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NARRATIVAS DE GUERRA:

O CONFLITO ROMANO-JUDAICO SEGUNDO TÁCITO

Ana Beatriz Siqueira Bittencourt (História – UFF)


Orientador: Prof. Dr. Manuel Rolph de Viveiros Cabeceiras

Palavras-chave: Guerra Romano-Judaica; Tácito; Histórias;

RESUMO: O presente trabalho, parte de uma pesquisa em desenvolvimento, busca fazer uma
análise da narrativa elaborada por Tácito sobre o povo judeu e a Primeira Guerra Romano-
Judaica (66-73 d.C.), no Livro V de suas Histórias. Concluída com a tomada de Jerusalém e
destruição da estrutura da cidade e do Templo, esta é a primeira de três rebeliões da população
da Judeia contra a dominação romana ocorridas no contexto do período de maior alargamento
do Império Romano. A partir do olhar de Tácito, considerado o maior historiador romano, se
desenvolve uma narrativa priorizando os temas militares enquanto concede apenas um
tratamento superficial, por vezes com tom de desprezo, em relação aos aspectos da cultura e
da religiosidade judaicas. É a partir deste horizonte que se pretende como objetivo central
analisar tanto o desenvolver da guerra que é minuciosamente descrito, quanto a própria forma
de construção desta narrativa na apresentação da visão sobre “si”, enquanto cidadão romano, e
o “outro”, enquanto judeu.

A Primeira Guerra Romano-Judaica, ocorrida entre os anos 66 e 73 d.C., foi o marco


da insatisfação dos judeus perante a dominação romana; sendo ela a primeira de três
rebeliões1 da população da Judeia meio ao contexto do período de maior alargamento do
Império Romano. Se arrastando durante alguns anos, a rebelião foi marcada por atos de
resistência ideológica. Ao final, porém, as forças romanas conseguem subjugar os rebeldes,
sendo concluída a guerra com a tomada de Jerusalém, destruição de parte da estrutura da
cidade e a conhecida emblemática destruição do Templo.
Na historiografia, consagrou-se o relato de Flávio Josefo sobre tal guerra. Judeu
helenizado, chamado por nascimento de Yosef Ben Mattityahu, nasceu provavelmente entre
34-37 d.C. Sobre sua vida se tem muitas informações já que se dedicou em parte a escrever
uma Autobiografia. Seu estudo da revolta judaica contra Roma é minucioso, e considerado
bem completo por sua extensão; narrada a partir de análises in loco, e recolhimento de outros
testemunhos e fontes, apresenta a visão de um judeu sobre o embate – mesmo que sob

1
Cabe aqui uma breve exposição das outras duas guerras dos judeus contra os romanos: a segunda ocorreu sob o
governo de Trajano entre 115 e 117 d. C., também chamada de Guerra de Kitos; a terceira, por sua vez, é
chamada de Revolta de Bar Kokhba e teve seu período de incidência entre 132 e 135 d. C.
influência e incentivo de produção da obra pelos romanos, suas bases são judaicas, afinal não
se pode desligar um homem de sua própria cultura de constituição.
No entanto, o que pouco se fala é da existência de um outro relato sobre a Primeira
Guerra Romano-Judaica que permaneceu até o nosso tempo. Descrita sob o ponto de vista do
considerado maior historiador romano, essa narrativa se encontra nos treze primeiros
capítulos do livro V da obra Histórias.
No que diz respeito à sua biografia, as informações sobre Publius Cornelius Tacitus
são escassas e imprecisas. Não se sabe ao certo suas datas de nascimento e morte, estima-se
porém que viveu entre os anos de 55 d.C. e 120 d.C. As demais informações sobre ele se
baseiam em alguns indícios presentes em seus textos, evidências arqueológicas, e através de
estudos de outras fontes, como por exemplo algumas cartas de Plínio, o Jovem.
Nascido em família romana, acredita-se que provavelmente seja natural da província
da Gália Narbonense, hoje região sul da França. Ganha destaque por sua famosa eloquência e
erudição, sendo provavelmente o autor latino de maior complexidade e sofisticação no que se
refere à forma de linguagem. Além disso, ao longo da vida foi tribuno militar, questor, pretor,
cônsul, e governador da província da Ásia em 112 d.C., tendo em suma obtido preeminência
também no contexto político de sua época. Suas obras, em ordem de produção, são: Diálogo
dos oradores (Dialogus de Oratoribus), Agrícola (De vita Iulii Agricolae), Germânia (De
origine et situ Germanorum), Histórias (Historiae) e Anais (Annales); sendo desenvolvidas
principalmente durante o período dos Antoninos.
As respectivas três primeiras obras são as menores, e por isto talvez sejam também as
que foram melhor conservadas com o passar do tempo, estando todas elas completas. As duas
seguintes são as maiores, e assim sendo, na mesma lógica, chegaram até nós muito
fragmentadas. Em geral, se estivessem completas, a soma dos relatos das Histórias e dos
Anais sintetizariam os principais acontecimentos de Roma durante parte do período
classificado como Alto Império, uma espécie de resumo do que foi o primeiro século do
Principado. “A leitura de Tácito não se esgota no século XXI, mostrando-se na verdade tão
relevante e atual como nas questões sobre as quais o autor refletiu” (MARQUES in
PARADA, 2012, p. 102).
A obra Histórias foi escrita aproximadamente entre os anos de 104 a 109 d.C.
Abarcando o período entre a guerra civil de 69 d.C. e o fim do principado de Domiciano, em
96 d.C., nela encontramos contemplados os modelos políticos dos reinados de Galba, Oto,
Vitélio, Vespasiano, Tito e Domiciano. Dos prováveis 12 ou 14 livros que a compunham, se
perderam boa parte, sendo conhecido hoje apenas os 4 primeiros livros e alguns capítulos do
V – o qual contém os 13 capítulos que usaremos nesta pesquisa como fonte documental sobre
a guerra.
A fonte primária aqui utilizada pode ser facilmente encontrada em versões traduzidas
do latim – língua do documento original –, tanto em edições impressas como em domínios
públicos em formato digital. Apesar dessa facilidade faz-se necessário expor que a fonte em
português só possui uma versão publicada em 1937, traduzida por Berenice Xavier, sendo ela
muito antiga e difícil de ser encontrada. Sendo assim, as traduções encontradas são
basicamente em inglês e espanhol. Após análises, para a realização deste trabalho optou-se
pela versão em espanhol de Joaquín Soler Franco, publicada em 2015 – além de ser uma
publicação mais recente, e traduzida diretamente do latim, se trata de uma edição bilíngue
latim-espanhol, permitindo a conferencia da fonte original da tradução.
Em sua descrição sobre o conflito entre os romanos e judeus do primeiro século,
Cornélio Tácito desenvolve sua argumentação priorizando os temas políticos e militares, os
quais narra com muita atenção, enquanto concede apenas um tratamento que pode ser tido
como superficial, e por vezes com tom de desprezo, ao tratar as questões referentes à cultura e
religiosidade judaica. Logo de início, considera importante expor as origens do povo, se
colocando a apresentar inúmeras possibilidades de surgimento, além de abordar os seus
costumes.
É “importante ressaltar que, durante os séculos de dominação romana sobre os judeus,
identificamos uma série de revoltas e movimentos contrários à dominação estrangeira na
Judeia” (GAMA, 2011, p. 74), assim Jorwan Gama defende que “o alto nível de
complexidade social daquela região contribuiu para o turbulento período de dominação
romana” (GAMA, 2011, p. 74), sendo essas complexidades indicadas, no caso da Judeia,
principalmente no que se refere à estratificação social, capacidade de integração entre Estado
e os grupos sociais, ao setor produtivo sob supervisão, dentre outros.
Nesse sentido, é importante ter em mente que para os romanos não existe separação
entre o mundo civil e militar. “A história romana está cheia dessa mistura de domínio violento
e ductilidade, de sentido profundo e inflexível de imperium e de talento para descobrir
soluções maleáveis” (GIARDINA, 1992, p. 17). Se fazia então importante estar a altura da
missão, ser digno do imperium, ou seja, possuir a estatura e as virtudes necessárias. Assim, a
noção de pater patriae, um pai para a pátria, é criada ao longo do desenvolver do império,
onde se entende que assim como um pai, existe e é necessário saber agir em atos de
benevolência e ainda sim quando necessário saber ser rigoroso.
Em geral, a guerra tem estado presente em todos os períodos ao longo da história, em
menor ou maior escala. Precedendo o que conhecemos hoje como Estado, “a guerra é quase
tão antiga quanto o próprio homem e atinge os lugares mais secretos do coração humano,
lugares em que o ego dissolve os propósitos racionais, onde reina o orgulho, onde a emoção é
suprema, onde o instinto é rei” (KEEGAN, 1996, p.19). O historiador John Keegan, em seu
livro Uma história da Guerra, a partir da análise da teoria de que a guerra seria a continuação
da política por outros meios, criada por Clausevitz na obra Da Guerra, busca contrapor essa
ideia por entender que ela está intrinsecamente ligada à cultura. Para além, identifica a
existência de sociedades que fazem da guerra a sua cultura, dedicando-se e investindo em
capacitação.
Cabe destacar de forma geral o que aqui se entende enquanto cultura, e de que forma
ela é nesse texto tratada. Produzida pelo homem, destaca as peculiaridades e as similaridades,
bem como se faz impossível desassociar os traços da cultura da personalidade de cada um a
ela ligado. É o “conhecimento adquirido no ambiente não-formal do aprendiz, por imitação,
condicionamento inconsciente por reinterpretação pessoal de um dado anterior” (ANDRADE
et al., 1999).
Fazendo da guerra a sua cultura, é através das políticas de expansão e conquista que
Roma torna-se um Império de grande dimensão e importância. O sucesso da expansão
econômica dessa época deve-se em grande parte às políticas de anexação e de urbanização de
novas províncias e territórios já conquistados, o que gerou um grande desenvolvimento dentro
da península e fora dela. O período de foco deste trabalho, segunda metade do século I d.C.,
se insere nos princípios do período de maior alargamento do Império Romano. Em longo
prazo, a extrema expansão, que assumiu dimensões mediterrânicas, desencadeou sérios
problemas de administração territorial, sucumbindo em suas próprias pretensões.
Atuando sempre em conjunto, mas também exibindo a capacidade combativa
individual, a legião romana exibia mobilidade e flexibilidade. Pensando nas táticas
empregadas no caso mais específico da revolta judaica, o exército romano se colocou a sitiar
o centro da resistência, na cidade de Jerusalém. O ocorrido em Massada é a demonstração
mais clara – e no caso, a final –, do que Tácito expõe nas Histórias: “E o que aumentava suas
iras era que só os judeus haviam recusado submeter-se” (TÁCITO, V, X, tradução nossa). O
povo recusava se submeter, a guerra se estendia, e os romanos se colocavam em maior gana
pela resolução do problema.
Tratando sobre o período das revoltas enfrentadas pelo Império, o historiador Greg
Woolf, em seu livro Roma: A história de um Império, indica que:
O sistema romano, naturalmente, tinha também suas fraquezas. Uma
das consequências de depender de um exército de infantaria baseado
na orla do império era que ele respondia com lentidão aos desastres no
interior. As tropas romanas foram em geral bem-sucedidas contra
rebeliões provinciais durante os primeiros dois séculos depois de
Cristo porque a maioria das rebeliões ocorreu relativamente perto das
fronteiras e os rebeldes costumavam manter uma posição estacionária
e não tinham fortificações. Em geral, a ordem era restaurada em
questão de meses. A guerra judaica durou tanto tempo porque os
judeus possuíam fortalezas (WOOLF, 2017, p. 274).

Posto isto, parte importante para entender o pensamento romano é o entendimento da


fides, dos valores do homem, de uma ética de guerra. “Nesse âmbito, de fato, eles eram
contidos pelo respeito a um ethos ancestral, e bastante tenaz” (BRIZZI, 2003, p. 30). As
características valorizadas e personificadas no homem grego, vistas no engano e na
ardilosidade, contrastam com a virtude romana, por excelência, buscada. “O romano das
origens parece ter construído ao redor da fides toda sua concepção de relacionamento entre os
povos; e também a guerra, que representa uma fase desse relacionamento” (BRIZZI, 2003, p.
31). “Ou seja, a fides do exército romano está relacionada com a virtude e o favor divino que
marcam sempre a grandeza de Roma quando há também o empenho coletivo para o bem de
todos” (MARQUES, 2013, p. 179).
Nas Histórias, por causa do próprio clima de guerra civil, a fides
exercituum é um dos pontos fundamentais do texto de Tácito, pois é
por meio dela que vemos as respostas das legiões ao comando dos
generais e ao sucesso ou fracasso de cada um dos imperadores. [...] O
maior problema da fides exercituum, que é sua inconstância [...] está
sempre ligada à contraposição entre os interesses coletivos e
particulares (MARQUES, 2013, p. 179-181).

Tratando especificamente as Histórias, no artigo Estruturas narrativas nas Histórias


de Tácito (2009), Juliana Marques aponta a presença de elementos que evidenciam a lógica do
olhar na decadência das instituições e da moral romanas desde o governo de Galba, e a
proporcional renovação instaurada a partir do governo de Vespasiano que redime a sociedade
e se estabelece como um novo momento da história romana. Afinal, ele se apresenta sempre
neste movimento de narrar os acontecimentos passados, contrapondo o passado Republicano e
o presente Imperial, destacando os maus e os bons imperadores, os que se tornavam tiranos
despóticos e os que conseguiam exercer o imperium, sob orientação do modelo geral de
função e realização de um princeps ideal.
A propaganda romana, de forma singular, se deu em diversas frentes ao longo dos
governos. Nesse processo a elaboração dos discursos também foram influenciadas, já que “de
mãos dadas e de forma mais ou menos consciente, historiadores, poetas e oradores,
contribuíram tanto como os soldados para criar o império de Roma” (TAVARES, 1988, p.
101). Durante as chamadas Guerras Púnicas surgiram os primeiros historiadores, e
curiosamente muitos deles escreveram os acontecimentos de seu próprio tempo; estando
“atentos aos acontecimentos políticos, religiosos e sociais, embora nem sempre preocupados
em separar o real do legendário” (TAVARES, 1988, p. 101), construíam seus discursos com o
objetivo de valorização e afirmação da superioridade de Roma. A construção dessa ideologia
imperial através da escrita e da transmissão oral, era acima de tudo um ato de propagação
política.
Em adição a isso, é preciso analisar a particularidade da narrativa de Tácito no que
tange o desprezo à cultura e religiosidade judaica meio ao contexto do conflito. Em diversos
momentos em sua obra trata os judeus como um povo desenfreadamente dado à luxuria,
profano, fanáticos, supersticiosos, e etc. É certo que essa visão corrobora com o entendimento
dualista da antiguidade, o “eu” civilizado e o “outro”, o que pode ser visto, por exemplo, na
passagem em que diz: “Entre eles é profano o que para nós é sagrado e, vice-versa, a eles é
permitido o que pra nós é nefasto” (TÁCITO, V, IV, tradução nossa). Assim, a consideração
do uso do mecanismo de contraponto, pode-se duplicar para a civilização judaica a tarefa que
Veyne se impõe de “perguntarmo-nos o que era o homem romano, ou melhor, o que pretendia
ser, o que entendia por civilização e que características distinguiram a civilização romana (ou
antes, greco-romana) das outras” (in GIARDINA, 1992, p. 283); entendendo a construção da
identidade romana em contraponto à visão apresentada por Tácito dos judeus.
Vale lembrar que a não possibilidade de total desassociação da religião da vida
política, e também dos demais aspectos da sociedade, principalmente no que se refere à
vivência e prática do judaísmo em sua constante experiência com o sagrado. “Ora, no antigo
Oriente Próximo só artificialmente podemos separar ‘política’, ‘economia’ e ‘religião’”
(CARDOSO, 1990, p. 10). O autor Mircea Eliade insiste nos caracteres de complexidade e
totalidade da experiência do sagrado. Este manifestando-se não apenas nas coisas cotidianas,
mas através das coisas cotidianas. Para ele, a experiência do sagrado é característica do
homem enquanto tal. Sua tese principal é da fenomenologia abrangente da Religião, onde o
homem é homo religiosus; propõe-se verifica-la também na sociedade secularizada, ou
melhor, ele evidencia o caráter mítico de muitos aspectos de tal sociedade (ELIADE, 1992).
A proposta de análise de narrativa, buscando entender não só a guerra enquanto fato
histórico, mas também a própria construção do discurso narrativo e seu contexto de produção,
se apresenta relevante principalmente por reconhecer que nenhum discurso é isento das
percepções do autor, sendo ele também fruto de seu tempo. “A história não é uma narração
ingênua que possa coincidir com o real. Ela o reconstrói, o recria, o elabora, urdindo intrigas,
tecendo enredos” (REIS, 2012, p. 163). Meio a um tema tão pouco abordado, é ainda mais
interessante se pensarmos que por muito tempo a narrativa do historiador romano Tácito sobre
a Primeira Guerra Romano-Judaica tem sido deixada de lado, ao não ser trabalhada de forma
mais especifica em detrimento da narrativa do judeu filo romano Flávio Josefo. É necessário
conhecer as diferentes visões sobre o acontecimento.
De igual forma, o estudo sobre a guerra e seus desdobramentos, principalmente a
partir do entendimento da guerra como cultura, nos remonta a um perspectiva mais complexa
do fazer e entender a guerra para além de apenas um dos braços da política, mas como
imbricado dentro da própria visão de mundo do romano, indissociável.
Como romano, o autor das Histórias, ao longo de todas as suas obras se coloca em
exaltar Roma. Inserido em um contexto cultural helenístico-romano, bebe das tradições da
escrita, sobretudo na forma narrativa historiográfica, narrando o presente, fazendo digressões
a fim de explicar as origens, e no evocar de antigos autores2. Ou seja, o gênero historiográfico
no qual vazam as suas narrativas, embora nelas tragam as marcas de sua perspectiva
identitária, é de matriz grega.
Em um breve resumo é possível dividir cada parte do texto sobre a Primeira Guerra
Romano-Judaica em focos narrativos. Na 1ª parte, Tácito inicia sua narrativa por volta do ano
70 d.C., sendo Tito encarregado por Vespasiano de terminar de submeter a Judéia; da 2ª à 5ª
se coloca em uma descrição das possíveis origens dos judeus e seus costumes; na 6ª e 7ª faz
uma caracterização da geografia do território; nos dois subsequentes procura fazer um resumo
da história política dos judeus na Judéia, primeiro sob as submissões aos assírios, medos,
persas e macedônios, e depois ao longo da dominação romana; por fim, da 10ª à 13ª parte, são
efetivamente as narrativas sore a guerra, suas estratégias, os conflitos internos enfrentados
pelos judeus e os prodígios alcançados pelos romanos.
Ao destacar a força de diversos pontos de referências que estruturam nossa memória e
as inserem no contexto mais amplo da memória da coletividade, apresentam “uma memória
também que, ao definir o que é comum a um grupo e o que o diferencia dos outros,
fundamenta e reforça os sentimentos de pertencimento e as fronteiras sócio-culturais”
(POLLAK, 1989, p. 3). Assim utilizados como forma de reflexão sob o discurso de Tácito
enquanto constituído pelas suas memórias em junção à memórias coletivas e fontes diversas.

2
Á exemplo de autores como, Maneton, Lisímaco, Apión, Demócrito, etc.
Compreendendo, por sua vez, que as fontes por elas mesmas são discursos que não se
revelam em totalidade, propõe-se a investigação através da mobilização do conceito de
identidade étnica, relacionando-o às ideias de pertencimento e tradição. Para que assim,
considerando o mundo político, econômico e social que os transformam, seja possível
perceber as transformações de entendimento e pertencimento ocorridas, e as disputas
semânticas travadas neste campo ao longo do tempo. “Nossa matéria prima é a memória,
nosso produto são identidades sociais” (MARQUES, 2013, p. 12).

FONTE:
TÁCITO, Cornelio. Libros de Las Historias. Tradução de Joaquín Soler Franco. 2ª ed.
Zaragoza: Institución Fernando el Católico (CSIC), 2015.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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1999.

BRIZZI, Giovanni. O guerreiro, o soldado e o legionário: Os exércitos no mundo clássico.


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CARDOSO, Ciro Flamarion. Antiguidade Oriental: Política e Religião. São Paulo: Editora
Contexto, 1990.
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GAMA, Jorwan. A aplicação do conceito de resistência ideológica nas moedas judaicas da
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