empresa
as ações em curso (formação, informação, contratação de mão-de-obra para de distribuição de água “Águas de Santiago” prevê um
obras, microcrédito para atividades geradoras de rendimento) são recolhidos Gabinete de Questões Sociais e Ligação à Comunidade;
e analisados desagregados por sexo, o que tem permitido integrar medidas
5) Criação Fundo de Agua e Saneamento, integrando
corretivas para uma maior participação das mulheres, e seu acesso às iniciativas
e recurso dos projetos. critérios sociais e de género na seleção das propostas e
664 I SÉRIE — NO 20 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE MARÇO DE 2016
criação do Fundo de Acesso Social, que visa promover a apresenta a análise da situação com uma abordagem de
ligação domiciliária de água e saneamento às famílias género, permitindo identificar as mulheres como alvo de
mais vulneráveis, em especial as chefiadas por mulheres várias intervenções propostas. De entre os seus 4 eixos 1
pobres; 6) Indicadores-chave Sociais e de Género do sector tem por objetivo “Aumentar as oportunidades de emprego,
de Água e Saneamento foram definidos. O MCA CV II para reduzir as disparidades regionais e de género”. Os
assinou um protocolo de colaboração com o ICIEG, que vários projetos em curso (estágios profissionais, inserção
prevê a prestação de assistência técnica aos parceiros do de desempregados de longa duração, iniciativas locais e
projecto de água e saneamento. regionais de Emprego) incluem a promoção da igualdade de
género, para além de terem sido implementadas iniciativas
Direitos de Propriedade e Habitação específicas de apoio ao empreendedorismo de mulheres
jovens. De referir que se encontra em curso de elaboração
Na área dos direitos de propriedade estão em curso
o Plano Estratégico Integrado para a Educação, Formação
reformas que o governo está a implementar, com o apoio do
e Emprego, numa perspetiva de valorização do capital
MCA CV II, a través dum projecto denominado Gestão de
humano, que será operacionalizado em 3 planos de ação
Propriedade para a Promoção do Investimento – que tem
sectoriais.
como principal objetivo reduzir o tempo e custo associados
ao registo de propriedades, visando dar maior segurança Por outro lado, a educação, para além dos estudos sobre
jurídica às transações imobiliárias e ainda promover o o insucesso escolar e o abandono escolar, que deverão
aumento do investimento e a produtividade da terra. integrar uma abordagem de género, irá realizar uma
Neste Quadro o Plano de Integração Social e de Género, análise sobre violência escolar numa perspetiva entre
permitiu a identificação dos riscos de sociais e de género pares e de relações de género.
associados a este projecto e através de estudos e consultorias
foram definidas ferramentas sociais e de género para Está ainda em curso a formulação, numa lógica
a componente de cadastro das ilhas beneficiadas com o intersectorial, do Plano Integrado da Pequena Infância.
projecto, com vista a garantir os direitos das mulheres
em matéria de formalização da propriedade da terra, Saúde e SSR
acesso à informação e participação na tomada de decisões O Plano Nacional de Desenvolvimento Sanitário (2021-
durante o processo, e um sistema de registo que permita 2016) foi revisto para garantir a transversalização do
a análise social e de género das informações. género e da deficiência, assinalando vários pontos de
O quadro legal relativo à propriedade de habitação de entrada para uma programação e prestação de serviços
interesse social salvaguarda o papel das mulheres enquanto sensíveis ao género (ponto de situação dos avanços).
chefes de família. As casas de interesse social já atribuídas
A avaliação dos SSR para Adolescentes, que existem desde
pelo Programa Casa Para Todos (676) contemplam em
2008, identificou várias áreas que podem ser reforçadas:
58% dos casos mulheres chefes de família.
i) a incorporação de discussões de género nas ações de
Energia SSR; ii) o aproveitamento da presença masculina nos
Centros da Juventude para aprofundar esta reflexão, em
O Plano Nacional de Energias Domésticas (PNED) tem especial no que se refere ao exercício das masculinidades;
como objetivo específico a satisfação da procura de energia iii) a capitalização da janela de oportunidade aberta pela
para cocção de forma sustentável e os respetivos indicadores Lei sobre VBG para o aprofundamento da discussão
de resultados têm enfoque género. O plano de ação para a das diferentes expressões das desigualdades de género,
produção e divulgação de fogões melhorados reconhece o especialmente as que se refletem nas práticas de SSR;
impacto para a saúde da poluição interna, resultante de iv) a incorporação de uma abordagem da sexualidade
fogões tradicionais, em particular no caso das mulheres. Os nas intervenções; v) o reforço do trabalho educativo em
fogões tradicionais implicam desperdício de tempo (recolha sexualidade nas comunidades, com vista a atingir a família;
de lenha, ineficientes), afetando o tempo, sobretudo das vi) a promoção da educação de pares; e viii) a capacitação
mulheres, disponível para atividades produtivas. Ainda, no permanente do pessoal dos serviços de SSR.
âmbito de iniciativas regionais, tem havido oportunidades
de formação sobre integração das questões de género, no Numa lógica intersectorial, o ICIEG, Educação, Juventude
sentido de promover uma análise das implicações para e Saúde estão a preparar uma análise da forma como são
diferentes grupos de mulheres das políticas de energia. abordadas as questões da saúde sexual e reprodutiva e
educação sexual dos adolescentes.
Educação e formação
A institucionalização da abordagem de género
A melhoria da qualidade, relevância e integração da
educação, formação e emprego é priorizada numa lógica Como acima mencionado, a implementação do PNIEG
de adequação às exigências do mercado do trabalho e (2005-2011) contribuiu para uma abordagem mais estratégica
favorecendo a empregabilidade. O ensino técnico-profissional e multidimensional da transversalização da igualdade
e a formação profissional em particular devem contribuir de género. Contudo, analisando a institucionalização da
para adequar o perfil formativo do país às reais necessidades abordagem de género a nível sectorial verifica-se que os
do mercado de trabalho (agro-negócios, economia marítima, avanços não são homogéneos em todos os sectores e que
ambiente, saúde, energias renováveis e turismo). A Carta persistem muitos desafios.56
de Política Integrada da Educação, Formação e Emprego 56
Análise elaborada com base no Relatório da Avaliação do PNIEG (2011),
(2013- 2018) (Resolução nº112/2013, de 1 de Novembro) Relatório Beijing+20 (2014) e um exercício de autorreflexão com os sectores
I SÉRIE — NO 20 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE MARÇO DE 2016 665
A maioria das instituições identifica questões prioritárias conjuntas, nalguns casos foram estabelecidos mecanismos,
de género importantes para os seus sectores, ilustrando, através da assinatura de protocolos e/ou de participação
para além do conhecimento da situação de género, a sua em comités ou outras instâncias de coordenação. Alguns
relevância e essência transversal. Contudo nem sempre sectores expressam a necessidade de reforçar o sistema de
estas prioridades são capturadas nos respetivos documentos pontos focais internamente, criando núcleos, na medida em
de planificação estratégica e, quando o são, as referências que o engajamento que existe com a igualdade de género
são frequentemente de ordem semântica de cariz genérico. precisa traduzir-se de forma operacional na mobilização
Verifica-se assim que a grande maioria das instituições de serviços chave para a efetivação da transversalização.
precisa assegurar que a sua planificação estratégica integra A este respeito é referida a utilidade de metodologias
de forma consistente um diagnóstico de género e que as como as auditorias de género.
prioridades identificadas sejam refletidas nos objectivos
e medidas estratégicas propostos. A forma como as instituições/sectores comunicam o
seu engajamento em matéria de igualdade de género é
No âmbito da planificação operacional dos sectores, ainda tímida: uma minoria refere produzir materiais de
verifica-se que algumas medidas promotoras da igualdade comunicação sobre questões de género relevantes para
de género existem, enquanto várias outras, embora não o seu sector, quer sejam direcionados para um público
visem especificamente a igualdade de género, têm potencial interno, quer externo.
para contribuir. Grande parte das medidas mencionadas
pelos sectores enquadram-se em projetos/iniciativas que Globalmente fica claro a necessidade de reforçar
contam com financiamento de parceiros internacionais substancialmente as capacidades da maioria dos sectores
e para aos quais a integração da abordagem de género é para a integração transversal da abordagem de género,
uma exigência. Nesse sentido as competências e práticas assegurando que as instituições desenvolvem uma efetiva
desenvolvidas nesse contexto, bem como os resultados para os cultura de género, adotam este paradigma na elaboração
quais contribuem, precisam ser debatidos internamente nos das análises de situação que informam os exercícios de
sectores, no sentido da sua apropriação e institucionalização. planificação e orçamentação dos seus sectores, e a ele
recorrem para norteador a implementação dos seus
As lacunas na institucionalização da abordagem de programas, serviços e em toda a sua ação. A igualdade
género são mais visíveis na sua dimensão orçamental, de de género é reconhecida, a nível nacional e internacional,
seguimento e avaliação e das capacidades institucionais em como uma condição sine qua non para o alcance de
matéria de género. São poucas as instituições que têm um resultados de desenvolvimento, e os investimentos em
orçamento destinado à promoção da igualdade de género e políticas de género e de transversalização carecem de um
não existe forma de contabilizar a contribuição das ações do seguimento de proximidade e ao mais alto nível. Nesse
sector em geral para a igualdade de género. Em termos de sentido, como peça fundamental do processo de reforço da
seguimento e avaliação dos planos estratégicos e operacionais, institucionalização da abordagem de género, devem ser
uma minoria prevê/segue indicadores desagregados por considerados mecanismos de prestação de contas (tais como
sexo e não é referido o uso de indicadores específicos que relatórios de género sectoriais e a sua revisão periódica
permitam medir os progressos em matéria de igualdade de a nível superior, quer do governo, quer do Parlamento).
género. Alguns sectores contam com recursos humanos com
conhecimentos em matéria de género e com documentação 3. DESAFIOS E PROBLEMAS CENTRAIS PARA
nesta matéria relacionada com o sector (manuais, análises, A IGUALDADE DE GÉNERO EM CABO VERDE.
relatórios, entre outros), no entanto muito poucos contam
PROBLEMAS DESAFIOS
com instrumentos de apoio à integração das questões de
Saúde
género na planificação/programas/projetos. São poucos
Existe um acesso – Contar com programas no sector da saúde
os que têm recursos humanos dedicados ao trabalho de
diferenciado aos recursos que utilizem uma abordagem de género
género, e as oportunidades de formação na matéria estão e considerem o impacto diferenciado
para a proteção e promoção
longe de ser generalizadas. Verifica-se assim que existe da saúde, e riscos específicos dos programas sobre as mulheres e
uma grande necessidade de reforçar a apropriação de relacionados a atividades/ os homens e a melhoria do acesso
ferramentas teóricas e metodológicas da abordagem de dos homens aos diferentes serviços.
tarefas/papéis definidos como
género, de equacionar as modalidades de organização interna masculinos ou femininos, e à – Promover a incorporação de uma
e parcerias para efetivar o trabalho da sua integração no própria perceção da doença e abordagem de género tanto no
comportamentos de procura atendimento, como no tratamento das
trabalho dos sectores, bem como de reforçar os investimentos doenças e no desenho de campanhas.
neste domínio, e desenvolver instrumentos que permitam de serviços de saúde.
– Intervir a nível dos fatores de risco para
o seguimento dos investimentos. as doenças não transmissíveis (DNT),
tais como o uso abusivo do álcool e de
Os sectores de forma geral têm pontos focais de género, outras substâncias psicotrópicas, o
muito dos quais indigitados no contexto da implementação sobrepeso e a obesidade, entre outros,
da Lei VBG e/ou da elaboração do PNVBG (2014-2016). e que claramente apresentam padrões
diferenciados em razão do género.
A maioria dos sectores refere articulação com o ICIEG,
no âmbito da planificação e da implementação de ações – Aprofundar o conhecimento sobre o
impacto nas mulheres do tempo
(com base num questionário - “Ponto de situação integração da abordagem de dedicado aos cuidados de pessoas
género na ação dos sectores”, e sessão de trabalho do Comité Técnico Alargado), doentes, com vista a elaborar propostas
com base em 10 eixos: visão e planificação estratégica, planificação operacional, para melhorar os programas de
orçamento, seguimento e avaliação, recursos humanos e reforço das capacidades, prestação de cuidados de saúde,
ponto focal, articulação, diagnósticos e estatísticas, e informação/comunicação. bem como de apoio às/aos que cuidam
666 I SÉRIE — NO 20 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE MARÇO DE 2016
ou resultado prejudicar ou anular o reconhecimento, gozo da vontade política e do nível de compromisso do Governo
ou exercício dos direitos e oportunidades de mulheres e como a igualdade de género. A distribuição dos recursos
homens. deve obedecer ao equilíbrio nas relações de género, tanto
na estrutura orgânica e organizacional dos serviços como
● Busca da autonomia das mulheres em todas as na formação dos profissionais para atender às necessidades
dimensões da vida: No contexto atual de desenvolvimento específicas de homens e mulheres. O orçamento deve
económico, tecnológico e social é possível aspirar a uma também assegurar as capacidades institucionais suficientes
maior autonomia das mulheres. As condições materiais do mecanismo nacional responsável pela coordenação,
e a falta de autonomia de um número considerável de seguimento e avaliação do plano, o Instituto Cabo-verdiano
mulheres são consequência, entre outros fatores, da para a Igualdade e Equidade de Género (ICIEG).
má distribuição do poder, dos rendimentos e do tempo
global de trabalho entre homens e mulheres. Apesar da 2. RESULTADOS E MEDIDAS ESTRATÉGICAS
autonomia das mulheres se construir seguindo múltiplos O PNIG abrange a totalidade do território nacional
caminhos, todos eles devem modificar as fronteiras entre de Cabo Verde e sua duração está prevista para quatro
vida pública e privada. Por isso o plano está orientado a anos, de 2015 a 2018. Em base aos desafios priorizados
promover uma mudança efetiva na vida das mulheres, para cada um dos eixos estratégicos foram definidos
fortalecendo integralmente o exercício dos seus direitos os resultados específicos que se pretende lograr com o
dentro e fora do lar, buscando acrescentar suas capacidades PNIG assim como as medidas estratégicas para atingi-
para tomar decisões livres informadas sobre suas vidas los. Cada medida conta como uma entidade responsável,
para que possam ser e fazer em função das suas próprias sendo também identificados outras entidades envolvidas
aspirações e desejos, num contexto que torne isso possível. como potenciais parceiros e as ligações com os programas
● Transversalidade, Integração e articulação: sectoriais e os programas do DECRP III existentes (como
Devido à sua dimensão e abrangência, a implementação mostram os quadros institucionais de intervenção incluídos
do plano precisa do envolvimento de todas as instituições no apartado 3.3). Como foi anteriormente indicado, para
do Estado, do Sector Privado e da Sociedade Civil. O plano o eixo de violência baseada no género os resultados e
busca contribuir a que todos os actores façam parte da medidas são aqueles definidos no do IIº Plano Nacional de
construção da igualdade de género, aplicando o princípio Combate à Violência Baseada no Género aprovado para
da transversalidade, considerando os efeitos que as o período 2014-2016, por o que não estão incluídos neste
suas distintas intervenções têm nas mulheres e nos documento. A continuação se enumera os resultados e
homens de maneira diferenciada e desenvolvendo uma medidas por cada um dos eixos.
política ativa e visível de integração da perspetiva de 2.1. EIXO ESTRATÉGICO SAÚDE
género em todas as políticas e programas. O organismo
Resultados esperados
coordenador das políticas para a igualdade e equidade atua
como impulsionador e apoiante para que todos os serviços 1.1 Aumento do número de programas da saúde que
assumam sua responsabilidade no logro dos objetivos utilizam uma abordagem de género e contribuem
definidos e na execução das medidas previstas. Ao mesmo para respostas aos problemas diferenciados de
tempo o plano promove a Integração e articulação das mulheres e homens, incluindo grupos específicos,
entidades implicadas na implementação sobre a base dos e um maior acesso dos homens aos diferentes
critérios comuns, combinados durante sua formulação, serviços.
nomeadamente as medidas e programas conjuntos e/ou 1.2 Os dados do sector saúde estão disponíveis
complementares, os órgãos de informação e de decisão, desagregados por sexo e outras variáveis relevantes
e os mecanismos de coordenação e seguimento. Através e utilizados de maneira sistemática na planificação
da conjugação de sinergias e a união de esforço o plano sectorial e no seguimento e avaliação do PNDS.
buscara o aproveitamento mais funcional dos recursos
existentes 1.3 Maior conhecimento do impacto nas mulheres do
tempo dedicado aos cuidados de pessoas doentes.
● Participação: A participação ativa de todos os agentes
Medidas estratégicas
nos processos de planeamento, seguimento e avaliação
é parte constitutiva da metodologia de elaboração e 1.1.1 Acompanhar a implementação das propostas
implementação do plano. As organizações da sociedade feitas para integração da abordagem de género
civil e particularmente das mulheres são consideradas no Plano Nacional de Desenvolvimento Sanitário
actores privilegiados na interlocução com o governo para (PNDS 2012-2016).
a elaboração dos programas de desenvolvimento, como 1.1.2 Analisar os programas do PNDS priorizados
forma de assegurar que os mesmos tenham em conta (Diabetes, Luta contra o Cancro, Saúde Mental) e
as necessidades reais e os interesses diferenciados de propor/acompanhar a implementação de medidas
homens e mulheres. para que a prestação de serviços responda às
● Planificação sistematizada e financiamento: Um necessidades diferenciadas de mulheres e homens,
plano sem recursos alocados não é um plano implementável. incluindo grupos específicos.
Por isso a planificação sistematizada é um princípio 1.2.1 Analisar o sistema e os processos de produção
fundamental de atuação, que visa a incorporação das de dados do sistema de informação da saúde
medidas estratégicas do plano nos orçamentos das instituições e propor medidas para que o tratamento dos
responsáveis. O Orçamento Geral do Estado é um reflexo dados seja desagregado a todos os níveis.
I SÉRIE — NO 20 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE MARÇO DE 2016 671
1.2.2 Analisar o projecto de desenvolvimento do 2.2.1. Elaborar uma avaliação do impacto das
Sistema Integrado de Saúde (SIS) e acompanhar estratégias de promoção da saúde no contexto
a implementação de medidas para a integração do combate às IST/VIH/SIDA, que inclua uma
da abordagem de género no SIS. análise de género das dinâmicas subjacentes aos
comportamentos de risco dos grupos prioritários
1.2.3 Promover no seguimento, na revisão a meio identificados pelo Plano Nacional de combate ao
percurso e na avaliação do PNDS o uso de VIH-SIDA e elaborar estratégias de intervenção
estatísticas/indicadores desagregados por sexos que visam as mudanças de comportamento, a
outras variáveis. serem integradas na planificação do combate
1.2.4 Acompanhar a elaboração do novo plano ao VIH-SIDA.
estratégico da saúde com vistas a assegurar a
2.3.1. Mapear instituições e organizações com trabalho
integração da abordagem de género.
a nível comunitário e promover reflexão sobre a
1.3.1 Elaborar um estudo sobre impacto nas mulheres abordagem da sensibilização/CMC (comunicação
do tempo dedicado aos cuidados de pessoas para a mudança de comportamento) que permita
doentes e formulação de propostas com base o desenvolvimento de uma abordagem mais
nas recomendações, para melhorar os programas eficaz (positiva).
de prestação de cuidados de saúde, bem como
2.3.2. Identificar áreas geográficas para implementação
de apoio às/aos que cuidam.
piloto e capacitar técnicos das instituições envolvidas
2.2. EIXO ESTRATÉGICO DIREITOS SEXUAIS E e das lideranças comunitárias na abordagem de
REPRODUTIVOS. género da sexualidade a nível comunitário, numa
lógica de formação de formadores.
Resultados esperados
2.4.1. Elaborar um estudo acerca dos fatores de risco
2.1. Aumentada a sensibilidade dos serviços de SSR
para a gravidez na adolescência e dinâmicas sociais
às questões de género, bem como as respostas
subjacentes e elaborar propostas de atuação.
às necessidades de homens e mulheres e de
grupos específicos, para uma maior autonomia 2.4.2. Apoiar campanhas/programas de prevenção
das raparigas e mulheres, e de exercício de da gravidez na adolescência.
masculinidades positivas dos homens e rapazes. 2.3. EIXO ESTRATÉGICO EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO
2.2 As análises e a planificação no domínio do VIH/ PROFISSIONAL.
SIDA integram melhor os papeis de género Resultados esperados
atribuídos a homens e mulheres e abordagens
promotoras da mudança de comportamento. 3.1 Maior integração da igualdade de género nas
práticas educativas nos vários níveis de ensino
2.3 Lideranças comunitárias e pessoal técnico de (pré-escolar, básico, secundário, superior,
enquadramento com competências aumentadas formação profissional).
para uma abordagem de género das questões
de sexualidade a nível comunitário. 3.2 Estratégias identificadas e implementadas para
diminuir as taxas de insucesso e abandono
2.4. Melhorado a compreensão do fenómeno da escolar respondendo diferenciadamente às
gravidez na adolescência e engajamento com especificidades de rapazes e raparigas.
a sua prevenção.
Medidas estratégicas
Medidas estratégicas
3.1.1. Revisar os instrumentos pedagógicos e materiais
2.1.1. Diagnosticar as práticas atuais e os gaps didáticos do ensino pré-escolar, básico e secundário
existentes na prestação de serviços de Saúde para a introdução de conteúdos referentes à
Sexual Reprodutiva (SSR), incluindo a Informação, promoção da igualdade género e de linguagem
Educação e Comunicação (IEC) e a prevenção não sexista (Ligado ao PNVBG 1.3.).
das práticas consequências da prática insegura
de IVG, tendo em conta as especificidades de 3.1.2. Integrar a disciplina sobre igualdade de género
género dos beneficiários/as, incluindo de grupos no curriculum dos cursos de formação profissional
específicos. e dos cursos públicos ou privados de graduação
de docentes e capacitação dos respetivos dos
2.1.2 Reforçar dentro do Programa de Saúde formadores de docentes (ligado ao PNVBG 1.5.).
Reprodutiva linhas de atuação de atenção às
3.1.3. Formar e capacitar em igualdade de género
demandas de homens e mulheres e grupos
para docentes e dirigentes de todos os níveis
específicos em relação à SSR.
de educação, inclusive orientadores de infância
2.1.3. Capacitar em matéria de género e outras áreas (PNVBG 1.4).
identificadas no diagnóstico dos/as tomadores de
3.2.1. Garantir que os estudos em curso (insucesso
decisão e técnicos/as prestadores/as de serviços.
escolar e o das crianças fora da escola) têm
2.1.4. Desenvolver campanhas para a promoção uma análise de género que permite informar
da procura dos serviços de SSR por parte dos estratégias que respondam às especificidades
diferentes grupos. de rapazes e raparigas.
672 I SÉRIE — NO 20 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE MARÇO DE 2016
3.2.2 Colher lições aprendidas sobre a abordagem 4.2.3. Desenvolver uma campanha de sensibilização
do sucesso diferencial de rapazes e raparigas visando às mulheres sobre a empregabilidade
no ensino básico e secundário através da troca de áreas de ponta.
de experiências internacionais e introdução de
novas estratégias. 4.3.1. Elaborar uma análise dos estereótipos de género
e dinâmicas sociais, incluindo de descriminação
3.2.3. Implementar campanhas orientadas à comunidade na contratação, que impedem o acesso das
educativa para prevenir o abandono escolar mulheres ao emprego.
e inserção laboral precoce, em particular dos
rapazes, respondendo diferenciadamente às 4.3.2. Desenhar e implementar campanha de
especificidades de rapazes e raparigas. sensibilização orientadas aos empregadores
com enfoque na redução dos estereótipos de
2.4. EIXO ESTRATÉGICO ECONOMIA PRODUTIVA. género no mundo laboral.
4.1.3. Elaborar um diagnóstico das necessidades das 5.3 Medidas que contribuem para a redução do
mulheres, incluindo as rurais, envolvidas em tempo e esforço gasto nas tarefas domésticas
programas de promoção do empreendedorismo e de cuidados são criadas e implementadas.
em matéria de esforço e do tempo dedicado as 5.4. Incrementar as medidas de apoio disponíveis
tarefas dos cuidados e domésticas, e formulação para os agregados monoparentais em situação
de medidas para a sua redução. de pobreza que facilitem a conciliação entre o
4.2.1. Elaborar uma análise das áreas com maior trabalho produtivo e reprodutivo.
potencial de empregabilidade de mulheres e Medidas estratégicas
homens e ligar aos programas de orientação
vocacional e profissional, numa perspetiva de 5.1.1. Apoiar o desenvolvimento da metodologia
diminuição da segregação do mercado de trabalho. para o cálculo da contribuição do trabalho não
remunerado (TNR) para o PIB e a sua integração
4.2.2. Inserir nos programas de formação profissional nas contas nacionais.
com potencial de empregabilidade, atuais ou em
desenvolvimento, medidas de ação afirmativa 5.1.2. Apoiar a elaboração de análises que evidenciem
do acesso equilibrado das mulheres. o retorno que investimentos focalizados na área
I SÉRIE — NO 20 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE MARÇO DE 2016 673
dos cuidados podem ter (geração de emprego, vista à paridade na participação política das
produtividade, consumo, recursos tributários, mulheres (Lei da Paridade, lei dos partidos
redução dos gastos sociais a montante). políticos, código eleitoral e sua regulamentação).
5.2.1. Apoiar a aplicação da dimensão da pobreza de 6.1.2. Sensibilizar aos órgãos nacionais e locais dos
tempo ao cálculo da pobreza. partidos políticos e líderes comunitários no
domínio da participação paritária de mulheres
5.3.1. Desenvolver medidas de sensibilização em
e homens na política.
relação a partilha das tarefas domésticas
principalmente nas áreas rurais, como parte 6.1.3. Capacitar às mulheres em género, liderança
dos programas de formação e sensibilização para a participação na política, entre outros,
de género das atividades de terreno (MDR, com vista a aumentar o numero das potenciais
MJEDRH/POSER). candidatas.
5.3.2. Elaborar e implementar uma estratégia que 6.2.1. Promover mecanismos legais e administrativos
permita que as infraestruturas de saneamento que assegurem a participação das mulheres em
básico contribuam para a redução do esforço e cargos de tomada de decisão.
do tempo dedicado as tarefas domésticas.
6.2.2. Sensibilizar os decisores e as instituições para
5.3.3. Implementar a estratégia de Energias Domesticas a importância de implementar as medidas que
do PNED em relação a energia para cocção de assegurem a participação das mulheres em
forma sustentável e estudar outras formas das cargos de tomada de decisão.
infraestruturas de energia contribuírem para
a redução do esforço e do tempo dedicado as 6.2.3. Reforçar os conhecimentos das mulheres sobre
tarefas domesticas. a participação nos cargos de tomada de decisão
na administração pública exercício e a aplicação
5.3.4. Elaborar cenários para fortalecer e ampliar as
da lei de paridade (caso de ser aprovada).
infraestruturas e os serviços para apoio ao cuidado
das crianças e das pessoas com necessidades 6.3.1. Integrar a paridade de género nos critérios de
de cuidados especiais com vista à elaboração seleção de candidatos para os cargos dirigentes
de uma estratégia. dos partidos políticos (regulamento) e adopção
de medidas facilitadoras da participação das
5.4.1. Estabelecer um grupo de trabalho interministerial
mulheres (horários, etc.)
para a elaboração de um quadro conceptual
para as políticas de inclusão social no âmbito 6.3.2. Sensibilizar aos militantes de base e dirigentes
das políticas socioeconómicas, que tenha em para apoiar medidas que permitam incrementar
conta a conciliação entre o trabalho produtivo a participação das mulheres nos cargos de decisão
e reprodutivo. dos partidos políticos.
5.4.2. Analisar os programas de apoio social priorizados 6.4.1. Adotar medidas para que os meios de
e propor/ acompanhar a implementação de comunicação social favoreçam a igualdade de
medidas para que os mesmos incluam ações género, eliminando os estereótipos sexistas ou
que facilitem a conciliação entre o trabalho discriminatórios (adaptado de PNVBG 1.7).
produtivo e reprodutivo, particularmente para
as famílias chefiadas por mulheres. 6.4.2. Adotar uma agenda de comunicação social para
promover a igualdade de género e participação
2.6.EIXO ESTRATÉGICO PARTICIPAÇÃO POLÍTICA E NAS
paritária das mulheres nos processos eleitorais
ESFERAS DE TOMADA DE DECISÃO E COMUNICAÇÃO.
e reforço das capacidades dos jornalistas para
Resultados esperados o efeito.
6.1. Incrementada a participação das mulheres nos 2.7. EIXO ESTRATÉGICO REFORÇO INSTITUCIONAL
órgãos de decisão eletivos nas próximas eleições PARA A INTEGRAÇÃO DA ABORDAGEM DE GÉNERO
nacionais e autárquicas. NAS POLÍTICAS PÚBLICAS.
6.2. Incrementada a participação das mulheres nos cargos Resultados esperados
de tomar de decisão na administração pública.
7.1 A produção estatística permite uma análise mais
6.3. Aumentada a participação das mulheres nos aprofundada e maior divulgação da situação
cargos de decisão dos partidos políticos. de género em Cabo Verde e o desenvolvimento
de pesquisa, operacional e académica, em
6.4 Maior contribuição da comunicação social para a
particular em relação a indicadores económicos,
criação de um ambiente favorável à participação
à caracterização da situação de grupos específicos
paritária de mulheres e homens na política.
de mulheres (e.g. mulheres com deficiência,
Medidas estratégicas mulheres rurais, pobreza).
6.1.1. Promover a elaboração/ revisão/ aprovação 7.2 Maior institucionalização da abordagem de género
de medidas legislativas e regulamentares com nos processos de planificação e orçamentação.
674 I SÉRIE — NO 20 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE MARÇO DE 2016
7.3 Maior visibilidade das ligações entre as 7.2.5. Integrar na formação dos quadros para
questões de igualdade de género e as políticas administração publica um modulo de capacitação
macroeconómicas e o desenvolvimento em Cabo em género e planeamento e orçamento na
Verde. perspetiva de género e o seu reconhecimento
nas medidas de incentivos para a promoção na
7.4 ICIEG com maior capacidade institucional de carreira na administração pública.
atuação e coordenação visando a promoção da
igualdade de género. 7.2.6. Apoiar a integração de indicadores desagregado
7.5 Melhoramento do quadro legal e regulamentar pelo sexo e indicadores de género nos quadros
cabo-verdiano para integrar os direitos humanos lógicos dos programas do DECRP III (revisão a
das mulheres e promover a igualdade de género. meio percurso) e acompanhar a integração da
abordagem de género na sua avaliação final e na
Medidas estratégicas formulação do novo plano de desenvolvimento
7.1.1. Produzir e divulgar dados em falta sobre a estratégico.
situação de homens e mulheres, em particular 7.3.1. Capacitar aos decisores, técnicos do sistema
no que diz respeito ao domínio económico, tais de planificação e academia sobre políticas
como o acesso ao crédito e aos serviços de micro- económicas numa perspetiva de género (análise
finanças, desigualdade salarial, propriedade da económica, análise das políticas, redução da
terra, entre outros) incluindo as informações pobreza, emprego, macroeconomia, comércio,
sobre o sector informal. fiscalidade, orçamento).
7.1.2. Identificar operações estatísticas regulares chaves
7.3.2. Acompanhar a discussão a nível nacional sobre
e acompanhar a integração da abordagem de
o quadro de desenvolvimento para o pós-2015
género e a desagregação dos dados, tendo em
(objectivos de desenvolvimento sustentáveis –
conta as suas várias etapas, desde a conceção até
ODS), apoiar a apropriação da igualdade de
ao tratamento, análise e divulgação dos dados.
género como uma questão de desenvolvimento
7.1.3. Elaborar análises que permitam uma adequada e sua inserção no quadro das políticas macro.
caracterização de grupos de mulheres em situação
de particular desvantagem, nomeadamente 7.4.1. Garantir as capacidades técnicas e financeiras
mulheres em situação de pobreza, mulheres do mecanismo nacional para a igualdade de
rurais, mulheres com deficiência. género para o cumprimento do seu mandato na
promoção da igualdade de direitos entre mulheres
7.1.4. Articular entre ICIEG, INE e a academia para e homens, e a efetiva e visível participação das
a realização de estudos e análises, operacionais mulheres em todos os âmbitos da vida social,
e académicas, voltadas para as várias temáticas económica e política do país.
no domínio da igualdade de género, entre as
quais o aprofundamento da reflexão sobre a 7.4.2. Elaborar cenários para o desenvolvimento
estrutura familiar em Cabo Verde. institucional do mecanismo para a igualdade de
género no contexto da reforma da administração
7.1.5 Fortalecer o Observatório da Igualdade de Género pública em curso.
e SNIG como forma de melhorar o acesso aos
dados e às análises pelos vários intervenientes. 7.4.3. Coordenar e acompanhar a implementação
do PNIG incluindo o plano de seguimento e
7.2.1. Elaborar análises do Orçamento Geral do Estado
avaliação.
numa perspetiva de género e de recomendações
para a sua discussão/aprovação. 7.4.4. Desenhar e implementar uma estratégia de
7.2.2. Propor e advogar pela aprovação de normativas no mobilização de recursos para a implementação
Lei de Base do Orçamento relativas à planificação do PNIG, que tenha em conta as modalidades
e orçamentação sensível ao género. de cooperação para o desenvolvimento a que
Cabo Verde pode ter acesso, e as identificar
7.2.3. Inserir nas normativas e diretrizes anuais e potenciais fontes nacionais de financiamento.
instrumentos de planeamento e orçamentação
(quadros lógicos dos programas e projetos, códigos 7.4.5. Formular um programa para o reforço das
e classificadores orçamentários, etc.) propostas capacidades a nível local para o desenho e
para garantir a efetiva transversalidade de implementação de políticas de igualdade de
género no orçamento do estado e a inclusão género a nível municipal.
das medidas para implementação do PNIG e
7.5.1. Promover a elaboração/revisão/aprovação de
do PNVBG de responsabilidade dos diferentes
medidas legislativas e regulamentares em áreas
sectores.
chave para promover os direitos humanos das
7.2.4. Capacitar e acompanhar em matéria de integração mulheres e a igualdade de género, tais como
da abordagem de género para a aplicação dos a regulamentação da lei VBG, licença de
instrumentos de planeamento e orçamentação maternidade e paternidade, princípio de pago
sensível ao género (POSG) e implementação de igual por trabalho igual no código laboral,
auditorias de géneros em sectores selecionados. regulamentação da lei IVG, entre outros.
I SÉRIE — NO 20 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE MARÇO DE 2016 675
Resultados esperados Medidas estratégicas Período de Entidade Entidades Ligações com Ligações com o
implementação responsável envolvidas programas Programas do DECRP III
sectoriais
1.1 Aumento do número 1.1.1 Acompanhar a implementação 2015-2016 Ministério da ICIEG, Parceiros Plano Nacional de *Prestação dos cuidados de
de programas da das propostas feitas para Saúde internacionais Desenvolvimento saúde na rede hospitalar.
saúde que utilizam integração da abordagem de Sanitário (PNDS *Prestação dos cuidados de
uma abordagem de género no Plano Nacional de 2012-2016) saúde na rede de atenção
género e contribuem Desenvolvimento Sanitário primária.
para respostas (PNDS 2012-2016) *Desenvolvimento dos
aos problemas recursos humanos de saúde.
diferenciados de
mulheres e homens, 1.1.2 Analisar os programas do 2015-2018 Ministério da ICIEG, PNDS - Programa *Prestação dos cuidados
incluindo grupos PNDS priorizados (Diabetes, Saúde Associação de de prestação de saúde na rede
específicos, e um maior Luta contra o Cancro, Saúde Luta contra o de Cuidados de hospitalar.
acesso dos homens aos Mental) e propor/acompanhar Cancro, A Ponte, Saúde *Prestação dos cuidados
diferentes serviços. a implementação de medidas Cruz vermelha, de saúde na rede de
para que a prestação Universidades, atenção primária.
de serviços responda às INSP, Parceiros
necessidades diferenciadas de internacionais
mulheres e homens, incluindo
grupos específicos
1.2 Os dados do sector 1.2.1 Analisar o sistema e os 2015-2018 Ministério da ICIEG, INE, *Sistema integrado de
saúde estão disponíveis processos de produção de dados Saúde Uni-CV/CIGEF, informação para saúde.
desagregados por sexo do sistema de informação da INSP, Parceiros
e outras variáveis saúde e propor medidas para internacionais
relevantes e utilizados que o tratamento dos dados
de maneira sistemática seja desagregados a todos os
na planificação. níveis PNDS -
sectorial e no Programa de
seguimento e avaliação 1.2.2 Analisar o projecto de 2015-2018 Ministério da ICIEG,NOSI,INE, * Sistema integrado de
Desenvolvimento
do PNDS. desenvolvimento do Sistema Saúde Parceiros informação para saúde.
do Sistema de
Integrado de Saúde (SIS) e internacionais
Informação
acompanhar a implementação
Sanitária e da
de medidas para a integração da
Investigação em
abordagem de género no SIS.
Saúde
1.2.3 Promover no seguimento, na 2015-2016 Conselho do ICIEG, INPS, *Sistema integrado de
revisão a meio percurso e na Ministério da INE, informação para saúde.
avaliação do PNDS o uso Saúde parceiros
de estatísticas/indicadores internacionais
desagregados por sexos outras
variáveis
1.3 Maior conhecimento do 1.3.1 Elaborar um estudo sobre 2017 ICIEG INE, MS, DGSS/ - *Reforço da igualdade e
impacto nas mulheres impacto nas mulheres do MJEDRH, INSP, equidade de género.
do tempo dedicado aos tempo dedicado aos cuidados de CIGEF/Uni-
cuidados de pessoas pessoas doentes e formulação CV, parceiros
doentes. de propostas com base nas internacionais
recomendações, para melhorar
os programas de prestação de
cuidados de saúde, bem como
de apoio às/aos que cuidam
676 I SÉRIE — NO 20 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE MARÇO DE 2016
Resultados esperados Medidas estratégicas Período de Entidade Entidades Ligações com Ligações com o Programas
implementação responsável envolvidas programas sectoriais do DECRP III
3.1 Maior integração da 3.1.1 Revisar os instrumentos pedagógicos 2015-2018 MED ICIEG, CIGEF/ PIEFE 2013-2018 *Reforço da educação pré-
igualdade de género nas e materiais didáticos do ensino pré- Uni-CV, Instituto PNED escolar. F7.- Melhoria da
práticas educativas nos escolar, básico e secundário para a Universitário de Programa sobre a qualidade do ensino básico.
vários níveis de ensino introdução de conteúdos referentes Educação pequena infância *Melhoria da qualidade do
(pré-escolar, básico, à promoção da igualdade género e ensino secundário.
secundário, superior, de linguagem não sexista (Ligado ao *Desenvolvimento do ensino
formação profissional). PNVBG 1.3.) técnico e profissional.
3.1.2 Integrar a disciplina sobre igualdade 2015-2016 IEFP, CIGEF/ ICIEG, MESCI, Plano de capacitação *Desenvolvimento do ensino
de género no curriculum dos cursos Uni-CV & USNQ MED do CIGEF/Uni-CV técnico e profissional.
de formação profissional e dos Instituto (Instituto Pedagógico) *Formação e capacitação
cursos públicos ou privados de Universitário de PIEFE 2013-2018 (ensino superior).
graduação de docentes e capacitação Educação
respetivos dos formadores de
docentes (ligado a PNVBG 1.5.)
3.1.3 Formar e capacitar em igualdade de 2015-2018 MED ICIEG PNED *Reforço da educação pré-escolar.
género para docentes e dirigentes Novo Plano *Melhoria da qualidade do
de todos os níveis de educação, estratégico de ensino básico.
inclusive orientadores de infância Educação (em curso *Melhoria da qualidade do
(PNVBG 1.4) de elaboração) ensino secundário.
*Desenvolvimento do ensino
técnico e profissional.
3.2 Estratégias identificadas 3.2.1 Garantir que os estudos em curso 2015-2016 MED ICIEG, Uni-CV, PNED *Melhoria da qualidade do
e implementadas para (insucesso escolar e o das crianças CIGEF, parceiros Novo Plano ensino básico.
diminuir as taxas de fora da escola) têm uma análise internacionais estratégico de *Melhoria da qualidade do
insucesso e abandono de género que permite informar Educação (em curso ensino secundário.
escolar respondendo estratégias que respondam às de elaboração)
diferenciadamente às especificidades de rapazes e raparigas.
especificidades de rapazes
e raparigas. 3.2.2 Colher lições aprendidas sobre a 2016 MED ICIEG, parceiros PNED *Melhoria da qualidade do
abordagem do sucesso diferencial internacionais Novo Plano estratégico ensino básico.
de rapazes e raparigas no ensino de Educação (em curso *Melhoria da qualidade do
básico e secundário através da troca de elaboração) ensino secundário.
de experiências internacionais e
introdução de novas estratégias.
3.2.3 Implementar campanhas orientadas à 2015-2018 MED ICIEG, ONGs, PNED *Melhoria da qualidade do
comunidade educativa para prevenir OBCs, ICCA, Novo Plano estratégico ensino básico.
o abandono escolar e inserção laboral Direção Geral de de Educação (em curso * Melhoria da qualidade do
precoce, em particular dos rapazes, Trabalho e Inspeção de elaboração) ensino secundário.
respondendo diferenciadamente às Geral de Trabalho do
especificidades de rapazes e raparigas. MEJDRH, parceiros
internacionais
678 I SÉRIE — NO 20 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE MARÇO DE 2016
4.2 Maior conhecimento 4.2.1 Elaborar uma análise das 2015-2018 Célula de IEFP, ICIEG, Plano integrado *Promoção do emprego
das jovens sobre as áreas com maior potencial de execução MED, MJEDRH, de ensino técnico e formação profissional.
opções formativas empregabilidade de mulheres e do plano Liceus, e profissional * Desenvolvimento
de acordo com as homens e ligar aos programas integrado de Universidades Novo Plano do ensino técnico e
necessidades do de orientação vocacional e Educação, ONGs, ECREEE/ estratégico de profissional.
mercado de trabalho profissional, numa perspetiva Formação CEREEC, parceiros Educação
para promover a sua de diminuição da segregação do e Emprego/ internacionais
empregabilidade. mercado de trabalho MJEDRH
4.2.2 Inserir nos programas de 2015-2016 Célula de IEFP ICIEG, Plano integrado * Promoção do emprego
formação profissional com execução do MED, MJEDRH, de ensino técnico e formação profissional.
potencial de empregabilidade, plano integrado ADEI, Associações e profissional * Desenvolvimento
atuais ou em desenvolvimento, de Educação, empresariais. Novo Plano do ensino técnico e
medidas de ação afirmativa do Formação e ONGs estratégico de profissional.
acesso equilibrado das mulheres. Emprego / Educação.
MJEDRH
4.2.3 Desenvolver uma campanha de 2016 IEFP IEFP, ICIEG, * Promoção do emprego
sensibilização visando às mulheres MED, MJEDRH, e formação profissional.
sobre a empregabilidade de áreas MDR, CPE,
de ponta. AJEC, Liceus,
Universidades
ONGs, ECREEE/
CEREEC.
4.3 Melhoradas as 4.3.1 Elaborar uma análise dos 2015 IEFP & DGTE ICIEG, MED, * Promoção do emprego
condições para mudar estereótipos de género e MJEDRH, e formação profissional.
às dinâmicas sociais e dinâmicas sociais, incluindo de Uni-CV, ONGs,
a descriminação que descriminação na contratação, parceiros
bloqueiam o acesso que impedem o acesso das internacionais
das mulheres, ao mulheres ao emprego.
emprego digno.
4.3.2 Desenhar e implementar 2018 IEFP & DGTE ICIEG, MED, * Melhoria das
campanha de sensibilização MJEDRH, condições de trabalho
orientadas aos empregadores ONGs, Câmaras e das relações entre os
com enfoque na redução dos de comércio, parceiros sociais.
estereótipos de género no Associações
mundo laboral. empresariais/
profissionais
4.3.3 Promover ações para potenciar 2016-2018 IEFP & DGTE ICIEG, MJEDRH, * Melhoria das
as condiciones de emprego Casas de Direito, condições de trabalho
digno e dar a conhecer os MJ, ONGs, e das relações entre os
direitos gerais e específicos das Associações parceiros sociais.
mulheres no âmbito laboral, empresariais e * Proteção dos direitos
particularmente as jovens e profissionais, dos cidadãos.
as empregadas domésticas, Câmaras de
tomando em conta tanto o comércio, parceiros
sector formal como informal. internacionais
I SÉRIE — NO 20 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE MARÇO DE 2016 679
Eixo estratégico: Reforço institucional para a integração da abordagem de género nas políticas públicas
Resultados esperados Medidas estratégicas Período de Entidade Entidades Ligações com Ligações com o
implementação responsável envolvidas programas Programas do DECRP III
sectoriais
7.1 A produção estatística 7.1.1 Produzir e divulgar dados em 2015-2018 INE ICIEG, Banco Agenda estatística *Melhoria do sistema
permite uma análise falta, sobre a situação de homens Central, do INE estatístico nacional
mais aprofundada e e mulheres em particular no que FAME-F, Inquérito
maior divulgação da diz respeito ao domínio económico, MDR, MAHOT, às Despesas
situação de género tais como o acesso ao crédito e MTIDE, MFP e Receitas
em Cabo Verde e o aos serviços de micro-finanças, Familiares (IDRF)
desenvolvimento de desigualdade salarial, propriedade
pesquisa, operacional da terra, entre outros), incluindo as
e académica, em informações sobre o sector informal.
particular em
7.1.2 Identificar operações estatísticas 2015-2018 INE ICIEG, CIGEF/ Agenda estatística *Melhoria do sistema
relação a indicadores
regulares chaves e acompanhar a Uni-CV, do INE estatístico nacional
económicos, à
integração da abordagem de género e MDR, MFP
caracterização
a desagregação dos dados, tendo em
da situação de
conta as suas várias etapas, desde a
grupos específicos
conceção até ao tratamento, análise e
de mulheres (e.g.
divulgação dos dados.
mulheres com
deficiência, mulheres 7.1.3 Elaborar análises que permitam 2016 ICIEG INE, CIGEF/ Agenda estatística *Reforço da igualdade e
rurais, pobreza). uma adequada caracterização de Uni-CV, do INE equidade de género.
grupos de mulheres em situação MDR, MFP, LIG- CIGEF/ *Melhoria do sistema
de particular desvantagem, FECAD Uni-CV - Pesquisa estatístico nacional
nomeadamente mulheres em sobre mulheres
situação de pobreza, mulheres rurais com deficiência.
, mulheres com deficiência.
7.1.4 Articular entre ICIEG, INE e a 2016-2018 ICIEG & INE CIGEF/Uni-CV, Agenda estatística *Reforço da igualdade e
academia para a realização de Universidades, do INE equidade de género.
estudos e análises, operacionais INE LIG – Laboratório *Melhoria do sistema
e académicas, voltadas para as de Investigação estatístico nacional
várias temáticas no domínio da em Género -
igualdade de género, entre as quais o CIGEF/Uni-CV
aprofundamento da reflexão sobre a
estrutura familiar em CV.
7.1.5 Fortalecer o Observatório da 2015-2017 ICIEG & INE Agenda estatística *Melhoria do sistema
Igualdade de Género e SNIG como do INE. estatístico nacional
forma de melhorar o acesso aos LIG - CIGEF/
dados e às análises pelos vários Uni-CV
intervenientes
7.2 Maior 7.2.1 Elaborar análises do Orçamento 2015-2018 Assembleia/ ICIEG, MFP, Plano de trabalho *Promoção da excelência
institucionalização Geral do Estado numa perspetiva de RMP-CV sectores, da RMP-CV e transparência na
da abordagem de género e de recomendações para a parceiros gestão das finanças
género nos processo sua discussão/aprovação internacionais publicas
de planificação e
7.2.2 Propor e advogar pela aprovação 2015 Assembleia/ ICIEG, MFP, Plano de trabalho *Promoção da excelência
orçamentação.
de normativas no Lei de Base do RMP-CV sectores, da RMP-CV e transparência na
Orçamento relativas à planificação e parceiros gestão das finanças
orçamentação sensível ao género. internacionais publicas.
7.2.3 Inserir nas normativas e 2015-2018 MFP ICIEG, UCRE, - *Reforço das
diretrizes anuais e instrumentos DGPOGs, RMP- competências técnicas
de planeamento e orçamentação CV, ONGs, do MFP.
(quadros lógicos dos programas e parceiros *Promoção da excelência
projetos, códigos e classificadores internacionais e transparência na
orçamentários, etc.) propostas para gestão das finanças
garantir a efetiva transversalidade publicas.
de género no orçamento do estado *Desenvolvimento das
e a inclusão das medidas para atividades de gestão das
implementação do PNIG e do PNVBG finanças publicas.
de responsabilidade dos diferentes
sectores.
7.2.4 Capacitar e acompanhar em 2015-2018 ICIEG & DGPOGs, Pontos - *Promoção da excelência
matéria de integração da abordagem MFP Focais/células e transparência na
de género para a aplicação dos de género, gestão das finanças
instrumentos de planeamento e UCRE, RMP- publicas.
orçamentação sensível ao género CV, parceiros *Desenvolvimento das
(POSG) e implementação de internacionais atividades de gestão das
auditorias de géneros em sectores finanças publicas.
selecionados.
I SÉRIE — NO 20 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE MARÇO DE 2016 683
Eixo estratégico: Reforço institucional para a integração da abordagem de género nas políticas públicas
Resultados esperados Medidas estratégicas Período de Entidade Entidades Ligações com Ligações com o
implementação responsável envolvidas programas Programas do DECRP III
sectoriais
7.2.5 Integrar na formação dos quadros 2015-2018 Uni-CV- ICIEG, CIFEG, Plano estratégico *Formação e capacitação
para administração publica um Escola de MFP, CPE, do CIGEF (ensino superior).
modulo de capacitação em género Negócios UCRE, MESCI
e planeamento e orçamento na e Gestão
perspetiva de género e o seu (ENG)
reconhecimento nas medidas de
incentivos para a promoção na
carreira na administração pública.
7.2.6 Apoiar a integração de indicadores 2015-2016 MFP ICIEG, UCRE, DECRP III *Reforço das
desagregado pelo sexo e indicadores CPE Parceiros competências técnicas
de género nos quadros lógicos dos Internacionais do MFP.
programas do DECRP III (revisão *Promoção da excelência
a meio percurso) e acompanhar e transparência na
a integração da abordagem de gestão das finanças
género na sua avaliação final e publicas.
na formulação do novo plano de *Desenvolvimento das
desenvolvimento estratégico. atividades de gestão das
finanças publicas.
7.3 Maior visibilidade 7.3.1 Capacitar aos decisores, técnicos do 2017 MFP ICIEG, CPE, *Reforço das
das ligações entre sistema de planificação e academia UCRE, DGPOG, competências técnicas
as questões de sobre políticas económicas numa Academia, do MFP.
igualdade de género perspetiva de género (análise parceiros
e as políticas económica, análise das políticas, internacionais
macroeconómicas e o redução da pobreza, emprego,
desenvolvimento em macroeconomia, comércio, fiscalidade,
Cabo Verde. orçamento).
7.3.2 Acompanhar a discussão a nível 2015 MFP ICIEG, CPE, *Reforço das
nacional sobre o quadro de UCRE, DGPOG, competências técnicas
desenvolvimento para o pós-2015 Academia, do MFP.
(objectivos de desenvolvimento parceiros
sustentáveis – ODS), apoiar a internacionais
apropriação da igualdade de
género como uma questão de
desenvolvimento e sua inserção no
quadro das políticas macro.
7.4 ICIEG com 7.4.1 Garantir as capacidades técnicas e 2015-2018 ICIEG Governo, Programa do *Promoção da Igualdade
maior capacidade financeiras do mecanismo nacional parceiros ICIEG e Equidade de Género.
institucional de para a igualdade de género para o internacionais *Reforço da Igualdade e
atuação e coordenação cumprimento do seu mandato na Equidade de Género.
visando a promoção da promoção da igualdade de direitos
igualdade de género. entre mulheres e homens, e a efetiva
e visível participação das mulheres
em todos os âmbitos da vida social,
económica e politica do país.
Eixo estratégico: Reforço institucional para a integração da abordagem de género nas políticas públicas
Resultados esperados Medidas estratégicas Período de Entidade Entidades Ligações com Ligações com o
implementação responsável envolvidas programas Programas do DECRP III
sectoriais
7.5 Melhoramento 7.5.1 Promover a elaboração/revisão/ 2015-2018 Assembleia/ Partidos Plano de trabalho *Programa de Ação
do quadro legal e aprovação de medidas legislativas e RMP-CV políticos, da RMP-CV Parlamentar.
regulamentar cabo- regulamentares em áreas chave para Comissões *Promoção da legalidade
verdiano para integrar promover os direitos humanos das especializadas democrática do interesse
os direitos humanos mulheres e a igualdade de género, da Assembleia publico e da ação penal.
das mulheres e tais como a regulamentação da lei Nacional
promover a igualdade VBG, licença de maternidade e
de género paternidade, princípio de pago igual
por trabalho igual no código laboral,
regulamentação da lei IVG, entre
outros.
formação de professores têm de adaptar o seu género através da atuação dos seus membros no sector,
currículo, mas é noutra medida, já coloquei lá facilitando a inclusão das medidas estratégicas propostas
como responsável, mas são 3 responsáveis (IEFP, nos planos operativos e orçamentos sectoriais.
UNICV, IUE) sob a coordenação do MED, por
Nesse sentido, se procederá a encontros de seguimento
isso acho que deixar só o MED
semestrais internos, entre os participantes do Comité.
● Ministério de Ambiente, Habitação e Ordenamento Os encontros serão previamente agendados pelo ICIEG
do Território (MAHOT): Direção Geral do e comunicado aos participantes que devem munir-se das
Ambiente (DGA) e Agencia Nacional de Água informações relevantes sobre a implementação do presente
e Saneamento (ANAS); plano para partilhar com o grupo, mediante preenchimento
● Ministério de Desenvolvimento Rural (MDR); do modelo de relatório semestral incluído no anexo do
Plano. Havendo integrantes que não possam comparecer
● Ministério da Educação e Desporto (MED); pessoalmente, haverá o compromisso de envio do referido
● Ministério das Finanças e do Planeamento (MFP); relatório antes do início da reunião. Para cada reunião
se elaborará uma ata que deverá ser validada e assinada
● Ministério da Juventude, Emprego e Desenvolvimento por todos os presentes e arquivada. As informações serão
dos Recursos Humanos (MJEDRH): Célula utilizadas pelo ICIEG para elaborar um relatório anual
de execução do plano integrado de Educação, que servirá como contribuição ao relatório anual do DECRP III
Formação e Emprego, Direção Geral do Trabalho e que será partilhado com o Conselho de Ministros.
e do Emprego (DGTE) e Direção Geral da
Solidariedade Social (DGSS) Para além disso está prevista uma revisão a meio percurso
e uma avaliação final. A avaliação a meio percurso será
● Ministério da Saúde; realizada em meados do segundo ano de implementação
● Ministério do Turismo, Investimentos e Desenvolvimento do presente plano, com base nos relatórios semestrais
Empresarial (MTIDE); e também por meio de inquéritos e/ou questionários
internos a cada sector, bem como externos, junto aos
● Organizações da sociedade civil promotoras da parceiros e às/aos beneficiárias/os através das visitas de
igualdade de género; seguimento. Por fim, a avaliação final, deve ser externa e
● Rede de Mulheres Parlamentares (RMP-CV); realizada com base nos documentos mencionados e de um
inquérito quantitativo e qualitativo junto aos parceiros
● Secretaria de Estado de Administração Pública (SEAP)/ envolvidos na implementação do Plano. A avaliação final
Direção Geral da Administração Pública (DGAP); será apresentada no Conselho de Ministros e deverá ser
● Unidade de implementação do programa POSER; disponibilizada aos sectores públicos, às organizações da
sociedade civil e aos meios de comunicação social.
● Unidade de Coordenação da Reforma de Estado (UCRE);
A continuação se apresenta as matrizes de seguimento
A função do Comité é de dar seguimento às medidas e avaliação incluindo os resultados e indicadores, bem
acordadas para a implementação do Plano, monitorizar como as respetivas linhas base e fontes de verificação
os avanços nos resultados e promover a igualdade de para a recolha de dados.
4.1. Matriz de seguimento e avaliação dos Impactos
4.3 Melhoradas as condições para mudar 4.3a Número de medidas implementadas Propostas incluídas no estudo dos
às dinâmicas sociais e a descriminação para melhorar o acesso das mulheres estereótipos de género e dinâmicas
que bloqueiam o acesso das mulheres, ao ao emprego digno e mudar a sua 0 2014 sociais que impedem o acesso das
emprego digno. discriminação mo mundo laboral. mulheres ao emprego (Atividade
do PNIG)
4.4 Aumentado o apoio às mulheres rurais 4.4a Medidas de apoio as mulheres rurais Relatórios anuais dos programas
e periurbanas no âmbito dos programas e periurbanas nos programas de de luta contra a pobreza e da
de luta contra a pobreza e melhoraria da luta contra a pobreza e da segurança segurança alimentar
0 2014
segurança alimentar para a melhoria das alimentar que visam melhorar seu acesso
condições de vida desde uma perspetiva de à terra, à água, ao crédito e ao apoio
género. técnico e formação.
Economia Reprodutiva
5.1 Um maior número de dados/estudos 5.1a Número de dados/estudos que Site do INE
1
evidenciam a contribuição do trabalho não evidenciam a contribuição do trabalho Documentos de estudos sobre
(Relatório uso do 2014
remunerado das mulheres para a economia não remunerado das mulheres para a a contribuição do trabalho não
tempo 2012)
e bem-estar economia e bem-estar. remunerado das mulheres
5.2 Aumentada a compreensão da dimensão 5.2a Existência da dimensão da pobreza de Relatório do inquérito IDRF
de pobreza de tempo como elemento que tempo na metodologia de calculo da (Despesas e rendimentos
Não 2014
dificulta o acesso ao trabalho remunerado e pobreza. familiares)
as suas ligações à pobreza. Dados de pobreza publicados
5.3 Medidas que contribuem para a redução 5.3a Número de medidas que contribuem Relatórios dos programas de luta
do tempo e esforço gasto nas tarefas para a redução do tempo e esforço gasto contra a pobreza, infraestruturas
domésticas e de cuidados são criadas e nas tarefas domésticas e de cuidados de saneamento básico, de energia,
implementadas. implementadas nos programas de luta na política integral de apoio a
0 2014
contra a pobreza, infraestruturas de pequena infância.
saneamento básico, de energia, na
política integral de apoio a pequena
infância, entre outros.
5.4 Incrementar as medidas de apoio 5.4a Número de medidas de apoio disponíveis 0 Relatórios dos programas da DGSS/
disponíveis para os agregados para os agregados monoparentais em MJEDRH (apoio à reabilitação
monoparentais em situação de pobreza situação de pobreza que facilitem a habitacional, à terceira idade, AGR
2014
que facilitem a conciliação entre o trabalho conciliação entre o trabalho produtivo e para mulheres chefes de família,
produtivo e reprodutivo. reprodutivo. programa de transferência de renda
(entre outros)
6.1 Incrementada a participação das mulheres 6.1a % de mulheres candidatas em posição Legislativas 2011 Listas publicadas pela CNE
nos órgãos de decisão eletivos nas próximas elegível nas listas para as próximas – Candidatos/as
eleições nacionais e autárquicas. eleições legislativas e autárquicas. efectivos/as
T:239; M: 61; H:178
M:25,5% - H:74,5%
2014
Municipais 2012 –
Candidatos/as
efectivos/as
T:327; M:95; H:232
M: 29,1% - H:70,9%
6.2 Incrementada a participação das mulheres 6.2a % de mulheres em cargos de tomada de 35% (2013) Site do INE
nos cargos de tomar de decisão na decisão na administração pública. 2014 Dados do inquérito de emprego
administração pública. do INE
6.3 Aumentada a participação das mulheres 6.3a % de mulheres nos cargos de decisão dos 37/135 = 27,4% Dados das direções dos partidos
nos cargos de decisão dos partidos políticos. partidos políticos. (Vice-Presidentes, políticos
membros da
Comissão Política 2014
Nacional e do
Conselho/Direção
Nacional)4
6.4 Maior contribuição da comunicação social 6.4a Número de medidas implementadas Relatório do Trust Fund
para a criação de um ambiente favorável pelos meios de comunicação social Ficha de informação a
à participação paritária de mulheres e para favorecer a igualdade de género 0 2014 implementar com os órgãos de
homens na política. e eliminar os estereótipos sexistas ou comunicação social
discriminatórios.
I SÉRIE — NO 20 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE MARÇO DE 2016 689
7.1 A produção estatística permite uma análise mais 7.1a Site do INE
aprofundada e maior divulgação da situação Número de analises que permitem um conhecimento
de género em Cabo Verde e o desenvolvimento mais aprofundado dos grupos específicos de mulheres
de pesquisa, operacional e académica, em (e.g. mulheres com deficiência, mulheres rurais,
0 2014
particular em relação a indicadores económicos, pobreza).
à caracterização da situação de grupos específicos
de mulheres (e.g. mulheres com deficiência,
mulheres rurais, pobreza).
7.2 Maior institucionalização da abordagem 7.2a Número de instrumentos e medidas que 1 (Manual Relatório anual de ICIEG
de género nos processo de planificação e prometem a inclusão da abordagem de género metodológico para a Normativa orçamental e diretrizes anuais
2014
orçamentação. nos processo de planificação e orçamentação. integração do género na CI-GOV e listado dos classificadores
planificação sectorial) orçamentários
7.3 Maior visibilidade das ligações entre as 7.3a Evidencia da inclusão da abordagem de género Relatórios dos eventos de reflexão
questões de igualdade de género e as políticas nas reflexões sobre agenda de desenvolvimento, sobre agenda de desenvolvimento
macroeconómicas e o desenvolvimento em Cabo as políticas macroeconómicas, de redução 0 2014 Documentos estratégicos da agenda
Verde. da pobreza, emprego, comércio, fiscalidade, económica e desenvolvimento do pais
orçamento, etc.
7.4 ICIEG com maior capacidade institucional de 7.4a Quantidade de recursos humanos e financeiros *5 Pessoal técnico Orçamento do Estado
atuação e coordenação visando a promoção da disponibilizados para o ICIEG. superior + 1 Presidente Relatório do ICIEG
igualdade de género. *Orçamento de
funcionamento: 12.114
contos CV
*Orçamento de 2014
investimento do estado:
4.500 contos CV
*Parceiros
internacionais 13.077
contos CV
7.5 Melhoramento do quadro legal e regulamentar 7.5a Número de medidas legislativas e 3 2014 Observatório de Igualdade de Género/
cabo-verdiano para integrar os direitos humanos regulamentares aprovadas em áreas chave para (Comunicação Social, SNIG - Pontos Focais no âmbito do
das mulheres e promover a igualdade de género. promover os direitos humanos das mulheres e MED, MAHOT) Comité Técnico Alargado (CTA) para a
a igualdade de género. elaboração do PNIG
previstos de implementação, resultando um montante total nos orçamentos das respectivas entidades como recursos
de 184.950 contos para os 4 anos (28,5% a ser implementado para a implementação das medidas do PNIG) e 29% a
no primeiro ano; 30,4% no segundo, 23,3% no terceiro e conseguir através dos parceiros internacionais
18,1% no quarto e último ano).
A seguir encontra-se o detalhe de cada uma das medidas
TOTAL 2005 2016 2017 2018 e a sua estimativa orçamental.
Saúde 7.726.000 3.165.000 1.556.000 3.005.000 0
DSR 17.273.000 2.180.000 8.241.000 3.426.000 3.426.000
Educação 4.604.000 1.556.000 1.626.000 1.026.000 396.000
Economia Produtiva 26.533.000 11.719.000 8.768.000 2.728.000 3.318.000
Economia Reprodutiva 19.492.000 5.008.000 6.901.000 5.277.000 2.306.000
Participação na
tomada de decisões 5.246.000 2.052.000 2.041.000 1.153.000 0
Reforço Institucional para
abordagem de género 104.076.601 26.561.534 27.022.689 26.498.689 23.993.689
TOTAL 184.950.601 52.241.534 56.155.689 43.113.689 33.439.689
100% 28,5% 30,4% 23,3% 18,1%
2.1.2 Reforçar dentro do Programa de Saúde 2015-2018 MS Assistência técnica 1.584.000 F18.- Prestação dos cuidados de
Reprodutiva linhas de atuação de atenção (Acompanhamento) saúde na rede de atenção primaria.
às demandas de homens e mulheres e 1/2 tempo (Envolvida
grupos específicos em relação à SSR. também nas medidas
2.2.1 e 2.4.1)
2.1.3 Capacitar em matéria de género e outras 2015 MS Atelier Nacional (3 dias) 660.000 I11.- Desenvolvimento dos recursos
áreas identificadas no diagnóstico dos/ humanos de saúde
as tomadores de decisão e técnicos/as
prestadores/as de serviços. Facilitador/a 75.000
2.1.4 Desenvolver campanhas para a promoção 2016 MS Estratégia de advocacia 3.030.000 F18.- Prestação dos cuidados de
da procura dos serviços de SSR por parte (incluindo media) saúde na rede de atenção primaria.
dos diferentes grupos.
2.2.1 Elaborar uma avaliação do impacto das 2015-2018 CHGOV/ Estudo quantitativo e 1.500.000 F20.- Reforço da luta contra sida.
estratégias de promoção da saúde no CCS-SIDA qualitativo
contexto do combate às IST/VIH/SIDA,
que inclua uma análise de género das Publicação 250.000
dinâmicas subjacentes aos comportamentos Assistência técnica (Rúbrica
de risco dos grupos prioritários (Acompanhamento) orçamentada na
identificados pelo Plano Nacional 1/2 tempo - 2.1.2)
de combate ao VIH-SIDA e elaborar
estratégias de intervenção que visam as
mudanças de comportamento, a serem
integradas na planificação do combate ao
VIH-SIDA.
2.3.1 Mapear instituições e organizações 2016 MS Assistência técnica 400.000 F18.- Prestação dos cuidados de
com trabalho a nível comunitário e especializada saúde na rede de atenção primaria.
promover reflexão sobre a abordagem da
sensibilização/CMC (comunicação para a
mudança de comportamento) que permita
o desenvolvimento de uma abordagem mais
eficaz (positiva ).
2.3.2 Identificar áreas geográficas para 2016 MS Atelier nacional (2 dias) 520.000 I11.- Desenvolvimento dos recursos
implementação piloto e capacitar técnicos humanos de saúde.
das instituições envolvidas e das lideranças
comunitárias na abordagem de género da
sexualidade a nível comunitário, numa
lógica de formação de formadores. Atelier local (2 dias) 645.000
2.4.1 Elaborar um estudo acerca dos fatores de 2016-2018 MS Estudo quantitativo e 1.500.000 F15.- Participação e representação
risco para a gravidez na adolescência e qualitativo dos jovens.
dinâmicas sociais subjacentes e elaborar F22.- Melhoria das condições das
propostas de atuação. Assistência técnica (Rúbrica crianças e adolescentes
(Acompanhamento) orçamentada na
1/2 tempo - 2.1.2)
2.4.2 Apoiar campanhas/programas de 2016-2018 MS Estratégia de advocacia 6.060.000 F15.- Participação e representação
prevenção da gravidez na adolescência. (incluindo media) dos jovens.
F18.- Prestação dos cuidados de
saúde na rede de atenção primaria.
Subtotal Eixo Direitos Sexuais e Reprodutivos 17.273.000
692 I SÉRIE — NO 20 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE MARÇO DE 2016
4.3.1 Elaborar uma análise dos estereótipos de 2015 MJEDRH/IEFP Estudo quantitativo e 1.500.000 F14.- Promoção do emprego e
género e dinâmicas sociais, incluindo de qualitativo formação profissional
descriminação na contratação, que impedem
Publicação 250.000
o acesso das mulheres ao emprego.
Evento de apresentação 91.000
(Atelier local 30
participantes) 1 dia
4.3.2 Desenhar e implementar campanha de 2018 MJEDRH/IEFP Estratégia de advocacia 1.530.000 F42.- Melhoria das condições de
sensibilização orientadas aos empregadores (com media sem spot) trabalho e das relações entre os
com enfoque na redução dos estereótipos de parceiros sociais
género no mundo laboral. Assistência técnica (Rúbrica já
(Acompanhamento) orçamentada na
4.1.1)
4.3.3 Promover ações para potenciar as 2016-2018 MJEDRH/IEFP Assistência técnica (Rúbrica já F42.- Melhoria das condições de
condiciones de emprego digno e dar a (Acompanhamento) orçamentada na 4.1.1) trabalho e das relações entre os
conhecer os direitos gerais e específicos parceiros sociais.
das mulheres no âmbito do laboral, Estratégia de advocacia 3.030.000 F32.- Proteção dos direitos dos
particularmente as jovens e as empregadas (com media) para cidadãos
domésticas, tomando em conta tanto o promover a inserção no
sector formal como informal. INPS. Sensibilizar aos
sindicatos, associações
empresariais
4.4.2 Apoiar a realização de diagnósticos de 2015-2017 MJEDRH/ Estudo qualitativo 4.000.000 I27.- Acesso aos pobres dos serviços
género nas zonas de intervenção do POSER sociais de base e ao rendimento -
POSER com vista a informar medidas Programa POSER.
de empoderamento socioeconómico das
mulheres rurais.
4.4.3 Analisar os constrangimentos de género 2015-2018 MDR Assistência técnica (Rúbrica F11.- Promoção do direito a
na agricultura, tendo em conta a sua (Acompanhamento) orçamentada na alimentação e acesso aos serviços
importância no contexto da segurança 1/2 tempo 4.4.1) sociais.
alimentar e implementação de medidas de F2 Melhoria do agro-negócio e das
Estudo quantitativo 400.000
apoio no quadro dos programas em curso fileiras agropecuárias.
(sem inquérito)
(bacias hidrográficas, agronegócios, etc.). I1 Mobilização de água e ordenamento
das bacias hidrográficas.
4.4.4 Criar uma linha especial dentro do fundo 2015-2018 MAHOT/ Assistência técnica 2.400.000 F22 Consolidação e requalificação
de ambiente para projetos que visem DGA especializada (1/2 ambiental
ao desenho de alternativas económicas tempo) Fundo do ambiente do DGA
para as mulheres que não impliquem a procedente da taxa ecológica
exploração insustentável dos recursos (719 milhões no OE 2015)
naturais (reconversão de atividades tais Parceiros Internacionais
como a apanha de areia, etc.).
Subtotal Eixo Economia produtiva 26.533.000
694 I SÉRIE — NO 20 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE MARÇO DE 2016
5.2.1 Apoiar a aplicação da dimensão da pobreza 2016 MFP/INE Assistência técnica (Rúbrica orçamentada F9 Melhoria do sistema estatístico
de tempo ao cálculo da pobreza. especializada na 5.1.1) nacional
Assistência técnica 1.049.000
especializada
Internacional 21 dias
5.3.1 Desenvolver medidas de sensibilização em 2016-2018 MDR Campanha com media 4.590.000 I1 Mobilização de água e
relação a partilha das tarefas domésticas sem spot ordenamento das bacias
principalmente nas áreas rurais, como hidrográficas
parte dos programas de formação e I27.- Acesso aos pobres dos serviços
sensibilização de género das atividades de sociais de base e ao rendimento.
terreno (MDR, POSER).
5.3.2 Implementação de atividades no fundo de 2015-2016 MAHOT/ Estudo quantitativo 400.000 MCA
acesso social com vistas a melhoria das ANAS (sem inquérito)
infraestruturas de saneamento básico
Assistência técnica 4.800.000 MCA
contribuam para que elas contribuam a
Especializada
redução do esforço e do tempo dedicado as
(Equipa MCA)
tarefas domésticas.
5.3.3 Implementar a estratégia de Energias 2015-2018 MTIDE Assistência técnica 1.584.000 I6 Infraestruturas de promoção
Domesticas do PNED em relação a energia (Acompanhamento) armazenamento e distribuição de
para cocção de forma sustentável e estudar (1/2 tempo) energia
outras formas das infraestruturas de energia I7 Promoção do uso de energia
contribuírem para a redução do esforço e do alternativa e eficiência energética
tempo dedicado as tarefas domesticas
5.3.4 Elaborar cenários para fortalecer e ampliar 2017-2018 MAPM/ Estudo quantitativo e 1.500.000 I15 Reforço da igualdade e
as infraestruturas e os serviços para apoio ICIEG qualitativo equidade de género.
ao cuidado das crianças e das pessoas com F22 Melhoria das condições de vida
Evento de apresentação 380.000
necessidades de cuidados especiais com das crianças e adolescentes.
(Atelier nacional 30
vista à elaboração de uma estratégia. F5.- Ação social e escolar
participantes) 1 dia
Parceiros Internacionais
5.4.1 Estabelecer um grupo de trabalho 2015-2018 MESCI/ Atelier nacional (30 1.140.000 I15 Reforço da igualdade e
interministerial para a elaboração de um UNICV participantes) 1 dia equidade de género.
quadro conceptual para as políticas de F4 Promoção e reabilitação da
inclusão social no âmbito das políticas habitação de interesse social.
socioeconómicas, que tenha em conta a F22 Melhoria das condições de vida
conciliação entre o trabalho produtivo e das crianças e adolescentes.
reprodutivo I27 Aceso aos pobres dos serviços
sociais de base e ao rendimento.
Parceiros Internacionais.
5.4.2 Analisar os programas de apoio social 2015-2016 MJEDRH Assistência técnica 792.000 ‘F41.-Garantia do acesso a todos
priorizados e propor/ acompanhar a (Acompanhamento) os grupos sociais e profissionais a
implementação de medidas para que os (1/2 tempo) proteção social.
mesmo incluam ações que facilitem a F22 Melhoria das condições de vida
conciliação entre o trabalho produtivo das crianças e adolescentes.
e reprodutivo, particularmente para as I27 Aceso aos pobres dos serviços
famílias chefiadas por mulheres sociais de base e ao rendimento.
I8.- Promoção e reabilitação da
habitação de interesse social.
Subtotal Eixo Economia produtiva 19.492.000
I SÉRIE — NO 20 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE MARÇO DE 2016 695
6.2.1 Promover mecanismos legais e 2015-2018 RMP-CV Assistência técnica (Rúbrica F25.- Promoção da legalidade
administrativos que assegurem a especializada jurídica orçamentada na democrática do interesse publico e
participação das mulheres em cargos de 7.5.1). da ação penal.
tomada de decisão.
6.2.2 Sensibilizar os decisores e as instituições 2017 CHGOV/ Estudo quantitativo 400.000
para a importância de implementar as UCRE & DGAP (sem inquérito).
medidas que assegurem a participação das
mulheres em cargos de tomada de decisão Atelier nacional 571.000
(30 participantes) 2
dias + 1 palestrante
internacional
6.2.3 Reforçar os conhecimentos das 2016-2017 CHGOV/ Atelier local (30 273.000
mulheres sobre a participação UCRE & DGAP participantes) 1 dia
nos cargos de tomada de decisão
Material divulgativo 80.000
na administração pública exercício e a
- Folheto (500
aplicação da lei de paridade (caso de ser
exemplares)
aprovada)
6.3.1 Integrar a paridade de género nos 2015-2016 Organização Assistência técnica (Rúbrica F20.-Desenvolvimento das
critérios de seleção de candidatos para os de Mulheres especializada jurídica orçamentada na atividades de gestão das finanças
cargos dirigentes dos partidos políticos dos Partidos 7.5.1) publicas.
(regulamento) e adopção de medidas Políticos
facilitadoras da participação das mulheres
(horários, etc.)
6.3.2 Sensibilizar aos militantes de base e 2015-2016 Organização de Campanha sem media 630.000 F20.-Desenvolvimento das
dirigentes para apoiar medidas que mulheres dos atividades de gestão das finanças
permitam incrementar a participação partidos políticos publicas.
das mulheres nos cargos de decisão dos
partidos políticos.
6.4.1 Adotar medidas para que os meios de 2015-2018 MAPM/ Orçamentado no F8.- Melhoria da comunicação
comunicação social favoreçam a igualdade Direção de PNVBG social.
de género, eliminando os estereótipos órgãos de CS
sexistas ou discriminatórios (adaptado de
PNVBG 1.7)
6.4.2 Adotar uma agenda de comunicação social 2015-2018 MAPM/ Assistência técnica (Rúbrica
para promover a igualdade de género Direção de acompanhamento orçamentada na
e participação paritária das mulheres órgãos de CS 7.2.4)
nos processos eleitorais e reforço das
Assistência técnica 600.000 F8.- Melhoria da comunicação
capacidades dos jornalistas para o efeito.
especializada (1/2 tempo) social.
Subtotal Participação política e nas esferas de tomada de decisão 5.246.000
Eixo: Reforço institucional para a integração da abordagem de género nas políticas públicas
7.1.1 Produzir e divulgar dados em falta, 2015-2018 MFP/INE Assistência técnica (Rúbrica F9 Melhoria do sistema estatístico
sobre a situação de homens e mulheres (acompanhamento - 1/2 orçamentada na nacional
em particular no que diz respeito ao tempo) 7.1.5) Parceiros Internacionais
domínio económico, tais como o acesso ao
crédito e aos serviços de micro-finanças,
Atelier local (30 1.140.000
desigualdade salarial, propriedade
participantes) 1 dia
da terra, entre outros), incluindo as
(reunião BCCV, INE e
informações sobre o sector informal.
ICIEG)
696 I SÉRIE — NO 20 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE MARÇO DE 2016
7.2.6 Apoiar a integração de indicadores 2015-2016 MFP Assistência técnica (Rúbrica já F5 Reforço das competências
desagregado pelo sexo e indicadores especializada orçamentada na técnicas do MFP
de género nos quadros lógicos dos 7.2.3) F10 - Promoção da excelência
programas do DECRP III (revisão a meio e transparência na gestão das
percurso) e acompanhar a integração da finanças publicas.
abordagem de género na sua avaliação F20 Desenvolvimento das
final e na formulação do novo plano de atividades de gestão das finanças
desenvolvimento estratégico. publicas
Parceiros Internacionais
7.3.1 Capacitar aos decisores, técnicos do 2017 MFP Assistência técnica (Rúbrica já F5 Reforço das competências
sistema de planificação e academia sobre acompanhamento orçamentada na técnicas do MFP
políticas económicas numa perspetiva de 7.2.4)
género (análise económica, análise das
políticas, redução da pobreza, emprego, MODULO GEPMI (15 3.906.000 Parceiros Internacionais
macroeconomia, comércio, fiscalidade, dias em módulos de 2
orçamento). dias) = Atelier Nacional
(2 dias)+ 1 palestrantes
internacionais (3 dias)
cada atelier
7.3.2 Acompanhar a discussão a nível nacional 2015 MFP Assistência técnica (Rúbrica já F5 Reforço das competências
sobre o quadro de desenvolvimento para o acompanhamento orçamentada na técnicas do MFP
pós-2015 (objectivos de desenvolvimento 7.2.4) Parceiros Internacionais
sustentáveis – ODS), apoiar a apropriação
da igualdade de género como uma questão Atelier internacional 1.230.000
de desenvolvimento e sua inserção no (3 dias)
quadro das políticas macro.
7.4.1 Garantir as capacidades técnicas e 2015-2018 MAPM/ Assistência técnica Especialistas F33 – Promoção da Igualdade e
financeiras do mecanismo nacional para a ICIEG (acompanhamento) temáticas Equidade de Género
igualdade de género para o cumprimento orçamentadas ao (14.969.689 orçamentado
do seu mandato na promoção da igualdade longo dos eixos no OE 2015)
de direitos entre mulheres e homens, e a I15 – Reforço da Igualdade e
efetiva e visível participação das mulheres Reuniões de 1.092.000 Equidade de Género
em todos os âmbitos da vida social, acompanhamento y
económica e politica do país. atividades específicas
7.4.2 Elaborar cenários para o desenvolvimento 2015 MAPM/ Assistência técnica 1.049.000 UNFPA & ONU Mulheres
institucional do mecanismo para a ICIEG especializada
igualdade de género no contexto da reforma Internacional 21 dias
da administração pública em curso.
7.4.3 Coordenar e acompanhar a implementação 2015-2018 MAPM/ Assistência técnica 4.800.000 F33 – Promoção da Igualdade e
do PNIG incluindo o plano de seguimento ICIEG (Coordenação do plano) Equidade de Género
e avaliação. I15 – Reforço da Igualdade e
Viagens de seguimento 688.000 Equidade de Género
e acompanhamento Parceiros Internacionais
(3 dias)
7.4.5 Formular um programa para o reforço das 2015-2016 MAPM/ Assistência técnica 1.200.000 I15 – Reforço da Igualdade e
capacidades a nível local para o desenho e ICIEG especializada (1/2 tempo) Equidade de Género
implementação de políticas de igualdade de F7 – Melhoria da descentralização
Atelier local (30 4.620.000
género a nível municipal. Parceiros Internacionais
participantes) 3 dia
7.5.1 Promover a elaboração/revisão/aprovação 2015-2108 Assembleia/ Assistência técnica 3.600.000 F25.- Promoção da legalidade
de medidas legislativas e regulamentares RMP-CV especializada jurídica democrática do interesse publico e
em áreas chave para promover os direitos (Envolvida também nas da ação penal.
humanos das mulheres e a igualdade medidas 6.1.1, 6.1.2, Parceiros Internacionais
de género, tais como a regulamentação 6.2.1, 6.3.1)
da lei VBG, licença de maternidade e
paternidade, princípio de pago igual
por trabalho igual no código laboral,
regulamentação da lei IVG, entre outros.
Subtotal Reforço institucional para a integração da abordagem de género nas políticas públicas 104.076.601
TOTAL PNIG 184.950.601
Efetivos Percentagem
Índice de Ano de
Indicador Fonte
Total Mulheres Homens Total Mulheres Homens paridade5 referência
Efetivos Percentagem
Índice de Ano de
Indicador Fonte
Total Mulheres Homens Total Mulheres Homens paridade referência
58
Seleccionados do Observatório da Igualdade de Género/SNIG. O Observatório da Igualdade de Género, criado conjuntamente pelo ICIEG e INE, compreende um
conjunto de 12 indicadores de base para o seguimento e avaliação da situação de género no país, que espelham 3 esferas fundamentais da autonomia das mulheres:
a autonomia na tomada de decisões, a autonomia física e a económica. Adicionalmente um conjunto de cerca de 100 indicadores constitui o Sistema Nacional de
Indicadores de Género (SNIG), permitindo uma análise mais aprofundada destas 3 esferas. O SNIG tem contem indicadores relevantes a nível nacional, bem como
indicadores acordados a nível internacional para o seguimento da igualdade de género.
I SÉRIE — NO 20 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE MARÇO DE 2016 701
Efetivos Percentagem
Índice de Ano de
Indicador Fonte
Total Mulheres Homens Total Mulheres Homens paridade referência
Efetivos Percentagem
Índice de Ano de
Indicador Fonte
Total Mulheres Homens Total Mulheres Homens paridade referência
Efetivos Percentagem
Índice de Ano de
Indicador Fonte
Total Mulheres Homens Total Mulheres Homens paridade referência
Efetivos Percentagem
Índice de Ano de
Indicador Fonte
Total Mulheres Homens Total Mulheres Homens paridade referência
4.6. Proporção de mulheres (15-49 anos) que declaram ter sofrido violência exercida pelo marido/companheiro nos últimos 12 meses por tipo
de violência
Total - - - - 18,8 - - INE &
Violência física - - - - 15,7 - - 2005 Ministério da
Saúde, IDRS III
Violência psicológica - - - - 14,1 - -
Violência sexual - - - - 3,6 - -
4.7. Percentagem pessoas que
INE &
pensam que nunca se justifica
- - - - 82,7 83,7 0,99 2005 Ministério da
um homem bater na mulher/
Saúde, IDRS III
companheira
4.8. Percentagem pessoas que
pensam que uma mulher pode INE &
negar ter relações sexuais com - - - - 50,4 55,9 0,9 2005 Ministério da
o marido/ companheiro em Saúde, IDRS III
qualquer circunstância
4.9. Proporção da população que se sente insegura quando:
Caminha sozinha no seu bairro
- - - 14,8 19 9,7 0,51
(dia)
Caminha sozinha no seu bairro
- - - 51,6 58,6 43 0,73
(noite)
Fica sozinha na sua casa (dia) - - - 13,1 17,6 7,4 0,42 2013 INE, IMC
Efetivos Percentagem
Índice de Ano de
Indicador Fonte
Total Mulheres Homens Total Mulheres Homens paridade referência
Efetivos Percentagem
Índice de Ano de
Indicador Fonte
Total Mulheres Homens Total Mulheres Homens paridade referência
Efetivos Percentagem
Índice de Ano de
Indicador Fonte
Total Mulheres Homens Total Mulheres Homens paridade referência
Efetivos Percentagem
Índice de Ano de
Indicador Fonte
Total Mulheres Homens Total Mulheres Homens paridade referência
SIM-NÃO
Indicador ou Ano de referência & Fonte Obs.
VALOR
59
Adaptado com base nos indicadores do ADGI - Índice Africano do Género e Desenvolvimento
706 I SÉRIE — NO 20 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE MARÇO DE 2016
SIM-NÃO
Indicador ou Ano de referência & Fonte Obs.
VALOR
9.3. Compromisso do país com a igualdade de género na vida pública e na tomada de decisões
Existência de cotas /outras medidas legais no parlamento Não
Existência de cotas/outras medidas legais a nível dos partidos políticos Legislação em vigor
Não
9.4. Compromisso do país com os direitos das mulheres e das meninas
Existência de reservas ao Art.º16 da CEDAW (igualdade no casamento e
Não
relações familiares)
Discriminação das mulheres e meninas nos direitos de sucessão Não Legislação em vigor
Existência de Leis sobre VBG Lei Especial sobre VBG
Sim Lei 84/VII/2011
Idade mínima legal para contrair matrimónio Sim 16 anos
9.5. Mecanismos institucionais para a igualdade de género
Observatório da Igualdade de Género
Nível hierárquico do mecanismo nacional para a igualdade de género (ICIEG) 215
Nº de instituições/sectores que têm mecanismos promotores da igualdade de 2014
3
género com uma hierarquia ao nível de tomada de decisão16 CTA
Orçamento do mecanismo nacional de igualdade de género (ECV) 29.691.000
Orçamento de funcionamento (ECV) 12.114.000 2013
Orçamento de investimento do estado (ECV) 4.500.000 ICIEG
Parceiros internacionais (ECV) 13.077.000
(Footnotes)
1
Objectivo Geral do IIº Plano Nacional de Combate à Violência Baseada no Género aprovado para o período 2014- 2016
2
Medida através dos dados do relatório estatístico de educação sobre o número de crianças de 0 aos 2 anos inscritas nas instituições pré-escolares
3
Taxa de mortalidade por DCV, Taxa de mortalidade por causas externas, Percentagem de indivíduos de 25-64 anos com sobrepeso, Percentagem de indivíduos
de 25-64 com obesidade) dum total de 39 indicadores dos Subprogramas que são desagregáveis)
4
MpD: Vice-presidente 1/4 (25%); Direção Nacional 8/45 (17,8%); Comissão Política Nacional 4/15 (26,7%) PAICV: Vice-presidente 1/3 (33,3%) ; Conselho Nacional
16/46 (34,8%); Comissão Política Nacional 7/21 (31,8%)
5
O Índice de Paridade (ou Índice da Condição Feminina) é um rácio calculado com base nas recomendações técnicas divulgadas no Índice Africano do Género e
Desenvolvimento, que exprime a relação de proporcionalidade em razão do sexo, e indica o fosso entre a posição dos homens e das mulheres. Calcula-se dividindo o número
absoluto ou percentagem do dado relativo às mulheres pelo dos homens. A escala classificativa do Índice de Paridade vai de 0 a 1: 1 significa igualdade; os valores inferiores
a 1 apontam para uma situação de desigualdade em desfavor das mulheres, enquanto um índice superior a 1 significa que a desigualdade é em desfavor dos homens (devido
a este facto no caso do indicador referenciar uma situação negativa/indesejável, o cálculo inverte-se). Para classificar este rácio, recomenda-se a seguinte escala: Aceitável
(entre 1 e 0,91), Médio (entre 0,90 e 0,81), Baixo (entre 0,80 e 0,61), Muito Baixo (entre 0,60 e 0,41) e Crítico (entre 0,40 e 0).
6
Dado citado no PNVBG (2014-2016), p19 – elaborado com base nos relatórios anuais da Magistratura
7
Dado citado no PNVBG (2014-2016), p20 – elaborado com base nos relatórios anuais da Magistratura
8
Dado citado no PNVBG (2014-2016), p20 – elaborado com base nos relatórios anuais da Magistratura
9
Dado citado no PNVBG (2014-2016), p20 – elaborado com base nos relatórios anuais da Magistratura
10
Media a traves dos dados do relatório estatístico de educação sobre o número de crianças de 0 aos 2 anos inscritas nas instituições pré-escolares
11
Foram considerados os/as Vice-Presidentes, membros da Comissão Política Nacional e do Conselho/Direção Nacional
12
Proporção sem resposta: 5,8%
13
Código laboral considera 2 dias de faltas justificadas para o pai
14
INPS prevê possibilidade do pai receber o subsídio pecuniário (da licença de maternidade) para acompanhar o recém-nascido em caso de morte ou incapacidade
física ou psíquica da mãe
15
O Observatório adoptou os 3 níveis de classificação previstos pela CEPAL: (1) ministério ou entidade cujo titular tem assento ministerial, (2) entidade sob a tutela
da Primatura (escritório vinculado à Primatura, secretarias, institutos ou modalidade afim), (3) entidade dependente de um ministério
16
Níveis de tomada de decisão: Ministro/a, DGPOG, Direção Nacional ou equivalente
2. O horário de funcionamento e de comparência dos A presente Portaria altera o Regulamento Interno a Cadeia
funcionários e trabalhadores dos serviços referidos é das Central da Praia, aprovado pela Portaria nº 54/2009, de 30
08h00 às 13h00. de Novembro
Artigo 2º
Artigo 2.º
Alteração
Exclusão
São alterados os artigos 5º, 19º, 20º, 21º, 22º, 27º, 28º,
Não estão abrangidos pela presente Tolerância de Ponto
31º e 32º do Regulamento Interno da Cadeia Central da
as Forças Armadas, a Polícia Nacional, a Polícia Judiciária,
Praia (CCP), que passam a ter a seguinte alteração
os Estabelecimentos de Saúde, os Agentes Prisionais,
os Guardas, os Vigilantes e os serviços que laborem em Artigo 5º
regime ininterrupto, cuja presença dos funcionários se Complexo nº 1
torne imperiosa, os quais continuam a praticar os mesmos
horários a que se encontram legalmente vinculados. a) (....)
Artigo 3.º i.
Entrada em vigor ii.
A presente Resolução entra em vigor no dia seguinte iii.
ao da sua publicação.
b) (...)
Aprovada em Conselho de Ministros de 10 de c) (...)
março de 2016.
i.
O Primeiro-ministro, José Maria Pereira Neves
ii.
––––––o§o––––––
iii. Com celas destinadas a reclusos em RAVI e
MINISTÉRIO DA JUSTIÇA RAVE
Artigo 19º
––––––
Cartão de visitante
Gabinete do Ministro
1. Com base na lista referida no n.º 2 do artigo anterior,
Portaria nº 14/2016 a Direcção Geral de Gestão Prisonal e Reintegração Social
de 23 de março emite, mediante solicitação do interessado, um cartão de
visitante electrónico de modelo a ser aprovado por despacho
O aumento da população prisional tem implicações
do Director Geral de Gestão Prisional e Reintegração
organizacionais e na complexidade funcional que importa
Social publicitado nos termos do artigo 73º, contendo os
atender e regular. Entre estas implicações tem especial
seguintes dados:
relevo a imperiosa necessidade de criação de um sector da
saúde especialmente destinado ao atendimento, tratamento e a) Na face anterior:
internamento dos reclusos que careçam de cuidados médicos,
i. Entidade emissora;
mas também ao internamento de reclusos que sofram de
quaisquer doenças de foro psiquiátrico. Impõe-se ainda a ii. Número de série;