Introdução
O Sábado no AT
“O sábado foi observado antes da queda. Como Adão e Eva desobedeceram ao mandamento de Deus
e comeram do fruto proibido, foram expulsos do Éden; mas eles observaram o sábado depois da
queda deles” (Spiritual Gifts, vol. 3, p. 52).
E destaca em outro escrito que o descanso físico era uma necessidade no Éden:
“Deus viu que um repouso era essencial para o homem, mesmo no Paraíso” (Patriarcas e Profetas,
p. 48).
O sábado se constituía num sinal do concerto entre Deus e Israel: “Tu, pois,
fala aos filhos de Israel, dizendo: Certamente guardareis meus sábados, porquanto
isso é um sinal entre mim e vós nas vossas gerações; para que saibais que eu sou o
SENHOR, que vos santifica... Guardarão, pois, o sábado os filhos de Israel,
celebrando o sábado nas suas gerações por concerto perpétuo. Entre mim e os filhos
de Israel será um sinal para sempre; porque em seis dias fez o SENHOR os céus e a
terra, e, ao sétimo dia, descansou, e restaurou-se” (Êx 31.13,16,17; grifo
acrescentado). Mesmo que seja mencionado um evento universal (a criação do
mundo), o sábado é apresentado no texto supracitado como um sinal entre o Senhor
e os filhos de Israel e como um concerto perpétuo. A guarda do sábado era um sinal
distintivo de que os filhos de Israel pertenciam a Deus: “E os tirei da terra do Egito e
os levei ao deserto. E dei-lhes os meus estatutos e lhes mostrei os meus juízos, os
quais, cumprindo-os o homem, viverá por eles. E também lhes dei os meus sábados,
para que servissem de sinal entre mim e eles, para que soubessem que eu sou o
SENHOR que os santifica... E santificai os meus sábados, e servirão de sinal entre
mim e vós, para que saibais que eu sou o SENHOR, vosso Deus” (Ez 20.10-12,20;
grifo acrescentado). Ao lado da circuncisão (Gn 17.11), o sábado era um dos sinais
distintivos do povo judeu ao longo dos séculos.
Jesus e o Sábado
Jesus efetuou muitas curas e libertações no dia de sábado, o que atraiu para Si a
fúria dos líderes religiosos, que O acusavam de violar o sábado (Jo 5.18). Mas, como
ensinou o próprio Senhor Jesus, exercer obras de misericórdia no sábado não é
incompatível com o quarto mandamento: “Pois quanto mais vale um homem do que
uma ovelha? É, por consequência, lícito fazer bem nos sábados” (Mt 12.12). A lei de
Moisés proibia o exercício de atividades seculares e cotidianas no sábado, mas não
de obras que aliviassem a dor e o sofrimento do próximo. Os Seus milagres no
sábado não eram, portanto, uma violação do sábado. Jesus foi o único que cumpriu
toda a lei (Mt 5.17).
O Sábado e o Cristão
A lei de Moisés foi promulgada com um propósito duplo: Revelar o pecado (Gl
3.19; cf. Rm 3.20; 7.7) e conduzir a Cristo (Gl 3.24; cf. Rm 10.4). Essa função,
porém, duraria até a vinda do Messias: “... até que viesse a posteridade a quem a
promessa tinha sido feita” (Gl 3.19). Por isso, a Bíblia destaca que a lei era
transitória: “E, se o ministério da morte, gravado com letras em pedras, veio em
glória, de maneira que os filhos de Israel não podiam fitar os olhos na face de
Moisés, por causa da glória do seu rosto, a qual era transitória... Porque, se o que era
transitório foi para glória, muito mais é em glória o que permanece” (2Co 3.7,11;
grifo acrescentado).
O Sábado Cristão
• Didaquê (c. 90-135 d.C.): “Reúna-se no dia do Senhor para partir o pão e
agradecer após ter confessado seus pecados, para que o sacrifício seja puro”
(Didaquê 14:1).
• Inácio de Antioquia (c. 35-107 d.C.): “Aqueles que viviam na antiga ordem de
coisas chegaram à nova esperança, e não observam mais o sábado, mas o dia do
Senhor em que a nossa vida se levantou por meio dele e da sua morte” (Magnésios
9:1).
• Justino Mártir (c. 100-165 d.C.): “No dia que se chama do sol [domingo] se
celebra uma reunião de todos os que moram nas cidades e nos campos, e ali é lido,
enquanto o tempo o permite, as recordações dos apóstolos ou os escritos dos
profetas. Depois, quando o leitor termina, o presidente, fala, e faz uma exortação e
convite a que imitemos estes belos exemplos. Em seguida nos levantamos todos e
elevamos nossas preces, e quando terminamos, como já dissemos, se oferece pão,
vinho e água, e o presidente, segundo suas forças, faz igualmente subir a Deus suas
preces e ações de graças, e todo o povo exclama dizendo: ‘Amém’. Agora vem a
distribuição e participação, que se faz a cada um, dos alimentos consagrados pela
ação de graças e seu envio por meio dos diáconos aos ausentes” (Apologia I, 67).
• Epístola de Barnabé (c. 70-135 d.C.): “Eis por que celebramos como festa alegre
o oitavo dia, no qual Jesus ressuscitou dos mortos e, depois de se manifestar, subiu
aos céus” (Epístola de Barnabé 15:9).
“Embora alguns cristãos tenham usado o decreto como apoio à guarda do domingo, para tentar
solucionar a polêmica de guardar o sábado ou o domingo na Igreja Cristã, na realidade, o decreto
não se aplica aos cristãos ou judeus. Por uma questão estreitamente relacionada, Eusébio afirma:
‘Por sorte não temos nada em comum com a multidão de detestáveis judeus, por que recebemos de
nosso Salvador, um dia de guarda diferente.’ Embora isso não indique uma mudança do dia de
guarda no cristianismo, na prática o édito não favorece um dia diferente para o descanso religioso,
inclusive o sábado judaico. Este édito fazia parte do direito civil romano e em sua religião pagã, e
não era um decreto da Igreja Cristã ou se estendia às religiões abraâmicas. Somente em 325 d.C.,
no Primeiro Concílio de Niceia, o domingo seria confirmado como dia de descanso cristão, e a
guarda do sábado abolida no Concílio de Laodiceia” (grifo acrescentado).[2]
“Embora deva a gente abster-se de cozinhar aos sábados, não é necessário ingerir a comida fria. Em
dias frios, convém aquecer o alimento preparado no dia anterior” (Testemunhos Seletos, vol. 3, p.
24).
As refeições aos sábados na casa de Ellen White foram descritas por sua nora,
numa declaração datada de 16 de outubro de 1949:
“Toda a preparação possível era efetuada na sexta feira, o dia da preparação, para as refeições aos
sábados. No sábado, o alimento, tanto para o desjejum como para o almoço, era servido quente,
tendo sido esquentado imediatamente antes da refeição. Todo serviço desnecessário era evitado no
sábado, mas em nenhuma ocasião Ellen White considerou uma violação da devida observância do
sábado prover os confortos ordinários da vida, como fazer fogo para o aquecimento da casa ou para
esquentar o alimento a ser ingerido nas refeições” (Mensagens Escolhidas, vol. 3, 263).
“[...] nossa posição é que não há nada que possa tornar ilícito ou imoral o ato sexual no dia do
sábado. Isto é, desde que seja um ato legítimo que não interfira com o dar a primazia a Deus e às
atividades sagradas do sábado planejadas pela igreja. Também pensamos que, embora seja legítimo
fazê-lo no sábado, não se deveria planejá-lo sistematicamente para esse dia, como tampouco para
nenhum dia específico da semana, dando assim lugar à espontaneidade” (grifo acrescentado).[3]
Conclusão
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Notas