ACIPOL
(ACIPOL)
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Índice
I INTRODUÇÃO ................................................................................................... 4
I INTRODUÇÃO
Para dar resposta a este fenómeno, as autoridades a diversos níveis desenvolvem diversas
políticas com vista a mitigar os seus efeitos. Foi nesta senda que instituiu-se a nível da PRM o
policiamento comunitário, envolvendo os residentes de cada zona na vigilância e em
actividades tendentes a auto-defesa dos seus bens e direitos.
O presente trabalho trata-se de um projecto de pesquisa cujo objectivo é analisar as razões das
tendências do policiamento comunitário entre a periferia e a Cidade de Xai-Xai. Outro
objectivo importante para a produção deste trabalho é basicamente de carácter académica,
pois, constitui instrumento de avaliação para a aprovação parcial no módulo 1 da Metodologia
de Pesquisa Científica.
O Policiamento comunitário é uma política pública de segurança voltada para uma estratégia
organizacional que redefine os objectivos da acção policial, com vista a orientar o futuro
desenvolvimento dos serviços policiais na luta pela defesa e respeito dos direitos do cidadão
(Oliveira, 2006: 115).
A política de policiamento comunitário está baseada nos seguintes princípios gerais: “ assenta
na descentralização organizacional e na reorientação das patrulhas, com vista a facilitar a
dupla comunicação entre a polícia e o público; pressupõe uma orientação virada para a acção
policial, concentrada na resolução dos problemas; obriga os polícias (a partir do momento que
eles definem os problemas locais e as suas prioridades) a estar atentos às solicitações dos
cidadãos; significa ajudar os bairros a resolver por eles próprios os problemas de
delinquências, devido às organizações de proximidades e aos programas de prevenção do
crime (Skogan, 1998 como citado por Oliveiras, 2006:115).
No entanto, na zona de cimento que constitui a cidade propriamente dita, existe um espírito de
renitência e fraca aderência dos programas de policiamento comunitário. A exemplo o Bairro
“A” ainda não dispõe de núcleo do CCS, devido a falta de voluntários para desempenhar a
função. Este facto faz com que a mesma seja vulnerável a ocorrência de cifras de
criminalidade elevadas.
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1.2 Justificativa
A pesquisa ganha suas alicerces na teoria das actividades rotineiras. Esta teoria foi
inicialmente proposta por Lawrence Cohen e Marcus Felson e defende que o crime ocorre
quando um provável infractor e um alvo adequado convergiam no mesmo tempo e lugar, sem
no entanto a presença de um guardião capacitado. A aplicação desta teoria vai favorecer uma
perspectiva analise sob ponto de vista de prevenção situacional, o que vai desembocar no
modelo de policiamento comunitário.
O estudo a ser realizado fundamenta-se sob ponto de vista social, académico, institucional e
pessoal.
sociedade poderá compreender que na maioria dos casos, os malfeitores são pessoas que
conhecem bem a área em que vão actuar, uma vez que podem se tratar de residentes ou
conhecidos na zona e para que estes sejam conhecidos e responsabilizados pelos seus crimes,
cabe a cada um dos citadinos residentes na área de estudo denuncia-lo ou capturando.
Quanto ao âmbito académico, a pesquisa vai trazer novos paradigmas de visão científica.
Através dos resultados da pesquisa poderá se tomar como bases de estudos para outras áreas
geográficas. A pesquisa poderá igualmente constituir um instrumento teórico para desenho de
outras políticas públicas complementares ou paralelas relativas a participação colectiva/
comunitária na prevenção e mitigação do crime.
Para esta pesquisa em particular, não serão avançadas as hipóteses, tendo em conta tratar-se
de uma pesquisa qualitativa as hipóteses estão explícitas. Este posicionamento é
fundamentado por Gil (2017.p 22) “ geralmente, naqueles estudos em que o objectivo é o de
descrever determinado fenómeno ou as características de um grupo, as hipóteses não
enunciadas formalmente”.
O interesse temporal para a pesquisa é pelo facto de o ano de 2017 ter sido emitida a instrução
5/DOSP/PC/2017 que instruí a realização de no mínimo quatro reuniões de educação do
cidadão para a prevenção da criminalidade, facto que obrigou a direcção da 1ª Esquadra a
desencadear uma revitalização dos CCS. A partir deste ano foram realizadas muitas
actividades envolvendo o policiamento comunitário para a redução do crime. O ano de 2018
considera-se um período suficiente para avaliar actividades realizadas dentro de um ano,
como forma de averiguar as constatações detectadas e permitir a rectificação das lacunas
existentes.
Para a materialização da pesquisa, funcionará a teoria das actividades rotineiras. Esta teoria
foi inicialmente proposta por Lawrence Cohen e Marcus Felson e defende que para que um
crime ocorra deve haver convergência de tempo e espaço em, pelo menos, três elementos,
nomeadamente um provável agressor, um alvo adequado, na ausência de um guardião capaz
de impedir o crime (Clarke e Felson, 1998).
A escolha desta teoria é pelo facto de ser paralela ao modelo geral de oportunidades, na
medida em que o crime que ocorre na via pública resulta de oportunidades, pois, existe uma
vulnerabilidade e probabilidade de aumento da ocorrência do crime quando os três elementos
convergem no tempo e no espaço. E uma vez ser impossível afectar a cada via pública,
estabelecimento e residência um agente da polícia para garantir a segurança, este trabalho
pode ser levado a cabo em coordenação entre a população e a comunidade através dos CCS.
Segundo Felson (1987), as actividades de rotina fornecem escolhas aos indivíduos, incluindo
os criminosos, e criam subsequentes possibilidades para certos eventos, determinando o
sucesso dos ofensores em actividades criminais, ou das potenciais vítimas a impedir a
vitimação, ou seja, os criminosos seleccionam os seus alvos (pessoas, serviços e bens) onde
denotam a inexistência de um guardião capaz de impedir o cometimento do acto.
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a) Tendências
Segundo o dicionário online português, tendências é a disposição natural que leva algo ou
alguém a se mover em direcção a outra coisa ou pessoa.
b) Policiamento comunitário
c) Periferia
Segundo Martins (2008, p. 50) “a periferia é a designação dos espaços caracterizados pela
urbanização patológica, pela negação do propriamente urbano e de um modo de habitar e
viver urbanos”.
A abordagem feita por Santos (2007, p. 76), refere que “a periferia passa a ser entendida (...)
como locus da segregação imposta às classes pobres”. Contudo, a periferia não é somente isso, é
igualmente espaço que se torna cada vez mais plural, “bem como os seus conteúdos, revelando
novas práticas sócio-espaciais, novas formas de diferenciação e segregação urbana”
De acordo com Ávila (2006) periferia é uma zona localizada distante do centro da cidade e de
locais de trabalho, habitado por indivíduos com um poder aquisitivo para investir no sonho da
casa própria.
Nesta pesquisa tomar-se-á como base a localização, definindo a periferia como aquela zona que
independentemente das suas características económicas e físicas localizar-se em torno de um
ponto urbano ou cidade.
Segundo Minayo 1 citado por Tozoni-Reis (2009:16) metodologia da pesquisa é o estudo dos
métodos pelos quais o pesquisador irá tomar no processo de produção do conhecimento sobre
a realidade que se busca conhecer, isto é, o conjunto de procedimentos técnicos e
instrumentais que vão corporizar a pesquisa.
1
Minayo, M.C. Pesquisa social: Teorias, Método, Criatividade. Petrópolis: Vozes, 1998
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A pesquisa qualitativa “não se preocupa com representatividade numérica, mas, sim, com o
aprofundamento da compreensão de um grupo social ou de uma organização, ocupa-se pelos
significados, dos motivos, aspirações, atitudes partindo de uma realidade social”( Silveira &
Gerhardt, 2009:31).
A aplicação deste tipo é pelo facto de haver uma intenção clara reflectida na explicação das
razões que estão por de traz da preferência e aceitação do policiamento comunitário na
periferia e fracas ou repulsão da mesma política no centro da cidade de Xai-Xai.
Na prática, a aplicação deste tipo na pesquisa vai consistir na descrição e caracterização das
questões comportamentais dos residentes da Localidade de Chilaulene (periferia) e do Bairro
A (centro da cidade) que representa um contexto situacional.
Segundo Marconi e Lakatos (2009:86) o método indutivo consiste na avaliação dos dados
particulares.
A aplicação deste método visa estabelecer uma lógica científica, pois, segundo fundamenta
Vieira (2009:88) “a pesquisa qualitativa e marcantemente indutiva”.
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Segundo Fonseca (2002)2 citado por Silveira e Gherardit (2009:37) a pesquisa bibliográfica é
aquela baseada em material analisada cientificamente e publicadas por meios escritos e
electrónicos, nomeadamente: livros, artigos científicos, páginas de web sites.
Na prática, para esta pesquisa, serão compulsados documentos como leis, relatórios,
brochuras de capacitação e formação de membros da PRM em matéria do policiamento
comunitário.
O recurso a esta técnica é pelo de, segundo os autores permitir a colecta de mais elementos
não expressos na fala, nomeadamente: gestos, gaguejos, nervosismo etc. Estes elementos
possibilitam mais análises para uma pesquisa meramente qualitativa.
2
Fonseca, J. J. S. Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UEC, 2002. Apostila.
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previstas tendo em conta o ângulo de pesquisa (Ibid). Esta técnica vai permitir a abordagem
de assuntos inerentes a pesquisa constatados no terreno.
A aplicação desta técnica vai abranger a 10 indivíduos, três voluntários dos CCS da
Localidade de Chilaulene, três indivíduos representativos de estratos sociais diferentes e
quatro funcionários públicos membros da PRM, nomeadamente: O Comandante Provincial da
PRM de Gaza, o Chefe do Departamento do Policiamento Comunitário no Comando
Provincial da PRM de Gaza e dois Chefes de Cectores sendo um da Localidade de Chilaulene
e um do Bairo “A”. ”
A observação constitui uma técnica que baseia-se dos sentidos para a apreensão de
determinados aspectos da realidade e consiste em ver, ouvir e examinar os fatos ou fenómenos
que se pretende investigar (Ibid,p:74).
O recurso a esta técnica visa aferir o grau de veracidade das informações recolhidas em
diversas fontes.
A aplicação desta técnica será não participante. Este tipo de recolha de dados, o pesquisador
não se integra ao grupo observado. Contudo, desempenha o papel de espectador. O recurso a
este tipo é para evitar sujeições à matéria em pesquisa.
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II REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Ávila, Milene. Peixoto, “Periferia é periferia em qualquer lugar”? Antenor Garcia: Estudo
de uma periferia interirana. UFSCar, São Carlos, 2006
Gerhardt, Tatiana Engel e silveira, Denise Tolfo . Métodos de pesquisa. Editora da UFRGS.
Porto Alegre, 2009;
Gil, António Carlos. Como Elaborar Projectos de Pesquisa. 6ª ed. São Paulo: Atlas 2017
Santos, R. O. Periferias urbanas: ensaio de síntese da produção teórica brasileira. In: X Simpósio
Nacional de Geografia Urbana - SIMPURB, 2007, Florianópolis. Anais...Comissão Organizadora
do X SIMPURB, 2007. 1 CD-ROM.
Vieira, José Guilherme Silva. Metodologia de pesquisa científica na prática. Editora Fael,
Curitiba , 2010