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O Novo Institucionalismo e os

Estudos Legislativos
A Literatura N orte -am e rican a R e ce n te *

F e rn a n d o L im o n g i

Introdução se de processos políticos, as variáveis inde­


p endentes mais relevantes passam a se r as
O C ongresso n o rte-am erican o é o
instituições, em lugar das preferências dos
congresso m ais e stu d ad o do m undo. P ro v a­
atores políticos. Novo p o rq u e era necessário
velm ente, so b re este te m a se co n cen tra a
distingui-lo do institucionalismo praticado
mais volum osa literatu ra existente em C iên­
an tes do advento da revolução com porta-
cia Política. D esta fo rm a, q u a lq u er revisão
mentalLsta (behavioralism ), o institucionalis­
da literatura so b re o tem a será se m p re p a r­
m o dominante na Ciência Política norte-am eri­
cial. A revisão ap re se n ta d a n este artigo, p o r­
cana antes da Segunda G uerra Mundial.
tanto, não se p re te n d e exaustiva o u tem p re ­
O recorte da literatura ap resen tad o é
tensões de oferecer um balanço da prod u ção
bastante singular, um a vez q u e o gru p o p e r­
recente. A unidade d o s trabalhos revisados d eu a su a unidade inicial e , m ais d o q u e isto,
é dada pela origem com um dos a u to res con­ acabou por p erd er a própria bandeira do
siderados. Em certo m o m en to , todos eles Novo Institucionalismo. Em realidade, atu al­
participaram de u m m esm o m ovim ento. À m en te vários g rupos de cientistas sociais re­
época, os participantes d este m ovim ento se clam am para si o título de os praticantes
auto-intitulavam N ovos Institucionalistas e mais representativos e autênticos d o Novo
daí o p o rq u e do título d o artigo. Institucionalism o. Já há algum tem p o os a u ­
C om o discutirei m ais extensam ente na tores aqui tratad o s não reclam am para si tal
prim eira seção d este trab alh o , o m ovim ento distinção. E m particular, no interior da C iên­
foi d iretam en te im pulsionado e m otivado p e ­ cia Política, o título de praticante do Novo
los prim eiros ata q u e s desferidos pela teoria Institucionalism o passou a ser reivindicado
da escolha racional aos m odelos explicativos por aqueles que se opõem ao individualismo
até então dom inantes na Ciência Política: o m etodológico. Isto é, hoje em dia o rótulo
comportam entalism o (behavioralism) e o plu­ N ovo Institucionalism o tende a se r associado
ralismo. Institucionalism o p o rq u e, em co n ­ a seguidores d o institucionalism o proposto
traste com as teorias explicativas anteriores, por M arch e Olsen (1984) ou por aqueles
o foco da explicação desloca-se das p referên ­ q u e aceitaram o convite de Sckopol e outros
cias p ara as instituições. Isto é, p ara a análi­ de trazer o E stado de volta às suas análises.

* Este artigo foi escrito com o p arte da pesquisa T erra Incógnita: Funcionam ento e Perspectivas do
Congresso Brasileiro, desenvolvida no Cebrap com suporte financeiro da Mellon Foundation. A gra­
deço a todos os m em bros da equipe por seus com entários e, em especial, a Argelina Figueiredo, que
não apenas leu e com entou as seguidas versões do texto como ainda me convenceu de que valia a pe­
na publicá-lo. A bolsa concedida pelo CNPq facilitou os trabalhos.

BIB, Rio de Janeiro, n. 37, 1.° sem estre 1994, pp. 3-38 3
E sta digressão em to rn o d e rótulos e der Legislativo de decidir com base no m aior
auto-intitulações é u m esclarecim ento neces­ volum e d e inform ação disponível. O C on­
sário ao leitor, p ara q u e ele não p ro c u re nas gresso, portanto, deve ser capaz d e m otivar
páginas q u e se seguem o q u e nelas não e n ­ os congressistas para q u e eles se to rn em es­
contrará. O titulo d o artigo pode levar o lei­ pecialistas em certas áreas políticas e, o que
tor a engano. E ven tu alm en te, um título m e ­ é mais difícil, p ara q u e usem as inform ações
lhor poderia ser enco n trad o , m as o probelm a de que dispõem de m aneira benéfica para
está em q u e o gru p o de a u to res estu d ad o todos.
neste artigo p erd eu o rótulo do N ovo Insti- A terceira versão a ser aqui tratad a é a
tucionalism o ao m esm o tem p o q u e p erd eu a partidária. P ara as duas versões resum idas
sua unidade inicial. D esta form a, não há m o ­ acim a, os partidos não contam . C ontam ap e­
vim ento, nom e ou instituição de ensino e nas os interesses individuais dos congres­
pesquisa sobre a qual eles se congregam . sistas. A versão partidária questiona esta
H oje, provavelm ente, o único p o n to a reunir prem issa e cham a a atenção p ara a im por­
o grupo 6 a opção m etodológica, qual seja, o tância dos partidos com o elem entos estru tu -
individualismo m etodológico. M as tal opção radores da atividade legislativa. E m especial,
não é privilégio deste grupo. Assim, não há as instituições próprias ao Congresso norte-
outra razão, além , é claro, das m inhas p refe­ am ericano são analisadas a- partir do ponto
rências, p ara reuni-los em um artigo revisan­ de vista partidário e, desta form a, vistas co­
do a literatura. Só restava, p o rtan to , reuni- m o expressão e form a do controle dos parti­
dos sobre a atividade legislativa.
los sob a b andeira q u e em p u n h aram e vie­
O tom do texto é claram ente didático.
ram a perder: a do N ovo Institucionalism o.
M inha preocupação é a de introduzir u m a li­
O artigo está organizado da seguinte
teratu ra, ao que eu saiba, pouco conhecida
forma. A prim eira p arte tra ta da origem do
no Brasil. R ed u zo as tecnicalidades a seu m í­
m ovim ento, enfatizando a sua gênese a p a r­
nim o. D edico algum a atenção a uns poucos
tir da» principais q u estõ es q u e definiram a
m odelos, ju stam en te aqueles em q u e resul­
agenda de pesquisas q u e estes a u to res se
tados expressivos podem ser alcançados de
propuseram a en fren tar. As três partes q u e
m aneira b astante simples. E stes casos ilus­
se seguem são dedicadas a ap resen tar, de
tram o p o d er e alcance da análise form al d e ­
forma sistem ática e tão didática q u a n to pos­
senvolvida p o r este grupo de autores.
sível, as três g randes co rren tes em q u e o m o ­
As m enções ao C ongresso brasileiro se­
vim ento veio a se dividir. A prim eira destas, rão poucas. As referências serão m eram ente
e em verd ad e a d o m inante, é a cham ada ilustrativas. N o entanto, em q u e pese a sua
versão distributivista. P ara a u to re s identifica­ ausência, este artigo foi escrito com um olho
dos com esta co rren te, congressistas guiados no C ongresso brasileiro. N ão são m uitos os
pela lógica eleitoral estarão interessados, estudos q u e o tom am com o objeto. Se se
quase q u e exclusivam ente, em ap ro v ar políti­ p reten d e alterar esta situação, travar conhe­
cas de cunho clientelista. D o p o n to de vista cim ento com o deb ate que se desenvolve e n ­
institucional, a q u estão está em sab er com o tre os estudiosos do C ongresso m ais estu d a­
isto é possível. C om o se verá, p a ra este arg u ­ d o de to d o o m undo m e parece um bom co­
m ento as instituições d esem p en h am papel m eço. É com esta esperança q u e escrevi este
central, possibilitando q u e os congressistas texto.
sejam capazes d e a te n d e r suas clientelas.
R ecen tem en te, a hegem onia da explica­
As Origens do
ção distributivista foi sacudida p o r duas dis­ Novo Institucionalismo
sidências no interior d o m ovim ento. A pri­
m eira delas consolidou-se na cham ada v e r­ Congressistas, com o todo e qualquer in­
são inform acional. P ara esta versão, as insti­ divíduo, têm seus interesses particulares e
tuições devem ate n d e r a necessidade do P o ­ p au tam suas decisões por estes mesm os

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interesses. A o decidirem sobre as políticas a feitas pela sociedade em esferas não-econô-
serem adotadas, não pensam no bem co­ micas apresentam um a série de característi­
m um ou q u alq u er o u tro valor elevado. Eles cas negativas. Dois trabalhos contribuíram
a té podem fazê-lo, mas, com o q u alq u er o u ­ decisivam ente para a constituição da agenda
tro m ortal, pro cu ram m axim izar sua utilida­ de pesquisas dos Novos Institucionalistas: o
de, e esta, p ara congressistas, d ep en d e basi­ de K enneth J. A rrow (1963) e o de R ichard
cam ente da sua reeleição. M esm o q u e m ovi­ D . McKelvey (1976).
do pela busca d o b em com um , o congressista O resultado apresentado p or A rrow fi­
terá q u e se reeleg er p ara p o der perseguir es­ cou conhecido com o o T eo rem a da Im pos­
te objetivo. Logo, políticos p referirão sem pre sibilidade: impossibilidade de um a decisão
aquelas políticas q u e afetam m ais d iretam en ­ social única e estável. Isto porque, dada um a
te, e de form a positiva é lógico, as suas chan­ certa configuração das preferências indivi­
ces de reeleição. E m um a palavra, congres­ duais, a decisão social entre, digamos, três
sistas são individualistas e se m ovem de for­ opções p ode ser não-transitiva. Se as prefe­
m a a assegurar su a reeleição. rências de três indivíduos hipotéticos a com ­
D ada a fraq u eza dos partidos políticos p or a sociedade forem as seguintes:
norte-am ericanos no q u e tange à disciplina
de seus m em bros no interior d o Congresso, I II III
esta prem issa — a d e q u e o p o n to de partida
X Y z
para explicar os resultados das políticas p ro ­
Y Z X
postas pelo C ongresso deva ser o interesse Z X Y
individual do político em se reeleger — p a re ­
ce bastante razoável e incontroversa. As polí­ e a sociedade decidir qual das três alternati­
ticas ou leis votadas pelo C ongresso devem vas a d o tar votando inicialm ente en tre X e ,Y ,
ser entendidas, p o rtan to , com o decisões co­ e depois en tre F e Z e en tre Z e X , terem os
letivas a que se chega a p artir da agregação q u e X > Y > Z > X .2 Isto significa q u e a deci­
de decisões d itadas pelo interesse individual. são social é inconsistente (po rq u e não-transi­
Q ual o resultado d e u m a decisão coletiva to ­ tiva) e indeterm inada. D ito de o u tro m odo,
m ada a partir da agregação de preferências m esm o q u e as preferências individuais sejam
individuais? Q u e características a p resen tarão conhecidas, é impossível saber qual a p refe­
estas decisões? E m especial, serão elas, as rência da coletividade.
decisões, estáveis? 1 V ale observar que o teorem a de A rrow
A situação descrita en co n tra claro p a ra ­ não estabelece q ualquer limitação prévia às
lelo na situação de m ercado. N esta, as deci­ possíveis preferências individuais. O teorem a
sões tam bém são to m ad as descentralizada- trabalha com a presunção de q u e toda e
m ente, cada um perseguindo seus interesses qualq u er preferência individual é legítima e
particulares. N o m ercado, sabe-se, este siste­ possível. Logicam ente, preferências sociais
m a de decisões descentralizadas p ro d u z um intransitivas não ocorrem para toda e qual­
resultado ótim o: ganhos d e troca são exauri­ q u er distribuição das preferências indivi­
dos e nenhum dos ato res pode m elh orar sua duais. P a ra d ar o exemplo extrem o, se todos
posição sem p rejudicar a de o u tro . A q u es­ unanim em ente concordam q u e X > Y > Z ,
tão está em sab er se as decisões não-econô- não há lugar para a circularidade na prefe­
micas, as políticas p ara ser mais preciso, re ­ rência social. V ale notar, ainda, a peculiari­
produzem estas características. dade do processo decisório suposto p o r A r­
A agenda de pesquisas dos N ovos Insti- row: a decisão é tom ada por m aioria de v o ­
tucionalistas foi constituída sob o im pacto de tos, p o r um a confrontação p areada e exaus­
respostas radicais a estas questões: os resul­ tiva das opções. U m a o u tra form a de dizer o
tados obtidos p o r teóricos da escolha social. m esm o é n o tar q u e em A rrow não se consi­
D e acordo com estes resultados, as escolhas d era o custo do próprio processo d e decisão.

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Este, com o nas d em o n straçõ es form ais sobre Figura 1
as propriedades d o m ercado, é assum ido co­ Representação Gráfica do
mo instantâneo. O processo só term ina Teorema de McKelvey
quando um a decisão configura u m a situação
de equilíbrio, isto é, em q u e n en h u m ato r
tem incentivos p a ra m u d a r u n ilate ra lm e n te
sua posição. N ã o h á eq u ilíb rio com a c o n fi­
guração das p re fe rê n c ia s exposta a n te rio r­
m en te p o rq u e , p a ra to d a e q u a lq u e r d eci­
são, se m p re h a v erá um indivíduo q u e p o d e
m elhorar su a situ a ç ã o o fe re c e n d o u m a n o ­
va p ro p o sta a v o to .
Se a decisão social é indeterm inada e
pode apresentar ciclos com o os descritos a n ­
tes, segue q u e há espaço p ara a m anipulação
das preferências p o r aq u eles q u e têm o p o ­
der de determ inar a agenda. V o ltan d o à con­
figuração das p referências já citada, im agine
que cabe ao indivíduo I decidir a agenda.
C om o ele p re fe re X a todas as dem ais a lte r­
nativas, ele prim eiro co n trap o rá Y a Z , e d e ­
pois X a Y, o b ten d o X com o a escolha social.
Se couber ao indivíduo II decidir a agenda,
ele certam ente sab erá com o o b te r Y co m o a
preferência social. O indivíduo III tam bém
não terá p roblem as p a ra assegurar q u e a o p ­
ção que p refere a to d as as dem ais seja a q u e ­
la escolhida pela sociedade.
O segundo te o re m a a m arcar p ro fu n d a ­
m ente os N ovos Institucionalistas, aquele
apresentado p o r McKelvey, form aliza e a m ­
plia as conclusões d esta influência da agenda
sobre a escolha social. E ste teo rem a ficou
conhecido com o o T e o re m a do Caos, ou co­ Pois muito bem: com pare as altern ati­
mo o Teorem a d o T u d o é Possível. A Figura vas Yo e Y6- E stá claro que Yo é preferida
1, tom ada de O rd ersh o o k (1988, p. 75), pelos três indivíduos a Yf). N o entanto, se as
apresenta graficam ente os resultados de decisões são tom adas por maioria, é possível
McKelvey. O s p o n to s X i, X 2 e X 3 re p re ­ partir do ponto Yo e chegar a Y6. C onfron­
sentam os pon to s ideais — o p o n to de m axi­ tand o Yo com Y i, notam os q u e os indiví­
mização da satisfação dos indivíduos 1, 2 e 3, duos 1 e 2 preferirão Y i a Yo, e q u e se Y 2
respectivam ente. A s p rem issas c o rriq u e i­ for confrontada com Y i, Y2 receberá os vo­
ras sobre as p re fe rê n c ia s são feitas d e tal tos favoráveis de 2 e 3. Seguindo da m esm a
sorte que a re lação d e p refe rê n c ia dos in ­ form a com as alternativas restantes, atingire­
divíduos p elas a lte rn a tiv a s p o d e ser a fe rid a m os 0 ponto Yg.
pela distância e n tre a altern ativ a e seu McKelvey dem onstra fo rm alm ente que,
p o n to id ea l. C o m p a r a n d o d u a s a l t e r n a ­ p ara usar o exemplo acima, pode-se escolher
tiv as, 0 in d iv íd u o e s c o lh e r á a q u e la m ais Y 6 aleatoriam ente, isto é, Y6 pode ser qual­
próxim a d e se u p o n to id e a l, in d e p e n ­ q u e r ponto do espaço decisório. D a í o nom e
d e n te m e n te d a d ir e ç ã o . d o teorem a: T udo é Possível. E m havendo

<5
um indivíduo q u e escolhe a agenda, em tese, guinte form a: qual a origem da estabilidade
este indivíduo p ode o b te r com o resu ltad o fi­ das decisões sociais? P o r que as previsões
nal o q u e lhe interessar ou d e r na cabeça. som brias d e A rrow e McKelvey não se m a te ­
A im portância e im pacto destes te o r e ­ rializam?
m as para a Ciência Política são pro fu n d o s e A ro ta partilhada pelos Novos Institu-
diretos. O e stu d o d o processo decisório no cionalistas não é, por suposto, a única pos­
interior do P o d e r Legislativo foi um a das sível. H á o u tras respostas ao problem a intro­
áreas mais influenciadas p o r eles. E m p ri­ duzido p or A rrow e McKelvey. H á u m a al­
m eiro lugar, eles colocam em q u estão a p ró ­ ternativa, digam os assim, mais sociológica: a
pria estabilidade das decisões tom adas coleti­ distribuição das preferências pode ser tal que
vam ente. Im agine q u e a m aioria de um a le­ decisões sociais não sejam instáveis. P or
gislatura prefira A a B, digam os, prefira não exemplo, a socialização pode lim itar o cam po
subsidiar a agricultura a fazê-lo. Escolhe-se das preferências possíveis. P ara usar as
en tre A e B e, p o r suposto, A é a escolha do expressões cunhadas por Shepsle, há aqui
plenário. N ão segue, porém , q u e a decisão duas alternativas: dem o n strar a existência do
p or A seja estável. E la p o d e vir a ser d e r­ equilíbrio a partir das instituições (stnicture
ru b ad a p o r u m a p ro p o sta C, digam os, subsí­ induced equilibrium ) o u a partir das p refe­
dio à agricultura e à indústria. A p ro p o sta C rências (preference induced equilibrium). Os
é preferida p or aqueles q u e p referem B a A N ovos Institucionaiistas optam pela prim eira
e é capaz d e re c ru ta r apoio suficiente d e r e ­ alternativa, e esta opção, talvez m ais q u e
presentantes ligados à indústria que votaram q u alq u er ou tra, serve para distingui-los de
p or A. O processo, n o en tan to , pode p ro s­ o u tras correntes teóricas.
seguir, pois aqueles q u e v o taram p or A cer­ O s Novos Institucionaiistas m an têm a
tam ente p referirão subsidiar apenas a indús­ prem issa de A rrow e McKelvey: as p referên ­
tria do q u e fazê-lo com o p ro p o sto em C. cias individuais não perm item inferir qual a
D onde um a p ro p o sta D pode constituir escolha social. E acrescentam : a escolha so­
maioria e d e rru b a r C. E ste processo de for­ cial d epende diretam en te da intervenção das
m ação de coalizões ad hoc n ão tem fim, d aí instituições. P a ra en ten d er m elhor o ponto
p or que decisões p or m aiorias sejam ineren­ talvez seja útil com p arar esta prem issa com
tem en te instáveis. aquelas das quais p artem as análises calca­
Estes teo rem as colocam em q u estão a das no pluralism o ou na análise sistêmica a
form a usual, a o m enos a té en tão , de trab a­ la David E aston. P ara estas perspectivas, o
lhar dos cientistas políticos, qual seja, a de in­ papel desem penhado pelas instituições é p ra ­
ferir resultados a p artir das preferências indi­ ticam ente nulo. O q u e im porta ao analista é
viduais. A conclusão a q u e chega McKelvey sab er quais as preferências existentes na so ­
é de que p ode não haver q u alq u er relação ciedade. As instituições apenas processam
en tre as preferências individuais e o resu lta­ estas preferências de form a n eutra, re to r­
do final. U m definidor d e agenda a stu to será n an d o decisões de acordo com a correlação
capaz de o b te r q u alq u e r resultado, inde­ de forças dos interesses existentes na socie­
pendente da configuração inicial das p refe­ dade. P ara os N ovos Institucionaiistas as ins­
rências. tituições têm papel autônom o, próprio. N ão
N o en tan to , se a análise teórico-form al apenas “induzem ” ao equilíbrio, com o ta m ­
aponta p ara a instabilidade das decisões p or bém têm influência direta na determ inação
maioria, a realidade está longe de confirm ar do resultado político substantivo.
estas previsões. E m u m a legislatura, com o E m q u e pese a im portância conferida às
de resto na m aioria das organizações, não se instituições no interior de seu arcabouço ex­
observa um processo com o o descrito acim a. plicativo, e p o r paradoxal q u e possa parecer,
O program a d e pesquisas dos N ovos Institu- os N ovos Institucionaiistas não apresentam ,
cionalistas pode, en tão , ser resum ido da se ­ ou m esm o se preocupam em apresentar,

7
um a definição precisa do q u e se deve e n te n ­ N estes m odelos, o voto do eleitor ta m ­
der por instituições. O q u e esta literatu ra su ­ bém é econom icam ente inform ado. Ele
gere é q u e regras, leis, p rocedim entos, n o r­ com para os benefícios q u e espera receber
mas, arranjos institucionais e organizacionais dos diferentes candidatos, desconta os custos
implicam a existência d e constrangim entos e das políticas propostas em term os de taxação
limites ao co m p o rtam en to . E m ú ltim a análi­ e escolhe, obviam ente, aq u ele q u e lhe o fere­
se, estes constrangim entos e limites acabam cer m aiores benefícios. E leitores preferirão
por explicar os próprios resu ltad o s d o co m ­ políticos q u e lhes oferecem benefícios tangí­
p ortam ento. N esta literatura, o term o insti­ veis e dispersam os custos.
tuição ten d e a ser em p reg ad o com este signi­ N ote-se q u e a prem issa crucial de que
ficado genérico. A prática d e não definir ex­ p a rte o m odelo não é tan to o desejo de re e ­
plicitam ente instituições, assum indo u m e n ­ leição do d eputado, m as sim a de q u e a m e­
tendim ento tácito sobre o significado d o te r­ lhor estratégia eleitoral a ser ad otada é a
mo, será seguida neste texto. descrita acim a. P ara q u e o po n to fique claro
E m resum o, o trab alh o dos N ovos Insti- definam os claram ente o q u e se deve en te n ­
tucionalistas é m arcad o pela busca da d e ­ d e r por políticas distributivistas. A origem do
m onstração d e q u e as instituições q u e o rg a­ term o, nesta acepção, p ode ser rem etida à
nizam o processo decisório são (a) elas m es­ classificação tripartite oferecida por T h eo d o ­
mas responsáveis pela estabilidade dos resul­ re Lowi (1964). E ste a u to r identifica três ti­
tados obtidos e (b ) influenciam os resultados pos possíveis de políticas públicas: distributi­
políticos substantivos. vas, redistributivas e regulatórias. O uso do
term o pelos Novos Institucionalistas não dis­
O M odelo Distributivista ta m u ito do em p restad o a ele p or Lowi. N o
e n tan to , na pena dos institucionalistas o te r­
O m odelo distributivista tem p o r ponto m o ganha contornos m uito precisos que
de partida a m otivação dos parlam entares. necessitam ser enfatizados. U m a definição
P arlam entares, basicam ente, q u erem se re e ­ form al do q u e se deve en ten d e r por distribu-
leger. As ações dos congressistas devem ser tivismo nesta literatura pode ser encontrada
com preendidas ten d o p o r referência este d e­ em Collie (1988, p. 427), p ara quem este
sejo. E m especial, suas p referências q u a n to a
“ [...] is generally understood to be a policy
políticas públicas só são inteligíveis se referi­
that is subdivided into discrete
das à necessidade de g aran tir sua reeleição.3 parts so that 1) the benefits targeted for
As chances de um d e p u ta d o se reeleger são one population or area can be
um a função positiva das políticas p o r ele o b ­ varied w ithout affecting those going to
tidas em benefício direto do seu eleitorado. others and 2) the costs are
U m aspecto institucional d esem p en h a assumed by the general population. In
im portante papel n o m odelo: o voto distrital. short, distributive policy refers to
cases were benefits are particularistic but
P o r interm édio deste se estabelece q u e os
costs generalized.”
interesses do eleito rad o a serem atendidos
são localizados, identificáveis às característi­ N ote-se q u e a form a concisa ap resen ta­
cas econôm ico-sociais d o distrito. D eco rre da ao final — benefícios particularistas e cus­
daí q u e as políticas públicas preferid as pelos tos generalizados — é um pouco mais geral
congressistas serão aquelas q u e oferecem q u e a form ulação inicial, pois não sublinha o
benefícios localizados e tangíveis a um a caráter geográfico, ligado ao fato de a rela­
clientela eleitoral claram en te identificada. Os ção congressista/eleitor estar circunscrita ao
custos d e tais políticas, de o u tro lado, te n ­ distrito eleitoral. D e fato, de acordo com a
dem a ser dispersos p o r to d a a população. form ulação de W eingast, Shepsle e Johnsen
E ste tipo de política é a p referid a p or p arla­ (1981, p. 644), a precisão e limitação geográ­
m entares, pois lhes g aran te m aiores dividen­ fica da população alvo definem a política
dos eleitorais. distributivista:

8
“A distributive policy is a political decision ta troca de votos é conhecida na literatura
that concentrates benefits in a specific geo­ por logroll.
graphic constituency and finances expendi­ O m ercado de votos tem um ponto em
tures through generalized taxation. [...] com um com o m ercado econômico: trocas
While it is clear that all policies have a geo­ são m u tu am en te vantajosas. N o entanto, a
graphic incidence of benefits and costs, troca de votos padece d e instabilidade, o que
what distinguishes a distributive policy is a distingue da troca econôm ica. V otações
that benefits are geographicaly targeted. In
não são concom itantes. E n tre o m eu voto
contrast, a nondistributive program, say an
entitlem ent program , though having a geo­ em apoio à política de seu interesse e o seu à
graphic incidence, is fashioned with non­ política q u e m e interessa há um lapso de
geographic constituency in mind, for exam­ tem p o q u e am eaça a sorte do nosso acordo.
ple, socioeconomic groups.” Q ue garantia tenho eu de q u e você h onrará
seu com prom isso? Afinal d e contas, a políti­
As políticas preferidas pelos congres­
ca de seu interesse já está aprovada e não há
sistas, vale recordar, assum em esta caracte­
nada q u e você possa ganhar votando pela
rística em função do im perativo eleitoral ao
política que m e interessa. E stam os de volta à
qual estão subm etidos. P a ra g arantir sua
instabilidade das maiorias.
reeleição, congressistas devem lu ta r p ara le­
O papel das instituições q u e regulam as
var benefícios p ara seus distritos. D aí a rela­
relações e n tre congressistas será ju stam en te
ção e n tre os congressistas ser basicam ente
o d e garantir estabilidade a este processo de
de conflito, cada u m q u e re n d o levar a m aior
troca de votos através do qual, em últim a
quantidade de benefícios possíveis p ara seu
análise, congressistas são reeleitos. M uitos
eleitorado. U m a descrição sucinta deste sis­
dos trabalhos dos N ovos Institucionalistas
tem a, de acordo com Shepsle (1986, p. 69),
iniciam-se com a seguinte citação:
encontra-se na seguinte passagem :
“The organization of Congress m eets re­
“In the policy game in a legislature like the
markably well the electorate needs of its
U.S. Congress o r a State legislature, to take
members. To put it another way, if a group
a preem inent example, there is an attitude
of planners sat down and tried to design a
of live and let live. Each legislative agent
pair of American national assemblies with
seeks to obtain benefits for his constituency
the goal of serving m em bers’ electoral
and, even in failure, he can claim credit for
needs year in and year out, they would be
having fought the good fight. Each agent
hard pressed to improve on what exists.”
behaves essentially this way and expect all
(Mayhew, 1974, pp. 81-2)
others to behave similarly. Although there
are som e exceptions, the general rule does Seguindo um a tradição q u e d ata pelo
not impose sanctions on those who seek to m enos do clássico estudo de W oodrow Wil­
place the distributive and regulatory po­ son (1914, p. 79), os distributivistas identifi­
wers of the state in the service of their cam no sistema de com issões o eixo estru tu -
constituents.”
rad o r das atividades legislativas do C ongres­
E m b o ra im ersos em u m a situação con­ so norte-am ericano. N a versão distributivis-
flituosa, lutando p o r se ap ro p ria r de recursos ta, as comissões estru tu ram e perm item a
escassos, os congressistas podem sair ga­ ocorrência estável das trocas de apoio neces­
nhando se co o p erarem , posto q u e as políti­ sárias à aprovação de políticas distributivis­
cas que interessam o rep re sen ta n te do distri­ tas. D ois traços do sistem a de comissões são
to A só serão aprovadas sé co n tarem com o essenciais p ara q u e ele venha a d esem penhar
apoio do re p rese n ta n te d o distrito B. D e fa ­ este papel: o processo através d o qual os
to, pode-se dizer q u e existe um m ercado de congressistas são distribuídos pelas diferen­
votos no interior do C ongresso. Políticas são tes comissões e os poderes legislativos a elas
aprovadas m ed ian te a troca de votos: eu v o ­ garantidos.4
to pela política q u e lhe interessa desde q u e A ntes de prosseguir com a caracteriza­
você vote pela política q u e m e interessa. E s­ ção d a versão distributivista, será útil discu­

9
tir, ainda q u e de fo rm a ab reviada, o q u e se Assim, o m ecanism o através do qual se
deve en te n d e r p o r sistem a d e comissões. É dá a distribuição dos m em bros da Casa pelas
usual q u e legislaturas se subdividam em um diferentes comissões passa a ser central para
certo n ú m ero d e com issões. T rata-se, basica­ a determ inação dos resultados dos trabalhos
m ente, de um a divisão in tern a d e trabalho, legislativos. As n orm as de funcionam ento do
através da qual o gru p o (o plenário) com is­ C ongresso n orte-am ericano garantem aos
siona a subgrupos (as com issões) tarefas. C a­ partidos a prerrogativa de distribuir seus
da comissão tem jurisdição so b re u m a área m em bros pelas comissões. U m a vez com pos­
política específica; p o r exem plo, há um a ta a lista partidária, esta é subm etida ao ple­
Com issão d e A gricultura, um a de O b ras P ú ­ nário, a quem cabe, em últim a instância, o
blicas etc. A s com issões, em geral, tend em a p o d er form al de distribuir seus m em bros p e­
recortar o espaço político de fo rm a exaustiva las diferentes comissões. B o a p arte do d eb a­
e não co n corrente, d e form a q u e cada u m a te e n tre as três perspectivas aqui considera­
tenha m onopólio sobre a apreciação das m a­ das gira em to rno da seguinte pergunta: que
térias sob sua jurisdição e não haja m atéria interesses de fato prevalecem nesta distribui­
que não seja afim a u m a e apenas u m a ção? O interesse individual de cada congres­
com issão.5 sista, o do plenário, o dos partidos?
C abe às com issões a apreciação em pri­ P ara os distributivistas a resposta é clara
m eira instância d e to d a e q u a lq u er m atéria e inequívoca: os interesses individuais dos
q ue recaia sob su a jurisdição. Assim, as congressistas prevalecem . N a sua visão, ta n ­
comissões têm o p o d er de decidir a so rte da to a intervenção do partido com o do plená­
m aioria das m atérias, pois a elas cabe sele­ rio são p ro form a; em geral, os congressistas
cionar, e n tre um sem -n ú m ero d e proposi­ conseguem o b ter os postos q u e mais d ese­
ções, quais as q u e m erecem ser enviadas a jam , isto é, conseguem ser alocados à comis­
plenário, obviam ente após serem o b jeto de são cuja com petência legislativa mais d ireta­
estudos e ap erfeiçoam ento. A dem ais, as m ente influencia suas chances eleitorais.
comissões não têm p razo fixo p a ra apreciar O estu d o clássico den tro desta perspec­
qualquer m atéria, d o n d e a decisão q u an to tiva é o d e K eneth A. Shepsle, The Giant Jig-
ao destino das m atérias sob sua jurisdição saw Puzzle. D em ocraúc Comm ittee A s-
poder ser detida de form a unilateral. M edi­ sigments in the M o d e m H ouse (1978), que
das a que a com issão se o p õ e n ão alcançam trata d o processo através do qual o Partido
o plenário.6 D em o crata distribui seus m em bros pelas di­
Se é v e rd ad e q u e “ C ongress at w ork is feren tes comissões. E n tre os dados analisa­
C ongress in its com m ittees ro o m s” (na céle­ dos p or Shepsle encontram -se os requeri­
bre frase de W oodrow W ilson), segue q u e a m entos dos congressistas em prim eiro m an ­
sorte eleitoral dos congressistas será decidida d a to ,7 o n d e estes listam as suas preferências
pelo seu trab alh o nestas com issões. O ra, se q u a n to às comissões a integrar. Shepsle veri­
assim é, os congressistas d ev erão p ro cu rar fica q u e a taxa d e aten d im en to às reivindica­
estar nas com issões cuja co m petência políti­ ções apresentadas pelos congressistas é bas­
ca m elhor lhes capacite a a te n d e r os recla­ ta n te elevada. E stu d a, ainda, a relação en tre
m os dos m em bros de seus distritos. U m d e ­ as características ecológicas dos diferentes
putado de um distrito rural p or certo não se distritos e as comissões a q u e pertencem
interessará em fazer p a rte da com issão que seus rep resen tan tes e, por últim o, a relação
trata de problem as re feren tes à rem odelação e n tre o background profissional do congres­
dos grandes cen tro s urb an o s. C om o poderia sista e a com issão da qual é integrante. O
ele garantir desta form a a sua reeleição? L o ­ au to r conclui q u e o processo de distribuição
go, congressistas oriundos d e distritos agríco­ dos congressistas pelas comissões é governa­
las p ro cu rarão integrar a C om issão de A gri­ do pelo q u e ele cham a de “the interest-advo-
cultura e assim p o r diante. cacy-accom odation syndrom e”, ou seja, pelo

10
interesse de cada congressista em estar na housing and social welfare committees;
comissão q u e m elhor ate n d a seus interesses members with military bases and defense
de se reeleger. “M o st m em b ers for m ost o f industries in their districts are found on the
armed services committees; and westerns
their careers are on th e com m ittees they
are disproportionately represented on the
‘w ant’. M ost revealed p references, that is, public works, natural resources, and envi­
are accom m odated — if n o t initially, then ronm ental committees. In short, the geo­
eventually.” (Shepsle, 1978, p. 236). graphic link, forged in the electoral arena,
D ad o este m ecanism o de auto-seleção, is institutionalized in the com m ittee system
as comissões ten d e rã o a te r u m a distribuição of the legislature.” (Shepsle e Weingast,
de preferências bem m ais hom ogênea do 1984, p . 351)
que a q u e se verifica em plenário. A lém do T end o em vista a hom ogeneidade in ter­
que, as d em an d as d e seus m em b ro s por p o ­ na das comissões e seu interesse em aprovar
líticas na á re a sob su a jurisdição ten d e rão a políticas distributivistas q u e aten d am seus
ser m uito superiores àquelas verificadas em eleitores, o conflito distributivista deixa de
plenário. O u seja, cada um a das com issões é ser posto em term os dos congressistas to m a ­
com posta pelos m em b ro s com m aiores dos individualm ente para ser reposto em
interesses em ver políticas distributivistas na term os d e comissões. D ad a esta com posição
área sob su a jurisdição aprovadas. das comissões, a situação p ode ser re p re­
As conclusões d e Shepsle, em realidade, sentada graficam ente (ver Figura 2).
não d estoam de conclusões a q u e chegaram
outros a u to res ao e stu d a r o m esm o tem a a n ­ Figura 2
teriorm ente. O p róprio Shepsle cita as con­ Preferências das Com issões
clusões a q u e chegara R o g e r H . D avidson
em estudo d e 1974:
“If it is true that w ar is too im portant to be
left to generals, it follows equally that it is
unwise to leave agricultural policy to the
farmers, banking regulation to the bankers,
communications policy to the broadcasters,
or environm ental protection to the environ­
mentalists. Yet this is what frequently pas­
ses for ‘representative policy making in the
H ouse.” (apud Shepsle, 1978, p. 247)8

Em artigo m ais recen te, Shepsle, escre­


vendo com W eingast, reafirm a as conclusões
básicas a q u e chegou em seu e stu d o de 1978:
“Most legislators gravitate to the comm it­
tees and subcom m ittees whose jurisdictions
C i = m em bro da Com issão I
are m ore im portant to their geographic
constituencies. As a consequence, comm it­ C2 = m em bro da C om issão II
tees are not collections of legislators repre­
senting diverse views from across the na­
tion or collections of desinterested mem­ N a Figura 2 estão representadas as p re ­
bers who develop objective policy expertise. ferências dos m em bros das C om issões I e II.
Rather, comm ittees and subcom m ittees are V em os q u e os m em bros da Com issão I têm
p o p u lated by leg isla to rs w ho have the preferências (dem andas) extrem adas na di­
highest stake in a given policy jurisdiction,
m ensão política sob a alçada de sua comissão
what we have term ed ‘preference outliers’.
e ap resen tam preferências (dem andas) m o ­
H ence farm -state m em bers of Congress do­
minate the agriculture comm ittees, urban derad as com relação à dim ensão sob a alça­
legislators predom inate on the banking, da da Com issão II. A posição dos m em bros
em II é a oposta. A ssim , p ara q u e a explica­ tação rápida de leis não controversas. R e se r­
ção distributivista se com plete, b asta q u e as vam -se dias especiais p ara a votação em blo­
comissões d eten h a m direitos p arlam en tares co das leis m enores,1 as leis privadas com o
especiais q u e g aran tam q u e sua von tad e p re ­ as de im igração ou aquelas q u e envolvam
valeça sobre a d o plenário. D ito de outra pequenos gastos. U m o u tro expediente utili­
m aneira: p ara perm itir q u e os ganhos de tro ­ zado p ara descongestionar a p au ta é o p ro ­
ca sejam obtidos, o plenário concede p o d e ­ cedim ento conhecido com o suspensão das
res às comissões, de tal form a que, em últi­ norm as (suspension-of-the-rules). E ste expe­
m a análise, a v o n tad e destas venha a ser ra ­ diente é controlado pelo speaker — cargo
tificada pelo plenário. equivalente a Presidente da C âm ara dos D e­
A literatu ra identifica diversas fontes p u tado s no Brasil — e consiste em lim itar
institucionais q u e explicam o p o d e r das significativamente o tem po de debate, excluir
comissões. A p rim eira delas é conhecida co­ a possibilidade de apresentação de em endas
m o o “p o d er de fechar as p o rtas” (gatekee- e, em contrapartida, exigir dois terços dos
ping pow er). O envio de q u alq u er m atéria a votos p ara aprovação.11
plenário d e p en d e de decisão in tern a da As leis m aiores e controversas deveriam
comissão; logo, as com issões p o d em obs­ ser apreciadas pelo plenário na ordem cro ­
truir, fechando suas portas, a tram itação de nológica em que são rem etidas pelas diferen­
m atérias contrárias à sua vontade. P ara en ­ tes comissões. P orém , a despeito dos expe­
tender o p o n to é preciso te r em m en te q u e a dientes citados acima, o nú m ero destas é
passagem das m atérias pelas com issões é excessivo, o q u e implica a incapacidade do
obrigatória. U m a vez introduzida um a m até ­ plenário de estabelecer prioridades. Existe,
ria à apreciação d a Casa, ela é im ed iatam en ­ no entanto, um a comissão especial que, ju s­
te rem etida à com issão com jurisdição sobre tam en te, tem o poder de incluir u m a m atéria
aquela m atéria. A decisão d e q u an d o re m e ­ na pau ta. T rata-se da Com issão de R eso lu ­
tê-la a plenário é d a alçada in tern a da p ró ­ ções (Rules C o m m ittee)}7" D e fato, este aca­
pria comissão. D ito de o u tra m aneira: as ba p o r ser o m étodo pelo qual a m aior p arte
comissões não têm prazo p ara ap reciar a m a ­ das m atérias relevantes é apreciada. E sta
téria. P o r exem plo, se n ão a considerarem com issão a tu a p ropondo resoluções q u e fo r­
relevante, seus m em b ro s podem relegá-la ao çam a inclusão da m atéria na p au ta e, ad e ­
esquecim ento.9 mais, estabelecem as condições p ara a acei­
Q u ando as com issões o p tam p or re m e ­ tação de em endas e o tem po de debate. As
ter um a m atéria a plenário, após, obviam en­ resoluções propostas pela Comissão de R eso­
te, terem trab alh ad o longam ente so b re ela, luções dependem da aprovação do plenário.
adaptando-a aos interesses de seus m e m ­ D e m aneira bastante shnpíifieada, estas
bros, elas contam com garantias de q u e o resoluções podem ser dispostas em um con­
plenário não p o d e rá alte ra r livrem ente suas tínuo q u e vai do im pedim ento à ap resen ta­
propostas. E m especial, a possibilidade d e o ção de em endas à livre aceitação d e em e n ­
plenário vir a alterar a lei escrita pela com is­ das. P ara fins de análise, a literatura tende a
são via em endas é limitada. Logo, a com issão identificar três tipos básicos de resoluções:
tem garantias d e q u e sua v o n tad e e a distri­ (a) resolução fechada (closed rule): o plená­
buição d e benefícios que fez, expressa em sua rio não pode em en d ar o p rojeto d a comis­
versão da lei, serão aprovados em plenário. são, cabendo-lhe apenas aceitar ou rejeitar a
P ara m elhor en ten d im en to d este ponto, lei conform e proposta. T rata-se, obviam ente,
algum as peculiaridades d o C ongresso n orte- da situação mais restritiva à atuação do ple­
am ericano precisam ser explicadas. P ara li­ nário; (b) resolução m odificada (m odified or
dar com o n ú m e ro excessivo de leis a re q u e ­ special rule): o plenário pode em endar a p e ­
rer m anifestação do plenário foram criados nas partes previam ente estabelecidas; (c) re ­
alguns expedientes q u e possibilitassem a v o ­ solução ab erta (open rule): ausência de q u al­

12
qu er restrição à ap resen tação d e em endas com issão em relação à Casa d eterm in a o re ­
em plenário. sultado substantivo das políticas a serem
E stá claro q u e ap en as nos casos (a) e adotadas, pois as comissões são constituídas
(b), as cham adas resoluções restritivas, a por aqueles m em bros com d em an d as extre­
Comissão de R esoluções g aran te vantagens m adas p or políticas na área. A s políticas ad o ­
à comissão, posto q u e nestes casos o plená­ tadas divergem daquelas q u e a m aioria ad o ­
rio não será capaz d e desfazer o u m esm o al­ taria. Isto é, um sistem a descentralizado de
terar significativam ente o p rojeto, ou p arte decisões leva a resultados subótim os. O gas­
dele, elaborado pela com issão. D ito d e o u tra to público a em ergir deste sistem a será
m aneira: sob resolução ab erta a com issão excessivo e não seria a d o tad o pela m aioria se
não tem q u alq u er garantia d e q u e sua versão posto a voto.
da lei não será to talm en te alterad a pelo ple­ E m geral, o argum ento é co m p lem en ta­
nário. P a ra a explicação distributivista, a im ­ do com a identificação d e dois o u tro s atores
portância dos diferentes tipos de resolução tão interessados q u an to os m em b ro s da
está d iretam en te relacionada à qu estão da com issão n o provim ento de políticas distri­
instabilidade das m aiorias. A lim itação à ca­ butivistas e em sua am pliação p a ra lá do ra ­
pacidade d o plenário em en d a r define não zoável: grupos de interesse e agências b u ro ­
apenas q u e as preferências da com issão p re ­ cráticas. N esta versão do argum ento, o elei­
valecerão sobre as do plenário; mais do que torad o é substituído por grupos de interesses
isto, garante a própria estabilidade do p acote ou pelo gru p o politicam ente ativo no distrito.
distributivista a rru m ad o no interior da E stes três ato res se reuniriam nos cham ados
comissão. Maiorias, lem brem os um a vez mais, iron triangles. O u tra s denom inações são
são instáveis, em especial quando se trata de whirlpools, cozy triangles, subgovernments e
dividir o bolo dos benefícios distributivos. subsystems.
Weingast resum e a visão sobre o ponto: Concluím os, assim, a reconstrução das
principais peças do argu m en to distributivista.
“Restrictive rules avoid all-out fights and
As conclusões do m odelo são sintetizadas
restrict the negotiation to the pre-floor sta­
ge. Because they often completely control por M orris Fiorina (1989, p. 122) na seguin­
the m otions allowed in the floor, restrictive te passagem:
rules not only reduce uncertainty (as em p­ “Com m ittee members enjoy the oportunity
hasized by Bach and Sm ith), they greatly to exercise great influence in a particular
enhance the enforcem ent of logrolls and area — given the pattern of comm ittee as-
other bargains. In particular, they limit the sigments, often an area of considerable
ability of another faction from tem pting concern to their districts. The agency recei­
one of the parties of the original bargain to ves support from the committee. The clien­
defect and support a new am endm ent.” tele gains benefits from the program, and
(apud Krehbiel, 1991, p.161) the circle closes when the clientele provides
support for friendly comm ittee members.
E m realidade, com o se vê, na versão
Heterogeneity of interests across districts
distributivista a Casa acaba p or delegar às
and states underpins the system. One
comissões a prerrogativa de legislar na área congressman cares about federal w ater pro­
sob sua jurisdição. Isto p o rq u e, em geral, de jects but not federal workers, while another
acordo com a p resu n ção dos distributivistas, congressmen has the opposite concern.
a Com issão de R esoluções d eterm in a a a p re ­ Both are politically better off if they implicitly
ciação da m aior p a rte dos pro jetos sob reso ­ trade for the right to exert disproportionate in­
fluence in the area of greater concern.”
lução restritiva (fechada ou m odificada). A
intervenção d o plenário é lim itada ao m íni­ V ejam os, n o entanto, até que po n to es­
mo. A au to n o m ia das com issões p a ra legis­ tas conclusões são autorizadas. A Figura 3,
lar na á re a so b sua ju risd iç ã o a c a b a p o r ser tom ada de Krehbiel (1988), nos auxiliará na
absoluta. tarefa de precisar o poder institucional das
Assim, a não represen tativ id ad e da comissões.

13
Figura 3 ocorre com um a proposta partindo da sua
Preferências e o Poder Institucional esquerda. Se o status quo estiver à direita do
das C om issões eleitor m ediano, sua preferência em coalizão
com aqueles à sua esquerda será preferida
- - p - - p ----P ----P ------ P ----P ----------------c - - c ------ c ---- pela m aioria e não se form ará um a m aioria
So Mp Mc capaz de derrotá-la.
Pois m uito bem: na Figura 3 M c e Pc
representam ju stam en te os pontos p referi­
N esta figura tem os rep resen tad as as dos pelo eleitor m ediano da com issão e do
preferências dos m em b ro s d e um a legislatu­ plenário, respectivam ente.
ra com relação a u m a d eterm in ad a questão. N ote-se que, em relação a este últim o,
A letra p rep re se n ta as preferências dos os votos dos m em bros da comissão devem
congressistas n ão -m em b ro s da comissão, ser levados em conta. Sabem os, assim, que
m em bros ap en as d o plenário, de o n d e o p. A se a decisão dependesse da vontade unilate­
letra c rep resen ta as p referências dos m em ­ ral da comissão, o ponto M c seria o esco­
bros da com issão. S o rep re se n ta o status quo, lhido. D e o u tra form a, não havendo q u al­
isto é, o posicionam ento da lei atu alm en te q u er poder institucional das comissões, M p
em vigor. O s significados de M c e M p serão será o p o n to escolhido. C onsiderem os, ini­
explicados abaixo. cialm ente, as situações em que o plenário
A análise da figura baseia-se em algu­ aprecia a lei sem poder em endá-la (resolu­
mas simplificações q u a n to às preferências in­ ção fechada). As situações possíveis podem
dividuais. E m prim eiro lugar, indivíduos vo­ ser definidas a partir da locali^ição d e três
tam tendo p o r referência única e exclusiva­ pontos: a posição do eleitor m ediano da
m ente suas preferências na área em q uestão, comissão (C m ), a do eleitor m ediano d o p le­
isto é, in d ep en d e n tem en te de suas p referên ­ nário (P m ) e a do status quo (5o). A s pos­
cias em o u tras áreas; votos em q u estõ es rela­ sibilidades são as seguintes:
tivas à educação pública não envolvem consi­ a) So e n tre P m e Cm. O plenário sem ­
derações e possíveis b arganhas sobre política pre preferirá S o à posição preferida pela
energética. 3 U m a sim plificação adicional comissão. Logo, a comissão não tem com o
diz respeito à consistência in tern a das p re fe ­ m elhorar a sua situação enviando a lei à
rências individuais: à m edida q u e nos afasta­ apreciação do plenário. Q ualquer lei relata­
m os do po n to preferid o pelo indivíduo, a da pela comissão será d erro tad a pelo status
preferência d este p or aq u ela opção cai m o- q u o , posto que este está mais próxim o da
notonicam ente d e form a sim étrica em a m ­ vontade d e. Pm que C m . A comissão não tem
bas as direções.14 possibilidades de explorar estrategicam en­
U m a vez feitas estas simplificações te 16 o seu m onopólio de relatar as leis. O
quanto às preferências individuais, pode-se mais próximo de sua preferência q u e pode
aplicar o T eo rem a d o E leito r M ediano p ara o b ter é o p o n to So. D onde a comissão p refe­
saber qual o resu ltad o das decisões coleti­ re “fechar as p o rtas”, não relatando a lei.
vas.15 S egundo este teo rem a, a decisão social b) Se, no entanto, é a comissão que se
corresponderá ao p o n to preferid o pelo elei­ encontra na posição interm ediária, então es­
tor m ediano. É fácil e n te n d e r p o r quê. O ta pode votar sinceram ente e sua posição
eleitor m ediano, p o r definição, divide a p o ­ d erro ta So, pois o plenário p refere Cm a So.
pulação em d u as m etad es iguais, u m a à sua N esta situação, a comissão vê a sua vontade
direita e o u tra à su a esq u erd a. Assim, q u al­ prevalecer sobre a do plenário, feita a res­
quer proposta q u e a te n d a às preferências de salva de q u e o plenário está em m elhor situa­
alguém à sua d ireita será d e rro ta d a pela ção após a aprovação da nova lei do que a n ­
maioria form ada pelo eleitor m ediano e tes. A penas o plenário preferiria um m ovi­
aqueles q u e estão à su a esq u erd a. O inverso m en to de afastam ento mais radical d e So.

14
c) A situação é mais com plicada q u an d o Fiorina na passagem citada. Ainda seguindo
Pm ocupa a posição central. A s distâncias as form ulações de Krehbicl, qualifiquem os
| Cm — Pm | e |P m — So \ d ete rm in a rã o o de form a mais precisa este poder. Krehbicl
resultado em plenário. Se o prim eiro term o é distingue o p o d er positivo e negativo das
m enor q u e o segundo, a com issão não tem comissões. O p o d er será positivo quando
qualquer problem a: ela relatará C m e esta perm itir à comissão alterar a política de acor­
posição d e rro ta So. N este caso, a com issão do com suas preferências e em direção con­
vota sinceram ente. Se o inverso o co rrer, So trária à preferência d o plenário. Será negati­
mais próxim o d e P m q u e C m d e P m , a vo q u an d o a comissão pode frustrar a v onta­
comissão p o d erá re la ta r a lei colocando-a es­ de da m aioria m antendo o status quo ou mi­
trategicam ente, isto é, a com issão é capaz de tigando a alteração desejada pela maioria. O
m anipular a distância e n tre a lei q u e relata, q u e a análise acim a revela é q u e em nenhum
digam os Ce, e P m , o nde Ce é a p referência caso o p o d er da comissão pode ser cham ado
estratégica da com issão. P ela disposição das de positivo. M esm o na condição (c) acima,
preferências a com issão p refere P m a So, q u an d o a com issão altera o status quo ao en­
m as prefere trazer o resu ltad o final tão p ró ­ viar um pro jeto estrategicam ente concebido,
ximo q u an to possível d e C m e será d esta for­ a m udança se faz no sentido preferido pela
ma q u e escolherá Ce, isto é, um a versão da maioria.
lei que seja m ais atrativ a ao plenário do que A análise d e K rehbiel desferiu forte gol­
So ao m esm o tem p o q u e a desloca p a ra tão pe nas p retensões dos distributivistas, um a
perto q u an to possível da su a v erd ad eira p re­ vez q u e d em onstrou form alm ente q u e a ca­
ferência, Cm. F o rm alm en te, se pacidade de as comissões fazerem valer seus
interesses distributivistas na área sob sua al­
P m — So = X , çada, se real, não tem bases institucionais. O
p o d er institucional das comissões é basica­
então Ce estará colocado a X - £ à direita de m en te negativo, um poder de veto, de enga-
So, onde £ é tã o p e q u e n o q u an to possível. v etam en to das propostas contrárias às suas
preferências. D ito de o u tra m aneira, a exis­
Q u an d o a lei é apreciada em plenário tência de bases institucionais do p o d er das
sob resolução a b e rta , isto é, q u an d o o p le n á ­ com issões fica no aguardo de dem onstração
rio não tem a su a capacidade d e em e n d a r li­ mais com pleta. P or certo, os distributivistas
m itada, tu d o o q u e a com issão pode fazer é não abandonaram a liça, ap resen tan d o novos
obstruir a tram itação d e leis, ou seja, fechar m odelos q u e procuram dem o n strar a exis­
as portas. Pois, se a com issão relatar leis em tência de um p o d er positivo das comissões.
desacordo com a v o n tad e d o m in an te em ple­ E n tre estes, dois se destacam e m erecem co­
nário, este pode, via em endas, torná-las com ­ m entários: os m odelos propostos p or Sheps-
patíveis com suas preferências. Q u a n d o o le e W eingast (1987a) e p o r B aron e Fere-
eleitor m ediano da com issão p refere o statiis jo h n (1989a e 1989b).
quo à posição d o eleitor m ed ian o em plená­ Sem dúvida, o m odelo ap resen tad o por
rio, a com issão estará m elh o r o b stru in d o a Shepsle e W eingast é o mais festejado e acei­
tram itação d o pro jeto . M an tid o o m o d elo es­ to destes. O artigo tem o sugestivo n om e de
pacial, esta condição p o d e ser escrita da se­ “T he Institutional F oundations o f C om m it-
guinte form a: tee P ow er”. A introdução e m otivação do a r­
tigo seguem as conclusões de K rehbiel já
| Cm — So | < | Cm — P m \ apresentadas: o poder de “fechar as p o rtas”
ou de p ropor toda e q ualquer legislação a ser
E stá visto, en tão , q u e as com issões têm apreciada pelo plenário não é suficiente para
um poder institucional, m as um p o d er não caracterizar o p o d er positivo das comissões.
tão am plo com o aq u ele vislum brado por O s a u to res consideram , e rejeitam , um a ex­

15
plicação alternativa: a d e q u e o p o d er das ciação do Senado que, ao aprová-la, pode
comissões basear-se-ia na deferência recip ro ­ modificá-la. Se o fizer, terem os com o resul­
ca dos m em b ro s das com issões q u an d o tad o duas versões diversas para a m esm a lei.
a tuand o em plenário, um aco rd o co o p erati­ P ara chegar a um a versão única, form a-se a
vo au to -su sten tad o , em q u e m em b ro s da Com issão de Conferência, onde m em bros
comissão A aprovam os p rojetos da com is­ das duas Casas têm assento. O objetivo desta
são B ag u ard an d o q u e os m em bros de B fa­ comissão é ju stam en te o de chegar a um a
çam o m esm o p o sterio rm en te, q u an d o um versão única da lei.18
projeto da com issão A vir a ser apreciado. O aspecto centra! que garante um resul­
O s au to res n o tam que, ainda q u e seja pos­ tado favorável às comissões advém do crité­
sível arg u m e n ta r a favor d e estratégias de rio utilizado para preenchim ento dos postos
cooperação deste tipo, com o, por exem plo, na Com issão de Conferência. Segundo
aquelas d etec tad as p o r A xelrod, estas seriam Shepsle e W eingast (1987a), esta é form ada,
necessariam ente instáveis, pela ausência de basicam ente, por m em bros da com issão que
m ecanism os efetivos de punição p ara as apreciou a lei em prim eira instância. D onde
ações não-cooperativas. A dem ais, se for esta q ualquer alteração da lei em plenário seria
a fonte do p o d er das com issões, n ão se p o d e ­ irrelevante, pois os m em bros da comissão te ­
rá cham á-la p ro p riam e n te de institucional. riam com o revertê-la no terceiro estágio da
Os au to res a rg u m en tam q u e ap en as a exis­ tram itação da lei. E m realidade, o plenário
tência de um p o d er institucionalm ente defi­ sabe de sua irrelevância e, antecipando sua
nido pode g aran tir a estabilidade do poder derro ta futura, pouco modifica as leis o riun­
em piricam ente observável das comissões. E das das comissões. A antecipação da ação
é este p o d er institucional cuja existência eles provável da Com issão de C onferência reduz
procurarão d em o n stra r form alm ente. a atuação do plenário, e, assim, m esm o que
O m odelo q u e p ro p õ em considera, de esta não venha a ser form ada — se a lei
form a estilizada é claro, a tram itação de u m a aprovada pelo Senado não modifica a lei
m atéria na C asa dos R e p re se n ta n te s norte- aprovada pela C âm ara — , a vontade da
am ericana. E m sua tram itação a m atéria comissão prevalece. A antecipação da pos­
passaria p or q u a tro estágios básicos: (a) u m a sível ação da Com issão de Conferência é su ­
comissão elabora e envia a lei a plenário; (b) ficiente para garantir o resultado.
o plenário aprecia a lei e, n este m odelo, p ode O m odelo baseia-se na prem issa de que
fazê-lo sob resolução aberta; (c) após ser a passagem pela Comissão de C onferência é
considerada e m odificada pelo Senado, for- a única form a através da qual as desavenças
m a-se a C om issão d e C onferência (C onfe- en tre as duas Casas podem ser resolvidas.
rence C om m ittee) p ara a d e q u a r as duas v e r­ E m realidade, neste m odelo, com o em vários
sões da lei e, p or últim o, (d) a lei é votada outros apresentados pelos distributivistas, as
pelo plenário sob resolução fechada.17 Se­ norm as e regras pelas quais a Casa o pera são
gundo os auto res, a existência da C om issão tom adas com o exógenas. D ito d e o u tra m a­
de C onferência e o fato de a apreciação dos neira: a C asa nunca escolhe as regras sob as
trabalhos desta pelo plenário se d ar sob re so ­ quais vai decidir as m atérias. T am pouco se
lução fechada estabelecem o p o d er institu­ pergunta p o r q u e a Casa adotaria este tipo
cional das com issões. V ejam o s p o r quê. de regra. As regras são dadas e fixas.
A ntes de m ais nada, p orém , cabe expli­ As prem issas básicas do m odelo foram
car a própria existência da C om issão de C o n ­ contestadas em piricam ente p or Krehbiel
ferência. S endo o P o d e r Legislativo n orte- ( 1987b). E ste notou, prim eiro, q u e as regras
am ericano bicam eral, existe a possibilidade da Casa não estabelecem que m em bros da
de que sejam aprovadas duas versões dife­ comissão terão assento privilegiado na
rentes da m esm a lei; u m a lei iniciada e a p ro ­ Com issão de Conferência. Elas garantem as­
vada na Casa dos R e p re sen tan te s vai à a p re ­ sento aos m em bros da m aioria a aprovar a

16
lei. P o rtan to , se o plenário m odificar a lei, os altera radicalm ente a estru tu ra do conflito
responsáveis p o r esta m odificação te rã o lu ­ distributivista. E fácil perceb er q u e h á um a
gar na C om issão de C onferência. O a u to r atração m aior p or chegar a um acordo rapi­
observou ainda q u e existem in ú m eras alter­ d am en te, pois postergar o acordo im põe cus­
nativas institucionais à C om issão d e C onfe­ tos q u e am bas as partes p retendem evitar. O
rência e q u e estas alternativas são usadas m odelo é bilateral, isto é, envolve basica­
com algum a freq ü ên cia.19 m ente dois atores, um q u e tem a p rer­
O m odelo p ro p o sto p o r Shepsle e rogativa d e fazer a prim eira oferta — o direi­
W eingast a b an d o n a a d em o n stração mais to d e proposição — e um o u tro q u e acata,
tradicional e n tre os distributivistas, q u e ten ­ altera ou rejeita a proposta feita. Sob resolu­
de a identificar o p o d er institucional das ção fechada, ao a to r a quem cabe agir em se­
comissões com o seu co n tro le sobre os e stá ­ gundo lugar só resta aceitar ou rejeitar a
gios iniciais d a tram itação. N este m odelo, o proposta feita. Sob resolução aberta, as o p ­
p o d er das com issões reside no controle que ções ab ertas são mais complexas: o segundo
elas detêm so b re o estágio final d a tra m ita ­ ato r p o d e aceitar a proposta, não apresen­
ção das m atérias. B aron e F erejo h n re to r­ tando em endas e subm etendo-a a voto, ou
nam ao m odelo m ais tradicional. N o m odelo pode oferecer u m a em enda, isto é, su b m eter
que pro p õ em , as com issões têm p o d eres d e­ à apreciação do plenário um a divisão a lter­
rivados de seu controle sobre a proposição nativa dos benefícios. A em enda, p o r seu
de m atérias. O tra ta m e n to q u e dispensam , tu rno, será o bjeto da m esm a decisão de que
no en tan to , é a b so lu tam en te original, a b rin ­ foi objeto a prop osta inicial. A rejeição, no
do novas e prom issoras perspectivas p ara a caso da resolução fechada, e a consideração
análise da atividade legislativa m ed ian te o de um a em enda sob resolução a b erta impli­
uso da teoria dos jogos. P o r esta razão, faço cam adiar a decisão por um a legislatura, e n ­
u m a exposição um p ouco mais d etalh ad a do volvendo, assim, custos para todos.
m odelo q u e propõem . Q u an to à resolução fechada, o d eten to r
C om o em todos os m odelos d istributi­ do direito de proposição pode distribuir b e­
vistas, o problem a básico p o sto é o d e dividir nefícios de form a a ob ter o apoio do núm ero
u m a certa u n id ad e de benefícios e n tre os n de m em bros estritam ente necessário p ara a
21
m em bros da legislatura. N o en tan to , B aron aprovação de sua proposta. Se o n úm ero
e F erejohn form alizam o conflito distributi- de m em bros da legislatura for ím par, e con­
vista n o interior dos cham ados m odelos de siderando o voto do propositor, tem os que
barganha bilateral, o n d e os ato res a p re se n ­ ele só precisa distribuir benefícios p ara (n - 1)
tam um a certa “im paciência”, isto é, p refe­ / 2 m em bros. Os restantes n / 2 podem ser
rem um a certa q u an tia hoje à m esm a q u a n ­ deixados sem qualquer ganho. V ê-se, assim,
tia am anhã. N os m odelos econôm icos, a “im ­ q u e os benefícios a serem distribuídos não
paciência” expressa a usual p referência te m ­ precisam ser m uito grandes, posto q u e o be­
poral, posto q u e o dinheiro ganho hoje pode neficiado deve com parar o q u e lhe é o ferta­
ser aplicado e valerá m ais am an h ã. N o con­ do com o q u e poderia ganhar na próxim a ro ­
texto político, m ais especificam ente, p en sa n ­ dada.
do em congressistas, a “im paciência” pode Im agine um a legislatura onde n = 3 e o s
ser relacionada âs necessidades eleitorais: m em bros são altam ente “pacientes”, isto é,
dado q u e se reeleg er é u m a função dos b e ­ não descontam o futuro. Cada m em bro tem
nefícios distribuídos a seu distrito, postergar igual probabilidade de ser reconhecido como
decisões a carreta p erd as eleitorais aos o propositor da divisão da unidade de benefí­
congressistas. Suas chances d e reeleição se­ cio. Assim, aq u ele que faz a proposta pode
rão m aiores se o benefício for distribuído a n ­ oferecer 1/3 dos benefícios a um m em bro
tes da eleição. m 2 e zero a m s. O s restantes 2/3 p o d em ficar
A simples in tro d u ção da “im paciência” com o propositor. O 1/3 dos benefícios con-

17
feridos a m2 é suficente para o b te r seu v o to a proposta é apreciada sob resolução aberta.
favorável à pro p o sta, e esta, assim, se vê A complicação advém do fato d e aq u ele que
aprovada pela m aioria da legislatura. Se os faz a prim eira proposição p o d er decidir as
congressistas são “im pacientes” e descontam chances d e aprovação de sua proposta. Se
o futuro a d ao ano, onde 0 < = d < = 1, tem os ele p reten d er abocanhar a unidade d o b en e ­
como solução ô / 3 para ni2 e 1 - (d/3) para o fício, ele p o d e estar certo q u e sua propsta se ­
propositor. Vê-se, assim, que os ganhos do rá em endada. E m realidade, se n ão distribuir
propositor crescem com a “impaciência” dos benefícios a pelo m enos (n - 1) / 2 m em bros,
congressistas, isto é, com as perdas decorrentes o propositor pode estar certo d e não ter sua
da ausência de acordo. proposta aprovada p or m aioria. D e o u tro la­
D e m aneira m ais genérica: se a legisla­ do, se distribuir os benefícios igualm ente p or
tu ra é com posta p o r n m em bros, 0 resu lta­ todos os m em bros, ele estará certo de ter
do, q u an d o não h ouver im paciência, é o se ­ sua proposta aprovada. Isto é, aq u ele que
guinte: o p ro p o sito r o b tém o voto favorável faz a proposta inicial pode escolher um n ú ­
de (n - 1) / 2 m em b ro s oferecen d o um a p a r­ m ero k de m em bros a quem distribui benefí­
cela dos benefícios igual a 1 / n p ara cada um cios, o nde (n - 1) / 2 < k < n -1 . A escolha de
deles, reten d o p ara si o restan te , nada m enos k determ ina a probabilidade de aprovação
que 1 - (n - 1 ) / 2n. P a ra u m a legislatura de
de sua proposta inicial p o rq u e os restantes
500 m em bros, o p ro p o sito r p o d erá ficar com
( n - 1 ) m em bros da legislatura têm iguais
50,1% dos benefícios. D e fato, se deixam os n
chances d e serem selecionados p ara decidir a
tender ao infinito, os ganhos d o p ro positor
sorte de sua proposta.
aproxim am -se de 50 % .22 Se se desconta o
E m b o ra o u tro s p arâm etro s sejam im ­
futuro tem os o seguinte resultado:
portantes, em especial o valor de ô e o ta m a ­
(n - 1) / 2 m em bros recebem , cada um , d/n
nho da legislatura, 0 apresentado basta para
da unidade de benefício e o propositor fica
afirm ar q u e , em geral, re so lu ção a b e rta
com 1 - d (n - 1) / 2n do total. O s ganhos do
g a ra n te u m a distrib u ição m ais universalis-
propositor a u m en tam com a im paciência.
ta dos benefícios — d ificilm ente k será
P ara concluir, o propositor, sob resolu­
igual a (n - 1 ) / 2. A inda assim, o propositor
ção fechada, fica com a p a rte do leão. Seus
pode garantir p ara si m aiores ganhos, o que
ganhos estarão sem p re e n tre 1/3 e 1/2 do to ­
depende da diferença entre k e n - l .23 No
tal dos benefícios. O s a u to re s d em onstram ,
entanto, u m a vez q u e a escolha de k envolve
ainda, q u e se o p o d er d e fechar as p o rtas é
riscos, sob resolução aberta sem pre há a pos­
adicionado ao m onopólio d a proposição e s­
sibilidade d e q u e a m atéria não venha a ser
tes ganhos serão m aiores, ten d en d o à u nida­
aprovada. Assim, q u an to mais se aproxim ar
de. A existência do p o d er d e fechar as portas
neste m odelo implica u m a alteração da regra de zero, m aiores os riscos de apreciação sob
através da qual se decide quem te rá o direito resolução aberta.
de fazer a p rim eira divisão. Se este direito Os au to res concluem q u e este risco é
couber sem p re à m esm a pessoa, a expectati­ suficiente para induzir a legislatura a operar
va de ganhos fu tu ro s dos o u tro s m em bros sob resolução fechada. E sta conclusão segue
cai quase a zero e o p ro p o sito r estará em do preceito distributivista segundo o qual o
condições de explorar esta situação. B asta m aior problem a q u e os congressistas en fren ­
um a parcela ínfim a d e benefícios p ara in d u ­ tam é o de assegurar para seus eleitores ga­
zir os não au to rizad o s a iniciar a m atéria a nhos distributivos e para si, desta form a, a
aprovar a distribuição oferecida. Eles não reeleição. Assim, a impaciência dos congres­
têm por q u e e sp erar m aiores ganhos no fu ­ sistas pode ser assum ida com o alta, posto
turo e aprovam a distribuição proposta. q u e da distribuição d e benefícios depende
A situação estratégica e a análise, p o r sua reeleição. P ostergar a decisão p or um a
decorrência, se com plicam so b rem an eira se legislatura pode ser fatal. O congressista po-

18
de não estar em p lenário q u a n d o a distribui­ zou-se com o um dos pioneiros do m ovim en­
ção voltar a ser considerada. to dos Institucionalistas, sendo responsável
Concluím os, assim, a revisão dos princi­ p or algum as das contribuições m ais im por­
pais m odelos ap rese n tad o s pela versão distri- tan tes para a análise form al da relação en tre
butivista. O apelo desta versão vem de sua comissões e plenário. E m b o ra seu trabalho
simplicidade: congressistas q u e rem se ree le ­ n unca fosse to talm ente afinado com a versão
ger e p a ra isto precisam c o n te n ta r suas clien­ distributivista, sua crítica pode ser tom ada
telas. A organização interna d o congresso p or um a dissidência interna no interior do
propicia o aten d im e n to d este interesse: as m ovim ento. Dissidência com andada por
comissões têm m onopólio de proposição em um a das figuras mais ilustres do m ovim ento.
sua jurisdição e são co m p o stas p o r m em b ro s D e o u tro lado, seu trabalho lança p o n ­
cuja sorte eleitoral m ais d ire tam e n te d e p e n ­ tes com um a o u tra perspectiva analítica bas­
d e da provisão d e benefícios d e cunho clien- ta n te enraizada, qual seja, a perspectiva o r­
telista nesta jurisdição. E vitando a instabili­ ganizacional q u e tem em N elson Polsby e Jo-
dade in eren te às m aiorias em situações co n ­ seph C ooper seus m aiores expoentes. Isto é,
flituosas, p o d eres legislativos especiais são con q u an to o p ere no interior do Novo Insti­
transferidos às com issões, de tal so rte que tucionalism o, o trabalho de K rehbiel perm ite
barganhas são consum adas no interior destas recuperar um a tradição de estudos legislati­
e não em p lenário.24 A conclusão q u e segue vos q u e fora relegada ao esquecim ento com
é óbvia: um governo cujo tam an h o excede o a ascensão do N ovo Institucionalism o.
nível ótim o. N o m ercado, um sistem a d es­ P or certo, a justificativa m aior p ara ex­
centralizado d e decisão, em que, cada indiví­ por a perspectiva inform acionai advém da
d u o persegue seu interesse individual, leva
qualidade deste trabalho. A perspectiva in­
ao bem com um . O m esm o n ã o o co rre no
form acionai se constrói em diálogo direto
m undo político: o interesse individual conspi­
com a versão distributivista. Cada um a das
ra contra o bem com um . E m u m a palavra:
perspectivas p arte de prem issas próprias, fa­
na política, a ação individual racional leva a
cilm ente identificáveis; no diálogo e n tre elas
resultados coletivos irracionais.
o deb ate teórico ocupa posição de destaque.
A dem ais, u m ou tro aspecto im p o rtan te des­
A Versão Informacionai te d eb ate se dá no cam po da verificação e m ­
M uito provavelm ente, é u m exagero fa­ pírica. C ada u m a das teoria§ leva a predições
lar em um a versão inform acionai do N ovo particulares q u an to a determ inados aspectos
Institucionalism o e confrontá-la com a v e r­ com o a com posição das comissões e suas
são distributivista, com o se am bas se en co n ­ prerrogativas legislativas. O u seja, a resolu­
trassem em estágio d e desenvolvim ento sim i­ ção do conflito e n tre as teorias p erm ite o re ­
lar. O m ais co rre to talvez fosse falar do curso ao teste empírico.
trabalho re cen te d e K eith K rehbiel. N ão há, D o ponto de vista teórico, a perspectiva
por certo, u m a m assa d e trab alh os e d e a u to ­ inform acionai com eça por afirm ar su a fideli­
res com parável à q u e se verifica no interior d ade a dois postulados fundam entais da o r­
da versão distributivista. O q u e tem o s são al­ ganização legislativa: o do prim ado da deci­
guns poucos artigos assinados pelo próprio são m ajoritária e o da incerteza q u a n to aos
K rehbiel, em co-autoria com T h o m a s Gilli- resultados das políticas adotadas. Pelo já ex­
gan, além do seu livro Inform ation a n d L e ­ posto, percebe-se que estes dois postulados
gislative Organization (1991). A dem ais, a não se coadunam com a explicação distribu­
responsabilidade p o r colocar a perspectiva tivista. V ejam os em detalhe o significado
inform acionai em co n traste com a distrib u ti­ destes dois postulados e suas implicações.
vista deve-se ao p ró p rio K rehbiel. O postulado m ajoritário estabelece que
N o en tan to , este d e staq u e a o trabalho as escolhas feitas pela legislatura devem , em
de K rehbiel se justifica. K rehbiel notabili­ últim a análise, ser escolhas feitas pela m aio­

19
ria de seus m em bros. M ais im p o rtan te, o a da maioria. A com posição das com issões é
postulado aplica-se aos dois dom ínios de üm p o n to em tela. S egundo a versão distri­
escolhas em q u e o P o d e r Legislativo opera: butivista, as comissões são com postas a p a r­
tanto ao v o tar leis com o ao escolher as re ­ tir de um processo d e auto-seleção em que
gras e p rocedim entos a o rd e n a r seus tra b a ­ os partidos e o plenário abrem m ão de suas
lhos. prerrogativas. P ara Krehbiel, a fidelidade ao
A validade do p o stu lad o p ara am bos os postulado m ajoritário decorre do fato de que
dom ínios é estabelecida a p a rtir d e um racio­ as listas partidárias devem ser votadas e
cínio simples. A C onstituição estabelece que aprovadas pelo plenário. E m últim a instân­
as decisões d o P o d e r Legislativo o bedecerão cia, a m aioria é quem decide. O m esm o
à regra da m aioria. E stab elece tam b ém que o co rre com as resoluções pro p o stas pela
o Legislativo disporá so b re as regras internas C om issão de Resoluções: estas só têm vali­
de seu funcionam ento. As decisões q u an to d ade q u an d o aprovadas pela m aioria em ple­
às regras procedurais, p o rtan to , devem o b e­ nário. Assim com o p ara o caso da distribui­
decer ao princípio da m aioria. Assim, ao m e­ ção dos m em bros pelas comissões, a versão
nos em princípio, tod as as decisões internas distributivista considera tal aprovação m e ra ­
da Casa, sejam substantivas ou procedurais, m ente pro fo rm a .
têm por base a v o n tad e da m aioria. A disputa e n tre as duas versões acaba
A im plicação d este p o stu lad o é m elhor p o r se resum ir a saber q u ão im p o rtan te são
com preendida to m an d o p o r referência al­ estas referências à vontade da m aioria e o
guns aspectos procedurais e seus efeitos so ­ q u a n to elas acabam p or influenciar as deci­
bre as decisões refere n tes a políticas públicas sões substantivas tom adas pela Casa. C on­
substantivas. T o m em o s o p o d er das com is­ q u a n to reconheça q u e na m aioria dos casos
sões de m a n te r as p o rtas fechadas com o a referência à vontade da m aioria é re m o ­
exemplo. Se este p o d er for efetivo, tem os ta ,26 a prem issa a partir da qual Krehbiel
um a decisão p ro ced u ral q u e n ão o b ed ece à (1991, p. 16) estru tu ra sua análise é clara:
regra da m aioria. U m a m inoria, a comissão, “Majorities determ ine policy choice and
pode im por à m aioria a su a escolha d e políti­ procedural choice, and no choice of the lat-
ca pública. Se assim for, o postu lad o m ajori­ ter can undermine the fundamental princi­
tário estará desm entido. K rehbiel n o ta q u e o pie of majoritarianism in democratic, co-
poder das m inorias de fechar as p o rtas não llective choice institutions.”
pode se op o r à v o n tad e da m aioria: a m aio ­ No argum ento desenvolvido por Krehbiel,
ria tem recursos co n tra a decisão da com is­ o postulado m ajoritário funciona de u m a
são de fechar a p o rta, o ch am ad o procedi­ form a negativa e positiva. E m sua form a n e ­
m ento de retirada (discharge procedure). gativa ele é usado para problem atizar a expli­
Com a assinatura d a m aioria dos m em bros cação distributivista. Se o resultado de um
da C asa é possível a p re se n ta r um re q u e ri­ processo decisório coletivo é contrário aos
m ento pedindo a retira d a da m atéria da interesses da m aioria e esta detém poderes
comissão; se o req u erim en to for aprovado q u e lhe perm item reverter o resultado, por
pela m aioria, q u alq u er um dos signatários q u e não o faz? D ito de o u tra m aneira, há al­
pode a p resen tar novo re q u erim en to solici­ go de incoerente na base da explicação distri­
tando a ajpreciação im ediata da m atéria pelo butivista, um a vez q u e ela se baseia em um a
plenário. delegação irrestrita dos poderes da m aioria
V ista d este ângulo, é possível perceb er às m inorias encasteladas nas comissões. O
o qu an to a explicação distributivista se baseia problem a está em q u e o resultado deste
na prem issa de q u e alguns procedim entos processo é contrário à vontade da maioria.
não-m ajoritários viciam a escolha de políticas Se é assim, p o r q u e a m aioria não altera a o r­
substantivas, de tal so rte q u e elas acabam ganização interna da C asa?
por rep resen tar a v o n tad e d e m inorias e não Colocado de o u tro m odo: dada a refe­

20
rência úãltim a ao princípio d a m aioria, tra ta r rantir q u e as decisões sejam tom adas com
as institiuições com o ex o g en am en te d eterm i­ base na utilização da m aior q u antidade pos­
n adas, «como fazem os distributivistas, deixa sível de inform ação. E m tese, todos os
de ser leegítimo. As regras a regular as deci­ congressistas se beneficiam se o nível de in­
sões n o interior da legislatura são frutos da form ação for m aior e, conseqüentem ente, a
decisão m ajoritária d e seu s m em bros e, co­ incerteza q u an to aos resultados da política
m o tal, i devem ser ligadas às suas p referên ­ ad o tad a for dim inuída. Se congressistas têm
cias. Senndo direto: p or q u e o plenário optaria aversão a riscos (preferem ganhos certos a
por am aa rrar as suas m ãos ap recian d o m até ­ incertos, ainda que estes possam ser m aio­
rias so b i resoluções restritivas? res), eles terão interesse em reduzir a incer­
O {postulado m ajoritário, em seu lado teza q u e cerca a adoção de políticas. A re d u ­
positivo,, perm ite a K rehbiel tra ta r a legisla­ ção da incerteza é, assim, um bem coletivo.
tu ra corm o um a to r único, d o ta d o de um úni­ R econhecer o fato de q u e a redução da
co in te re ss e . K rehbiel tra ta a v o n tad e da le- incerteza é um bem coletivo não é o m esm o
gislaturai com o co rresp o n d en d o à v o n tad e de q u e afirm ar que não há problem a q u an to à
seu eleiütor m ediano. C om o já vimos, este escolha institucional. A assim etria de infor­
teo rem a aplica-se q u a n d o o espaço decisó­ m ações implica a existência de espaço para o
rio é untidim ensional e as preferências têm uso estratégico desta inform ação. Indivíduos
um únioco p o n to m áxim o. N este sentido, racionais, com suas preferências particulares,
K rehbiell escapa d o p ro b lem a da instabilida­ podem o p tar por não fazer públicas as infor­
de ineresnte às m aiorias. A o m esm o tem po, m ações d e q u e dispõem . D ecisões q u an to ao
tal operaaçâo to rn a legítim o falar no interesse desenho institucional influenciam esta dispo­
da leg islatu ra, no singular, posto q u e esta sição. Isto é, instituições serão tan to mais efi­
opera p o r m aioria e o resu ltad o da decisão cientes q u an to mais induzirem os portadores
por m a io ria co rresp o n d e à v o n tad e do elei­ de inform ações a torná-las públicas. P ara
tor m e d ia n o .27 tanto, deve ser de seu interesse particular fa­
O se g u n d o postulado, o da incerteza zê-lo. A dem ais, deve ser do interesse particu­
q u an to aios resultados das políticas, tam bém lar do congressista acum ular conhecim entos
serve paira diferenciar a perspectiva inform a- em u m a determ inada área, isto é, tornar-se
cional d a distributivista. P a ra os distributivis­ um especialista.
tas, p a rla m e n ta re s sem p re sab em com certe­ N este sentido, é possível identificar um a
za quais os resu ltad o s das políticas q u e ad o ­ diferença norm ativa substancial e n tre a pers­
tam . N ã o há incertezas. T o d o s os d ep u tad o s pectiva inform acional e a distributivista. P ara
são ig u alm en te capazes d e discrim inar com esta últim a,’ o ponto de referência para a
absoluta correção quais os dividendos eleito­ avaliação dos trabalhos legislativos é u m ní­
rais d e su a s decisões. P a ra a perspectiva in- vel ideal (eficiente) de intervenção do gover­
form acional, congressistas decidem sem sa­ no na econom ia. A organização ótim a do
ber ao c e rto quais serão os resultados das Congresso seria aquela q u e coibisse o desejo
políticas q u e aprovam . O p o n to d e p artida é dos congressistas de oferecer mais e mais p o ­
o de q u e a inform ação é distribuída d e form a líticas clientelistas p ara seus eleitores. D o
assimétrica entre os m em bros da Casa, isto é, p o n to de vista dos parlam entares e seus
alguns m em bros têm m aiores conhecim entos interesses eleitorais, a organização não p o d e­
que os o u tro s acerca dos efeitos das políticas ria ser mais adequada. O u seja, o interesse
em d eterm in ad as áreas. público e o dos congressistas não coincidem.
Assim , se p ara a perspectiva distributi­ Já para a perspectiva inform acional, o ponto
vista as instituições são vistas en q u a n to um a de referência é a redução da incerteza ou, o
form a d e g arantir q u e os ganhos da troca q u e é o m esm o dito de o u tra form a, garantir
possam se r auferidos, p ara a perspectiva in- q u e decisões sejam tom adas com base no
form acional o problem a passa a ser o de ga­ m aior volum e de inform ação disponível, as-

21
segurando, assim, q u e os ganhos advindos da de o u tra m aneira: se um a m aior especializa­
m aior especialização d e seus m em b ro s sejam ção de seus m em bros pode rep resen tar um
realizados. E m u m a palavra: u m a organiza­ ganho p ara a Casa, pode tam bém rep re­
ção será dita eficiente se for capaz d e estim u ­ sen tar um risco. Especialistas ten tarão reser­
lar e retribuir a especialização. var para si todos os ganhos resultantes desta
A d espeito de serem ap resen tad as fo r­ especialização. Os interesses dos especialis­
m alm ente e do recurso à teoria dos jogos, as tas, em geral, estarão em desacordo com os
idéias subjacentes à perspectiva inform acio- da maioria.
nal apresen tad a p o r K rehbiel estão longe de D esta form a, o q u e a versão distributi­
ser originais.28 E m boa m edida, K rehbiel re ­ vista vê com o a razão de ser d o sistem a de
cupera m u ito das antigas p reo cu p açõ es com comissões — assegurar um sistem a de trocas
o bom fun cio n am en to do P o d e r Legislativo, q u e garanta ganhos distributivistas — é visto
abandonadas pela análise cínica e realista pela perspectiva inform acional com o um ris­
dos distibutivistas. Se substituím os in fo rm a­ co a ser evitado pela organização. U m risco
ção e as tecnicalidades próprias à teoria dos q u e o grupo tem de en fren tar se p reten d e
jogos por deliberação, verem os q u e o q u e o b ter os ganhos advindos com a m aior espe­
Krehbiel está a falar n ão é assim tão novo. cialização de seus m em bros. A boa organiza­
T om ar decisões a p artir da deliberação p ú ­ ção legislativa será aquela q u e consegue m i­
blica de seus m em b ro s é um a das caracterís­ nim izar as p erd as e maximizar os ganhos da
ticas q u e define o P o d e r Legislativo. P a ra a especialização. N as palavras de K rehbiel
perspectiva distributivista, não há delibera­ (1991, p. 6 ):
ção no sentido preciso d o term o . C ongres­ “The challenge of legislative organization
sistas sabem o q u e q u e re m e as relações que within the informational framework is thus
m antêm uns com os o u tro s lim itam -se ao distinctly different from capturing gains
estritam ente necessário para a obten ção de from trade for the distributive benefit of
objetivos exogenam ente d eterm inados. P ara high-demand minorities. R ather, is to cap­
ture gains from especialization while mini­
a perspectiva inform acional, congressistas
mizing the degree to which enacted policies
têm incertezas e alteram suas crenças a p a r­
deviate from majority preferred outcomes.
tir da troca de inform ações. Q u an to m aior a As in the distributive perspective, the solu­
quantidade d e inform ação to rn ad a pública, tion is institutional. However the focus in
via deb ate e deliberação, tan to m elh o r a informational approaches is on choosing
qualidade da decisão. A decisão é endogena- rules and procedures that provide incenti­
m ente d eterm in ad a a p artir da in teração e n ­ ves for individuals to develop policy exper­
tre os m em bros d a legislatura. Q u a n to m aior tise and to share policy relevant informa­
tion with fellow legislators, including legis­
esta interação, m elhor a política pública a ser
lators with competing distributive interests.
adotada. Thus, legislative organization in the infor­
Assim com o p ara a perspectiva d istribu­ mational perspective consists of a set of ru ­
tivista, p ara a perspectiva inform acional o les and procedures that allocate resources
sistem a de com issões é o eixo estru tu ra d o r and assign parliamentary rights to legisla­
da atividade legislativa. As com issões são vis­ tors who can be expected to use resources
tas, em m aior a co rd o com as análises históri­ efficiently and to exercise rights consistent
cas d e sua evolução, com o recursos da Casa with both individual and collective goals.”
para, via divisão d o trabalho, o b te r m aior es­ Se estes são os objetivos de um a organi­
pecialização d e seus m em bros. N o en tan to , a zação legislativa racionalm ente concebida
especialização só será benéfica p ara o co n ­ (rationally designed legislative organization),
ju n to se os m em b ro s d a com issão forem in­ vejam os o q u e d aí decorre em term os da
duzidos a p artilhar seus conhecim entos com com posição das comissões. K rehbiel ap re ­
o plenário e não forem capazes d e garantir senta três princípios a serem seguidos:
para si ganhos d e cu n h o distributivista. D ito a) Q u an to mais extrem as forem as p re ­

22
ferências da com issão de especialistas vis-à- m ente, tem o m en o r n ú m ero de m em bros.
vis as preferências dos não-especialistas, m e ­ E m term os form ais, se a com issão é um m i­
nos inform ativa será a com issão. Q u a n d o es­ crocosm o do plenário, as posições do eleitor
pecialistas e não-especialistas têm objetivos m ediano em um e o u tro serão b astan te p ró ­
similares, os especialistas te rã o m aiores in­ ximas.
centivos p ara revelar as inform ações q u e d e ­ Postos nestes term os, os princípios (a) e
têm p rivadam ente. D este princípio segue (b), em q u e pese a sofisticação form al com
que, em geral, as com issões não serão com ­ q u e são apresentados, têm m uito de óbvio.
postas p or m em b ro s com as mais altas d e­ A im portância d e afirmá-los, no entanto, a d ­
m andas na á re a ou p o r aqueles com p refe­ vém de su a contraposição d ireta às afirm a­
rências extrem as. ções da versão distributivista. P ara esta últi­
b) C om issões com postas p o r especialis­ m a, as com issões são, essencialm ente, não
tas posicionados em pólos opostos d o espec­ representativas das preferências q u e prevale­
tro político serão m ais inform ativas d o que cem no plenário. Mais do q u e isto, seus
aquelas com postas p o r especialistas de um a m em bros ten d em a se situar no extrem o da
posição apenas. Q u a n to m aior o n ú m e ro de distribuição: aqueles que querem mais políti­
fontes independentes a q u e se pode recorrer, cas públicas na área. A o afirm ar q u e as
tanto m aior será a inform ação recebida, so­ comissões devem ser representativas das
b retu d o q u an d o os “in fo rm an tes” são ad v er­ preferências a prevalecer em plenário, o que
sários. D eco rre deste princípio q u e as com is­ beira o óbvio, a perspectiva informacional
sões serão h etero g ên eas q u a n to às suas p re ­ cham a a atenção p ara o q u e há d e ilógico na
ferências. e stru tu ra do argum ento distributivista: por
c)Se o cu sto de especialização é m enor q u e a m aioria (o plenário) delegaria a m ino­
para aqueles q u e possuem preferências ex­ rias não representativas o poder de decisão?
trem as, a legislatura p o d erá rec o rre r a eles E stá claro, no entanto, que a obviedade des­
p ara com por as com issões. A legislatura faz, tes princípios d ecorre da prem issa de que
assim, uso d a especialização a n terio r d e seus p a rte a perspectiva informacional: de que
m em bros. A presunção é d e que, p o r exem ­ existe um interesse com um a congregar to ­
plo, rep resen tan tes d e distritos rurais terão dos os parlam entares, qual seja, o d e reduzir
custos m en o res para se especializar nesta a incerteza, e de que a organização interna
área do q u e os vindos de distritos urbanos. d o P o d er Legislativo visa este fim.
E stá claro o trade-off envolvido n esta esco­ O p o n to (c) apo n ta para um princípio
lha: há u m a correlação positiva e n tre p refe­ organizacional mais d iretam ente relacionado
rências extrem adas (n ã o representativas do ao objetivo informacional assum ido por
todo) e a especialização técnica; confiar o K rehbiel. Comissões devem ser com postas
trabalho a especialistas p o d e im por perdas p or especialistas. P ara a legislatura, é racio­
ao grupo. nal aproveitar a capacitação anterior de seus
O s pon to s (a) e (b) são facilm ente in te r­ m em bros. V ale observar que K rehbiel, ao
pretáveis. O q u e eles nos dizem é q u e a com ­ contrário d o q u e faz Shepsle, não considera
posição ó tim a da com issão é aq u ela em q u e o background profissional com o um indica­
esta é um m icrocosm o do plenário. Q u an to d o r das preferências do congressista. A espe­
mais represen tativ a d o plenário ela for, tan to cialização prévia, na visão de K rehbiel, não
mais inform ação ela to rn ará pública na ela­ d eterm ina q u e a preferência do congressista
boração d o p ro je to .29 A dem ais, se a com is­ deva necessariam ente ser por m aior in ter­
são for capaz de chegar a um consenso, este venção estatal. M esm o que assim seja, não
será representativo do consenso possível em há a presunção de que especialistas tenham
plenário. A diferença e n tre plenário e com is­ as m esm as preferências: especialistas podem
são reduz-se ao n ú m ero d e m em bros e à vir dos dois pólos do espectro político.
maior especialização d o órgão que, ju s ta ­ A ênfase de K rehbiel na necessidade de

23
especialização técnica dos com p o n en tes das atu aç ão d o próprio plenário, incentivam a
comissões lhe p erm ite explicar u m a das ca­ especialização das comissões, assim com o as
racterísticas m arcan tes d o sistem a d e com is­ tornam mais informativas. É fácil p erceber
sões da Casa dos R e p rese n ta n te s n o rte -a m e ­ p o r quê. Se os projetos oriundos das comis­
ricana, qual seja, o sistem a d e antiguidade sões recebem este tratam en to especial, tan to
(seniority), p o r interm éd io d o qual os p resi­ m aior será o incentivo p ara que seus m em ­
dentes (chairm an) das com issões e bros se dediquem a seu trabalho. Eles terão
subcom issões são os m em bros do partido garantias de q u e seu trabalho não será to r­
m ajo ritário m ais a n tig o s n estas. O re s u lta ­ nado ietra m o rta q u ando apreciado em ple­
do d esta n o rm a é q u e os co n g ressistas n ão nário. D esta form a, há incentivos à especiali­
têm in teresse em m u d a r d e co m issão ou zação. H á incentivos, tam bém , para ser mais
subcom issão, já q u e a antiguidade nestas é inform ativo. A recom pensa é a garantia das
fundam ental p ara sua carreira. A teoria dis- auto-restrições que o plenário se im põe. O
tributivista explica p o r q u e m em b ro s p ro cu ­ plenário limita sua própria atu ação de m odo
ram certas com issões e, eventualm ente, por a dim inuir sua incerteza q uanto aos resulta­
que não gostariam d e tro car d e comissões dos da adoção de determ inadas políticas. O
(ou subcom issões). N ão explica p or q u e a plenário sofre perdas, posto q u e os m em bros
antiguidade seria o critério q u e decide quem da comissão p rocurarão garantir ganhos dis-
deve ocupar sua presidência. A perspectiva tributivistas p ara si.
inform acional explica m elhor esta norm a: a O plenário só estará agindo racional­
norm a da antiguidade é um incentivo à esp e­ m en te ao conferir privilégios às comissões
cialização. A o d esestim u lar a troca d e com is­ q u an d o estas forem representativas. Caso
sões e incentivar o trab alh o contínuo em contrário, estará beneficiando m em bros que
um a m esm a com issão, a legislatura benefi­ têm p re fe rê n cia s n ão sinto n izad as com as
cia-se da m aior especialização de seus m e m ­ d o m in a n te s em seu seio. Assim, d e a co rd o
bros. P ara q u e o p o n to fique claro, basta com K rehbiel, esp era-se u m a associação
im aginar o contrário: um a legislatura em q u e positiva e n tre o uso d e reso lu çõ es re striti­
os m em bros tivessem incentivos p ara tro car vas, de um lado, e a especialização e rep re -
de comissões a to d o tem po. sentatividade das comissões, de outro.
U m a legislatura organizada racional­ N o entanto, o plenário não tem por que
m ente, interessada em c ap tu rar ganhos de oferecer garantias à comissão de q u e seu
especialização técnica q u e levem à redução projeto será exam inado sob algum tipo de
da incerteza, n ão esta rá p reo cu p ad a apenas resolução restritiva. E m ten d o esta garantia,
com a com posição d e suas comissões. U m a os m em bros p erd erão o incentivo de ser re ­
legislatura deste tipo dev erá estar p re o cu p a ­ alm ente inform ativos e ten d erão a garantir
da tam bém com os incentivos q u e oferece para si o máximo de ganhos distributivistas.
aos m em bros das com issões. O sistem a de O plenário se resguarda o direito d e agir
antiguidade não é a única form a de fazê-lo. após conhecer a proposta enviada pela
N este ponto, d a m esm a form a q u e os distri- comissão, o que lhe garante u m a vantagem
butivistas, as aten çõ es d e K rehbiel voltam -se estratégica vis-à-vis a comissão: esta precisa
para as prerrogativas e v antagens oferecidas inform ar o plenário ao máximo p ara estar
às comissões em sua relação com o plenário. certa de o b ter u m a resolução restritiva.
P ara a perspectiva inform acional, as d iferen­ D esta form a, a perspectiva inform acio­
tes resoluções da C om issão de R esoluções nal rein terp reta as vantagens legislativas
são centrais p a ra q u e a legislatura induza os u sualm ente conferidas às comissões. C om o
m em bros à m aior especialização. no caso da com posição das comissões, a
D e acordo com a perspectiva in fo rm a­ perspectiva inform acional distingue-se da
cional, resoluções restritivas (fechadas e/ou distributivista ao ap resen tar u m a diferente
m odificadas), isto é, aquelas q u e lim itam a justificativa p ara a existência da instituição.

24
Ademais, as predições d o m odelo tam b ém indício d e su a n ão representatividade. P ara a
são diversas e passíveis d e tra ta m e n to em p í­ perspectiva informacional, o m esm o achado
rico. tem explicação alternativa: a legislatura usa a
U m a p a rte considerável d o trab alh o de especialização prévia dos congressistas e di­
K rehbiel é voltada p ara o te ste das predições minui, assim, os custos de especialização em
alternativas dos dois m odelos. Q u a n to à q u e precisa incorrer. N este caso, os achados
com posição das com issões, o n d e a versão das d u as versões são os mesmos; as in terp re­
distributivista prevê com issões com postas tações é que são diferentes.
por m em bros cujas p referências são n ão re ­ As duas versões tam bém diferem q u an ­
presentativas do corpo, p o rém hom ogêneas, to às predições que fazem sobre o uso de re ­
a versão inform acional prevê preferências soluções restritivas. A versão distributivista,
mais afinadas com o eleitor m ediano da le­ neste ponto, ten d e a ser m enos precisa. O a r­
gislatura e, adem ais, h eterogêneas. N ão é o g u m en to ten d e a ser genérico: para perm itir
caso de en tra r em detalhes desta análise. U m e garantir ganhos advindos das trocas de
ponto apenas m erece destaque: a análise de apoio, as comissões receberão tratam en to
K rehbiel difere da de Shepsle e dos dem ais especial para seus projetos. E m especial, os
estudos em píricos so b re o tem a cuja base de projetos das comissões estarão garantidos
dados é a d em an d a dos congressistas p o r p o ­ contra a possibilidade do plenário desm on­
sições nas com issões. A suposição é d e que tar, via em endas, o pacote distributivista por
se pode inferir o co m p o rtam en to fu tu ro do elas acertad o .31 As hipóteses postas pela
congressista a p artir d e su a dem an d a. C om o perspectiva inform acional são mais com ple­
o congressista é o rien tad o p elo d esejo de se xas e envolvem o em prego de diferentes re ­
reeleger e p ara se reeleger ele q u er oferecer soluções, de acordo com as circunstâncias,
benefícios a seus eleitores, a inferência p a re ­ com o a especialização de um a comissão, a
ce legítima. N o en tan to , n en h u m e stu d o dis­ sintonia en tre as suas preferências e as do
tributivista d em o n stra, ou m esm o testa e m ­ plenário, e a heterogeneidade de preferên ­
piricam ente esta inferência. cias n o interior da comissão. C om o vimos,
A análise de K rehbiel to m a o co m p o rta ­ Krehbiel prevê um a associação positiva entre
m ento do congressista com o o b jeto d e análi­ cada um destes elem entos e o recurso a re ­
se, com p aran d o os m em b ro s e não-m em bros soluções restritivas. M ediante sofisticada e
da comissão. Sua base d e dados é construída com plexa análise em pírica ele enco n tra for­
a partir das avaliações d a atividade dos tes indícios em apoio às suas hipóteses e, por
congressistas feitas pelos d iferentes grupos decorrência, apo n ta para a fragilidade das
de pressão. D e posse das n o tas dadas p o r es­ previsões feitas pelos distributivistas.
tes grupos a todos os parlam en tares, K reh ­ Concluo esta seção sublinhando a im ­
biel com para m édias e variâncias p ara m e m ­ portância d o trabalho realizado p o r K reh ­
bros e n ão-m em bros das comissões. A co n ­ biel. Seu livro é exem plar. T eorias divergen­
clusão a q u e chega é d e que, p ara a m aior tes são apresentadas e confrontadas. D ife­
p arte dos casos,3 a teo ria inform acional ex­ rentes predições são subm etidas à prova dos
plica m elhor q u e a distributivista a com posi­ fatos. E neste p o n to reside um a d e suas prin­
ção das comissões. cipais virtudes. A o ap resen tar evidências em ­
A dem ais, K rehbiel re in te rp re ta um dos píricas, mais do q u e ao discutir a teoria, seu
achados mais fortes d e Shepsle: o de q u e o trabalho levanta sérias dúvidas sobre a plau­
passado profissional d o congressista é um sibilidade do m odelo distributivista. O apelo
dos fato res explicativos m ais im p o rtan tes n a d a teo ria distributivista, a simplicidade e
determ inação d a com issão a que este virá a plausibilidade de suas prem issas — congres­
se filiar. P a ra Shepsle, o background profis­ sistas q u e pensam só em se reeleger e que,
sional é to m ad o com o indicação dos in teres­ portanto, só se ocupam de políticas clientelis-
ses a serem defendidos pelo p arlam en tar e tas — não resistem ao teste empírico. O

25
m undo da política p arece ser governado por consensual. E sta fraqueza m anifestar-se-ia
racionalidades m enos estreitas e simplistas. tan to na arena eleitoral q u an to na legislati-
va. N o entanto, é preciso relativizar a em ­
preitada dos autores. A hipótese não é a de
A Versão Partidária
q u e os partidos norte-am ericanos sejam
A inda q u e b a sta n te diversas, as versões com paráveis aos europeus. N ote-se que, na
distributivista e inform acional g uardam u m passagem acim a, a afirm ação é de q u e os
ponto essencial em com um : o reconheci­ partidos agem por interm édio das comissões.
m ento da cen tralid ad e das com issões e n ­ U m a parcela considerável dos trabalhos
quanto os eixos estru tu ra d o re s d a atividade dos au tores é voltada para a crítica do que
legislativa. T al reconhecim ento tem com o eles cham am de m odelo explicativo centrado
requisito básico a concom itante afirm ação na autonom ia das comissões. E ste m odelo,
da fraqueza dós p artidos políticos. E m geral, com o vimos, sustenta-se em dois pontos es­
partidos e com issões ten d em a ser pensados senciais. E m prim eiro lugar, o de que as
com o ap o n tan d o p ara m odelos opostos de comissões são com postas por m eio de um
organização legislativa. processo de auto-seleção, conform e su sten ­
A versão partidária rejeita esta d ico to ­ ta, por exemplo, Shepsle. O segundo ponto é
mia. D e aco rd o com seu s p ro p o n en tes, o sis­ a norm a da antiguidade, segundo a qual a
tem a de com issões deve ser en ten d id o to ­ presidência das comissões é ocupada pelo
m ando p o r referência os próprios partidos. m em bro mais antigo d o partido m ajoritário
A o invés de ver as com issões com o u m a fo r­ na comissão.
m a de organização legislativa q u e independe C om o já discutim os o prim eiro ponto
dos partidos, estes a u to res p ro p õem q u e elas anterio rm en te, concentrarei a exposição no
sejam entendidas com o u m a form a de g o ­ segundo p o n to .33 A conseqüência da existên­
verno partidário. N as palavras d e Cox e cia da norm a da antiguidade p ara um a expli­
M cC ubbins (1993, p. 2): cação que p rocure privilegiar os partidos é
“This book reevaluates the role of parties clara. Sob o im pério desta regra, os partidos
and comm ittees, and the interactions be­ perdem o controle sobre um dos postos-cha-
tween then in the post-W orld W ar II House ve para a organização d a atividade legislati­
of Representatives. O ur view is that parties va. A quele q u e ascende à posição de presi­
in the H ouse — especially the majority
d en te da com issão nada deve ao partido e
party — are a species of ‘legislative cartel’.
These cartels usurp the power, theoretically
p erm anecerá no cargo in d ependentem ente
resident in the House, to m ake rules gover­ d e sua afinidade com a linha partidária.
ning the structure and process of legisla­ A em p reitada com a qual Cox e
tion. Possesion of this rule-m aking power M cC ubbins se d efrontam neste p o n to é das
leads to two main consequences. First, the mais espinhosas. A relação en tre a norm a da
legislative process in general — and the antiguidade e a limitação q u e ela rep resen ta
com m ittee system in particular — is stac­
à atuação do partido não poderia ser mais di­
ked in favor of m ajority party interests. Se­
cond, because m em bers of the majority
re ta e clara. A dem ais, trata-se de um ponto
party have all the advantages, the key pla­ extrem am ente bem docum entado: as viola­
yers in most legislative deals are members ções desta n o rm a no pós-guerra contam -se
of the m ajority party, and the m ajority party nos dedos d e um a mão; no mais das vezes, a
central agreements are facilitated by cartel presidência da com issão sem pre coube ao
rules and policed by cartel’s leadership.” seu mais antigo m em bro do partido dom i­
N este sentido, a versão partid ária pode nante.
ser tom ada com o a versão m ais h eterodoxa A o concentrarem -se no p o n to final do
das três aqui analisadas. A opinião d e q u e os processo, as análises q u e ap o n tam para a
partidos n o rte-am erican o s são fracos é b as­ não violação da norm a da antiguidade p o ­
tante dissem inada e, sem exagero, beira o dem p erd er a atu ação an terio r do partido. O

26
partido pode selecionar ao longo do tem po, nos im portantes no período em q u e o P a rti­
não reconduzindo à com issão os congres­ do D em o crata esteve cindido em suas duas
sistas m enos afinados com a linha partidária. facções regionais.
O mais antigo na com issão seria, assim, um O s a u to res apresentam o m esm o tipo
m em bro necessariam en te fiel ao partido, se­ d e arg u m en to ao analisarem as votações n o ­
lecionado ao longo d o tem po. E m b o ra a re ­ minais. A conclusão da volum osa literatura
condução à com issão tam b ém seja um a re ­ sobre o tem a é b astan te conhecida: a existên­
gra estabelecida e aceita, ela n ão é tão forte cia de um declínio secular da im portância
com o a da antiguidade. Os au to res, no e n ­ dos partidos na determ inação dos votos dos
tanto, não são capazes d e en co n trar um a congressistas. O s au to res revisitam evidên­
ação quan titativ am en te significativa dos p a r­ cias empíricas, distinguindo dois tipos de v o ­
tidos. V iolações no direito d e recondução tos partidários: as votações q u e envolvem te ­
nos estágios iniciais do processo são mais fre­ m as no interior da agenda partidária e a q u e ­
qüentes que a o final. M as não se pode dizer las referidas a tem as fora desta agenda. A in­
que deixam de ser exceções. clusão de um a votação na agenda partidária
N o en ta n to , a aplicação da punição a d ep en d e da atu ação das lideranças p artidá­
m em bros desviantes é suficiente p ara d e ­ rias. U m a votação deve ser tom ada com o re ­
m onstrar a possibilidade d e o p artido vir a levante para m edir a unidade partidária
punir seus m em bros. D esta form a, a q u estão q u an d o suas lideranças de algum a form a se
passa a ser o u tra: se têm este poder, p o r q u e envolvem e atu am no sentido de influenciar
os partidos o usam tã o rara m en te? A expli­ o resultado. A dem ais, p ara q u e seja de fato
cação usual é d e q u e os partidos, em especial p arte d a agenda partidária, é necessário q u e
os órgãos partidários q u e poderiam pu n ir os o o u tro partido se posicione de m aneira
m em bros desviantes — a C om issão de oposta. E m term os de operacionalização da
Comissões e o caucus — são controlados p o r variável analisada, os au to res tom am com o
seus m em bros m ais velhos, ju sta m e n te indicadores do envolvim ento d o p artido os
aqueles com interesse em m an ter a n o rm a votos de seus líderes (leaders and whips).
da antiguidade. N esta versão, o partid o divi­ D esde q u e estes votem na m esm a direção, o
dir-se-ia em d u as facções: os jovens e os v e­ voto será considerado p arte da agenda parti­
lhos. Os a u to re s p ro p õ em u m a explicação al­ dária.
ternativa, basead a na cisão e n tre as facções U tilizando-se desta distinção, a conclu­
regionais d o P artid o D e m o c ra ta:34 a divisão são dos au to res é previsível. N o interior da
en tre o Sul e N ordeste. C om o esta divisão agenda partidária não ocorre declínio da
rachava literalm ente as instâncias decisórias coesão partidária. A coesão partidária é m e­
do partido, não havia possibilidade d e este nor e declinante com o tem po fora da agen­
seq u er considerar q u estõ es relativas à disci­ da partidária. A participação relativa das vo­
plina partidária. Se a hipótese for co rreta, a tações no interior da agenda partidária no
ocorrência d e violações da reg ra da antigui­ total das votações, no entanto, é declinante
dade deve estar correlacionada à solução dos a té m eados dos anos 70. O u seja, ã m edida
conflitos internos d o p artido. O s a u to re s re ­ que o cisma e n tre as duas facções regionais
visitam as evidências p ara testa r esta h ip ó te ­ do P artid o D em ocrata se tornava mais e
se e en contram evidências em apoio a ela. mais explosivo, m enor era a capacidade do
É impossível re c u p e ra r este d eb a te e m ­ p artido de incluir tem as em sua agenda.
pírico nos limites d este artigo. Im p o rta frisar À m edida q u e a cisão partidária se to r­
a linha de arg u m en tação oferecida pelos a u ­ na m enos relevante — as duas facções regio­
tores. As evidências em favor da desim por- nais do P artid o D em ocrata deixam de ser
tância dos p artidos políticos são re in terp reta- tão distintas com as modificações sócio-eco-
das tendo p o r referência a divisão in tern a do nôm icas ocorridas no sul dos E U A , ao m es­
partido m ajoritário. O s p artidos foram m e ­ m o tem p o q u e o P artid o R epublicano con-

27
segue, finalm ente, p e n etra r e lançar raízes N este caso, no limite, as lideranças e o p ró ­
nesta região — , o q u ad ro se altera radical­ prio partido são desnecessários. Partidos se
m ente. A agenda partid ária se alarga. Se a definem ju sta m e n te pela sua capacidade de
série histórica é estendida p ara os anos 80, a disciplinar a ação de seus m em bros. Parece
análise tradicional — a q u e não distingue a bastante com plicado falar em um governo
agenda partidária — revela um a inversão da partidário, m esm o q u e condicional, quando
tendência secular n o tad a a n terio rm en te pela os líderes do partido m ajoritário votam em
literatura: a coesão partidária cresce signifi­ direções opostas nas questões m ais canden­
cativam ente a p artir d e m ead o s dos an o s 70. tes, com o aquelas envolvendo os direitos ci­
A conclusão dos a u to res encontra-se na se­ vis e a G u erra d o V ietnã.
guinte passagem : D e toda form a, o trabalho em pírico de
“These results seem to us precisely those Cox e M cC ubbins é bastante convincente:
that would be expected were a system of um a vez su p erad a a cisão radical e n tre as
‘conditional party governm ent’ (Rhode, facções regionais do P artido D em ocrata, há
1991) in operation throughout the postwar
um a reversão dos indicadores usualm ente
era. The gist of conditional party govern­
ment is that the party leadership is active utilizados p ara d em onstrar a fraqueza cres­
only when there is substantial agreem ent cente dos partidos. E m lugar d e declínio, no­
among rak and file on policy goals, [f this ta-se a ascensão dos partidos. E m especial, a
hypothesis is true, one would expect that indicação de presidentes de comissões e das
decreases in party hom ogeneity should subcom issões passa a ser mais diretam ente
lead, not to decreases in the level of sup­ controlada pelo partido e as votações nominais
port given to leaders when they take a
mostram um a crescente coesão partidária.
stand, but ra th e r to leaders taking fewer
stands. This is essentially what we find.” A té aqui expus os pontos em q u e a v er­
(Cox e M cCubbins, 1993, p. 155) são partidária revê as interpretações tradicio­
nais sobre a im portância dos partidos políti­
A conclusão a q u e chegam , p o rtan to , é
cos no interior do C ongresso norte-am erica-
similar à obtida ao analisarem as violações ao
no. E sta p arte do trabalho p ode ser resum i­
sistem a de antiguidade. U m partid o cindido,
da com o a rein terp retação das evidências
a ponto de seus líderes v o tarem em direções
opostas, por definição n ão é capaz d e agir de tradicionalm ente usadas p ara provar a fra­
m aneira concertada. A referência à existên­ queza dos partidos norte-am ericanos. O
cia de um governo p artidário condicional ponto a ser ap resen tad o a seguir é, talvez, o
(conditionalparty governm ent) n o pós-guerra mais im portante do trabalho dos autores.
tem por objetivo precisar o alcance do a rg u ­ E stes m o stram q u e a principal fo n te de p o ­
m ento. P artidos n ã o podem ser desconside­ der dos partidos no interior do Congresso
rados. E m boa p arte do p eríodo estiveram , advém de sua capacidade de controlar a
digamos assim, d o rm e n tes p o rq u e divididos. agenda decisória, isto é, de determ in ar q u a n ­
A inferência d e q u e eles ten h am p o d eres n u ­ do e o q u e será objeto de decisão.
los é incabida. N ão se trata, p or certo, d e p u ­ O p o d er das comissões, no argum ento
xar o arg u m en to p ara o o u tro extrem o, de se clássico, advém ju stam en te de seu controle
afirm ar a existência d o governo p artid ário à sobre a agenda. O poder de fechar as portas
européia. P o r isto o qualificativo condicional é basicam ente um p o d er deste tipo: a comis­
— um governo partid ário condicional. são decide unilateralm ente o q u e será ou
V ale n o ta r q u e o condicionante a p re ­ não objeto de decisão. C om o vimos, o arg u ­
sentado pelos a u to re s tem algo d e paradoxal: m ento distributivista d epende d e to rn ar ir­
o partido será efetivo q u an d o as preferências relevante a tram itação dos projetos após a
forem hom ogêneas. H á algo d e e stran h o em sua passagem pelas comissões. O u bem ao
observar q u e as lideranças d e u m partid o só plenário é negada a possibilidade de ação,
serão capazes d e agir q u a n d o as preferências po rq u e este considera o p rojeto sob resolu­
dos m em bros d o partid o forem hom ogêneas. ção fechada, ou en tão ele antecipa a atuação

28
revisora da C om issão d e C onferência e deixa exigente pode ser o critério q u e utiliza p ara
de atuar. A v o n tad e da com issão acab a por incluir m atérias na pauta. D esta form a, a d e ­
prevalecer e a agenda decisória é to talm en te cisão das com issões d o q u e enviar à conside­
ditada pelas p róprias com issões. ração do plenário torna-se m ais d ep en d en te
A o discutir a existência da C om issão de da concordância do partido m ajoritário. Es-
Resoluções, já apresentei razões q u e p erm i­ pera-se q u e as m atérias sejam incluídas na
tem questio n ar esta visão: as m atérias envia­ pau ta de acordo com as preferências d o p a r­
das pelas com issões a plenário não são incluí­ tido m ajoritário.
das au to m aticam en te na p au ta. E m realida­ E m boa m edida, ao levantar a existência
de, se esperarem p o r su a vez, de aco rd o com deste p o der partidário de determ in ar a ag en ­
a o rdem de chegada, o resultado, m u ito p ro ­ d a nos estágios finais da tram itação da m a té ­
vavelm ente, é q u e nunca serão v o tad as pelo ria, os auto res descobriram um verdadeiro
plenário. P ara q u e sejam votadas, p o rtan to , ovo de C olom bo. A analogia en tre este p o ­
é necessário q u e sejam o b jeto d e tratam en to d er de agenda e o poder das comissões é
diferenciado. B asicam ente, o speaker, o líder m uito forte p ara não ter sido notad a a n te ­
do partido m ajoritário e a C om issão de R e ­ riorm ente. M uito provavelm ente o foi. A n o ­
soluções são as três instâncias com p o d e r p a­ vidade está em tra ta r o speaker, o líder da
ra conferir prioridade à apreciação d e p ro je­ maioria e a C om issão de R esoluções com o
tos.35 rep resen tan tes d o partido.
O u seja, o speaker, o líder da m aioria e
a C om issão de R esoluções estão em posição Conclusão
análoga à das com issões. E les d etêm o p o ­
As versões aqui reconstruídas são ofere­
der, p o r exem plo, d e fechar as portas. Isto é,
cidas p o r seus au to res em oposição um as às
podem m uito sim plesm ente deixar d e incluir
outras: E m especial, tanto a versão inform a-
na pauta aqueles p rojetos q u e considerarem
cional com o a partidária constroem -se em
contrários às suas preferências, ou m elhor,
oposição d ireta à versão distributivista. A
contrários às p referências d o partid o q u e
confrontação e n tre as diferentes versões não
representam .
se limita ao cam po teórico. U m a parte consi­
E m realidade, o p o d er destes é superior
derável do d e b ate é empírico. C ada um a das
ao das com issões, um a vez q u e estas preci­ versões implica um conjunto de predições
sam , ao decidir o q u e fazer com um a lei, a n ­ postas a teste.
tecipar a ação dos a to res situados no estágio D esta form a, tudo parece indicar que as
ulterior. D e n ad a a d ian tará, p o r exem plo, a três versões são m u tu am en te exclusivas.
um a com issão d om inada p o r u m a aliança Q u an to a isto não há dúvidas. Será m uito di­
en tre republicanos e d em o cratas conserva­ fícil conciliar as três versões, ainda que os
dores enviar a plenário u m a lei à direita das pontos de contato não deixem d e existir. P or
preferências dos q u e têm p o d er d e incluí-la exem plo, algum as das predições podem ser
na pauta. Se a considerarem inferior ao sta- igualm ente explicadas pelas três perspecti­
tas quo, estes n ão a incluirão na p a u ta e a vas. H á, p o r certo, um a diferença de grau,
m atéria será engavetada. P o rta n to , as com is­ m as as três não são refutadas pela constata­
sões precisam an tec ip ar a ação daqueles que ção d e q u e algum as comissões são preenchi­
decidem a so rte da m atéria no estágio se­ das p o r congressistas com preferências extre­
guinte de sua tram itação. m as na área. A hipótese distributivista é con­
O tem p o disponível para apreciação de firm ada desta form a; a inform acional argu­
m atérias em plenário d esem p en h a um papel m enta que, em alguns casos, esta é a única
im portante p ara os resultados. Q u a n to mais form a de o b ter os ganhos de especialização,
o tem po p ara apreciação das m atérias for en q u an to a partidária afirm a q u e para ga­
escasso, m aior o p o d er de ag en d a do partid o rantir a máxima probabilidade de reeleição
no final do processo, posto q u e mais fino e da m aior p arte d e seus m em bros é racional

29
que o partido form e com issões com altas d o ­ Shepsle diz respeito a m udanças econôm icas
ses de clientelísmo. e dem ográficas e seus efeitos sobre os distri­
A deferência p a ra com a com issão tam ­ tos eleitorais. A o longo dos anos 60, mais e
bém pode ser explicada pelas três teorias. m ais estas m udanças sócio-econôm icas
P ode ser ditada pelo reconhecim ento da
“produced congressional districts that were
m aior especialização d esta, pode ser ditada neither purely rural nor so purely urban as
pelo interesse na reciprocidade de tra ta m e n ­ they had been. Increasingly, the districts
to en tre com issões desejosas d e ap ro v ar polí­ were mixed, often including a m ajor city
ticas clientelistas, com o p o d e ainda d em o n s­ and a num ber of towns, as well as perhaps
trar a capacidade d o p artid o m ajoritário de some rural areas. M em bers interests began
im por a sua vontade. to reflect this heterogeneity.” (Shepsle,
1989, p. 244)
U m a rg u m en to histórico p o d e perm itir
com patibilizar alguns asp ecto s das três v er­ O terceiro processo é o da transform a­
sões. D e fato, com o n o tam en faticam en te os ção da representação d em ocrata sulista:
propo n en tes da versão p artidária, a C asa dos m ais e mais o Sul e o N o rd este passaram a se
R epresen tan tes m u d o u m u ito a partir de assem elhar. O conservadorism o dem ocrata
m eados dos anos 70. N ão p o r acaso, p o r esta no Sul foi q u eb rad o com a e n trad a dos n e ­
época, a C asa passou p o r im p o rtan tes re fo r­ gros na aren a política e com as transform a­
mas institucionais, e n tre elas a criação de ções econôm icas lá ocorridas. O co m p o rta­
subcom issões com p o d eres análogos aos das m ento dos d ep u tad o s sulistas, q u e era bem
comissões. Assim é q u e a história da Casa m ais próximo dos republicanos, com eçou a
dos R e p resen tan tes n o p ó s-guerra ten d e a se assem elhar ao dos dem ocratas do N orte-
ser dividida em perío d o p ré e pós-reform a. N ordeste. C om o conseqüência, os republica­
Shepsle n o ta q u e os m odelos distributi- nos fizeram suas prim eiras investidas bem -
vistas descrevem b asicam ente o C ongresso sucedidas no Sul. O resultado deste processo
qu e to m a corpo no pós-S egunda G u e rra e foi um a crescente hom ogeneização dos p a r­
que d esaparece com as refo rm as dos anos tidos e do grau de conflito e n tre eles. A con­
70. O processo d e m u d an ça g an h ara força já clusão de Shepsle, neste ponto, acom panha a
nos anos 60. O equilíbrio existente no p as­ dos defensores da versão partidária: em fun­
sado é caracterizado com o rep o u san d o sob ção destas transform ações ocorreu um a con­
um a “conspiracy betw een jurisdiction and centração d e poderes nos órgãos partidários
geography” (Shepsle, 1989, p. 262). O que — o caucus e o speaker — às expensas das
q uebrou tal equilíbrio? Shepsle apresenta com issões e seus presidentes.
três processos in d ep en d e n tes com o cau sad o ­ P ara Shepsle, o novo C ongresso que
res da ru p tu ra . O prim eiro é o crescim ento em erge das reform as dos anos 70 não está
do sta ff a serviço d o congressista. A través de em equilíbrio: há um a tensão en tre o parti­
seu sta ff o congressista passou a ser mais in­ do e a iniciativa individual dos congressistas,
dependente, ganhando maiores possibilidades an corada em seu im enso sta ff? 6 C om o ele
de atu ar em várias fren tes a o m esm o tem po. afirm a em u m a passagem : “Party, it would
A deferência d o congressista individual para seem , is on the rise. B u t so, to o a re the
com a com issão n ão precisa mais ser a n o r­ m em ber enterprise.”
m a a guiar os congressistas. O plenário acaba
por ser revalorizado e o n ú m e ro d e em endas
às propostas das com issões cresce. (Recebido para publicação
O seg u n d o processo identificado por em m arço de 1994)

30
Notas

1. Ao longo deste artigo usarei estável com o sinônim o p ara a existência de equilíbrio, um
term o com um significado técnico preciso. D izer que um a decisão corresponde a um
equilíbrio significa q u e n en h u m dos p articipantes d o gru p o p ode m elhorar a sua posição
unilateralm ente, d o n d e a estabilidade.
2. Leia-se preferido a o n d e ap arece > .
3. E n tre os estudiosos d o C ongresso, a prim eira form ulação explícita desta prem issa deve-
se a M ayhew (1974). F en n o (1973) já havia reduzido os objetivos dos congressistas a
três: reeleição, influência e fazer boas políticas. M ayhew afirm a q u e se reeleger “has to
be the proxim ate goal th a t m ust be achieved over and over if o th e r ends are to be e n te r­
tained [...] F o r analytic purposes, th erefore, C ongressm en will be treated in the pages to
com e as if they w ere single-m inded reelection seekers” (M ayhew, 1974). Econom istas já
haviam chegado a tal conclusão bem antes. P or exemplo, o livro de A nthony D ow ns
(1957).
4. C om o verem os ao longo d este artigo, boa p arte do debate, tan to teórico com o empírico,
e n tre as três versões do N ovo Institucionalism o consideradas neste texto gira em to rno
d estas du as questões.
5. D e fato, esta foi a prática d om inante até m eados dos anos 70. A partir de então, passou-
se a reconhecer a com petência con co rren te das comissões p ara determ inadas m atérias.
Tal alteração com plica o esq u em a explicativo dos distributivistas.
6. H á lim ites a este p o d er. V e r adiante.
7. C om o os veteranos ten d em a p erm an ecer nas comissões q u e ocupavam na legislatura
anterior, a explicação da distribuição dos calouros é suficiente para explicar quase todos
os casos.
8. D avidson é co-autor com W alter J. O leszek de um dos mais im portantes e utilizados text­
b ooks sobre o C ongresso norte-am ericano, Congress and its M em bers, onde esta posição
é reafirm ada. V er D avidson e O leszek (1990, pp. 203 e segs.).
9. Críticos desta visão n o tam q u e este p o d er não é absoluto. V er a crítica de Krehbiel
adiante.
10. As leis são separadas em q u a tro diferentes calendários para fins de apreciação do plená­
rio: Privado, Consenso, Casa e U nião ('Private, C onsent, H ouse e U nion), os dois prim ei­
ros trata n d o das leis não-controversas.
11. P a ra um a descrição dos diferentes calendários e outros expedientes p ara descongestionar
a p au ta, ver D avidson e O leszek (1990, pp. 315 e segs.). V olto ao te m a adiante.
12. O ptei p or traduzir R ules C om m ittee por C om issão de R esoluções p o rq u e este com itê
p ro p õ e o q u e no C ongresso brasileiro se cham aria de resoluções legislativas.
13. D ito de u m a m aneira m ais técnica: o espaço decisório é unidim ensional, donde as p re fe­
rências dos indivíduos p o d em ser dispostas em um a reta.
14. T ecnicam ente, p a ra q u e esta condição seja verdadeira, é necessário que as preferências
possam ser rep resen tad as p o r funções contínuas com um único ponto máximo, d ecres­
cendo m onotonica e sim etricam ente em am bas as direções.
15. N o te-se q u e , atrav és d esta s prem issas, esta m o s escap an d o dos p ro b lem as postos p o r
A rrow e McKelvey. Isto é, sob estas prem issas a indeterm inação da escolha social d e sa­
parece.

31
16. V o tar estrateg icam en te significa não ap resen tar a sua preferência real (sincera) com o
fim de o b te r resultados mais próxim os do preferido. O v o to estratégico p arte da anteci­
pação do voto dos o u tro s e dos efeitos possíveis de diferentes opções.
17. D e acordo com Cox e M cC ubbins (1993), falta a este m odelo um estágio essencial,
aquele em q u e a m atéria é incluída na agenda para apreciação em plenário. Isto é, após
ser rem etida pela com issão, su a inclusão na agenda decisória não é autom ática, d epen­
d endo d e decisões do speaker e da C om issão de R esoluções, am bos os órgãos controla­
dos pelo p artid o m ajoritário. V er adiante.
18. O Brasil tam b ém é bicam eral, m as ad o ta o u tra m ecânica p ara resolver as possíveis desa­
venças e n tre as Casas. A qui, cab e à C asa iniciadora a últim a palavra. P o r exemplo, a le­
gislação iniciada e aprovada na C âm ara segue p ara a apreciação do Senado e, se modifi­
cada, re to rn a à C âm ara, q u e acata ou rejeita a modificação proposta. Sua decisão, salvo
veto presidencial, é final. N ote-se q u e o Senado no Brasil, ao contrário dos E U A , ta m ­
bém tem a capacidade de iniciar legislação, caso em que terá a últim a palavra.
19. D escrevê-las nos levaria a p en as a co n sid erar as minúcias regim entais do C asa dos R e ­
p resen tan tes.
20. E m verdade, esta p e q u en a alteração garante q u e se escape das previsões de A rrow e
McKelvey. L em b re-se q u e nos teo rem as apresentados p o r estes dois auto res o processo
de votação n ão ac arre ta custos.
21. O term o técnico na literatu ra para m aiorias exatas é coalizão vitoriosa mínim a (m inim al
winning coalition), te rm o cun h ad o p or R iker (1963).
22. Assim, a parcela dos benefícios auferidos pelo propositor decresce com n. P o r o u tro la­
do, a desigualdade e n tre seus ganhos e os dos outros m em bros cresce com n. Isto é,
q u an to m aior a legislatura, mais desigual a distribuição dos benefícios.
23. E d ep en d e tam b ém d e d. Q u a n to mais os m em bros forem im paciantes, d — > 0, m aio­
res os ganhos do propositor.
24. N ote-se q u e a origem destas instituições não é discutida pelos distributivistas. O convite a
u m a explicação d e tipo funcionalista é bastante forte: estas instituições existem p orque
são as q u e m elh o r a ten d e m a o interesse dos congressistas em se reeleger.
25. N o Brasil, m atérias tam b ém são inicialm ente rem etidas às comissões que, em geral, não
têm prazo p ara su a apreciação. A retirad a da m atéria da comissão pelo plenário pode ser
feita m ed ian te aprovação d o req u erim en o d e urgência. E n q u an to o em prego d o req u eri­
m ento de retira d a é ex trem am en te raro na Casa dos R epresentantes, a urgência é usada
com freqüência na C âm ara dos D ep u tad o s. N os E stados U nidos, p ara q u e o req u e ri­
m en to seja considerado, deve co n tar com a assinatura individual da m aioria simples dos
m em bros. N o Brasil, se re q u e r o apoio de 2/3 dos m em bros da Casa, m as a assinatura
dos líderes p artidários tem peso p o n d erad o de acordo com a bancada que representam .
26. A q u estão não p o d e ser resolvida em piricam ente. A o m enos, não de m aneira fácil. Isto
p o rq u e trata-se d e aq u ilatar o peso q u e a existência da referência últim a à regra da m aio­
ria tem sobre o co m p o rtam en to dos auto res. A expectativa de que a m aioria p ode fazer
uso das suas prerrogativas p o d e constranger a ação dos atores sem que a m aioria faça
uso destas m esm as prerrogativas. C om o no m odelo de Shepsle e W eingast, a expectativa
de um a ação q u e, ao final, não se realiza pode ser suficiente para gerar o resultado.
27. E sta identificação e n tre a p referência d o eleitor m ediano e a da legislatura perm ite a
Krehbiel, p o r exem plo, fazer a seguinte afirm ação: “C om m ittees are exclusively instru-
m ents o f th e legislature th a t p erfo rm for th e legislature. C om m ittee com position is deter-

32
m ined by th e legislature; it is n o t governed by self-selection, as commonly p resum ed in
distributive ap p ro ach es” (K rehbiel, 1991, p. 80). P ara a v e rs ã o distributivista, falar da le­
gislatura com o um a to r único e d o tad o de um a vontade não é legítimo. O q u e existe é
um a coleção d e indivíduos com interesses díspares. K rehbiel apresenta a clássica resposta
contra a crítica de q u e seu m odelo se baseia em um a simplificação excessiva da realidade:
todos os m odelos em p reg am prem issas simplificadoras. V er Krehbiel (1991, p.101).
28. Ponto, vale notar, enfatizado pelo p ró p rio Krehbiel.
29. V ale n o tar q u e K rehbiel estipula q u e o processo eleitoral g aran te a diversidade de p refe­
rências e in te re sse s n o in te rio r da legislatura. E sta é u m a característica ex ógena ao
m odelo.
30. As m édias dos m em b ro s não distam m u ito das dos n ão-m em bros e a variância não é sig­
nificativam ente m en o r e n tre os m em bros.
31. Na versão a p resen tad a p or B aron e F erejohn, o status especial é garantido para q u e os
congressistas evitem perdas com o possível atraso na aprovação da distribuição dos b en e­
fícios.
32. A afirm ação de q u e partidos não contam é explícita. E m W eingast e M arshall (1988, p.
137) encontram os a seguinte afirm ação: “P arties place no constraints on the behavior of
individual representatives. P arties w ere strong aro u n d the tu rn o f the century w hen they
possessed rew ard system an d sanction m echanism s to control th e behavior o f m em bers.
Specifically, party organizations d eterm in ed entry into com petition for the local seat, the
positions o f pow er within th e legislature, and the distribution o f legislative benefits (e.g., a
representative obtain ed legislative benefits only if he supported party m easures). N one of
these conditions now holds. In w hat follows, w e th erefo re tre a t th e individual as th e deci­
sion m aking un it.” K rehbiel (1992, pp.101-2 e 260-1) tam bém desconsidera os partidos
de m aneira explícita.
33. A conclusão dos a u to re s q u a n lo ao prim eiro p o n to é a seguinte: “O ur results, based on
substantially larger d a ta set th an previously available, indicate th a t loyalty to the party lea­
dership is statistically and substantively im portant d eterm inant o f w ho gets w hat as­
signm ent.” (Cox e M cC ubbins, 1993, p. 186). O teste segue a m etodologia utilizada por
Krehbiel: com base em avaliações dos lobbies, a posição do eleitor m ediano do partido é
determ in ad a e a distribuição dos m em bros pelas comissões é, assim, com parada à p arti­
dária.
34. A análise p o d e concentrar-se exclusivam ente no P artido D em ocrata p orque a presidên­
cia da com issão cabe ao partid o m ajoritário na Casa dos R ep resen tan tes e o P artid o D e­
m ocrata controlou a m aioria p o r q u ase todo o pós-guerra.
35. “All bills rep o rte d from com m ittees a re listed in chronological o rd er on one o f several ca­
lendars, lists th at enable th e H o u se to p u t m easures into convenient categories. [...] T h e ­
re is no g u aran tee th a t th e H o u se will d eb ate legislation p u t on the calendars. T h e spea­
ker and m ajority leader largely determ in e if, w hen, and in w hat o rd er bills com e up [...]
B ecause ho u se rules req u ires bills to be taken u p in the chronological order listed on the
calendars, m any substantial bills w ould never reach the floor before th e Congress ad jo u r­
ned. T he R u les C om m ittee can p u t m ajor bills first in line.” (D avidson e Oleszek, 1990,
pp. 314-17).
36. P a ra alg u n s d istrib u tiv istas, n a d a te ria se a lte ra d o com as refo rm as: as subcom issões
e um m aio r s t a ff só re fo rç a m o individualism o e a d escen tralização decisória. E sta é a
posição de F io rin a (1 9 8 9 ) e d o p ró p rio Shepsle em o u tro artig o (Shepsle e W eingast,
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