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DIREITO DO CONSUMIDOR 25.02.

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Prof.: Leonardo Vieira
Conteúdo: 1 – Princípios do CDC: boa-fé objetiva; reparação objetiva;
adimplemento substancial; “venire contra factum proprium”; conservação do
contrato; modificação das prestações desproporcionais; equidade.

1 – Princípios do CDC
1.1 – Boa-fé objetiva
- é o dever imposto à todos que participem da relação negocial , de agir
com lealdade e cooperação, abstendo-se de condutas que possam esvaziar as
legítimas expectativas da outra parte.
- Como consequência da boa-fé surgem diversos deveres que as partes
devem observar, mesmo diante do silêncio contratual.
- Como consequência da boa-fé surge o dever de cuidado:
RESPONSABILIDADE CIVIL. RECURSO ESPECIAL.
ANÚNCIO ERÓTICO FALSOPUBLICADO EM SITES DE
CLASSIFICADOS NA INTERNET. DEVER DE CUIDADO NÃO
VERIFICADO. SERVIÇOS PRESTADOS EM CADEIA POR
MAIS DE UMFORNECEDOR. SITE DE CONTEÚDO QUE
HOSPEDA OUTRO. RESPONSABILIDADE CIVIL DE TODOS
QUE PARTICIPAM DA CADEIA DE CONSUMO. 1. No caso, o
nome do autor foi anunciado em sites de classificados na
internet, relacionando-o com prestação de serviços de caráter
erótico e homossexual, tendo sido informado o telefone do local
do seu trabalho. O sítio da rede mundial de computadores
apontado pelo autor como sendo o veiculador do anúncio
difamante - ipanorama.com - é de propriedade da ré TV Juiz de
Fora Ltda., a qual mantinha relação contratual com a
denunciada, Mídia 1 Publicidade Propaganda e Marketing,
proprietária do portal O Click, que se hospedava no site da
primeira ré e foi o disseminador do anúncio. Este último
(OClick) responsabilizava-se contratualmente pela "produção
de quaisquer dados ou informações culturais, esportivas, de
comportamento, serviços, busca, classificados, webmail e
outros serviços de divulgação". (...) 4. No caso em apreço, o
site O click permitiu a veiculação de anúncio em que,
objetivamente, comprometia a reputação do autor, sem ter
indicado nenhuma ferramenta apta a controlar a idoneidade da
informação. Com efeito, é exatamente no fato de o veículo de
publicidade não ter se precavido quanto à procedência do
nome, telefone e dados da oferta que veiculou, que reside seu
agir culposo, uma vez que a publicidade de anúncios desse
jaez deveria ser precedida de maior prudência e diligência, sob
pena de se chancelar o linchamento moral e público de
terceiros. 5. Mostrando-se evidente a responsabilidade civil da
empresa Mídia 1 Publicidade Propaganda e Marketing,
proprietária do site O click, configurada está a responsabilidade
civil da TV Juiz de Fora, proprietária do site ipanorama.com,
seja por imputação legal decorrente da cadeia de consumo,
seja por culpa in eligendo. 6. Indenização por dano moral
arbitrada em R$ 30.000,00 (trinta mil reais). 7. Recurso
especial provido.
(STJ - REsp: 997993 MG 2007/0247635-6, Relator: Ministro
LUIS FELIPE SALOMÃO, Data de Julgamento: 21/06/2012, T4
- QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 06/08/2012)

- Outro exemplo de utilização do princípio em comento, foi no Resp


229.078 de 09.11.99: “a empresa que explora plano de saúde e recebe
contribuições de associados sem submetê-lo a exame, não pode escusar-se ao
pagamento de sua contraprestação, alegando omissão nas informações do
segurado”.
- Aliás o STJ já frisou que “a operadora do plano de saúde está obrigada
ao cumprimento de uma boa fé qualificada, ou seja uma boa-fé que pressupõe
os deveres de informação, cooperação e cuidado com o consumidor/segurado
(Resp. 418.572 de 0.0.09).
- O dever de cooperação é um consectário direto da boa-fé objetiva.
Consiste no dever imposto ao fornecedor de serviços, de cooperar para o bom
termo da relação obrigacional, evitando práticas que importem abusos ou
lesões a direitos ou às legítimas expectativas do consumidor. Ex: “o simples
atraso no pagamento de uma das parcelas do prêmio não se equipara ao
inadimplemento total da obrigação do segurado e, assim, não confere à
seguradora o direito de descumprir sua obrigação principal, que, no seguro-
saúde, é indenizar pelos gastos despendidos com o tratamento de saúde”
(STJ, Resp. 293.722, 28.05.01).
- O princípio da boa-fé objetiva está diretamente ligado a outros
princípios como o dever de informar bem e lealmente, além de ser direito
básico do consumidor. (STJ, Resp. 988.595, 09.12.09).
- Outras importantes decisões sobre o tema:
SISTEMA FINANCEIRO DA HABITAÇÃO. COMPRA E VENDA
DE IMÓVEL. FINANCIAMENTO. RELAÇÃO DE CONSUMO.
COMISSÃO DE CONCESSÃO DE CRÉDITO. INCIDÊNCIA
MENSAL QUE VIOLA A BOA-FÉ OBJETIVA. - A comissão de
concessão de crédito, cobrada pela instituição financeira para
fornecer crédito ao mutuário, incide apenas uma vez, no início
do contrato. Qualquer outra cobrança do referido encargo é
ilícita. A cobrança mensal do referido encargo viola preceitos
de boa-fé objetiva, razão pela qual não deve ser admitida.
Recurso Especial provido.
(STJ - REsp: 908835 SP 2006/0251563-6, Relator: Ministra
NANCY ANDRIGHI, Data de Julgamento: 27/05/2008, T3 -
TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: --> DJe 20/06/2008)

PROCESSUAL CIVIL E CONSUMIDOR. PLANO DE SAÚDE.


CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. CLÁUSULA
ABUSIVA. DANO MORAL. 1. Nos contratos de trato sucessivo,
em que são contratantes um fornecedor e um consumidor,
destinatário final dos serviços prestados, aplica-se o Código de
Defesa do Consumidor. 2. A suspensão do atendimento do
plano de saúde em razão do simples atraso da prestação
mensal, ainda que restabelecido o pagamento, com os
respectivos acréscimos, configura-se, por si só, ato abusivo.
Precedentes do STJ. 3. Indevida a cláusula contratual que
impõe o cumprimento de novo prazo de carência, equivalente
ao período em que o consumidor restou inadimplente, para o
restabelecimento do atendimento. 4. Tendo a empresa-ré
negado ilegalmente a cobertura das despesas médico-
hospitalares, causando constrangimento e dor psicológica,
consistente no receio em relação ao restabelecimento da
saúde do filho, agravado pela demora no atendimento, e no
temor quanto à impossibilidade de proporcionar o tratamento
necessário a sua recuperação, deve-se reconhecer o direito do
autor ao ressarcimento dos danos morais, os quais devem ser
fixados de forma a compensar adequadamente o lesado, sem
proporcionar enriquecimento sem causa. Recurso especial de
GOLDEN CROSS ASSISTÊNCIA INTERNACIONAL DE
SAÚDE LTDA não provido. Recurso especial de CUSTÓDIO
OLIVEIRA FILHO provido
(STJ - REsp: 285618 SP 2000/0112252-5, Relator: Ministro
LUIS FELIPE SALOMÃO, Data de Julgamento: 18/12/2008, T4
- QUARTA TURMA, Data de Publicação: --> DJe 26/02/2009)

- “a boa-fé se constitui numa fonte autônoma de deveres, independentes


da vontade, e por isso a extensão e o conteúdo da relação obrigacional já não
se mede somente nela (vontade), e, sim, pelas circunstâncias ou fatos
referentes ao contrato, permitindo-se construir objetivamente o regramento do
negócio jurídico, com a admissão de um dinamismo que escapa ao controle
das partes” (Ruy Rosado, Revista de Direito do Consumidor 14, p.24).
1.2 – Reparação Objetiva

- Existem diversas hipóteses consagradas pela jurisprudência de


utilização da responsabilidade objetiva: transporte de pessoas, nas relações
entre banco e clientes, na relação entre construtoras e adquirentes de unidades
residenciais, na relação com plano de saúde, entre outras.
- Não só na relação de consumo. A legislação ambiental e o próprio
Código Civil preveem a responsabilidade objetiva.

Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:


I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua
autoridade e em sua companhia;
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se
acharem nas mesmas condições;
III - o empregador ou comitente, por seus empregados,
serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes
competir, ou em razão dele;
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou
estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para
fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e
educandos;
V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do
crime, até a concorrente quantia.
Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo
antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte,
responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos.

- Qual a diferença entre a responsabilidade subjetiva e a objetiva?

Evolução: a) responsabilidade subjetiva; b) responsabilidade subjetiva


com culpa presumida (legislativamente ou jurisprudencialmente): inversão do
ônus da prova; c) responsabilidade objetiva (a exemplo da teoria do risco).

- No direito do consumidor a responsabilidade civil por danos causados


ao consumidor é objetiva.

Art. 14. O fornecedor de serviços responde,


independentemente da existência de culpa, pela reparação
dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à
prestação dos serviços, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.

- Algumas jurisprudências sobre o princípio

Súmula 479, STJ: As instituições financeiras respondem objetivamente pelos


danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por
terceiros no âmbito de operações bancárias.

STF reconheceu que a concessionária de serviços públicos é


objetivamente responsável pelos seus atos (STF, AI 383.872,
08.11.02).

Civil e processo civil. Recurso especial. Ação civil pública proposta


pelo PROCON e pelo Estado de São Paulo. Anticoncepcional
Microvlar. Acontecimentos que se notabilizaram como o 'caso das
pílulas de farinha'. Cartelas de comprimidos sem princípio ativo,
utilizadas para teste de maquinário, que acabaram atingindo
consumidoras e não impediram a gravidez indesejada. Pedido de
condenação genérica, permitindo futura liquidação individual por
parte das consumidoras lesadas. Discussão vinculada à necessidade
de respeito à segurança do consumidor, ao direito de informação e à
compensação pelos danos morais sofridos. - Nos termos de
precedentes, associações possuem legitimidade ativa para
propositura de ação relativa a direitos individuais homogêneos. -
Como o mesmo fato pode ensejar ofensa tanto a direitos difusos,
quanto a coletivos e individuais, dependendo apenas da ótica com
que se examina a questão, não há qualquer estranheza em se ter
uma ação civil pública concomitante com ações individuais, quando
perfeitamente delimitadas as matérias cognitivas em cada hipótese. -
Quanto às circunstâncias que envolvem a hipótese, o TJ/SP
entendeu que não houve descarte eficaz do produto-teste, de
forma que a empresa permitiu, de algum modo, que tais pílulas
atingissem as consumidoras. E isso acontecia no mesmo instante em
que a empresa se dedicava a manufaturar produto com
potencialidade extremamente lesiva aos consumidores. - Em nada
socorre a empresa, assim, a alegação de que, até hoje, não foi
possível verificar exatamente de que forma as pílulas-teste
chegaram às mãos das consumidoras. O panorama fático adotado
pelo acórdão recorrido mostra que tal demonstração talvez seja
mesmo impossível, porque eram tantos e tão graves os erros e
descuidos na linha de produção e descarte de medicamentos, que
não seria hipótese infundada afirmar-se que os placebos atingiram as
consumidoras de diversas formas ao mesmo tempo. - A
responsabilidade da fornecedora não está condicionada à
introdução consciente e voluntária do produto lesivo no
mercado consumidor. Tal idéia fomentaria uma terrível
discrepância entre o nível dos riscos assumidos pela empresa em
sua atividade comercial e o padrão de cuidados que a fornecedora
deve ser obrigada a manter. Na hipótese, o objeto da lide é delimitar
a responsabilidade da empresa quanto à falta de cuidados eficazes
para garantir que, uma vez tendo produzido manufatura perigosa, tal
produto fosse afastado das consumidoras. - A alegada culpa
exclusiva dos farmacêuticos na comercialização dos placebos
parte de premissa fática que é inadmissível e que, de qualquer
modo, não teria o alcance desejado no sentido de excluir
totalmente a responsabilidade do fornecedor. - A empresa
fornecedora descumpre o dever de informação quando deixa de
divulgar, imediatamente, notícia sobre riscos envolvendo seu
produto, em face de juízo de valor a respeito da conveniência, para
sua própria imagem, da divulgação ou não do problema, Ocorreu, no
caso, uma curiosa inversão da relação entre interesses das
consumidoras e interesses da fornecedora: esta alega ser lícito
causar danos por falta, ou seja, permitir que as consumidoras sejam
lesionadas na hipótese de existir uma pretensa dúvida sobre um
risco real que posteriormente se concretiza, e não ser lícito agir por
excesso, ou seja, tomar medidas de precaução ao primeiro sinal de
risco. - O dever de compensar danos morais, na hipótese, não
fica afastado com a alegação de que a gravidez resultante da
ineficácia do anticoncepcional trouxe, necessariamente,
sentimentos positivos pelo surgimento de uma nova vida,
porque o objeto dos autos não é discutir o dom da maternidade.
Ao contrário, o produto em questão é um anticoncepcional, cuja
única utilidade é a de evitar uma gravidez. A mulher que toma tal
medicamento tem a intenção de utilizá-lo como meio a possibilitar
sua escolha quanto ao momento de ter filhos, e a falha do remédio,
ao frustrar a opção da mulher, dá ensejo à obrigação de
compensação pelos danos morais, em liquidação posterior. Recurso
especial não conhecido.
(STJ - REsp: 866636 SP 2006/0104394-9, Relator: Ministra NANCY
ANDRIGHI, Data de Julgamento: 29/11/2007, T3 - TERCEIRA
TURMA, Data de Publicação: DJ 06.12.2007 p. 312)

RECURSO ESPECIAL: 1) RESPONSABILIDADE CIVIL - HOSPITAL


- DANOS MATERIAIS E MORAIS - ERRO DE DIAGNÓSTICO DE
SEU PLANTONISTA - OMISSÃO DE DILIGÊNCIA DO ATENDENTE
- APLICABILIDADE DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR;
2) HOSPITAL - RESPONSABILIDADE - CULPA DE PLANTONISTA
ATENDENTE, INTEGRANTE DO CORPO CLÍNICO -
RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO HOSPITAL ANTE A CULPA
DE SEU PROFISSIONAL; 3) MÉDICO - ERRO DE DIAGNÓSTICO
EM PLANTÃO - CULPA SUBJETIVA - INVERSÃO DO ÔNUS DA
PROVA APLICÁVEL - 4) ACÓRDÃO QUE RECONHECE CULPA
DIANTE DA ANÁLISE DA PROVA - IMPOSSIBILIDADE DE
REAPRECIAÇÃO POR ESTE TRIBUNAL - SÚMULA 7/STJ. 1.-
Serviços de atendimento médico-hospitalar em hospital de
emergência são sujeitos ao Código de Defesa do Consumidor. 2.- A
responsabilidade do hospital é objetiva quanto à atividade de seu
profissional plantonista (CDC, art. 14), de modo que dispensada
demonstração da culpa do hospital relativamente a atos lesivos
decorrentes de culpa de médico integrante de seu corpo clínico no
atendimento. 3.- A responsabilidade de médico atendente em
hospital é subjetiva, necessitando de demonstração pelo lesado, mas
aplicável a regra de inversão do ônus da prova (CDC. art. 6º, VIII). 4.-
A verificação da culpa de médico demanda necessariamente o
revolvimento do conjunto fático-probatório da causa, de modo que
não pode ser objeto de análise por este Tribunal (Súmula 7/STJ). 5.-
Recurso Especial do hospital improvido. (STJ - REsp: 696284 RJ
2004/0144963-1, Relator: Ministro SIDNEI BENETI, Data de
Julgamento: 03/12/2009, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de
Publicação: DJe 18/12/2009)

- Em sentido contrário:

RESPONSABILIDADE CIVIL. CÓDIGO DO CONSUMIDOR. BANCO


POSTAL. SERVIÇO PRESTADO PELA ECT. ATIVIDADE DE
CORRESPONDENTE BANCÁRIO. INCIDÊNCIA DO CÓDIGO DE
DEFESA DO CONSUMIDOR. ATIVIDADE QUE TRAZ, EM SUA
ESSÊNCIA RISCO À SEGURANÇA. ASSALTO NO INTERIOR DE
AGÊNCIA. FORTUITO INTERNO. DANOS MORAIS E MATERIAIS
DEVIDOS. 1. Visando conferir efetividade e socialidade ao Programa
Nacional de Desburocratização do Governo Federal, ampliando o
acesso da população brasileira a alguns serviços prestados por
instituições financeiras, foi criada a figura do correspondente
bancário, cuja atividade é regulamentada por diversas resoluções do
Banco Central do Brasil. 2. O objetivo da atividade de
correspondente é justamente o de levar os serviços e produtos
bancários mais elementares à população de localidades desprovidas
de referidos benefícios, proporcionando a inclusão social e acesso ao
sistema financeiro, conferindo maior capilaridade ao atendimento
bancário, nada mais sendo do que uma longa manus das instituições
financeiras que não conseguem atender toda a sua demanda. 3. Ao
realizar a atividade de banco postal, contrato de finalidade creditícia,
a ECT buscou, no espectro da atividade econômica, aumentar os
seus ganhos e proventos, pois, por meio dessa relação, o
correspondente tira proveito de recursos ociosos, utilizando a marca
do banco para atrair clientes, fidelizar consumidores, acessar
serviços e produtos do sistema financeiro, agregando diferencial
competitivo ao negócio. 4. Nesse ramo, verifica-se serviço cuja
natureza traz, em sua essência, risco à segurança, justamente por
tratar de atividade financeira com guarda de valores e movimentação
de numerário, além de diversas outras ações tipicamente bancárias,
apesar de o correspondente não ser juridicamente uma instituição
financeira para fins de incidência do art. 1º, § 1º, da Lei n.
7.102/1983, conforme já decidido pelo STJ. 5. É assente na
jurisprudência do STJ que nas discussões a respeito de assaltos
dentro de agências bancárias, sendo o risco inerente à atividade
bancária, é a instituição financeira que deve assumir o ônus desses
infortúnios, sendo que "roubos em agências bancárias são eventos
previsíveis, não caracterizando hipótese de força maior, capaz de
elidir o nexo de causalidade, requisito indispensável ao dever de
indenizar" (REsp 1093617/PE, Rel. Ministro João Otávio de Noronha,
4ª Turma, DJe 23/03/2009). 6. Além de prestar atividades
tipicamente bancárias, a ECT oferece publicamente esses serviços
(equipamentos, logomarca, prestígio etc), de forma que, ao menos
de forma aparente, de um banco estamos a tratar; aos olhos do
usuário, inclusive em razão do nome e da prática comercial, não se
pode concluir de outro modo, a não ser pelo fato de que o
consumidor efetivamente crê que o banco postal (correspondente
bancário) nada mais é do que um banco com funcionamento dentro
de agência dos Correios. 7. As contratações tanto dos serviços
postais como dos serviços de banco postal oferecidos pelos Correios
revelam a existência de contrato de consumo, desde que o usuário
se qualifique como "destinatário final" do produto ou serviço. 8. Na
hipótese, o serviço prestado pelos Correios foi inadequado e
ineficiente porque descumpriu o dever de segurança legitimamente
esperado pelo consumidor, não havendo falar em caso fortuito para
fins de exclusão da responsabilidade com rompimento da relação de
causalidade, mas sim fortuito interno, porquanto incide na proteção
dos riscos esperados da atividade empresarial desenvolvida. 9. De
fato, dentro do seu poder de livremente contratar e oferecer diversos
tipos de serviços, ao agregar a atividade de correspondente bancário
ao seu empreendimento, acabou por criar risco inerente à própria
atividade das instituições financeiras, devendo por isso responder
pelos danos que esta nova atribuição tenha gerado aos seus
consumidores, uma vez que atraiu para si o ônus de fornecer a
segurança legitimamente esperada para esse tipo de negócio. 10.
Recurso especial não provido. (STJ - REsp: 1183121 SC
2010/0034668-2, Relator: Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, Data de
Julgamento: 24/02/2015, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação:
DJe 07/04/2015)
- Por fim vale ressaltar que a ressaltar que a responsabilidade objetiva
no sec. XXI não é só objetiva, mas também proporcional. Ela é influenciada
pelo princípio da proporcionalidade e pela solidariedade social.

1.3 – Adimplemento substancial (substantial performance)

- Conceito: repele a resolução do negócio se o adimplemento foi


realizado de modo substancial, ou seja, se a parte inadimplida é mínima em
relação ao todo.

- Princípio implícito no CDC, porém com previsão expressa no CC, mas


com interpretação jurisprudencial e doutrinária diferenciada da interpretação
literal do dispositivo:

Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução


do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em
qualquer dos casos, indenização por perdas e danos

Exemplo: pagamento de 19 parcelas de um contrato que prevê 20


parcelas. A falta de pagamento dessa parcela final não geraria a possibilidade
de resolução do contrato. Poderia o credor cobrar o pagamento devido através
de ação própria com juros e correção e eventual dano moral.

- O intuito não é gerar uma possibilidade de inadimplemento ao devedor,


mas sim uma execução da dívida a ser realizada de forma menos gravosa pelo
devedor.

- Pensamento do STJ sobre o assunto:

SEGURO. INADIMPLEMENTO DA SEGURADA. FALTA DE


PAGAMENTO DA ULTIMA PRESTAÇÃO. ADIMPLEMENTO
SUBSTANCIAL. RESOLUÇÃO.A COMPANHIA SEGURADORA NÃO
PODE DAR POR EXTINTO O CONTRATO DE SEGURO, POR
FALTA DE PAGAMENTO DA ULTIMA PRESTAÇÃO DO PREMIO,
POR TRES RAZÕES: A) SEMPRE RECEBEU AS PRESTAÇÕES
COM ATRASO, O QUE ESTAVA, ALIAS, PREVISTO NO
CONTRATO, SENDO INADMISSIVEL QUE APENAS REJEITE A
PRESTAÇÃO QUANDO OCORRA O SINISTRO; B) A
SEGURADORA CUMPRIU SUBSTANCIALMENTE COM A SUA
OBRIGAÇÃO, NÃO SENDO A SUA FALTA SUFICIENTE PARA
EXTINGUIR O CONTRATO; C) A RESOLUÇÃO DO CONTRATO
DEVE SER REQUERIDA EM JUIZO, QUANDO SERA POSSIVEL
AVALIAR A IMPORTANCIA DO INADIMPLEMENTO, SUFICIENTE
PARA A EXTINÇÃO DO NEGOCIO. RECURSO CONHECIDO E
PROVIDO (STJ, REsp 76362 / MT)
DIREITO CIVIL. CONTRATO DE ARRENDAMENTO MERCANTIL
PARA AQUISIÇÃO DEVEÍCULO (LEASING). PAGAMENTO DE
TRINTA E UMA DAS TRINTA E SEISPARCELAS DEVIDAS.
RESOLUÇÃO DO CONTRATO. AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO
DEPOSSE. DESCABIMENTO. MEDIDAS DESPROPORCIONAIS
DIANTE DO DÉBITOREMANESCENTE. APLICAÇÃO DA TEORIA
DO ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL. 1. É pela lente das cláusulas
gerais previstas no Código Civil de2002, sobretudo a da boa-fé
objetiva e da função social, que deve ser lido o art. 475, segundo o
qual "[a] parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do
contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em
qualquer dos casos, indenização por perdas e danos". 2. Nessa linha
de entendimento, a teoria do substancial adimplemento visa a
impedir o uso desequilibrado do direito de resolução por parte
do credor, preterindo desfazimentos desnecessários em prol da
preservação da avença, com vistas à realização dos princípios
da boa-fé e da função social do contrato. 3. No caso em apreço, é
de se aplicar a da teoria do adimplemento substancial dos contratos,
porquanto o réu pagou: "31 das 36prestações contratadas, 86% da
obrigação total (contraprestação eVRG parcelado) e mais R$
10.500,44 de valor residual garantido". O mencionado
descumprimento contratual é inapto a ensejar a reintegração de
posse pretendida e, consequentemente, a resolução do contrato de
arrendamento mercantil, medidas desproporcionais diante do
substancial adimplemento da avença. 4. Não se está a afirmar que a
dívida não paga desaparece, o que seria um convite a toda sorte de
fraudes. Apenas se afirma que o meio de realização do crédito por
que optou a instituição financeira não se mostra consentâneo com a
extensão do inadimplemento e, de resto, com os ventos do Código
Civil de 2002. Pode, certamente, o credor valer-se de meios menos
gravosos e proporcionalmente mais adequados à persecução do
crédito remanescente, como, por exemplo, a execução do título. 5.
Recurso especial não conhecido. (STJ - REsp: 1051270 RS
2008/0089345-5, Relator: Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, Data de
Julgamento: 04/08/2011, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação:
DJe 05/09/2011)

- Em sentido contrário o STJ não aceitou esta teoria no âmbito dos contratos de
alienação fiduciária:

RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO.


CONTRATO DE FINANCIAMENTO DE VEÍCULO, COM
ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA REGIDO PELO
DECRETO-LEI 911/69. INCONTROVERSO INADIMPLEMENTO
DAS QUATRO ÚLTIMAS PARCELAS (DE UM TOTAL DE 48).
EXTINÇÃO DA AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO (OU
DETERMINAÇÃO PARA ADITAMENTO DA INICIAL, PARA
TRANSMUDÁ-LA EM AÇÃO EXECUTIVA OU DE COBRANÇA), A
PRETEXTO DA APLICAÇÃO DA TEORIA DO ADIMPLEMENTO
SUBSTANCIAL. DESCABIMENTO. 1. ABSOLUTA
INCOMPATIBILIDADE DA CITADA TEORIA COM OS TERMOS DA
LEI ESPECIAL DE REGÊNCIA. RECONHECIMENTO. 2.
REMANCIPAÇÃO DO BEM AO DEVEDOR CONDICIONADA AO
PAGAMENTO DA INTEGRALIDADE DA DÍVIDA, ASSIM
COMPREENDIDA COMO OS DÉBITOS VENCIDOS, VINCENDOS E
ENCARGOS APRESENTADOS PELO CREDOR, CONFORME
ENTENDIMENTO CONSOLIDADO DA SEGUNDA SEÇÃO, SOB O
RITO DOS RECURSOS ESPECIAIS REPETITIVOS (REsp n.
1.418.593/MS). 3. INTERESSE DE AGIR EVIDENCIADO, COM A
UTILIZAÇÃO DA VIA JUDICIAL ELEITA PELA LEI DE REGÊNCIA
COMO SENDO A MAIS IDÔNEA E EFICAZ PARA O PROPÓSITO
DE COMPELIR O DEVEDOR A CUMPRIR COM A SUA
OBRIGAÇÃO (AGORA, POR ELE REPUTADA ÍNFIMA), SOB PENA
DE CONSOLIDAÇÃO DA PROPRIEDADE NAS MÃOS DO CREDOR
FIDUCIÁRIO. 4. DESVIRTUAMENTO DA TEORIA DO
ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL, CONSIDERADA A SUA
FINALIDADE E A BOA-FÉ DOS CONTRATANTES, A ENSEJAR O
ENFRAQUECIMENTO DO INSTITUTO DA GARANTIA FIDUCIÁRIA.
VERIFICAÇÃO. 5. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. (STJ - REsp:
1622555 MG 2015/0279732-8, Relator: Ministro MARCO BUZZI,
Data de Julgamento: 22/02/2017, S2 - SEGUNDA SEÇÃO, Data de
Publicação: DJe 16/03/2017)

- O desafio é saber até quantas parcelas pode ser aplicada esta teoria.
Essa análise deve ser feita diante do caso concreto não só através de uma
análise quantitativa, mas também qualitativa, caso a caso.

1.4 – Venire Contra Factum Proprium

- Também conhecido como proibição do comportamento


contraditório. Tem como pressupostos: a) uma conduta inicial (factum
proprium); b) a legítima confiança de outrem na conservação do sentido
objetivo desta conduta; c) um comportamento contraditório com este sentido
objetivo; d) um dano pela contradição (ainda que em potencial).

- Trata-se de proibição de comportamento abrupto , que viola a boa-fé


objetiva, causando espanto e surpresa na outra parte.

- Ex: quando uma parte, intencionalmente ou não, faz crer à outra que
determinada formalidade não é necessária, incorrendo em contradição com
seus próprios atos , quando, mais tarde, pretende amparar-se nesse defeito
formal para não cumprir sua obrigação.

OBS: embora seja mais frequente por parte do fornecedor, é possível, em tese
que o consumidor pratique ato desleal, o que poderia gerar a defesa do
fornecedor alegando este princípio.

- Este princípio à luz no STJ:

OBRIGATORIEDADE, EMPRESA, PLANO DE SAUDE,


REEMBOLSO, DESPESA MEDICA, SEGURADO,
INDEPENDENCIA, APARECIMENTO, DOENÇA,
POSTERIORIDADE, ASSINATURA, APOLICE, SEGURO EM
GRUPO, NÃO OCORRÊNCIA, OMISSÃO, SEGURADO,
FORNECIMENTO, INFORMAÇÃO, REFERENCIA, DOENÇA,
NECESSIDADE, OBSERVANCIA, PROBABILIDADE, SEGURADO,
CONTAMINAÇÃO, PERIODO, INTERNAÇÃO, HOSPITAL.
CABIMENTO, SEGURADO, OBTENÇÃO, INDENIZAÇÃO, DANO
MATERIAL, DANO MORAL, IRRELEVANCIA, ASSINATURA,
APOLICE, SEGURO EM GRUPO, ANTERIORIDADE, VIGENCIA,
CODIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR, CARACTERIZAÇÃO,
RELAÇÃO JURIDICA CONTINUATIVA. (STJ, Resp 255065 / RS).

- Importante perceber que o STJ permite o reajuste de valor de plano de


saúde por faixa etária, desde que observado alguns requisitos. Nesse caso o
consumidor não pode alegar o presente princípio em sua defesa.

RECURSO ESPECIAL. DIREITO DO CONSUMIDOR. PLANO DE


SAÚDE. CLÁUSULA DE REAJUSTE POR MUDANÇA DE FAIXA
ETÁRIA. POSSIBILIDADE. SEGURADO IDOSO. DISCRIMINAÇÃO.
NÃO OCORRÊNCIA. CONDIÇÕES OBSERVADAS PARA
VALIDADE DO REAJUSTE. RECURSO DESPROVIDO. 1. Nos
contratos de seguro de saúde, de trato sucessivo, os valores
cobrados a título de prêmio ou mensalidade guardam relação de
proporcionalidade com o grau de probabilidade de ocorrência do
evento risco coberto. Maior o risco, maior o valor do prêmio.
2. É de natural constatação que quanto mais avançada a idade da
pessoa, independentemente de estar ou não ela enquadrada
legalmente como idosa, maior é a probabilidade de contrair doença.
Há uma relação direta entre incremento de faixa etária e aumento de
risco de a pessoa vir a necessitar de serviços de assistência médica.
3. Deve-se admitir a validade de reajustes em razão de mudança de
faixa etária, desde que atendidas certas condições, quais sejam: a)
previsão no instrumento negocial; b) respeito aos limites e demais
requisitos estabelecidos na Lei Federal nº 9.656/98; e c) observância
do princípio da boa-fé objetiva, que veda índices de reajuste
desarrazoados ou aleatórios, que onerem em demasia o segurado.
4. Tanto os contratos individuais/familiares denominados antigos, isto
é, firmados antes de 2 de janeiro de 1999 e não adaptados à Lei
9.656/98, quanto os contratos firmados após referida data e os
adaptados a novel legislação, deverão prever expressamente as
faixas etárias nas quais serão realizados os reajustes. Nos contratos
novos, o valor atribuído a cada prestação de acordo com a faixa
etária deve ser previamente informado ao usuário e constar
expressamente do instrumento contratual. (STJ REsp 646677 / SP)

1.5 – Conservação do Contrato

CDC - Art. 51, § 2° A nulidade de uma cláusula contratual abusiva


não invalida o contrato, exceto quando de sua ausência, apesar dos
esforços de integração, decorrer ônus excessivo a qualquer das
partes.
CC - Art. 184. Respeitada a intenção das partes, a invalidade parcial de um
negócio jurídico não o prejudicará na parte válida, se esta for separável; a
invalidade da obrigação principal implica a das obrigações acessórias, mas
a destas não induz a da obrigação principal.

OBS: pagamento realizado com base em cláusula contratual posteriormente


tida como nula não gera direito a devolução em dobro (nos termos do art. 42,
§un) – STJ, Resp. 1.480.819

1.6 – Outros Princípios Importantes

a) modificação das prestações desproporcionais (art6º, V): gera o direito


a revisão contratual.

b) Equidade: o art. 51, §1º traz presunção de desproporcionalidade


contratual e o inciso IV prevê expressamente este princípio.

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