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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES


DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM FILOSOFIA

Professora: Luciana Aliaga


Aluno: Matheus Vieira Silva1 mat.: 11403872 Período: 2017.1

[1] “[...] Pode haver reforma cultural, ou seja, elevação civil das camadas mais baixas
da sociedade, sem uma anterior reforma econômica e uma modificação na posição
social e no mundo econômico? É por isso que uma reforma intelectual e moral não pode
deixar de estar ligada a um programa de reforma econômica; mais precisamente, o
programa de reforma econômica é exatamente o modo concreto através do qual se
apresenta toda reforma intelectual e moral. O moderno Príncipe, desenvolvendo-se,
subverte todo o sistema de relações intelectuais e morais, uma vez que seu
desenvolvimento significa de fato que todo ato é concebido como útil ou prejudicial,
como virtuoso ou criminoso, somente na medida em que tem como ponto de referência
o próprio moderno Príncipe e serve ou para aumentar seu poder ou para opor-se a ele. O
Príncipe toma o lugar, nas consciências, da divindade ou do imperativo categórico,
torna-se a base de um laicismo moderno e de uma completa laicização de toda a vida e
de todas as relações de costume.”

[2] “As notas escritas a propósito do estudo das situações e do que se deve entender por
“relações de força”. O estudo sobre como se devem analisar as “situações”, isto é, sobre
como se devem estabelecer os diversos níveis de relações de força, podem servir para
uma exposição elementar de ciência e arte política, entendida como um conjunto de
regras práticas de pesquisa e de observações particulares úteis para despertar o interesse
pela realidade efetiva e suscitar intuições políticas mais rigorosas e vigorosas. Ao
mesmo tempo, é preciso expor o que se deve entender em política por estratégia e tática,
por “plano” estratégico, por propaganda e agitação, por “orgânica” ou ciência da
organização e da administração em política. Os elementos de observação empírica que
habitualmente são apresentados de modo desordenado nos tratados de ciência política
[...] deveriam na medida em que não são questões abstratas ou sem fundamento, ser
situados nos vários níveis de relação de forças, a começar pela relação das forças

1
vieira.matheus@outlook.com.br
internacionais (onde se localizariam as notas escritas sobre o que é uma grande
potência, sobre os agrupamentos de Estados em sistemas hegemônicos e, por
conseguinte, sobre o conceito de independência e soberania no que se refere às
pequenas e médias potências), passando em seguida às relações objetivas sociais, ou
seja, ao grau de desenvolvimento das forças produtivas, às relações de força política e
de partido (sistemas hegemônicos no interior do Estado) e às relações políticas
imediatas (ou seja, potencialmente militares).”

[2] “As relações internacionais precedem ou seguem (logicamente) as relações sociais


fundamentais? Indubitavelmente seguem. Toda inovação orgânica na estrutura modifica
organicamente as relações absolutas e relativas no campo internacional, através de suas
expressões técnico-militares. [...] De resto, as relações internacionais reagem passiva e
ativamente sobre as relações políticas (de hegemonia dos partidos). [...] Desta série de
fatos, pode-se chegar à conclusão de que com frequência o chamado “partido do
estrangeiro” não é propriamente aquele que é habitualmente apontado como tal, mas
precisamente o partido mais nacionalista, que, na realidade, mais do que representar as
forças vitais do próprio país, representa sua subordinação e servidão econômica às
nações ou a um grupo de nações hegemônicas”.

[7] “Questão do “homem coletivo” ou do “conformismo social”. Tarefa educativa e


formativa do Estado, cujo fim é sempre o de criar novos e mais elevados tipos de
civilização, de adequar a “civilização” e a moralidade das mais amplas massas
populares às necessidades do contínuo desenvolvimento do aparelho econômico de
produção e, portanto, de elaborar também fisicamente tipos novos de humanidade. Mas
como em cada indivíduo singular conseguirá incorporar-se no homem coletivo e como
ocorrerá a pressão educativa sobre cada um para obter seu consenso e sua colaboração,
transformando em “liberdade” a necessidade e coerção”.

[7] “Conceito político da chamada “revolução permanente”, surgido antes de 1848,


como expressão cientificamente elaborada das experiências jacobinas de 1789 ao
Termidor. A fórmula é própria de um período histórico em que não existiam ainda os
grandes partidos políticos de massa e os grandes sindicatos econômicos, e a sociedade
ainda estava sob muitos aspectos, por assim dizer, no estado de fluidez: maior atraso do
campo e monopólio quase completo da eficiência político-estatal em poucas cidades ou
até mesmo numa só (Paris para a França), aparelho estatal relativamente pouco
desenvolvido e maior autonomia da sociedade civil em relação à atividade estatal,
determinado sistema das forças militares e do armamento nacional, maior autonomia
das economias nacionais em face das relações econômicas do mercado mundial, etc. No
período posterior a 1870, com a expansão colonial europeia, todos estes elementos se
modificam, as relações de organização internas e internacionais do Estado tornam-se
mais complexas e robustas; e a fórmula da “revolução permanente”, própria de 1848, é
elaborada e superada na ciência política com a fórmula de “hegemonia civil”. Ocorre na
arte política o que ocorre na arte militar: a guerra de movimento torna-se cada vez mais
guerra de posição; e pode-se dizer que um Estado vence uma guerra quando a prepara
de modo minucioso e técnico no tempo de paz. A estrutura maciça das democracias
modernas, seja como organizações estatais, seja como conjunto de associações na vida
civil, constitui para a arte política algo similar às “trincheiras” e às fortificações
permanentes da frente de combate na guerra de posição: faz com que seja apenas
“parcial” o elemento do movimento que antes constituía “toda” a guerra, etc.”

[11] “Uma concepção do direito que deve ser essencialmente renovadora. Ela não pode
ser encontrada, integralmente, em nenhuma doutrina preexistente (nem mesmo na
doutrina da chamada esco a positiva e, sobretudo, na doutrina de Ferri). Se todo estado
tende a criar e manter certo tipo de civilização e de cidadão (e, portanto, de convivência
e de relações individuais), tende a fazer desaparecer certos costumes e atitudes e a
difundir outros, o direito será o instrumento para esta finalidade (ao lado da escola e de
outras instituições e atividades) e deve ser elaborado para ficar conforme a tal
finalidade, ser maximamente eficaz e produtor de resultados positivos. A concepção do
direito deverá ser libertada de todo resíduo de transcendência e de absoluto,
praticamente de todo fanatismo moralista, embora me pareça que não possa partir do
ponto de vista de que o Estado não “pune” (se este termo é reduzido a seu significado
humano), mas apenas luta contra a “periculosidade” social. Na realidade, o Estado deve
ser concebido como “educador” na medida em que tende precisamente a criar um novo
tipo ou nível de civilização. [...] O Estado, também nesse campo, é um instrumento de
“racionalização”, de aceleração e de taylorização; atua segundo um plano, pressiona,
incita, solicita e “pune”, já que, criadas as condições nas quais um determinado modo de
vida é “possível”, a “ação ou a omissão criminosa” devem receber uma sanção punitiva,
de alcance moral, e não apenas um juízo de periculosidade genérica”.
[14] “Outro ponto a ser fixado e desenvolvido é o da “dupla perspectiva” na ação
política e na vida estatal. Vários graus nos quais se pode apresentar a dupla perspectiva,
dos mais elementares aos mais complexos, mas que podem ser reduzidos teoricamente a
dois graus fundamentais correspondentes à natureza dúplice do centauro maquiavélico,
ferina e humana, da força e do consenso. Da autoridade e da hegemonia, da violência e
da civilidade, do momento individual e daquele universal (da “igreja” e do “Estado”),
da agitação e da propaganda, da tática e da estratégia, etc. Alguns reduziram a teoria da
“dupla perspectiva” a algo mesquinho e banal, ou seja, a nada mais do que duas formas
de “imediaticidade” que se sucedem mecanicamente no tempo, com maior ou menor
“proximidade”. Ao contrário, pode ocorrer que, quanto mais a primeira “perspectiva” é
imediatíssima”, elementaríssima, tanto mais a segunda deva ser “distante” (não no
tempo, mas como relação dialética), complexa, elevada, isto é, pode ocorrer como na
vida humana: quanto mais um indivíduo é obrigado a defender a própria existência
física imediata, tanto mais afirma e se coloca do ponto de vista de todos os complexos e
mais elevados valores da civilização e da humanidade.”

[15] “Na noção de grande potência, deve-se considerar também o elemento


“tranquilidade interna”, isto é, o grau e a intensidade da função hegemônica do grupo
social dirigente (esse elemento deve ser investigado na avaliação da potência de cada
Estado, mas adquire maior importância no exame das grandes potências. E não vale
recordar a história de Roma antiga e das lutas internas que não impediram sua expansão
vitoriosa, etc; além dos outros elementos diferenciadores, basta considerar que Roma
era a única grande potência da época e não tinha por que temer a concorrência de rivais
poderosos, depois da destruição de Cartago). Por isso, seria possível dizer que, quanto
mais forte é o aparelho policial, tanto mais fraco é o exército e que, quanto mais fraca
(isto é, relativamente inútil) é a polícia, tanto mais forte é o exército (diante da
perspectiva de uma luta internacional).”

[17] “De fato, só em 1870-1871, com a tentativa da Comuna, esgotam-se historicamente


todos os germes nascidos em 1789, ou seja, não só a nova classe que luta pelo poder
derrota os representantes da velha sociedade que não quer confessar-se definitivamente
superada, mas derrota também os novíssimos grupos que consideram já ultrapassada a
nova estrutura surgida da transformação iniciada em 1789 e demonstra assim na sua
vitalidade tanto em relação ao velho como em relação ao novíssimo. Além do mais, com
os acontecimentos de 1870-1781, perde eficácia o conjunto de princípios de estratégia e
tática política nascidos praticamente em 1789 e desenvolvidos ideologicamente em
torno de 1848 (os que se sintetizam na fórmula da “revolução permanente”: seria
interessante estudar em que medida essa fórmula passou para a estratégia mazziniana –
por exemplo, para a insurreição de 1853 em Milão – e se isto ocorreu conscientemente
ou não.”

[17] “O Estado é certamente concebido como organismo próprio de um grupo,


destinado a criar as condições favoráveis a expansão máxima desse grupo, mas este
desenvolvimento e esta expansão são concebidos e apresentados como força motriz de
uma expansão universal, de um desenvolvimento de todas as energias “nacionais”, isto
é, o grupo dominante é coordenado concretamente com os interesses gerais dos grupos
subordinados e a vida estatal é concebida como uma contínua formação e superação de
equilíbrios instáveis (no âmbito da lei) entre os interesses do grupo fundamental e os
interesses dos grupos subordinados, equilíbrios em que os interesses do grupo
dominante prevalecem, mas até um determinado ponto, ou seja, não até o estreito
interesse econômico-corporativo.”

[17] “No curso da história, estes dois graus se apresentam numa grande variedade de
combinações. Um exemplo típico, que pode servir como demonstração-limite, é o da
relação de opressão militar de um Estado sobre uma nação que procura alcançar sua
independência estatal. A relação não é puramente militar, mas político-militar: com
efeito, este tipo de opressão seria inexplicável sem o estado de desagregação social do
povo oprimido e a passividade de sua maioria. Portanto, a independência não poderá ser
alcançada por forças puramente militares, mas com forças militares e político-militares.
De fato, se a nação oprimida, para iniciar a luta pela independência, tivesse de esperar a
permissão do Estado hegemônico para organizar seu próprio exército no sentido estrito
e técnico da palavra, teria de esperar bastante tempo”.

[17] “O elemento decisivo de cada situação é a força permanentemente organizada e há


muito tempo preparada, que se pode fazer avançar quando se julga que uma situação é
favorável e só é favorável na medida em que esta força exista e seja dotada de ardor
combativo. Por isso, a tarefa essencial consiste em dedicar-se de modo sistemático e
paciente a formar esta força, desenvolvê-la, torna-la cada vez mais homogênea,
compacta e consciente de si. Isso pode ser comprovado na história militar e no cuidado
com que, em qualquer época, os exércitos estiveram preparados para iniciar uma guerra
a qualquer momento. Os grandes Estados foram grandes Estados precisamente porque
sempre estavam preparados para inserir-se eficazmente nas conjunturas internacionais
favoráveis; e essas eram favoráveis porque havia a possibilidade concreta de inserir-se
eficazmente nelas.”

[18] “O fato da hegemonia pressupõe indubitavelmente que sejam levados em conta os


interesses e as tendências dos grupos sobre os quais a hegemonia será exercida, que se
forme um certo equilíbrio de compromisso, isto é, que o grupo dirigente faça sacrifícios
de ordem econômico-corporativa; mas também é indubitável que tais sacrifícios e tal
compromisso não podem envolver o essencial, dado que, se a hegemonia é ético-
política, não pode deixar de ter seu fundamento na função decisiva que o grupo
dirigente exerce no núcleo decisivo da atividade econômica.”

[18] “A luta pode e deve ser conduzida desenvolvendo-se o conceito de hegemonia, da


mesma forma como foi conduzida praticamente no desenvolvimento da teoria do
partido político e no desenvolvimento prático da vida de determinados partidos políticos
(a luta contra a teoria chamada revolução permanente, à qual se contrapunha o conceito
de ditadura democrático-revolucionária; a importância que teve o apoio dado às
ideologias que defendem as constituintes, etc).”

[19] “Elementos para calcular a hierarquia de poder entre os Estados: 1) extensão do


território, 2) força econômica, 3) força militar. O modo através do qual se exprime a
condição de grande potência é dado pela possibilidade de imprimir à atividade estatal
uma direção autônoma, que influa e repercuta sobre os outros Estados: a grande
potência é potência hegemônica, líder e guia de um sistema de alianças e de pactos com
maior ou menor extensão. A força militar sintetiza o valor da extensão territorial (com
população adequada, naturalmente) e do potencial econômico. No elemento territorial,
deve-se considerar concretamente a posição geográfica. Na força econômica, deve-se
distinguir entre a capacidade industrial e agrícola (forças produtivas) e a capacidade
financeira. Um elemento “imponderável” é a posição “ideológica” que um país ocupa
no mundo em cada momento determinado, enquanto considerado representante das
forças progressistas da história (exemplo da França durante a Revolução de 1789 e o
período napoleônico).”

[23] “Observações sobre alguns aspectos da estrutura dos partidos políticos nos
períodos de crise orgânica (devem ser vinculadas às notas sobre as situações e as
relações de força). Em um certo ponto de sua vida histórica, os grupos sociais se
separam de seus partidos tradicionais, isto é, os partidos tradicionais naquela dada
forma organizativa, com aqueles determinados homens que os constituem, representam
e dirigem, não são mais reconhecidos como sua expressão por sua classe ou fração de
classe. Quando se verificam estas crises, a situação imediata torna-se delicada e
perigosa, pois abre-se o campo às soluções de força, à atividade de potências ocultas
representadas pelos homens providenciais ou carismáticos. Como se formam estas
situações de contraste entre representantes e representados, que, a partir do terreno dos
partidos (organização de partido em sentido estrito, campo eleitoral parlamentar,
organização jornalística), reflete-se em todo o organismo estatal, reforçando a posição
relativa do poder da burocracia (civil e militar), da alta finança, da igreja e, em geral, de
todos os organismos relativamente independentes das flutuações da opinião pública? O
processo é diferente em cada país, embora o conteúdo seja o mesmo. E o conteúdo é a
crise de hegemonia da classe dirigente, que ocorre ou porque a classe dirigente
fracassou em algum grande empreendimento político para o qual pediu ou impôs pela
força o consenso das grandes massas (como a guerra), ou porque amplas massas
(sobretudo de camponeses e de pequenos burgueses intelectuais) passaram subitamente
da passividade política para uma certa atividade e apresentam reivindicações que, em
seu conjunto desorganizado, constitui uma revolução. Fala-se de “crise de autoridade”:
e isso é precisamente a crise de hegemonia, ou crise do Estado em seu conjunto.”

[23] “A crise cria situações imediatas e perigosas, já que os diversos estratos da


população não possuem a mesma capacidade de se orientar rapidamente e de se
reorganizar com o mesmo ritmo. A classe dirigente tradicional, que tem um numeroso
pessoal treinado, muda homens e programas e retoma o controle que lhe fugia com uma
rapidez maior do que se verifica entre as classes subalternas; faz talvez sacrifícios,
expõe-se a um futuro obscuro com promessas demagógicas, mas mantem o poder,
reforça-o momentaneamente e dele se serve para esmagar o adversário e desbaratar seus
dirigentes, que não podem ser muito numerosos nem adequadamente treinados. A
unificação das tropas de muitos partidos sob a bandeira de um único partido, que
representa melhor e sintetiza as necessidades de toda a classe, é um fenômeno orgânico
normal, ainda que seu ritmo seja muito rápido e quase fulminante em relação aos
tempos tranquilos: representa a fusão de todo um grupo social sob uma só direção,
considerada a única capaz de resolver um problema vital dominante e de afastar um
perigo mortal. Quando a crise não encontra essa solução orgânica, mas sim a do chefe
carismático, isto significa que existe um equilíbrio estático (cujos atores podem ser
muito variados, mas entre os quais prevalece a imaturidade das forças progressistas) que
nenhum grupo, nem o conservador nem o progressista, dispõe da força necessária para
vencer e que até o grupo conservador tem a necessidade de um senhor.”

[24] “Sobre a comparação entre os conceitos de guerra manobrada e guerra de posição


na arte militar e os conceitos correspondentes na arte política, deve-se recordar o
opúsculo da Rosa, traduzido para o italiano em 1919 por C. Alessandri (traduzido do
francês). No opúsculo, são teorizadas um pouco apressadamente – e também
superficialmente – as experiências históricas de 1905: Rosa, com efeito, negligenciou os
elementos “voluntários” e organizativos que, naqueles eventos, foram muito mais
difundidos e eficientes do que Rosa podia crer, já que ela era condicionada por um certo
preconceito “economicista” e espotaneísta. Todavia, este opúsculo (e outros ensaios do
mesmo autor) é um dos documentos mais significativos da teorização da guerra
manobrada aplicada à arte política. O elemento econômico imediato (crises, etc) é
considerado como a artilharia de campo que, na guerra, abria a brecha da defesa
inimiga, brecha suficiente para que as tropas próprias irrompessem e obtivessem um
sucesso definitivo (estratégico) ou, pelo menos, um sucesso importante na diretriz da
linha estratégica. Naturalmente na ciência histórica, a eficácia do elemento econômico
imediato é considerada bem mais complexa do que a da artilharia pesada na guerra de
manobra, já que esse elemento era concebido como tendo um duplo efeito: 1) abrir a
brecha da defesa inimiga, depois de ter desbaratado o próprio inimigo e de leva-lo a
perder a é em si, em suas forças e em seu futuro; 2) organizar de modo fulminante as
próprias tropas, criar os quadros, ou, pelo menos, colocar com rapidez os quadros
existentes (criados até então pelo processo histórico geral) em seu lugar de
enquadramento das tropas dispersas; 3) criar de modo fulminante a concentração
ideológica da identidade do fim a alcançar. Era uma forma de férreo determinismo
economicista, com a agravante de que os efeitos eram concebidos como rapidíssimos no
tempo e no espaço; por isso, trava-se de um verdadeiro misticismo histórico, da
expectativa de uma espécie de fulguração milagrosa.”

[24] “[...] as superestruturas da sociedade civil são como o sistema de trincheiras da


guerra moderna. Assim como nesta última ocorria que um implacável ataque de
artilharia parecia ter destruído todo o sistema defensivo do adversário, mas, na verdade,
só o havia destruído na superfície externa, e, no momento do ataque e do avanço, os
assaltantes defrontavam-se com uma linha defensiva ainda eficiente, algo similar ocorre
na política durante as grandes crises econômicas: nem as tropas atacantes, por efeito da
crise, organizam-se de modo fulminante no tempo e no espaço, nem muito menos
adquirem um espírito agressivo; do outro lado, os atacados tampouco se desmoralizam,
nem abandonam suas defesas, mesmo entre ruínas, nem perdem a confiança na própria
força e no próprio futuro. É claro que as coisas não permanecem tais como eram; mas
também é certo que falta o elemento da rapidez, do tempo acelerado, da marcha
progressiva, tal como esperariam que ocorresse os estrategistas do cadornismo político.”

[27] “O cesarismo é progressista quando sua intervenção ajuda a força progressista a


triunfar, ainda que com certos compromissos e acomodações que limitam a vitória; é
regressivo quando sua intervenção ajuda a força regressista a triunfar, também neste
caso em certos compromissos e acomodações, os quais, no entanto, tem um valor, um
alcance e um significado diversos daqueles do caso anterior. César e Napoleão I são
exemplos de cesarismo progressista. Napoleão III e Bismarck, de cesarismo regressivo.
Trata-se de ver se, na dialética revolução-restauração, é o elemento revolução ou o
elemento restauração que predomina, já que é certo que, no movimento histórico, jamais
se volta atrás e não existem restaurações in toto. De resto, o cesarismo é uma fórmula
polêmico-ideológica e não um cânone de interpretação histórica. Pode ocorrer uma
solução cesarista mesmo sem um César, sem uma grande personalidade “heroica” e
representativa.”

[31] “Pode-se dizer que os partidos tem a tarefa de elaborar dirigentes qualificados: eles
são a função de massa que seleciona, desenvolve, multiplica os dirigentes necessários
para que um grupo social definido (que é uma quantidade fixa, na medida em que se
pode estabelecer quantos são os componentes de cada grupo social) se articule e se
transforme, de um confuso caos, em exército político organicamente preparado.”
[35] “O escritor italiano de assuntos militares, General De Cristoforis em seu livro Che
cosa sia la guerra, diz que, por “destruição do exército inimigo” (objetivo estratégico),
não se entende “a morte dos soldados, mas a dissolução de seus laços como massa
orgânica”. A fórmula é feliz e também pode ser empregada na terminologia política.
Trata-se de identificar qual é, na vida política, o laço orgânico essencial, que não pode
consistir apenas nas relações jurídicas (liberdade de associação e reunião, etc., com o
cortejo dos partidos e de sindicatos, etc.), mas se enraíza nas mais profundas relações
econômicas, isto é, na função social no mundo da produção (formas de propriedade e de
direção, etc.).

[37] “O desenvolvimento do jacobinismo (de conteúdo) e da fórmula da revolução


permanente aplicada na fase ativa da revolução francesa encontrou seu
“aperfeiçoamento” jurídico-constitucional no regime parlamentar, que realiza – no
período mais rico de energias “privadas” na sociedade – a hegemonia permanente da
classe urbana sobre toda a população, na forma hegeliana do governo com o consenso
permanentemente organizado (mas a organização do consenso é deixada à iniciativa
privada, sendo, portanto, de caráter moral ou ético, já que se trata de consenso
“voluntariamente” de um modo ou de outro).”

[37] “O exercício “normal” da hegemonia, no terreno tornado clássico do regime


parlamentar, caracteriza-se pela combinação da força e do consenso, que se equilibram
de modo variado, sem que a força suplante em muito o consenso, mas, ao contrário,
tentando fazer com que a força apoiada no consenso da maioria, expresso pelos
chamados órgãos de opinião pública – jornais e associações -, os quais, por isso, em
certas situações, são artificialmente multiplicados. Entre o consenso e a força, situa-se a
corrupção-fraude (que é característica de certas situações de difícil exercício da função
hegemônica, apresentando o emprego da força excessivos perigos), isto é, o
enfraquecimento e a paralisação do antagonista ou dos antagonistas através da absorção
de seus dirigentes, seja veladamente, seja abertamente (em casos de perigo iminente),
com o objetivo de lançar a confusão e a desordem nas fileiras adversárias.

[37] No período do pós-guerra, o aparelho hegemônico se estilhaça e o exercício da


hegemonia torna-se permanentemente difícil e aleatório. O fenômeno é apresentado e
tratado com vários nomes e em seus aspectos secundários e derivados. Os mais triviais
são: “crise de princípio de autoridade” e “dissolução do regime parlamentar”.
Naturalmente, descrevem-se do fenômeno tão somente as manifestações “teatrais” no
terreno parlamentar e do governo político, manifestações que são aplicadas
precisamente através da falência de alguns princípios (parlamentar, democrático, etc.) e
da “crise” de princípio de autoridade. [...] A crise apresenta, praticamente, na
dificuldade cada vez maior para formar os governos e na instabilidade cada vez maior
dos próprios governos: ela tem sua origem imediata na multiplicação dos partidos
parlamentares e nas crises internas permanentes de cada um desses partidos (ou seja,
verifica-se no interior de cada partido o que se verifica no parlamento como um todo:
dificuldades de governo e instabilidade de direito).

[39] “Para comandar, não basta o simples bom senso; este, se existe, é fruto de um
profundo conhecimento e de longo exercício. A capacidade de comando é
especialmente importante na infantaria; se, nas outras armas, formam-se especialistas
em tarefas particulares, na infantaria formam-se especialistas em comando, isto é, na
tarefa de conjunto: portanto, é necessário que todos os oficiais destinados a graus
elevados tenham exercido comando na infantaria (isto é, antes de serem capazes de
organizar as “coisas”, devem ser capazes de organizar e dirigir os homens). Finalmente,
considera a necessidade da formação de um estado maior amplo, eficaz, popular entre as
tropas.”

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