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Churchill, Hitler e a guerra desnecessária

N. do T.: Todas as informações e citações deste artigo podem ser encontradas em


detalhes no livro do autor: Churchill, Hitler e a "Guerra Desnecessária": Como a Grã-
Bretanha perdeu seu império e o Ocidente perdeu o mundo, o qual também é pleno de
notas e documentos. Pedimos que o leitor tenha isto em mente antes de nos enviar
qualquer ofensa ou simplesmente postar comentários dizendo coisas vazias e sem
substância como "não concordo com o autor".

A Europa, o continente-mãe do Ocidente, está hoje em decadência e morrendo, incapaz


de sustentar as taxas de fecundidade necessárias para manter o continente vivo, ou para
resistir à conquista estrangeira de uma invasão de imigrantes oriundos do Terceiro
Mundo.

O que houve com as nações que, há apenas um século, controlavam o mundo?

Em meu livro Churchill, Hitler and 'The Unnecessary War': How Britain Lost Its
Empire and the West Lost the World (Churchill, Hitler e a "Guerra Desnecessária":
como a Grã-Bretanha perdeu seu império e o Ocidente perdeu o mundo), argumento
que foram os colossais erros de estadistas britânicos, sendo Winston Churchill o
principal deles, que transformaram duas guerras europeias em guerras mundiais que
ainda se comprovarão as responsáveis pelas feridas mortais do Ocidente.

Como tudo começou

O primeiro erro grotesco começou com uma decisão secreta do Gabinete Nacional
britânico, em 1906, de que mandaria o exército britânico cruzar o Canal da Mancha para
lutar em qualquer guerra franco-germânica que porventura viesse a ocorrer. Tivesse o
Kaiser sabido de antemão que o Império Britânico lutaria ao lado da França, ele teria
tomado ações mais decisivas do que as que de fato tomou para evitar que o continente
mergulhasse na guerra em julho de 1914.

Caso a Grã-Bretanha não tivesse declarado guerra à Alemanha em 1914, Canadá,


Austrália, África do Sul, Nova Zelândia e Índia não teriam seguido a
metrópole. Tampouco o Japão, aliado da Grã-Bretanha. Tampouco a Itália, a quem
Londres seduziu com propinas secretas, prometendo territórios dos impérios Otomano e
de Habsburg. Tampouco teriam os Estados Unidos ido para a guerra caso a Grã-
Bretanha tivesse se mantido fora. A Alemanha teria vencido a guerra, talvez em poucos
meses. Como consequência, não haveria Lênin, nem Stalin, nem Tratado de Versalhes,
nem Hitler e nem Holocausto. O leninismo e o stalinismo jamais teriam triunfado na
Rússia e Hitler jamais teria chegado ao poder na Alemanha.

Churchill foi o mais belicoso defensor da entrada da Grã-Bretanha na guerra europeia


de 1914. Mas o fato é que o Kaiser Wilhelm II, neto da Rainha Vitória e sobrinho do
Rei Eduardo VII, nunca quis uma guerra com a Grã-Bretanha (em 1910, ele marchou no
funeral do Rei Eduardo — utilizando um uniforme de marechal britânico).

A argumentação tradicional em prol da intervenção da Grã-Bretanha é que ela tinha de


interromper o militarismo prussiano, "pois as políticas do Kaiser demonstravam que ele
queria fazer guerra ao redor de todo o globo", escreveu Christopher Hitchens, criticando
meu livro.

Mas isso é tolice. Se o Kaiser estivesse procurando alguma guerra, ele certamente já a
teria achado. O fato é que, em 1914, ele já estava no poder havia 25 anos, já estava na
meia-idade e jamais havia lutado uma só guerra ou criado uma só batalha.

De Waterloo até a Primeira Guerra Mundial, a Prússia lutou três guerras, todas elas em
um período de sete anos, de 1864 a 1871. Como resultado destas guerras, ela adquiriu
dois ducados, Schleswig e Holstein, e duas províncias, Alsácia e Lorena. Em 1914, a
Alemanha não entrava em uma guerra fazia já duas gerações.

Isso parece uma postura de quem quer conquistar o mundo?

Quanto ao belicoso apoio do Kaiser aos Bôeres, sua incitação da Crise de Agadir em
1905, sua construção de uma grande frota, e sua busca por colônias na África, ele estava
apenas macaqueando os britânicos, cuja aprovação e amizade ele desesperadamente
procurou durante toda a sua vida e a qual sempre lhe foi negada.

Em todas as crises em que o Kaiser se meteu, incluindo seu insensato "cheque em


branco" dado à Áustria após assassinos sérvios matarem o herdeiro do trono austríaco,
ele ou recuou ou tentou recuar quando a guerra finalmente eclodiu.

Mesmo Churchill, que antes de 1914 acusava o Kaiser de querer "dominar o mundo",
admitiu que "a história deverá ... absolver Wilhelm II da acusação de ter tramado e
planejado a Primeira Guerra Mundial".

O Tratado de Versalhes e novas trapalhadas


Em 1918, após a derrota, a Alemanha aceitou um armistício obedecendo aos Quatorze
Pontos de Woodrow Wilson, renunciou às armas e se desfez de sua Frota de Alto-Mar.

Entretanto, uma vez desarmada, a Alemanha não só foi submetida a sanções e bloqueios
que geraram fome entre seus cidadãos, como também lhe foi negado o direito de pescar
no Mar Báltico. Além disso, ela viu todas as suas colônias e propriedade privada serem
confiscadas por imperialistas britânicos, franceses e japoneses, em explícita violação
dos 14 Pontos de Wilson.

O que nos leva ao segundo erro grotesco: o Tratado de Versalhes, o qual adicionou um
milhão de milhas quadradas ao Império Britânico ao mesmo tempo em que consignou
milhões de alemães, austríacos e húngaros à Bélgica, à França, à Itália, à Servia, à
Tchecoslováquia, à Romênia, à Polônia e à Lituânia, violando totalmente o princípio da
autodeterminação, os termos do armistício e os 14 Pontos.

A Alemanha foi fatiada pela metade, desmembrada, desarmada, onerada com uma
dívida impagável e forçada, sob a ameaça de novas invasões e bloqueios, a confessar
que ela, sozinha, havia sido moralmente responsável pela guerra e por toda a sua
devastação — o que é uma mentira, como bem sabem os Aliados.

Onde Hitler nasceu? Em Versalhes, é claro.

Já em 1920, o próprio Churchill estava exortando a Grã-Bretanha a revisar Versalhes, a


trazer a Alemanha para o campo aliado e a intervir na guerra civil russa — contra Lênin
e Trotsky.

O terceiro erro grotesco foi a decisão britânica de capitular às exigências americanas em


1921 e dispensar os japoneses, que haviam sido seus fieis aliados por 20 anos. Tókio se
vingou, 20 anos depois, infligindo a maior derrota da história britânica: a entrega de
Cingapura e a rendição de um exército de 80.000 soldados britânicos perante um
exército japonês que tinha a metade do tamanho. Churchill corretamente se referiu ao
episódio como "o pior desastre e a maior capitulação da história britânica."

O quarto erro grotesco, o qual Neville Chamberlain rotulou de "o pleno verão da
loucura", foi a decisão, em 1935, de punir a Itália por causa de sua guerra colonial na
Etiópia. Londres rasgou as resoluções da Conferência de Stresa, declaração firmada
entre Grã-Bretanha, França e Itália, e que Mussolini havia criado para conter a intenção
de rearmamento da Alemanha. Tal atitude empurrou Mussolini diretamente para os
braços de um ditador nazista que ele desprezava.

Em 1936, a França sondou os britânicos para saber se eles apoiariam uma investida para
empurrar as tropas alemãs para fora da Renânia, a qual havia sido ocupada por Hitler
em violação ao Tratado de Versalhes. Os britânicos se recusaram. E Churchill
congratulou a França por levar a questão à Liga das Nações, e disse que a solução ideal
seria que os nazistas se retirassem voluntariamente da Renânia, mostrando assim para o
mundo que Hitler respeitava a santidade dos tratados.

O Acordo de Munique, 1938


Munique, setembro de 1938, foi um desastre. Mas foi uma consequência direta, se não
inevitável, de um Tratado de Versalhes que havia consignado 3,5 milhões de alemães
dos Sudetos (alemães da região no norte da Tchecoslováquia que queriam estar sob
domínio alemão) ao domínio dos tchecos, contra sua vontade e em violação do princípio
da autodeterminação.

No dia 30 de setembro de 1938, Chamberlain transferiu por assinatura a região dos


Sudetos para a Alemanha em vez de lutar para manter 3,5 milhões de alemães sob o
domínio tcheco, algo que havia sido imposto a eles pela Conferência de Paz de Paris em
clara violação ao princípio da autodeterminação estabelecido por Wilson.

Por que a Grã-Bretanha não protestou e cedeu alegremente todo o território tcheco para
Hitler?

Porque a Grã-Bretanha não tinha nenhuma aliança com Praga, e Chamberlain "não dava
a mínima" para quem controlaria os Sudetos. Adicionalmente, a Grã-Bretanha não
tinha um exército para mandar para a região, não tinha divisões para mandar para a
França, não tinha Spitfires, não tinha o apoio dos EUA ou de suas colônias, e não tinha
aliados, exceto a França, a qual havia sido alertada que, caso houvesse guerra, os EUA
não entregariam os aviões que a França havia comprado.

A neutralidade dos EUA proibia tal ato.

Em seus encontros com Chamberlain, Hitler havia alertado que a Polônia e a Hungria
também reivindicariam terras antigas que haviam sido entregues aos tchecos pela
Conferência de Paz de Paris em 1919.

Ato contínuo, após o Acordo de Munique, Varsóvia anexou uma área da cidade de
Teschen (Cieszyn, em polonês), rica em carvão, na qual viviam dezenas de milhares de
poloneses. A Hungria, após a Arbitragem de Viena de 2 de novembro de 1938,
recuperou terras na Eslováquia e na Rutênia, onde os húngaros eram a maioria e que
havia estado sob o controle de Budapeste até 1919.

Nem a Grã-Bretanha e nem a França ofereceram resistência a estas revisões de


fronteiras.

Em março de 1939, a Tchecoslováquia começou a se esfacelar.

No dia 10 de março, para esmagar uma revolta eslovaca que buscava sua independência,
o presidente tcheco Emil Hacha removeu o primeiro-ministro eslovaco Monsenhor
Josef Tiso, ocupou Bratislava e estabeleceu um regime pró-Praga.

No dia 11 de março, Tiso foi a Viena e pediu ajuda a Berlim.

No dia 13 de março, Tiso se encontrou com Hitler. O Führer exortou Tiso a declarar
independência imediatamente, pois, caso não o fizesse, a Alemanha não iria interferir no
processo de reanexação da Eslováquia pela Hungria. Budapeste estava movendo suas
tropas para a fronteira.
No dia 14 de março, a Eslováquia declarou sua independência. A Rutênia fez o mesmo
logo em seguida, dissolvendo o que restava da Tchecoslováquia.

Miklós Horthy, regente da Hungria, foi informado por Hitler que ele poderia reanexar a
Rutênia, mas tinha de se manter longe da Eslováquia. Ato contínuo, Horthy ocupou a
Rutênia.

Emil Hacha pediu uma reunião com Hitler para tentar conseguir a mesma garantia de
independência que a Eslováquia havia conseguido. Mas Hitler ameaçou Hacha,
obrigando-o a transformar o que restou da Tchecoslováquia em um protetorado da
Alemanha.

Assim, seis meses após Munique, os alemães da Tchecoslováquia estavam onde


queriam estar, sob domínio alemão. Os poloneses estavam sob domínio polonês. Os
húngaros estavam sob domínio húngaro. E os eslovacos, sob domínio eslovaco em sua
nova nação.

Porém, 500.000 rutenos estavam novamente sob o domínio de Budapeste, e 7 milhões


de tchecos estavam de novo sob domínio alemão — desta vez sob Berlim, e não Viena.

O nacionalismo étnico havia destruído a Tchecoslováquia, assim como havia feito com
o Império Habsburgo. No entanto, nenhum interesse britânico vital estava em perigo.

E embora Hitler, em vez da força, houvesse utilizado apenas de uma brutal diplomacia
bismarckiana, Chamberlain havia sido humilhado. O troféu de sua carreira, o acordo de
Munique, era agora motivo de escárnio.

Mas Munique ainda não havia sido o pior dos erros.

Danzig e a garantia à Polônia

Feito de bobo por Hitler, aviltado por seus colegas de Parlamento, incitado por Lord
Halifax (Líder da Casa dos Lordes), e enfrentando uma moção de censura, em 31 de
março de 1939, Chamberlein cometeu o maior erro da história diplomática da Grã-
Bretanha: ele concedeu uma não solicitada garantia de guerra aos coronéis poloneses,
membros de um regime neofascista, que haviam acabado de anexar uma parte da
Tchecoslováquia — no que contaram com a ajuda de Hitler.

Tendo agora o apoio explícito do Império Britânico — o qual havia garantido que
socorreria a Polônia caso a Alemanha atacasse —, e sentindo-se encorajada, Varsóvia
passou a se recusar a sequer discutir a devolução de Danzig para a Alemanha. Danzig
(hoje Gdansk) era uma cidade portuária no mar Báltico, sendo que 95% de sua
população era formada por alemães. Até mesmo Chamberlain e vários líderes
britânicos achavam que ela deveria ser devolvida à Alemanha.

Hitler não queria uma guerra com a Polônia. Quisesse ele de fato uma guerra, ele teria
exigido a devolução de todo o Corredor Polonês retirado da Alemanha em 1919. Ele
queria Danzig de volta, e queria também ter a Polônia como aliada em seu Pacto Anti-
Comintern. Ele chegou até a aludir à cessão de um território eslovaco para a Polônia,
como forma de compensação. Hitler também não queria guerra com uma Grã-Bretanha
que ele admirava e que sempre havia visto como uma aliada natural.

Ele também não queria guerra com a França, caso contrário ele teria exigido a
devolução da Alsácia.

Mas Hitler estava em uma posição vulnerável por causa de Danzig e não podia recuar.

Repetidamente, Hitler tentou negociar Danzig. E repetidamente, os poloneses o


repeliram. Vendo que os Aliados estavam cortejando Josef Stalin, Hitler decidiu fazer
um acordo com os abominados bolcheviques e resolver a questão da Polônia à força.

Embora a Grã-Bretanha houvesse prometido ajuda à Polônia, ela nunca de fato teve
planos de ajudá-la, nunca teve a intenção de ajudá-la e não faria nada para ajudá-
la. Prometeram aos poloneses uma ajuda militar que não poderiam cumprir —
Churchill mais tarde viria a entregar metade da nação para Stalin e a outra metade para
os fantoches de Stalin —, e essa promessa solapou a determinação dos poloneses em
resistir a Hitler, garantindo assim sua aniquilação.

No dia 1º de setembro de 1939, o exército alemão cruzou a fronteira polonesa, com seus
panzers. No dia 3 de setembro, mesmo sem nenhuma condição, a Grã-Bretanha e um
aflito Neville Chamberlain declararam guerra à Alemanha em defesa da Polônia.

Começou assim a mais horrenda guerra da história, a qual iria levar a Grã-Bretanha à
falência e acabar com seu império. Seis anos depois, 50 milhões de cristãos e judeus
haviam sucumbido. A Grã-Bretanha estava quebrada e falida, e a Alemanha, só ruínas e
fumaça. A Europa havia servido de cenário para o mais aniquilador combate já
vivenciado pelo homem, e os civis sofreram horrores ainda piores do que os soldados.

E em maio de 1945, o Exército Vermelho ocupou todas as grandes capitais da Europa


Central: Praga, Berlim, Viena, Budapeste. Cem milhões de cristãos ficaram sob o
domínio da mais bárbara tirania da história: o regime bolchevique comandado pelo
maior terrorista de todos, Josef Stalin.

Consequências para a Polônia

Quais foram as consequências para a Polônia de ter confiado na Grã-Bretanha?

Crucificação em cruz nazi-soviética, o massacre de Katyn (22 mil prisioneiros


poloneses assassinados em uma floresta), Treblinka e Auschwitz, aniquilação do
Exército Nacional, milhões de bravos poloneses mortos, e meio século de terror
bolchevique.

E como Churchill honrou o compromisso da Grã-Bretanha com a Polônia?

Em suas viagens a Moscou, Churchill intimidou o primeiro-ministro polonês a ceder


para Stalin aquela metade do seu país que Stalin havia conseguido por meio de seu
pacto satânico com Hitler (Pacto Molotov-Ribbentrop), e aquiesceu às demandas de
Stalin pela anexação das repúblicas bálticas e o subsequente domínio bolchevique de
uma dúzia de nações do Leste Europeu e da Europa Central.
Cinquenta milhões de mortos depois, qual foi o resultado? Stalin — cujo número de
vítimas em 1º de setembro de 1939 já era 1.000 vezes maior que as de Hitler — não
apenas ocupou a Polônia, pela qual a Grã-Bretanha foi à guerra, mas também toda a
Europa cristã que ia até o rio Elba.

Um pacto Hitler-Stalin, seis anos de guerra com milhões de mortos, a Europa em ruínas,
o Império Britânico esfacelado, 10 nações europeias sob o jugo bárbaro de Stalin e meio
século de Guerra Fria. Caso não tivesse havido a garantia britânica à Polônia, poderia
não ter havido uma guerra, uma invasão nazista da Europa Ocidental e um Holocausto.

Churchill estava certo quando disse a Franklin Delano Roosevelt, em dezembro de


1941, que tudo havia sido uma "Guerra Desnecessária"; e estava certo de novo, em
1948, quando escreveu que, com Stalin, o mundo agora enfrentava "perigos ainda
piores" do que com Hitler.

Por que a Grã-Bretanha fez isso?

Afinal, por que a Grã-Bretanha concederia uma não solicitada garantia de guerra para
uma junta de coronéis poloneses, dando a eles o poder de arrastar os britânicos para uma
segunda guerra contra a nação mais poderosa da Europa?

Havia sido uma atitude sábia declarar uma guerra mundial contra a nação mais forte da
Europa apenas por causa de uma cidade, Danzig, cuja reivindicação pela Alemanha era,
segundo o próprio primeiro-ministro britânico, justa? Danzig valia uma guerra? Ao
contrário dos 7 milhões de cidadãos de Hong Kong que foram entregues pelos
britânicos a Pequim contra sua vontade, os cidadãos de Danzig estavam clamando para
voltar para a Alemanha.

A resposta comumente dada a essa pergunta é: a garantia de guerra não tinha nada a ver
com Danzig, e tampouco com a Polônia. Tudo fazia parte do imperativo moral e
estratégico de "parar Hitler" após ele ter demonstrado, ao rasgar o pacto de Munique
(junto com toda a Tchecoslováquia), que estava determinado a conquistar o mundo. E
esta besta nazista não poderia ter essa liberdade.

Se isso for verdade, é um ponto justo. Afinal, os americanos estavam preparados para
usar bombas atômicas para manter o Exército Vermelho longe do Canal da
Mancha. Porém, onde está a evidência de que Adolf Hitler, cujas vítimas em março de
1939 eram apenas uma fração das do general Pinochet, ou das de Fidel Castro, estava
determinado a conquistar o mundo?

Após o Acordo de Munique em 1938, a Tchecoslováquia de fato se esfacelou e se


desintegrou, como relatado no início deste texto. Por mais repugnante que tenha sido
tal acontecimento, a pergunta persiste: como é que esta dissolução da Tchecoslováquia
manifesta um ímpeto hitlerista de conquistar o mundo?

A típica resposta é: se a Grã-Bretanha não tivesse dado a garantia de guerra, e se ela não
tivesse de fato ido à guerra, após a desintegração da Tchecoslováquia seria a vez da
Polônia, e depois da Rússia, depois da França, depois da Grã-Bretanha, e então dos
Estados Unidos.
E todos nós estaríamos falando alemão hoje.

Mas será mesmo?

Hitler realmente queria uma Guerra?

Se Hitler estava determinado a conquistar o mundo — Grã-Bretanha, África, Oriente


Médio, Estados Unidos, América do Sul, Índia, Ásia, Austrália —, então por que ele
gastou três anos construindo aquela enormemente cara Linha Siegfried para isolar a
Alemanha e protegê-la contra um ataque França? Por que ele começou a guerra sem ter
embarcações de superfície, sem ter transportes para as tropas e tendo apenas 29
submarinos? Como você conquista o mundo tendo apenas uma marinha incapaz de sair
do Mar Báltico?

Se Hitler queria o mundo, por que ele não construiu bombardeiros estratégicos? Por
que ele se contentou apenas com Dorniers e Heinkels de dois motores que não tinham
autonomia nem para chegar à Grã-Bretanha partindo da Alemanha?

Por que ele deixou o exército britânico chegar até Dunquerque [porto no norte da
França]?

Por que ele ofereceu um acordo de paz aos britânicos duas vezes: a primeira, após a
Polônia ter sido dominada; a segunda, após a invasão da França e a Batalha de
Dunquerque?

Por que, quando invadiu Paris, Hitler não exigiu que lhe entregassem a frota francesa,
dado que os Aliados haviam exigido e confiscado a frota do Kaiser em 1918? Por que
ele não exigiu as bases controladas pelos franceses na Síria, de onde ele poderia atacar
Suez? Por que ele implorou a Benito Mussolini para que este não atacasse a Grécia?

Porque Hitler queria acabar com a guerra em 1940, quase dois anos após os pelotões
terem começado a se movimentar.

Hitler nunca quis uma guerra contra a Polônia, mas sim uma aliança com ela, como a
que ele tinha com a Espanha de Francisco Franco, a Itália de Mussolini, a Hungria de
Miklos Horthy e a Eslováquia de Monsenhor Josef Tiso.

Antes de a Grã-Bretanha declarar guerra contra ele, Hitler jamais havia exigido a
devolução de nenhum terreno alemão perdido para o Ocidente em decorrência de
Versalhes. Schleswig havia sido dado para a Dinamarca em 1919, Eupen e Malmedy
para a Bélgica, e Alsácia e Lorena para a França. Por que ele não exigiu estes terrenos
de volta? Porque ele estava em busca de uma aliança, ou ao menos de uma amizade
com a Grã-Bretanha, e sabia que qualquer medida contra a França significaria guerra
contra a Grã-Bretanha.

Com efeito, por que ele iria querer guerra se, em 1939, ele estava cercado de vizinhos
aliados, amigáveis ou neutros, exceto a França? E ele já havia descartado a Alsácia,
pois reconquistar a Alsácia significaria guerra com a França, e isso, por sua vez,
significaria guerra com a Grã-Bretanha, cujo império ele admirava e a quem ele sempre
buscou como aliada.
Em março de 1939, Hitler nem sequer fazia fronteira com a Rússia. Como poderia ele,
portanto, invadir a Rússia?

Holocausto e invasão da Rússia

Que Hitler era um furioso antissemita é algo inegável. "Mein Kampf" está impregnado
de antissemitismo. As Leis de Nuremberg confirmam isso. Porém, durante os seis anos
anteriores à Grã-Bretanha ter declarado guerra, não houve nenhum Holocausto, e nos
dois anos após o início da guerra, também não houve Holocausto.

Foi só no início de 1942, quando ocorreu a Conferência de Wannsee, que a Solução


Final foi discutida.

Tal conferência só foi convocada após o avanço de Hitler na Rússia ter sido
interrompido, ele ter declarado guerra aos EUA e ter percebido que o seu fim era
inevitável. Foi só então que começou o Holocausto.

E por que Hitler invadiu a Rússia? Em meu livro, repito pelo menos dez vezes a citação
de Hitler na qual ele afirma que apenas derrotando a Rússia é que ele poderia convencer
a Grã-Bretanha de que ela não seria capaz de vencê-lo e que, com isso, a guerra deveria
ser finalizada.

Christopher Hitchens ridicularizou esta ideia, invocando a surrada teoria da loucura de


Hitler:

Poderia haver melhor definição de desequilíbrio mental e megalomania do que o


exemplo de um ditador que rejeita os conselhos de seus próprios generais e decide
invadir a Rússia no inverno?

Meu caro Christopher, Hitler invadiu a Rússia no dia 22 de junho.

O Holocausto não foi uma das causas da guerra, mas sim uma de suas
consequências. Não houvesse guerra, não haveria holocausto.

A Grã-Bretanha foi à guerra contra a Alemanha para salvar a Polônia. Mas ela não
salvou a Polônia. Ela apenas perdeu seu império. E Josef Stalin, cujo número de
vítimas excedia as de Hitler em mais de mil vezes ainda em setembro de 1939, e que
havia se juntado a Hitler no estupro da Polônia, terminou tiranizando não apenas toda a
Polônia, como também todas as nações cristãs que iam dos Urais até o Elba.

Conclusão

Churchill foi o indispensável líder de guerra que conseguiu se segurar até o momento
em que Hitler cometeu seus dois erros fatais: invadir a Rússia e declarar guerra aos
EUA. Ele foi também o principal responsável pela derrocada da Grã-Bretanha, de
maior império desde Roma até uma ilha dependente dos EUA.

A respeito do caráter do regime bolchevista em 1919 e do regime nazista em 1933, ele


estava certo. A respeito do rearmamento britânico, ele também estava certo. Mas
Churchill também se mostrou, com muita frequência, desastrosamente errado.
Ele conduziu o Ocidente a uma descida à sua própria barbárie ao impor sanções e
bloqueios à Alemanha em 1914, o que gerou inúmeras mortes por inanição, e lançou
ataques aéreos contra cidades abertas em 1940. Ambas as políticas dizimaram centenas
de milhares de mulheres e crianças.

Ele foi também o responsável pelas maiores trapalhadas militares britânicas em duas
guerras: o desastre de Dardanelos, em 1915, e o fiasco norueguês de 1940, o qual
derrubou Chamberlain e elevou o próprio Churchill ao poder.

Embora tenha criticado duramente Chamberlain por este ter adotado uma posição
conciliadora em relação a Hitler, o próprio apaziguamento de Churchill em relação a
Stalin durou muito mais tempo e se revelou muito mais grave e custoso, fazendo com
que as causas pelas quais a Grã-Bretanha havia sacrificado seu império — a liberdade
da Polônia e o impedimento de que uma força hostil dominasse a Europa — tenham
sido totalmente em vão.

Não deixa de ser curioso, portanto, observar que ele siga sendo venerado como uma das
mais admiradas personalidades do século XX — um feito e tanto, principalmente
quando se constata que a carreira de Churchill coincide com o colapso do Império
Britânico e a subsequente redução de seu status de preeminência mundial ao de potência
de terceira categoria.

A guerra era inevitável? Não. Nenhuma guerra é inevitável até o momento em que ela
de fato começa. A guerra foi necessária? Com a palavra, o próprio Churchill, relatando
uma conversa com Roosevelt após Pearl Harbor:

Certo dia, o presidente Roosevelt me disse que ele estava publicamente pedindo
sugestões sobre como a guerra deveria ser rotulada. Eu disse imediatamente: "A Guerra
Desnecessária". Nunca houve uma guerra mais fácil de ser interrompida do que aquela
que simplesmente destruiu o que restava do mundo.

O Império Britânico lutou, sangrou e morreu, e de quebra tornou o Leste Europeu e a


Europa Central um ambiente seguro para a expansão do stalinismo. Não é de se
surpreender que Winston Churchill aparentasse tamanha melancolia quando estava mais
velho. Como T.S. Eliot observou, "A humanidade simplesmente não consegue suportar
um excesso de realidade."

Churchill foi um grande homem — à custa da grandeza do seu país.

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