Reitor
Fernando Ferreira Costa
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Paulo Franchetti
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Marcelo Knobel – Marco Antonio Zago
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Sidney Chalhoub
U nicamp , abril de 2001
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1
Para uma resenha da produção acadêmica que foi muito influente à
época, ver Maria Célia Paoli, Eder Sáder e Vera da Silva Telles, “Pen
sando a classe operária: os trabalhadores sujeitos ao imaginário acadê
mico”, Revista Brasileira de História, vol. 3, n o 6, set., 1983, pp. 129-49;
para um balanço mais recente, Cláudio H. M. Batalha, “A historiografia
da classe operária no Brasil: trajetória e tendências”, in Marcos Cezar
de Freitas (org.), Historiografia brasileira em perspectiva. São Paulo:
Contexto, Universidade São Francisco, 1998, pp. 145-58.
2
Quanto à escravidão, participei de um esforço coletivo de reinterpreta
ção que resultou na publicação de vários trabalhos importantes a partir
de meados dos anos 1980; ver, por exemplo, Célia M. Marinho de
Azevedo, Onda negra, medo branco. O negro no imaginário das elites: sé-
culo XIX. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987; Silvia H. Lara, Campos da
violência: escravos e senhores na capitania do Rio de Janeiro, 1750-1808.
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988; João José Reis, Rebelião escrava no
Brasil: a história do levante dos malês (1835). São Paulo: Brasiliense, 1986,
entre outros. Bastante representativo da produção do período é o núme
ro especial, intitulado “Escravidão” e organizado por Silvia Hunold
Lara, da Revista Brasileira de História, vol. 8, n o 16, mar.-ago., 1988.
Minha própria contribuição ao tema é Visões da liberdade: uma história
das últim as déc adas da escravidão na Corte. São Paulo: Companhia das
Letras, 1990.
3
Martha de Abreu Esteves, Meninas perdidas: os populares e o cotidiano do
amor no Rio de Janeiro da belle époque. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
xi
Agradecimentos . ...................................................................... 17
Sobrevivendo... ........................................................................ 59
Inquietações teóricas e objetivos ................................................... 59
Trabalhadores e vadios; imigrantes e libertos: a construção
dos mitos e a patologia social ....................................................... 64
Companheiros de trabalho, desempregados e gatunos . ................... 89
Patrão e empregado . ............................................................... 114
Senhorio e inquilino ................................................................ 130
Conclusão — Ambigüidades e paradoxos na experiência de
vida da classe trabalhadora; o caso dos estivadores ....................... 147
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1
Luiz Edmundo, O Rio de Janeiro do meu tempo. Rio de Janeiro: Conquis
ta, 1957, vol. 1, p. 40.
2
O relato que se segue foi baseado no processo-crime em que foi réu
Antônio Paschoal de Faria, n o 2.069, maço 995, galeria b (1907), Ar
quivo Nacional, e nos noticiários do Jornal do Commercio e do Correio
da Manhã do dia 19 de abril de 1907. Ao longo de todo o texto, os
documentos são transcritos respeitando‑se sempre a pontuação e a
gramática originais, mas atualizando‑se a ortografia das palavras.
3
Barbosa Lima Sobrinho, “A imprensa”, in vários autores, Brasil 1900-
1910. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 1980, p. 138.
4
Lima Barreto, Recordações do escrivão Isaías Caminha. Rio de Janeiro:
Edições de Ouro, s.d., p. 198.
5
Idem, op. cit., p. 201.
6
Para uma apresentação polêmica e elaborada do pressuposto filosófico
decididamente materialista da análise histórica, ver E. P. Thompson, A
miséria da teoria ou um planetário de erros: uma crítica ao pensamento de
Althusser. Rio de Janeiro: Zahar, 1981, especialmente o cap. 3, suges
tivamente intitulado “Mesa, você existe?”. As observações que se seguem
também são, de certa forma, inspiradas neste livro de Thompson, já que
procuram expressar nossa estranheza diante de posturas teóricas que
cavam um abismo profundo entre o chamado “mundo real” e as chama
das “representações” ou “ideologias”.
7
Este argumento tem muito a ver com as formulações de Clifford Geertz
a respeito da “interpretação das culturas”. Ver Clifford Geertz, A in-
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[...] que hoje pelas quatro horas da tarde José saiu para
a rua voltando cerca de nove horas da noite para jantar
mudando então de botinas para ficar mais a sua vonta
de, notando a declarante que ele já estava um tanto al
coolizado, pois tem o hábito de beber; que enquanto
José jantava o crioulo Graciliano alterc ava com ele di
zendo que José nada tinha que ver com a vida dele
Graciliano, ao que José respondeu que tinha pois viven
do em companhia de uma senhora séria não podia ficar
satisfeito com o procedimento de Graciliano, que fazia
muito barulho de noite e introduzia em casa mulheres
que não eram sérias, ao que Graciliano replicou dizen
do que tinha o direito de o fazer, porque o quarto era
seu e o paga [...]. 98
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que lhes permitiram sobreviver à ânsia demolidora — e acu
muladora de capital — da grande burguesia comercial da
cidade do Rio de Janeiro no início do século XX. Veremos
estes ajustes e estratégias de sobrevivência praticados pelos
populares com o objetivo de contornar o problema da habi
tação quando analisarmos as relações de amor, de família e
de amizade entre nossos personagens.
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1
Sheldon L. Maran, Anarquistas, imigrantes e o movimento operário brasi-
leiro, 1890‑1920. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979, p. 31; e Boris
Fausto, Trabalho urbano e conflito social (1890-1920). Rio de Janeiro, São
Paulo: D ifel , 1977, p. 37.
2
Carlos A. Hasenbalg, Discriminação e desigualdades raciais no Brasil. Rio
de Janeiro: Graal, 1979, p. 159.
3
Sobre a lusofobia no século XIX e na República Velha como uma con
tinuação de um conflito interno, inerente à sociedade colonial, ver
Maria Odila da Silva Dias, “A interiorização da metrópole (1808-1853)”,
in Carlos Guilherme Mota (org.), 1822: dimensões. São Paulo: Perspec
tiva, 1972, pp. 179-80.
4
Eulalia M. L. Lobo, “Condições de vida dos artesãos e do operariado
no Rio de Janeiro da década de 1880 a 1920”, Nova Americana. Turim,
Einaudi, n o 4, 1981, p. 301.
5
Boris Fausto, Trabalho urbano..., op. cit., pp. 25‑29.
6
Anais da Câmara dos Deputados, 1888, vol. 3, p. 240. Uma versão an
terior da análise que se segue foi publicada em S. Chalhoub, “Vadios e
barões no ocaso do Império: o debate sobre a repressão da ociosidade
na Câmara dos Deputados”, Estudos Ibero-Americanos. PUC–RS, vol. 9,
n os 1 e 2, jul. e dez., 1983.
7
Sobre os conceitos de “mundo do trabalho” e “mundo da ordem”, ver
Berenice C. Brandão, Ilmar R. Mattos e Maria Alice R. de Carvalho, A
polícia e a força policial no Rio de Janeiro. PUC–RJ, 1981, Série Estudos,
n o 4.
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Epílogo
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1
Anais da Câmara dos Deputados, 1888. Debate sobre a lei de repressão
à ociosidade.
2
Florestan Fernandes, A integração do negro na sociedade de classes. São
Paulo: Ática, vol. 1, 1978, pp. 20 e 154‑55.
3
Mariza Corrêa, “Repensando a família patriarcal brasileira”, in vários
autores, Colcha de retalhos. São Paulo: Brasiliense, 1982, p. 35.
4
Lia Fukui e M. C. A. Bruschini, “A família em questão”, Cadernos de
Pesquisa da Fundação Carlos Chagas. São Paulo, 1981, p. 3.
5
Carmem Cinira Macedo, A reprodução da desigualdade: o projeto de vida
familiar de um grupo operário. São Paulo: H ucitec , 1979, p. 146. Uma
resenha bibliográfica que chega a esta perspectiva teórica é a de Lia F.
G. Fukui, “Estudos e pesquisas sobre família no Brasil”, Boletim Infor-
mativo e Bibliográfico de Ciências Sociais (BIB). Rio de Janeiro, n o 10,
1980. Para estudos de caso em uma perspectiva semelhante, ver, por
exemplo, Alba Zaluar, “As mulheres e a direção do consumo doméstico”,
in vários autores, Colcha de retalhos, op. cit., pp. 159-84; Elisabete Dória
Bilac, Famílias de trabalhadores: estratégias de sobrevivência. São Paulo:
Símbolo, 1978; e ainda os artigos de Ana Maria da Silva Dias, “Família
e trabalho na cafeicultura”, e Eni de Mesquita Samara, “Casamento e
papéis familiares em São Paulo no século XIX”, ambos incluídos nos
Cadernos de Pesquisa da Fundação Carlos Chagas. São Paulo, 1981.
6
Jurandir Freire Costa, Ordem médica e norma familiar. Rio de Janeiro:
Graal, 1979.
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Eu vou bebê,
Eu vou me embriagá,
Eu vou fazê baruio
Prá puliça me pegá.
A puliça não qué
Que eu dance aqui,
Eu danço aqui
Danço acolá. 97
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1
K. Marx e F. Engels, “Manifesto of the Communist Party”, in Robert
C. Tucker (ed.), The Marx-Engels reader. Nova York: W. W. Norton,
1978, p. 477.
2
E. P. Thompson, “Tiempo, disciplina de trabajo y capitalismo indus
trial”, in Tradición, revuelta y consciencia de clase. Barcelona: Crítica,
1969, pp. 271 e 288.
3
C. Brinton et al., A history of civilization: 1715 to the present. New Jersey:
Prentice‑Hall, 1976, p. 671.
4
Benjamin Cohen, A questão do imperialismo. Rio de Janeiro: Zahar, 1976,
p. 23.
5
Nicolau Sevcenko, Literatura como missão: tensões sociais e criação cul-
tural na Primeira República. São Paulo: Brasiliense, 1983, p. 43.
6
Eric J. Hobsbawm, A era do capital: 1848-1875. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1979, p. 139.
7
Paul Singer, “O Brasil no contexto do capitalismo internacional: 1889-
1930”, in Boris Fausto (org.), O Brasil republicano: estrutura de poder e
economia: 1889-1930. São Paulo: D ifel , 1977, vol. 8, p. 352, coleção
História Geral da Civilização Brasileira.
8
Sevcenko, op. cit., p. 45.
9
Oswaldo Porto Rocha, A era das demolições: cidade do Rio de Janeiro:
1870-1920. Dissertação de mestrado, Universidade Federal Fluminense.
Rio de Janeiro, 1983, p. 68.
10
Sevcenko, op. cit., p. 27.
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1
Trecho de entrevista de Philippe Ariès concedida originalmente ao
Nouvel Observateur e transcrita na contracapa de Philippe Ariès, História
social da criança e da família. Rio de Janeiro: Zahar, 1981.
2
Edward H. Carr, What is history? Nova York: Vintage Books, 1961, p. 35.
3
Lucien Febvre, “Febvre, in memoriam de Marc Bloch. Lembrança de
uma grande história”, in Carlos Guilherme Mota (org.), Febvre. São
Paulo: Ática, 1978, p. 161. Mais recentemente, numa breve introdução
geral a uma história das ideologias, François Châtelet observa que tal
estudo poderia nos ajudar a perceber quanto “agora também é estranho”.
Ver François Châtelet (org.), Les idéologies. Paris: Marabout, 1981, p. 11.
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Outro aspecto do mesmo quarto.
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Jornal do Commercio
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