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Universidade Federal do Rio de Janeiro

Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais


POLI/UFRJ

Caio Pezzi Chimelli

Processamento, caracterização e propriedades do carbeto


de silício (SiC) obtido por sinterização em fase líquida

Orientador: Célio Albano da Costa Neto, Ph. D.

Rio de Janeiro, RJ, Brasil

Dezembro de 2010
Processamento, caracterização e propriedades do carbeto de silício
(SiC) obtido por sinterização em fase líquida

Caio Pezzi Chimelli

Projeto de Graduação submetido ao Corpo Docente do Departamento de


Engenharia Metalúrgica e de Materiais da Universidade Federal do Rio
de Janeiro como parte dos requisitos necessários para obtenção do grau
de Bacharel em Engenharia de Materiais.

Examinado por:

__________________________________

Prof. Célio Albano da Costa Neto, Ph. D.

__________________________________

Prof. Enrique Mariano Castrodeza, D. Sc.

__________________________________

Prof. Paula Mendes Jardim, Ph. D.

Rio de Janeiro, RJ, Brasil

Dezembro de 2010
Agradecimentos

Ao Prof. Célio Albano da Costa Neto, pela orientação do trabalho, pela oportunidade
de trabalho no Laboratório, pelos ensinamentos e experiências transmitidos e pela
amizade.

Ao Prof. Rupen Adamian, pela tão importante orientação durante o período de


Graduação.

Ao Prof. Tsuneharu Ogasawara (in memoriam), pelo exemplo, pelo incentivo, pela
amizade e pelos conhecimentos transmitidos.

À minha família, pelo apoio incondicional em todos os momentos.

À minha namorada Thalita, pelo amor e dedicação.

Aos amigos do Laboratório, Ma Maria Gabriela Pereira, Dr. Cláudio Vasconcelos


Rocha, Eng. Vitor Manuel Menezes, Eng. Rodrigo Portavales e aos técnicos
Leonardo Moraes e Aline Fernandes pelos sempre gentis ensinamentos, suporte e
disponibilidade em todas as etapas do Projeto e, especialmente, por suas amizades.

A todos os grandes amigos de Graduação.

A todos os Professores de Graduação do Departamento de Engenharia Metalúrgica


e de Materiais pelos conhecimentos transmitidos e pelo exemplo.

À UFRJ, pela formação humana e técnica de excelência.

Ao CNPq pela concessão de bolsa durante o período de Iniciação Científica.

i
Resumo do Projeto apresentado ao DEMM / UFRJ como parte dos requisitos
necessários para obtenção do grau de Bacharel em Engenharia de Materiais.

Processamento, caracterização e propriedades do carbeto de silício (SiC)


obtido por sinterização em fase líquida

Caio Pezzi Chimelli

Dezembro de 2010

Orientador: Prof. Célio Albano da Costa Neto, Ph. D., UFRJ

Departamento: Engenharia Metalúrgica e de Materiais

Palavras-chave: carbeto de silício ultra puro, sinterização em fase líquida,


processamento cerâmico, comportamento mecânico, confiabilidade

Este trabalho tem como objetivo investigar as propriedades de um carbeto de silício


ultra puro. A matéria-prima brasileira foi purificada via HF e apresentou uma pureza
superior (SiC/SiO2 = 15) ao pó importado (SiC/SiO2 = 5) pela técnica de XPS. O pó
purificado foi sinterizado em fase líquida com adições de Al203 e Y2O3 em 1950 ˚C. A
análise de DRX não identificou a presença da fase YAG. As medidas de
propriedades térmicas evidenciaram a influência da porosidade sobre o
comportamento térmico do material. A densidade relativa média foi de 88% pelo
método de Arquimedes. A resistência média à flexão em quatro pontos foi 188,9
MPa. O comportamento mecânico tornou-se superior ao pó não purificado SFL SiC.
A confiabilidade da aplicação do material sinterizado foi investigada pela análise
estatística de Weibull. O valor do módulo de Weibull (m) foi 5,83. A dispersão da
porosidade foi investigada por micrografias representativas utilizando análise MEV.

ii
Abstract of Project submitted to DEMM/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree in Materials Engineering.

Processing, characterization and properties of silicon carbide (SiC) obtained by


liquid phase sintering

Caio Pezzi Chimelli

December 2010

Advisor: Prof. Célio Albano da Costa Neto, Ph. D., UFRJ

Department: Metallurgical and Materials Engineering

Keywords: pure silicon carbibe, liquid phase sintering, ceramic processing,


mechanical behavior, reliability

This study is aimed to investigate the properties of an ultra pure silicon carbide. The
Brazilian raw material was purified via HF route and has shown a higher purity
(SiC/SiO2=15) than the imported powder (SiC/SiO2=5) by XPS technique. The purified
powder was sintered in liquid phase with Al203 and Y2O3 additions at 1950 ˚C. XRD
analysis could not identify YAG phase presence. The thermal properties
measurements showed the influence of porosity in thermal behavior. The average
relative density was 88% by Arquimedes method. The average four-point flexure
resistance was 188.9 MPa. The mechanical behavior has become superior to the non
purified LPS SiC. The reliability of its application was investigated by Weibull
statistical analysis. The Weibull modulus (m) was 5.83. The porosity dispersion was
investigated by representative microstructure SEM.

iii
Índice

1. Introdução.................................................................................................... 1

2. Revisão da Literatura.................................................................................. 4

2.1. Estrutura cristalina do carbeto de silício.................................................4

2.2. Síntese do carbeto de silício.................................................................. 5

2.3. Processos de sinterização..................................................................... 7

2.3.1. Sinterização em fase líquida (SFL).............................................. 9

2.4. Propriedades do carbeto de silício.......................................................10

2.5. Aplicações do carbeto de silício.......................................................... 11

3. Materiais e Métodos.................................................................................. 12

3.1. Matéria-prima....................................................................................... 13

3.2. Caracterização da matéria-prima........................................................ 15

3.2.1. Medidas de densidade do pó................................................... 15

3.2.2. Identificação das fases cristalinas............................................ 15

3.2.3. Análise granulométrica............................................................ .15

3.3. Preparação do corpo verde................................................................. 15

3.3.1. Preparação das misturas.......................................................... 16

3.3.2. Homogeneização das misturas................................................ 17

3.3.3. Prensagem uniaxial.................................................................. 18

3.3.4. Prensagem isostática............................................................... 19

3.4. Caracterização do corpo verde........................................................... 19

3.4.1. Densidade geométrica do corpo verde..................................... 10

3.5. Sinterização......................................................................................... 20

3.6. Caracterização dos corpos sinterizados.............................................. 21

iv
3.6.1. Identificação das fases cristalinas............................................ 21

3.6.2. Determinação das densidades aparente e geométrica............ 21

3.6.3. Condutividade térmica............................................................. .22

3.6.4. Comportamento mecânico e confiabilidade..............................23

3.6.5. Observação da microestrutura................................................. 25

4. Resultados e Discussões......................................................................... 27

4.1. Caracterização da matéria-prima........................................................27

4.1.1. Medidas de densidade do pó....................................................27

4.1.2. Identificação das fases cristalinas.............................................28

4.1.3. Análise granulométrica..............................................................28

4.2. Caracterização do corpo verde...........................................................30

4.2.1. Medidas de densidade geométrica........................................... 30

4.3. Caracterização dos corpos sinterizados.............................................. 31

4.3.1. Identificação das fases cristalinas............................................ 31

4.3.2. Medidas de densidade geométrica.......................................... 32

4.3.3. Medidas de densidade aparente............................................. 33

4.3.4. Medidas de condutividade térmica......................................... .34

4.3.5. Comportamento mecânico e confiabilidade..............................37

4.3.6. Observação da microestrutura................................................ 42

5. Conclusões................................................................................................ 45

6. Referências da Literatura......................................................................... 46

Anexos....................................................................................................... 49

v
Índice de Figuras

Figura 1. Representação esquemática da estrutura tetraédrica do SiC.................... ...4

Figura 2. Estruturas cristalinas características do SiC..................................................5

Figura 3. Esquema do processo Acheson utilizado para produção de SiC, adaptado


de W.F. Knippenberg................................................................................................. ...6

Figura 4. Evolução dos mecanismos microestruturais do SiC SFL, adaptado de


Engineered Materials Handbook: Ceramic and Glasses............................................ 10

Figura 5. Fluxograma do processamento de SiC sinterizado em fase líquida............12

Figura 6. XPS do pó antes do processo de purificação..............................................14

Figura 7. XPS do pó com maior razão de purificação.................................................14

Figura 8. Diagrama de fases Al2O3-Y2O3, adaptado de N. A. TOROPOV et al. ......16

Figura 9. Prensa hidráulica uniaxial........................................................................... 18

Figura 10. Prensa isostática a frio.............................................................................. 19

Figura 11. Forno de sinterização a vácuo...................................................................20

Figura 12. Equipamento utilizado no ensaio de flexão............................................... 24

Figura 13. Fase líquida intergranular presente no SiC sinterizado em fase líquida,
adaptado de SANTOS, M. A. P. ............................................................................... 26

Figura 14. DRX da matéria-prima.............................................................................. 28

Figura 15. Distribuição granulométrica da matéria-prima........................................... 29

Figura 16. Distribuição acumulada da matéria-prima................................................. 29

Figura 17. Densidade do corpo verde após as etapas de prensagem....................... 31

Figura 18. DRX do corpo sinterizado..........................................................................32

Figura 19. Dispersão das medidas de densidade geométrica....................................33

Figura 20. Comparação das medidas de densidade.................................................. 34

Figura 21. Difusividade térmica em função da temperatura....................................... 35

Figura 22. Condutividade térmica em função da temperatura....................................35

Figura 23. Calor específico em função da temperatura..............................................36

vi
Figura 24. Comparação entre condutividade térmica de diferentes materiais........... 36

Figura 25. Curva resultante do ensaio de flexão........................................................ 37

Figura 26. Curva de flexão ajustada........................................................................... 38

Figura 27. Resultados de resistência mecânica do material..................................... 38

Figura 28. Resultados de rigidez do material............................................................. 38

Figura 29. Determinação do módulo de Weibull.........................................................40

Figura 30. Probabilidade de falha do material............................................................ 41

Figura 31. Relação entre tensão de ruptura e densidade......................................... 41

Figura 32. Relação entre rigidez e densidade............................................................ 42

Figura 33. Micrografias obtidas por MEV.................................................................. 43

Figura 34. Análises de EDS e pontos indicados na imagem...................................... 44

vii
Índice de Tabelas

Tabela 1. Propriedades do SiC à temperatura ambiente............................................10

Tabela 2. Propriedades do SiC para diferentes rotas de processamento.................. 11

Tabela 3. Exemplos de aplicações de SiC................................................................. 11

Tabela 4. Composição química da matéria-prima...................................................... 13

Tabela 5. Características dos aditivos de sinterização...............................................16

Tabela 6. Composição química da mistura cerâmica................................................. 17

Tabela 7. Medidas de densidade da matéria-prima....................................................27

Tabela 8. Volume de partículas acumulado............................................................... 30

Tabela 9. Parâmetros granulométricos da amostra.................................................... 30

Tabela 10. Dispersão das medidas de densidade geométrica................................... 33

Tabela 11. Medidas de densidade aparente.............................................................. 34

Tabela 12. Medidas de densidade de diferentes materiais........................................ 34

Tabela 13. Medidas de propriedades térmicas...........................................................36

Tabela 14. Dispersão das medidas de propriedades mecânicas............................... 39

Tabela 15. Propriedades mecânicas de diferentes materiais..................................... 39

viii
1. Introdução
A classe dos materiais cerâmicos apresenta uma elevada gama de materiais com
propriedades igualmente diversificadas. Tradicionalmente, os cerâmicos têm sido
utilizados em grande parte no setor de construção civil e na fabricação de
revestimentos e produtos relacionados. Estes componentes são denominados
cerâmicas tradicionais [1], pois devido ao nível de exigência estrutural e solicitações
mecânicas aos quais são submetidos, não demandam requisitos elevados de
propriedades. Abaixo estão listados alguns exemplos das chamadas cerâmicas
tradicionais:

• porcelanas

• vidros

• ladrilhos

• azulejos

• vasos

• tijolos

Por outro lado, com a expansão industrial crescente nas últimas décadas, temos
experimentado uma demanda crescente por novos materiais e novas combinações
de materiais (materiais compósitos, materiais recobertos) capazes de atender aos
novos requisitos de propriedades. Como consequência disto, houve uma
intensificação das pesquisas e desenvolvimento na área dos cerâmicos, acarretando
em técnicas avançadas de processamento.

A evolução do processamento cerâmico e das matérias-primas envolvidas permitiu


o desenvolvimento da 2° geração de materiais cerâmicos, então denominados
cerâmicas avançadas ou de engenharia [2,3]. Este nome resulta do fato desta nova
classe de cerâmicos apresentar um conjunto singular de propriedades, conferindo a
estes materiais elevado potencial de aplicação em diversas áreas da indústria.
Algumas destas propriedades estão listadas abaixo [4].

• alta dureza e alta resistência mecânica, inclusive em temperaturas elevadas

• refratariedade

• resistência à fluência

• alta resistência à oxidação

• baixo coeficiente de expansão térmica

• resistência ao choque térmico

• baixa densidade, quando comparado, por exemplo, aos materiais metálicos

DEMM/POLI/UFRJ 1
Por outro lado, os materiais cerâmicos apresentam algumas limitações em
relação a propriedades e, consequentemente, a determinadas aplicações. Podem
ser destacadas algumas limitações como elevado custo do processo de fabricação,
dificuldade de sinterização, dificuldade de obtenção de geometrias complexas com
elevada densidade e, sobretudo, a fragilidade intrínseca aos materiais cerâmicos,
acarretando uma baixa tenacidade dos componentes cerâmicos.

A dificuldade de obtenção de geometrias complexas se deve ao fato da


sinterização ser o principal processo de fabricação das cerâmicas avançadas, em
detrimento do processo de fundição. Isso ocorre porque as cerâmicas avançadas
apresentam a fragilidade como característica determinante, o que se reflete em uma
baixa capacidade de deformação plástica para alívio de tensões internas (residuais
e/ou provenientes de carregamento externo). Com isso, as tensões geradas pela
transformação de fase sólido-líquido no processo de fundição provocariam a fratura
do material, já que os mecanismos de alívio de tensão ocorrem via deformação
plástica ou via formação e propagação de trinca/fratura. Por outro lado, cabe
ressaltar que, devido a suas propriedades, o SiC não está sujeito a problemas
recorrentes, por exemplo, aos materiais metálicos, como amolecimento em
temperaturas elevadas.

O carbeto de silício (SiC) destaca-se entre as cerâmicas avançadas, sendo


seu uso adequado para aplicações onde elevado desempenho mecânico seja
requerido. Apesar das limitações existentes, o desenvolvimento das técnicas de
processamento tornou possível a utilização do SiC em aplicações funcionais e
elementos estruturais de suporte. Abaixo estão listadas algumas das aplicações do
SiC [4,5].

• selos mecânicos

• recobrimentos

• elementos de aquecimento

• tubeiras

• blindagem balística

A utilização do SiC na fabricação dos elementos estruturais tem apresentado uma


série de benefícios. Algumas das vantagens observadas estão listadas abaixo [4].

• maior tempo de vida-útil

• menor custo de manutenção

As propriedades mecânicas dos materiais cerâmicos são resultado direto da


densidade, tamanho e geometria do componente cerâmico, assim como do tamanho
e distribuição de tamanho dos grãos e poros resultantes do processo de sinterização
na microestrutura do material. Por isto, na fabricação de componentes para
aplicações nobres, onde se deseja máximo desempenho mecânico, deve-se

DEMM/POLI/UFRJ 2
selecionar a rota de processamento mais adequada para alcançar as propriedades
desejadas.

As cerâmicas avançadas podem ser fabricadas através de diferentes rotas de


processamento, como sinterização convencional – ocorre em forno a vácuo com
atmosfera controlada em temperaturas elevadas, prensagem a quente (PQ) e
prensagem isostática a quente (PIQ). Além disso, no que diz respeito à composição
química, são três as principais rotas utilizadas:

• Sinterização em estado sólido (SES)

• Sinterização em fase líquida (SFL)

• Ligação por reação (LR)

A combinação entre a composição química e a rota de processamento é


fundamental para obtenção de um componente com as propriedades desejadas, fato
que se torna ainda mais crítico dada a baixa difusividade (coeficiente de difusão) do
SiC [6]. Com isto, a sinterização em estado sólido requer temperaturas mais
elevadas, da ordem de 2200 °C, enquanto a sinterização em fase líquida – se
caracteriza por uma elevada volatilização dos aditivos e formação de uma fase vítrea
nos contornos de grão – ocorre em temperaturas na ordem de 1900 °C, pois conta
com o auxílio dos aditivos de sinterização. Já o SiC ligado por reação (LR) – se
caracteriza pela infiltração por capilaridade de Si fundido em uma matriz porosa de
Si e C – ocorre em temperaturas ainda mais baixas, na ordem de 1600 °C.

O objetivo deste trabalho se baseia na purificação e processamento de matéria-


prima nacional e posterior avaliação das propriedades mecânicas resultantes. A
motivação para purificação da matéria-prima nacional se baseia no bom
desempenho mecânico apresentado por matérias-primas importadas, característica
perseguida no campo das cerâmicas estruturais, que apresentam pureza superior à
matéria-prima nacional.

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2. Revisão da literatura
Esta seção tem como finalidade apresentar referências da literatura para os
conceitos e informações apresentados e discutidos ao longo do trabalho, visando
fundamentar os pontos expostos.

2.1. Estrutura cristalina do carbeto de silício


O carbeto de silício é um material predominantemente covalente – decorre da
pequena diferença de eletronegatividade entre os átomos de C e Si – e, por isto,
apresenta ligações fortes e direcionais. Em decorrência da elevada energia
característica das ligações covalentes, há uma dificuldade inerente ao
processamento do SiC pela necessidade de quebra destas ligações fortes. A
característica fortemente direcional das ligações covalentes leva à formação de uma
estrutura cristalina com ângulos bem definidos e de menor empacotamento atômica
(número de átomos/unidade de volume), acarretando uma baixa densidade atômica
[6]. Tais ligações químicas são igualmente responsáveis por propriedades como
resistência mecânica e dureza em temperaturas elevadas.

A estrutura cristalina do SiC se caracteriza pela formação de tetraedros


coordenados do tipo Si4C ou SiC4. A figura a seguir ilustra a estrutura em questão:

Carbono

Silício

Figura 1. Representação esquemática da estrutura tetraédrica do SiC.

A estrutura tetraédrica de SiC apresenta formas polimórficas diversas. Há duas fases


de SiC características e bem definidas, a saber [7]:

• α-SiC

o Constitui a fase mais estável

o Apresenta estrutura cristalina hexagonal ou romboédrica

o Ocorre em temperaturas superiores a 2000 °C

o Geralmente decorre da redução carbotérmica da sílica

• β-SiC

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o Constitui a fase menos estável

o Apresenta estrutura cristalina cúbica

o Ocorre em temperaturas inferiores a 2000 °C

o Geralmente decorre da conversão química de polímeros

A forma α-SiC é mais estável termicamente, já que em temperaturas na ordem de


2000 °C ocorre uma transformação cristalográfica β  α. Com isso, a fase β-SiC se
caracteriza com uma fase termicamente metaestável.

O empilhamento dos tetraedros de SiC pode ocorrer de forma paralela ou


antiparalela, caracterizando o cristal resultante. O empilhamento paralelo leva à
formação de um cristal cúbico (β-SiC), enquanto a sequência de empilhamento
combinando camadas paralelas e antiparalelas leva à formação de um cristal
hexagonal ou romboédrico (α-SiC). Estas estruturas cristalinas estão representadas
na figura a seguir.

β-SiC (3C) α-SiC (2H)

Figura 2. Estruturas cristalinas características do SiC.

A fase α-SiC apresenta uma grande variedade de politipos, sendo o 6H a forma


mais comum [7]. Os politipos são designados pela combinação de letras e números.
As letras e números utilizados estão listados a seguir:

• as letras H, R e C indicam a estrutura do politipo, respectivamente, como


hexagonal, romboédrica ou cúbica

• os números indicam o número de duplas camadas empilhadas

2.2. Síntese do carbeto de silício


A principal rota de fabricação de SiC em escala industrial se baseia na redução
carbotérmica da sílica (SiO2) [8,9]. Este processo se caracteriza pela mistura entre
uma fonte de SiO2 e uma fonte de carbono, sendo tradicionalmente utilizadas como
fontes areia e coque de petróleo ou carvão, respectivamente. A reação relativa ao
processo de redução carbotérmica está descrita a seguir [8].

• Reações intermediárias

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SiO2(s) + C(s)  SiO(g) + CO(g)

SiO(g) + 2 C(s)  SiC(s) + CO(g)

• Reação global

SiO2 (s) + 3 C (s)  SiC (s) + 2 CO (g)

A reação de síntese do SiC ocorre em um forno em decorrência da passagem de


uma corrente elétrica através de eletrodos de carbono, tendo em vista que ocorre um
aquecimento da fonte de carbono a temperaturas na ordem de 2600 °C, promovendo
um aumento da cinética de reação de transformação de SiO2 e C em SiC. Esta rota
de fabricação, em particular, é denominada processo Acheson [10]. A figura a seguir
ilustra o forno utilizado para a síntese do SiC.

Figura 3. Esquema do processo Acheson utilizado para produção de SiC, adaptado de W.F.
Knippenberg [11].

O produto resultante do processo se baseia em um grande bloco de SiC. Devido a


sua geometria, as regiões internas do forno estão submetidas a diferentes
tratamentos térmicos, fato inerente à grande maioria dos processos industriais
envolvendo variação significativa de temperatura. Com consequência disto, ocorre
formação de um gradiente de temperatura no interior do forno, havendo formação de
diferentes fases microestruturais em função da temperatura local. Na região próxima
aos eletrodos, onde a temperatura atinge valores da ordem de 2000 °C, há formação
de α-SiC. Por outro lado, em regiões distantes dos eletrodos, onde a temperatura é
significativamente inferior a 2000 °C, há formação de β-SiC [12].

O processo de redução carbotérmica, além da produção de SiC, gera a formação


da SiO2 como subproduto. Esta sílica formada constitui um agente contaminante, já
que adere à superfície da partícula de SiC e apresenta difícil remoção. O oxigênio
constitui outra impureza do processo, sendo determinante para a redução da
qualidade do pó de SiC. A lavagem do pó com HF a temperatura ambiente é uma
alternativa para remoção destas impurezas. Teores de sílica na ordem de 1%
inviabilizam o processo de sinterização em estado sólido, enquanto que para o
processo de sinterização em fase líquida este mesmo teor contribui para a produção

DEMM/POLI/UFRJ 6
de uma peça sinterizada de maior densidade, pois é responsável pela formação de
uma fase líquida de mais baixa temperatura de fusão.

Visando à comercialização do SiC resultante do processo Acheson, faz-se


necessário o processamento do bloco de SiC, ou seja, há cominuição – britagem e
moagem – do material até que atinja a granulometria adequada para as diferentes
aplicações a que se destina. Abaixo estão listadas algumas rotas alternativas para
produção de SiC [12]:

• Decomposição térmica de organosilanos

• Conversão química de polímeros organometálicos

• Deposição química por vapor (CVD)

2.3. Processos de sinterização


A sinterização é um tratamento térmico responsável pela transformação do corpo
verde cerâmico, de baixa resistência mecânica, em um produto de propriedades
mecânicas superiores. Esta transformação resulta do processo de densificação do
corpo verde causado pelos mecanismos difusionais ativados em temperaturas
elevadas – acima da temperatura homóloga do material – nas quais geralmente a
sinterização ocorre [13]. A força motriz da sinterização – no qual ocorre
coalescimento das espécies envolvidas – é função do tamanho e distribuição de
tamanho de partícula do corpo verde, ou seja, quanto menor o tamanho de partícula
e mais estreita sua distribuição, mais efetivo será o processo de difusão, levando a
densificação e propriedades mecânicas superiores.

Devido à baixa difusividade do SiC [14], há uma dificuldade inerente ao processo


de densificação do corpo verde, mesmo para pequenas granulometrias empregadas.
Em função disto, a aplicação e geometria desejadas regem a seleção da composição
química e rota de processamento utilizadas. A seguir estão listados os 4 principais
processos de sinterização utilizados, cada um levando a propriedades e
microestruturas distintas:

• Sinterização em estado sólido (SES) [4,10,15]

No processo SES, a densificação resulta do coalescimento das partículas


viabilizado pela diminuição de energia livre de superfície. Por outro lado, para
densidades mais elevadas, há um aumento significativo de dificuldade de
sinterização decorrente da elevada razão entre as energias de contorno de grão e de
superfície das partículas de SiC. Por isto, se faz necessária a incorporação de
aditivos de sinterização, como B e C. Os mecanismos associados aos aditivos são o
aumento de energia superficial pelo C através da desoxidação e remoção da SiO2 e
a diminuição da energia de contorno de grão pelo B através de uma segregação
seletiva e adsorção de impurezas. O transporte de material por difusão ocorre em
etapas, são elas:

DEMM/POLI/UFRJ 7
• Fase inicial – ocorre rearranjo das partículas, formação de ligações fortes
seguidas de formação de pescoço. Ocorre densificação (incremento de
densidade) em torno de 10% e diminuição da superfície específica em torno de
50%.

• Fase intermediária – ocorre formação dos contornos de grão, maior número


de pontos de contato, diminuição de porosidade, gerando uma densificação em
torno de 90%.

• Fase final – ocorre fechamento dos poros, crescimento dos grãos e não há
densificação substancial quando comparada às etapas anteriores.

Embora a obtenção de um corpo sinterizado via SES demande uma matéria-prima


particulada de alta pureza, granulometria da ordem de µm e temperaturas da ordem
de 2000 °C, o produto sinterizado apresenta propriedades mecânicas extremamente
elevadas.

• SiC ligado por reação (LR ou RBSiC, em inglês, “reaction-bonded silicon


carbide”) [16,17]

O processo LR se caracteriza pela formação de uma estrutura porosa de SiC a


partir de uma mistura entre Si metálico e fonte de carbono infiltrada com vapor de Si
ou Si fundido. O processo ocorre em atmosfera inerte ou a vácuo. Algumas variáveis
importantes do processo são: químicas (concentração, tempo e temperatura) e
mecânicas (mistura e prensagem). Devido à baixa retração linear, o produto final
apresenta dimensões próximas ao formato desejado (“near net shape”), permitindo a
obtencao de geometrias mais complexas.

• Prensagem a quente (PQ) [18,19]

O processo de prensagem a quente se caracteriza pela formação de um produto


sinterizado de densidade extremamente elevada e, em decorrência, excelentes
propriedades mecânicas. Em contrapartida, há uma elevada dificuldade na obtenção
de geometrias complexas e sua produtividade é limitada.

A aplicação de pressão no processo gera um elevado nível de tensões internas,


gerando um aumento de difusividade e possibilitando que o processo ocorra em
temperaturas mais baixas em relação à SES. O processo de PQ possibilita a
sinterização em fase líquida ou em estado sólido.

• Sinterização em fase líquida (SFL)

Este trabalho foca no processo de sinterização em fase líquida (SFL), já que


constitui a rota de processamento utilizada para obtenção do material sinterizado. A
seção a seguir apresenta maiores detalhes sobre o processo em questão.

DEMM/POLI/UFRJ 8
2.3.1. Sinterização em fase líquida (SFL)
A sinterização em fase líquida se caracteriza pela incorporação de aditivos de
sinterização à composição química da mistura cerâmica [20]. Estes aditivos, óxidos
ou nitretos, apresentam um ponto eutético em seus diagramas de fase. Com isso, a
utilização destes aditivos na composição relativa ao eutético leva à formação de uma
fase liquida durante o processo, possibilitando temperaturas de sinterização
inferiores [21]. A combinação dos óxidos Al2O3 e Y2O3 tem sido amplamente
utilizada, por permitir a sinterização em temperaturas na ordem de 1950 °C [15]. É
recorrente a utilização de quantidades de Al2O3 e Y2O3 na razão 60% - 40%, pois se
refere justamente ao ponto eutético do diagrama com temperatura de 1780 °C.

No processo SFL ocorre fusão de um dos componentes e/ou reação entre os


componentes [21], formando a fase líquida que, então, passa a molhar os grãos
resultando em uma densificação elevada em baixas temperaturas, além da inibição
de crescimento dos grãos excessivo – propriedades como resistência mecânica e
dureza são inversamente proporcionais ao tamanho de grão do material.

A força motriz do processo SFL se baseia na redução de energia superficial


resultante da eliminação de interfaces sólido – vapor [6]. Além disso, há uma
redução de energia relativa à criação de interfaces sólido – sólido (área de contorno
de grão) seguida de crescimento de grão. O processo ocorre em 3 estágios descritos
a seguir:

• Estágio de rearranjo de partículas

o A fase líquida formada molha a fase sólida, promovendo uma


aproximação instantânea das partículas por efeito de capilaridade,
representando uma densificação inicial na ordem de 80 – 90% (em relação à
densidade teórica)

• Estágio de dissolução – reprecipitação

o Ocorre dissolução do material no meio líquido e posterior precipitação


do material na superfície de partículas menores

• Estágio de coalescência

o Ocorre remoção final dos poros e crescimento de grão, levando a


densidades finais na ordem de 95%

A figura a seguir apresenta a curva de densificação do SiC SFL em função do


tempo de sinterização, destacando o influência dos mecanismos sobre o aumento de
densidade durante o processo [21].

DEMM/POLI/UFRJ 9
Figura 4. Evolução dos mecanismos microestruturais do SiC SFL, adaptado de Engineered Materials
Handbook: Ceramic and Glasses [21].

O processo SFL, comparativamente ao processo SES, apresenta maior cinética de


reação e resulta em densificação uniforme ao longo da microestrutura do material.
Por outro lado, durante o resfriamento há formação de uma fase vítrea nos contornos
de grão – a SiO2 presente nas partículas de SiC reagem com os aditivos de
sinterização e forma uma silicato complexo amorfo – que gera uma perda
substancial de propriedades mecânicas, tornando o material ainda mais frágil [6].

2.4. Propriedades do carbeto de silício


Como visto anteriormente, o SiC apresenta diferentes rotas de processamento e
sinterização e cada processo empregado gera microestruturas e,
consequentemente, propriedades características. São propriedades gerais do SiC
elevada dureza e resistência mecânica, alta temperatura de fusão (refratariedade),
inércia química e elevadas resistências ao choque térmico e à oxidação. Por outro
lado, há propriedades significativamente influencias pela rota de processamento
adotada, como tenacidade à fratura, módulo de elasticidade, resistências à fluência e
à flexão. A tabela abaixo [22] lista algumas propriedades do SiC à temperatura
ambiente.
Sinterização Prensado a
Propriedade
Convencional quente

Densidade Teórica (g/cm3) 3,2 3,2

Módulo de Elasticidade
207 – 483 207 – 483
(GPa)

Limite de Resistência à
230 – 825 96 – 520
Tração (MPa)

Tenacidade à Fratura
4,8 – 6,1 4,8
(Mpa.√m)

Coeficiente de Expansão
4,6 4,5
Térmica (10-6 (ºC)-1)

Condutividade térmica
85 71
(W/m.K)

Calor Específico (J/Kg.K) 670 590

Resistividade Elétrica (W.m) 9 9


1,0 x 10 1,0 x 10

Tabela 1. Propriedades do SiC à temperatura ambiente.

DEMM/POLI/UFRJ 10
Um aspecto fundamental em relação aos materiais cerâmicos – em especial o SiC
– se baseia na influência da densidade nas propriedades mecânicas do produto final.
Com isso, como os processos de sinterização geram densidades distintas, há
também uma diferença entre as propriedades mecânicas resultantes. A tabela a
seguir ilustra a diferença entre algumas propriedades resultantes de diferentes rotas
de processamento [23]. Além disto, também ilustra a capacidade do SiC de manter
suas propriedades a altas temperaturas, sendo extremamente recomendado para
aplicações que demandem resistência a altas temperaturas/dureza a quente, sendo
essa uma vantagem competitiva em relação aos metais.

Propriedades x Processamento
Rota de Tensão de Ruptura (MPa) Módulo de Coef. Expansão Condutividade
-6 -1 -1 -1
Processamento 25 °C 1000 °C 1375 °C Young (GPa) Térmica (10 K ) Térmica (W.m .K )
Prensagem a quente
690 620 330 317 3,0 30-15
(aditivo MgO)
Sinterizado
655 585 275 236 3,2 28-12
(aditivo Y2O3)

Reação de ligação 210 345 380 380 2,8 6-3

Tabela 2. Propriedades do SiC para diferentes rotas de processamento.

2.5. Aplicações do carbeto de silício


Esse conjunto de propriedades físicas, térmicas, elétricas e, sobretudo, mecânicas,
permite ao SiC ser utilizado em aplicações estruturais de alto desempenho. Dentre
as diversas possíveis aplicações do SiC estão: abrasivos, bocal de foguetes,
refratários, motores, matrizes, semicondutores, sedes de selos mecânicos, válvulas,
tubos trocadores de calor e revestimentos térmicos [26].

Uma promissora recente aplicação do SiC se baseia na fabricação de filtros


cerâmicos porosos. O SiC permite, devido a suas propriedades, temperatura e
pressão de trabalho elevadas e, logo, atua como catalisador no aumento da cinética
do processo de filtração [25]. A tabela a seguir ilustra algumas aplicações do SiC,
assim como as vantagens observadas durante seu uso [25,26].

Aplicações do SiC

Aplicação Condições de trabalho Benefícios observados pelo cliente

Vida longa, demonstra baixa


Sede de selos, válvulas, Abrasão, erosão, frequente
manutenção em processos químicos,
partes de bombas, liners de degradação, faixa de
refino, marinho, polpa e papel, nuclear e
ciclone temperatura
efluentes
Alta temperatura, algumas
Queimadores e tubos de vezes abrasão e/ou ambiente Aumento do tempo de vida, baixa
troca de calor químico, choque térmico manutenção
severo
Revestimento térmico para Aumento do tempo de vida, baixa
Alta temperatura
proteção de tubos manutenção

Degradação, desgaste, Seguro, tempo de vida longo, baixa


Rolamentos de bombas
temperatura acima de 370 °C manutenção

Tabela 3. Exemplos de aplicações de SiC.

DEMM/POLI/UFRJ 11
3. Materiais e métodos
As atividades realizadas neste trabalho constituíram todo o ciclo de processamento
e caracterização do material cerâmico, envolvendo as etapas de análise da matéria-
prima particulada utilizada no processo, passando por seu processamento,
sinterização e caracterização das peças sinterizadas, além da avaliação dos
resultados dos ensaios realizados. O fluxograma contendo um resumo de todas as
etapas do processamento do material está ilustrado a seguir. Os materiais e
métodos utilizados neste trabalho e contidos no fluxograma serão detalhados a
seguir.

SiC SFL
Nacional Purificado

Preparação da mistura: 90% SiC pó nacional purificado


+ 6% w.t Al2O3 + 4% w.t Y2O3

Homogeneização: mistura + 2% w.t PEG + 2% w.t PVA


em vaso polimérico

Secagem: evaporação com agitação mecânica + estufa

Desaglomeração: gral + peneira vibratória

Conformação: prensagem uniaxial (30 MPa) +


prensagem isostática (150 MPa)

Sinterização: forno a vácuo


1950°C/30 min

Figura 5. Fluxograma do processamento de SiC sinterizado em fase líquida.

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3.1. Matéria- prima
A matéria-prima básica utilizada no processo se baseia em um material particulado
de SiC proveniente da indústria nacional, especificamente da empresa Saint-Gobain,
tratando-se de um pó não-moído (granulometria grosseira). Posteriormente, esta
matéria prima sofreu um processo de micronização (cominuição) pela empresa Micro
Service, com o objetivo de atender aos requisitos granulométricos necessários para
obtenção de um material sinterizado com propriedades mecânicas satisfatórias. Na
tabela abaixo constam as especificações da matéria-prima nacional como recebida.

• Fase cristalina: α-SiC

• Produto: SiC verde F220

• Lote: 526/07

SiC Nacional Como Recebido


Constituintes % w.t.
SiC 92,3
Carbono livre (CL) 3
Si + SiO2 2,94
Al 0,75
Fe 0,21

Tabela 4. Composição química da matéria-prima.

O material particulado foi então submetido a um processo de purificação no


Laboratório de Análises Químicas e Processamento Cerâmico – COPPE/UFRJ. A
motivação para a purificação se baseia no bom comportamento mecânico
apresentado pela matéria-prima importada nos ensaios realizados. Este material
importado apresenta uma razão SiC/SiO2, que representa uma medida da pureza do
material, igual a 5, enquanto a matéria-prima nacional (como recebida) apresentava
pureza, ou seja, razão SiC/SiO2 igual a 4. Com isso, o processo de purificação visou
à produção de um material potencialmente gerador de propriedades mecânicas
superiores.

A rota de purificação do material particulado de SiC ocorreu via HF, visando à


remoção da camada superficial de SiO2 presente na superfície das partículas. Tal
remoção ocorre através da reação entre HF e Si, gerando um produto volátil SiF4,
conforme a reação abaixo:

SiO2(s) + 4 HF(solução)  SiF4(g) + 2 H2O(l)

Primeiramente foram realizados testes com concentrações distintas de HF


sobre o SiC, sendo o produto de cada teste avaliado por XPS (espectroscopia de
fotoelétrons), técnica que analisa a composição química da superfície da partícula. A
análise de XPS mostrou o percentual de C, Si, O, F e Fe. O resultado do silício é
expresso em Si total, SiC e SiO2, enquanto o resultado do carbono é expresso em C
total, SiC, C-C, C-O, C=O, C-N e CO.

DEMM/POLI/UFRJ 13
Cada rota de purificação, utilizando uma concentração específica de HF,
resultou em diferentes graus de pureza da matéria-prima particulada. O produto/pó
utilizado no processamento descrito neste trabalho foi aquele com maior grau de
pureza obtido, alcançando uma razão SiC/SiO2 igual a 15. Uma vez que a matéria-
prima particulada constitui um input do processamento descrito neste trabalho, a
deconvolução dos picos de Si – análise quantitativa – foi realizada e possibilitou
determinar as quantidades relativas de SiC e SiO2 através das frações relativas de
área destes compostos. As figuras abaixo ilustram as análises de XPS realizadas
antes e após a rota de purificação mais eficiente.

Figura 6. XPS do pó antes do processo de purificação.

Pureza

SiC / SiO2 = 15

Figura 7. XPS do pó com maior razão de purificação.

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3.2. Caracterização da matéria-prima
A caracterização da matéria-prima foi realizada de modo a conhecer suas
características básicas, já que as propriedades do produto final dependem
diretamente de características do pó, como pureza e granulometria.

3.2.1. Medidas de densidade do pó


A determinação de densidade do pó foi realizada a partir da técnica de
picnometria de hélio. O equipamento utilizado, picnômetro ACCUPYC 1330
Micromeritics, pertence ao IPqM – Instituto de Pesquisas da Marinha.

A técnica se baseia na adsorção e dessorção de gás hélio nos poros aparentes


da amostra, onde o volume é registrado e usado no cálculo da densidade através da
massa previamente informada. As 5 amostras utilizadas foram secas à temperatura
de 110 °C durante 2 horas, a peso constante, e então resfriados em dessecador
para análise.

3.2.2. Identificação das fases cristalinas


A identificação das fases cristalinas formadas ocorreu através do ensaio de
difração de raios-x (DRX). Os parâmetros de realização do ensaio estão listados
abaixo:

• ângulo de varredura 2θ de 20 a 80°

• passo de 0,03°

• 2 segundos por passo

A identificação das fases cristalinas presentes nas peças sinterizadas é realizada


através do difratograma gerado. Através da comparação entre os dados de posição
e intensidade dos picos de difração e os dados constantes nos cartões de difração –
contêm conjuntos de dados de padrões de difração – é possível determinar as fases
formadas.

3.2.3. Análise granulométrica


A análise de tamanho e distribuição de tamanho de partícula foi realizada através
da técnica de espalhamento de luz. Para determinação do tamanho médio de
partículas foi utilizado o equipamento Malvern Zetasize Nano. Para a análise, foi
utilizada H2O de ultra pureza (Milli-Q; pH~5) adicionada de 0,1M de NaOH (pH~11).

3.3. Preparação do corpo verde


A preparação do corpo verde apresenta uma ordem cronológica descrita no
fluxograma mostrado anteriormente. As etapas do fluxograma estão detalhadas a
seguir.

DEMM/POLI/UFRJ 15
3.3.1. Preparação das misturas
A rota de processamento adotada neste trabalho tem por objetivo a realização de
uma sinterização em fase líquida (SFL), processo que se caracteriza pela
incorporação à composição química de aditivos de sinterização, sendo a ítria (Y2O3)
e a alumina (Al2O3) as substâncias adicionadas. A adição destes compostos é
fundamental para o processo, pois viabiliza a sinterização do corpo verde em
temperaturas inferiores através do uso da composição relativa ao ponto eutético do
diagrama de fases Al2O3 - Y2O3. A figura abaixo ilustra o diagrama binário e sinaliza
o ponto eutético do sistema.

eutético

Figura 8. Diagrama de fases Al2O3 - Y2O3, adaptado de N. A. TOROPOV et al. [27].

Baseadas neste diagrama foram estabelecidas as quantidades de 4% e 6%,


respectivamente, para Y2O3 e Al2O3 na composição química do material. O objetivo
destes aditivos é reduzir a temperatura de sinterização do processo, a qual ocorreu
em 1925 °C, através da formação de uma fase líquida. Na tabela abaixo constam as
especificações dos aditivos de sinterização.

Aditivos de Sinterização
Al2O3 Y2O3
Constituintes % w.t. Granulometria Pureza 99,9%
Al2 O3 99,5 d10 = 1,0 μm d<10μm
Carbono livre (CL) 0,3 d50 = 2,1 μm
Na2O 0,12 d90 = 31,1 μm
SiO2 0,029
Fe2 O3 0,029

Tabela 5. Características dos aditivos de sinterização.

Adicionalmente, são incorporados à composição química da mistura cerâmica


outros aditivos, tendo por objetivo facilitar as etapas do processamento do material.

DEMM/POLI/UFRJ 16
Trata-se do PVA (poli vinil álcool) e do PEG (polietileno glicol). O PVA atua como
ligante, facilitando as etapas de prensagem do material, pois confere maior adesão
entre as partículas. O PEG atua como plastificante, pois se trata de um elemento
tensoativo, causando uma redução da tensão superficial da mistura cerâmica e, pois,
garantindo uma homogeneização eficiente das substâncias envolvidas. A tabela
abaixo retrata a composição química da mistura utilizada no processo.

Composição Química
Compostos Quantidade Relativa (w.t.)
SiC nacional purificado (pó) 90%
Al 2O3 6%
Y2O3 4%
PEG (plastificante) 2%
PVA (ligante) 2%

Tabela 6. Composição química da mistura cerâmica.

3.3.2. Homogeneização das misturas


A mistura cerâmica, conforme detalhado anteriormente, compreende o pó de
SiC purificado, aditivos de sinterização (Al2O3 e Y2O3) e aditivos de processamento
(PEG e PVA). O objetivo da homogeneização da mistura se baseia na obtenção de
uma microestrutura final homogênea, com propriedades igualmente homogêneas.

A mistura foi homogeneizada em um moinho de bolas (baixa energia) a 250


RPM com o suporte de um recipiente polimérico contendo esferas de Al2O3 em meio
aquoso. As condições adequadas de homogeneização das substâncias no interior do
recipiente foram garantidas pela presença de H2O e pelo fato do volume da mistura
resultante não ter superado 50% do volume do recipiente. Cabe ressaltar que foi
observada uma perda de massa das esferas de Al2O3 durante o processo, a qual
embora não caracterize uma contaminação da mistura, pode ter levado a um
desbalanceamento do eutético.
Após a homogeneização, a lama cerâmica foi submetida a um processo de
secagem. Este processo foi realizado em duas etapas, a saber:
• A primeira etapa tem por objetivo retirar significativamente o volume de
líquido presente na lama, através de um processo de evaporação com agitação
mecânica com o auxílio de uma placa aquecedora e um sistema mandril-haste.
Neste caso particular, é fundamental que haja agitação para evitar segregação de
partículas de tamanhos distintos, já que a decantação de uma partícula é função
de seu tamanho, garantindo uma homogeneização permanente da mistura.
• A segunda etapa foi realizada em estufa, com o objetivo de complementar a
retirada do líquido presente na mistura e gerar um produto seco (baixo teor de

DEMM/POLI/UFRJ 17
umidade). Como nesta fase o volume de líquido é substancialmente menor, não
foi utilizada agitação mecânica.
O processo de desaglomeração foi realizado de forma subsequente à secagem da
lama cerâmica. Este processo foi realizado em duas etapas, a saber:
• A primeira etapa foi realizada de forma manual com auxílio de um almofariz, já
que o material seco apresentava alto grau de aglomeração e elevada dureza. O
objetivo desta etapa era cominuir os grandes blocos a pó ou, ao menos, fracioná-
los em partes menores de mais fácil desaglomeração.
• A segunda etapa foi realizada a seco com o auxílio de uma peneira vibratória,
com tamanho de malha aproximado ao tamanho de partícula desejado (0,25 mm
ou 250 µm – ABNT 60), para eliminar possíveis aglomerados remanescentes. O
processo é semi-autógeno, ou seja, as esferas utilizadas são do mesmo material
(SiC) do particulado, evitando-se assim maiores contaminações indesejadas.

Resulta do processo de desaglomeração um material particulado (pó) com a


granulometria e composição químicas desejadas, estando este material pronto para
o processo de conformação mecânica.

3.3.3. Prensagem uniaxial


A prensagem uniaxial constitui a etapa de conformação do pó segundo a
geometria desejada, representada por um molde, resultando na formação do corpo
verde. Para tanto, foi utilizado uma prensa hidráulica com capacidade nominal
máxima de 40 t, aplicando uma pressão de 30 MPa sobre o material particulado. O
molde utilizado é feito de aço inoxidável com dimensões de 65,0 x 55,0 mm, que
gerou uma placa retangular de SiC a verde com as mesmas dimensões do molde e
espessura de 6,0 mm. A figura abaixo ilustra a prensa utilizada no processo.

Figura 9. Prensa hidráulica uniaxial.

Cabe ressaltar que a prensagem uniaxial é responsável pela densificação primária


do pó e apresenta limitações relacionadas ao modo de carregamento e à carga

DEMM/POLI/UFRJ 18
máxima aplicada. Além disso, as tensões não são uniformemente distribuídas, e o
centro da peça (caso a dimensão longitudinal – paralela à de aplicação da carga –
seja grande) estará submetido a um menor nível de tensão e, consequentemente,
apresentará uma menor densificação.

3.3.4. Prensagem isostática


A prensagem isostática a frio constitui a segunda etapa de densificação do corpo
verde e tem por objetivo aumentar substancialmente sua dureza e resistência
mecânica. Para isto, o corpo verde é inserido em um balão polimérico para evitar
que o material entre em contato com o fluido do equipamento - o que levaria a um
amolecimento do mesmo – e em seguida todo o ar é retirado do interior do balão
(vácuo). O balão é então vedado e imerso por completo em um meio líquido
composto por H2O e óleo. Este procedimento gera uma retração do corpo de prova,
cujas dimensões reduzidas representam o aumento de densidade do corpo, porém
não altera sua geometria previamente estabelecida na prensagem uniaxial. A figura
abaixo a prensa isostática utilizada neste processo.

Figura 10. Prensa isostática a frio.

Cabe ressaltar que, nesta segunda etapa, o regime triaxial de tensões imposto ao
corpo verde na interior da câmara garante uma densificação homogênea ao longo de
suas dimensões. Esta etapa é irreversível, ou seja, o material atinge uma dureza que
não permite mais ajustes dimensionais ou de processamento. Haja vista que o
processo de usinagem dos corpos verdes, quando necessário, é realizado
justamente após a prensagem uniaxial, não sendo possível após a prensagem
isostática.

3.4. Caracterização do corpo verde

3.4.1. Densidade geométrica do corpo verde


Com o objetivo de monitorar a evolução do grau de densificação do corpo verde ao
longo das etapas de prensagem, foram realizadas medidas de densidade geométrica
do corpo verde. O conceito de densidade geométrica considera apenas as
dimensões e massa do corpo para seu cálculo, de acordo com a expressão a seguir.

DEMM/POLI/UFRJ 19
ρg = m / V

onde:

ρg – densidade geométrica do corpo verde

m – massa do corpo verde

V – volume do corpo verde

O volume do corpo verde foi obtido diretamente pela multiplicação de suas


dimensões e sua massa foi medida em balança de alta precisão. Devido às
dimensões e massa do corpo, a densidade foi expressa em g/cm3.

3.5. Sinterização
O tratamento térmico de sinterização constitui a última etapa do processamento
cerâmico. O processo ocorreu em um forno livre de O2 e com gases especiais N2 e
Ar. É fundamental que haja controle da pressão parcial de O2 no interior da câmara
de sinterização para inibir a reoxidação do SiC, conforme a reação abaixo.

SiC(s) + 2 O2(g)  SiO2(s) + CO2(g)

Para tal, o processo ocorreu em vácuo, inclusive para não prejudicar os elementos
de aquecimento e de isolamento que são feitos de grafite (C). Abaixo estão os
parâmetros experimentais utilizados durante o processo de sinterização:

• 25 a 800ºC  pressão positiva (1 a 4 psi)

• 800 a 1500ºC  alto vácuo (-15 a -12 psi)

• 1500 a 1950 ºC  baixo vácuo (-4 a -6 psi)

A figura abaixo ilustra o forno utilizado durante o processo de sinterização.

Figura 11. Forno de sinterização a vácuo.

DEMM/POLI/UFRJ 20
3.6. Caracterização dos corpos sinterizados
As técnicas de caracterização utilizadas tiveram por objetivo avaliar o
comportamento mecânico do material sob flexão em 4 pontos, avaliar as fases
cristalinas formadas, analisar a densificação/densidade das peças e avaliar o modo
de ruptura do material, através da observação da superfície de fratura por
microscopia eletrônica de varredura (MEV).

3.6.1. Identificação das fases cristalinas


A técnica, condições e parâmetros utilizados são os mesmos expostos na
caracterização da matéria-prima.

3.6.2. Determinação da densidade aparente


As medidas de densidade aparente foram realizadas em balança de alta precisão
segundo o método Arquimedes. Este modelo leva em consideração, para a
determinação da densidade, o empuxo realizado pelo fluido sobre o corpo, de acordo
com o Princípio de Arquimedes. Por isto, a utilização desta técnica é adequada para
materiais cerâmicos, materiais intrinsecamente porosos.

Abaixo seguem as etapas de pré-tratamento das peças sinterizadas para a


realização do ensaio, o qual ocorreu em conformidade com a norma ASTM C20-00
[28]:

• As amostras foram limpas com acetona, visando retirar quaisquer impurezas


residuais em sua superfície

• As amostras limpas, então, foram levadas à estufa a 150 °C por 12 horas

Após esta etapa, foram obtidas as medidas de massa seca. A seguir, as amostras
foram imersas de forma individual em H2O destilada em efervescência por 2 horas.
Após um período de 12 horas de resfriamento do sistema, foram obtidas novas
medidas, agora representando a massa imersa. Por último, as amostras foram
retiradas da H2O e a massa úmida foi então medida.

O cálculo da densidade aparente, segundo a norma utilizada, é obtido através da


equação abaixo:

ms
da = × ρ H 2O
mu − mi

Onde:

• da = densidade aparente da amostra [g/cm3]

• ρ H O = temperatura do fluido (no caso, H2O) na temperatura de ensaio [g/cm3]


2

• ms = massa seca [g]

DEMM/POLI/UFRJ 21
• mu = massa úmida [g]

• mi = massa imersa [g]

De forma complementar, o método de Arquimedes nos permite determinar a porosidade


aparente de acordo com a equação a seguir, onde as variáveis são as mesmas da equação
anterior:

mu − ms
pa =
mu − mi

3.6.3. Condutividade térmica


O ensaio de condutividade térmica do SiC foi realizado no Laboratório de
Tecnologia de Transferência de Calor – LTTC/COPPE. O método Flash, com auxílio
do equipamento Netzsch Nanoflash LFA 447/1, foi utilizado em conformidade com a
norma ASTM E 1461-01 [29].
O método se caracteriza pela geração de um pulso de grande energia e curta
duração – tempo inferior a 2% do tempo necessário para a face traseira da amostra
atingir 50% de sua temperatura máxima – e pela incidência perpendicular uniforme
do pulso na superfície da amostra. A amostra, pequena e de baixa espessura, sofre
um incremento de temperatura – a variação de temperatura deve ser pequena para
que a hipótese de propriedades constantes seja válida – em sua face traseira e os
parâmetros são obtidos pela comparação da amostra com um material de referência
com propriedades conhecidas [30]. A propriedade de difusividade térmica pode
então ser mensurada a partir das equações abaixo.

 L2 
α = 0.1388 ×  
 t 0.5 

Onde:

• α = difusividade térmica da amostra (material de interesse)


• L = espessura da amostra
• t0.5 = tempo para a face oposta da amostra atingir 50% da temperatura
máxima

A partir da comparação entre as curvas de aumento de temperatura do material de


interesse e do material de referência, obtém-se o valor de calor específico desejado
de acordo com a equação a seguir.

mr .c r .∆Tr
Q = ∫ m.c p .dT → Q = cte : mr .c r .∆Tr = m i .ci .∆Ti → ci =
mi .∆Ti
Onde:
• i = material de interesse; r = material de referência
• Q = calor sensível
• c = calor específico
• m = massa

DEMM/POLI/UFRJ 22
• ∆T = variação de temperatura

A partir dos valores conhecidos de difusividade e condutividade térmicas, obtém-se


diretamente através da equação a seguir o valor de condutividade térmica do
material de interesse.

Κ = α .ρ.c p

Onde:

• Κ = condutividade térmica do material de interesse

• ρ = densidade do material de interesse

• c p = calor específico do material de interesse

3.6.4. Comportamento mecânico e confiabilidade


As propriedades mecânicas das peças sinterizadas foram obtidas através do
ensaio de flexão em 4 pontos, em conformidade com a norma ASTM C 116-02 [31].
O ensaio de flexão permitiu avaliar as propriedades mecânicas das peças
sinterizadas, em especial a tensão de ruptura e o módulo de elasticidade em flexão.
Além disso, foram adotados os cuidados necessários para garantir a
representatividade e confiabilidade dos dados, de acordo com a norma ASTM C
1495-07 [32]. A obtenção dos corpos de prova foi feita por empresa contratada,
seguindo os seguintes critérios:

• Os corpos de prova foram obtidos através do corte das placas sinterizadas. O


equipamento de alta precisão – Isomet 4000 – utilizado possui disco de corte
diamantado.

• Houve retificação dos corpos de prova em todas suas faces, com suporte de
uma retificadora planar, com o objetivo de eliminar imperfeições superficiais que
pudessem atuar como concentradores de tensão durante o ensaio, mascarando
os resultados das propriedades mecânicas obtidos

• Todas as arestas dos corpos de prova foram chanfradas a 45º, visando à


redução de concentrados de tensão associados à geometria dos corpos

• Após a retificação, as dimensões dos corpos de prova foram 3,0 x 4,0 x 60,0
mm

Para alcançar uma representatividade significativa, foram ensaiados 25 corpos de


prova do material. Estes ensaios foram realizados em uma máquina universal de
testes, modelo Instron 5587, a uma taxa de carregamento de 0,05 mm/min. Os
acessórios e procedimentos utilizados durante o ensaio de flexão estão descritos a
seguir:

DEMM/POLI/UFRJ 23
• Roletes em contato com o corpo de prova atuaram como suportes para
aplicação da carga, com dimensões de 30,0 mm de comprimento e 5,0 mm de
diâmetro

• Os roletes foram fixados na posição adequada através de elásticos de


borracha

• Sabendo-se que a fratura ocorre na superfície do corpo de prova submetida à


tração, as superfícies de tração e compressão foram distintas através da
marcação das mesmas. Desta forma, foi certificado que a face submetida à
tração não apresentava nenhum defeito, evitando distorções nos resultados. Com
isso, a fratura ocorreu como o esperado, entre os pontos de contato dos roletes
com o corpo de prova

• Todo cuidado foi tomado no sentido de se evitar que qualquer corpo de prova
com concentradores de tensão fosse ensaiado, levando a erros nos resultados

• Tanto a superfície de fratura quanto os fragmentos eventualmente gerados no


ensaio foram armazenados e manipulados de forma adequada, evitando
contaminações e danos que pudessem prejudicar a etapa subsequente de
investigação da microestrutura

As figuras abaixo ilustram o equipamento e o dispositivo de flexão utilizados no


ensaio.

Dispositivo de flexão Imposição de deformação pela célula de carga

Figura 12. Equipamento utilizado no ensaio de flexão.

Devido ao caráter probabilístico das propriedades dos materiais cerâmicos, e não


determinístico – como nos metais –, faz-se necessária a avaliação destes utilizando
uma metodologia estatística. A função de distribuição de probabilidade acumulativa
proposta por Weibull permite estimar a probabilidade de falha do material em função
da tensão que o mesmo está submetido [33]. A análise foi realizada em
conformidade com a norma ASTM C 1239 – 06A [34]. Resulta desta função uma
curva relacionando a probabilidade de falha x tensão. A aplicação da metodologia de

DEMM/POLI/UFRJ 24
Weibull está bem apresentada no trabalho de Bush [26], a qual foi seguida neste
estudo. A função de Weibull está especificada a seguir:

  x m 
Pf = 1 − exp −   
  x0  
 
Onde:

• x = propriedade do material (no caso, tensão)

• pf = probabilidade de falha do material ao se considerar a propriedade x

• x0 = parâmetro de escala ou resistência característica, ou seja, propriedade


característica do material por volume unitário no qual a probabilidade de falha é 63,2%.

• m = módulo de Weibull

A partir da análise de Weibull será possível determinar a probabilidade de falha do


material a partir do qual foram fabricados os corpos de prova – SiC SFL nacional
purificado – e, consequentemente, a confiabilidade dos componentes produzidos.
Desta forma, pode-se estabelecer uma faixa de segurança para utilização do
material.

3.6.5. Observação da microestrutura


A observação e análise da microestrutura dos corpos de prova – fraturados no
ensaio de flexão – foram realizadas com o intuito de identificar os fatores que
possivelmente originaram a ruptura do material. Os fatores mais comuns que geram
a ruptura de materiais cerâmicos estão descritos abaixo:

• defeitos de volume

o poros

o grãos grosseiros ou agregados

o inclusões provenientes do processamento

• defeitos de superfície

o defeitos de usinagem

o defeitos resultantes de erros de manipulação dos corpos de prova

A fractografia constitui um método eficiente de investigação de fratura em


cerâmicos densos, e foi utilizada em conformidade com a norma ASTM C 1322-96A
[35]. A análise foi conduzida através da técnica de Microscopia Eletrônica de
Varredura (MEV), pois a elevada resolução do microscópio eletrônico permite
observar e analisar os microconstituintes presentes na microestrutura do material.
Acoplado ao microscópio foi utilizado o Espectrômetro de Energia Dispersiva (EDS),

DEMM/POLI/UFRJ 25
o qual foi fundamental para avaliar a composição química (elementos) de pontos
específicos na superfície do material, justamente os pontos suspeitos de terem sido
provocadores da ruptura do material. Além disso, esta técnica permite avaliar o
tamanho e distribuição de tamanho dos grãos e poros. Os procedimentos e cuidados
adotados na fratografia estão descritos abaixo:

• A reconstrução da superfície de fratura para análise foi facilitada pela


marcação anterior, na etapa de flexão, das superfícies de tração e compressão,
viabilizando a análise da superfície onde efetivamente ocorreu a ruptura

• A preparação das amostras para a análise de MEV se baseou na limpeza dos


corpos fraturados com acetona, com o intuito de eliminar quaisquer impurezas
residuais que pudessem mascarar a análise

• O aumento de resolução evolui lenta e incrementalmente, de forma a permitir


a avaliação desde o espelho formado entre as duas superfícies de fratura até
poros da ordem de µm

A micrografia a seguir, extraída de Tese de Doutorado do Laboratório de Analises


Químicas e Processamento Cerâmico – COPPE/UFRJ, apresenta exemplo da
microestrutura característica resultante do processo de sinterização em fase líquida.
Observa-se claramente a fase vítrea intergranular – branca na imagem – formada
durante o resfriamento pós-sinterização.

Figura 13. Fase líquida intergranular presente no SiC sinterizado em fase líquida, adaptado de
SANTOS, M. A. P. [12].

DEMM/POLI/UFRJ 26
4. Resultados e discussões
Esta seção visa apresentar e discutir os resultados experimentais obtidos através
das técnicas de caracterização descritas anteriormente. A partir dos resultados será
possível estabelecer relações entre o processamento e as propriedades do material.

4.1. Caracterização da matéria-prima


O conhecimento das características físicas da matéria-prima particulada é de
extrema importância no processamento cerâmico, uma vez que têm impacto direto
nas propriedades finais do corpo sinterizado. Com o intuito de realizar um controle
efetivo sobre a qualidade da matéria-prima, suas características também foram
investigadas.

4.1.1. Medidas de densidade do pó


As medidas de densidade ma matéria-prima – pó de SiC purificado com HF e
homogeneizado com Al2O3 e Y2O3 – estão detalhadas no relatório no anexo 1. A
tabela a seguir sintetiza os resultados obtidos.

Resultado das medidas de densidade da materia-prima


Material Massa (g) Densidade média (g/cm3) Desvio-padrão (g/cm3)
Pó purificado e
homogeneizado com 6,5 3.2296 0.0018
alumina e ítria

Tabela 7. Medidas de densidade da matéria-prima.

A densidade média da matéria-prima ficou ligeiramente superior à densidade


teórica do SiC – 3,22 g/cm3 [5]. Este resultado é reflexo do processamento e está de
acordo com o esperado, conforme explicado a seguir:

• O processo de purificação do pó de SiC como recebido resultou em uma


diminuição significativa da quantidade de SiO2 – 2,5 g/cm3 [5] – presente na
superfície das partículas de SiC. Como a densidade teórica da sílica é inferior à
do SiC, houve um aumento da densidade do pó purificado em relação ao pó
como recebido.

• Os aditivos de sinterização, Al2O3 – 3,95 g/cm3 [5] – e Y2O3 – 5,01 g/cm3 [5] –
resultam em um aumento da densidade do pó, já que apresentam densidade
superior à densidade teórica do SiC.

Ambos os argumentos respaldam o valor obtido de densidade do pó purificado e


homogeneizado utilizado no processo. Além disso, a regra das misturas rege a
determinação da densidade final de misturas; no caso da densidade, utiliza-se a
regra das misturas direta, sendo a quantidade e densidade de cada componente
diretamente proporcional à densidade final.

ρmistura = ρAl2O3 . ν Al2O3 (%) + ρY2O3 . νY2O3 (%) + ρSiC . νSiC (%)

DEMM/POLI/UFRJ 27
ρAl2O3 , ρY2O3 > ρSiC  ρmistura > ρSiC

ρmistura = 3,95 g/cm3 x 6% + 5,01 g/cm3 x 4% + 3,22 g/cm3 x 90%

ρmistura = 3,3354 g/cm3

 ρ teórico − ρ exp erimental 


Discrepância =   = (3.3354 − 3.2296 / 3.3354) = 3%
 ρ teórico 
A discrepância observada entre as densidades experimental e teórica – segundo a
regra das misturas direta – pode ser explicada pela precisão dos equipamentos
utilizados e pela amostragem realizada.

4.1.2. Identificação das fases cristalinas


A identificação das fases cristalinas presentes matéria-prima foi realizada através
do ensaio de difração de raios-x (DRX). O difratograma obtido está apresentado a
seguir. As intensidades dos picos estão normalizadas pelo valor do pico de mais alta
intensidade. Desta forma, as intensidades representam a intensidade relativa (%) de
cada pico de difração.

Figura 14. DRX da matéria-prima.

A partir da comparação entre os picos de difração e suas respectivas posições do


difratograma experimental do SiC SFL nacional purificado e os cartões JCPDS 49-
1428, JCPDS 29-1131 e JCPDS 29-1129 [36], foi possível identificar a fase
predominante α-SiC (politipo 6H) e a fase β-SiC (politipo 3C), a qual apresenta
estrutura cristalina cúbica de face centrada (CFC).

4.1.3. Análise granulométrica


O grau de compactação potencial do corpo verde é diretamente influenciado pelo
tamanho e distribuição de tamanho de partícula do pó de SiC. Além disso, estas
variáveis também têm influência no processo de sinterização, uma vez que a força

DEMM/POLI/UFRJ 28
motriz do processo está associada à energia superficial das partículas. Desta forma,
é fundamental haver uma distribuição adequada de tamanho de partícula, pois as
partículas pequenas viabilizam de fato o processo devido à sua alta energia
superficial.

O pó de SiC como recebido apresenta, qualitativamente, granulometria fina e, desta


forma, tende a aglomerar. Com isto, foi utilizado meio dispersante para evitar erros
de leitura do equipamento. As figuras abaixo representam a distribuição
granulométrica do pó de SiC nacional purificado.

Distribuição granulométrica da matéria-prima


16%

14%

12%

10%
Volume (%)

8%

6%

4%

2%

0%
0.1 0.6 1.1 1.6 2.1 2.6 3.1

Tamanho de particula (μm)

SiC nacional purificado

Figura 15. Distribuição granulométrica da matéria-prima.

Distribuição granulométrica acumulada da matéria-prima


100%

90%

80%
Volume acumulado (%)

70%

60%

50%

40%

30%

20%

10%

0%
0.1 0.6 1.1 1.6 2.1 2.6 3.1

Tamanho de particula (μm)

SiC nacional purificado

Figura 16. Distribuição acumulada da matéria-prima.

A amostra analisada apresenta tamanho de partícula entre 0.05 e 555.71 µm.


Entretanto, o volume acumulado de partículas apresentado a seguir evidencia que,
majoritariamente, as partículas apresentam tamanho até 10.48 µm; mais ainda,
poderíamos assumir de forma mais restritiva que a amostra analisada apresenta
tamanho de partícula entre 0.05 e 3.09 µm.

DEMM/POLI/UFRJ 29
Volume
Tamanho de
acumulado
partícula (μm)
(%)
3.09 97%
3.6 97%
4.19 98%
4.88 98%
5.69 98%
6.63 98%
6.63 98%
7.72 98%
9 98%
10.48 99%

Tabela 8. Volume de partículas acumulado.

A amostra apresenta cerca de 3% de partículas com tamanho igual a 0.13 µm. A


tabela a seguir apresenta os parâmetros granulométricos obtidos.

Tamanho
Parâmetro de partícula
(μm)
tamanho médio 0.514
d10 0.17
d50 1.09
d90 4.07

Tabela 9. Parâmetros granulométricos da amostra.

4.2. Caracterização do corpo verde


A caracterização do corpo verde é um importante termômetro do processamento
cerâmico, pois indica a manuseabilidade do corpo verde – necessária, por exemplo,
para submetê-lo à usinagem – e reflete o grau de densificação potencial a ser obtido
pelo corpo sinterizado. Como o processo de sinterização ocorre através de
mecanismos superficiais (energia), quanto mais elevada a densidade obtida pelo
corpo verde, menos a distância entre as partículas ao longo de sua microestrutura e,
logo, mais eficiente será o processo de sinterização.

Não foi possível realizar o ensaio para determinação de densidade aparente, uma
vez que, neste estágio, o corpo verde apresenta alta permeabilidade e sua
degradação seria inevitável.

4.2.1. Medidas de densidade geométrica


As medidas de densidade geométrica do corpo verde foram obtidas diretamente
através da massa e dimensões (volume) do corpo verde. A figura a seguir apresenta
os valores médios de densidade obtidos após prensagens uniaxial e isostática. Os
valores são apresentados em relação percentual ao valor de densidade teórica do
SiC (3.22 g/cm3).

DEMM/POLI/UFRJ 30
Densidade do corpo verde
55

Densidade teórica (%)


53
51.63
51

49
48.11
47

45
0 30 60 90 120 150

Tensão aplicada ao corpo verde (MPa)

prensagem uniaxial prensagem isostática

Figura 17. Densidade do corpo verde após as etapas de prensagem.

Após a prensagem uniaxial sob carregamento de 30MPa, o corpo apresentou


densificação de 48%. Com o aumento do carregamento para 150MPa – prensagem
isostática – a densificação atingiu 52%. Os valores de densidade estão
compreendidos dentro da faixa de 50 – 65% prevista na literatura [37].

Os valores de densidade obtidos resultam da utilização dos aditivos de prensagem


– ligante e plastificante – durante o processo. Além disso, a distribuição
granulométrica observada anteriormente influencia diretamente o aumento de
densidade, uma vez que as partículas menores ocupam posições intersticiais
durante a prensagem do material e resultam em um maior empacotamento do sólido.

4.3. Caracterização do corpo sinterizado


Esta seção tem por finalidade apresentar os resultados dos ensaios de
caracterização do material sinterizado e se constitui a etapa fundamental do
trabalho, uma vez que reflete as propriedades resultantes do produto do
processamento cerâmico.

4.3.1. Identificação das fases cristalinas


A identificação das fases cristalinas presentes no material sinterizado foi realizada
através do difratograma apresentado a seguir. As intensidades dos picos estão
normalizadas pelo valor do pico de mais alta intensidade. Desta forma, as
intensidades representam a intensidade relativa (%) de cada pico de difração.

DEMM/POLI/UFRJ 31
Figura 18. DRX do corpo sinterizado.

Sabendo-se que o conjunto de matérias-primas utilizadas é constituído por SiC,


Al2O3 e Y2O3, espera-se que o difratograma sinalize a existência das seguintes fases
potenciais: SiC, Al2O3 e Y2O3 em suas formas individuais, silicatos à base de Al e/ou
Y e a fase YAG formada pela interação entre Al2O3 e Y2O3. Estas fases constituem a
maioria das reações que podem ocorrer e sintetizam as possíveis fases encontradas
no material sinterizado.

A partir da comparação dos picos de difração e suas respectivas posições do


difratograma experimental com os cartões utilizados anteriormente – caracterização
da matéria-prima – não foi possível identificar a formação da fase YAG. A formação
da fase Y3Al2(AlO4)3 ocorre através da reação entre Al2O3 e Y2O3. A não identificação
do YAG, e sim de picos característicos de Al2O3 e Y2O3, representa que não houve
reação significativa entre os aditivos de sinterização, o que pode ter resultado de
uma não homogeneização efetiva durante o processamento do material e/ou de um
desbalanceamento da composição eutética devido à contaminação das esferas de
Al2O3 durante a homogeneização da mistura. Desta forma, pode não ter ocorrido a
interação necessária entre os aditivos no ponto eutético do diagrama (1780 ˚C) para
que houvesse formação da fase YAG. Por outro lado, este fato não é suficiente para
afirmar que não houve formação de YAG, uma vez que pequenas quantidades de
Al2O3 e Y2O3 foram adicionadas e, consequentemente, o pico característico desta
fase no difratograma apresentaria dimensões limitadas e de difícil resolução. Uma
análise complementar para avaliar com maior confiabilidade a formação da fase YAG
seria a utilização por MEV da microestrutura do material, a qual não foi realizada
devido a limitações experimentais.

4.3.2. Medidas de densidade geométrica


A medição da densidade do corpo sinterizado é de fundamental importância,
uma vez que apresenta influência direta nas propriedades mecânicas do material. A
figura a seguir apresenta os resultados experimentais obtidos; os corpos de prova
estão classificados em ordem crescente de densidade.

DEMM/POLI/UFRJ 32
Densidade do material sinterizado
95

90

Densidade relativa (%)


85

80

75

70

65
0 5 10 15 20 25 30

Corpo de prova (ordem sequencial)


SiC nacional purificado

Figura 19. Dispersão das medidas de densidade geométrica.

Um fator crítico na produção de materiais cerâmicos se baseia na obtenção de


consistência de resultados/reprodutibilidade. Por isto, é fundamental uma análise
estatística dos resultados, a qual esta apresentada na figura a seguir.

Distribuição Estatística
Densidade Geométrica (g/cm3)
Média 2.75 / 85%
Máximo 2.9 / 90%
Mínimo 2.24 / 70%
Desvio-médio 0.0589
Desvio-Padrão 0.1144
Variância 0.0131

Tabela 10. Dispersão das medidas de densidade geométrica.

O menor valor de densidade medido constitui um ponto fora da curva e resulta de


potenciais problemas no processamento cerâmico, como nos processos de
homogeneização, prensagem e/ou sinterização.

4.3.3. Medidas de densidade aparente


O ensaio de determinação de densidade pelo método Arquimedes apresenta maior
confiabilidade no que tange às medidas experimentais. Isto se deve ao fato do
método levar em consideração o efeito da porosidade na diminuição do volume
efetivo de material ao longo da microestrutura. Por outro lado, a densidade
geométrica é calculada diretamente das dimensões do corpo de prova; quando o
material apresenta porosidade significativa, grandes distorções podem ocorrer no
cálculo da densidade e levar a resultados não factíveis.

Abaixo estão os resultados dos ensaios de medida de densidade segundo o


método de Arquimedes e pelas medidas geométricas do corpo de prova. A diferença
entre estas densidades nos fornece uma medida da porosidade do material.

DEMM/POLI/UFRJ 33
Medida de Densidade pelo Método Arquimedes
massa massa massa massa úmida - densidade densidade porosidade
amostra
seca (g) imersa (g) úmida (g) massa imersa (g) aparente (g/cm 3) relativa (%) aparente (%)
25 0.8776 0.5922 0.9041 0.3119 2.81 87.68 8.50
26 1.0587 0.7217 1.096 0.3743 2.82 88.14 9.97
9 1.0448 0.6958 1.0649 0.3691 2.82 88.21 5.45

Tabela 11. Medidas de densidade aparente.

A figura a seguir apresenta as discrepâncias entre as medidas experimentais de


densidades geométrica e aparente. Esta avaliação torna-se importante para
evidenciar a influência da porosidade sobre as técnicas de medição utilizadas.

Densidade geométrica x aparente


90%
88.2% 88.1%
Densidade teórica (%)

88% 87.7%

86% 87.1%
86.1%
84% 84.9%
82%

80%
0 5 10 15 20 25 30

Corpo de prova (ordem sequencial)

densidade geométrica densidade aparente

Figura 20. Comparação das medidas de densidade.

A discrepância observada entre as medidas experimentais de densidade


geométrica e aparente está coerente com o esperado. As medidas de densidade
aparente realmente tendem a ser superiores em relação à geométrica, uma vez que
leva em consideração o volume real – presença dos poros internos – do corpo de
prova.

A tabela a seguir contextualiza e compara os resultados de densidade do material


sinterizado, a partir de matéria-prima nacional purificada, em relação aos outros
materiais caracterizados no Laboratório de Análises Químicas e Processamento
Cerâmico/COPPE.

Comparação entre medidas de densidade aparente

Densidade Densidade
Material
(g/cm 3) relativa (%)
SiC importado 3.26 102
SiC SES premix 3.07 96
SiC SFL nacional purificado 2.82 88
SiC SFL nacional 2.55 80

Tabela 12. Medidas de densidade de diferentes materiais.

Nota-se que a densidade resultante do SiC SFL proveniente da matéria-prima


nacional purificada obteve um grau de densificação significativo e satisfatório quando

DEMM/POLI/UFRJ 34
comparado a materiais de referência – SiC importado e SiC SES premix – e,
inclusive, alcançado valor superior ao SiC SFL “tradicional” (matéria-prima no estado
como recebida, ou seja, não purificada). Este incremento de densidade por parte do
material purificado resulta da remoção da camada superficial de sílica amorfa
presente na superfície das partículas de SiC. Cabe destacar que a densidade
superior a 100% do material SiC importado deve-se à existência de carbetos
metálicos secundários em sua composição química, resultando em um acréscimo na
densidade final do material em relação à densidade teórica do SiC.

4.3.4. Medidas de condutividade térmica


Os resultados das propriedades termo-físicas – são função da temperatura – do
material sinterizado estão expressas em termos dos parâmetros de difusividade
térmica, condutividade térmica e calor específico à pressão constante. Estes
parâmetros possibilitam uma caracterização térmica suficiente para o escopo deste
trabalho.

Difusividade x T
34
32
30
α (mm 2/s)

28
26
24
22
20
25 50 75 100

T (˚C)

SiC CFL nacional purificado

Figura 21. Difusividade térmica em função da temperatura.

Condutividade x T
90

85
k (W/m.K)

80

75

70

65
25 50 75 100

T (˚C)

SiC CFL nacional purificado

Figura 22. Condutividade térmica em função da temperatura.

DEMM/POLI/UFRJ 35
Calor específico (Cp) x T
0.80
0.75
0.70

Cp (J/g.K)
0.65
0.60
0.55
0.50
25 50 75 100

T (˚C)

SiC CFL nacional purificado

Figura 23. Calor específico em função da temperatura.

A tabela a seguir apresenta os parâmetros térmicos, em faixas de temperatura


determinadas, obtidos pelo Método Flash.

T (˚C) α (mm2/s) k (W/m.K) cp (J/g.K)


25.6 31.1 87.9 0.539
49.3 28.9 81.7 0.593
74.4 26.6 75.2 0.661
99.8 24.7 69.8 0.709

Tabela 13. Medidas de propriedades térmicas.

Condutividade x T
105
100
95
90
k (W/m.K)

85
80
75
70
65
0 25 50 75 100

T (˚C)

PREMIX SES_PUR SFL_PUR

Figura 24. Comparação entre condutividade térmica de diferentes materiais.

Os dados a seguir representam o valor de densidade das amostras utilizadas para o


ensaio de determinação de condutividade e fundamenta os resultados obtidos.

Comparação densidade relativa (%)


Premix 97.5
SES purificado 92.2
SFL purificado 88.1

Os resultados experimentais, assim como a comparação realizada entre diferentes


materiais, evidenciam a correlação entre condutividade térmica e densidade das
amostras utilizadas. Materiais de maior densidade apresentam maior condutividade

DEMM/POLI/UFRJ 36
térmica, uma vez que os poros – presença de ar atmosférico (isolante térmico) –
atuam como barreiras à transferência de calor no interior do material. Além disso, no
caso do SiC SFL nacional purificado, há um efeito pronunciado em relação à barreira
térmica, pois somados aos poros existentes, há ainda a presença da fase vítrea
intergranular, que se constitui como uma barreira adicional e acarreta uma ainda
menor condutividade térmica por parte do material.

4.3.5. Comportamento mecânico e confiabilidade


O comportamento mecânico do material sinterizado foi realizado através de ensaio
de flexão em 4 pontos. Propriedades como tensão de ruptura e rigidez do corpo de
prova foram obtidas através dos dados fornecidos pelo equipamento utilizado. A
figura a seguir apresenta a curva derivada dos dados gerados.

Ensaio de Flexão
200

150
Tensão (MPa)

100

50

0
0.000 0.018 0.037 0.055 0.074 0.092 0.110

Deformação em flexão (%)

SiC SFL purificado

Figura 25. Curva resultante do ensaio de flexão.

Por outro lado, as medidas de propriedades mecânicas não podem ser retiradas
diretamente da análise desta curva, uma vez que nela estão embutidas distorções
provenientes dos momentos iniciais do ensaio – não há contato perfeito (folgas)
entre o corpo de prova e a esfera de aplicação de carga – levando a medições não
factíveis. Em decorrência disto, foi realizado um tratamento dos dados o qual se
baseou na remoção dos dados iniciais do ensaio de forma a obter a curva mais
linear possível, uma vez que a rigidez do corpo de prova é calculada pelo coeficiente
angular da curva. A linha de tendência utilizada permitiu o obter a parte mais linear
(parâmetro R2) da curva e, consequentemente, levou à obtenção de um valor de
rigidez o mais correto possível. A figura a seguir apresenta o ajuste realizado na
curva de flexão.

DEMM/POLI/UFRJ 37
Ajuste da curva de flexão
180

160

Tensão de rupturaa (MPa)


140

120

100 y = 204362x + 45,377


R2 = 0,9999
80

60

40

20

0
0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12

Deformação em flexão (%)


SiC nacional purificado Linear (SiC nacional purificado)

Figura 26. Curva de flexão ajustada.

Diretamente da curva acima são obtidos os valores de tensão de ruptura – tensão


máxima na curva – para cada corpo de prova ensaiado. As figuras a seguir
apresentam, respectivamente, os resultados experimentais de tensão de ruptura e
módulo de elasticidade em flexão.

Medidas de tensão de ruptura


300
Tensão de ruptura (MPa)

250
200
150
100
50
0
0 5 10 15 20 25 30

Corpo de prova (ordem sequencial)

SiC nacional purificado

Figura 27. Resultados de resistência mecânica do material.

Medidas de rigidez
250
Módulo em flexão (GPa)

200

150

100

50

0
0 5 10 15 20 25 30

Corpo de prova (ordem sequencial)

SiC nacional purificado

Figura 28. Resultados de rigidez do material.

DEMM/POLI/UFRJ 38
A dispersão dos resultados experimentais evidencia o caráter probabilístico das
propriedades do SiC. Esta discrepância de propriedades resulta da característica
microestrutural singular de cada corpo de prova proveniente do rigor no
processamento cerâmico, uma vez que as propriedades mecânicas são diretamente
proporcionais à densidade final do corpo de prova – a qual depende da densificação
após prensagens uniaxial e isostática – e à presença de concentradores de tensão
superficiais – os quais dependem do cuidado durante usinagem, dentre outros
fatores de processamento. Cabe ressaltar que o menor valor medido constitui ponto
fora da curva, sendo resultados de potenciais problemas de processamento já
citados anteriormente. A tabela a seguir apresenta a dispersão estatística das
propriedades acima medidas.

Distribuição Estatística
Tensão de Módulo de elasticidade
Parâmetro
ruptura (MPa) em flexão (GPa)
Média 188.9 204
Máximo 266.6 236
Mínimo 100.9 106
Desvio-médio 29.82 15.3
Desvio-padrão 37.67 24.5
Variância 1419.05 601.76

Tabela 14. Dispersão das medidas de propriedades mecânicas.

Comparação entre desempenho mecânico de SiC


obtidos por diferentes rotas de processamento
Material Tensão de ruptura (MPa)
SES premix 324
SES nacional purificado 192
SFL nacional purificado 188
SFL nacional 161

Tabela 15. Propriedades mecânicas de diferentes materiais.

Os materiais sinterizados em fase sólida – SES – apresentam desempenho


mecânico superior em relação aos sinterizados em fase líquida – SFL. Por outro
lado, cabe ressaltar que o material sinterizado em fase líquida (SFL) purificado
apresentou resistência mecânica 17% superior em relação ao mesmo material (SFL)
na qualidade como recebido (não purificado).

Deseja-se sempre minimizar a discrepância dos resultados e obter reprodutibilidade


dos resultados, embora tal diferença seja aceitável e inerente ao SiC. Como as
propriedades medidas não são determinísticas, foi utilizada a análise de distribuição
estatística de Weibull com o intuito de determinar a probabilidade de falha do
material em função do carregamento/tensão aplicada e, desta forma, estabelecer
uma faixa de segurança para aplicação do SiC desenvolvido neste trabalho.

Para análise de Weibull, faz-se necessário determinar uma série de estimadores


que derivam dos resultados experimentais. Como a metodologia de análise foge ao
escopo deste trabalho, está apresentado abaixo um resumo do algoritmo para
obtenção da curva de probabilidade de falha.

DEMM/POLI/UFRJ 39
• Os dados de tensão de ruptura devem ser classificados em ordem crescente

• Deve relacionar cada valor de tensão de ruptura a um parâmetro j (o valor


mais baixo de tensão apresenta j = 1 e, assim, sucessivamente até o número
total de corpos de prova)

j − 0.5
• Calcula-se, onde n = número de corpos de prova: Pf =
n
• Plota-se uma curva linearizada: ln [ln (1/1-Pf)] x ln (σ = tensão de ruptura)

• Calcula-se m (módulo de Weibull) = coeficiente angular da curva e x0 (-mlnx0 =


coeficiente linear da curva)

• Equaciona-se a função de probabilidade com o valor de m e x0

• Plota-se a curva Pf x σ

A partir do cálculo dos estimadores, apresentados na tabela no anexo 3, foi possível


plotar a curva apresentada na figura a seguir.

SiC nacional purificado


2

0
ln [ln(1/1-pf)]

4 4.5 5 5.5 6
-1

-2
y = 5.83x - 31.001
-3 R² = 0.9814

-4

-5
ln (σ)

SiC nacional purificado Linear (SiC nacional purificado)

Figura 29. Determinação do módulo de Weibull.

O módulo de Weibull (m) e o parâmetro x0 foram obtidos diretamente da curva


acima, como mostram os cálculos a seguir.

• m = coeficiente angular da curva = 5.83

• -mlnx0 = coeficiente linear da curva = -31.001  x0 = 203.87 (corresponde à


tensão de ruptura a qual apresenta uma probabilidade de falha = 63.2%)

A partir dos parâmetros acima obtidos, a curva de probabilidade de falha foi plotada
a partir da função a seguir.

  x m    x  5.83 
 
Pf = 1 − exp −   → Pf = 1 − exp −  
  x0     203.87  
   

DEMM/POLI/UFRJ 40
Onde:

• Pf = probabilidade de falha

• x = σ (tensão de ruptura)

A função acima resulta em uma curva que reflete o grau de


segurança/confiabilidade de utilização do SiC SFL nacional purificado em função do
nível de carregamento imposto ao componente. Considera-se nesta curva o volume
efetivo com sendo unitário.

Distribuição estatística de Weibull


100
Probabilidade de falha (%)

90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
0 50 100 150 200 250 300 350

Tensão (MPa)

SiC nacional purificado

Figura 30. Probabilidade de falha do material.

Como citado anteriormente, as propriedades mecânicas do SiC são funcão direta


de sua densidade. Com o objetivo de evidenciar esta relação, estão apresentadas a
seguir as curvas com os dados experimentais.

Relação entre propriedades - σ x ρ


270
Tensão de ruptura (MPa)

250
230
210
190
170
150
130
2.65 2.70 2.75 2.80 2.85 2.90

Densidade geométrica (g/cm 3)

SiC SFL nacional purificado Linear (SiC SFL nacional purificado)

Figura 31. Relação entre tensão de ruptura e densidade.

DEMM/POLI/UFRJ 41
Relação entre propriedades - rigidez x ρ
240

Rigidez em flexão (GPa)


230
220
210
200
190
180
170
2.65 2.70 2.75 2.80 2.85 2.90

Densidade geométrica (g/cm 3)

SiC SFL nacional purificado Linear (SiC SFL nacional purificado)

Figura 32. Relação entre rigidez e densidade.

Apesar de discrepâncias observadas, inerentes a resultados empíricos, observa-se


uma relação diretamente proporcional entre as propriedades mecânicas e a
densidade do material. Nota-se que o desempenho mecânico do SiC é função direta
de sua densidade e, por esta razão, deseja-se obter o máximo de densidade do
material para aplicações estruturais. Para certas aplicações, como filtros cerâmicos,
deseja-se obter um equilíbrio entre resistência mecânica e porosidade. Para isto, há
mecanismos de geração e controle de porosidade, que destinam-se a aplicações às
quais o material em questão não se aplicaria.

4.3.6. Observação da microestrutura


Após os ensaios de flexão, os corpos de prova fraturados foram separados
cuidadosamente, de modo que sua superfície de fratura – aquela submetida à tração
– se mantivesse íntegra. Desta forma, foi possível analisar tais superfícies e
investigar possíveis elementos originadores no processo de fratura. De forma geral,
os fatores que levam à ruptura do SiC são aglomerados, poros e inclusões, uma vez
que atuam como concentradores de tensão.
A análise foi realizada partindo-se do espelho formado pela superfície de fratura
até aumentos que pudessem resolver os elementos originadores do processo de
fratura do corpo de prova. As figuras a seguir apresentam as micrografias realizadas.

Distribuição de porosidade no material. Inclusões presentes no material.

DEMM/POLI/UFRJ 42
Poros de tamanho elevado. Poros distribuídos em linha.

Distância entre poro de tamanho e superfície de fratura.

Figura 33. Micrografias obtidas por MEV.

Adicionalmente, foi realizada análise por EDS – espectroscopia por energia


dispersiva – em pontos específicos da microestrutura. A análise EDS permite a
determinação dos elementos químicos (composição) nos pontos desejados. Os
pontos analisados estão apresentados a seguir.

DEMM/POLI/UFRJ 43
Ponto 1 na imagem. Ponto 2 na imagem.

Figura 34. Análises de EDS e pontos indicados na imagem.

Verifica-se, no ponto 1, a presença de impurezas (Na, Cl, K, S e Ca) as quais


podem ser provenientes do próprio processamento cerâmico ou de contaminação
pelo manuseio do corpo de prova. Já no ponto 2, verifica-se a presença de Si e C,
dos aditivos de sinterização (Al e Y) e de oxigênio residual do processo de
purificação da matéria-prima. Várias análises foram realizadas por EDS, porém a
análise reportada acima reflete de maneira representativa os resultados obtidos.

Pelas análises de MEV e EDS realizadas, conclui-se que os poros grosseiros –


apresentam efeito deletério sobre as propriedades mecânicas do material –
encontrados na microestrutura dos corpos de prova investigados são os prováveis
responsáveis pelo processo de ruptura dos mesmos. Por outro lado, as micrografias
apresentam porosidade característica dos materiais cerâmicos e sinalizam o
satisfatório grau de densificação obtido pelo material purificado.

DEMM/POLI/UFRJ 44
5. Conclusões
Resultam deste trabalho algumas conclusões importantes:

• O material cerâmico SiC constitui uma excelente opção para fabricação de


componentes para uma vasta gama de aplicações, tendo em vista critérios relativos
aos comportamentos físico-mecânico e térmico.

• A matéria-prima nacional (pó de SiC) foi purificada via HF e resultou em uma pureza
superior ao pó importado (utilizado como referência). Desta forma, a rota de
purificação adotada foi bem sucedida e eficaz.

• Os resultados de propriedades térmicas evidenciaram o efeito deletério da


porosidade sobre o comportamento térmico do material, em especial a condutividade
térmica. Cabe ressaltar, entretanto, que a porosidade do material pode ser
manipulada a fim de se obter as propriedades térmicas adequadas para cada
aplicação.

• O SiC SFL nacional purificado apresentou densidade teórica média (88%)


significativamente superior ao SiC SFL nacional não purificado, levando
consequentemente a propriedades mecânicas superiores (MOR=188MPa),
evidenciando a influência da densidade sobre as propriedades mecânicas do
material. Desta forma, a purificação se constitui uma rota de processamento
cerâmico mais eficiente em relação ao pó não purificado (no caso da SFL).

• A característica probabilística, e não determinística, das propriedades do SiC ficou


evidenciada nos resultados dos ensaios realizados. Desta forma, torna-se crítico o
cuidado em cada etapa do processamento, visando à obtenção de maior
homogeneidade entre os produtos sinterizados e à redução da discrepância entre
suas propriedades físico-mecânicas. Além disto, torna-se crítica a previsão da
segurança na aplicação do SiC, o que pode ser mensurada pela análise de Weibull.

• A microestrutura do SiC rege o seu desempenho mecânico. Desta forma, torna-se


crítico o controle de parâmetros de processamento visando minimizar inclusões,
grãos grosseiros e poros no material, os quais constituem os principais originadores
de fratura no SiC.

DEMM/POLI/UFRJ 45
6. Referências da literatura

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European Ceramic Society, volume 27, issues 2-3, 2007, pages 1607-1613.

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Silício na Presença de Carbeto de Boro, Carbono e Zircônia”, (COPPE/UFRJ,
M.Sc.,Engenharia Metalúrgica e de Materiais, 2005), Tese - Universidade Federal do
Rio de Janeiro, COPPE, Rio de Janeiro, 2005.

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Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE, Rio de Janeiro, 2008.
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Dissertação de Mestrado - Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, 2009.
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Nacional”, (COPPE/UFRJ, D.Sc., Engenharia Metalúrgica e de Materiais, 2003),
Dissertação - Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE, Rio de Janeiro,
2003.

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TDI/1126.
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New York – John Wiley & Sons, Inc., 1988.
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properties of silicon carbide pressureless sintered with oxide additives”, Journal of the
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Form n° B-1045, 10/3 supercedes 1/03, 2008.
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[27] TOROPOV, N.A.; BONDAR, I.A.; GALAKHOV, X.S.; NIKOGOSYAN, X.S.;
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ceramists, The American Ceramic Society, USA, 1969.

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Testing Materials, 2005.

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Method”, Designation: E-1461-01, West Conshohocken, American Society for Testing
Materials.

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mestrado – Programa de Engenharia Mecânica, Universidade Federal do Rio de
Janeiro, COPPE, 2007.

[31] STANDARD ASTM, “Standard Test Method for Flexural Strength of Advanced
Ceramics at Ambient Temperature”, Designation: C 116-02, West Conshohocken,
American Society for Testing Materials, 2006.

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Flexure Strength of Advanced Ceramics”, Designation: C 1495 – 07, West
Conshohocken, American Society for Testing Materials.

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estimating Weibull distribution parameters for advanced ceramics”, Designation: C
1239 – 06A, West Conshohocken, American Society for Testing Materials.

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Fracture Origins in Advanced Ceramics”, Designation: C 1322 - 96a, West
Conshohocken, American Society for Testing Materials, 1996.

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Diffraction Data, base de dados, 1995.

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DEMM/POLI/UFRJ 48
Anexo 1. Relatório das medidas de densidade da matéria-prima por picnometria de
hélio.

DEMM/POLI/UFRJ 49
Anexo 2. Análise de distribuição granulométrica do pó de SiC purificado.

DEMM/POLI/UFRJ 50
Anexo 3. Tabela para determinação do módulo de Weibull.

Amostra Tensão de ruptura (Mpa) j Pf 1/(1-Pf) ln (σ) ln [ln(1/1-pf)]


1 100.9 1 0.02 1.020 4.614 -3.902
11 140.9 2 0.06 1.064 4.948 -2.783
24 143.1 3 0.1 1.111 4.964 -2.250
12 147.5 4 0.14 1.163 4.994 -1.892
6 154.2 5 0.18 1.220 5.038 -1.617
23 164.0 6 0.22 1.282 5.100 -1.392
26 166.4 7 0.26 1.351 5.114 -1.200
19 167.8 8 0.3 1.429 5.123 -1.031
8 168.5 9 0.34 1.515 5.127 -0.878
7 177.6 10 0.38 1.613 5.179 -0.738
2 181.4 11 0.42 1.724 5.201 -0.607
22 182.7 12 0.46 1.852 5.208 -0.484
4 187.5 13 0.5 2.000 5.234 -0.367
14 191.2 14 0.54 2.174 5.253 -0.253
25 199.9 15 0.58 2.381 5.298 -0.142
3 202.7 16 0.62 2.632 5.312 -0.033
10 203.0 17 0.66 2.941 5.313 0.076
5 208.9 18 0.7 3.333 5.342 0.186
17 209.7 19 0.74 3.846 5.346 0.298
18 222.5 20 0.78 4.545 5.405 0.415
20 224.6 21 0.82 5.556 5.414 0.539
13 229.0 22 0.86 7.143 5.434 0.676
9 234.9 23 0.9 10.000 5.459 0.834
15 246.0 24 0.94 16.667 5.506 1.034
16 266.6 25 0.98 50.000 5.586 1.364

DEMM/POLI/UFRJ 51
Anexo 4. Medidas de densidade geométrica.

Medida de Densidade Geométrica


Comprimento Largura Densidade Densidade teórica
Amostra Espessura (mm) Volume (cm3) Massa (g)
(mm) (mm) (g/cm3) (%)
1 51.7 4.05 3.05 0.6386 1.43 2.24 69.5%
24 48.97 4.05 3.06 0.6069 1.6195 2.67 82.9%
12 48.78 4.05 3.07 0.6065 1.6232 2.68 83.1%
18 48.63 4.06 3.09 0.6101 1.6552 2.71 84.3%
11 48.93 4.08 2.94 0.5869 1.5925 2.71 84.3%
5 48.52 4.05 3.07 0.6033 1.6409 2.72 84.5%
9 48.76 4.1 3.05 0.6097 1.6665 2.73 84.9%
23 48.85 3.96 3.05 0.5900 1.6168 2.74 85.1%
15 48.83 4.01 3.14 0.6148 1.6858 2.74 85.2%
7 48.99 4.09 3.03 0.6071 1.6701 2.75 85.4%
16 49.41 4.01 3.02 0.5984 1.6469 2.75 85.5%
10 48.71 4.08 3.07 0.6101 1.681 2.76 85.6%
17 48.77 4.09 3.1 0.6184 1.7052 2.76 85.6%
13 48.81 4.04 3.09 0.6093 1.6854 2.77 85.9%
25 48.48 4.03 2.99 0.5842 1.6193 2.77 86.1%
19 48.63 4.04 3.03 0.5953 1.654 2.78 86.3%
6 48.68 4.05 3.08 0.6072 1.6883 2.78 86.3%
8 48.45 4.05 3.11 0.6103 1.698 2.78 86.4%
4 48.71 3.99 3.02 0.5869 1.6388 2.79 86.7%
21 48.98 4.07 3.08 0.6140 1.717 2.80 86.8%
20 48.17 4.08 3.03 0.5955 1.6694 2.80 87.1%
22 49.09 4.07 3.06 0.6114 1.714 2.80 87.1%
26 48.19 4.05 3.09 0.6031 1.6913 2.80 87.1%
14 48.84 4 3.06 0.5978 1.6846 2.82 87.5%
2 49.14 4.04 2.99 0.5936 1.6778 2.83 87.8%
3 48.66 3.99 2.97 0.5766 1.6751 2.90 90.2%

DEMM/POLI/UFRJ 52
Anexo 5. Comportamento mecânico do material sinterizado.

Medidas de Propriedades Mecânicas em Flexão

Tensão de ruptura Módulo de elasticidade


Amostra
(MPa) em flexão (GPa)
1 100.9 106
11 140.9 183
24 143.1 181
12 147.5 182
6 154.2 210
23 164.0 201
26 166.4 204
19 167.8 214
8 168.5 212
7 177.6 196
2 181.4 209
22 182.7 207
4 187.5 218
14 191.2 219
25 199.9 210
3 202.7 236
10 203.0 211
5 208.9 197
17 209.7 206
18 222.5 191
20 224.6 218
13 229.0 217
9 234.9 211
15 246.0 224
16 266.6 227

DEMM/POLI/UFRJ 53
Anexo 6. Medidas de condutividade térmica do SiC.

Thermal Diffusivity - NETZSCHLFA Analys

General information:
Database: material metalurgia.mdk Thickness (RT) /mn: 15,500
Instrument: LFA 447 Diameter /mm: 10,600
Identity: 14308750 09.05.23 Sensor: InSb
Date: 5/23/2009 Operator: maycon
Material: SFL_PUR_01 Remark(mment): teste_metalmat
Sample: SFL_PUR_01 Cp table: Cp_const
Type: Single layer Expansion table: dL_const

Results
Hot number Temperature °C Model Diffusivity mm2/s Conductivity W/(m'k) Cp J/g/K Pulse Typo
1 25.8 Rad. + pc. 31,486 88,789 0.542 3 (long)
2 25.7 Rad. + pc. 30,941 87,253 0.539 3 (long)
3 25.4 Rad. + pc. 31,095 87,688 0.535 3 (long)
Mean: 25.6 31,174 87,910 0.539
Std. Dev.: 0.2 0.281 0.792 0.003
4 48.7 Rad. + pc. 29,180 82,286 0.596 3 (long)
5 49.8 Rad. + pc. 28,805 81,229 0.591 3 (long)
Mean: 49.3 28,992 81,758 0.593
Std. Dev.: 0.8 0.265 0.748 0.003
6 74.0 Rad. + pc. 26,799 75,573 0.655 3 (long)
7 74.4 Rad. + pc. 26,713 75,329 0.664 3 (long)
8 74.8 Rad. + pc. 26,526 74,803 0.664 3 (long)
Mean: 74.4 26,679 75,235 0.661
Std. Dev.: 0.4 0.140 0.394 0.005
9 99.6 Rad. + pc. 24,856 70,095 0.719 3 (long)
10 99.8 Rad. + pc. 24,754 69,805 0.705 3 (long)
11 100.0 Rad. + pc. 24,676 69,586 0.719 3 (long)
12 99.9 Rad. + pc. 24,729 69,736 0.692 3 (long)
Mean: 99.8 24,745 69,806 0.709
Std. Dev.: 0.2 0.076 0.214 0.013

DEMM/POLI/UFRJ 54

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