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ISSN 1518 - 9953

Engenharia na Agricultura
BOLETIM TÉCNICO

Fontes de Energia
para Secagem de
Café

N0 03 – MARÇO 2001

Associação dos Engenheiros Agrícolas de


Minas Gerais
Departamento de Engenharia Agrícola
Universidade Federal de Viçosa
Viçosa - MG
Engenharia na Agricultura
Boletim Técnico no 03
ISSN 1518 - 9953

FONTES DE ENERGIA PARA SECAGEM


DE CAFÉ

Roberto Precci Lopes1


José Cardoso Sobrinho2
Juarez de Sousa e Silva3
Jadir Nogueira da Silva4

Associação dos Engenheiros Agrícolas de Minas Gerais


Universidade Federal de Viçosa – Departamento de Engenharia
Agrícola

Viçosa – MG
Março 2001

1
Prof. Assistente, M.Sc. UFRRJ/IT/DE, Seropédica – RJ. Precci@alunos.ufv.br
2
Aluno de doutorado, M.Sc. UFV/DEA. Jcardoso@alunos.ufv.br
3
Prof. Associado, Ph.D. UFV/DEA. juarez@ufv.br
4
Prof. titular, Ph.D. UFV/DEA. Jadir@mail.ufv.br
2
Todos os direitos são reservados à
Revista Engenharia na Agricultura
Associação dos Engenheiros Agrícolas de Minas Gerais
Departamento de Engenharia Agrícola
Universidade Federal de Viçosa
E-mail : desousae@mail.ufv.br

Ilustrações: Prof. Juarez de Sousa e Silva


Fotografias: Banco de fotos DECOMATEC

Ficha Catalográfica preparada pela Seção de Catalogação e


Classificação da Biblioteca Central da UFV

Fontes de energia para secagem de café / Roberto Precci


F 683 Lopes... [ e outros] – Viçosa: Associação dos
Engenheiros Agrícolas de Minas Gerais/UFV, DEA, 2001.
26P. : il. ( Engenharia na Agricultura. Boletim
técnico; 3)

ISSN 1518 – 9953


Inclui bibliografia

1. Café – Secagem – Consumo de energia. 2. Energia -


Fontes Alternativas. I. Lopes, Roberto Precci. II Cardoso
Sobrinho, José. III. Silva, Juarez de Sousa e. IV. Silva,
Jadir Nogueira da. V. Associação dos Engenheiros Agrí-
colas de Minas Gerais. VI. Universidade Federal de Viço- sa.
Departamento de Engenharia Agrícola.

CDD 19. ed. 633.7386


CDD 20. ed. 633.7386

3
ÍNDICE

INTRODUÇÃO ...............................................................................
01
COMBUSTÍVEIS ............................................................................
01
COMBUSTÃO ................................................................................
12
FORNALHAS ................................................................................
14
RECOMENDAÇÕES PARA O USO CORRETO DE FORNALHAS
..... 20
LITERATURA CONSULTADA ........................................................
25

4
1 - INTRODUÇÃO
A utilização racional da energia na secagem de café e de outros
produtos agrícolas pode contribuir substancialmente para a economia de
combustível e, obviamente, para a redução dos custos de secagem.
A disponibilidade de energia para a secagem constitui uma
preocupação para o cafeicultor, quer devido à escassez dos recursos naturais
utilizados como fontes de energia e, conseqüentemente, à alta de preços
destes, quer devido ao aumento freqüente dos combustíveis derivados do
petróleo.
Têm-se observado, em algumas fazendas de café, fornalhas a lenha
com elevado consumo de combustível, algumas em péssimo estado de
conservação, mal dimensionadas e com excessiva perda de calor. A maioria
destas fornalhas não dispõe de mecanismo de controle do processo de
combustão, sendo, de modo geral, operadas inadequadamente.
O manejo inadequado de fornalhas favorece a combustão
incompleta, a contaminação do produto por resíduos da combustão
presentes no ar de secagem e as dificuldades para a manutenção constante
da temperatura do ar durante a secagem. Além desses aspectos, a lenha,
quando de má qualidade e úmida, produz fumaça ao queimar, causando
desconforto para o operador, e, dependendo do tipo de fornalha, pode deixar
cheiro ou gosto no produto. O agricultor, insatisfeito com esta situação, em
vez de procurar solucionar o problema adotando uma fornalha mais
eficiente, usando lenha seca e cortada em pedaços uniformes, compatíveis
com as dimensões da câmara de combustão, e adotar um programa para
implantação de “Floresta energética” , procura a solução em outras fontes de
energia, que num primeiro momento pode lhe parecer bastante cômodo, mas
que no futuro pode vir a causar-lhe grandes aborrecimentos.
Dessa forma, para se utilizar racionalmente a energia na secagem,
deve-se conhecer muito bem as características dos combustíveis, os fatores
que afetam a sua combustão, o equipamento (secador, fornalha e queimador)
e a operação correta deste.

2 - COMBUSTÍVEIS
Combustíveis são substâncias ricas em carbono e hidrogênio que, ao
queimarem, produzem energia sob a forma de calor. O poder calorífico é a
principal característica dos combustíveis e refere-se à quantidade de energia
liberada durante a combustão completa de uma unidade de massa ou de
volume de um combustível. No caso dos combustíveis sólidos esta energia é
expressa em kJ.kg-1 e, para os combustíveis gasosos, em kJ.m-3.
5
O parâmetro de maior influência no poder calorífico dos
combustíveis é o teor de umidade. A umidade aumenta a energia necessária
à pré-ignição e diminui o calor liberado pela combustão.
Os combustíveis utilizados como fonte de energia para secagem
compreendem dois grupos: os fósseis e os provenientes da biomassa. Os
combustíveis do primeiro grupo são esgotáveis e seus preços estão sujeitos
às oscilações do mercado internacional; já os do segundo são provenientes
de fontes renováveis de energia, as quais podem ser encontradas no próprio
local de utilização, não dependendo de influências externas. Esta fonte, se
racionalmente explorada, pode garantir, por muitos anos, o suprimento de
energia para a secagem de produtos agrícolas.

Principais combustíveis utilizados na secagem


Lenha
Os recursos florestais constituem a forma mais abundante de
biomassa na terra. A madeira é utilizada como fonte de energia em vários
países. No Brasil, a lenha, juntamente com o carvão vegetal, tem
participação importante na Matriz Energética Brasileira, sendo responsável
por 8,4% da oferta interna de energia.
Com a proibição pelo Conselho Nacional do Petróleo (CNP), em
janeiro de 1980, da utilização de derivados do petróleo na secagem de
produtos agrícolas, os queimadores a gás ou a óleo diesel dos secadores
tiveram que ser substituídos por fornalhas a lenha ou a resíduos agrícolas. O
uso indiscriminado da lenha desde daquela época até os dias de hoje
contribuiu para sua escassez e alta de preços.
A utilização de lenha como fonte de energia para secagem,
proveniente basicamente do consumo de reservas nativas, está em vias de
encerramento. A partir da década de 60 ganha impulso a implementação de
maçicos florestais, para produção de madeira e seus subprodutos de modo
permanente. Essa transformação surgiu com a conscientização da
esgotabilidade daqueles recursos.
Uma das preocupações dos consumidores de lenha é a garantia de
suprimento e a economia com sua utilização. A implantação de
reflorestamentos surge como alternativa que, além de contribuir para a
geração de empregos, possibilita a utilização de áreas impróprias para a
agricultura. A produção de lenha na propriedade pode representar economia
de até 30%, quando comparada com aquela adquirida de terceiros.
A massa específica da lenha varia de 250 a 450 kg.m-3, dependendo
da espécie. Quanto menor o seu teor de umidade, melhor a combustão e
maior o seu poder calorífico. O Tabela 1 mostra o poder calorífico inferior
de algumas espécies de madeira.

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Tabela 1 – Poder calorífico inferior (PCI) de algumas espécies de
madeira
Espécie PCI (kJ.kg-1)
Eucalipto 19.228
Pinho 20.482
Cedro 18.066
Cipestre 21.443
Carvalho 19.500

Podem-se enumerar as seguintes vantagens e desvantagens do uso da


lenha como fonte de energia no aquecimento do ar para a secagem de café:

Vantagens
• ainda é o combustível mais barato, tanto por tonelada quanto
por unidade de energia;
• não exige mão-de-obra qualificada, gerando emprego e
fixação do homem no campo; e
• apresenta baixo teor de cinza e de enxofre nos gases de
combustão.

Desvantagens
• exige mão-de-obra, o que contribui com os custos do produto
final;
• está sujeito a intenso burocrático por instituições como
departamentos e polícia florestal;
• necessita de planejamento para a sua utilização;
• devido ao grande volume que ocupa, fica, na maioria das
vezes, armazenada a céu aberto (Figura 1); e
• possui poder calorífico inferior ao dos combustíveis fósseis.

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Figura 1 - Lenha de eucalipto armazenada a céu aberto.

Resíduos agrícolas
Os resíduos agrícolas provenientes de lavouras comerciais, se
fossem utilizados como fontes de energia para a secagem, seriam mais do
que suficientes para a secagem dos produtos que lhes deram origem. O calor
produzido pela queima de um sabugo de milho seria suficiente para secar os
grãos de duas ou três espigas. Aproximadamente 70% do total de sabugos
produzidos em uma lavoura seria suficiente para a secagem dos grãos e do
próprio sabugo.
Quanto ao uso da palha de café como fonte de energia no
aquecimento do ar para a secagem do café, deve-se levar em consideração o
inconveniente de se estar eliminando um rico adubo orgânico para a lavoura
(Figura 2). Contudo, dependendo da situação, o seu uso como vetor
energético pode ser vantajoso. O Tabela 2 mostra a massa específica e o
poder calorífico dos principais resíduos agrícolas encontrados.

CBP & D Café


Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento
Núcleo: Colheita, Pós-colheita e Qualidade
Visite o Site www.pos-colheita.com.br

8
Figura 2 - Palha de café sendo retirada para uso como fertilizante em
lavoura de café.

Tabela 2 - Poder calorífico inferior de alguns resíduos orgânicos


Resíduo Umidade Massa Poder
(%b.u.) Específica Calorífico
(kg.m-3) Inferior
(kJ.kg-1)
Casca de arroz 12 140 12.977
Casca de amendoim 12 150 12.977
Palha de trigo 20 160 13.395
Sabugo de milho 13 220 17.598
Palha de café 13 250 15.488
Serragem de madeira 40 300 8.372
Bagaço de cana-de-açúcar 50 150 7.535

No que se refere à composição e ao poder calorífico, os resíduos


agrícolas são térmicos e quimicamente equivalentes à madeira, merecendo,
por essa razão, toda a atenção no momento de sua utilização como
combustível, mesmo apresentando energia menos concentrada.
Se a região cafeicultora encontra-se próximo de zonas de exploração
florestal, deve-se considerar a possibilidade de aproveitamento dos resíduos
florestais decorrentes da exploração comercial das espécies consideradas
como propícias; estes apresentam grande potencial de aproveitamento para
fins energéticos. Estudos realizados no Pará desmonstraram que, para cada

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metro cúbico de madeira especial comercializada, há em média um volume
de resíduo de oito metros cúbicos.
Por fim, deve-se lembrar que os resíduos agrícolas e florestais
geralmente são acompanhados de grande quantidade de terra. A utilização
desses materiais em fornalhas pode ocasionar elevado teor de sílica nas
cinzas, o que poderá ocasionar dificuldades operacionais.

Carvão vegetal
Embora não muito utilizado na secagem de produtos agrícolas, o
carvão apresenta-se adequado à secagem de café, pelas seguintes razões:
• por ser um combustível derivado oriundo da pirólise da
madeira, grande parte dos compostos fenólicos já foi eliminada durante
o processo de carbonização;
• seu poder calorífico é superior ao da lenha;
• apresenta fácil manuseio e estocagem;
• possui baixos teores de cinzas, finos e enxofre;
• quando fragmentado, apresenta fluidez suficiente para
utilização em alimentação contínua; e
• quando produzido com madeira de boa qualidade, não
apresenta fumaça e odor ao queimar.
Apesar destas vantagens, o uso do carvão para a secagem de grãos
tem sido pouco explorado, mesmo representando o carvão vegetal brasileiro
um quarto da produção mundial deste energético. Acredita-se que as
principais razões para esse fato se devam ao processo usualmente adotado
na produção do carvão, que, além de primitivo, demanda tempo e mão-de-
obra; à pouca disponibilidade de tecnologia de baixo custo para a
gaseificação do carvão vegetal em pequenas fornalhas; e ao
desconhecimento das vantagens deste material como combustível para a
secagem de produtos agrícolas no Brasil.
Com o desenvolvimento de novas tecnologias para a produção de
carvão vegetal in loco (forno contêiner), juntamente com a concepção de
novas fornalhas para emprego deste combustível (Figura 3), deverá ser
incrementado o uso deste energético na secagem de produtos agrícolas,
tendo em vista seu elevado poder calorífico, boa qualidade do ar de
secagem e a possibilidade de aproveitamento dos resíduos oriundos da
própria lavoura de café (recepa) para produção de carvão.

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Figura 3 – Fornalha a carvão vegetal desenvolvida na UFV/DEA.

O poder calorífico do carvão vegetal está associado à temperatura de


carbonização. À temperatura de carbonização de 400°C, o poder calorífico
inferior é de 7.417 kcal.kg-1. A densidade a granel varia em função da
madeira que lhe deu origem, apresentando valor médio de 220 kg.m-3. As
madeiras mais duras fornecem carvões mais densos, que são naturalmente
os melhores. Os carvões leves, porosos, não carbonizados completamente,
ardem com chama luminosa, enquanto os pesados dão chamas curtas,
apenas luminosas, e depois seguem ardendo ao ar sem chamas. Quanto
maior a proporção de carbono do carvão, maior seu poder calorífico.
O carvão, por ser muito friável, produz muitos finos, devido à sua
quebra durante a produção, o transporte e o manuseio, chegando a 20% do
total produzido. A compactação de finos de carvão através da utilização de
ligantes permite a obtenção de briquetes de elevado poder calorífico, que,
quando usados em fornalhas do tipo apresentado na Figura 3, conferem a
estas elevada autonomia e combustão com máxima produção de energia.

Combustíveis fósseis
Até meados da década de 70, o principal combustível utilizado na
secagem de produtos agrícolas no Brasil era o óleo diesel. A rede
organizada de distribuição e a facilidade de uso deste combustível, aliado ao
baixo preço na época, incentivaram seu uso.
Em 1977, a situação alterou-se: o gás natural e o óleo industrial (ou
óleo pesado) eram aproximadamente 40% mais barato que o óleo diesel. O
preço do gás liqüefeito de petróleo (GLP) se aproximou do preço do óleo
diesel; apenas o propano era mais caro. Preço por preço, os combustíveis
gasosos (gás natural ou butano liqüefeito) passaram a ter preferência na

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secagem de produtos agrícolas, pelo baixo teor de enxofre e por permitir o
aquecimento direto do ar sem necessidade de trocadores de calor.

Gás liqüefeito do petróleo (GLP)


O gás liqüefeito de petróleo (GLP) e o gás natural constituem os dois
tipos de combustíveis gasosos mais utilizados na geração de ar quente. O
primeiro é uma mistura de propano e butano, com poder calorífico inferior
(PCI) com cerca de 11.750 kcal.kg-1. É um gás mais caro que o natural e
precisa ser transportado em depósitos até o local de consumo. Exige maiores
cuidados e instalações mais complexas, por se encontrar sob alta pressão. O
GLP é largamente conhecido como "gás de cozinha", devido à sua principal
aplicação para cocção de alimentos, estimada em mais de 90% da demanda
brasileira.
A forma de comercialização mais comum do GLP é a de
engarrafamento em botijões de 13 kg de gás. Estima-se que haja mais de 70
milhões de vasilhames deste tipo em circulação pelo País. Cilindros de 45
kg de gás também são largamente comercializados, principalmente para
estabelecimentos comerciais, condomínios, clubes e restaurantes.
Recipientes com capacidades diferentes também podem ser encontrados,
mas em número menor. A comercialização de GLP a granel é feita
diretamente aos distribuidores ou aos grandes consumidores, em caminhões
e/ou vagões-tanque, dependendo do tipo de consumidor e da sua
localização.
O Governo Brasileiro, de acordo com a política social de apoio à
população de baixa renda, subsidia o GLP para uso doméstico, transferindo
parte dos custos para outros combustíveis, como a gasolina, o que favoreceu
a disseminação deste combustível em todo o País, substituindo até mesmo,
na zona rural, parte da lenha para cocção de alimentos. Recentemente, o
GLP tem sido introduzido também como combustível na secagem de grãos.
Por outro lado, preços baixos acarretam a utilização indevida deste
combustível, como para aquecimento de banhos e piscinas ou como
combustível para veículos e utilitários leves. Estas aplicações são ilegais e
muitas vezes perigosas, devido às improvisações e à falta de regulamentação
e qualidade dos equipamentos utilizados.
O GLP, por ser um combustível derivado do petróleo e constituir
uma fonte limpa de energia, deveria ter seu uso em atividades mais nobres,
nas quais as demais fontes de energia não seriam capazes de promover a
qualidade obtida com a queima deste gás. Este aspecto é importante, pois
existe limitação na quantidade de GLP produzida a partir da refinação do
petróleo. Atualmente, com a gama de tipos de petróleo processados e as
unidades em operação nas refinarias brasileiras, aproximadamente 9% do

12
petróleo refinado é transformado em GLP. Em 1997, as unidades em
operação nas refinarias, somadas com as UPGN (Unidades de
Processamento de Gás Natural), produziram uma média mensal de cerca de
325.000 toneladas de GLP, o que fica muito aquém da demanda média
brasileira, de aproximadamente 525.000 toneladas mensais. A diferença, em
torno de 40% do consumo, é abastecida com a importação de GLP. Daí a
importância da racionalização do uso deste combustível e de programas de
planejamento integrado que englobem ações do ponto de vista do
suprimento e do uso final desta energia.
O gás natural, composto principalmente por metano, possui poder
calorífico inferior entre 8.679 e 9.703 kcal.m-3. Seu uso é mais adequado
quando o gás pode chegar encanado até o local de utilização, o que dificulta
sua utilização em propriedades agrícolas.
As principais vantagens do gás na secagem são:

a) Não ocorre derramamento de combustível, dada a natureza de se


tratar de gás, o que favorece a manutenção da área de serviço
limpa e livre de contaminação.
b) Não ocorre formação de carbono nos defletores geralmente
instalados na saída dos queimadores de combustíveis líquidos, e
nem ao longo dos condutos de ar quente, por ser a combustão
completa.
c) Não há formação de chispas e partículas incandescentes,
elementos que favorecem o risco de incêndio em secadores.
d) Não há deposição de partículas (fumaça, fuligem) sobre os grãos,
o que resulta num produto sem impregnações e alterações.
e) Demanda menor manutenção do sistema (troca de filtros,
limpeza de bicos), pela ausência de partículas de carbono e por
não requerer bombeamento de combustível. O fluxo de
combustível ocorre por diferença de pressão.
f) Há aumento da vida útil do equipamento, devido à ausência de
enxofre nos gases de combustão, que é corrosivo e ataca as
estruturas do secador.
g) Não há obstrução dos condutos por onde circula o combustível.
A automação do sistema é simples.
h) Necessita de menor tempo para a colocação do secador em
regime de operação.
i) Possibilita ajuste fino na vazão de combustível, permitindo
melhor controle da temperatura.
j) Não requer grandes espaços para armazenamento do
combustível.

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k) É de fácil transporte.
l) Requer menor uso de mão-de-obra.

Estas vantagens têm atraído inúmeros produtores rurais para o gás,


porém, para a maioria das propriedades rurais, o custo com o transporte, a
garantia de fornecimento5 e a incerteza dos preços tornam esta opção
altamente vulnerável. Por esta razão, a energia da biomassa, principalmente
as provenientes de lenha, carvão vegetal e resíduos agrícolas, ainda constitui
a opção energética mais indicada para os pequenos e médios cafeicultores
brasileiros.

Características de alguns combustíveis utilizados na secagem


O Tabela 3 apresenta algumas características dos combustíveis mais
comumente empregados como fonte de energia para secagem de produtos
agrícolas. Esses dados, juntamente com o consumo dos combustíveis, são
muito úteis na avaliação dos custos de secagem.

Considerações sobre a escolha de combustíveis


Combustíveis diferentes apresentam propriedades distintas. Na
escolha de um combustível devem ser consideradas as vantagens e
desvantagens de cada um e analisadas questões como quantidade de calor
produzido, custo, segurança, condições de armazenamento e transporte,
emissão de poluentes, disponibilidade de entrega, mão-de-obra para
manipulação, influência sobre a qualidade do produto, equipamento
necessário (queimador, tipo de fornalha), etc. Estes fatores poderão ou não
sugerir que, embora determinado combustível seja mais caro que outro, a
economia obtida pelas vantagens oferecidas compense seu uso. Pode levar
também a resultados em que o custo da secagem seja comparável ao valor
comercial do produto6, dificultando a comercialização deste. Nessa análise
não se pode esquecer o contexto econômico e político, a tendência do
mercado e a estabilidade da economia.

5
Questionável, devido à dificuldade de acesso e estradas intransitáveis no
caso de chuvas.
6
Refere-se àqueles de menor valor comercial.
14
Tabela 3 – Características de alguns combustíveis utilizados na secagem de
produtos agrícolas
Peso Poder Carbono Hidrogênio Enxofre
Combustível Específico Calorífico (% peso) (% peso) (% peso)
(kg.m-3) Superior
(kcal.kg-1)
Óleo Diesel 852 10.750 85,8 13,4 0,51
Óleo Pesado 1.013 10.900 84,7 11,2 3,53
GLP 552 11.750 82,3 17,5 0,06
Gás Natural 0,81 9.256 75,0 25,0 ---
Carvão 250 6.800 82,7 3,8 ---
Vegetal
Lenha 390 3.300 48,0 6,0 ---

CARDOSO SOBRINHO et al. (2000) analisaram o consumo


específico de energia e o custo comparativo, considerando a utilização de
GLP, lenha de eucalipto e palha de café como fontes de energia para o
aquecimento do ar, durante a secagem do café (Coffea arabica L.). Estes
autores empregaram secadores intermitentes de fluxos cruzados, com
temperatura do ar de secagem igual a 60ºC (± 2ºC). Processaram café em
coco, com teor de umidade inicial igual a 46% b.u. (±1%bu). A utilização de
GLP foi a que mais onerou a secagem, cujo custo para a redução do teor de
umidade de 46% para 13% b.u. foi de R$ 37,16 t-1. Os custos de secagem
realizada com lenha de eucalipto e com palha de café foram de R$ 9,89 t-1 e
R$ 2,54 t-1 de produto úmido, respectivamente. Concluiu-se que o emprego
de diferentes fontes de energia para o aquecimento do ar de secagem não
alterou a qualidade final do produto e que o uso de GLP, apesar de mais
oneroso, resultou em menor consumo específico de energia, comparado ao
uso de palha de café e lenha de eucalipto.

3 - COMBUSTÃO
Para que os combustíveis possam ser utilizados racionalmente e com
o máximo de aproveitamento, é conveniente que se entenda como ocorre a
combustão.
Todo processo de combustão deve atender a princípios fundamentais
que assegurem economia ou eficiência na queima do combustível.
A combustão é definida como um conjunto de reações químicas nas
quais os elementos combustíveis se combinam com o oxigênio, liberando
energia quando o combustível atinge a temperatura de ignição.
Para que ocorra a combustão são necessários três elementos, os quais
formam o chamado “triângulo da combustão” (Figura 4). Na ausência de um
deles não há combustão.
15
Uma boa combustão deve liberar toda a energia química contida no
combustível e com um mínimo de perdas devido à combustão incompleta,
seja por falta ou excesso de ar, umidade do combustível, processo de
turbulência e mistura inadequada do ar durante a operação, entre outros.

TEMPERATURA OXIGÊNIO

COMBUSTÍVEL

Figura 4 – Triângulo do fogo.

Para que a combustão ocorra eficientemente, são necessários:


a) Temperatura igual ou superior à temperatura de ignição para
iniciar e manter a queima do combustível. Há uma temperatura
mínima que a fornalha deve propiciar para que ocorra a ignição
do combustível. Para a madeira, por exemplo, este valor é de
300ºC, abaixo do qual a combustão não se realiza, mesmo que
haja ar em quantidade suficiente (Tabela 4).
b) Mistura ou turbulência adequada do ar com o combustível. É
necessário que o comburente e o combustível sejam colocados
em contato íntimo. Para isso, é preciso que o combustível sólido
seja dividido convenientemente, e os combustíveis líquidos
pulverizados. Isto, além de propiciar a combustão completa,
conduz a projetos de fornalhas com dimensões reduzidas.
c) Tempo e espaço suficientes para que ocorra a reação de
combustão. É preciso um tempo para que todo o combustível na
fornalha seja consumido e transformado em gases de combustão.

Tabela 4 – Temperatura de ignição de alguns combustíveis


Combustível Temperatura de ignição, ºC
Carvão vegetal 340 a 400
Monóxido de carbono 640 a 655
Gás liquefeito do petróleo (GLP) 500
Madeira 300

Os três itens acima são conhecidos como os 3 Ts da combustão:


temperatura, turbulência e tempo.

16
O ar fornecido para a combustão em quantidade suficiente para a
queima completa de carbono, hidrogênio, enxofre e outros elementos
presentes no combustível que possam oxidar é denominado “ar teórico”, o
qual é calculado com base na análise elementar do combustível. Na prática,
a quantidade de ar teórico não é suficiente para promover a combustão
completa. A quantidade real de ar necessária é maior, sendo por isso
denominada “excesso de ar”, e comumente expressa como uma
porcentagem da quantidade do “ar teórico”. Para lenha, dependendo do tipo
de fornalha, este valor situa-se entre 30 e 60%, e, para combustíveis
gasosos, entre 5 e 20 %.
O operador de fornalhas deve ter cuidado com os níveis de excesso
de ar elevados, para que não provoque:
- retardamento da reação de combustão;
- redução na eficiência global do sistema de combustão;
- arraste de partículas incandescentes ou não-queimadas; e
- exigência de ventilador mais potente.
Por outro lado, ar em quantidade inferior ao ar teórico necessário
deve ser evitado, pois propicia a combustão incompleta - uma parte do
carbono se une ao oxigênio para formar o monóxido de carbono7 (CO) e não
o dióxido de carbono (CO2), levando ao aparecimento de fuligem nos gases
de combustão.

Considerações sobre a qualidade dos gases da combustão


Independentemente do tipo de combustível, quando a combustão
ocorre de forma incompleta, os gases oriundos passam a conter resíduos
tóxicos prejudiciais ao café, ao meio ambiente e à saúde. Os compostos
considerados preocupantes para aplicação direta destes gases na secagem de
café são os óxidos de enxofre, os óxidos de nitrogênio, os hidrocarbonetos
polinucleados, os pirolíticos condensados voláteis (fumaça), as partículas de
carbono (fuligem) e a cinza, cujas concentrações dependem do tipo de
combustível.
Os óxidos de enxofre, em ambientes úmidos, formam compostos
ácidos que podem resultar em problemas de corrosão dos equipamentos de
secagem; quando emitidos para atmosfera, contribuem para formação de

7
O monóxido de carbono é um gás extremamente tóxico, que dificulta a
capacidade da hemoglobina do sangue em carregar oxigênio. Por ser um
gás incolor e inodoro, dificilmente percebe-se a sua presença. Portanto, é
importante que, durante a queima de um combustível, este elemento seja
totalmente extinto.

17
chuvas ácidas, e os óxidos de nitrogênio podem reagir com a proteína dos
produtos agrícolas e produzir nitrosaminas, um elemento cancerígeno. Dessa
forma, na impossibilidade de um controle eficaz da combustão que resulte
num gás de secagem de qualidade, recomenda-se o uso de fornalhas dotadas
de trocadores de calor.

4 - FORNALHAS
O conhecimento do princípio de funcionamento de fornalhas e a
operação adequada destas são condições imprescindíveis para o uso racional
da energia na secagem de produtos agrícolas.
Fornalhas são dispositivos projetados para assegurar a queima
completa do combustível, de modo eficiente e contínuo, em condições que
permitam o aproveitamento da energia térmica liberada da combustão, com
maior rendimento térmico possível. O projeto de uma fornalha deve ser
baseado nos 3 Ts da combustão: temperatura, turbulência e tempo. Para que
ocorra a combustão completa do combustível, deve-se buscar uma mistura
ar-combustível homogênea, na dosagem ideal e no tempo correto. Com isso,
obtém-se um aquecimento do combustível até a sua ignição auto-
sustentável.
Comumente, as fornalhas destinadas à queima de combustíveis
sólidos não-pulverizados, como lenha ou carvão vegetal em pedaços,
possuem os seguintes componentes:
Câmara de combustão: espaço destinado ao processo de combustão
propriamente dito, onde todos os compostos combustíveis devem ser
oxidados, liberando energia térmica. O importante, em qualquer fornalha, é
o dimensionamento correto da câmara de combustão, da área da grelha e da
abertura de ar primário, para se obter suficiente quantidade de oxigênio,
bem como possibilitar uma mistura comburente-combustível eficiente, com
o máximo de aproveitamento do combustível e o mínimo de fumaça.
Grelha: estrutura que mantém o combustível sólido suspenso
durante o processo de combustão, enquanto o ar comburente circula por sua
superfície.
Cinzeiro: reservatório localizado abaixo da grelha, destinado a
armazenar os restos da combustão ou as cinzas.
Entradas de ar: entradas reguláveis localizadas em pontos
estratégicos no corpo da fornalha; são responsáveis pela passagem do ar
comburente para o interior da fornalha e devem ser localizadas de forma
que facilitem a mistura comburente-combustível.
Saídas dos gases: aberturas destinadas à saída dos gases resultantes
da combustão e de parte do excesso de ar comburente, a serem utilizados na
secagem.

18
Quanto à forma de aproveitamento dos gases de combustão, as
fornalhas podem ser classificadas em fornalhas de aquecimento direto ou
indireto.

Fornalhas com aquecimento direto do ar de secagem (fogo direto)


Nestas fornalhas, os gases resultantes da combustão são misturados
com o ar ambiente e insuflados por um ventilador, diretamente na massa de
grãos. A mistura de parte do gás comburente com os gases resultantes da
combustão pode se tornar indesejável nos casos em que o processo de
combustão seja incompleto, gerando compostos contaminantes.
Com o aproveitamento direto da energia térmica dos gases da
combustão, as fornalhas de fogo direto, quando propiciam combustão
completa, apresentam maior rendimento. Entretanto, estas fornalhas
precisam de um decantador tangencial ou ciclone, para que as partículas
incandescentes, formadas principalmente de carbono, entrem em movimento
espiral e sejam separadas do fluxo gasoso pela ação da força centrífuga.
As fornalhas de fogo direto podem ser classificadas, de acordo com
o fluxo de gases provenientes da combustão, em fornalha de fluxo
ascendente e fornalha de fluxo descendente. No primeiro caso, a substância
comburente entra na parte inferior da câmara de combustão, atravessa a
grelha, entrando em contato com o combustível, e se mistura aos gases
voláteis. Este movimento dos gases no interior da fornalha é na forma
ascendente. No segundo caso, a substância comburente entra na parte
superior da fornalha, entra em contato com o combustível, atravessa a grelha
e, misturando-se com os gases voláteis, forma um fluxo descendente no seu
interior. Neste caso, a chama resultante da oxidação dos gases voláteis é
formada sob a grelha. A Figura 5 ilustra uma fornalha com este princípio.
A câmara de combustão, nas fornalhas de aquecimento direto,
confunde-se com a própria fornalha e pode ser dividida em três partes
distintas. A primeira destina-se à carga, à ignição do combustível e à entrada
do ar comburente. A segunda parte compreende o espaço onde se
desenvolve a chama e onde se completa a combustão dos compostos
voláteis. Finalmente, a terceira parte da fornalha tem a função de interligar a
fornalha ao ciclone e de aumentar o tempo de permanência dos gases na
fornalha.

Fornalha com aquecimento indireto do ar de secagem


Nas fornalhas com sistema de aquecimento indireto, os gases
provenientes da combustão são introduzidos num trocador de calor, que, em

19
contato com o ar de secagem, o aquecerá. Neste tipo de fornalha há perdas
de energia térmica pela chaminé e no trocador de calor, resultando em
menor eficiência quando comparada à fornalha de fogo direto.
As fornalhas com aquecimento indireto destinam-se a produtos
agrícolas que requerem temperatura controlada e não muito alta durante a
secagem, como a secagem de sementes, café descascado ou despolpado. Um
tipo bastante interessante possui um trocador de calor do tipo tubo–carcaça,
câmara de combustão e caldeira. O ar frio, ao entrar pelos tubos do trocador
de calor, é aquecido pelo fluido circulante na carcaça do trocador de calor,
até uma temperatura máxima determinada pelo equilíbrio com a temperatura
de ebulição do fluido circulante. Além da grande durabilidade, por trabalhar
com fluido térmico, a fornalha em questão apresenta como vantagem a não-
contaminação do ar de secagem, mesmo quando a combustão é incompleta.
Este aspecto é de especial atenção na secagem de café, pois este, quando
apresenta cheiro de fumaça, é aceito apenas para comercialização no
mercado interno, sofrendo ainda uma depreciação da ordem de 15 a 20% no
seu valor comercial. A Figura 6 apresenta uma fornalha com aquecimento
indireto projetada e construída na UFV/DEA.
As fornalhas dotadas de trocador de calor ar/ar apresentam menor
durabilidade, devido à alta temperatura a que ficam submetidas as
superfícies de troca. Com o tempo, são comuns o desgaste e a necessidade
de reparo, para que não haja contaminação do produto por perfurações nos
tubos do trocador. A Figura 7 apresenta uma fornalha de fogo indireto ar/ar,
muito comum na secagem de café.
Recentemente, têm-se introduzido na secagem de café caldeiras a
vapor para aquecimento do ar de secagem (Figura 8). Pesquisas têm
mostrado que, em algumas fazendas, o consumo de lenha nesta modalidade
de secagem é 50% inferior ao verificado nos secadores convencionais, a
mão-de-obra é menor e não há riscos de incêndio na massa de grãos
(NOGUEIRA e FIORAVANTE, 1987). Embora seja uma tecnologia
disponível e que resulta em produto de boa qualidade, é acessível somente
aos grandes cafeicultores. O elevado custo de implantação e o grande
volume de café exigido restringem o uso desta tecnologia a pequenos e
médios produtores. O desinteresse das grandes indústrias em desenvolver
sistemas de pequeno porte, compatíveis com o volume de produção dos
pequenos cafeicultores, é patente, por requerer modelos que fogem à linha
de produção, elevando os custos e inviabilizando o preço do produto. As
indústrias de pequeno porte teriam melhores condições de atender a este
segmento da cafeicultura. Necessário se faz o estudo da viabilidade técnica e
econômica desta tecnologia, para uso em unidades de pequeno porte, a fim

20
de que fabricantes de equipamentos e cafeicultores se sintam motivados a
adotá-la.
As fornalhas utilizadas na secagem de produtos agrícolas permitem
apenas uma opção para o aquecimento do ar, cuja preferência se dá pelo
aquecimento indireto, por possibilitar a secagem com qualidade do café em
casca ou descascado. Entretanto, quando em casca, esta forma de
aquecimento apresenta-se ineficiente, sob o ponto de vista da utilização
racional da energia. Neste sentido, os projetos modernos de aquecimento de
ar que utilizam vapor devem incorporar economizadores e/ou pré-
aquecedores de ar, cujos benefícios resultam em economia de combustível e
aumento de rendimento.

Figura 5 – Fornalha a lenha com aquecimento direto e fluxo de ar


descendente

CBP & D Café


Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento
Núcleo: Colheita, Pós-colheita e Qualidade
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21
Figura 6 – Fornalha de aquecimento indireto com autocontrole de
temperatura.

Figura 7 – Vista frontal de uma fornalha a fogo indireto ar/ar.

22
Figura 8 – Linha de vapor e trocadores de calor ar/vapor empregados
na secagem de café.

A utilização de uma fornalha com opção para aquecimento direto ou


indireto do ar de secagem, de acordo com o café a ser seco, que permita o
controle do processo de combustão e incorpore meios de aproveitamento da
entalpia dos gases de combustão está em estudo no Departamento de
Engenharia Agrícola/UFV, e muito contribuirá para o uso racional da
energia na secagem de café.

5 - RECOMENDAÇÕES PARA O USO CORRETO DE FORNALHAS


1) Utilize eficientemente os combustíveis. A presença de umidade
nos combustíveis sólidos destinados à queima em fornalhas
constitui um obstáculo à produção de calor. A água, ao ser
evaporada, subtrai calor do processo de combustão, resultando
em saldo menor de energia para a secagem. Quanto mais seco for
o material combustível, maior o seu aproveitamento. Por esta
razão, mantenha determinada quantidade de lenha protegida das
chuvas. O teor de umidade da lenha deve ser inferior a 30%. Na
impossibilidade de abrigos para lenha, pode-se empilhá-la na
forma de cones. As águas precipitadas sobre o monte escorrerão
pela lateral do cone, encharcando apenas as lenhas superficiais.
Evite a estocagem na forma apresentada na Figura 1.
2) Alimente constantemente a fornalha. Evite que o fogo abaixe
para alimentá-la de uma só vez com muita lenha. Este
procedimento permitirá temperatura constante do ar de secagem
e combustão contínua e regular da lenha.
3) Padronize o tamanho da lenha quanto ao comprimento e ao
diâmetro, pois isto facilitará a combustão e o melhor
desempenho da fornalha.

23
4) Evite arremessar a lenha para dentro da câmara de combustão,
uma vez que isto pode provocar rachaduras e contribuir para a
diminuição da vida útil da fornalha.
5) Durante a alimentação da fornalha, naquelas a fogo indireto, a
tiragem promove o ingresso de grande excesso de ar, que resfria
a temperatura da chama, diminuindo a disponibilidade de energia
e provocando aumento da perda de calor sensível pela chaminé.
Evite abrir desnecessariamente a escotilha de carga da fornalha.
6) Para se obter uma combustão eficiente e boa circulação dos
gases, todos os componentes da fornalha como do secador
devem ser limpos diariamente.

Para finalizar, com o objetivo de facilitar o estudo comparativo de


diferentes fontes alternativas de energia para a secagem de café, é
apresentado nos tabelas a seguir, como primeira aproximação, o consumo de
diferentes tipos de combustíveis para várias vazões e temperatura do ar de
secagem. De posse dos custos com combustível colocado na propriedade e
do tempo de secagem, pode-se estimar a participação dos mesmos na
secagem de café.
O consumo de combustível para o aquecimento do ar de secagem pode ser
determinado pela expressão:

ρ .Q.c p .(Ts − Ta )
M c = 60.
η .PCI
em que,

Mc – consumo de combustível, kg.h-1;


ρ - massa específica do ar de secagem, kg.m-3;
Q – vazão de ar, m3.min-1;
cp – calor específico do ar de secagem, kJ.kg-1°C-1;
Ts – temperatura do ar de secagem, °C;
Ta – temperatura do ar ambiente, °C;
η - rendimento da fornalha, decimal;
PCI – poder calorífico inferior do combustível, kJ.kg-1.
Tabela 5 - Consumo horário8 (kg.h-1) de diferentes combustíveis para a
temperatura do ar de secagem de 50ºC

8
Os consumos apresentados variam de acordo com o equipamento, seu
estado de conservação, o teor de umidade do combustível e as condições do
ambiente.
24
Combustível
GLP Lenha Carvão Palha de café
Vazão Fogo direto Fogo Fogo direto Fogo Fogo Fogo direto
indireto direto indireto
m3/min η = 0,97 η = 0,3 η = 0,85 η = 0,88 η = 0,4 η = 0,85
60 2,72 31,07 10,96 4,73 19,51 9,18
70 3,17 36,25 12,79 5,51 22,76 10,71
80 3,69 41,43 14,62 6,30 26,02 12,24
90 4,08 46,61 16,45 7,09 29,27 13,77
100 4,53 51,79 18,28 7,88 32,52 15,30
110 4,99 56,97 20,11 8,67 35,77 16,83
120 5,44 62,15 21,93 9,46 39,03 18,36
130 5,89 67,33 23,76 10,25 42,28 19,89
140 6,35 72,51 25,59 11,03 45,53 21,42
150 6,80 77,69 27,42 11,82 48,79 22,96
160 7,25 82,87 29,25 12,61 52,04 24,49
170 7,71 88,05 31,07 13,40 55,29 26,02
180 8,16 93,23 32,90 14,19 58,54 27,55
190 8,61 98,41 34,73 14,98 61,80 29,08
200 9,07 103,59 36,56 15,77 65,05 30,61
210 9,52 108,77 38,39 16,55 68,30 32,14
220 9,98 113,95 40,22 17,34 71,55 33,67
230 10,43 119,13 42,04 18,13 74,81 35,20

Tabela 6 - Consumo horário (kg.h-1) de diferentes combustíveis para a


temperatura do ar de secagem de 60ºC
Combustível
GLP Lenha Carvão Palha de café
Vazão Fogo Fogo Fogo Fogo Fogo Fogo
direto indireto direto direto indireto direto
m3/min η = 0,97 η = 0,3 η = 0,85 η = 0,88 η = 0,4 η = 0,85
60 3,42 39,09 13,79 5,95 24,55 11,54
70 3,99 45,61 16,09 6,94 28,64 13,46
80 4,56 52,13 18,39 7,93 32,73 15,38
25
90 5,13 58,64 20,69 8,92 36,82 17,31
100 5,70 65,16 22,99 9,92 40,92 19,23
110 6,27 71,68 25,29 10,91 45,01 21,16
120 6,84 78,19 27,59 11,90 49,10 23,08
130 7,41 84,71 29,89 12,89 53,19 25,00
140 7,99 91,23 32,19 13,88 57,28 26,93
150 8,56 97,74 34,49 14,88 61,38 28,85
160 9,13 104,26 36,79 15,87 65,47 30,77
170 9,70 110,78 39,09 16,86 69,56 32,70
180 10,27 117,3 41,39 17,85 73,65 34,62
190 10,84 123,81 43,69 18,84 77,74 36,55
200 11,41 130,33 45,99 19,84 81,84 38,47
210 11,98 136,84 48,29 20,83 85,93 40,39
220 12,55 143,36 50,59 21,82 90,02 42,32
230 13,12 149,88 52,89 22,81 94,11 44,24
240 13,69 156,39 55,19 23,80 98,21 46,16
250 14,26 162,91 57,49 24,80 102,30 48,09
260 14,83 169,43 59,79 25,79 106,39 50,01
270 15,41 175,94 62,09 26,7 110,48 51,93

Tabela 7 - Consumo horário de diferentes combustíveis para a temperatura


do ar de secagem de 70ºC
Combustível
GLP Lenha Carvão Palha de café
Vazão Fogo Fogo Fogo Fogo Fogo Fogo
direto indireto direto direto indireto direto
m3/min η = 0,97 η = 0,3 η = 0,85 η = 0,88 η = 0,4 η = 0,85
60 4,09 46,71 16,48 7,11 29,33 13,80
70 4,77 54,50 19,23 8,29 34,22 16,10
80 5,45 62,23 21,98 9,48 39,11 18,40
90 6,13 70,07 24,73 10,66 44,00 20,70
100 6,81 77,86 27,48 11,85 48,89 23,00
110 7,50 85,65 30,23 13,03 53,78 25,31

26
120 8,18 93,43 32,97 14,22 58,67 27,61
130 8,86 101,22 35,72 15,41 63,56 29,91
140 9,54 109,01 38,47 16,59 68,45 32,21
150 10,22 116,79 41,22 17,78 73,34 34,51
160 10,91 124,58 43,97 18,96 78,23 36,81
170 11,59 132,37 46,71 20,15 83,12 39,11
180 12,27 140,15 49,46 21,33 88,01 41,41
190 12,95 147,94 52,21 22,52 92,90 43,71
200 13,63 155,73 54,96 23,70 97,79 46,01
210 14,32 163,51 57,71 24,89 102,68 48,32
220 15,00 171,30 60,46 26,07 107,57 50,62
230 15,68 179,09 63,20 27,26 112,46 52,92
240 16,36 186,87 65,95 28,44 117,34 55,22
250 17,04 194,66 68,70 29,63 122,23 57,52
260 17,73 202,45 71,45 30,82 127,12 59,82
270 18,41 210,23 74,20 32,00 132,01 62,12

6 - LITERATURA CONSULTADA

AFONSO JÚNIOR, P.C.; OLIVEIRA FILHO, D. Estudo da viabilidade


economica de produção de lenha de eucalipto (Eucalyptus sp) em área
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29

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