Anda di halaman 1dari 14
individuo abstrato do liberalismo é alvo de uma série de crticas no debate feminista. O principal problema & que a universalizagao dos direitos cortespondeu, a0 mesmo tempo, a um movimento em direcéo a eliminacao dos privilégios iam iguais, como cidadios, na esfera piblica— ea - { uma ficgao, a de que é possivel suspender as posigées € as caracteristicas con- cretas dos individuos em sociedades nas quais as esferas publica e privada s4o >, organizadas por hierarquias e relagGes de dominagio e opressio. O feminismo pode ser visto como um herdeiro do liberalismo, com suas promessas de igual garantia de liberdade individual. Define-se, ainda, por tenses e antagonismos em relacdo ao pensamento e As instituigoes liberais. Uma das razées é justamente actitica ao fato de quea nogao liberal de individu nao permite considerar ade- quadamente, ou oculta, as desigualdades efetivas — de género, mas no apenas. ‘Valores caros ao liberalismo ea ampla parte do feminismo, comoa liberdade ¢ aautonomia individuais, esto, assim, no centro das tens6es ¢ dos antagonismos mencionados. A defesa daAutonomia das ‘mulhereghas abordagens ferinistas é acompanhada de criticas e redefinigdes do ideal liberal. Sao criticas que ora destacam sua pouca efetividade nas sociedades liberais — reconhecendo, no entanto, seu valor como orientagao normativa—, ora defendem que ele expressa um ideal masculino de afirmagio da individualidade, que seria distante das “experiéncias e dos interesses de muitas mulheres. Entre as abordagens, merece destaque a critica ao voluntarismo, isto é, 4 nntimento e escolhas voluntarias. correlacao presumida entre autonomia, conse! Q liberalismo opera com o pressuposto de que, na vigéncia de direitos for- malmente iguais, o respeito as escolhas voluntérias feitas pelos individuos é um requisito ¢ um ponto de chegada para a cidadania. Nesse 2804, avaueencia lade do exercicio efetivo da liberdade, ainda ‘do de nao coagidas — dos individuos os de coergio implica a possibilid: jue as escolhas voluntérias — no sent ° o, Restrigoes ao exercicio da autonomia Sonduzam a relagdes de subordinacii ee 2 arro ec OM 2 110 FEMINISMO & POLITICA ‘edades liberais. O acesso a recursos ¢ g dos individuos para definir a préprig ua posi¢ao nas relag6es de poder, pactam as possibilidades de nstitutivas das soci or eda capacidade vida variam segundo suas caracteristicas © S entre elas 0 genero. Desigualdades estrutur’® im| s disponiveis para as pessoas. autodefinicao € as oportunidades : ‘A oposicao entre esfera publica, dominio da autonomia ¢ da liberdade civ, cesfera privada, dominio da sujeigao ¢ das hierarquias “naturais”, compée esse quadro. Os contratos de casamento € de trabalho sao, por sua vez, exemplos adagées, enere as duas esferas, Neles, individuos livres, is em relacdo'a outros, de parte de sua possibilidade de autodetermi- s4o, no entanto, CO! reconhecimento do val do transito, ¢ das acom mas socialmente vulneraveis decidem livremente firmar 2 e contratos nos quais abrem mao o controle sobre 0 préptio corpo! ¢ sobre a Ov nagio, incluido em muitos casos organizacao € 0 usufruto do tempo. Accritica ao modo co nogées de consentimento yoluntéri organiza pensamento ¢ as instituicées liberais € um. exemplo de como 9 feminismo pode manter aautonomia como ideal normativo relevante paraade- g mocracia, ferindo, no entanto, as bases do pensamento liberal”. No liberalismo, © Ge contratos e 0s acordos sio legitimos na medida em que séo voluntariamente assumidos. E nesse sentido também que a obrigagao diante dos governantes, de escolha mi a ke 2 parasualegitimidade, depende do consensimento voluncério dos individuos 5 Mas sao esses mesmos contratos que permitem que a perda de autonomia, se & decorrente de um ato voluntario, seja aceitével. Para além da centralidade do ‘Contrato em autores fandamentais para o pensamento liberal moderno, como “Thomas Hobbes ¢ John Locke, e para o contemporaneo, como John Rawls, 0 liberalismo como doutrina abrangente dependeria, sendo da fico de um. at ‘oluntdrio orginal de que todos tomariam parte como iguas, de outta fei 2 de qu osindivduos consenem voluntaramente em viver sob norms, eformasde 0 politica que os vinculam ¢ estabelecem as relacdes de autoridade. 6 assi i 7 idade dae assim, mais do que um ideal, uma condigéo para a legiti- _Midade dos contratos ¢ dos acordos. E justamente por is: e sO que, instituicdes Hi no ambito do amen) € das instituigées liberais, & possivel aceitar a alienagéo parcial ieito dos individuos ao autogoverno. O foco na condicéo de liberdade do Carole Pateman, The problem of politic eae political obli P 2 CE Flivia Biol, Autonomine derructana os ts idem, The sexual contract, cit > Carole Patem: ‘i 7%) cit, an, Te problem of political obligation ek, AUTONOMIA, Bx A A WUTONOMIA, DOMINAGAO E OPRESSKO TIT individuo quando consente voluntariamente com os termos de um contrat ntrato ajo diminui a relevancia nem faz deixar de lado o problema de que o resultado a submissao de alguns por ou- nessa erin a “oma, nessa cca, o valor politico cena Por isso € um problema se a condi¢ao inicial de livre escolha, como auséncia de coercio, desdobra-se em restrigées a liberdade futura dos individuos, Mesmo que nao exista exploragéo em um contrato firmado voluntariamente, se ele permite re- lagées “de dominio ¢ subordinacao em que se reduz a liberdade ou autonomia de uma das partes interessadas”’, hd aqui um problema do ponto de vista da desses contratos pode ser, e em muitos casos © tros. O autogoverno se torna, producao de uma sociedade democritica A construgéo da democracia corresponderia, numa abordagem que busca justamente avancar na politizagao da teoria politica, ao enfrentamento de dois problemas de primeira ordem: a reducao da subordinagao e a criagao de uma sociedade mais democratica’. Em outras palavras, seria preciso recolocar o foco na conexao entre “as relagdes de subordinagao civil e os problemas referentes & autonomia e A democratizagio”*. Mas, para isso, é necessétio desnaturalizar o direito de alguns de governar outros, seja por meio do emprego; que instituiria o direito do empregador de dar ordens a0 empregado, seja por meio do casamento ou de outros arranjos nos quais as relagoes de género se definem por assimetrias de recursos ¢ de autoridade (em geral, pela complementaridade entre as duas). Nesses casos, comando ce obediéncia constituiriam uma ordem “natural”. Ganhando distancia em relagao ao liberalismo, a democracia dependeria de uma igualdade robusta como sua base”. CONSENTIMENTO E ESTUPRO Nas teorias classicas do contrato, o consentimento voluntario das mulheres foi considerado irrelevance. A dependéncia “natural — —s 5 ile E ica, Idem, “Soberania individual e propriedade na pessoa’, Revista Brasileira de Ciéncia Politica, 1.1, 2009; a publicago original & de 2002, p. 196. Ibidem, p. 174. Ibidem, p. 190. Jane Mansbridge, “Carole Pater: var wiih tis Marion Young (orgs.), Ilusion of consent: engaging The Pennsylvania State University Press 2008) P- 23. ’ radial liberal?”, em Daniel I. O'Neil, ‘Mary Lyndon Shanley Carole Pateman (University Park,

Anda mungkin juga menyukai