LUÍS MIGUEL NETO é doutorado em terapia familiar pela Universidade de Massachusetts, U.S.A.,
tendo sido bolseiro da Fulibright. Actualmente é Professor Auxiliar da Faculdade de Psicologia e
Ciências da Educação da Universidade de Lisboa, onde desempenha funções docentes; exerce
funções de coordenação e supervisão clínica no Serviço de Atendimento à Família da referida
Faculdade. E Externai Examiner na Universidade de Luton, Londres. Presta colaboração mensal
em revistas destinadas a pais e professores. É pai de dois filhos.
— Guia para pais e outros educadores Autores: Helena Águeda Marujo, Luís Miguel Neto
e Maria de Fátima Perloiro
Copyright: © Helena Águeda Marujo, Luís Miguel Neto, Maria de Fátima Perloiro e Editorial Presença, Lisboa,
1998
Capa: Sector Gráfico de Editorial Presença Pré-impressão, impressão e acabamento: Multitipo — Artes
Gráficas, Lda.
Reservados todos os direitos para a língua portuguesa à EDITORIAL PRESENÇA Estrada das Palmeiras, 59
Queluz de Baixo
2745-578 BARCARENA Email: info@editpresenca.pt Internet: http://www.editpresenca.pt
ÍNDICE
INTRODUÇÃO............................................................................9
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....165.
INTRODUÇÃO
O sucesso faz hoje parte do nosso vocabulário corrente, tanto quanto das nossas
aspirações. Vivemos do sucesso e para o sucesso. Como mães e pais, desejamos
ardentemente que os nossos filhos sejam bem sucedidos, e se a escola é actualmente
parte tão central das suas vidas, então ansiamos que tenham sucesso escolar.
A educação formal é, cada vez mais, uma necessidade, uma exigência e um elemento
do crescimento ao qual não é possível nem desejável escapar. Se é vital para a
sobrevivência pela possibilidade de aceder a uma carreira profissional e permitir
maior número de oportunidades, é também uma forma de chegar à felicidade, actual
e futura, e a uma equilibrada integração social. Apesar desta relevância, ou até
mesmo por causa dela, a relação dos jovens com o estudo e com a escola é, mais do
que nunca, problemática, tendo-se transformado numa fonte de múltiplas
preocupações para mães e pais.
Este livro vem falar-vos de sucesso escolar apoiado na família. Não de uma visão de
sucesso (apenas) sinónima de ter boas notas e nunca reprovar, mas de uma visão
mais ampla, em que o sucesso é equacionado com gosto de aprender, estar envolvido
na descoberta e exploração do mundo, ter prazer em avançar, saber para onde se
quer ir e porquê, e em que é emparelhado com ser feliz como pessoa, crente em si e
nas suas possibilidades. Falaremos de um sucesso em que os aspectos afectivos são
fulcrais, e em que o bem-estar pessoal está mais alto e é mais nobre que o resultado
final contabilizado na nota que se tem. Presentemente, se uma criança ou jovem não
é bom aluno, então não é boa pessoa. Ter valor é sinónimo de
ter sucesso quantitativo, o qual escarnece de qualquer outro valor. Vimos por isso
trazer luz sobre a forma como as próprias relações de parentalidade, os estilos
educativos e o clima dentro da família dão o substrato emocional que permite aos
vossos filhos e/ou educandos serem alunos e pessoas equilibradas, satisfeitas
consigo, amantes da vida e prontas a dar o seu melhor.
Falaremos de família, também, numa acepção alargada aos novos formatos, e cada
vez que referirmos mães e pais estaremos não só a pensar em progenitores
biológicos, mas também em pais e mães adoptivos, em padrastos e madrastas, em
avós e avôs, em encarregados de educação, em educadores em geral. De igual forma,
em cada utilização da palavra filho, escolhida por conveniência de formato no texto
(apesar de implicar uma decisão «politicamente não correcta»), estaremos também a
pensar em filha, educando ou educanda.
Muito mudou, nos últimos anos, no que toca ao papel dos pais e dos professores na
educação dos mais novos. Das relações de poder às de respeito e cooperação, das
expectativas à complementaridade ou confronto de estilos educacionais, tudo hoje é
diferente, se reformula e busca novos sentidos. Paradoxalmente, a escola tem muitas
vezes vindo a criticar o não envolvimento dos pais, acabando por ter dificuldade em
saber como pedi-lo, aceitá-lo ou estimulá-lo: ora porque os pais e as mães só são
chamados quando há problemas com os filhos ou festas «prontas a consumir», ora
porque recebem como uma ameaça os pais mais críticos e intervenientes. Numa
«bola de neve», em que não se sabe já onde está causa e efeito, a relação foi-se
rigidificando e todos, pais e professores, sentem necessidade de reformular esta
ligação mútua. Os pais querem ser
co-educadores e aceites como tal pêlos professores, e estes querem os pais como
parceiros intervenientes no processo de aprendizagem.
Com este livro vimos convidá-los — a vocês, mães e pais — a serem elementos activos
e informados no sucesso escolar dos vossos filhos. Tentaremos dar uma contribuição
científica sobre como se desenvolvem os comportamentos de motivação e prazer nas
actividades escolares e como podem os pais encorajar os seus filhos a aprender —
sem lágrimas nem lutas desnecessárias, sem gritos nem violências indesejadas — e a
gostar de ser alunos. Vimos desafiá-los a não se limitarem a passar a responsabilidade
educativa para os professores e a assumirem
a relevância que têm na escolarização formal de crianças e jovens. É que, se muitos
supõem ainda que o aluno aprende desde que o professor explique, que basta
trabalhar para assimilar conteúdos, e que o centro do conhecimento é a memorização
e a repetição mecânica, a ciência mostra que a aprendizagem se faz de outras
maneiras. Os aspectos afectivos, sociais e motivacionais são tão ou mais importantes
do que as competências cognitivas ou de estudo, e só uma equilibrada integração de
todos eles pode levar ao sucesso.
A si, mãe e pai, vamos demonstrar-lhes como podem tornar-se parceiros dos
professores na construção e manutenção de seres humanos satisfeitos, crentes na sua
própria pessoa, pensadores criativos e trabalhadores autónomos.
pais!
Vai ser um prazer tê-lo, a si, por companheiro/a nesta viagem que preparámos pelo
universo da Educação com Entusiasmo. O seu filho pode ser, ao seu ritmo e à sua
maneira, uma estrela brilhante no céu escolar, e aqui estamos nós, como ajudantes
de astronautas, para o auxiliar a cruzar a imensidão desta galáxia.
1 DESENVOLVER AS POTENCIALIDADES DO SEU FILHO
Alguns dos nossos filhos estudam impelidos por motivos passageiros, superficiais,
secundários e extrínsecos (querer ganhar ao colega, fugir à punição dos pais ou
conseguir os patins em linha). Mas se bem que, na maior parte das vezes, é por aí que
começa a motivação — este tipo de motivos muitas vezes é típico das crianças mais
novas — ela deve avançar até ao ponto em que o aluno estuda por razões intrínsecas
e projectadas no futuro. Assim, o jovem passará a estudar para poder ter a profissão
de técnico de computador ou de professor de educação física, ou para se sentir bem
consigo mesmo pelo facto de ter dado o melhor e conseguido o que — para si, e de
acordo com as suas capacidades — considera ser um belíssimo resultado. Este último
tipo de motivação implica já o estabelecimento de objectivos pessoais e a
responsabilização pela própria aprendizagem, e traz consigo, frequentemente, uma
tomada de consciência dos processos em jogo e dos factores responsáveis pêlos
sucessos e fracassos, a escolha de estratégias apropriadas às características pessoais
e à tarefa de aprendizagem e a avaliação da sua adequabilidade. Esta é a meta de
qualquer educador. Os alunos que não sabem porque têm êxito ou insucesso escolar
manifestam orientações motivacionais muito mais extrínsecas, sendo que os alunos
conscientes e conhecedores das razões das suas boas notas têm motivações muito
mais intrínsecas e sentem-se responsáveis pelo seu desempenho.
Os pais e as mães devem começar por lembrar que a motivação e o gosto se treinam.
Pode aprender-se a gostar. Este lado positivo deverá ser um sinal de esperança para
os pais mais desanimados que não sabem como fazer os filhos ter interesse e
empenharem-se na vida escolar. Aqui ficam algumas pistas que serão completadas ao
longo da leitura deste livro:
4. Tenha uma imagem clara — e ajude o seu filho também a tê-la — das razões dessa
desmotivação. Será mais fácil, ao torná-las concretas e palpáveis, resolvê-las e
superá-las.
O que é a auto-estima
O seu filho tem uma imagem de si próprio que vai sendo construída à medida que se
desenvolve. Essa imagem denomina-se autoconceito. Quando ele gosta da imagem
que tem de si mesmo, se atribui valor e competências e tem sentimentos positivos em
relação à sua pessoa, então tem uma auto-estima positiva.
Ter uma auto-estima positiva significa, assim, apreciar-se e ter confiança em si próprio
e nas suas capacidades, gostar de ser quem é e ter orgulho em si. Habitualmente,
quando gostamos de nós acreditamos que somos competentes, que temos
possibilidades e virtudes.
No entanto, a auto-estima não é uma qualidade de tudo ou nada. O seu filho pode ter
uma auto-estima positiva em relação a algumas das suas características pessoais (por
exemplo, «Sou um bom jogador de futebol») e uma auto-estima negativa em relação a
outras (por exemplo, «Sou um péssimo cantor»).
Quando mostra por palavras e acções que ama o seu filho, que gosta dele da forma
como ele é, que tem tempo para ouvir o que ele diz, que aceita os seus pequenos
erros e imperfeições, que admira as coisas de que vai sendo capaz, está a
desenvolver nele, progressivamente, uma auto-estima positiva. Se costuma dizer-lhe
«És muito meiguinho», «Tens muito jeito para fazer desenhos», «És bom a fazer
amigos», está a assinalar as coisas que ele faz bem e a valorizar os seus aspectos
melhores.
Pelo contrário, se quando falamos com os nossos filhos sobre eles costumamos dizer
«Tu não fazes nada bem», «És um preguiçoso», «Pareces parvo!» não estamos a
contribuir para o desenvolvimento de uma percepção positiva e competente de si
mesmo, porque os nossos filhos irão acreditar nas nossas palavras e tomá-las pelo seu
valor facial — ainda que para o adulto elas correspondam a uma pontual «perda de
calma».
A auto-estima dos filhos é, portanto, moldada pela forma como as pessoas que lhe são
significativas se relacionam com eles, desde os primeiros tempos de vida.
1. Sou um bom aluno? Sou um bom desportista? Sou um bom filho? Sou um bom
colega e amigo?
2. Os outros valorizam as minhas opiniões? Os meus colegas dão atenção àquilo que
proponho? Os meus pais, amigos e professores gostam de ouvir o que eu tenho para
dizer?
Qualquer criança e jovem gosta de ter sucesso na forma como influencia os outros e
aprecia levá-los a aderir às suas ideias e desejos. Se o contexto familiar ou escolar lhe
é receptivo, terá maiores hipóteses de se sentir bem consigo e a sua vida.
3. Sou uma boa pessoa? Costumo fazer o que está correcto? Sou justo com os meus
colegas?
4. As outras pessoas gostam de mim? Tenho amigos? Consigo ter uma namorado/a?
5. O que é mais importante para mim? Ser um bom aluno? Um bom desportista? Uma
pessoa sociável e com muitos amigos? Sou bom naquilo que para mim é mais
importante?
Como pode ajudar o seu filho a gostar de si mesmo e a acreditar nas suas
competências?
Pode ajudar o seu filho a gostar de si mesmo seguindo a estratégia dos quatro Cês:
Carinho, Controlo, Competência e Confiança.
1. Carinho/Aceitação
2. Controlo
3. Competências
• Pensa que o seu filho deve retirar da experiência escolar não apenas uma colecção
interminável de conteúdos a debitar por escrito ou oralmente em ocasiões específicas,
mas, sobretudo, uma atitude racional, independente e pragmática perante os
acontecimentos da vida.
• Advoga uma disposição optimista, bem-humorada e criativa em relação à vida e
julga que isso é o melhor que lhe pode legar.
• Deu-se conta de algumas observações mais desesperançadas por parte do seu filho
que insiste em fazer parte do clube de niilistas militantes, muito popular lá na escola;
simultaneamente pensa que é da sua responsabilidade que ele saiba encontrar
alternativas de pensamento e acção.
• Observou que a sua maneira pessoal de explicar os pontos altos e baixos da sua
própria vida deveria ser mais edificante e mobilizadora.
• Reparou que existe uma relação muito óbvia entre o seu estilo explicativo pessoal e
o daqueles que estão na sua dependência, isto é, que o seu optimismo é gerador de
optimismo à sua volta, mas que o recíproco também é verdadeiro... em especial para
os mais novos que imitam e amplificam os seus sentimentos de desesperança ou
pessimismo.
• Quando vê uma garrafa meio cheia — de sumo, claro — surpreende-se a afirmar que
ela está quase... meio vazia.
Que o mundo e a vida de toda a gente incluem em si próprios coisas boas e coisas
menos boas, pontos mais altos e pontos menos altos, momentos de esperança e de
desesperança, não é novidade para ninguém. Porém, como se tem vindo a verificar
uma crescente sensação de insatisfação generalizada apesar dos avanços de ordem
tecnológica e mesmo económica, tem vindo a ganhar cada vez mais força a ideia de
procurar na forma como as pessoas explicam o que lhes acontece o fundamento da
diferença na maneira de estar na vida. Separam-se, assim, os invulneráveis à
depressão da generalidade dos seres humanos. Tem vindo a concluir-se que o melhor
vendedor — e o melhor vencedor — não é o mais qualificado ou capacitado, mas
aquele/a que encontra em si as forças para não desistir nunca perante as
adversidades e contrariedades da vida (e das vendas). Talvez que a conclusão mais
consequente da Psicologia do século XX seja a de que não apenas o que pensamos
induz o que fazemos — até certo ponto somos o que pensamos/decidimos ser —, mas
também que, a uma pessoa possuidora de um estilo de pensamento mais optimista as
coisas têm tendência a correr melhor (inclusivamente, é-lhe mais favorável a
recuperação ou mesmo a invulnerabilidade face às doenças). Um pouco como
naquelas situações em que o sucesso traz sucesso, a riqueza traz riqueza e o bem-
estar traz mais bem-estar. Enfim, um círculo virtuoso. Ao invés, uma pessoa
pessimista tende não apenas a confirmar as suas piores expectativas e antecipações,
como ainda a encontrar situações mais infernais do que anteriormente julgava ser
possível: um círculo vicioso. Felizmente que nos dois casos há excepções.
Como é composto o estilo explicativo de cada pessoa?
Foram identificadas seis dimensões que são agrupadas duas a duas e que constituem
uma espécie de «rede» que define a maneira como cada pessoa «apanha» os
acontecimentos da sua experiência e da vida em geral. Importa vermos mais em
detalhe as tais seis dimensões de categorização dos acontecimentos:
Ao agrupar estas dimensões duas a duas, por exemplo, permanente versus transitório,
global versus específico, pessoal versus global, cria-se uma matriz em que se pode
localizar qualquer acontecimento da vida pessoal, social ou circundante.
Vejamos alguns exemplos do tal «monólogo interior» — aquilo que cada um se diz a si
próprio perante diferentes acontecimentos (isto é, positivos ou negativos segundo a
própria pessoa), mas distinguindo uma maneira pessimista e outra optimista de «ver».
Assim, se a criançajovem se transferiu para uma escola diferente e após algum tempo
ainda não tem amigos poderá dizer de si para si «não vou nunca ter amigos na
XXX (expletivo não imprimível) desta escola!» A permanência, isto é, a qualidade da
experiência induzida pela expressão «Não vou nunca» é característica do pensamento
pessimista face a contrariedades. Ou seja, a capacidade de acção do sujeito para
modificar a situação indesejável é minimizada pelo próprio. Agora, imagine por favor
um pensamento que, ao invés do referido, maximize as possibilidades do sujeito em
modificar a situação indesejável. Já pensou? Muito bem. Então por favor escreva-o no
espaço em baixo:
Isso mesmo, é com certeza qualquer elocução que realça o carácter transitório da
situação, do tipo «É necessário algum tempo para fazer amigos quando se muda de
escola». Reparou como a disposição induzida pelas duas frases é diferente?
Muito bem. Na boca de uma criança seria qualquer coisa como: «O pai brincou comigo
(acontecimento positivo) porque nos divertimos sempre muito a brincar (classificação
do acontecimento como permanente).»
No que respeita ao segundo ingrediente do estilo explicativo (globalidade
versus especificidade) as coisas passam-se de forma idêntica. Perante um
acontecimento negativo um estilo pessimista acentuará o carácter global da
causa implícita. Observemos um exemplo da vida relacional: «Ninguém gosta
de mim.» Ao invés, um acontecimento que acentua o carácter específico da
causa de um acontecimento negativo «O Xavier não gosta de mim» toma
mais próximo e provável o optimismo e uma linha de acção apropriada.
A. «Tomás, hoje estás a portar-te mal e eu não gosto disso!» Faça o favor de escrever
as alterações devidas para os exemplos B e C:
B. _________________________________
C._________________________________
Nos exemplos seguintes pretende-se tomar evidente a diferença entre o
carácter global versus específico da reprimenda.
D.
E.
J. _—————————————————
A forma como o seu filho compreende as causas dos seus próprios sucessos e
insucessos na escola determina em grande parte a sua auto-estima, levando-o a
sentir-se competente ou incompetente, capaz ou incapaz de os enfrentar no futuro.
Entender a razão dos bons resultados e atribuí-los à capacidade pessoal é fulcral para
uma imagem positiva de si mesmo e para ter motivação, bem validada, para os
repetir. Em contrapartida, explicar os seus insucessos e maus resultados na escola
devido a. falta de capacidade, redunda em desvalorização pessoal e descrédito nas
suas possibilidades pessoais. Sabendo que quanto mais competente o seu filho se vir,
mais estará capaz para se responsabilizar pelas actividades escolares («Se eu sei que
sou esperto e que sou capaz, então vou estudar mais para conseguir um resultado
melhor»), e, consequentemente, mais motivado se encontrará («Se estudar duas
horas por dia até ao ponto vou conseguir tirar, pelo menos, um 4»), facilmente se
percebe a ligação entre estes vectores para o êxito.
• Identificar o que é o estilo explicativo e a importância que ele tem nos processos de
aprendizagem e na vida em geral.
• Dar-se conta da relação entre o estilo explicativo dos adultos e o das crianças e
jovens e a sua responsabilidade pedagógica e parental.
• Estabelecer a relação entre estilo explicativo dos sucessos e fracassos e disposição
optimista e pessimista.
• Aprender a corrigir algumas das admoestações (as tais reprimendas que na era
cibernética se chamam feedback)
relacionando-as com o estilo explicativo mais conducente à avaliação e mudança de
comportamentos indesejados.
Se preencheu os espaços para os exercícios propostos (vá lá, ainda está a tempo!)...
está de parabéns!
1. Desde cedo defina tarefas e obrigações em casa. Cada um tem, pelo menos, uma
responsabilidade e recebe consequências — respectivamente boas ou más — por
assumila ou esquecê-la. Levar o lixo para a rua, ajudar o irmão mais novo nos
trabalhos da escola, pôr a mesa, dar de comer ao cão, são pequenos tijolos da
construção da autonomia e responsabilização pessoal.
Esta definição de tarefas — que pode mudar, fazendo-se,
por exemplo, um jogo diário ou semanal em que se colocam numa taça pequenos
papéis onde estão escritas todas as tarefas que é preciso assumir em casa e cada um
tira à sorte um papelinho — implicará depois permitir ao seu responsável
cumpri-la à sua maneira.
2 Face a situações problemáticas que envolvam o seu filho pense com ele de quem é
o problema. Se for sobretudo dele deixe-o resolver sozinho, mesmo se a solução que
ele encontrar não coincidir com aquela que o/a leitor/a escolheria. Pode colocar
questões que ajudem a encontrar soluções. Feita a listagem de possíveis saídas,
ajude-o a escolher uma, de acordo com as consequências que apresenta. Depois,
avalie com o seu filho a forma como o problema foi solucionado.
Atenção e concentração
Causas da distracção
• Organize e equipe com ele um local (ou locais) específico(s) onde possa estudar (por
exemplo, o quarto, o escritório, a biblioteca da escola).
• Tome o local próprio para estudar. Não transforme esse espaço num sítio para
sonhar acordado, escrever, comer, etc.
• Certifique-se que a área de estudo não tem o seguinte:
uma boa vista com pessoas interessantes a passar, um telefone, uma televisão, um
amigo(a) muito sociável, um frigorífico recheado de gulodices! Ajude, assim, o seu
filho a controlar os estímulos visuais e auditivos, e se ele lhe disser que estuda melhor
com música, saiba que isso é um enviesamento: ele estuda de forma mais agradável,
mas não necessariamente mais concentrado ou atento. Sabe-se, por exemplo, que a
produção aumenta 20% só pelo facto de se trabalhar numa sala insonorizada. Os
ruídos do interior da casa são os mais distractivos — vozes (que trazem em si uma
mensagem e, portanto, distraem bastante), rádio, aspirador... O estudo com música
e/ou com TV, vício tão arreigado nos estudantes de hoje, é sempre desaconselhável.
Eventualmente, o seu filho poderá ouvir música suave (nunca rock «da pesada»!) se
estiver a fazer trabalhos repetitivos ou mecânicos, como passar a limpo
apontamentos. Mas para estudar, memorizar, resolver problemas ou responder a
questões, quanto menos estímulos auditivos e visuais melhor.
2. Proponha ao seu filho que divida a totalidade do trabalho ou estudo que tem para
fazer em partes mais pequenas, descansando por breves períodos intercalares.
3. Ajude-o a estabelecer metas de estudo realistas. Dizer «Vou estudar sábado o dia
todo», não é uma meta realista! Estabeleça períodos de tempo mais curtos para
estudar, pois assim o seu filho terá mais facilidade em estar atento e concentrado.
A memória
Para se ser um bom aluno é importante, para além de muitas outras coisas
apresentadas neste livro, que se saiba fixar e recordar no momento oportuno aquilo
que se estuda.
Memorizar e decorar
Convém fazer uma distinção entre decorar e memorizar. Decorar significa reter
mecanicamente a informação e reproduzi-la tipo «papagaio», isto é, repetir sem
compreender o significado daquilo que se está a dizer. Memorizar significa fixar e reter
ideias com maior garantia de as conservar durante mais tempo, e tem subjacente a
compreensão daquilo que se memoriza. Quando o seu filho tem de memorizar um
determinado assunto passa por três fases distintas: fixação, retenção e recordação.
. Praticando com ele o recurso ao maior número possível de órgãos dos sentidos
quando está a tentar memorizar alguma informação. Este aspecto é importante já que
temos uma memória auditiva (ajuda a recordar aquilo que ouvimos), visual (ajuda a
recordar aquilo que vemos), olfactiva (ajuda a recordar os odores com os quais
contactámos), afectiva (ajuda a recordar emoções ou sentimentos que tivemos).
Contudo... nenhuma das características acima descritas lhe parecem ter que ver com
a vida — sobretudo com os resultados — na escola.
• Ainda, se gostaria que o seu filho fosse mais criativo e não sabe como desenvolver
essa característica.
O que é o pensamento criativo
Como com as coisas mais importantes da vida (por exemplo, beleza, amor, educação)
a definição de criatividade é extremamente difícil, embora um acto, obra ou
pensamento criativos sejam fácil e quase instantaneamente identificados e
valorizados por quase todas as pessoas. Apesar da dificuldade de conceptualização,
alguns especialistas têm vindo a definir a criatividade como uma qualidade do
pensamento evidenciada por algumas pessoas que, associada a algumas
características de personalidade próprias, as leva a mostrar originalidade naquilo que
fazem, dizem e pensam, sendo essa originalidade perceptível para os outros. Outra
característica das pessoas criativas é associada à sua peculiaridade em resolver
problemas e encontrar soluções novas e não habituais para problemas e situações
vividas comummente na vida corrente dos seus semelhantes. Elas demonstram, como
diria o grande épico português, «engenho e arte». Para além da originalidade e
engenhosidade na maneira de encontrar soluções para problemas, as pessoas
criativas evidenciam também flexibilidade e fluência nas suas ideias e pensamento.
Ao somatório destas características alguns especialistas chamaram «pensamento
divergente», isto é, a capacidade de conseguir encontrar soluções sem usar,
exclusivamente, o pensamento lógico. Aos valores do mercado actuais tal é
sumamente importante já que se reconhece amplamente que algumas soluções, quer
da vida corrente do dia-a-dia, quer do mundo empresarial não são, tipicamente,
soluções lógicas. A outra noção associada à criatividade é a de pensamento lateral:
«Se queremos fazer um buraco noutro lugar não aprofundamos o buraco que já está
construído. Construímos um outro num local diferente.» Esta noção de criatividade
chama-nos a atenção para as dimensões de personalidade envolvidas. Com efeito,
habitualmente ressaltam algumas características comportamentais comuns nos
estudos biográficos de pessoas altamente criativas, quer no domínio artístico —
por exemplo, Picass ou Tchaikovsky — quer no domínio científico — Marconi ou
Einstein — quer no domínio do desempenho desportivo — Babe Ruth e Pele. Vejamos
mais de perto as referidas características:
Esta é a grande questão. Como todas as grandes questões ela só pode ter uma
resposta: sim e não. Mas vamos por partes. Como pais, professores e educadores
devemos almejar a que as gerações mais novas nos ultrapassem em criatividade.
Temos esse dever moral já que, a par de incontáveis bens, sucessos e realizações,
lhes deixamos alguns problemas que criámos e não fomos capazes de resolver. Vêm à
memória assuntos como ecologia, desequilíbrios de riqueza e organização social,
qualidade de vida e por aí fora. Porém, o carácter paradoxal implícito na expressão
«ensino da criatividade» evidencia-se sempre como quando alguém nos diz «Tens de
ser espontâneo», «Não gostas, mas é para teu bem», «Quero que me domines».
Como resolver o paradoxo?
E desde cedo que se constrói este gosto. É ainda em tempos de colo que os pais
podem e devem levar o filho a descobrir o valor e o prazer do livro, do texto, da
narrativa. Deixá-lo virar as primeiras páginas em contacto físico directo e
meigo, descobrir as imagens e as letras que lhe dão sentido. Começar a retirar prazer
da «leitura» juntamente com o calor, o conforto e a ternura daqueles de quem mais
gostamos. Assim, a criança vai descobrindo que o livro é bom, bonito e útil e que as
letras servem para alguma coisa — não só dão vida às imagens como podem existir
sem elas. Ler à noite, como um ritual de fim de dia, auxilia igualmente a criança nesta
aventura A construção de uma «biblioteca pessoal», o ir visitando as grandes
bibliotecas públicas — algumas hoje já tão atraentes para as crianças — esperando
quinzenalmente pela biblioteca itinerante, indo às livrarias, são tudo formas de levar
as crianças e jovens a aprender a dar uma dimensão mais grandiosa e,
simultaneamente, pessoal do livro, já que podem escolher, requisitar, comprar, de
acordo com os seus interesses.
Podem ainda os pais e as mães levar os filhos a construir os seus próprios livros —
com ou sem desenhos, fotos ou gravuras — mas sempre com uma narrativa que é
criação da criança, seja por sua mão, seja ditada aos pais quando esta ainda não é
literada. Também desde cedo pode ensinar o seu filho a respeitar e admirar os livros
— o cuidado com que se preservam aqueles que vêm de anteriores gerações, por
exemplo, envia essa mensagem aos mais novos.
Pais-modelo
O que fazemos tem mais impacte do que o que dizemos, e há uma tendência natural
para os nossos filhos nos imitarem. Como poderemos exigir-lhes que leiam e
escrevam se nós não o fazemos? Ver os pais e as mães a ler e a escrever, a
comprarem livros para si ou para os outros, a redigirem cartas a amigos ou a
enviarem mensagens na Internet, a receberem revistas por assinatura ou a
escreverem ou lerem por causa do seu próprio trabalho, modela a importância a dar
ao texto
escrito e ensina uma relação privilegiada com a leitura e a escrita. Se tem mais
tendência para ligar a TV do que para pegar num livro, não espere que o seu filho
faça diferente. Torne a sua casa num ambiente rico em cultura e encha-a de livros,
revistas e jornais — que não sirvam só para enfeitar a estante de mogno.
E se o seu filho, apesar de todos os passos anteriores, continua a não gostar de ler
nem de escrever?
2. Ofereça-lhe livros ou assinaturas de revistas sobre os temas que ele mais aprecia
Se gosta de carros, música, desporto ou borboletas, dê-lhe para ler material sobre
esses temas. Progressivamente vá alargando o tópico. Aproveite muita da riqueza que
já existe, em publicações de autores portugueses, próprias para as diferentes idades.
3. Não repita todos os dias ao seu filho que «ele tem de ler». Passe antes a
mensagem de forma discreta, usando sobretudo o canal de comunicação não verbal
(trazendo um livro novo para lerem juntos no fim-de-semana, levando-o a uma livraria
para ele escolher um livro, partilhando com ele ideias de um artigo que leu no jornal,
oferecendo-lhe a assinatura de uma revista para jovens ou crianças...).
. O seu filho tem maus hábitos alimentares e de sono, uma vida demasiado sedentária
e o tempo livre gasto em tarefas menos próprias.
Fala-se hoje, mais do que nunca, na relação entre a saúde, a actividade física
e os aspectos psicológicos e emocionais.
O exercício físico
As crianças e os jovens têm, em geral, níveis de actividade muito mais intensos que
os adultos. Naturalmente são mais activos, mas necessitam também dessa actividade
para se desenvolverem de forma equilibrada. As actividades sedentárias — ver TV,
jogar no computador ou na consola, falar horas ao telefone — fazem hoje parte da
ementa diária dos mais novos. Muitas escolas têm o tempo para exercício físico
reduzido às horas semanais da disciplina de Educação Física, que não é suficiente
para uma vida activa saudável. Se o seu filho anda bastante de bicicleta ou skate, faz
surf, nada ou joga futebol, e todos os dias faz algum tipo de actividade física, então
está já no bom caminho para uma vida saudável e descontraída. Se, em
contrapartida, se mexe pouco, crie oportunidades e actividades que o façam exercitar-
se, e não se esqueça de o fazer nos momentos de avaliação ou de exames, pois a
actividade física é um excelente redutor do stress. Cuidado, no entanto, na escolha
das actividades livres, para que sejam do agrado da criança, adequadas ao seu nível
etário, divertidas e relaxantes, e não venham a incorrer no erro de também serem
fonte de stress. Muitas vezes os pais acabam por querer e esperar que o filho seja
muito bom nas actividades desportivas — tanto quanto nas actividades escolares —
criando competitividade excessiva e consequente ansiedade.
Se o exercício físico mais formal não agradar ao seu filho escolha outras actividades
que o ponham também a mexer, como passear, patinar, jogar pingue-pongue, etc. Os
exercícios
que se podem realizar entre paredes (como a natação, o basquete, o futebol de salão,
a patinagem...) têm a vantagem de poderem também ser feitos com mau tempo.
O exercício mental
O repouso e o sono
Repousar não quer apenas dizer dormir. Para as crianças e jovens com dias
superpreenchidos e horários repletos de actividades há que organizar momentos de
descanso. Se o tempo é curto será preferível que os momentos para «não fazer nada
preestabelecido» sejam passados dentro de casa. Se em casa, nestes momentos ele
poderá brincar com o cão ou gato, deitar-se na carpete da sala a olhar para o vazio,
ler um livro que o descontraia, tomar um banho de imersão, ouvir música, ou
simplesmente sonhar. Pode ser um tempo para estar sozinho, para ter o prazer de
fazer o que lhe apetecer — sem pressões, responsabilidades, coisas a cumprir. Se
houver mais disponibilidade, então é de aproveitar uma saída ao parque, até perto da
praia ou ao jardim público.
A alimentação
É uma das dores de cabeça dos pais da actualidade. Com a oferta universalizada da
chamada junk food e fast food, com sabor tão atraente para crianças e jovens e tão
pouco valor nutricional, as lutas diárias ligadas à comida são comuns em muitos lares.
O filho odeia vegetais, nunca escolhe fruta como primeira opção quando tem fome,
adora refrigerantes e doces e, tal como a Mafaldinha, foge à ideia de sopa! Cansados,
muitas vezes não temos força, tempo nem energia para comprar e cozinhar comida
decente, muito menos se isso implica fazer da hora da refeição uma batalha. Mas não
podemos perder esta guerra. Educar hoje os nossos filhos para comer bem pode
protegê-los contra futuras doenças graves, prepará-los melhor para o nível de
actividade física e intelectual que possuem, ensiná-los a cuidar do seu corpo.
Se o seu filho é relutante aos alimentos mais ricos em vitaminas — frutas e legumes
crus, sopas — estabeleça uma
regra: a de ter de comer esses alimentos diariamente durante a semana, pelo menos
duas a três vezes ao dia, e permita-lhe, se o fizer durante a semana sem «refilar», que
coma fast food ao fim-de-semana — as pizas, os hambúrgueres, os refrigerantes, as
batatas fritas.
Evite a todo o custo dar-lhe dinheiro para, nos intervalos da escola, comprar o que
quiser. Invariavelmente eles escolhem comida «má». Não lhe mande comida
«imprópria» na pasta da escola. Diversifique o que se come lá em casa. Se o seu filho
almoça na cantina, tenha o cuidado de saber a ementa e de assegurar um bom
controlo de qualidade. As associações de pais das escolas deverão ter essa atenção,
já que tanto está em risco diariamente. Infelizmente, muitas das cantinas em Portugal
oferecem às crianças e jovens alimentos de má qualidade confeccionados de forma
pouco saudável. É o caso do excesso de congelados para fritar e da reduzida oferta de
saladas e sopas atraentes e criativas.
Em casa, ponha-o na cozinha consigo a inventar refeições. Leve-o, com o seu apoio, a
ler revistas e livros que falem do valor dos alimentos e das consequências da
alimentação saudável. Insista no peixe — porque será que, no espaço de uma
geração, se deixou de apreciar um alimento tão rico? — e reduza, tanto quanto
possível, os açúcares, o sal e as gorduras. Tente educar o seu paladar para apreciar
mais os cereais integrais. Não lhe dê bebidas com cafeína — é o caso dos chás
gelados e das colas tão enraizadas, já, nos hábitos alimentares das nossas crianças e
adolescentes. E, claro, dê o exemplo na sua própria alimentação, ingerindo alimentos
ricos em fibras, vitaminas, cálcio, proteínas.
Assim, não precisa fazer mais do que manter vivos os hábitos típicos da alimentação
mediterrânica, insistindo nas sopas de legumes, nas frutas, no peixe, nas saladas e no
uso do azeite como gordura por excelência.
Quando tiver vontade de desistir de esforços mais intensos para se alimentarem todos
bem lá em casa, lembre-se que a
alimentação pode afectar o comportamento das crianças e jovens. O que se come
pode produzir superactividade ou fadiga (há mesmo crianças e jovens com problemas
de hiperactividade que vêem os seus comportamentos de sobre-excitação
aumentados quando consomem certo tipo de alimento), e mal alimentado, o seu filho
reagirá muito pior face ao stress ou a qualquer mudança na vida.
Os suplementos vitamínicos
Os maus consumos
Levar a criança ou jovem, desde muito cedo, a perceber como a publicidade associa
drogas e álcool com divertimento, sucesso e beleza, e a reconhecer como podemos
ser manipulados
para querer usar comprimidos para dormir, tabaco para gozarmos a vida ou cerveja
para sermos felizes e sociais. Com anos de cuidadoso e subtil «trabalho» nesta linha
poderá abrir os olhos ao seu filho e prepará-lo para os aliciantes da sociedade actual.
Assim, conseguirá ajudá-lo a não se sentir compelido, de forma ingénua e não
informada, a assumir riscos inadvertidos com substâncias que provoquem
dependência e toxicidade. Este capítulo serviu-lhe para:
• Acha importante que o seu filho, por vezes, estude acompanhado por companheiros
e amigos.
• Tem dúvidas sobre as vantagens e limitações do estudo em grupo.
• Deseja conhecer o melhor possível os colegas do seu filho.
• Distracção mútua.
• Dificuldades em se organizarem e cumprirem os objectivos a que se
propõem.
• Passar mais tempo a conversar, brincar ou jogar do que a trabalhar.
• Experimentarem viver conflitos, mais ou menos abertos (quem lidera o
grupo, como gerir os desacordos...).
• Mais confusão em casa daquele que recebe.
Estes riscos não devem, a nenhum preço, impedir que o seu filho experimente,
o mais cedo possível no seu percurso escolar, o trabalho com colegas.
De facto, as vantagens superam largamente as possíveis limitações, e são as
seguintes:
• Aprendizagem da cooperação.
• Treino em apoio mútuo, com os mais «hábeis» a auxiliarem os menos
«hábeis».
• Complementarização e multiplicação de saberes e materiais.
• Modelagem de comportamentos de trabalho e esforço adequados.
• Aumento de motivação e entusiasmo.
• Resolução autónoma de problemas.
• Treino de escuta e de descentração para ouvir, perceber e integrar o ponto de vista
do outro.
• Relação de maior proximidade e respeito.
Face ao trabalho em grupo, as mães e os pais devem ter uma função de apoio
distanciado, estando por perto para o que for necessário, mas não interferindo na
resolução de problemas e na escolha de estratégias para atingir objectivos. Apenas
em caso de emergência (conflitos descontrolados e prolongados entre os elementos,
incapacidade de encontrar caminhos e decidir papéis e funções para fazer a tarefa),
deverá o adulto mediar soluções e alternativas. Mesmo neste caso, deve ser pouco
mais do que um facilitador de possíveis saídas, tentando que o próprio grupo, em
conjunto, encontre respostas para os seus problemas.
Convide-os, sempre que possível, para se reunirem em sua casa. Assim poderá
conhecer melhor os vários colegas, tipos de trabalho que realizam, como se
relacionam, quem lidera, quem perturba, quem é mais divertido ou mais
responsável... e perceber melhor os amigos escolhidos pelo seu filho. A partir daqui
pode conversar com o seu filho sobre essa escolha, e reflectir sobre as qualidades dos
colegas com quem se dá, ajudando-o a discernir quais são os que o fazem sentir
melhor ou divertir-se mais e quais os que o fazem trabalhar bem e rentabilizar o seu
tempo e esforço. Mas cuidado, nunca escolha por ele; oriente-o só a pensar em que
momentos deve estar com uns ou com outros.
O insucesso escolar
O insucesso escolar dos nossos filhos apanha-nos, por vezes, desprevenidos. Outras é
como um hábito, tantas as ocasiões em que se repetiu. Em qualquer dos casos —
quando o insucesso aparece em forma de reprovação, atribuível a fraco rendimento, a
faltas à escola ou a mau comportamento — ele provoca sempre emoções fortes,
sentimentos de culpa, críticas, desespero, dúvidas sobre o que fazer. Há vezes em que
o insucesso é mais discreto: não aparece como um «chumbo» mas como uma espada
de Dâmocles constantemente sobre as nossas cabeças. É a angústia de ver chegar as
notas fracas, umas a seguir às outras, intercaladas com notas mais positivas e a
incerteza, até ao último minuto, se o veredicto é passar ou reprovar.
Quantas vezes não sabemos o que e quem culpar, numa tentativa mais ou menos
desesperada de nos agarrarmos a qualquer
coisa, e oscilamos entre apontar responsabilidades aos professores porque são
excessivamente exigentes ou porque não ensinam, ao nosso filho porque não estuda
o suficiente e não está motivado, ou a nós mesmos porque não ajudámos ou exigimos
o suficiente.
O insucesso, como tudo, tem um lado positivo. Melhor dizendo, tem dois: pode
prevenir-se para não chegar a acontecer e pode acabar se vier a surgir. Algumas das
propostas apresentadas noutros capítulos deste livro (a nível da motivação em geral,
do interesse pela leitura e escrita em particular, do desenvolvimento de uma boa
relação família-escola, da criação de um adequado ambiente e rotinas de estudo, de
um clima saudável, feito de cooperação, comunicação, positividade e optimismo no
seio da família...) são formas de prevenir e ajudar a combater o insucesso.
6. Em vez de dizer «Não sou capaz de fazer isto» diga «Até agora ainda não
fui capaz de fazer isto». O que não formos
capazes de fazer, podemos aprender. Os «não sou capaz» não são perpétuos.
! Uma nota especial para relembrar que os insucessos repetidos contribuem para
sentimentos de incompetência. O medo de voltar a falhar pode, em si mesmo, ser
paralisante, a ponto de tornar a criança ou jovem relutante para tentar. Para superar
este medo deve reconhecer-se e aceitar que um «falhanço» não torna o aluno um
«falhado». Não podemos impedir os nossos filhos de sentir frustração ou tristeza face
às dificuldades ou insucessos, mas sim de se sentirem derrotados e totalmente
incompetentes. Sobretudo, podem ajudá-los a perceber as razões do insucesso e a
lidarem com elas.
• O seu filho é diferente, de alguma forma, da média das crianças ou jovens da sua
idade (se possui algum tipo de deficiência física ou mental, se é sobredotado ou se é
simplesmente mais lento ou tem mais dificuldades de aprendizagem que as outras
crianças ou jovens).
• Tem dúvidas sobre como lidar de forma equilibrada com as diferenças que o seu
filho apresenta.
• Sente que exige demasiado — ou de menos — do seu filho.
• Tem dúvidas sobre o que pode ou deve exigir dele.
Valorizar ou anular as diferenças?
O que esperar
Reflicta sobre as situações em que diz para si «Não consigo». O que quer
efectivamente dizer, lá no fundo? Quer significar «Sinto-me incapaz»? Ou «Não
consigo porque tenho medo de falhar e não ser aprovado pêlos outros»? Ou «Não faço
o que querem que eu faça porque quero fazer outra coisa diferente»? Cada uma
destas posições subjacentes tem implicações diferentes para a forma como reage e se
comporta.
Tente perceber, quando o seu filho diz o mesmo sobre si próprio ou o seu trabalho —
ou se nega a fazer algo que lhe pede— o que estará por detrás da frase quando diz
«Não consigo!».
Expectativas de sucesso
Assim, se sabe ou pressente que o seu filho é diferente da maioria das crianças ou
jovens da sua idade comece por tentar confirmar essa crença. Peça a ajuda a
profissionais — seja a professores, médicos ou/e psicólogos, consoante o tipo de
diferença que percepciona — e se vier a confirmar esse facto veja o que pode e deve
fazer para o apoiar. Esse apoio pode ir desde a escola adaptada, no caso de uma
criança ou jovem sobredotado ou com alguma deficiência — até a ajuda de técnicos
de saúde física ou mental no caso de diferenciações que envolvam o corpo ou a
relação com o mundo. Independentemente do tipo de situação, a criança ou jovem vai
precisar de sentir-se amado, apoiado, e o menos diferente possível, já que se encontra
numa fase da vida em que ser como os colegas é para ele fundamental. Se vier a dar-
se conta, de uma forma inesperada, de que o seu filho é diferente, tente ter apoios
para si, também, pois não é fácil para os pais terem a seu cargo crianças ou jovens
que fogem à média. Em qualquer caso, tente pôr em prática as seguintes propostas:
1. Valorize aquilo que é único e especial no seu filho. De qualquer maneira não há
duas pessoas no mundo que sejam fisicamente iguais, que consigam fazer
exactamente o mesmo que as outras, ou que pensem ou sintam precisamente da
mesma maneira.
2. Qualquer que seja a área ou capacidade em que o seu filho seja diferente ajude-o a
perceber as suas potencialidades e a centrar-se nelas. Mesmo aquelas crianças ou
jovens mais limitados, física ou intelectualmente, têm
sempre coisas que conseguem fazer bem. Se tiver um filho com algum tipo de
diferença incapacitante faça com ele, verbalmente ou por escrito, consoante a sua
idade, uma lista dos talentos que possui. Partilhe esta lista com pessoas que são para
ele importantes.
3. Seja sempre um bom modelo. Aponte e valorize os talentos do seu filho e lembre-se
de ser um exemplo para lhe ensinar atitudes cada vez mais positivas.
4. Trate o seu filho e as suas diferenças com respeito. Faça-o sentir o seu amor por ele
e apoie-o a melhorar o que puder ser melhorado.
5. Aproveite essa diferença para levar à tolerância. Privar com a diferença permite que
colegas, amigos e irmãos aprendam a tolerância e a integração ao aceitá-la.
• Perceber que ter um filho diferente da maioria — seja por sobredotação, seja por
deficiência — pode positivamente ser encarado como um desafio para os pais.
• Saber como se deve aceitar essa diferença e transformá-la em ponto de partida para
desenvolvimento dos talentos e potencialidades que a criança ou jovem possuem.
• Perceber quais as expectativas que tem sobre o seu filho, avaliar do seu realismo, e
entender como essas expectativas podem vir a concretizar-se.
• Reconhecer as formas de apoiar a criança ou jovem que é diferente sem a
estigmatizar nem lhe retirar o sentimento de pertença ao grupo de pares de que ela
ou ele tanto necessitam.
2 DESENVOLVER AS POTENCIALIDADES DA FAMÍLIA
Como comunicamos
Há formas de falar que são sobretudo críticas. Baseiam-se no desrespeito pelo outro,
no «esquecimento» do seu ponto de
vista e na negação dos seus sentimentos. Ainda que sejam ditas por pais e mães com
a intenção, habitualmente, de os educar da melhor forma, encorajam as crianças e os
jovens a falhar. A ridicularização, o «deitar-abaixo», o culpabilizar, o chamar a atenção
dos erros, a comparação e a rotulação da criança ou adolescente são típicos desta
forma de comunicar. Frases características são «Estás sempre a...». «Tu nunca...». O
humor utilizado neste tipo de comunicação é frequentemente cruel e o toque de quem
assim comunica tende a magoar. As consequências são devastadoras, a longo prazo,
em especial na auto-estima e no sucesso. Os filhos de pais que comunicam desta
forma tendem a sentir raiva e ressentimento e ora aprendem a agredir, ora acabam
passivos, dependentes e sem poder nem controlo sobre a sua vida. Por vezes a
comunicação é feita de uma forma igualmente nefasta, sem no entanto parecer tão
violenta. Crentes de que as crianças e adolescentes são fracos e não sabem fazer as
coisas bem, por vezes os pais comunicam com elas de uma forma que parece
apoiante mas que é, de facto, alicerçante de baixa auto-estima no filho. Culpar as
outras pessoas, a situação ou o destino pêlos erros ou insucessos da criança ou
adolescente retira-lhes responsabilidade pêlos seus actos, convida à dependência e
encoraja o falhanço. Está bem patente nesta forma de falar: «Eu faço-te isso»,
«Coitadinho, isto é demasiado difícil para ti!» ou «É melhor desistires».
Comunicação eficaz
Para haver uma real comunicação — a mensagem que é enviada ser exactamente
aquela que é recebida e percebida — tem de haver, daquele que recebe a mensagem,
vontade de ouvir e entender o outro, capacidade de se colocar no seu ponto de vista
ou forma de olhar o mundo, e identificação de desejos e intenções não ditas. Para isso
há que escutar atenta e respeitosamente o que o outro diz e saber ler as informações
que ele transmite com o seu corpo e voz. Do lado do que envia a mensagem deverá
haver respeito pelo interlocutor na forma como comunica as suas ideias e intenções, e
congruência entre o que diz a nível verbal e não verbal.
A forma de comunicação mais eficaz inclui frases que são simultaneamente meigas e
estruturadoras. São baseadas no respeito, amor e apoio, encorajando auto-
responsabilidade ao mesmo tempo que estabelecem limites e expectativas realistas
para o comportamento e rendimento do filho. Por detrás está a crença dos pais de que
os seus filhos são capazes e são lutadores, e de que os pais ali estão, agora e sempre,
para os apoiar, incentivando-os a serem bem sucedidos. A comunicação não verbal
baseia-se no tocar afectuoso, no olhar suave e aceitante, no tom de voz firme mas
meigo. Frases como «Sei que és capaz!», «Eu quero que deixes de gritar ao teu irmão»
ou «Gosto muito de ti, mas não gosto que andes em lutas ou batas nos teus colegas»
comunicam à criança ou adolescente que se acredita que ele ou ela é uma pessoa
com valor — mesmo quando faz disparates —, que sabemos que é capaz de se
comportar ainda melhor; e têm a utilidade de estabelecer as regras de funcionamento
e de dizer o que é ou não adequado. O uso deste tipo de comunicação envia uma
mensagem explícita de aceitação e incentivo para crescimento pessoal, e resulta em
cooperação, assumir de controlo e de poder por parte da criança ou adolescente,
auto-estima elevada e situações em que todos ganham. Veremos, em seguida, de
forma mais detalhada e partindo de algumas regras básicas, como conseguir
comunicar com eficácia, harmonia e autenticidade com o seu filho para que ele tenha
desejo de o ouvir e aprenda, também, a comunicar com verdade e respeito.
Referimos que não é só o conteúdo daquilo que dizemos que marca o que acontece
nas nossas relações com os outros,
em especial com o nosso filho. A forma como o dizemos — do tom de voz às formas
verbais utilizadas e à postura — determina a qualidade da nossa comunicação. Não
podemos esperar que sejam o nossos filhos a falar connosco de forma respeitadora,
meiga e verdadeira se nós, a eles, lhes chamamos nomes, os interrompemos
constantemente quando estão a falar, lhes gritamos a toda a hora ou só lhes damos
ordens e fazemos críticas.
2. Evite enviar mensagens com duplo sentido ou contraditórias. Muitas vezes dizemos
duas coisas diferentes numa mesma frase ou afirmamos uma coisa para
comunicarmos outra. Este tipo de comunicação é confusa para quem a ouve e deixa
as crianças e os jovens numa «vara de dois bicos». Por exemplo, «Para quem é
inteligente, realmente não sabes lá muito bem resolver os teus próprios problemas»
ou «Eu quero que tenhas confiança em ti mesmo, por isso faz aquilo que te digo».
5. Evite usar frases que denigram ou «deitem abaixo» o seu filho. Se o faz, ele
habitua-se a ser desrespeitado e magoado com as suas frases e vai sentir pouca
vontade em o ouvir ou comunicar consigo. Não o chame a ele, nem se chame a si,
nomes menos agradáveis («Que estúpido que eu sou!»; «És mesmo atrasado
mental!», «És tão mole que até me dás ganas de te dar safanões!»). Não aponte os
erros e faltas de forma a embaraçar o seu filho (isto é particularmente grave quando é
feito em frente a colegas ou amigos, ou face a qualquer tipo de público). Da mesma
forma perca o hábito, se o tem, de sublinhar e ruminar os seus próprios erros em vez
de se encorajar a
superá-los («Enganei-me outra vez! Sou mesmo imbecil» deve ser substituído por
«Enganei-me outra vez. Tenho que estar com mais calma e atenção para não me
enganar mais»). Elimine da comunicação perguntas que levem o outro a reconhecer
falhanços, ou sarcasmo e ridicularização («Então, achavas-te muito espertinho, não
era?» ou «Quem foi o animal que entornou a sopa?»). Frases destas doem como setas
afiadas espetadas no sentimento próprio e na auto-estima (ver Capítulo 1.2).
6. Expresse aquilo em que acredita, as suas opiniões e as suas ideias como o seu
ponto de vista — e não como «a verdade». Se falar sempre demonstrando que tem a
certeza que tem razão e que não aceita outros pontos de vista corre o risco de que o
seu filho se relacione consigo de forma distante ou revoltada, e que o veja como a um
ditador. Se relativizar a sua forma de ver as coisas («Eu não concordo contigo. Acho
que...» ou «Vejo as coisas de maneira diferente, mas explica lá o que é que tu
pensas») ensina o seu filho a respeitá-lo e aumenta a probabilidade de que ele
aprenda também a ser assim. Da mesma forma, aceite as opiniões e ideias do seu
filho como o ponto de vista dele. Aceitar que os outros têm um ponto de vista não
quer dizer que se concorda ou se discorda com o que eles defendem. Significa, sim,
que reconhece que eles têm direito a ter uma opinião.
7. Evite, a todo o custo, rotular-se, bem como ao seu filho. Rotule o comportamento,
não as pessoas: «Teres-te esquecido que tinhas ponto é bastante irresponsável» em
vez de «És um irresponsável» ou «Falsificaste a minha assinatura no ponto» em vez
de «És um falsificador e um mentiroso».
10. Tente ser assertivo quando comunica com o seu filho. Ao comunicar podemos ser
agressivos (dizendo de nossa justiça, maltratando os outros, fazendo-os sentir
culpados, chamando-lhes nomes, gritando-lhes, ameaçando-os), podemos ser
passivos e tímidos (quase nem abrimos a boca nem dizemos o que sentimos — ou
dizemo-lo baixo, em surdina, a medo — porque achamos que os outros sabem melhor,
que as ideias deles devem ser respeitadas a todo o custo ou porque receamos não
dizer o que é certo), ou podemos ser assertivos (defendemos o nosso ponto de vista e
expressamos as nossas emoções de uma forma que é respeitadora da dos outros,
num tom de voz calmo e firme). Ser assertivo na comunicação com os outros, exige
autocontrol e confiança em si mesmo, características que, tal como tudo o resto, se
podem treinar e desenvolver (ver Capítulos 1.4 e 2.4).
Quando o seu filho lhe fala e você deseja que ele se sinta escutado
1. Pare para o ouvir. Deixe as tarefas que tem em mãos e dedique-lhe toda a sua
atenção. Não esteja apenas interessado — mostre-se interessado. Incline o seu corpo
em direcção ao seu filho, aproxime-se fisicamente dele, olhe-o nos olhos, retire do
ambiente interrupções e ruídos, mesmo barreiras físicas (uma secretária de permeio
pode limitar a proximidade necessária para que o seu filho se sinta mesmo escutado).
Abane a cabeça afirmativamente e emita sons de aprovação em sinal de
reconhecimento pelo que ele transmite; não o interrompa até ele acabar. Todos estes
sinais são congruentes no que dizem ao seu filho: que realmente se interessa por ele
e por aquilo que ele tem a dizer.
3. Não o interrompa. Deixe-o acabar. Se está no papel de ouvinte deixe o outro ser
quem fala. Se interromper faça-o apenas com apoios verbais ou não verbais que
estimulem a conversa do seu filho. Isto pode ser difícil para aqueles que comunicam
de forma competitiva — e que esperam com impaciência uma pausa de respiração
para saltar de imediato para dentro do «ringue» da conversa e «ficar com a bola». Há
com certeza uma razão para termos dois ouvidos e apenas uma boca.
4. Atente nas indicações não verbais que lhe envia. Está nervoso? Envergonhado?
Receoso de falar? Entusiasmado por partilhar consigo esta notícia? Ler nas entrelinhas
pode dar-lhe tanta informação sobre o seu filho e o assunto em causa como o
conteúdo do que está a ser dito.
• Conhecer melhor os tipos de comunicação humana, quer verbal, quer não verbal.
• Saber algumas regras básicas de comunicação que o façam ser um bom modelo de
escuta e expressão pessoal.
• Evitar algumas das ratoeiras da comunicação que produzem incompreensão e mal-
estar entre quem comunica.
O optimismo pode ser definido com uma atitude que algumas pessoas evidenciam,
em particular na maneira como explicam os acontecimentos e comportamentos
próprios e dos outros. A ideia de existir um «estilo explicativo» próprio das pessoas
optimistas tem orientado uma boa parte das investigações actuais sobre o optimismo,
levando a que este seja cada vez mais visto como uma dimensão cognitiva, em
detrimento de estudos anteriores que perspectivavam o optimismo mais como uma
qualidade de carácter ou um sentimento. Ou seja, não é apenas o que as pessoas
optimistas sentem (entusiasmo característico, a vontade de tomar iniciativas e de
iniciar relações
e projectos) que interessa considerar mas, sobretudo, o que se dizem a si próprias e o
que comunicam aos outros nas circunstâncias positivas e negativas da vida.
Relembrando o que foi dito no Capítulo 1.3, em particular na página 30, se atentarmos
a esta maneira de ver, uma criança optimista perante um acontecimento positivo (por
exemplo, uma boa nota num ponto), tenderá a pensar ou dizer qualquer coisa como:
«Lá está: sou bom a matemática» (causa permanente e pessoal) ou «Foi porque me
preparei bem para o teste» (causa global e pessoal). Se o acontecimento for negativo
(nota fraca), o aluno optimista tenderá a usar os outros pólos das dimensões referidas.
Por exemplo: «A professora fez neste ponto perguntas difíceis» (causa impessoal e
específica) ou «Desta vez não consegui» (causa transitória).
Existem alguns procedimentos que pode exercitar. Em conjunto com o seu filho ou
educando:
1. Leve-o a elaborar uma imagem mental de si próprio a ter sucesso académico, por
exemplo, um bom desempenho num exame. Faça com que ele defina cada vez mais
detalhes da situação que está a imaginar, se possível a «sentir-se» mesmo na
situação imaginada.
2. Induza o seu filho a esperar sempre o melhor, tendo em atenção que para atingir
objectivos é preciso dosear o esforço. De resto, o que é que se perde em pensar que o
melhor ainda está para acontecer? Dê-lhe algumas frases de ajuda para ele dizer em
voz alta ou colar na secretária: «Com trabalho vou conseguir» ou «Tudo se resolve».
Colocar-lhe as questões de maneira a que ele olhe para as coisas boas da situação
ajuda muito na aprendizagem do optimismo. Em vez de perguntar «Como é possível
teres tido outra vez uma nota tão baixa?!» pergunte «Como vais conseguir ter nota
mais alta para a próxima vez?» ou «Que coisa boa te aconteceu hoje na escola?» em
vez de «Como foi hoje o teu dia?» chama a atenção para a resolução da situação ou
para os seus aspectos positivos, treinando o seu filho a olhar para a realidade com
olhos de optimista.
4. Decida-se a si próprio pela felicidade e sucesso e expresse isso ao seu filho. Cada
um é, em última análise, responsável pêlos seus próprios pensamentos e acções. E
cada um possui o poder de controlar os seus pensamentos e mudar as suas acções se
assim o decidir.
5. Jogue o «jogo do optimismo» com o seu filho. Poderá fazê-lo diariamente, se assim
o entender. Este jogo consiste em conseguir discriminar ao fim do dia um episódio
positivo em que o seu filho tenha participado ou observado. Ajude-o a definir qual a
principal qualidade que ele «emprestou» à situação. Por último, defina um propósito
ou iniciativa para o dia seguinte. A modalidade mais difícil do jogo do optimismo
consiste em jogarem numa situação
negativa (uma nota ou reprovação, por exemplo). Aí interessa descobrir o que se pode
melhorar. Este capítulo serviu-lhe para:
Educar é optar, a todo o momento decidir o que fazer, como actuar, o que dizer, como
falar. E essas decisões vão beneficiar ou prejudicar os nossos filhos, não só no
imediato, como no futuro. Se é assustador em termos da responsabilidade que
encerra, é fascinante no que toca ao poder que insinua.
Os pais e as mães são líderes, e um bom líder deve ter visão, orientação e objectivos.
Pergunte-se, neste momento, que visão tem da sua família — em especial do seu filho
— daqui a cinco anos? E dez? Em que medida deseja que o seu estilo de
educar se assemelhe ao da sua família de origem? Em que deseja que seja diferente?
Cada mãe e pai tem o poder de criar uma visão de futuro e de a concretizar, em vez
de deixar ao sabor do dia-a-dia as atitudes e comportamentos que evidencia. Muito
disto passa pela filosofia e estilo educativo que for utilizado e, claramente, de entre as
escolhas que possuem, uns estilos e estratégias são mais positivos, eficazes e pró-
activos do que outros.
1. Estilo autocrático
Os pais que utilizam este estilo são do tipo «militar». Impõem a sua vontade através
de uma estrutura rígida de regras, dando muito pouco espaço para a liberdade dos
seus educandos. Tendem a abusar do poder que possuem e controlam todas as
decisões, tomando conta da vida dos outros, acreditando que eles é que têm sempre
razão e não sabem lidar com os sentimentos, nem os seus nem os dos filhos. Ignoram
ou deitam abaixo as opiniões e sentimentos dos outros, usam ameaças e punições
para conseguir, a todo o custo, obediência. São especialistas em magoar os outros,
física ou emocionalmente. Exigem respeito, que frequentemente se traduz em medo,
revolta e raiva contra eles. Vêem a educação como uma luta de poder, em que o
adulto tem, a todo o custo, de ganhar. Deixar os filhos fazerem o que querem é sinal
de fraqueza e prenúncio de futura rebeldia. São pessoas sós, vergadas pela
responsabilidade e pouco autoconfiantes, e tendem a provocar baixa auto-estima nos
filhos e sentimentos de ausência de controlo sobre a sua vida. São receosos, fazem
tudo para evitar a punição (mentir, falsificar, fugir...) e sentem-se permanentemente
culpados, rejeitados e mal amados, incapazes de satisfazer alguém a quem nunca
poderão agradar. Ou acabam submissos ou violentos e revelam pouca autonomia e
pouca responsabilização. Os pais deste grupo continuam a ser os mais comuns no
nosso pequeno país.
2. Estilo permissivo
Os pais permissivos estão do outro lado: dão liberdade a mais, sem impor regras,
limites nem estrutura. Quando há
regras, e estão sempre a mudar, resultam num ambiente de grande
instabilidade e imprevisibilidade, pouco propício ao equilíbrio emocional.
Tendem a acreditar que as crianças não devem ser frustradas nem impedidas
nas suas vontades e aceitam tudo o que os filhos fazem. Na prática, acabam
por negligenciar tudo o que os filhos fazem e do ponto de vista emocional
são ausentes e distantes. Os filhos têm, em consequência, sentimentos de
abandono, e sentem-se desencorajados e incapazes de lidar com rotinas. São
supersensíveis à frustração e à insatisfação, rodeados que estão por
inconsistência e indecisão sobre o que e como fazer.
3. Estilo democrático
• Lhe acontece muitas vezes irritar-se, gritar, ameaçar, até mesmo bater, quando está
a estudar com o seu filho.
Perde muitas vezes a paciência quando o seu filho traz negativas.
Perde a cabeça quando o seu filho traz uma falta (de material, de presença, de
comportamento, etc.).
Se descontrola quando vê o seu filho horas a fio em frente aos livros sem fazer os
TPC.
Falemos de descontrolo
As emoções fazem parte integrante da nossa vida. É para nós tão importante que o
nosso filho seja um aluno equilibrado e que tenha pelo menos um mínimo de sucesso
— agora e no futuro — que vivemos com grande emoção tudo o que se prende com a
sua vida escolar. Assim, às vezes as emoções vêm ao de cima de uma forma
descontrolada e... perdemos a cabeça. Gritamos até se ouvir no vizinho do lado,
ameaçamos, ralhamos, chamamos nomes, batemos com as portas até os quadros
caírem das paredes, empurramos, dizemos o impensável.
Lidar com as nossas emoções, irritações ou zangas não é, portanto, nada fácil. Mandar
no corpo — para que a voz saia calma, as palavras não firam nem ataquem, o olhar
não fuzile e as mãos não magoem — pode aprender-se. Vejamos como:
2. Identificar as situações em que se descontrola mais e com quem (se é nos TPC, se é
com o filho mais velho, etc.).
3. Reconhecer no seu filho sinais de que o/a leitor/a se está a descontrolar. O seu filho
está:
4. Evitar entrar em luta de poder. Tente pensar que não se trata de ver quem ganha ou
quem perde, nem de testar quem manda lá em casa. Pergunte-se o que pode fazer
para se acalmar e evitar entrar numa escalada, em que cada um põe mais achas na
fogueira.
! Se nos descontrolamos com frequência (mais do que uma vez por semana) e estas estratégias
não resultam, o melhor é pedir ajuda a um familiar, amigo ou psicólogo.
! Se não conseguimos controlarnos devemos, mais tarde, pedir ! desculpa ao nosso filho por
termos «perdido a cabeça». Assim ele aprenderá o que é a humildade e o perdão, e saberá que
não é preciso ser perfeito para se merecer o amor de alguém (ver Capítulo 1.2).
• Perceber as situações e contextos em que se enerva e irrita de tal forma que acaba
a magoar os outros, em particular o seu filho.
• Dar-se conta do efeito e impacte do descontrolo no seu filho.
• Consciente de 1. e de 2., ter presente um conjunto de estratégias para aumentar o
seu autocontrol.
• Tende, com mais frequência, a criticar e castigar o seu filho do que a elogiá-lo e
recompensá-lo.
• Duvida do poder dos elogios e acredita que a melhor forma de crianças e jovens
aprenderem é apontando-lhes os erros para que os corrijam.
• Sente que a educação em Portugal é demasiado crítica e negativista, não fazendo
sobressair o melhor que há nas pessoas.
• Acha que as crianças e jovens têm obrigação de se portar bem, e que elogios a mais
fazem mal.
• Acredita que as recompensas só ensinam as crianças e jovens a ser interesseiros e
manipuladores.
Qualquer mãe ou pai já ofereceu prémios aos filhos num ou outro momento da vida.
Quem nunca prometeu um presente se a nota do ponto vier positiva ou uma consola
de jogos contingente à passagem de ano?
Deve-se então usar ou não usar este tipo de estratégias? Ora vejamos. Elogiar e
recompensar por esforços, atitudes e comportamentos adequados é fundamental
para ensinar crianças e jovens a crescerem felizes e a sentirem-se motivados para
certas tarefas — em especial quando essas tarefas não lhes agradam
particularmente. Mas há que saber fazê-lo de forma adequada, porque apoiar a
relação com as crianças apenas nestas estratégias pode ter consequências menos
boas.
Todos nós, adultos, reagimos bem ao elogio e às consequências positivas. Poucos nos
levantaríamos de manhã para trabalhar se não fôssemos pagos para o fazer. As
crianças e jovens sentem muito interesse pelas coisas que lhes trazem um prémio ou
gratificação. Daqui se depreende que uma das melhores formas de estimular as
crianças e os jovens e de as levar a fazer coisas que precisam fazer mas não gostam,
ou não lhes apetece, é através do uso de gratificações e valorizações.
Elogiar
O elogio é, como sabemos, uma verbalização positiva que chama a atenção para as
coisas correctas e agradáveis que a criança ou jovem fez ou para as qualidades que
tem. É um acolhimento entusiasmado do seu comportamento verbal ou não verbal,
das suas atitudes e mudanças, da sua forma de ser. É um ânimo e uma chamada de
atenção sobre o correcto e o bom. Usado com precaução e realismo o elogio pode
operar milagres educativos (ver Capítulo 1.2). Quanto às recompensas ou
consequências positivas de um comportamento ou atitude, estas podem ser pessoais
(sentirmo-nos bem connosco), sociais (sermos admirados, reconhecidos e elogiados
pêlos outros) ou materiais (recebermos um presente ou coisa concreta).
A nossa cultura tende a usar mais a crítica e o apontar dos erros para ensinar as
crianças e jovens do que a chamar a atenção, pelo elogio e recompensa, dos aspectos
bons de uma tarefa ou comportamento. A investigação científica tem mostrado, no
entanto, que a educação de crianças e jovens autoconfiantes, responsáveis, seguros e
felizes se apoia mais no apontar do bom do que no corrigir do mau. Assim, com os
devidos cuidados que a seguir se descrevem, tente sempre que
a relação com o seu filho se baseie no êxito, naquilo que ele já consegue fazer e na
chamada de atenção sobre os seus esforços, mostrando assim muito mais satisfação
e alegria pêlos seus comportamentos do que críticas negativas e desqualificações
pêlos seus erros. Por exemplo, se notou que o seu filho, apesar de ter voltado a ter
negativa, se esforçou e estudou mais desta vez, em lugar de lhe repetir «É sempre a
mesma coisa. Tiveste negativa outra vez!» diga-lhe «Gostei muito de te teres
esforçado para estudar mais para este ponto. Continua a estudar assim e vais ver que
da próxima tens positiva». Desta forma ajuda-o a dar atenção às coisas boas que faz
e a aprender a gostar e a confiar em si mesmo.
1. Quando crianças e adolescentes não estão motivados para uma tarefa (realizar
trabalhos de casa, estudar uma hora por dia, pôr a mesa ou arrumar o quarto) há
necessidade de os motivar, através de recompensas externas — sejam sociais, sejam
materiais — para que comecem a realizar as tarefas.
3. Quando as crianças e jovens parecem não se motivar com nada requerem reforços
e recompensas frequentes. Para que estas tenham efeito deverão ser consistentes,
cumpridas sempre que prometidas e apropriadas ao comportamento que se deseja e
à idade da criança ou jovem. Dar ao seu filho um brinquedo ou objecto caro por ter
feito os trabalhos da escola não é uma recompensa adequada. Recomendam-se
pequenas gratificações por atingir objectivos pequenos e a curto prazo.
Pode oferecer-se meia hora a jogar computador depois de completar os trabalhos de
casa ou, numa criança mais pequena, um autocolante de que goste, ou ler uma
pequena história todos os dias para treinar a leitura recentemente adquirida (ver
Capítulo 1.8).
4. Olhe para os esforços do seu filho, não para os resultados do seu trabalho. É
frequente que os pais recompensem os resultados e se esqueçam do esforço que foi
colocado na sua realização. Relembre o que a criança ou jovem fazia há três ou quatro
meses e concentre a expressão da sua satisfação no quanto ele ou ela melhorou.
6. Deixe bem claro o que está a recompensar e porquê. Só assim evitará que o seu
filho associe os elogios com erros.
7. Nunca prometa coisas que não tem intenção de dar ou que não possa cumprir. Se o
fizer, o seu filho não voltará a acreditar em si nem terá vontade de voltar a esforçar-
se.
8. Assegure-se que as gratificações que oferece são realmente do agrado do seu filho,
caso contrário não são recompensas e não o motivam para fazer o seu melhor.
! Uma criança ou jovem que seja demasiado elogiado cairá na armadilha das superexpectativas.
Sentirá que a única forma de ser aceite e amada é continuar a fazer tudo sempre muito bem.
Elogiar de mais também pode construir um cenário de medo de falhar. As crianças e jovens
ficam tão dependentes da aprovação dos outros que podem ter medo de se arriscar em coisas
novas e diferentes, ou actividades em que sabem que não são boas. Com medo de não serem
capazes de fazer uma tarefa na perfeição, nem sequer tentam fazê-la.
Segundo alguns especialistas, o maior risco das recompensas materiais é deitar abaixo a
motivação que vem espontaneamente de dentro da criança para realizar tarefas ou mudar.
Crianças há que, sabendo que vão ganhar um prémio pela tarefa que vão desempenhar, se
apressam de tal forma a fazê-la que não se preocupam em realizá-la bem ou em compreendê-
la. Mas os estudos também mostram que as recompensas materiais só «estragam» o desejo de
fazer bem quando crianças e jovens estão constantemente a ser aliciados, para tudo e por
todos, com prémios. |
! Não exagere nas recompensas materiais e comece sempre — ou junte sempre — elogios
verbais às prendas que der.
Nenhum filho cresce em equilíbrio se não tiver sempre, no caminho da sua vida,
regras claras para o seu comportamento e
consequências inequívocas para os seus actos. As crianças e os jovens aprendem o
autocontrol, a auto-responsabilização e a autonomia com os adultos que as educam.
Para tal os pais devem estabelecer, de forma calma e carinhosa, limites razoáveis, o
que ajuda o filho a construir uma percepção clara do mundo e da sua auto-imagem e
o torna mais seguro e cooperativo. Assim, e dentro do possível, a família deve ser um
meio previsível, com estrutura e constância — para que crianças e jovens saibam o
que se espera deles e o que acontecerá se cumprirem ou não o preestabelecido.
Os pais têm o dever de orientar e guiar os seus filhos no que é certo ou errado, social
ou familiarmente aceite ou não aceite, e as consequências são uma das formas de
ensinar a valorizar o comportamento.
3. Reforce algumas das regras quando não estão a ser cumpridas. Por vezes será
necessário relembrar o preestabelecido quando não está a ser levado a cabo ou criar
consequências negativas no momento — quando surge um problema ou
comportamento sobre o qual não há regras definidas. «Tens que voltar a copiar o
trabalho de uma forma mais limpa para que o professor perceba o que escreveste».
Nestes casos tente sempre ser justo e mantenha-se calmo face à situação (Ver
Capítulo 2.5).
6. Nunca prometa fazer, nem ameace, com coisas que não cumpre. Só provocará
descrédito na sua palavra e aparecerá aos olhos do seu filho como facilmente
manipulável. É preferível escolher uma consequência menos penosa e cumpri-la, do
que ameaçar com horríveis castigos que saem da boca para fora num momento de
descontrolo («Ficas uma semana sem sair do teu quarto!») e depois não ter coragem
de os aplicar.
7. Escolha bem as consequências negativas que vão ser utilizadas. Procure que sejam
lógicas e significativas para o seu filho, de forma a que ele deseje, realmente, evitá-
las. Não perca o bom senso, nem se esqueça que os mais novos têm ainda mais
direito a cometer erros e a ser imperfeitos do que os mais velhos. Tenha, portanto,
sempre presente a idade do seu filho, a sua personalidade, os seus interesses e
limitações quando estiver a discipliná-lo. Siga a regra dos 3 Erres das consequências:
escolha-as Relacionadas com o problema, Respeitadoras do seu filho e
Razoáveis/adaptadas à dimensão do erro.
8. Evite um clima negativo dentro da família. Uma família infeliz é aquela que aponta
permanentemente aos seus membros o que eles têm de negativo; uma família feliz é
a que lembra aos que a compõem aquilo que têm de bom. Nunca envergonhe o seu
filho em público nem exponha os seus insucessos. Não repise constantemente os seus
fracassos e comportamentos
indisciplinados. Depois do castigo, passada a situação negativa, esteja atento aos
esforços do filho e não se esqueça de logo depois, o elogiar e recompensar por
qualquer coisa que faça de bom (estar calmo, ajudar a pôr a mesa, sentar-se a
estudar, ajudar o irmão nos TPC) (ver Capítulo 2.6).
9 Mostre ao seu filho que reconhece e aceita as razões porque ele está a fazer aquilo
que você considera errado. «Percebo que queiras ir brincar em vez de estudar, no
entan to » ou «Compreendo que não gostes de matemática, só que » Este tipo de
abordagem mostra à criança ou jovem que os seus desejos são legítimos e modela a
compreensão mútua O adulto é mais conhecedor e experiente, é quem tem o controlo,
não tem medo de liderar e, em certas circunstâncias tem prioridades diferentes das
do filho, mas não deve usar nenhuma destas prerrogativas para desrespeitar a criança
ou jovem. _
11. Proponha alternativas e soluções. «Acho que é boa ideia ires estudar durante três
quartos de hora e depois podes fazer um intervalo de 15 minutos para brincar» ou
«Vamos fazer um horário de estudo por disciplinas e ter o cuidado de pôr mais horas
para trabalhar a matemática. Que achas?» Nem sempre as crianças e adolescentes
são capazes de, sozinhos, encontrar caminhos alternativos que vão contra as suas
vontades Por outro lado, precisam treinar a capacidade de adiar as recompensas e de
deixar para depois das obrigações aquilo de que mais gostam.
12. Use o que conhece dos talentos da criança. Face a situações que exijam controlo
disciplinar às vezes ajuda dizer qualquer coisa que indique à criança que se confia nas
suas capacidades para lidar com a situação e na sua vontade de fazer o melhor
possível. Poderá dizer-se «Sei que isto é difícil para ti mas também sei que és capaz
de enfrentar o problema» ou «Com a tua capacidade de te aplicares e esforçares vais
melhorar as notas».
13. Exija a reparação dos erros. Nalgumas situações, depois de firme mas
calmamente ter dito aquilo que a criança ou jovem não pode fazer, deverá deixar bem
claro o que pode e deve ser feito. «Não aceito que me levantes a voz. Repete o que
disseste, mas agora com voz calma» ou «Não quero que batas com as portas quando
te zangas. Volta a abrir a porta e fecha-a com cuidado. Se estás zangado — coisa a
que tens direito — diz por palavras aquilo que te aborrece para podermos falar sobre o
assunto». Desta forma os limites estão bem claros, mas a criança ou jovem não
sentem o pai ou a mãe como inimigos.
14. Para cada «Não!» que disser ofereça duas possibilidades alternativas. «Não, não
podes sair na sexta-feira e ir à festa da Maria no sábado, porque tens dois pontos na
segunda-feira. Podes ir só à festa de sábado e estudar na sexta e no domingo, ou ir às
duas e estudar também no domingo» Este formato de comunicação encoraja a
independência e as capacidades de tomada de decisão do seu filho. Em simultâneo
marca fronteiras e limites.
16. Ensine ao seu filho que os erros são oportunidades maravilhosas para aprender.
Comece por ser disso um modelo e use os três Erres de Recuperação depois de ter
feito um «disparate»: Reconheça o erro juntamente com sentimentos positivos;
Reconcilie-se, estando pronto a dizer «Desculpa, não gostei da maneira como reagi»;
e Resolva, centrando-se nas soluções e não na culpabilização.
17. Assegure-se que a mensagem de amor é recebida. Comece por dizer: «Eu
preocupo-me contigo. Estou nervosa/o por causa desta situação. Ajudas-me a
encontrar uma solução?»
! Não esqueça que um grau mínimo de insubordinação e «refilanço» é saudável nas crianças e
jovens — tanto quanto nos adultos. É sinal de crescimento, de necessidade de autonomia e é
inevitável para preparar a independência de vida que virão a ter mais tarde, quando for tempo
de iniciarem a construção do seu próprio futuro. É também sinal de ter direito a pensar e a
sentir diferente. Não pretenda, por isso — nem se alegre com tal — que o seu filho seja sempre
obediente, disciplinado, sem fazer disparates nem cometer faltas. Se for sempre assim, creia, é
mau sinal!
! Lembre-se que a punição é apenas eficaz para pôr fim, no momento, a um determinado
comportamento. Não ensina à criança ou jovem aquilo que ele ou ela deve fazer, portanto não
lhe indica aquilo que se espera dele. Limita-se a apontar o incorrecto. Para além disso, os
efeitos de punições — sejam físicas, sejam verbais ou morais — levarão, a longo prazo, a
ressentimentos,
rebelião, vingança ou submissão assustada. Não vale a pena tanta consequência má a
troco de bofetadas, uma tareia ou uma «descasca» dadas de tal forma que desfaçam
física, emocional ou moralmente o seu filho. Há formas muito mais eficazes, com
consequências positivas mais duradoiras, e que não ensinam ao seu filho que a
violência é a forma de lidar com os problemas.
• Quer saber de que forma brincar com o seu filho pode ajudá-lo a estudar e a
aprender.
• Deseja perceber qual a melhor maneira de equilibrar os momentos para brincar em
família e para estudar.
• Gostaria de ter ideias sobre brincadeiras e jogos para fazer com o seu filho.
Brincar, eu?!
Brincar é algo que muitos de nós, pais e mães, já esquecemos como se faz. Vestidos
com os nossos fatos e gravatas, com
os nossos saltos altos e atarefados com as nossas ocupações de adultos, achamos que
sentarmo-nos no chão e brincar com as crianças mais pequenas ou «perder tempo» a
jogar à bola ou ao Master Mind com os filhos mais velhos já não é para nós. No
entanto, brincar é um hábito que deve ser retomado e estar presente no seio de
qualquer família — mesmo que não fosse pela importância que pode ter na harmonia
do clima familiar e na proximidade que promove nas relações entre todos, não havia
melhor razão que o facto de ser muito divertido!
Desafiamo-los a pensar qual é a melhor imagem, actual, de divertimento: Ver TV?
Dormir a sesta? Trabalhar? Essa imagem inclui os filhos?
Existem brincadeiras e jogos que pode fazer dentro ou fora de casa. Em seguida
apresentamos ideias de alguns jogos e brincadeiras que todos os pais conhecerão
(embora alguns já as tenham guardado bem fundo nas gavetas mais recônditas da
memória) e que podem escolher, em conjunto, para brincar em família:
1. ) Jogos de interior: ler em conjunto livros e/ou revistas, ver filmes, fazer
desenhos/pinturas ou construções, jogar batalha naval, «Stop», Forca, Risco, Scrable,
Trivial Pursuit Pictionary Monopólio, Jogo da Glória, Master Mind, 4 em Linha, xadrez,
damas, loto, jogos de cartas, jogo do galo, palavra puxa palavra, jogos de
computador, ou brincadeiras mais activas como cócegas ou «lutas de carpete».
É óbvio que qualquer criança prefere brincar em vez de fazer os trabalhos de casa, ou
qualquer jovem prefere ouvir música do que estudar, pelo que brincar com o seu filho
pode surgir como recompensa após as tarefas escolares. Mesmo que a maioria das
brincadeiras e jogos não tenha o objectivo educacional como aspecto primordial, o
resultado nal acaba por ser esse, promovendo inúmeras aprendizagens. Na maioria
das vezes brincar e jogar deve ser feito depois dos TPC. O «truque» é transformar uma
tarefa originalmente maçadora em
algo divertido, ou recompensar um esforço com um tempo agradável e lúdico com a
mãe, o pai ou toda a família.
Se o seu filho for lento a fazer os trabalhos, talvez esta não seja a melhor forma de
proceder. Na escola alguns professores reservam as brincadeiras quase sempre para o
fim das actividades escolares, e as crianças mais vagarosas podem sentir que nunca
se divertem porque nunca chegam a tempo ao recreio. Em casa, com outras
possibilidades de controlo do ambiente e da criança ou jovem, podem dividir-se os
TPC ou o estudo em mini-sessões e fazer um jogo pelo meio.
Em vez de intercalar com as actividades escolares naturalmente que pode brincar em
família nas alturas de descanso ao fim do dia (se os transportes e o cansaço o
permitirem...), nos fins-de-semana e nas férias. A frequência é, no entanto, um
aspecto importante, pelo que propomos que o faça antes ou imediatamente depois do
jantar, já que não precisa ser uma actividade muito prolongada. Lave a loiça 20
minutos mais tarde ou não veja a telenovela, mas brinque diariamente com o seu
filho.
«E o vencedor é...»
Nos últimos anos tem-se tentado que os jogos ou brincadeiras sejam não-
competitivos; no entanto, muitos deles dependem da existência de um vencedor (ex.:
Quatro em linha, Monopólio ou xadrez). Quando faz um jogo com o seu filho é certo
que geralmente se sabe quem é o vencedor, por isso muitos pais se questionam se
devem ou não «deixar» ganhar.
A verdade óbvia é que a maior parte das crianças (e dos adultos, claro...) prefere
ganhar do que perder, mas sabe
também o que é ganhar de verdade ou ganhar porque alguém «deixou». Quando fizer
um jogo com o seu filho tente o seguinte:
2. Descubra com o seu filho vários tipos de jogos. Escolha um em que ele consiga
ganhar de «verdade».
3. Não faça apenas jogos que estão dependentes de raciocínio ou destreza, mas
também jogos de sorte e de azar; desta forma o seu filho tem tantas hipóteses de
ganhar como o pai ou a mãe. E descontraia-se, dê umas boas gargalhadas, rebole-se
na relva, faça de novo o pino, reaprenda a emoção de ter todo aquele dinheiro e casas
do Monopólio! Tem tanto a ganhar com estes momentos quanto o seu filho.
A investigação científica tem mostrado que não é apenas o que aprende que beneficia
deste processo, já que um jovem tutor, ao ensinar conteúdos escolares a outro,
aprende em maior profundidade e detalhe, cimentando as informações. Quanto ao
«aprendiz», pode vir a perceber mais facilmente a matéria dado que quem lhe explica
está mais próximo do seu tipo de pensamento e de questões — «ganhando» terreno
ao educador adulto.
Juntando estes dados percebemos facilmente como todos têm a ganhar levando os
irmãos a apoiarem-se mutuamente no estudo.
Estratégias a aplicar
O adulto deve servir de orientador — estar por perto a guiar as sessões de estudo,
mediando situações mais complexas ou exigentes. Modelar verbalizações de elogio ao
esforço de ambos — tutor e discípulo — e relativizar as dificuldades é outra das
tarefas do pai ou da mãe neste processo.
Ambos os filhos estão assim a colocar os seus talentos em partilha, e a mãe ou o pai
não devem assumir, aberta ou implicitamente, que um filho é melhor do que o outro,
razão pela qual vai ensinar o que é pior. Nunca compare irmãos. Ponha as questões
sempre em termos, não de competências, mas de quantidade de conhecimentos.
Mesmo o que é ensinado deverá ter momentos em que ensina qualquer coisa ao seu
«tutor» — uma canção nova, uma anedota, um passe de futebol. O discurso do adulto
deve contemplar este cuidado («A Rita é óptima a escrever e o David tem imenso jeito
para desenho»).
As sessões de apoio mútuo entre irmãos devem iniciar-se com conteúdos mais fáceis,
quer para aprendiz, quer para «tutor», de forma a que as primeiras experiências
sejam particularmente satisfatórias para todos. O tempo de trabalho deve
ser organizado para que haja oportunidade de um misto de trabalho individual e de
trabalho conjunto entre irmãos. Este último deve ser breve, para não sobrecarregar o
que ensina e não cansar de mais o que aprende.
| ! O tipo de relação existente entre os irmãos deve previamente ser tida em conta.
Se é habitualmente belicosa, cheia de confrontos e conflitos, de comparação mútua
ou, pelo contrário, de respeito, admiração e carinho, é de esperar que este momento
de estudo espelhe a história anterior da relação. Assim, se no último caso há
hipóteses de que o estudo colectivo seja um momento de prazer e paciência, no
primeiro há que assegurar que, enquanto estudam juntos e se apoiam, os seus filhos
conseguem controlar os seus maus humores
Estudar com eficácia é uma competência que se pode aprender. Por mais estranho
que pareça, ninguém ensina os alunos a estudar. Muito menos se ensina aos pais a
forma como podem apoiar os filhos apesar de, diariamente, muitos fazerem o melhor
que podem e sabem para os auxiliar na preparação de testes ou na resolução dos
trabalhos de casa. Há muitos programas e métodos disponíveis, em literatura de
autores portugueses ou traduções de autores estrangeiros, para ajudar os alunos a
terem bons hábitos de estudo e a controlarem os factores que impedem o sucesso.
Algumas das técnicas comuns a esses programas incluem treinos para ouvir
atentamente, tomar notas de forma correcta, estudar para testes, melhorar a leitura
ou organizar o local e tempo de estudo. Não iremos aprofundar todas estas temáticas,
mas deixar algumas propostas que o
leitor poderá usar para ajudar o seu filho a atingir um tempo de estudo com maior
qualidade e, consequentemente, resultados escolares mais positivos.
Os TPC possuem ainda outros valores, já que, se bem realizados, podem desenvolver
a independência, autodisciplina, iniciativa, gestão de recursos e de tempo e sentido
de responsabilidade e competência.
Os professores concordam que os pais devem, junto dos filhos, enfatizar a função dos
TPC e mostrar-lhes que o estudo é importante. O papel dos pais será o de pessoa de
recurso quando surgem questões e problemas, oferecendo orientações que
assegurem ao aluno compreender o que lhe é pedido. Quanto mais novo for o
estudante, maior o apoio que necessitará dos pais. Uma regra de ouro subjaz, de
comum acordo, no papel dos pais: que os TPC devem ser da responsabilidade da
criança ou jovem, isto é, que os pais devem sempre estar presentes para confirmar se
o filho necessita de ajuda, se o
trabalho foi compreendido e se está completo, oferecendo um contexto físico e
emocional que lhe permita estudar e aprender, mas nunca se devem substituir ao
filho fazendo-lhe a tarefa.
Concretizando, de entre aquilo que mães e pais podem ensinar aos filhos no que toca
ao estudo e trabalhos de casa, destacamos o seguinte:
1. Estar aqui e agora. Estimulá-los a dar toda a atenção (nas aulas, nos trabalhos de
grupo, no momento de estudo em casa) concentrando-se no que estão a fazer em vez
de deixar a mente divagar por outros lados (ver Capítulo 1.5).
2. Estruturar e gerir o tempo. O tempo de estudo, ao fim do dia, não é hoje muito,
tantas que são as horas de permanência das crianças e jovens na escola. Planear,
fazer e cumprir horários, ter calendários com horas de estudo diário, datas de entrega
de trabalhos ou de testes e expô-los em locais bem visíveis de forma a saber a cada
momento o que se tem de fazer são ferramentas fundamentais. Avaliar diariamente se
se cumpriram ou não os objectivos propostos para esse dia, se se estudaram as horas
e as temáticas preestabelecidas e se o resultado foi positivo é outro aspecto central
do processo de estudo. Ao planificar, não esquecer de deixar sempre tempo para
revisões e — claro! — para brincadeira, relaxamento e descanso. O tempo de trabalho
diário depende da idade e da quantidade de TPC (há quem fale em 10 vezes o ano de
escolaridade, ou seja, 6º ano corresponde a 60 minutos de estudo diário).
Antes de se sentar o seu filho deve preparar e pôr tudo junto dele, todos os materiais
de que necessita. Assim que começar o seu filho não deve levantar-se para ir buscar
bolachas, falar ao telefone ou ir afiar o lápis, senão a concentração perde-se.
6. Ser limpo e estruturado. Os pais devem incentivar o filho a ser limpo e organizado
nos livros, cadernos, apontamentos,
para mais facilmente saber onde tem o material, onde procurar matéria, e perceber o
que escreveu. Estes aspectos de asseio exterior ajudam a estruturar o pensamento e
a ter maior clareza de ideias.
7. Organizar-se de forma a ter os trabalhos prontos antes das datas previstas. Deixar
para a última é sempre razão para tensões e imperfeições, e aumenta a probabilidade
de noitadas até às tantas, já «mortos de cansaço», ou impossibilita o terminar nos
prazos. Fazer os trabalhos a tempo e horas é uma das formas de manter o estudo e a
relação com a escola equilibrados e saudáveis.
8. Tomar notas. Para lembrar a matéria que se aprendeu, usando resumos, diagramas,
mapas de palavras ou frases, vocábulos principais... em formato que tenha mais
significado para o próprio. Depois resumir, sublinhar, inventariar as palavras mais
importantes, reescrever, parafrasear, ou seja, dizer o mesmo de outras maneiras. Por
base está a competência, também treinável, de ouvir com atenção nas aulas.
10. Pedir ajuda quando não consegue sozinho. Assim que se aperceba de dificuldades,
pedir apoio junto de pais, professores, colegas, explicadores. Pretende-se que o aluno
não passe muito tempo sem ajuda quando começa a ter problemas numa matéria,
para que as dificuldades se não agravem nem compliquem. Aprender a procurar
noutros livros que falem das mesmas temáticas é outro recurso importante.
11. Cuidar de si. Dormir o suficiente, não estar envolvido em mais actividades do que
aquelas que humanamente pode fazer, respeitar o seu corpo nos ritmos que lhe
impõe, na necessidade de exercício e de comida saudável (ver Capítulo 1.9).
E rir-se, rir-se sempre que possa, cultivando o humor, escolhendo os amigos mais
bem-dispostos, lendo livros divertidos e vendo filmes que disponham bem.
Não esquecer que, neste domínio, os deveres devem vir primeiro que os prazeres (é
uma maldade, não é?) e que o brincar ou o ver televisão devem ser consequentes, e
não antecedentes, do estudo ou dos TPC. Deve permitir-se à criança ou jovem algum
tempo breve de descontração ao chegar a casa —para lanchar ouvir um pouco de
música, conversar —, mas depois levá-la a cumprir os deveres e os horários e
objectivos de estudo pré-estabelecidos para cada dia. É que o aluno ainda está na
«onda» do estudo, que não deve ser quebrada antes de fazer os TPC. A seguir, sim, a
recompensa pelo esforço!
Se o seu filho se recusa a estudar ou fazer os TPC tem de estabelecer com ele um
contrato ou um conjunto de regras em que ! fique bem explícito o que ele deve fazer,
porque deve fazer, quando deve fazer, o que ganha se cumprir e o que perde se não
cumprir. Evite desgastar-se a dar diariamente ordens que não são cumpridas, ou a
discutir ou ameaçar. Estabeleça objectivos e comportamentos a cumprir negoceie-os
com o seu filho, e depois deixe-lhe a responsabilidade de escolher as consequências.
(Ver Capítulos | ! 2.5 e 2.6).
Quanto melhor o seu filho perceber porque tem bons ou maus resultados escolares,
melhores as percepções positivas que tem das suas competências e do seu
desempenho. Os pais devem ajudar o filho neste entendimento para que eles se
sintam motivados e tenham noção daquilo que está nas suas mãos melhorar.
• Acha que o seu filho não sabe preparar-se para testes nem para exames.
• Pretende apoiar mais o seu filho nas alturas das avaliações, mas não sabe como
fazê-lo.
• Deseja saber mais sobre estratégias de estudo que preparem o seu filho para os
momentos de avaliação mais importantes.
• Os níveis de ansiedade do seu filho antes e durante os testes ou avaliações são
muito elevados, estando ele sempre muito nervoso e acabando por ter resultados
muito abaixo das suas capacidades e conhecimentos.
Relembra-se que os melhores alunos não são necessariamente os mais espertos, mas
são provavelmente os mais autodisciplinados, responsáveis, motivados, organizados,
crentes em si e no seu controlo sobre os resultados escolares. Uma das características
dos alunos bem sucedidos é saberem preparar-se para testes e saberem realizá-los.
Na preparação e execução de testes e exames, ou de avaliações finais, estão em
causa um conjunto de estratégias que, associadas a outras descritas neste livro, em
particular no capítulo anterior, aumentarão a probabilidade de sucesso escolar do seu
filho. Vejamos os componentes mais importantes dessas competências.
1. Preparação a longo prazo. Preparar-se com antecedência, atendendo a datas e
planeando o estudo por forma a ter tempo para estudar calmamente toda a matéria e
para a rever. Tirar boas notas sobre a matéria, revê-las com regularidade, ler a
matéria à medida que é dada e manter-se sempre em «cima do acontecimento».
5. Ter especiais cuidados imediatamente antes do teste e assim que o receber. Se lhe
for possível escolher, o seu filho deve sentar-se num bom lugar. Está provado que os
da frente são os melhores. Deve logo escrever nome, data, etc., assim que receber a
folha de ponto. Ao receber o enunciado, deve ler rapidamente todas as perguntas
para perceber o tempo que poderá demorar e o valor atribuído a cada uma delas.
Será bom também que tome nota, logo, de alguma da informação que memorizou e
que aparece ali questionada, bem como ideias e palavras-chave de algumas das
respostas. Leia depois calmamente cada pergunta, com cuidado para não fazer
leituras incorrectas.
7. Ter uma atitude global positiva durante o teste. Continuar a pensar que estudou e
vai ser capaz de tirar uma boa nota. Dizer-se que vai fazer o melhor que puder. Ter
uma atitude firme e de crença pessoal. Se se sentir tenso, com as mãos a suar, o
coração muito acelerado, a respiração ofegante ou as letras a «dançar» em frente aos
olhos, ou ainda se de repente, após ler as perguntas, ficar «em branco», ensine o seu
filho a respirar fundo, fechar os olhos, imaginar sensações positivas, e lentamente ir
reencontrando a confiança e a calma através de um discurso interior positivo. Se, no
entanto, começar a acontecer com frequência o seu filho ficar tão «nervoso» nos
testes que não consegue fazê-los, ou os faz de forma insatisfatória apesar do estudo
realizado, tal significa que se encontra com níveis muito elevados de ansiedade e que
precisa da ajuda de um psicólogo especializado.
A era tecnológica veio interferir, e fá-lo-á cada vez mais, com o ensino/aprendizagem,
em especial com o papel do professor como detentor do saber. Um mundo de
informação de acesso fácil chegou casas adentro e passou a tomar muito do tempo
livre dos nossos filhos. Com benefícios e malefícios, como tantas outras coisas da
vida, faz parte integrante das vivências, conversas, interacções e metodologias de
trabalho de muitas das crianças e jovens de hoje. Como pais, tentemos estar
informados e potenciemos o lado bom da televisão e do computador.
Os computadores
Pode encontrar referências sobre este tipo de materiais em revistas dirigidas a pais
em alguns «sites» da Internet (Exemplo: http//:www.forum.pt).
O uso do computador tem alguns benefícios para o seu filho:
! Ao usarem o computador, evite que os seus filhos brinquem com jogos violentos
A Internet
O recurso à Internet é por isso, hoje em dia, uma forma rápida de conseguir
informação actualizada sobre qualquer tema. Aprender a procurar, seleccionar,
analisar e sintetizar informação são passos fundamentais para realizar qualquer
trabalho. Estas tarefas, importantes para qualquer processo de estudo, podem ser
praticadas procurando informação na Internet. Apesar da maioria dos «sites» estarem
em inglês (o que pode constituir uma vantagem para o desenvolvimento e
aprofundamento da língua em alunos que já consigam ler alguma coisa) existem já
alguns em português.
O uso do email pode ser uma boa forma de promover a escrita no seu filho, dado que
lhe permite, por exemplo, corresponder-se com amigos escrevendo mensagens.
Através do email pode mesmo entrar em debates sobre temas que lhe interessem,
estando ligado a redes sobre assuntos particulares — e há-os de todo o tipo, alguns
inimagináveis!
Estar ligado à Internet pode tornar-se caro, caso o seu filho passe horas a fio com o
telefone ligado; o acesso a todo o tipo de «sites», entre os quais os pornográficos, que
tanta discussão têm dado nos media, impõem a necessidade de estabelecer regras na
sua utilização. Limitar a quantidade e o tipo de informação que ele pode consultar na
Internet é hoje fácil, dado que os pais podem ter um código de acesso que impeça os
filhos de «viajar» sem a sua autorização. Pode ainda limitar o uso através de regras
claras de utilização negociadas entre vós (ver Capítulo 2.6).
Limite o uso/acesso à Internet através de códigos de acesso. ! Avise os seus filhos para nunca
revelarem na NET o seu número de telefone, morada, escola ou qualquer outra informação
pessoal, e para não responderem a mensagens obscuras ou ameaçadoras.
! Nunca permita um encontro face a face com um correspondente da NET, a não ser que seja do
seu conhecimento e com o seu consentimento.
A televisão
A televisão está presente nas casas de (quase) todas as famílias portuguesas. Se bem
que possa ter algumas vantagens, pode também ter efeitos nefastos no
desenvolvimento dos seus filhos. Vejamos cada um.
Benefícios:
• Permite dar a conhecer outras pessoas, povos, culturas, países... que de outra forma
seria impossível conhecer.
• Estimula a leitura em presença das legendas.
• Melhora a pronúncia de línguas estrangeiras.
• Informa e ensina de forma atraente.
• Diverte e descontrai.
• E uma companheira e babysitter fiel.
Malefícios:
• Sempre que o ritmo de vida lho permitir, converse, brinque, passeie com o seu filho!
• Ofereça-lhe livros, revistas, jornais e incentive-o a lê-los.
• Faça com ele jogos e torne-lhe acessíveis actividades lúdicas que ele possa fazer
sozinho ou com amigos.
• Leve-o a fazer desporto, consigo ou com o resto da família.
• Proporcione-lhe material de pintura e de arte, abra-lhe horizontes divergentes.
A não ser que já estejam realmente viciados, são poucos os filhos que preferem ficar a
ver TV a aderir a uma proposta atraente de actividade conjunta com os pais...
• Em filhos mais novos, quando houver legendas leia-lhas ou diga-lhe que se ele
quiser lhas pode ler alto, a si.
Tenha por regra que a televisão é para ver depois de fazer os trabalhos de casa.
O pomposo título que encima este texto pretende chamar a atenção para uma
realidade essencial: todas as famílias passam por fases de recomposição e
redefinição. Está sempre a acontecer qualquer coisa, mesmo na família mais
«estável» do mundo: alguém nasce, morre, muda ou perde o emprego, viaja ou
emigra, alguém começa a sentir e a pensar de outra forma. O rio nunca é o mesmo.
Como todas as crianças e jovens são barómetros com uma sensibilidade apuradíssima
para detectar qualquer alteração do clima familiar, os efeitos destas mudanças podem
vir a fazer-se notar no rendimento escolar. Sentindo-se só, preterida ou isolada, a
criança ou jovem
tenderá a perceber-se como nadando sozinha contra a corrente. Como proporcionar-
lhes segurança? Nestas alturas os adultos com funções educativas têm de actuar
como nadadores salvadores, quais Pamela Anderson e David Hasseldorf! Como fazer?
Primeiro atendendo à devida salvaguarda e atenção de que algumas destas situações
podem ter que levar a recorrer a pessoas exteriores. Incluem-se pessoas num espectro
de relações e profissões que vão da família alargada aos médicos, psicólogos, grupos
de jovens da paróquia, amigos, vizinhos, estruturas e instituições do Estado, enfim,
pessoas e estruturas cuja função e razão de ser última é precisamente a de serem
instâncias de ajuda. Pontual, episódica, dentro de limites específicos de competência,
localizada no tempo, profissional ou amadora, mas sempre ajuda. E não há que ter
medo, receio ou vergonha de pedir ajuda. Fazê-lo é humano e torna-nos (mais)
humanos. Vejamos então mais especificamente algumas linhas de orientação para
ultrapassar estas situações. À partida, uma ideia a reter é que, por muito chuvoso e
enevoado que o dia hoje esteja, no futuro, o sol e o céu azul voltarão a visitar-nos...
—Por vezes as crianças pensam que são as responsáveis por existir mal-estar entre os
adultos. É muito importante dizer-lhes (mesmo sendo já jovens) que essa é uma
situação na qual eles não foram implicados. E já agora, que eles não vão poder alterar
a situação, pois esta é da exclusiva responsabilidade dos adultos envolvidos.
— Informe as crianças sobre o que esperar: Quem se vai mudar e quando é que isso
se vai passar. Assegure-se
que o seu ex vai ter tempo no futuro para estar com a criança e manter-se envolvido e
a par da vida dela.
— Manter, o mais possível, a rotina diária a que criança está habituada: ela irá tornar-
se numa base de segurança e estabilidade.
— Cooperar e apoiar, o mais possível, a relação do seu ex com a(s) criança(s): assim,
irá ajudá-la a separar o que são os assuntos que os adultos têm para resolver (as suas
relações) e a — única — relação de facto indissolúvel do universo das relações
humanas: ser pai ou ser mãe.
«Gosto muito do meu irmão bebé. Podemos devolvê-lo se ele não souber brincar
comigo?»
1. Ao pensar ter outro filho tenha em atenção a diferença de idades entre irmãos. Para
alguns especialistas a diferença mais susceptível é entre os 18 meses e os três anos.
Como no futebol, o sentido de oportunidade é essencial.
2. Prepare as crianças para a mudança. Com as crianças mais pequenas antecipe por
via de histórias ou da leitura de livros sobre o assunto as alterações que vão surgir. Se
ela tiver menos de oito anos fale-lhe contando a história numa perspectiva de uma
«outro/a» menino/a que vive uma situação idêntica. Aproveite para perguntar o que é
que o outro menino sente e pensa da situação «dele». Se não encontrar livros de
histórias tematicamente apropriados, aproveite para fazer um com a sua criança,
usando desenhos, texto e imagens elaborados pêlos dois (ver Capítulo 1.8). Caso se
trate de um adolescente, converse longamente sobre o assunto.
3. Veja os impactes e ondas de choque como ocorrências temporárias. Por vezes, nos
mais novos, eles são bem visíveis:
dão-se as chamadas «regressões», isto é, voltar a falar à bebé, enurese ou encoprese,
dificuldade em dormir, pesadelos. Habitualmente estas situações demoram 3 a 5
meses dando depois lugar ao sentimento de orgulho em «ser irmão/ã mais velho/a».
Nos adolescentes atente em comportamentos de agressividade, isolamento,
depressão ou insucesso escolar repentino.
Todos os pais, mais cedo ou mais tarde, preocupam-se com o futuro profissional dos
seus filhos e se questionam sobre a
forma de os ajudar a escolher uma área vocacional ou uma profissão. A decisão
vocacional é um aspecto importante na vida de qualquer pessoa, dado que condiciona
de certa forma o futuro.
Orientar o seu filho nesta decisão significa mostrar diversos caminhos, tornar
acessível a informação, acompanhá-lo ao longo do processo de decisão e assegurar
que o objectivo é atingido.
Os pais exercem uma grande influência na escolha vocacional dos filhos e, por vezes,
é natural que os filhos tendam a escolher a mesma profissão ou profissões
semelhantes às dos pais. A família pode, assim, orientar a escolha vocacional dos
filhos, mas necessita, por vezes, também, de socorrer-se da ajuda especializada de
psicólogos.
Fazer uma escolha significa tomar uma decisão de entre alternativas. A primeira
grande escolha vocacional surge na altura do 9º ano de escolaridade em que o seu
filho deverá escolher um agrupamento. Esta escolha é importante porque condiciona
as saídas profissionais e, consequentemente, o seu futuro profissional e pessoal.
Pode acontecer que o seu filho esteja certo do que quer escolher, mas pode também
acontecer que esteja indeciso. Neste
último caso é aconselhável que tenha com ele uma conversa agradável sobre os seus
interesses, aptidões e valores. Certifique-se que ele tem informação suficiente. É
impossível escolher entre duas coisas que não conhecemos bem!
Quando pensa comprar um carro e tem duas ou mais alternativas informa-se sobre o
preço, a cilindrada, o conforto, o espaço interior, o tamanho da bagageira, etc. Só
assim poderá fazer uma escolha ponderada. Da mesma forma o seu filho deverá estar
a par de toda a informação sobre os agrupamentos, as disciplinas, os cursos a que
dão acesso, as profissões e as diferentes vias de ensino.
A escolha vocacional não é algo que possa centrar-se num momento, é antes um
processo que pode ser facilitado se tiver em conta os seguintes aspectos ao longo do
desenvolvimento do seu filho:
• Desenvolvimento do autoconceito
• Os interesses
• As aptidões
• Os valores
Tente observar qual o interesse mais marcado do seu filho em relação aos que a
seguir se indicam:
«Ter aptidão para», significa ter uma competência para fazer algo bem.
Existem diferentes tipos de aptidões. O seu filho pode ter uma aptidão especial para
fazer trabalhos manuais, para escrever, para a matemática, para relacionar-se com as
outras pessoas ou para fazer desporto. Estas aptidões podem não corresponder aos
interesses. Por exemplo, ele pode ter um interesse especial por cantar ou tocar um
instrumento musical, mas não ter uma aptidão especial para essa actividade. Os pais
podem ajudar os filhos a desenvolver aptidões relacionadas com as actividades pelas
quais se interessam. Embora haja aptidões que surgem de uma forma mais
espontânea, é possível desenvolver aptidões na sequência de treino ou prática.
! A realização pessoal do seu filho não depende apenas do estatuto profissional que
vier um dia a alcançar, mas de muitas outras coisas tais como o seu bem-estar
pessoal e as suas relações familiares e sociais.
Muitas são as razões para que isto possa acontecer. Uma delas pode prender-se com o
próprio sistema de ensino, face aos programas muito extensos com os quais os
professores têm dificuldade em entusiasmar os alunos.
Outra razão, geralmente a mais comum, está relacionada com o meio familiar e social
em que o aluno está inserido.
Mudar é quase sempre exigente e muitas vezes difícil. Implica adaptações emocionais,
sociais, até físicas e de rotina, que colocam inúmeros desafios. É frequente
encontrarmos pais e mães preocupados porque o filho vai mudar de escola, de
professor/a ou de ciclo; porque vai transitar para formatos relacionais, pedagógicos e
de trabalho escolar divergentes dos que conhece; porque vai ver desmultiplicados os
professores e as matérias e intensificadas as horas de aulas e de estudo. Quantas
vezes as mudanças ligadas à escola causam stress, não só aos pais e mães
preocupados e atentos, como sobretudo às próprias crianças e adolescentes.
Ainda que algumas crianças pareçam ajustar-se facilmente, sem problemas visíveis, a
essas mudanças, sabe-se que a maioria experimenta algumas dificuldades.
Será assim importante que mães e pais desempenhem um papel positivo na redução
desse stress e no embate que as mudanças produzem, escudando possíveis impactes
negativos e ajudando a tarefa já complexa do professor (ver Capítulo
2.12). Mais, será fundamental que eles ajudem a tomar a criança ou jovem adaptável,
flexível e pronto a enfrentar mudanças — terá tantas ao longo da vida!
Crianças e jovens transitam de turma em cada ano que passa, muitas vezes mudando
também de professores, colegas, e até escola. O desejo de se integrar e ser aceite
está sempre presente no aluno, impondo-lhe esforços e adaptações. O primeiro ano
numa nova escola deve ser sempre visto como difícil, já que implica a moldagem a
um mundo totalmente desconhecido e a relação com tanta gente nova.
As adaptações difíceis
As causas das adaptações mais difíceis podem justificar-se perante histórias escolares
desagradáveis no passado, crianças/ /jovens pouco confiantes em si e mal preparados
para novas rotinas e separações, ou mães e pais ansiosos, que transmitem — verbal e
não verbalmente — medos e preocupações excessivas aos filhos. É então preciso
realizar um diagnóstico da situação.
Comece por tentar perceber aquilo que realmente se passa. Será que o seu filho — ou
você mesmo — se está a preocupar com um medo real? Será que é o seu próprio
comportamento, no que diz e no que mostra, que transmite ansiedade e pouca
confiança ao seu filho? Será que ele já não acredita, depois de experiências passadas
negativas, que tudo vai correr bem? Serão os colegas que o gozam? O/A professor/a
que é demasiado rígido/a e o amedronta? As expectativas e o discurso interno da
criança, jovem ou pais é negativo, esperando o pior? Há excesso de exigências? Há no
aluno sentimentos de vergonha por ser repetente? Indícios de desintegração social?
Violência dentro ou fora da sala?
• Entende pouco ou nada das matérias que o seu filho anda a estudar.
• Tem menos escolaridade do que aquela que o seu filho já atingiu.
• Aquilo que deu na escola quando era aluno nada tem a ver com o que o seu filho
aprende agora.
• Desejar saber como apoiar o seu filho no estudo sem ter de saber as matérias que
ele dá.
Muita coisa mudou desde que nós, pais, fomos estudantes — dos conteúdos ao grau
de exigência, das metodologias aos tipos de classificação. Alguns de nós nem
chegaram a ter hipóteses ou motivação para estudar até níveis escolares tão elevados
como os que o nosso filho já atingiu. Quantas vezes, ao tentar ajudá-lo no estudo, nos
confrontámos com matérias de que nunca ouvimos falar? Perguntamo-nos, então,
como poderemos auxiliá-lo se os exercícios de matemática são hieróglifos ou se nunca
na vida aprendemos francês?
O apoio que poderemos dar ao nosso filho vai além dos conteúdos.
Independentemente dos conhecimentos escolares que temos, do nível de
escolaridade que atingimos, e do que sabemos ou não sabemos das matérias que
está a dar, podemos
orientá-lo e estimulá-lo a ser um aluno equilibrado e a aprender. Assim, o que é
realmente importante não é tanto o conteúdo do que ele aprende mas que:
• Nos interessemos vivamente pela sua vida escolar, pela sua aprendizagem, pêlos
seus resultados.
• Mostremos que acreditamos nas suas capacidades e esperamos dele todo o esforço
para atingir o seu melhor (ver capítulos 1.2 e 2.3).
• Estabeleçamos com a escola uma relação positiva e frequente (ver Capítulo 3.1).
• O auxiliemos para que tenha um bom local de estudo, num espaço organizado e
sem estímulos distractivos, estruture e cumpra um horário de estudo e corresponda às
exigências da escola (trabalhos de casa, material, etc.) (ver capítulos 2.11 e 2.12).
• O ajudemos a aprender estratégias de estudo, donde sobressaiam a leitura
concentrada e frequente, o sublinhar das ideias principais, o resumo, o colocar de
questões a si próprio, a antecipação e preparação atempada de testes (ver capítulos
2.12 e 1.5).
• O recompensemos e elogiemos pelo esforço e bons resultados (os melhores que for
capaz de dar), evitando conotar-lhe a aprendizagem com negatividade, críticas,
ansiedades, inseguranças.
• O rodeemos de um clima emocional e de um estilo de vida que o motive para
aprender, descobrir, explorar, saber — facilitando-lhe o acesso a livros (mesmo que de
bibliotecas públicas, se não houver dinheiro para os comprar), a computadores e
material informático educativo (se houver dinheiro para tanto), a exposições, museus,
bibliotecas, teatros (ver capítulos 2.14, 3.4 e 2.4).
• Lhe proporcionemos, se e quando necessário, apoio externo para se sentir feliz e dar
o seu melhor (explicador, psicólogo...) (ver capítulos 3.2 e 3.3).
• O entusiasmemos a ler, escrever e descobrir o mundo, levando-o a ter objectivos
que passem pela aprendizagem e a acreditar e saborear os seus mais pequenos
sucessos pessoais (ver capítulos 1.8 e 1.10).
• Lhe ofertemos todo o tempo de que dispusermos, de uma forma interessada e
atenta e () façamos sentir amado, comunicando-lhe admiração, paciência e respeito
(ver capítulos 2.1, 2.5, 2.6 e 2.7).
• Lhe proporcionemos um ambiente em que a saúde física e mental sejam apoiadas,
desenvolvidas e modeladas (ver Capítulo 1.9).
• Continuemos ao seu lado mesmo quando falha, tem insucesso, tem receios e
ansiedades ou é diferente da maioria dos outros (ver capítulos 1.11 e 1.12).
• O ajudemos, diariamente, a acreditar que a vida vale a pena e que os problemas
existem para os resolvermos (ver Capítulo 2.2).
• Ter uma visão global do que pode fazer para ajudar o seu filho a ser o melhor aluno
que as suas capacidades lhe permitirem.
• Apoiar o seu filho na aprendizagem, mesmo que nunca tenha dado nenhuma das
matérias que ele anda a estudar.
3DESENVOLVER AS POTENCIALIDADES DOS RECURSOS
HUMANOS
• Considera essencial a relação entre a escola e a família para o sucesso escolar dos
alunos.
• Gostava de ter uma relação mais próxima, positiva e frequente com a escola que o
seu filho frequenta, mas não sabe bem como fazê-lo.
• Não gosta da forma como tem vindo a relacionar-se com a escola do seu filho, mas
desconhece como levar a cabo outras formas de relação.
• Não está satisfeitao com a forma como a escola onde anda o seu filho se relaciona
com as famílias dos alunos, e gostava de ajudar a pôr em prática formas mais
positivas.
Não há hoje dúvida que o bom êxito escolar está profundamente relacionado com a
participação positiva dos pais na educação dos filhos. Mas se bem que a maior parte
dos estudos mostrem que pais e mães querem envolver-se na vida escolar dos filhos,
muitos não sabem como fazê-lo, têm pouco tempo disponível, ou estão face a uma
escola que não estimula esse envolvimento.
Infelizmente, e durante muitos anos, a relação escola-família foi, no nosso país, uma
relação essencialmente negativa: a escola só chamava os pais quando os filhos
estavam a ter
problemas, só os convidava para actividades em que não tinham mais do que o papel
de espectadores (como as festas de Natal ou de fim-de-ano) e entendia como
ingerência a visita frequente de pais mais empenhados ou activistas.
Por seu lado, a família relacionava-se com a escola de uma forma crítica ou
desinvestida: apontando dados face a insucessos, indo à escola para «pedir contas»
quando vivia alguma insatisfação com métodos ou conteúdos escolares, e estando
ausente aquando das poucas convocatórias que a escola fazia. Claro que as atitudes
da escola e da família somadas provocavam uma espiral de mal-estar mútuo.
Mais do que nunca pais e professores sentem hoje que necessitam trabalhar em
conjunto para que as crianças tenham sucesso como pessoas e como alunos.
Nota-se um esforço progressivo para melhorar esta relação. Para si, mãe ou pai, aqui
ficam algumas propostas do que pode fazer para inverter esta tendência, em vez de
continuar cepticamente esperando que a escola tome a iniciativa dessa melhoria. Os
pais continuam a ser, apesar de tudo, os primeiros e mais importantes professores das
crianças. Como mãe ou pai o leitor/a tem um conhecimento profundo dos gostos,
necessidades, potencialidades e problemas do seu filho.
1. Comece por ter um papel activo na escolha da escola. As escolas podem investir de
forma diferencial na qualidade do ensino e as propostas dos pais — com todo o seu
apoio — serão invectivas para o melhoramento do seu funcionamento.
5. Estimule a escola do seu filho a ter um espaço físico (uma sala, se possível) para os
pais. Provocará oportunidades de encontro entre eles, de relação com os professores,
sítio para deixar informações e material, local onde se possam realizar acções de
formação para pais, etc. Se não houver espaço disponível na escola, preparar, pelo
menos, um canto de um hall ou entrada, com a ajuda de biombos e bancos com
almofadas para criar alguma privacidade e vontade de parar.
7. Sempre que falar com o professor ou professora do seu filho faça-o de uma forma
positiva e valorizadora do trabalho que ele ou ela está a realizar. Se tiver queixas a
fazer ou propostas de mudança, comece sempre por dizer coisas positivas e
elogiativas, e só depois, com tacto e sensibilidade, aponte dificuldades que o seu filho
está a sentir, e pergunte ao/à professor/a ou director/a de turma o que acha que,
juntos, poderão fazer. Depois informe-ao daquilo que já pensou sobre o assunto e veja
da adequabilidade, tendo em conta o ponto de vista da escola. Se respeitar os
professores e os fizer sentir valorizados, terá muito mais hipóteses de que o respeitem
e valorizem a si. A crítica e a culpabilização não levam longe.
8. Pergunte aos professores do seu filho aquilo que acham que pode, como mãe ou
pai, fazer em casa (em termos de actividades, materiais, etc.) para apoiar o seu filho
nas actividades
escolares. Combine, por exemplo, ler diariamente com ele à noite meia hora ou
construir em conjunto um projecto para a aula de Ciências — e, claro, cumpra o
acordado.
9. Não diga mal da escola nem dos professores frente ao seu filho. Se o fizer só estará
a colocá-lo numa posição crítica e difícil, a dar-lhe possíveis justificações para
possíveis insucessos e a abrir uma porta para que ele se desmotive e faça o mesmo. A
escola e o trabalho dos professores devem sempre ser respeitados, e quando pais e
alunos estão descontentes, deve ser estimulada uma forma equilibrada, calma e
positiva de melhorar a situação. Se tiver críticas, faça-as sempre pela positiva «Temos
que falar com a tua professora de Francês para ver formas através das quais se possa
aumentar o gosto dos alunos por esta língua». Em vez de «A tua professora de
Francês não tem jeito nenhum para levar os alunos a gostarem da língua!»
10. Esforce-se por conhecer o melhor possível os recursos da escola do seu filho, bem
como os materiais que recomendam. Esteja atento, leia as folhas que vêm da escola,
as notícias dos placars, todo o tipo de informações. E utilize esses recursos.
11. Lembre-se da regra dos três Cês na relação família-escola. Para se conseguir que
seja fértil e positiva tem de estar alicerçada na Confiança, na Cooperação e na
Comunicação.
• O/A professor/a do seu filho o aconselhou a contratar um explicador mas não sabe
se o deve fazer.
• Questiona a eficácia de um explicador para que o seu filho passe de ano.
• Tem dúvidas sobre se o seu filho precisa ou não de ajuda externa.
• Quer escolher um explicador e não sabe que critérios ter em conta para o fazer.
• Ouviu falar no Apoio Pedagógico Acrescido e não sabe se deve recorrer a este
serviço antes de contratar um explicador.
Quase todas as crianças precisam de algum tipo de ajuda para estudar, fazer os
trabalhos de casa ou aprender novas coisas. O envolvimento dos professores e dos
pais é indispensável, mas por vezes não é suficiente e torna-se também necessário
recorrer a um explicador.
Quando tal acontece, o primeiro passo é reconhecer se o seu filho precisa, de facto, de
ajuda. Os motivos pêlos quais uma criança pode precisar de uma ajuda adicional
podem ser vários:
• Ter falta de tempo para lhe dar apoio ou a sua disponibilidade ser muito irregular,
não lhe permitindo uma ajuda continuada. Na maior parte das famílias actuais o pai e
a
mãe trabalham, deixando limitado o tempo disponível para estar com os filhos.
• Ter dificuldade em ajudar o seu filho em alguns temas específicos que ele não
consegue perceber sozinho. Alguns assuntos podem tornar-se difíceis para os pais
ensinarem (por exemplo, alguns aspectos de matemática, uma língua estrangeira ou
qualquer outro assunto).
• Não ter obtido até então muito sucesso com o apoio que lhe tem dado.
• O seu filho ter dificuldade em fazer os trabalhos de casa, não ter bom
aproveitamento escolar ou ter reprovado.
• O resto da família estar a ser prejudicada devido ao tempo excessivo que tem de
passar com o seu filho para o ajudar a estudar e a fazer os trabalhos de casa.
• O professor do seu filho ou o psicólogo da escola terem recomendado que ele fosse
acompanhado por um explicador.
• Os momentos em que ajuda o seu filho nos trabalhos de casa serem extremamente
desagradáveis e stressantes.
Tipos de ajuda
Tente perceber se o problema com o seu filho está principalmente ligado a aspectos
de falta de motivação, percepção negativa das suas competências, elevados níveis de
ansiedade, reacções emocionais no seio da família...; se for esse o caso deve
consultar primeiro um psicólogo (ver Capítulo 3.3). No entanto,
se as causas de um possível insucesso escolar lhe parecerem ser sobretudo
académicas e relacionadas especificamente com aspectos escolares, deve colocar a
hipótese de procurar um explicador. A escola do seu filho poderá ter apoios gratuitos;
comece primeiro por explorar este recurso. Para escolher um explicador peça a
opinião dos professores do seu filho ou de outros pais e amigos que tenham já
recorrido a explicadores. Como escolher um explicador?
• Marque um encontro face a face com o explicador. Não decida por um explicador
baseando-se apenas numa conversa telefónica.
• Defina em comum com ele os objectivos que querem atingir com as explicações. Só
desta forma poderá ir avaliando se está ou não satisfeito com o trabalho do
explicador.
O preço também deve ser acordado inicialmente e é naturalmente mais barato se for
em grupo.
O facto de a explicação ser em grupo pode ser mais estimulante para a criança ou
jovem, mas se a necessidade de atenção/disponibilidade que o seu filho necessita for
grande, beneficiará mais de explicações individuais.
Marque uma reunião — se tal for viável — entre o explicador e o director de turma ou
professor do seu filho, de forma a que os três possam decidir a melhor forma de
melhorar o rendimento escolar.
Seja pontual no caso das explicações serem fora de sua casa. Assim estará a respeitar
as horas do explicador e a ensinar ao seu filho o que é a pontualidade e o respeito
pelo trabalho daquele professor.
Evite intrometer-se na condução das explicações se estas se realizarem em sua casa,
mantendo um ambiente calmo e silencioso, e evitando conversas longas ao telefone
ou irmãos a perturbarem as sessões.
Não aceite como explicador do seu filho um dos seus professores, por razões éticas e
de conflito de interesses.
! Uma vez começadas as explicações não espere milagres da | «noite para o dia». Na
verdade, deve até pôr em causa explicadores que prometem esses milagres.
! Não vale a pena pagar a um explicador para ele fazer os trabalhos de casa pelo seu
filho, o que se pretende é que ele o ensine a fazê-los.
! Ter explicações não deve ser um momento desagradável para o jovem. É natural
haver alguma ansiedade no 1º dia, dado que se encontra numa situação nova, mas se
esta ansiedade persistir e o seu filho fizer comentários negativos em relação às
explicações, procure primeiro perceber o que se passa e a confirmar-se algum
problema tente outro explicador.
• Perceber se o seu filho precisa de ajuda adicional para melhorar o seu desempenho
escolar.
• Conhecer que tipos de ajuda pode procurar.
• Escolher um explicador tendo em conta as necessidades do seu filho.
• Acha que o seu filho está com problemas e não sabe como ajudá-lo.
• Os professores ou o médico do seu filho aconselharam a que o leve a um psicólogo.
Sente que precisa de apoio especializado para lidar com o seu filho, com os seus
problemas pessoais, conjugais, ou com a relação entre as pessoas da sua família.
O que é um psicólogo
Tal como os médicos têm especialidades, também os psicólogos podem ser treinados
para trabalhar em educação, em terapia individual, familiar ou grupal, serem
especializados em orientação escolar e vocacional, em desporto, em saúde, em
organizações... Dentro de cada especialidade podem ainda adoptar formas diferentes
de trabalho, consoante os modelos teóricos em que se enquadram. Assim, os
psicólogos clínicos podem ter uma orientação teórica psicanalítica, comportamental
e/ou cognitiva, sistémica, etc.
Esta visão foi ultrapassada pelas mais recentes formas de fazer Psicologia, assentes
em filosofias de apoio, nomeadamente preventivas e de desenvolvimento de
competências, em detrimento das de remediação de males e tratamento de
perturbações já instaladas. Todos temos dificuldades na vida com as quais não somos
capazes de lidar sozinhos; todos temos uma ou outra característica pessoal que pode
ser melhorada, potenciada ou substituída para um melhor bem-estar. É normal termos
dificuldades que não conseguimos ultrapassar sem ajuda do exterior.
Para que seja possível, se tiver que levar o seu filho ao psicólogo, que ele não sinta
que é anormal, nem venha a ser estigmatizado e rotulado como uma criança ou jovem
perturbado, temos todos que trabalhar na construção desta nova imagem, para evitar
que a ida ao psicólogo precise de ser feita «às escondidas», rodeada de segredos,
culpas e vergonhas.
Se na família:
Comece por ver se há um psicólogo na escola do seu filho. Se o que pretende é que
ele faça testes de orientação
escolar e profissional, então procure na escola um psicólogo com esta especialização.
Se pretende apoio para resolver um problema emocional, relacional, de
comportamento ou de insucesso escolar, confirme com o psicólogo de orientação da
escola se ele também tem preparação para lidar com estas situações. Se não, o mais
adequado será procurar um psicólogo que seja especializado em psicologia
educacional ou em psicoterapia, seja esta de pendor individual ou familiar. Se a escola
não tiver psicólogo, por vezes os professores conhecem alguns de quem podem dar
referências e contactos. Se não, fale com o seu médico de família ou pediatra da
criança. Por vezes estão ligados a psicólogos e conhecem bons profissionais. Se
continuar sem obter o contacto de um psicólogo em que a escola ou os médicos
confiem, tente as faculdades de Psicologia que possuem serviços de apoio à
comunidade (em Lisboa, Coimbra, Porto e Braga), as escolas de ensino superior
particular onde se lecciona psicologia (Instituto Superior de Psicologia Aplicada/ISPA,
ISMAG, Universidade Lusófona, etc.) e os hospitais pediátricos ou centrais. Algumas
Juntas de Freguesia, Centros de Saúde e Igrejas possuem serviços deste tipo.
Finalmente, restam o contacto com familiares e amigos que já tenham recorrido a
psicólogos — e que podem dar uma ideia da qualidade do serviço prestado — e a lista
telefónica, onde encontrará psicólogos que fazem clínica privada, e cujos recibos
podem ser descontados no IRS. No caso da escolha ser pela lista, procure um que se
intitule terapeuta familiar se achar que o problema envolve mais do que um elemento
da família, um psicólogo educacional ou escolar se achar que o problema se confina à
escola, e um psicoterapeuta se lhe parecer que o problema é de comportamento mais
geral. Alguns anunciam-se como especialistas de adultos, de crianças ou de
adolescentes, e deve ter em conta, também, esta particularidade. Como em qualquer
profissão, há técnicos mais competentes e outros menos qualificados: inquira sobre as
qualificações,
sobre o número antecipável de sessões, e compare preços de, pelo menos, dois
profissionais, antes de iniciar o trabalho de apoio psicológico.
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