33 Introdução
Este publicação pretende orientar os produtores de tomate de mesa a adotarem o Sistema de
Produção proposto denominado de TOMATEC e pretende consolidar as técnicas que foram
iniciadas por meio do Projeto “Adaptação e Desenvolvimento de Tecnologias para a Gestão
Agroambiental Sustentável em Regiões de Relevo Acidentado da Serra do Mar”, na microbacia
do Córrego da Cachoeira em Paty do Alferes, Estado do Rio de Janeiro, sendo financiado pelo
Projeto DESUSMO - União Européia, FINEP-PADCT / CIAMB e MNA-FNMA no ano de 1994
e finalizadas em 2006 pelo Projeto “Gestão participativa da subbacia do rio São Domingos,
RJ.” (GEPARMBH), financiado pelo Edital da FINEP/CTHidro/GBH:02/2002, ambos coorde-
nados pela Embrapa Solos.
A realidade agro-socioeconômica e cultural da agricultura do Portanto, a área escolhida para o plantio de tomate deve,
Estado do Rio de Janeiro faz com que sistemas de uso e de sempre que possível, apresentar uma topografia variando de
manejo de baixo nível tecnológico estejam sendo adotados, plana (0 a 3% de declividade), suave ondulada (3 a 8% de
implicando em perdas superficiais significativas de solo, declividade), ondulada (8% a 20% de declividade) e forte
matéria orgânica, nutrientes e, em especial, de água. Nesse ondulada (20 a 45%), para facilitar os tratos culturais e
contexto, situam-se os Municípios de Paty de Alferes e de evitar a erosão.
São José do Ubá, ambos tendo passado pela ação
extrativista de madeira, pela agropecuária, pela cultura do Antes de realizar o plantio, é recomendado fazer a análise do
café e que vem se dedicando a olericultura, tendo a cultura solo para se ter noção de seu estado nutricional (disponibili-
do tomate, como principal cultura de valor econômico. Es- dade de nutrientes para as plantas), bem como do pH, o que
ses municípios encontram-se entre os três maiores produtor de orientará as aplicações de calcário, quando necessário, e as
tomate do Estado do Rio de janeiro, contribuindo em 60 % de adubações mineral, orgânica e/ou verde, sempre de acordo
toda a produção do Estado. com as orientações de profissionais da área agrícola (institui-
ções de pesquisa, universidades, rede de assistência técnica
A tipologia dos produtores desses municípios consiste de e de extensão rural, etc).
pequenos agricultores familiares, sendo a grande maioria de
arrendatários que se utilizam de financiamentos particulares, Preparo do solo
normalmente diretos dos fornecedores de insumos agrícolas.
O preparo do solo deve ser feito em duas etapas. A primeira
Em função de todos os problemas relacionados anteriormente, etapa envolve o preparo convencional visando preparar o
foi desenvolvido o Sistema de Produção do Tomate Ecologica- terreno para a adoção do sistema de plantio direto na palha. A
mente Cultivado, denominado de TOMATEC. Este sistema é segunda etapa consiste no plantio direto propriamente dito.
uma estratégia que está sendo consolidada no somatório de
utilização de técnicas agroecológicas adequadas para produzir Em áreas tradicionais de cultivo de tomate, o preparo do solo
fruto de tomate de alta qualidade, que este sistema esta preo- tradicional consiste de arações e gradagens, na maioria das
cupado com a segurança alimentar e voltado para a obtenção vezes no sentido da declividade (morro abaixo) e sem nenhu-
do certificado de origem e do selo ambiental. O sistema ma adoção de técnicas de conservação de solo. Nessas situa-
TOMATEC tem como premissa aliar o desenvolvimento sus- ções a transferência para o sistema TOMATEC passa obrigato-
tentável com a preservação do meio ambiente. riamente pela mudança no sentido do preparo do solo. Como
nessas áreas, normalmente, o solo está erodido, compactado e
Visando facilitar a adoção e ampliação desse sistema, esta com sua fertilidade reduzida, recomendasse que sejam aplica-
circular técnica pretende abordar de maneira simples e clara dos os corretivos de solo necessários (item 5).
as principais tecnologias aplicadas em termos de preparo do
solo, práticas conservacionistas, de condução da lavoura e O preparo do solo deve ser feito acompanhando as curvas
dos tratos fitossanitários. níveis do terreno, com implementos tracionados por junta de
boi ou por tração mecânica (trator), dependendo da
Procedimentos para o plantio declividade do terreno. O preparo do solo, na fase pré-
plantio direto, envolve uma aração e duas gradagens.
Seleção das áreas
O sistema de plantio direto na palha, como o próprio nome
As áreas destinadas para qualquer atividade
diz, deve ter como condição essencial uma boa produção de
agrossilvipastoril devem ser utilizadas de acordo com sua
palhada. Esta palhada pode ser obtida com um plantio
aptidão agrícola, adotando-se as práticas conservacionistas
antecessor ao tomate (milho consorciado com mucuna e/ou
que previnem a erosão. Dependendo das características do
feijão de porco) ou utilizando a produção de massa verde do
solo e do relevo, por exemplo, uma determinada área da
próprio cultivo do tomate.
propriedade cultivada com culturas anuais (milho, feijão,
hortaliças), pode ter maior potencial de produção, sem cau-
No primeiro caso é realizado um cultivo com uma cultura
sar erosão, se o seu relevo for plano ou suave ondulado.
econômica de interesse do produtor, porém que produza
Outras áreas mais suscetíveis à erosão (terrenos com relevo
muita massa verde para ser ceifada na superfície do solo.
ondulado e forte ondulado), são recomendadas para o plan-
Neste caso, o plantio do tomate será feito em cima da
tio de culturas perenes e para reflorestamento (árvores frutí-
palhada da cultura anterior.
feras, eucalipto, etc), por exigirem menor movimentação do
solo no seu preparo (plantio em covas).
No caso de se realizar o cultivo do tomate em seguida ao
preparo do solo, os restos culturais do tomate devem ser
utilizados como cobertura morta para o cultivo seguinte, em
um processo de rotação de culturas.
Recomendações Técnicas para a Produção do Tomate Ecologicamente Cultivado - TOMATEC 3
É fundamental que o produtor, na fase pré-plantio direto, estatísticamente dos sistemas tradicionais de preparo do
plante uma cultura para produzir a palhada para a introdução solo com e sem queima da palhada. Além disso, a quantida-
do sistema de plantio direto na palha. de de poros totais nesta mesma camada, também é superior
estatísticamente no sistema de Plantio Direto, quando com-
O Uso e o Manejo do Solo e sua parado com os sistemas tradicionais. Em ambos os casos,
importância no Sistema TOMATEC verifica-se um efeito diferenciado entre as camadas superior
e inferior, mostrando o efeito positivo do não revolvimento
O sistema TOMATEC preconiza o uso do Sistema de Plantio do solo, que pode ser decorrentes de vários fatores, como
Direto na Palha (SPD), que consiste em realizar o plantio maior acúmulo de matéria orgânica, maior conteúdo de agua
sem o revolvimento do solo, ou seja, sem a necessidade de no solo entre outros.
aração e gradagem. Entretanto, para a introdução do SPD é
Prof (cm) Tratamentos
necessário recondicionar o solo, descompactando-o por
Ds (Mg m -3)
meio de aração e gradagem, realizada em nível, seja com SC PC PN PD
tração animal ou com tração mecânica. Nesse momento, 0 – 10 1,31 Aa 1,32 Aa 1,22 Aba 1,18 Ba
aproveita-se para corrigir a acidez do solo (pH) e eliminar o 10 – 20 1,37 Aa 1,32 Aa 1,39 Ab 1,42 Ab
alumínio tóxico (Al+3) com a aplicação de calcário em função VTP (m 3 m -3)
dos resultados da análise do solo. 0 – 10 48,0 Ba 46,7 Ba 53,0 Aa 53,1 Aa
10 – 20 46,2 Aa 48,8 Aa 45,8 Ab 44,6 Ab
Fig. 3. Efeito do tipo de preparo do solo na densidade e porosidade total do solo.
Os resultados de Souza (2002) mostraram que as perdas de
solo e água em Sistema de Plantio Direto (PD) foram signifi- Na figura 3 verifica-se que a densidade do solo no Plantio
cativamente menores quando comparados aos sistemas com Direto na camada superior (0 - 10 cm) é menor, diferindo
Preparo Convencional (PC) com Queima e Preparo em Nível estatísticamente dos sistemas tradicionais de preparo do
sem Queima nos anos de 2001 e 2002 (Figura 1 e 2). solo com e sem queima da palhada. Além disso, a quantida-
de de poros totais nesta mesma camada, também é superior
20 estatísticamente no sistema de Plantio Direto, quando com-
2000
15 parado com os sistemas tradicionais. Em ambos os casos,
2001
verifica-se um efeito diferenciado entre as camadas superior
-1
t ha
80 2000 300
60 2001 150
40 0
20 SC PC PN PD
Tratamentos
0
Fig. 4. Efeito do tipo de preparo do solo na condutividade hidráulica do solo
SC PC PN PD saturado {(kq)}.
Tratamentos
Os efeitos da plantio direto são identificados na
Fig. 2. Perdas de água em função do tipo de preparo de solo.
condutividade hidráulica do solo saturado (figura 4), onde
as de condutividade são maiores nos sistemas nos sistemas
Os resultados de perda de solo e água obtidos por Souza
conservacionistas, ou seja, no plantio direto (PD) e no plan-
(2002) tem explicações relacionadas as melhorias dos atri-
tio em nível com junta de boi (PN), principalmente na cama-
butos físicos e físicos-hídricos do solo, como podem ser
da de 10 a 20 cm.
confirmados pelas figuras 3, 4 e 5.
e gradagem morro abaixo sem queima cobertura morta (SC) Em função do discutido no parágrafo anterior relacionado a
e com queima da cobertura morta (PC). figura 6, pode-se afirmar que com a adoção do SPD, as
taxas de infiltração são maiores no SPD do que no Sistemas
tradicionais de preparo do solo (aração e gradagem), com
100 isso, o escoamento superficial é menor, reduzindo a necessi-
80 dade de grandes seções transversais dos terraços e, conse-
qüentemente, das BCA, otimizando a eficiência desta prática
mm h-1
60
conservacionista e, assim, viabilizando-as em áreas de rele-
40
vo forte a forte ondulado.
20
0 O sistema TOMATEC e seus efeitos
na dinâmica de água no solo
SC PC PN PD
Tratamentos Segundo Bertolino (2004) a retenção de água é significati-
Fig. 5. Efeito do tipo de preparo do solo na Velocidade de Infiltração Básica da vamente maior no tratamento com Plantio Direto do que no
água no solo (VIB). Sistema Tradicional de preparo do solo (aração, gradagem e
queima dos restos culturais) nas profundidades de 15 e 30
Práticas Conservacionistas de Solo e cm, pois valores menores absolutos (kPa) de tensão de água
água – Terraceamento e Bacias de nos sensores de umidade do solo (Ground Moisture System
Captação de Água (BCA) - GMS) indicam maior disponibilidade de água as plantas.
Como o relevo predominante no cultivo do tomate, tanto em Ainda segundo Bertolino (2004), provavelmente a maior
Paty do Alferes como em São José de Ubá, variam de retenção de água a 15 cm foi devido ao maior e melhor
ondulados (8 a 20%) a fortemente ondulados (20 a 45%) distribuição dos poros, conforme pode ser verificado pela
de declividade recomenda-se a construção de terraços em (figura 7) nas camadas de 0 – 11; 12 – 22 e de 25 a 36
desnível de 2%o, associado as Bacias de Captação de Água cm. Na profundidade de 12 a 22 verifica-se o dano feito
(BCA). Esses terraços associados as BCA tem a finalidade pelo preparo do solo no local.
de ordenar o fluxo de água decorrente do escoamento super-
ficial das precipitações, que são intensas. A figura 6 mostra 40
a importância da implantação de práticas mecânicas de con- 30
PC
Kg ha-1
140 Avelar
Perda de Solo (ton ha
120
Prof. (cm)
100 Fig. 7. Efeito do preparo do solo na formação do pé-de-grade no cultivo
80 do tomate.
60
40
20
Bhering et al. (2006) afirmam que no primeiro ano de implan-
0
A B C D tação do SPD em tomate, num Argissolo Vermelho-Escuro,
Tratamento
os valores de infiltração e condutividade hidráulica do solo
Fig. 6. Efeito da Declividade nas perdas de Solo. Microbacias de Caetés
saturado não diferiram dos sistemas de preparo do solo com
(30%) e Avelar (60%)
junta de boi com uma e duas arações e uma gradagem. Os
A figura 6 compara o efeito da declividade nas perdas de autores justificam que os efeitos não estão se expressando
solo quando são mantidos os mesmos métodos de preparo devido a ser o primeiro ano de implantação do sistema de
do solo e manejo da cobertura morta. Verifica-se que as Plantio Direto e, também, devido ao preparo do solo ter sido
perdas de solo são muito maiores em Avelar, que apresenta feito com arado tracionado com junta de boi, que obrigatori-
uma declividade de 60% em relação a microbacia de Caetés amente, o preparo o solo é feito em nível. Esses dois últimos
com declividade de 30% (Kunzmann et al, 1998). Associa- fatos promoveram efeitos menos deletérios do que se o pre-
do a declividade há o efeito de manejo do solo (com cobertu- paro do solo tivesse sido feito com tração mecânica e no
ra morta) e do preparo do solo. Observa-se que quanto sentido da inclinação do terreno (morro abaixo)
maiores forem os revolvimentos do solo e a incorporação /
queima da matéria orgânica, maiores são as perdas de solo,
favorecidas pelo efeito declividade.
Recomendações Técnicas para a Produção do Tomate Ecologicamente Cultivado - TOMATEC 5
pH
extrair uma amostra com aproximadamente 0,5 kg, identificá- 4,8 0 - 5 cm
la e enviá-la a um laboratório credenciado e de confiabilidade. 4,4 5 - 10 cm
4
A aplicação do corretivo do solo (calcário ou equivalente)
deve ser feita na superfície do solo e em duas etapas. Meta- SC PC PN PD
Tratamento
de da dose do corretivo antes da aração e a outra metade Fig. 8. Valores de pH em função do tipo de manejo do solo
antes da gradagem.
1,2
No sistema TOMATEC é recomendado uma adubação orgâ- 0 - 5 cm
1
nica na cova de plantio e, também, de adubos contendo
cmol c 100g
0,8 5 - 10 cm
fontes de fósforo solúveis. Não há necessidade de se adici-
onar adubos nitrogenados e potássicos neste momento. 0,6
Nas extremidades dos sulcos de plantio são fincados mourões, O sistema proposto de fertirrigação por gotejamento associa
conforme o espaçamento escolhido. Sobre os mourões é pas- estas duas práticas em apenas uma. Neste caso o adubo é
sado um arame (no 12), como no sistema tradicional. A distân- aplicado junto com a água de irrigação, aumentando, assim,
cia do arame ao solo dependerá da variedade/cultivar a ser a eficiência na aplicação e no parcelamento do mesmo.
plantada e do número de pencas/planta (10 a 12 pencas), não
devendo, contudo, passar de 2,00m de altura, visando facilitar Os principais componentes do sistema de irrigação por
a condução da planta e os tratos culturais. gotejamento são; Cabeçal de controle, Sistema injetor de
fertilizantes, Sistema de filtragem, Controle de pressão e
Dependendo do comprimento dos sulcos, pode-se variar o vazão e Canalizações – Linha principal, Linha de Derivação,
espaçamento entre mourões dentro da linha de plantio. Este Linha lateral e Gotejadores.
espaçamento deve ser adequado para que o arame não ceda
com o peso das plantas. Para se reduzir o custo com Principais vantagens do sistema
mourões, pode-se aumentar o espaçamento entre os mesmos • Permite a fixação do produtor na sua área, reduzindo
e colocar estacas de bambu gigante “em pé”, nos intervalos o sistema itinerante de produção.
entre os mourões, para apoiar e sustentar o arame.
• Facilita a adoção do Sistema de Plantio Direto na
Palha (SPDP).
Enquanto no sistema tradicional (estacas alternadas em “V“
invertido), o espaçamento entre linhas e plantas permite • Contribui para reduzir o processo de erosão.
plantar entre 12.000 e 15.000 plantas/ha, no sistema de
condução por fitas podem ser plantadas, dependendo do • Permite a rotação com qualquer cultura anual devido
espaçamento, de 18.000 a 31.250 plantas/ha. Aumenta- a formação da faixa úmida na linha de plantio.
se, ainda, consideravelmente o número de caixas por 1.000
• Otimiza o uso da mão-de-obra na aplicação dos ferti-
pés. Por exemplo, para um mesmo período de plantio (sa-
lizantes junto a água de irrigação.
fra), a cultura conduzida por fitas na UPEPADE, produziu 30
% a mais que a média das outras lavouras que utilizaram o • Permite maior parcelamento e uniformidade da aduba-
sistema tradicional. ção dos adubos hidrossolúveis.
Na tabela 1 são mostrados alguns dos espaçamentos utiliza- • Torna mais econômico e eficiente a aplicação e uso
dos suas correspondentes populações de plantas. de fertilizantes.
• Deve-se observar a formação de torrões ou aglomera- 1 ª etapa: aplicar somente a água de irrigação após um míni-
dos no fundo do tanque. mo 20 minutos. Esse tempo será função tempo de aplicação
total da lâmina de água, não podendo ser menor do que 20
• A mistura deve ficar em repouso durante 20 minutos minutos para possibilitar um umedecimento do solo adequa-
e em seguida remover os flocos sobrenadantes. do para receber a solução nutritiva.
• Deve observar a compatibilidade dos fertilizantes an-
tes do preparo da calda. 2 ª etapa: aplicar a solução com a adubação durante 20 a 30
minutos;
• Deve-se misturar 50 e 70% do adubo à água do
tanque de solução e depois completar o volume com 3 ª etapa: aplicar somente a água de irrigação por no máximo
água (100%). 30 minutos, possibilitando, assim, lavar as peças do siste-
ma, aumentar a eficiência na distribuição da calda nutritiva e
• Deve-se misturar primeiro os fertilizantes líquidos e
evitar a perdas dos adubos solúveis por lixiviação.
depois os sólidos
• No tanque B misturar sulfato de amônio, ácido Nas extremidades das linhas de plantio são fincados
fosfórico e ácido nítrico. mourões, que podem ser de eucalipto ou de bambu gigante.
Sobre as estacas é passado um arame liso número 12 (o
• No tanque C pode-se colocar uma solução ácida mesmo utilizado no maracujá). A distancia do arame ao solo
para controlar o pH da calda e para lavar o sistema de pode variar entre 1,80 m a 2,00m, dependendo do número
irrigação. de pencas que será conduzida a lavoura e da altura do produ-
tor e visa facilitar a condução das planta e dos tratos culturais.
A aplicação da solução nutritiva deve ser feita em três etapas:
Para diminuir os custos iniciais da lavoura pode-se colocar
mourões de eucalipto nas extremidades das linhas de plantio
8 Recomendações Técnicas para a Produção do Tomate Ecologicamente Cultivado - TOMATEC
e estacas de bambus gigantes no interior das linhas de A amostragem das plantas deverá ser efetuada em 25 plan-
plantio. O espaçamento recomendado é de 10 metros entre tas para cada talhão de 4.000 plantas, ou seja, aproximada-
as estacas com a utilização de ripas finas de bambu interca- mente uma para cada 160 plantas. As plantas amostradas
ladas a cada cinco metros. Estas estacas servirão apenas devem ser divididas em 5 pontos de coleta, com 5 plantas
para evitar que o arame não ceda com o peso das plantas. cada, distribuídos conforme o caminhamento aleatório das
amostras em zigue-zague para o cultivo de tomate de mesa
Quando as plantas estiverem com 25 a 30 cm de altura, (Zander et al., s.d).
inicia-se o tutoramento. O tutoramento é efetivado fazendo
um laço bem folgado com a fita plástica na base da planta, A amostragem das pragas é feita com um recipiente plástico
enrolando a planta ao redor do fitilho. A outra extremidade branco opaco de 20 cm de diâmetro e com 8 a 10cm de
do fitilho é fixado no arame com outro laço, deixando uma altura. O local da planta a ser monitorada é função do seu
folga de aproximadamente 20 cm. Com o crescimento da alvo de identificação, ou seja, do inseto-praga que se quer
planta, o fitilho é enrolado em torno do seu caule permitindo identificar. Na parte superior da planta (ponteiros) faz-se a
sua sustentação, ao mesmo tempo em que se fazem as batedura com a bacia para amostragem de Tripes, Pulgões,
podas necessárias (podas dos brotos, poda dos frutos da Mosca Branca e Traça. Nas folhas (terço médio da planta),
penca e poda do ápice – ponteiro). faz-se a amostragem de Traça, Larva-Minadora e de Ácaros e
nos frutos (até 2,0 cm de diâmetro) faz-se a amostragem de
Manejo Integrado de Pragas - MIP Broca Pequena, Traça e Broca Grande (Zander et al., s.d).
Segundo Rodrigues et al. (1991) a cultura do tomateiro A tabela 2 contém uma síntese das principais pragas, como
apresenta um grande número de insetos-praga e doenças amostrar, níveis de danos e medidas de controle a serem
que provocam grandes perdas na produção. Essas pragas realizadas durante o MIP e as mais modernas opções dispo-
vêm sendo controladas por meio de um grande número de níveis para o seu controle.
pulverizações de pesticidas, o que acarreta desequilíbrios
biológicos, provocando o aparecimento de pragas secundá- Ensacamento das Pencas
rias e seleção de insetos resistentes. Para reduzir esses pro-
blemas, desenvolveu-se o Manejo Integrado de Pragas (MIP) O ensacamento das pencas de tomate é uma prática que
visando diminuir o uso de produtos químicos nos complementa as ações do MIP e que no sistema TOMATEC
agroecossistemas, viabilizando o processo produtivo do to- foi ampliada para a produção de um fruto onde os níveis de
mateiro com um desenvolvimento agrícola sustentável. resíduos de agrotóxicos estivessem sempre abaixo do que a
legislação permite e abaixo do nível de detecção (ND) dos
O MIP é uma das ferramentas fundamentais para a produção equipamentos existentes no Brasil.
do TOMATEC. O MIP consiste no monitoramento do nível
de infestação de insetos-pragas na lavoura. Quando o nível Para obter esses resultados foi desenvolvido um saco com a
de infestação atinge o nível de dano econômico, o produtor Empresa SACOTEM com dimensões que pudessem manter
deve utilizar produtos naturais ou químicos para efetuar o os frutos de tomate ensacados durante todo o período da
controle dos insetos-pragas na lavoura. colheita. O saco é de papel Glassyne, o mesmo utilizado
para ensacamento de outras frutas, como a goiaba e apre-
O Manejo Integrado de Pragas consiste da reunião de técni- senta dimensões aproximadas de 22 cm de largura por 30
cas de monitoramento de insetos, doenças e plantas dani- cm de comprimento.
nhas visando o uso adequado dos defensivos agrícolas,
associado ao controle cultura e biológico, resultado em uma O ensacamento deve ser feito quando da abertura da terceira
produção mais lucrativa para o produtor e de melhor qualida- flor em cada inflorescência. Como ocorre a autofecundação
de para o consumidor (Zander, et at. s.data). na flor do tomate, a fecundação do órgão reprodutor femini-
no. Nesse estádio de crescimento da flor, não há a formação
No sistema TOMATEC foi utilizado o Manual do Monitor de do fruto e, consequentemente, não há a possibilidade de
Pragas do Tomate, elaborado pela Criterium (Zander et al., s.d). ataque das brocas pequenas e grandes.
Segundo Zander et al., (s.data) e Rodrigues et al. (2001), o Recomenda-se a poda de flores antes do ensacamento, dei-
Manejo Integrado de Pragas caracteriza-se por ser um siste- xando de cinco a seis flores em cada inflorescência. Essa
ma dinâmico que utiliza simultaneamente diversos métodos prática é recomendada para possibilitar frutos maiores.
e tecnologias de controle, resultando em benefícios econô-
micos, ecológicos e sociais.
Recomendações Técnicas para a Produção do Tomate Ecologicamente Cultivado - TOMATEC 9
Tabela 2. Parâmetros para utilização do MIP em tomate. Adaptado do Manual do Monitor de Pragas do Tomate (Zander et al., s.d e Rodrigues et al., 2001).
Nota: *nome vulgar; ** utilizar a bacia plástica; *** orientado por um agrônomo.
Circular Exemplares desta edição podem ser obtidos na Expediente Supervisor editorial: Jacqueline S. Rezende Mattos
Técnica, 33 Embrapa Solos Revisão de Português: André Luiz da Silva Lopes
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