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DIREITO ADMINISTRATIVO

1. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA - CLASSIFICAÇÕES

• Subjetivo (orgânico ou formal): Pessoas jurídicas, órgãos públicos e agentes públicos


exercem função administrativa.

• Objetivo (material ou funcional): O objeto é o exercício da função administrativa.

• Sentido estrito: Corresponde apenas a função administrativa.

• Sentido amplo: Corresponde ao exercício da função administrativa + exercício de


função política (de governo). Ex: Presidente da República declarando guerra, depois de
autorizado pelo Congresso Nacional. São os ato de governo.

2. ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA

a) Desconcentração: É a transferência de atividade para órgãos públicos.

b) Descentralização: Pessoa jurídica e pessoa física. É a transferência de uma atividade


para outra entidade.

Na maioria das vezes pessoa jurídica, mas em determinadas situações até mesmo
pessoa física.

Existem duas formas de descentralização:

- Quando a administração direta cria uma entidade – ex: Administração pública indireta

- É possível uma descentralização para uma entidade que já existe. – ex: Delegação de
serviços públicos.

• ÓRGÃOS PÚBLICOS:

São divisões internas de competência, dentro de uma mesma pessoa jurídica e não
possui personalidade jurídica.

Em regra o órgão público não tem capacidade processual artigo 70 CPC.

Art. 70. Toda pessoa que se encontre no exercício de seus direitos tem
capacidade para estar em juízo.

Exceções:

O órgão pode ser parte em uma ação judicial quando estiver previsto em Lei. Ex: MP
em ação penal pública.
Órgãos de cúpula: É aquele que se enquadra no ápice de uma organização da
Administração Pública. Para que eles tenham personalidade judiciária: órgão de cúpula
+ defesa de seus direitos institucionais. Ex: câmara dos vereadores - Súmula 525 STJ.

A Câmara de Vereadores (órgão de cúpula) não possui personalidade jurídica, apenas


personalidade judiciária, somente podendo demandar em juízo para defender os seus
direitos institucionais.

Em rega, o órgão público não pode firmar contratos em razão de não ser pessoa, artigo
1º do CC.

Art. 1º Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.

Exceção:

Contratos de gestão, artigo 37, § 8º da CR/88.

A administração coloca metas de desempenho para o órgão, se alcançada a meta, o


órgão receberá maior autonomia.

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da


União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência e, também, ao seguinte:

§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e


entidades da administração direta e indireta poderá ser ampliada mediante
contrato, a ser firmado entre seus administradores e o poder público, que
tenha por objeto a fixação de metas de desempenho para o órgão ou
entidade, cabendo à lei dispor sobre:

I - o prazo de duração do contrato;

II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos, obrigações


e responsabilidade dos dirigentes;

III - a remuneração do pessoal.

 Teoria do mandato: Contrato de mandato = Estado outorga poderes ao agente


público para manifestar vontade em seu nome. (não é aplicada no Brasil)

 Teoria da representação: O agente público era um representante da pessoa jurídica.


(não é aplicada no Brasil)

 Teoria do órgão (da imputação, da imputação volitiva ou de Otto Guierke): É a


teoria adotada no Brasil. Diz que a vontade manifestada pelo agente público é
imputada à pessoa jurídica, porque é natural que a pessoa jurídica seja formada por
órgãos públicos e agentes públicos.

• CLASSIFICAÇÃO DE ÓRGÃOS PÚBLICOS (IASS):


I – Independentes: são aqueles órgãos no ápice da estrutura organizacional, com
previsão constitucional e representativos de poderes. (ex: governadoria do Estado,
câmara dos vereadores)

A – Autônomos: são aqueles órgãos diretamente subordinados aos independentes,


mas que ainda possuem autonomia. (ex: Secretaria de Educação)

S – Superiores: são aqueles que não possuem autonomia, mas ainda possuem poder
de decisão. (ex: Escola pública Estadual)

S – Subalternos: são aqueles que apenas executam ordens. (ex: Almoxarifado).

3. DESCENTRALIZAÇÃO

Transferência de atividade para outra entidade.

• FORMAS DE CLASSIFICAÇÃO

a) Criação de entidades da administração pública indireta (autarquia, fundação,


sociedade de economia mista e empresa pública):

- Descentralização por outorga (Eli Lopes de Meireles)

- Descentralização por serviço, técnica ou funcional (Maria Silvia Zanela de Pietro)

- Descentralização legal (José dos Santos Carvalho Filho)

b) Delegação de serviço público:

- Descentralização por delegação (Eli)

- Descentralização por colaboração (Maria Silvia)

- Descentralização negocial (acontece por um negócio jurídico) (José)

c) Outras descentralizações:

- Descentralização geográfica ou territorial (Maria Silvia)

É uma transferência de determinada autonomia para uma certa região territorial


(criação de território federal).

- Descentralização social (autores modernos)

É o fomento concedido pela administração pública a pessoa jurídica de direito privado


sem fins lucrativos que exercem alguma função social. Ex: Terceiro setor que é SEMPRE
formado por pessoa jurídica privada sem fins lucrativos.
- Descentralização política: é a distribuição de atividades entre os entes políticos ou
federativos (União, Estados, Municípios e Distrito Federal).

4. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA INDIRETA

- Autarquias; (INSS, Banco Central, IBAMA, Conselhos Profissionais)

- Fundações públicas; (FUNAI, IBGE)

- Empresas públicas; (CEF, Correios)

- Sociedade de economia mista; (Banco do Brasil, Petrobrás)

OBS: Consórcios públicos é a união de entes federativos para a busca de um interesse


em comum.

Está regulamentado na lei 11.107/05, em seu artigo 6º dispõe que quando os entes
federativos criam um consórcio público vai ser criada uma nova pessoa jurídica, que
pode ser de direito público ou de direito privado.

Pessoa jurídica de direito público: Consórcio público de direito público é chamado de


associação pública. Esta associação pública irá integrar a administração indireta de
todos os entes consorciados e são uma espécie de autarquia de acordo com o artigo 41
do CC.

Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno:

I - a União;

II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;

III - os Municípios;

IV - as autarquias, inclusive as associações públicas;

V - as demais entidades de caráter público criadas por lei.

Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de


direito público, a que se tenha dado estrutura de direito privado, regem-se,
no que couber, quanto ao seu funcionamento, pelas normas deste Código.

Art. 6º O consórcio público adquirirá personalidade jurídica:

I – de direito público, no caso de constituir associação pública, mediante a


vigência das leis de ratificação do protocolo de intenções;

II – de direito privado, mediante o atendimento dos requisitos da legislação


civil.

§ 1º O consórcio público com personalidade jurídica de direito público


integra a administração indireta de todos os entes da Federação
consorciados.
§ 2º No caso de se revestir de personalidade jurídica de direito privado, o
consórcio público observará as normas de direito público no que concerne à
realização de licitação, celebração de contratos, prestação de contas e
admissão de pessoal, que será regido pela Consolidação das Leis do Trabalho
- CLT.

Consórcio público de direito privado não recebe outra nomenclatura.

CARACTERÍSTICAS EM COMUM

a) Princípio da especialidade ou da especialização:

Todas as entidades da administração indireta são criadas para exercer uma


determinada especialidade, prevista em lei.

b) Controle finalístico (vinculação, supervisão ministerial ou tutela):

ENTRE PESSOAS JURÍDICAS DIFERENTES NÃO EXISTE HIERARQUIA, NÃO EXISTE


SUBORDINAÇÃO.

A relação existente entre a administração direta e indireta pode receber o nome de


controle finalístico.

A administração direta pode extinguir uma entidade que ela mesma criou através de
lei, em virtude de desvio de finalidade.

Outros nomes que podem aparecer na prova:

- Vinculação: um vínculo que existe entre a administração direta ou indireta;

- Supervisão ministerial: cada entidade tem uma vinculação com o respectivo


ministério, que não é subordinação.

- Tutela: a administração direta tutelando o que a administração indireta está fazendo.

c) Reserva legal: Criação das entidades da administração pública indireta.

Necessidade de lei para alguma atividade

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da


União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência e, também, ao seguinte:

XIX – somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a
instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de
fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de
sua atuação;

A lei específica vai:


- Criar uma autarquia;

- Autorizar a criação de empresa pública, sociedade de economia mista e de


fundação*.

A existência legal destas entidades que são só autorizadas por lei específica se dá com
o registro no cartório, pessoas jurídicas de direito privado, artigo 45 CC.

Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado
com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida,
quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo,
averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato
constitutivo.

Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das


pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o
prazo da publicação de sua inscrição no registro.

*Fundação Pública: No caso específico de fundação, de acordo com o artigo 37, XIX não
basta a lei específica autorizar, é necessário também a edição de uma lei
complementar que irá especificar as áreas de atuação desta fundação.

De acordo com o STF no RE 101126/RJ pode ser fundação pública de direito público ou
fundação pública de direito privado.

Fundação pública de direito público: (Criada por lei)

Se for criada, ela receberá tratamento semelhante ao de uma autarquia.

Fundação pública de direito privado: (Autorizada por lei)

Se for autorizada, receberá tratamento semelhante ao de uma empresa pública que


presta serviço público.

O artigo 37, XX da CR/88 dispõe que, necessita de autorização por lei pra que estas
entidades da administração pública indireta criem subsidiárias ou participem de outras
empresas privadas.

XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a criação de


subsidiárias das entidades mencionadas no inciso anterior, assim como a
participação de qualquer delas em empresa privada;

De acordo com STF, basta uma lei autorizando a criação de entidades subsidiárias, para
criar quantas subsidiárias for. ADI 1649/DF.

4.1. AUTARQUIAS

São pessoas jurídicas de direito público, criadas por lei para exercer atividades típicas
da administração pública.
O Poder de Polícia pode ser exercido perfeitamente por uma autarquia, tendo em vista
que é uma atividade típica da administração pública.

a) Regime de pessoal;

O regime de pessoal das autarquias hoje é o mesmo regime de pessoal da


administração direta.

A emenda constitucional 19/1998 alterou o artigo 39 acabando com o regime jurídico


único. No entanto, esta alteração foi declarada inconstitucional pelo STF em medida
cautelar na ADI 2135, voltando a vigorar o regime jurídico único.

Regime jurídico único: a administração direta, as autarquias e as fundações públicas


devem ter o mesmo regime de pessoal. Ex: quem for trabalhar em uma autarquia
estadual, terá o mesmo regime de pessoal do Estado.

Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, no


âmbito de sua competência, regime jurídico único e planos de carreira para
os servidores da administração pública direta, das autarquias e das
fundações públicas.

b) Regime de bens (Artigo 98 CC);

Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas


jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja
qual for a pessoa a que pertencerem.

As autarquias possuem bens públicos, pelo simples fato de ser uma pessoa jurídica de
direito público.

c) Responsabilidade civil das autarquias;

A responsabilidade civil da autarquia é uma responsabilidade objetiva, artigo 37, § 6º


CR/88.

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da


União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência e, também, ao seguinte:

§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado


prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes,
nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso
contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

OBS: Caso a autarquia não tenha condições de arcar com a indenização, surge a
responsabilidade subsidiária da administração direta.

d) Espécies de autarquias;
 Agências reguladoras: são as autarquias em regime especial criadas para regular e
fiscalizar determinados serviços públicos ou atividades de interesse público.

• Dirigentes: o dirigente continua sendo nomeado pelo chefe do executivo, mas esta
nomeação não é livre, pois precisa da aprovação do poder legislativo e depois de entrar
no cargo não pode livremente ser exonerado pelo chefe do executivo, pois vai cumprir
um mandato fixo.

O dirigente ao fim do mandato fixo precisa cumprir uma quarentena, período em que
ele não pode trabalhar na área de atuação da agência reguladora. Artigo 5º e 9º Lei
9.986/2000.

Nas autarquias, que não sejam agências reguladoras, a nomeação do dirigente é de


livre indicação do chefe do poder executivo, sem interferência do Poder Legislativo.

• Deslegalização / Deslegificação: é a tendência no direito administrativo, em que o


poder legislativo autoriza a edição de normas técnicas (atos normativos) pelas agências
reguladoras.

 Agência Executiva: é uma autarquia ou uma fundação pública que firmou com a
administração direta um contrato de gestão (art. 37, §8º CR/88), e enquanto durar este
contrato de gestão ela recebe o nome de agência executiva.

§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e


entidades da administração direta e indireta poderá ser ampliada mediante
contrato, a ser firmado entre seus administradores e o poder público, que
tenha por objeto a fixação de metas de desempenho para o órgão ou
entidade, cabendo à lei dispor sobre:

I - o prazo de duração do contrato;

II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos, obrigações


e responsabilidade dos dirigentes;

III - a remuneração do pessoal.

OBS: Artigo 24, § 1º Lei 8.666/93.

 Autarquias Corporativas: são aquelas que conhecemos como conselhos


profissionais. Exercem Poder de Polícia. Ex: CRM. Para o STF conselhos de profissão
precisam ser pessoas jurídicas de direito público, e entende que estes conselhos
profissionais são espécies de autarquias. ADI 1717 STF.

OBS: o STF entendeu que a OAB é o que chamamos de espécie sui generis, entidade
ímpar. Informativo 837 STF, é comparada a autarquia para fins de competência da
Justiça Federal para julgar ações em que OAB é parte. ADI 3026 STF.

4.2. EMPRESAS ESTATAIS


Empresas públicas e sociedade de economia mista são pessoas jurídicas de direito
privado autorizadas por lei para prestar serviço público (Ex: Correios) ou explorar
atividade econômica (Ex: Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal).

Cuidado com o art. 173 CR/88. Só pode haver empresa pública ou sociedade de
economia mista explorando atividade econômica no caso de imperativos de segurança
nacional ou caso de relevante interesse coletivo.

Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração


direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando
necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse
coletivo, conforme definidos em lei.

• CARACTERÍSTICAS EM COMUM:

a) Regime de pessoal;

Servidor celetista ou empregado público que em regra se submete a CLT mas aplica-se
também algumas regras de direito público, como por exemplo, prestam concurso
público. Não adquirem a estabilidade, mas a dispensa do servidor celetista precisa ser
motivada, informativo 699 STF.

b) Teto remuneratório (Artigo 37, XI e 9º CR/88);

XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e


empregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional, dos
membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais
agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória,
percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de
qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em
espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como
limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito
Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o
subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo
e o subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa
inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em
espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder
Judiciário, aplicável este limite aos membros do Ministério Público, aos
Procuradores e aos Defensores Públicos;

§ 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas públicas e às sociedades


de economia mista, e suas subsidiárias, que receberem recursos da União,
dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios para pagamento de
despesas de pessoal ou de custeio em geral.

Só tem que respeitar o teto remuneratório empresas públicas e sociedade de


economia mista dependente (aquela que não consegue se manter sozinha).
c) Regime de bens;

Empresas públicas e sociedades de economia mista de acordo com critério do código


civil possuem bens privados.

d) Responsabilidade civil;

Se a empresa se enquadra no artigo 37, § 6º a responsabilidade é objetiva.

Mas a responsabilidade das empresas públicas e da sociedade de economia mista que


exploram atividade econômica é do direito civil e não a do artigo 37, § 6º.

§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado


prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes,
nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso
contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

OBS: caso a empresa pública ou a sociedade de economia mista não tenha condições
de arcar com a indenização, surge a responsabilidade subsidiária da administração
direta. Observe que a responsabilidade é subsidiária e não solidária.

• DIFERENÇAS:

a) Forma societária:

Toda sociedade de economia mista só pode ser sociedade anônima.

Por outro lado, a empresa pública tem liberdade e não tem exigência na lei.

b) Formação do capital:

O capital da empresa pública em regra virá da administração pública direta, mas é


possível a participação da administração indireta ou de outra pessoa jurídica de direito
público, mas no final quem poderá integrar o capital da empresa pública é somente a
administração pública, não existe a possibilidade de particular integrar o capital de
uma empresa pública.

O capital da sociedade de economia mista será formado pela administração pública e


por particulares. A maioria do capital com direito a voto permanece com a
administração pública.

Artigos 3º e 4º Lei 13.303.

c) Justiça competente para julgar ações de empresas públicas e sociedade de


economia mista:

 Ação em face de Empresa Pública Federal: Artigo 109, I CR/88, a competência é da


Justiça Federal.
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:

I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem


interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de
falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do
Trabalho;

 Ação em face de Empresa Pública Estadual, Distrital e Municipal: Justiça Estadual.

 Ação em face de Sociedade de Economia Mista: A justiça competente para julgar


ações em face de sociedade de economia mista, e não importa se Estadual, Distrital,
Municipal é da Justiça Estadual.

Súmula 42 STJ e súmulas 517 e 556 STF.

Súmula 42, STJ - Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar as


causas cíveis em que é parte sociedade de economia mista e os crimes
praticados em seu detrimento.

Súmula 517, STF - As sociedades de economia mista só têm foro na Justiça


Federal, quando a União intervém como assistente ou opoente.

Súmula 556, STF - É competente a Justiça Comum para julgar as causas em


que é parte sociedade de economia mista.

OBS¹: De acordo com a súmula 517 do STF, caso a união entre na ação a competência
automaticamente se torna da Justiça Federal.

OBS²: Mandado de Segurança e Habeas Data. É impetrado contra autoridade, levando


isto em consideração para estabelecer a competência. Ex: Ato de dirigente do Banco do
Brasil (autoridade federal), a competência é da Justiça Federal.

A competência para julgar mandado de segurança e habeas data em face de ato de


autoridade federal é da Justiça Federal (artigo 109, VIII CR/88).

VIII - os mandados de segurança e os habeas data contra ato de autoridade


federal, excetuados os casos de competência dos tribunais federais;

O dirigente de sociedade de economia mista federal se enquadra dentro do conceito


de autoridade federal.

4.3. FUNDAÇÕES PÚBLICAS

São pessoas jurídicas integrantes da administração pública indireta que exercem


função social.

O STF no RE 101.126/RJ diz que podem existir tanto fundações públicas de direito
público ou fundações públicas de direito privado.
 Fundação Pública de Direito Público: receberia tratamento de fundação pública
autárquica, de uma autarquia. (Criada por lei, não necessita de registro em cartório,
basta a lei para sua criação).

 Fundação Pública de Direito Privado: receberia tratamento semelhante ao de


empresa pública que presta serviço público. Não tem participação no capital de
particular. (Autorizada por lei, necessita de registro em cartório).

5. PODERES ADMINISTRATIVOS

São as prerrogativas instrumentais conferidas aos agentes públicos para exercerem a


função administrativa e alcançarem o interesse público.

a) ABUSO DE PODER;

EXCESSO de poder: é uma atuação com vício na competência, ou seja, o agente público
está extrapolando sua competência. Ex: agente da vigilância sanitária que aplica uma
multa em um carro que estacionou em local proibido. O agente até pode procurar o
interesse público, no entanto, não tem competência para tanto.

DESVIO de poder ou desvio de finalidade: é uma atuação com vício na finalidade,


sempre que o agente deixa de buscar um interesse público e busca um interesse
privado ou particular ainda que dentro da competência. Ex: superior hierárquico que
transfere subordinando alegando interesse público, quando na verdade está se
vingando dele.

b) ESPÉCIES DE PODERES ADMINISTRATIVOS;

- Poder Vinculado

- Poder Discricionário

- Poder Regulamentar

-Poder Hierárquico

-Poder Disciplinar

-Poder de Polícia

 Poder Vinculado e Poder Discricionário

Vinculado: todos os elementos do ato estão previstos em lei, não existe nenhuma
liberdade para o agente público. Falta de margem de liberdade. Ex: licença para dirigir
ou construir.
Discricionário: no ato discricionário, o agente público tem uma margem (nunca
liberdade total) de liberdade para analisar a conveniência e a oportunidade. Ex:
autorização para realizar festa em uma rua.

 Poder Regulamentar

É a prerrogativa conferida à administração para editar atos gerais e abstratos para fiel
execução de lei. Decreto ou regulamento executivo – regra (artigo 84, IV CR/88).

Decreto autônomo ou regulamento autônomo é aquele que não está dando execução
a uma lei. Artigo 84, VI, a.

Para a doutrina, não seria possível que um decreto ou regulamento inovasse no mundo
jurídico. No entanto, o artigo 84, VI, alínea a, possibilita uma exceção (decreto ou
regulamento autônomo).

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:

VI - dispor, mediante decreto, sobre:

a) organização e funcionamento da administração federal, quando não


implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos
públicos;
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;

 Poder Hierárquico

É a prerrogativa conferida à administração para escalonar funções, criando relações de


hierarquia e subordinação.

Entre a administração direta e a administração indireta não existe poder hierárquico.

Recurso hierárquico próprio: é o recurso administrativo que será decidido pelo superior
hierárquico de quem emitiu a decisão, dentro da mesma pessoa jurídica.

Recurso hierárquico impróprio: é o recurso administrativo que será decidido por outra
pessoa jurídica, desde que tenha previsão em lei.

 Poder Disciplinar

É a prerrogativa conferida à administração para apurar irregularidades e aplicar sanção


a pessoas que possuam uma relação especial com a administração.

O poder disciplinar não necessariamente decorre do poder hierárquico. Ex: pode


acontecer entre pessoas jurídicas diferentes.

Não existe verdade sabida no direito administrativo hoje, para a aplicação de qualquer
sanção é necessária a garantia do contraditório e ampla defesa.
 Poder de Polícia

É a prerrogativa conferida à administração para limitar e condicionar direitos e


interesses de particulares, para garantir o interesse público.

Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública


que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a
prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público
concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da
produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes
de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao
respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.

O poder de polícia é remunerado através de taxas.

O poder de polícia é diferente da polícia corporação.

Polícia Administrativa: se exaure em si mesma; Recai sobre bens direitos e atividades;


Trata de ilícitos administrativos; Caráter meramente preventivo (atua repressivamente
também em alguns casos);

Polícia Judiciária: caráter preparatório (prepara uma futura ação penal); Recai sobre
pessoas; Incide sobre ilícitos penais; Em regra Caráter Repressivo (mas atua
preventivamente também);

CICLO DE POLÍCIA

1. Ordem de polícia/ Legislação: edição de atos gerais e abstratos que limitam a


conduta do particular.

2. Consentimento: necessidade da concordância da administração pública para o


exercício de determinadas atividades.

3. Fiscalização: quando a administração pública vai fiscalizar para ver se o particular


está cumprindo a ordem de polícia e os consentimentos.

4. Sanção: são aplicações de penalidade para quem descumpriu as ordens de polícia e


os consentimentos, descumprimento de lei ou ato administrativo.

Em regra pode exercer poder de polícia as pessoas jurídicas de direito público.

É possível delegar poder de polícia a pessoa jurídica de direito privado?

 Entendimento STF: para o STF NÃO é possível a delegação de poder de polícia para
Pessoa Jurídica de Direito Privado, ADI 1717.

 Entendimento STJ: para o STJ (REsp. 817534/MG), o consentimento e a fiscalização


podem ser delegadas a Pessoa Jurídica de Direito Privado.
CARACTERÍSTICAS DO PODER DE POLÍCIA

• Discricionariedade;

Em regra o poder de polícia é discricionário. Existem exceções (Ex: licença para dirigir).

• Coercibilidade;

A administração pública pode impor o poder de polícia sem se preocupar com a


vontade do particular. Existem exceções (Ex: licença para dirigir, é necessário pedir).

• Autoexecutoriedade;

O ato do poder de polícia pode ser executado sem precisar do poder judiciário. Existem
exceções. Ex. Multa (não tem executoriedade, somente exigibilidade).

- Executoriedade: Pode se utilizar de meios diretos de coerção para executar seus atos
(Ex: demolir uma obra irregular que esteja causando risco a terceiros).

- Exigibilidade: Possibilidade de se utilizar de meios indiretos de coerção (Ex: se não


pagar as multas de trânsito, não tem como renovar o licenciamento do veículo).

AGENTES PÚBLICOS

Conceito amplo: qualquer pessoa que exerce função pública, seja de que maneira for.

Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem,


embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou
função pública.

 Agente de fato: é a pessoa que exerce função pública sem vínculo com a
administração.

- Necessário: exerce função pública sem vínculo com a administração, em uma situação
de necessidade / calamidade. Ex: pessoa que vai passando pela rua e ajuda um
bombeiro a socorrer uma vítima de incêndio.

- Putativo: pessoa que acredita possuir um vínculo com a administração mas, por um
vício na sua investidura não o possui. Ex: Maria fez um concurso público e foi aprovada,
seguiu todos os trâmites, sendo nomeada e empossada. Com um tempo o concurso é
anulado e Maria não toma conhecimento. Enquanto Maria exercer a função pública, de
boa-fé, será uma agente pública de fato putativa.

 Agente público de direito: é a pessoa que exerce função pública com vínculo com a
administração.
- Particulares em colaboração: são aquelas pessoas que exercem a função pública em
determinado momento, mas não perdem o caráter de particular. Ex. agentes
designados ou honoríficos (mesários e jurados).

- Agentes políticos: será agente político aquele que exerce função política. A doutrina
majoritária fala que tem 3 categorias de pessoas que serão considerados agentes
políticos:

1º Chefes do poder executivo. (Presidente governador, prefeito)

2º Ministros de estado, secretários estaduais e secretários municipais.

3º Integrantes do poder legislativo (Senador, dep. federal, dep. estadual, vereador)

Ainda podem aparecer como agentes políticos:

- Os magistrados e membros do MP.

OBS: Súmula vinculante 13 proíbe o nepotismo. Para o STF a súmula não se aplica para
nomeação de ministros de estado, secretários de estado e secretários municipais, por
estes cargos serem cargos políticos. (REL 6650/PR) O STF entende que a nomeação
pode se dar inclusive para parente, mas é exigido que o parente tenha conhecimento
técnico sobre o assunto da função que ela irá exercer.

- Militares: (Art. 42 ou 142 CR/88)

Art. 142, §3º, IV CR/88 – O militares não tem direito a greve.

- Servidores públicos em sentido amplo: Temporários, celetistas e estatutários. São


aquelas pessoas que exercem uma função pública com caráter profissional.

1º Servidores Temporários (Art. 37, IX CR/88): Vai firmar com a administração pública
contrato com:

- Prazo determinado;

- Necessidade temporária;

- Excepcional interesse público;

O servidor temporário não ocupa cargo público (estatutário) e nem emprego público
(celetista), ele exerce uma função pública em virtude de um contrato.

Art. 37, II CR/88. O servidor temporário não se submete a um concurso público, mas
precisa passar por um processo seletivo objetivo ou simplificado.

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da


União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência e, também, ao seguinte:

II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia


em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a
natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei,
ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre
nomeação e exoneração;

III - o prazo de validade do concurso público será de até dois anos,


prorrogável uma vez, por igual período;

IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para


atender a necessidade temporária de excepcional interesse público;

§ 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas públicas e às sociedades


de economia mista, e suas subsidiárias, que receberem recursos da União,
dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios para pagamento de
despesas de pessoal ou de custeio em geral.

2º Servidores Celetistas: O servidor celetista é o que chamamos de empregado


público, pois ocupa emprego público, se submete à CLT + Normas de direito público.

Submete-se a regra do concurso público (art. 37, II CR/88), mas não adquire
estabilidade.

O servidor celetista se submete ao teto remuneratório na hipótese do artigo 37, §9º da


CR/88.

3º Servidores Estatutários: Se submete a um estatuto próprio e ocupa um cargo


público.

- Vitalício: é aquele que possibilita a aquisição da vitaliciedade, só perdendo o cargo


em virtude de sentença judicial transitada em julgado. 3 categorias que assumem
cargos vitalícios são (Magistrados, membros do MP, membros do tribunal de contas).

- Efetivo: o servidor público que ocupa cargo efetivo tem a possibilidade de adquirir a
estabilidade.

- Em comissão: de livre nomeação e livre exoneração.

NORMAS CONSTITUCIONAIS (Artigos 37 à 41 CR/88)

a) Concurso Público (art. 37, II CR/88);

É necessário para ingresso em cargo público e emprego público, um concurso de


provas ou de provas e títulos (só podem ter caráter classificatório).

Prazo de validade do concurso público: até 02 anos, prorrogável uma única vez por
igual período, contado a partir da homologação.
A prorrogação do prazo de validade é uma atuação discricionária da administração
pública. Esta prorrogação só pode se dar antes do fim do prazo inicial de acordo com o
STJ (Ex: não pode esperar o prazo expirar, para só aí prorrogar).

Aprovação: mera expectativa de direito, mas existem situações que a pessoa passa a
ter direito subjetivo à nomeação, são elas:

- Aprovação dentro do nº de vagas no edital. (Inf. 520 STF, 354 e 411 STJ)

Caso o candidato aprovado dentro do numero de vagas desista do concurso, o próximo


que tinha mera expectativa passa a ter direito subjetivo à nomeação. Informativo 567,
STJ.

- Preterição na ordem classificatória. Súmula 15 STF.

- Contratação precária para a mesma função. Inf. 265 STF, 123, 300 e 367 do STJ.

OBS¹: O surgimento de novas vagas não trás, em regra, direito subjetivo à nomeação.
(Ato discricionário). Ex: aposentadoria de servidores, lei criando novas vagas.

A abertura de novo concurso público, não trás, em regra direito subjetivo à nomeação.
(Ato discricionário).

Mas, se a não nomeação se der de forma imotivada ou arbitrária o candidato passa a


ter direito subjetivo à nomeação. Informativo 811 STF.

OBS²: A posse precária em um concurso público em virtude de liminar não gera fato
consumado. Informativo 808 STF.

Se em virtude da posse precária, por uma liminar o servidor se aposenta não há que se
falar em cassação de aposentadoria. Informativo 600 STJ.

ESTABILIDADE

Garantia para quem ocupa cargo efetivo.

Requisitos para aquisição:

- Estágio probatório (art. 41, caput CR/88): 03 anos.

- Aprovação na avaliação especial de desempenho (art. 41, §4º CR/88): 03 anos de


acordo com STJ.

 Perda do cargo do servidor estável (art. 41, §1º CR/88)

• Sentença judicial transitada em julgado;

• Processo administrativo, assegurada ampla defesa;


• Reprovação na avaliação periódica de desempenho, assegurada ampla defesa;

• Perda do cargo em virtude no excesso no limite de gastos com pessoal (art. 169, §4º
CR/88)

Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores
nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso
público.

§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo:

I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado;

II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla


defesa;

III - mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na


forma de lei complementar, assegurada ampla defesa.

§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obrigatória a


avaliação especial de desempenho por comissão instituída para essa
finalidade.

Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios não poderá exceder os limites
estabelecidos em lei complementar.

§ 4º Se as medidas adotadas com base no parágrafo anterior não forem


suficientes para assegurar o cumprimento da determinação da lei
complementar referida neste artigo, o servidor estável poderá perder o
cargo, desde que ato normativo motivado de cada um dos Poderes
especifique a atividade funcional, o órgão ou unidade administrativa objeto
da redução de pessoal.

REMUNERAÇÃO

A remuneração é a soma do vencimento (valor fixo previsto em lei) mais as chamadas


vantagens pecuniárias, indenizações (previstas nas leis estaduais).

SUBSÍDIO (ART. 39, §4º CR/88)

É o pagamento através de uma “parcela única” que vai ser a forma de pagamento das
pessoas de poder.

As indenizações podem ser somadas ao subsídio.

Artigo 144, §9º CR/88.

Art. 39, § 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os


Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais serão
remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela única, vedado o
acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de
representação ou outra espécie remuneratória, obedecido, em qualquer
caso, o disposto no art. 37, X e XI.

Art. 144, § 9º A remuneração dos servidores policiais integrantes dos órgãos


relacionados neste artigo será fixada na forma do § 4º do art. 39.

TETO REMUNERATÓRIO

É o limite máximo que em regra, todo servidor público teria que respeitar, artigo 37, XI
CR/88.

 Teto geral: Ministro do STF.

 Tetos específicos:

Municípios: Prefeito.

Estados (dividido por poder):

Poder Executivo: Governador.

Poder legislativo: Dep. Estadual.

Poder judiciário, membros do MP, defensores públicos e os procuradores:


Desembargador do tribunal de justiça.

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da


União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência e, também, ao seguinte:

XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e


empregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional, dos
membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais
agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória,
percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de
qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em
espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como
limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito
Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o
subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo
e o subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa
inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em
espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder
Judiciário, aplicável este limite aos membros do Ministério Público, aos
Procuradores e aos Defensores Públicos;

 Exceções:

OBS¹: As indenizações não se submetem ao teto remuneratório.


Art. 37 § 11. Não serão computadas, para efeito dos limites remuneratórios
de que trata o inciso XI do caput deste artigo, as parcelas de caráter
indenizatório previstas em lei.

OBS²: Se os Estados e o DF quiserem instituir um “teto único” eles podem, que seria o
subsídio do desembargador do tribunal de justiça.

Art. 37, § 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput deste artigo, fica
facultado aos Estados e ao Distrito Federal fixar, em seu âmbito, mediante
emenda às respectivas Constituições e Lei Orgânica, como limite único, o
subsídio mensal dos Desembargadores do respectivo Tribunal de Justiça,
limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio
mensal dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, não se aplicando o
disposto neste parágrafo aos subsídios dos Deputados Estaduais e Distritais e
dos Vereadores.

GREVE DO SERVIDOR PÚBLICO (Art. 37, VII CR/88)

Hoje o servidor público tem direito a greve e ele pode entrar em greve em virtude da
aplicação por analogia da lei 7783/89. Informativo 485 STF.

É possível o desconto da remuneração do servidor que entrou em greve, a não ser que
a greve tenha sido causada por uma conduta ilícita da própria administração pública.
Ex: se a greve ocorreu para se ter um aumento de salário, por exemplo, é possível que
haja o desconto. Situação diferente seria caso a administração deixasse de pagar os
servidores por dois meses seguidos e eles entrassem em greve para ter esse dinheiro.
Nesse caso não seria possível o desconto.

A administração pode fazer um acordo para uma compensação de horários.


Informativo 845 STF.

O STJ entendeu que é razoável que este desconto seja parcelado, informativo 529 STJ.

E de acordo com o STF os cargos policiais não tem direito a greve, mas passa a ser uma
obrigação da administração pública participar das tentativas de acordo com os
servidores policiais. Informativo 860 STF.

Art. 37, VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites
definidos em lei específica;

ACUMULAÇÃO REMUNERADA DE CARGOS PÚBLICOS (ART. 37, XVI E XVII CR/88)

Em regra é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos.

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da


União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência e, também, ao seguinte:
XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando
houver compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o disposto
no inciso XI: a de dois cargos de professor; a de um cargo de professor com
outro técnico ou científico;

XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções e abrange


autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista,
suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo
poder público;

• EXCEÇÕES:

- Compatibilidade de horários; Se houver compatibilidade de horários. Para o STJ são


até 60h/semana.

- Respeito ao teto remuneratório; Para o STF o respeito a este teto remuneratório não
é a soma dos dois cargos que precisa ficar abaixo do teto, é simplesmente que cada
cargo precisa ficar abaixo do teto. Inf. 862 STF.

- 02 cargos públicos de professor, 01 cargo de professor com um cargo


técnico/científico ou 02 cargos ou empregos de profissional da saúde com profissão
regulamentada;

OBS¹: Não é possível acumular mais de 2 fontes remuneratórias, seja em atividade ou


não. Informativo 244 STF e 175 do STJ. Ex: Maria é professora na rede estadual e
municipal e há compatibilidade de horários. Com o passar do tempo, Maria se
aposenta no cargo do município e começa a receber seus proventos. Como se
aposentou, resolve prestar concurso para um novo cargo de professor e acumular. É
possível? Não!

ACUMULAÇÃO DE UM CARGO PÚBLICO COM UM CARGO ELETIVO (ART. 38 CR/88)

 Acumulação com cargo eletivo federal, estadual ou distrital:

- Presidente da República: Se afasta do cargo público, (não é exoneração) vai receber


pelo seu cargo eletivo.

- Prefeito: Se afasta do cargo público, mas pode optar pela remuneração de um ou de


outro.

- Vereador: De acordo com a CR/88 analisa-se a compatibilidade de horários e se


houver pode acumular, a remuneração também é acumulada. Vai acumular as
vantagens do cargo público e a remuneração do cargo eletivo. Se houver
incompatibilidade de horários aplica-se a mesma regra do prefeito.

Art. 38. Ao servidor público da administração direta, autárquica e


fundacional, no exercício de mandato eletivo, aplicam-se as seguintes
disposições:
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital, ficará
afastado de seu cargo, emprego ou função;

II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, emprego ou


função, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração;

III - investido no mandato de Vereador, havendo compatibilidade de


horários, perceberá as vantagens de seu cargo, emprego ou função, sem
prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não havendo compatibilidade,
será aplicada a norma do inciso anterior;

IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício de mandato


eletivo, seu tempo de serviço será contado para todos os efeitos legais,
exceto para promoção por merecimento;

V - para efeito de benefício previdenciário, no caso de afastamento, os


valores serão determinados como se no exercício estivesse.

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO (Art. 37, §6º CR/88)

A responsabilidade civil das pessoas jurídicas previstas no artigo 37, § 6º da


Constituição é uma responsabilidade objetiva, não dependendo da comprovação de
dolo ou culpa. É uma responsabilidade extracontratual (que não depende de contrato
com a administração).

Em uma ação de indenização só é necessário comprovar a conduta do agente estatal,


nexo e dano.

A responsabilidade pode ser tanto para atos lícitos (Ex: dono de uma padaria que fica
localizada em frente à praça da cidade. O prefeito resolve então construir um cemitério
no lugar da praça e mudar a praça para outra localidade), como para atos ilícitos.

Art. 37, § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado


prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes,
nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso
contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

FUNDAMENTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA

- Princípio da repartição dos encargos: todos os benefícios e todos os prejuízos devem


ser divididos por toda a coletividade.

- Teoria do risco administrativo: é a regra adotada no Brasil. A atuação estatal pode


causar prejuízo a terceiros. Sendo assim, as pessoas jurídicas do artigo 37, § 6º da
CR/88 assumiram os riscos inerentes a profissão.

A teoria do risco administrativo possibilita as chamados excludentes de


responsabilidade. É diferente da teoria do risco integral.
- Teoria do risco integral: não admite excludentes de responsabilidade.
Excepcionalmente é adotada pelo Brasil em caso de dano ambiental, dano nuclear e
atos terroristas / atos de guerra em aeronaves brasileiras.

EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE

Casos em que responsabilidade civil do Estado é afastada:

1. FATO EXCLUSIVO DA VÍTIMA;

Quando o dano é causado pela própria vítima.

OBS¹: Morte do preso (homicídio ou suicídio, não importa), de acordo com o STF a
responsabilidade civil é objetiva em virtude da morte do preso, pelo descumprimento
do dever de garantir a sua integridade na relação de custódia. Existem exceções, por
exemplo, quando o Estado não tinha como evitar o dano ou quando a morte não tenha
ligação com a relação de custódia. Ex: preso que está no banho de sol e cai um raio em
sua cabeça. Ex²: preso que tem um infarto dentro da cela. Inf. 819 STF/ Inf. 301 STJ.

Informativo 819, STF:

Em caso de inobservância do seu dever específico de proteção previsto no


art. 5º, XLIX, da CF, o Estado é responsável pela morte de detento. Essa a
conclusão do Plenário, que desproveu recurso extraordinário em que
discutida a responsabilidade civil objetiva do Estado por morte de preso em
estabelecimento penitenciário. No caso, o falecimento ocorrera por asfixia
mecânica, e o Estado-Membro alegava que, havendo indícios de suicídio,
não seria possível impor-lhe o dever absoluto de guarda da integridade física
de pessoa sob sua custódia. O Colegiado asseverou que a responsabilidade
civil estatal, segundo a CF/1988, em seu art. 37, § 6º, subsume-se à teoria do
risco administrativo, tanto para as condutas estatais comissivas quanto paras
as omissivas, uma vez rejeitada a teoria do risco integral. Assim, a omissão
do Estado reclama nexo de causalidade em relação ao dano sofrido pela
vítima nas hipóteses em que o Poder Público ostenta o dever legal e a
efetiva possibilidade de agir para impedir o resultado danoso. Além disso, é
dever do Estado e direito subjetivo do preso a execução da pena de forma
humanizada, garantindo-se-lhe os direitos fundamentais, e o de ter
preservada a sua incolumidade física e moral. Esse dever constitucional de
proteção ao detento somente se considera violado quando possível a
atuação estatal no sentido de garantir os seus direitos fundamentais,
pressuposto inafastável para a configuração da responsabilidade civil
objetiva estatal. Por essa razão, nas situações em que não seja possível ao
Estado agir para evitar a morte do detento (que ocorreria mesmo que o
preso estivesse em liberdade), rompe-se o nexo de causalidade. Afasta-se,
assim, a responsabilidade do Poder Público, sob pena de adotar-se a teoria
do risco integral, ao arrepio do texto constitucional. A morte do detento
pode ocorrer por várias causas, como homicídio, suicídio, acidente ou morte
natural, não sendo sempre possível ao Estado evitá-la, por mais que adote as
precauções exigíveis. Portanto, a responsabilidade civil estatal fica excluída
nas hipóteses em que o Poder Público comprova causa impeditiva da sua
atuação protetiva do detento, rompendo o nexo de causalidade da sua
omissão com o resultado danoso. Na espécie, entretanto, o tribunal “a quo”
não assentara haver causa capaz de romper o nexo de causalidade da
omissão do Estado-Membro com o óbito. Correta, portanto, a decisão
impositiva de responsabilidade civil estatal.

Informativo 301, STJ:

Trata-se de ação de reparação de danos ajuizada pelo MP, pleiteando


indenização por danos morais e materiais, bem como pensão aos
dependentes de preso que se suicidou no presídio, fato devidamente
comprovado pela perícia. A Turma, por maioria, deu parcial provimento ao
recurso, reconhecendo a responsabilidade objetiva do Estado, fixando em 65
anos o limite temporal para o pagamento da pensão mensal estabelecida no
Tribunal a quo. Outrossim, destacou o Min. Relator já estar pacificado, neste
Superior Tribunal, o entendimento de que o MP tem legitimidade
extraordinária para propor ação civil ex delicto em prol de vítima carente,
enquanto não instalada a Defensoria Pública do Estado, permanecendo em
vigor o art. 68 do CPP. Para o Min. Teori Albino Zavascki, o nexo causal que se
deve estabelecer é entre o fato de estar o preso sob a custódia do Estado e
não ter sido protegido, e não o fato de ele ter sido preso, pois é dever do
Estado proteger seus detentos, inclusive contra si mesmo. REsp 847.687-GO,
Rel. Min. José Delgado, julgado em 17/10/2006.

OBS²: Se o suicídio é causado por arma da corporação que não deveria estar com o
servidor policial que demonstrava um quadro depressivo, não há que se falar em fato
exclusivo da vítima, por se tratar de uma omissão do Estado. Resp 1.014520 STJ.

1. O nexo causal ressoa inequívoco quando a tentativa de suicídio respalda-


se na negligência do Estado quanto à possibilidade de militar deprimido ter
acesso a armas, colocando em risco não apenas a sua própria existência,
mas a vida de terceiros.

2. FATO EXCLUSIVO DE TERCEIRO;

Quando um terceiro causa aquele dano. Ex: Maria pega um ônibus municipal para ir
trabalhar. Quando o ônibus para em um semáforo, Joãozinho atira uma pedra contra o
ônibus, que quebra o vidro e atinge a cabeça de Maria vindo a causar danos. Nesse
caso, trata-se de fato exclusivo de terceiro. Inf. 425 STJ

Trata-se de recurso de usuário de transporte coletivo (ônibus) que foi vítima


de ferimentos graves provocados pelo arremesso de pedra por terceiro, o
que ocasionou seu afastamento das atividades escolares e laborais. No caso,
a Turma entendeu que a empresa recorrida está isenta de responsabilidade
pelo episódio, porquanto não contribuiu para o sinistro, não havendo ato
ilícito a ser indenizado por ela. Precedentes citados: AgRg no Ag 1.064.974-
RJ, DJe 15/10/2008; REsp 402.227-RJ, DJ 11/4/2005, e REsp 262.682-MG, DJ
20/6/2005. REsp 919.823-RS, Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, julgado em
4/3/2010.
3. CASO FORTUITO / FORÇA MAIOR;

Trata-se de um evento imprevisível e inevitável da natureza.

Ex¹: ocorre um terremoto e a casa de João é partida ao meio. Nesse caso não há
responsabilidade do Estado.

Ex²: o município deixa de prover a adequada limpeza das ruas e bueiros. Determinado
dia dá uma chuva muito forte e pelo fato de os bueiros estarem entupidos, ocorre um
alagamento que acaba causando danos a um determinado bairro da cidade. Nesse caso
há responsabilidade objetiva, tendo em vista a omissão do município. Omissão + Força
Maior = responsabilidade.

ARTIGO 37, § 6º CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DE 1988

 Pessoas jurídicas de direito público.

- União, Estados, Distrito Federal e Municípios;

- Autarquias;

- Fundações públicas de direito público.

 Pessoas jurídicas de direito privado (prestadoras de serviços públicos).

- Empresa pública;

- Sociedade de economia mista;

- Fundação pública de direito privado: exerce função social e se enquadra na ideia de


responsabilidade civil objetiva do estado no artigo 37, §6º CR/88.

- Concessionária / Permissionária / Autorizatária de serviço público: tem


responsabilidade civil objetiva.

DANOS

Patrimonial ou Material e Moral.

OBS¹: Existe responsabilidade civil do Estado por danos morais em virtude do preso em
situação degradante. Inf. 854 STF/ Inf. 553 STJ

Ex: Populares de uma cidade começaram a sentir um gosto estranho na água. Quando
a concessionária foi verificar, constatou a presença de um cadáver. Então a
concessionária realizou um experimento e concluiu que embora houvesse a presença
de um cadáver, aquela água não causava prejuízos à saúde da população. Porém o STJ
concluiu, que embora não pudesse se falar em danos materiais, houve a caracterização
de danos morais, havendo a necessidade de a concessionária indenizar a população
daquela cidade.

Informativo 854, STF:

Considerando que é dever do Estado, imposto pelo sistema normativo,


manter em seus presídios os padrões mínimos de humanidade previstos no
ordenamento jurídico, é de sua responsabilidade, nos termos do art. 37, §
6º, da Constituição, a obrigação de ressarcir os danos, inclusive morais,
comprovadamente causados aos detentos em decorrência da falta ou
insuficiência das condições legais de encarceramento. Com essa orientação,
o Tribunal, em conclusão e por maioria, deu provimento a recurso
extraordinário para restabelecer o juízo condenatório nos termos e limites
do acórdão proferido no julgamento da apelação, a qual fixara indenização
no valor de dois mil reais a favor de detento. Consoante o acórdão
restabelecido, estaria caracterizado o dano moral porque, após laudo de
vigilância sanitária no presídio e decorrido lapso temporal, não teriam sido
sanados os problemas de superlotação e de falta de condições mínimas de
saúde e de higiene do estabelecimento penal. Além disso, não sendo
assegurado o mínimo existencial, seria inaplicável a teoria da reserva do
possível — v. Informativos 770 e 784.

• Anormal: o dano não pode ser normal e que não decorra da simples vida em
sociedade.

• Específico: precisa ser um dano de uma pessoa ou um grupo determinado de


pessoas. Ex: pedir uma indenização em virtude da majoração do imposto que incide
sobre a gasolina, afetando todos. Não seria passível de indenização.

 Agentes nessa qualidade: quando estiver no exercício da função ou a pretexto do


exercício da função. Ex¹: Policial Militar em serviço que comete um descuido e acaba
realizando um disparo acidental que atinge um cidadão. Dever de indenizar do Estado.
Ex²: Policial Militar, que na folga, visualiza uma tentativa de homicídio e pretendendo
neutralizar o autor do fato realiza um disparo, que acaba acertando um terceiro
inocente. Dever de indenizar do Estado.

Quando o agente está atuando com base em sentimentos pessoais ele não estava na
qualidade de agente. Inf. 370, 421 STF. Ex: Policial Militar que acaba brigando em um
bar e mata terceira pessoa. Não há dever de indenizar. Atuação com base em
sentimento pessoal.

A Turma concluiu julgamento de recurso extraordinário interposto pelo


Estado de São Paulo contra acórdão do tribunal de justiça daquele Estado
que, reconhecendo a existência de responsabilidade objetiva, condenara o
ente federativo a indenizar vítima de disparo de arma de fogo, pertencente à
corporação, utilizada por policial durante período de folga. Alegava-se, na
espécie, ofensa ao art. 37, §6º, da CF, uma vez que o dano fora praticado por
policial que se encontrava fora de suas funções públicas - v. Informativo 362.
Considerou-se inexistente o nexo de causalidade entre o dano sofrido pela
recorrida e a conduta de policial militar, já que o evento danoso não
decorrera de ato administrativo, mas de interesse privado movido por
sentimento pessoal do agente que mantinha relacionamento amoroso com a
vítima. Asseverou-se que o art. 37, §6º, da CF exige, para a configuração da
responsabilidade objetiva do Estado, que a ação causadora do dano a
terceiro tenha sido praticada por agente público, nessa qualidade, não
podendo o Estado ser responsabilizado senão quando o agente estatal
estiver a exercer seu ofício ou função, ou a proceder como se estivesse a
exercê-la. Entendeu-se, ainda, inadmissível a argüição de culpa, in vigilando
ou in eligendo, como pressuposto para a fixação da responsabilidade
objetiva estatal, que tem como requisito a prática de ato administrativo pelo
agente público no exercício da função e o dano sofrido por terceiro. O
relator retificou o voto anterior. RE 363423/SP, rel. Min. Carlos Britto,
16.11.2004. (RE-363423)

- Terceiros: para o STF, terceiro é tanto o usuário quanto o não usuário do serviço
público. Ex: ônibus municipal que atropela um cidadão que trafegava pela rua.

RESPONSABILIDADE CIVIL POR OMISSÃO

Para que se fale em responsabilidade civil por omissão não basta a comprovação dos
elementos: Omissão + Nexo + Dano, além destes é necessário comprovar um
descumprimento do dever legal de agir.

OBS¹: Natureza da responsabilidade civil por omissão pela doutrina é uma


responsabilidade subjetiva, mas o STF entende hoje que mesmo em caso de omissão a
responsabilidade civil seria objetiva. Em se tratando de morte do preso para o STF a
responsabilidade é objetiva. Agravo em RE 655.277 ED. STF.

OBS²: Princípio da reserva do possível. Sempre que a atuação da administração sofrer


limitação e impedir que o Estado evite um dano, não há que se falar em
responsabilidade civil por omissão. Ex: pessoa que é assaltada em frente a uma
guarnição da polícia, que se mantém inerte.

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO X AÇÃO DE REGRESSO

A ação de regresso em face de particulares é prescritível, devendo respeitar o prazo de


03 anos. RE 669.069. Ex: um cidadão que por imprudência acaba se chocando com
uma viatura da polícia e causa danos. Nesse caso, a ação contra esse particular, deverá
respeitar o prazo do Código Civil de 03 anos.

O STJ só se pronunciou com relação a ação de regresso do Estado contra o particular,


não entrando no mérito da ação de regresso do Estado contra seu agente público.

No entanto, para José dos Santos Carvalho Filho, a ação de regresso do artigo 37, §6º
continua sendo imprescritível pelo artigo 37, §5º da CR/88. Ex: Policial Militar que
atinge terceiro inocente, que entra com um ação contra o Estado e ganha. Nesse caso,
a ação de regresso do Estado para discutir se houve dolo ou culpa por parte do agente
público, seria imprescritível. Ex²: ação de improbidade administrativa para reaver os
prejuízos causados ao erário por servidor público.

Art. 37, § 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados


por qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos ao erário,
ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento.

IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

A ação de improbidade administrativa não tem natureza penal, mas sim cível.

O artigo 37, § 4º CR/88 traz consequências: suspensão dos direitos políticos, perda da
função pública, indisponibilidade dos bens e ressarcimento ao erário.

Art. 37, § 4º Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão


dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos
bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem
prejuízo da ação penal cabível.

LEI DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA (LEI 8.429/92)

Pessoas que sofrem o ato de improbidade administrativa (art. 1º)

- Caput: Administração direta, administração indireta e fundacional, Entidade


incorporadas ao patrimônio público e as Entidades para as quais o erário haja
concorrido ou concorra com mais de 50% do seu patrimônio ou receita anual.

- Parágrafo único: Entidades que recebem benefício, incentivo ou subvenção (B.I.S) e


Entidades para as quais o erário haja concorrido ou concorra com menos de 50% do
seu patrimônio ou receita anual.

De acordo com o texto da lei 8.429/92 teremos uma limitação na futura ação de
improbidade administrativa, a sanção patrimonial será limitada a participação do
erário.

OBS¹: Se a entidade receber exatos 50% considera-se que se trata do artigo 1º,
parágrafo único. Sanções limitadas a participação do erário (José dos Santos Carvalho
Filho).

OBS²: Informativo 573, STJ – Abuso em abordagem policial, não é ato de improbidade
administrativa.

Não ensejam o reconhecimento de ato de improbidade administrativa (Lei


8.429/1992) eventuais abusos perpetrados por agentes públicos durante
abordagem policial, caso os ofendidos pela conduta sejam particulares que
não estavam no exercício de função pública. O fato de a probidade ser
atributo de toda atuação do agente público pode suscitar o equívoco
interpretativo de que qualquer falta por ele praticada, por si só,
representaria quebra desse atributo e, com isso, o sujeitaria às sanções da
Lei 8.429/1992.

Tortura contra preso em delegacia é ato de improbidade administrativa uma vez que é
ato atentatório ao princípio da dignidade da pessoa humana, que por sua vez fere
todos os princípios da administração pública, Inf. 577 STJ.

A tortura de preso custodiado em delegacia praticada por policial constitui


ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da
administração pública.

QUEM PRATICA O ATO DE IMPROBIDADE (Art. 2º e 3º)

- Artigo 2º: Agentes Públicos

- Artigo 3º: Particular que induz, concorre ou se beneficia, direta ou indiretamente.

É possível para a maioria da doutrina e para o STJ que pessoa jurídica se beneficie de
atos de improbidade e por isso responda por ação de improbidade administrativa.
Porém, para o José dos Santos Carvalho Filho, a pessoa jurídica não pode responder em
ação de improbidade administrativa.

OBS¹: O particular não pode figurar sozinho na ação de improbidade administrativa. A


única forma de um particular figurar no polo passivo de uma ação de improbidade, é se
estiver conjuntamente com um agente público.

ESPÉCIES DE ATOS IMPROBIDADE ADMINISTRATIVOS

• Artigo 9º: Atos que causam enriquecimento ilícito. Nem todo ato que gera
enriquecimento ilícito causará dano ao erário. O rol do artigo é exemplificativo. É
necessário uma ação, só responde se a conduta for dolosa. Para responder por
omissão, é necessário que haja expressa previsão na lei, o que não ocorre. Dessa
forma, se um agente se enriquecer ilicitamente por omissão, responderá por outros
meios, que não uma ação de improbidade.

• Artigo 10: Atos de improbidade que causa prejuízo ao erário. O rol é exemplificativo e
não depende de enriquecimento ilícito. Pode ser causado por ação ou omissão e a
conduta pode ser dolosa ou culposa (o único que admite conduta culposa).

• Artigo 10-A: Concessão irregular de benefício financeiro e tributário. Pode se dar por
ação ou omissão.

• Artigo 11: Atos que ferem princípios da administração pública. O rol é exemplificativo
(ex: ato de tortura contra preso em delegacia), não depende nem do enriquecimento
ilícito e nem depende de prejuízo ao erário. Pode se dar por ação ou omissão. Conduta
dolosa.
OBS¹: Artigo 11, V (Frustrar licitude de concurso público) ≠ artigo 10, VIII (Frustrar
licitude de licitação, dano presumido = in re ipsa de acordo com o STJ).

• ART. 12 - SANÇÕES
ART. 9º ART. 10 ART. 10-A ART. 11
PERDA DE
SIM. SIM, SE FOR O CASO. X X
BENS/VALORES
RESSARCIMENTO AO
SIM, SE FOR O CASO. SIM. X SIM, SE FOR O CASO.
ERÁRIO
PERDA DA FUNÇÃO
SIM. SIM. SIM. SIM.
PÚBLICA
SUSPENSÃO DOS
08 A 10 ANOS. 05 A 08 ANOS. 05 A 08 ANOS. 03 A 05 ANOS.
DIREITOS POLÍTICOS
ATÉ 3X O VALOR DO ATÉ 2X O VALOR DO ATÉ 3X A CONCESSÃO ATÉ 100X O VALOR
MULTA CIVIL
ENRIQUECIMENTO. PREJUÍZO/DANO. DO BENEFÍCIO. REMUNERAÇÃO.
PROIBIÇÃO DE
10 ANOS. 05 ANOS. X 03 ANOS.
CONTRATAR

OBS¹: O juiz tem liberdade de decidir quais as sanções aplicar de acordo com o caso
concreto. Não existe insignificância nos casos da improbidade administrativa. Ex:
Prefeito desvia 50 reais da verba pública para sua conta. O Juiz ao analisar o caso
decide aplicar as sanções de enriquecimento ilícito, somente para a multa civil de até
3x do valor do enriquecimento ilícito.

OBS²: Não é possível a aplicação da sanção abaixo do mínimo legal previsto em lei. Se
praticados todos os crimes é aplicada a sanção mais grave. Ex: Prefeito comete um ato
que gere lesão ao erário e o Juiz no caso concreto aplica sanção de proibição de
contratar por 03 anos. Não é possível.

PROCEDIMENTOS

• Procedimento Administrativo: é o procedimento que a administração pública vai


utilizar para apurar internamente a prática de improbidade administrativa. (art. 14 a
16)

Qualquer pessoa pode representar a administração pública por atos de improbidade e


iniciar um procedimento administrativo. Sendo assim, qualquer pessoa pode iniciar o
procedimento ADMINISTRATIVO. De acordo com o STJ é possível a denúncia anônima,
desde que tenha indícios de que o ato de improbidade realmente foi praticado e a
administração terá o dever de apurar.

• Procedimento Judicial: ação civil de improbidade administrativa. (Art. 17 e 18)

Somente são legitimados para ajuizar ação de improbidade: Ministério Público e a


Pessoa Jurídica Interessada.

PRESCRIÇÃO (Art. 23)

I- Mandato eletivo, cargo em comissão ou função de confiança.


Se o ato for praticado por estes, o prazo é de 05 anos a contar do fim do vínculo. No
caso de mandato eletivo em caso de reeleição o prazo começa a contar depois do fim
do novo mandato, quantas vezes forem as reeleições.

Art. 23, I - até cinco anos após o término do exercício de mandato, de cargo
em comissão ou de função de confiança.

II- Cargo efetivo ou emprego público.

O prazo depende de cada Estado.

Art. 23, II - dentro do prazo prescricional previsto em lei específica para


faltas disciplinares puníveis com demissão a bem do serviço público, nos
casos de exercício de cargo efetivo ou emprego.

III- Art. 1º, p. único.

Se o ato de improbidade for praticado contra estas pessoas do artigo 1º o prazo de


prescrição será de 05 anos, contados à partir da prestação de contas destas entidades.

Art. 23, III - até cinco anos da data da apresentação à administração pública
da prestação de contas final pelas entidades referidas no parágrafo único do
art. 1º desta Lei.

ATOS ADMINISTRATIVOS

Atos da administração:

a) Atos privados: direito privado.

b) Atos políticos ou de governo: baseados na função política.

c) Atos materiais ou fatos administrativos: são atuações da administração pública sem


manifestação de vontade. Os fatos administrativos são eventos que acontecem sem
manifestação de vontade que trazem conseqüências para a administração pública, pro
direito administrativo (Ex. Morte de servidor público. Ex²: Construção de Obra Pública.
Ex³: Instalação de radar de velocidade).

Os fatos administrativos necessariamente devem ser precedidos de atos


administrativos? NÃO.

d) Atos administrativos: manifestação de vontade, exercício da função administrativa,


baseados no direito público.

Atos administrativos são manifestações unilaterais de vontade da administração


pública ou de seus delegatários no exercício da função administrativa com base no
direito público.

ELEMENTOS OU REQUISITOS DO ATO ADMINISTRATIVO (Art. 2º Lei 4.717/65)


CO – FI – FO – MO – OB

• COMPETÊNCIA: é o limite de atribuições de um determinado órgão público e de seus


servidores. É irrenunciável e improrrogável (não se torna competente com o passar do
tempo).

Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos


administrativos a que foi atribuída como própria, salvo os casos de
delegação e avocação legalmente admitidos.

É permitida a delegação que vai acontecer quando o servidor delega temporariamente


sua competência para outra pessoa. Não depende de relação hierárquica.

Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver


impedimento legal, delegar parte da sua competência a outros órgãos ou
titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados,
quando for conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, social,
econômica, jurídica ou territorial.

Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:

I - a edição de atos de caráter normativo;

II - a decisão de recursos administrativos;

III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade.

A avocação acontece quando um superior hierárquico toma para si temporariamente a


competência de um subordinado. É necessária a relação hierárquica.

Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por motivos relevantes


devidamente justificados, a avocação temporária de competência atribuída a
órgão hierarquicamente inferior.

Se a atuação for fora da competência o agente atua com excesso de poder (espécie de
abuso de poder).

• FINALIDADE: é o que se busca com a edição do ato administrativo, é o resultado


mediato do ato administrativo, a finalidade geral de todo ato administrativo é o
interesse público, mas existem também as finalidades específicas previstas em lei. Ex:
demissão de servidor. Finalidade geral: interesse público (sempre deve ser). Finalidade
específica (punir o servidor).

Se a atuação tem problema na finalidade, atua com desvio de poder ou desvio de


finalidade, ou seja, abuso de poder.

• FORMA: é a exteriorização do ato administrativo que em regra é de forma escrita,


mas é possível que a lei crie novas formas de atos administrativos. Ex: semáforo no
vermelho, sinal de parada com a mão de agente de trânsito, placa de proibido
estacionar.

• MOTIVO: é a situação de fato ou de direito que levou a edição do ato administrativo.


Todo ato tem um motivo que é diferente de motivação, pois motivação é a
exteriorização do motivo. Motivo ≠ Motivação. Ex: servidor comete uma conduta
prevista no Estatuto com punição passível de demissão. O motivo é o fato cometido,
bem como a norma impositiva da sanção. A motivação é a forma do motivo, a sua
exteriorização. Quando houver ausência de motivação, o problema estará na forma e
não no motivo. Ex²: servidor público que recebe a penalidade de demissão por ter
cometido um ato previsto com a pena de demissão. Porém, na elaboração do ato
administrativo, não consta o motivo. Nesse caso, há o motivo, ele apenas não foi
exteriorizado. O vício nesse caso é na forma e não no motivo.

Os artigos 93, X CR/88 e 50 da lei 9.784/99 trazem expressamente os atos que


precisam ser motivados.

Art. 93, X, CF. X as decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e


em sessão pública, sendo as disciplinares tomadas pelo voto da maioria
absoluta de seus membros;

Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos
fatos e dos fundamentos jurídicos, quando:

I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;

II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;

III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública;

IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório;

V - decidam recursos administrativos;

VI - decorram de reexame de ofício;

VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem


de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais;

VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato


administrativo.

- Teoria dos motivos determinantes: se o motivo exteriorizado for falso ou inválido


todo o ato administrativo deve ser invalidado. Ex: a exoneração de cargo em comissão
não precisa ser motivada (ad nutum). Porém, o Prefeito de uma cidade resolve
exonerar um servidor comissionado, constando o motivo. No ato, o Prefeito alega que
a exoneração está se dando por motivo de faltas injustificadas do servidor. O servidor
comissionado, porém ingressa judicialmente e consegue provar que jamais faltou no
serviço. Nesse caso, o motivo é falso e por isso o ato deve ser invalidado.
• OBJETO: é o resultado imediato do ato administrativo. É a alteração no mundo fático
causado pelo ato administrativo. Ex: na demissão de um servidor público, o resultado
mediato (finalidade) é a sua punição com vistas ao interesse público. Já o resultado
imediato (objeto) será a sua retirada do cargo.

MÉRITO ADMINISTRATIVO

- Ato vinculado: todos os elementos do ato estão previstos em lei. Ex: licença para
dirigir (preenchido os requisitos, a administração deve concedê-la).

- Ato discricionário: existe uma margem de liberdade (mérito administrativo) para o


agente público atuar que são a conveniência e a oportunidade.

Mérito administrativo é formado pelos elementos do ato discricionário em que eu


tenho uma margem de liberdade.

A competência sempre vai estar prevista em lei, assim como a finalidade e a forma. Já o
motivo e o objeto trazem uma margem de liberdade.

O mérito administrativo é formado pelo motivo e pelo objeto.

ATRIBUTOS DO ATO ADMINISTRATIVO

São as características do ato administrativo:

a) Presunção de legalidade, legitimidade e veracidade: presume-se que o ato


administrativo é legal, legítimo e verdadeiro. Esta presunção é “iuris tantum”, ou seja,
relativa.

b) Imperatividade: o ato administrativo vai ser imposto ao particular


independentemente da sua vontade.

Existem exceções:

- Atos de consentimento: não são imperativos. Ex: carteira de habilitação.

- Atos enunciativos: são aqueles que administração pública atesta (certidão) um fato
ou dá a sua opinião (parecer).

c) Autoexecutoriedade: a administração pública pode executar os seus atos sem


precisar do poder judiciário. Sempre vai existir quando houver uma previsão em lei ou
uma situação de emergência.

Existem exceções: multa.

- Executoriedade: existe a possibilidade da administração pública usar de meios diretos


de coerção. Ex: retirada compulsória de veículo que está em frente a uma garagem.
- Exigibilidade: é a utilização de meios indiretos de coerção. Ex: condicionar o
licenciamento ao pagamento das multas.

d) Tipicidade: de acordo com Maria Silvia de Pietro todo ato administrativo deve estar
previsto em lei.

EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS

a) Extinção natural: com o fim do prazo ou com o fim dos seus efeitos. Ex:
cumprimento da penalidade de suspensão de 30 dias.

b) Extinção objetiva: quando o objeto sobre o qual o ato recai desaparece ou não
existe mais. Ex: reforma do prédio da prefeitura. No outro dia o prédio, por estar velho
cai.

c) Extinção subjetiva: quando o sujeito beneficiário do ato não existe mais. Ex:
nomeação de um indivíduo. Ele morre no outro dia.

d) Por vontade do beneficiário:

- Recusa: é a extinção do ato administrativo quando o beneficiário pede a sua extinção


antes mesmo de se beneficiar dele. Ex: solicitação para interdição de rua para
realização de festa, onde o beneficiário resolve que não irá mais realizar o evento.

- Renúncia: é a extinção do ato administrativo enquanto se beneficia dele.

e) Cassação: é a extinção do ato administrativo quando o beneficiário comete uma


irregularidade. Artigo 10, 2º Lei 10826/03.

Art. 10. A autorização para o porte de arma de fogo de uso permitido, em


todo o território nacional, é de competência da Polícia Federal e somente
será concedida após autorização do Sinarm.

§ 2º A autorização de porte de arma de fogo, prevista neste artigo, perderá


automaticamente sua eficácia caso o portador dela seja detido ou abordado
em estado de embriaguez ou sob efeito de substâncias químicas ou
alucinógenas.

f) Caducidade: é a extinção do ato administrativo em virtude uma lei nova. Ex:


autorização para lanchonetes utilizarem mesas nas calçadas. Surge uma lei
posteriormente, proibindo a utilização de mesas em calçadas.

OBS¹: dentro do direito administrativo temos 03 tipos de caducidade.

Caducidade do ato administrativo: extinção do ato administrativo em virtude de lei


nova.

Contrato de concessão de serviço público: extinção do contrato por culpa da


concessionária.
Desapropriação: é quando passa o prazo previsto em lei para a execução da
desapropriação.

g) Anulação: extinção de ato ilegal. Em regra tem efeito ex tunc.

OBS¹: Decadência administrativa é quando a administração pública perde o direito de


anular um ato administrativo ilegal. Artigo 54 da lei 9.784/99.

Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que


decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos,
contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé.

h) Revogação: é a extinção de ato legal, mas que se tornou inconveniente ou


inoportuno. Tem efeito ex nunc.

OBS¹: Existem atos administrativos que não podem ser revogados:

- Atos que geram direitos adquiridos;

Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de
vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou
oportunidade, respeitados os direitos adquiridos.

- Atos consumados (que já se extinguiu);

- Atos que já sofreram preclusão em um processo administrativo; Ex: em um processo


administrativo há uma série de atos administrativos que são praticados ao longo do
processo. Se determinado ato já foi praticado em um processo administrativo, ele está
precluso e não pode ser mais revogado.

- Atos enunciativos (parecer, atestado e certidão);

- Atos vinculados; Exceção: O STF determinou que a licença para construir poderia ser
revogada, apesar de ser ato vinculado, desde que não tenha sido iniciada a obra e a
revogação seja indenizada.

LICITAÇÃO

Fontes Normativas:

- Artigo 37, XXI CR/88, Ressalvados os casos especiais

- Artigo 173 CR/88 Empresas públicas e sociedade de economia mista, devem ser
tratadas por estatuto próprio Lei 13.303/16.

- Lei 8.666/93

- Lei 10.520/02 (pregão)

- Lei 12.462/11 (Regime diferenciado de contratação)


- Lei Complementar 123/06, artigos 42 a 49.

- Decreto 7.892/13 (Sistema de registro de preços)

CONTRATAÇÃO DIRETA (EXCEÇÃO À LICITAÇÃO)

a) Licitação Dispensada;

Atuação vinculada do agente público (foi dispensada pelo legislador, por isso é ato
vinculado). Lei 8.666/93, artigo 17 que trata apenas de alienação de bens públicos e
em regra precisa fazer licitações, mas existem exceções em que ela pode ser
dispensada.

Lei 13.303/16 artigo 28, 3º. A empresa pública tem licitação dispensada quando a
contratação tiver ligação com seu objeto social (atividade-fim) e quando a contratação
tiver ligação com a oportunidade de negócios. Ex¹: abrir conta corrente no Banco do
Brasil. Ex²: para contratação de uma empresa de limpeza é necessário a licitação, pois
trata-se de atividade-meio.

b) Licitação Inexigível;

Quando a administração pública tem uma inviabilidade de competição. Artigo 25 Lei


8.666/93.

Inciso I - Fornecedor exclusivo: é vedada a escolha de marca.

Lei 13.303/16 artigo 30 e 47 (não traz vedação a escolha de marca).

Inciso II - Contratação de serviço técnico singular com profissional de notória


especialização. Artigo 13 Lei 8666/93. Serviço excepcional.

É vedada a inexigibilidade de licitação para serviços de publicidade e divulgação.

Inciso III - Contratação do setor artístico consagrados pela opinião pública ou pela
crítica especializada.

Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição,


em especial:

I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros que só possam ser


fornecidos por produtor, empresa ou representante comercial exclusivo,
vedada a preferência de marca, devendo a comprovação de exclusividade
ser feita através de atestado fornecido pelo órgão de registro do comércio
do local em que se realizaria a licitação ou a obra ou o serviço, pelo
Sindicato, Federação ou Confederação Patronal, ou, ainda, pelas entidades
equivalentes;

II - para a contratação de serviços técnicos enumerados no art. 13 desta Lei,


de natureza singular, com profissionais ou empresas de notória
especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade e
divulgação;

III - para contratação de profissional de qualquer setor artístico, diretamente


ou através de empresário exclusivo, desde que consagrado pela crítica
especializada ou pela opinião pública.

§ 1º Considera-se de notória especialização o profissional ou empresa cujo


conceito no campo de sua especialidade, decorrente de desempenho
anterior, estudos, experiências, publicações, organização, aparelhamento,
equipe técnica, ou de outros requisitos relacionados com suas atividades,
permita inferir que o seu trabalho é essencial e indiscutivelmente o mais
adequado à plena satisfação do objeto do contrato.

§ 2º Na hipótese deste artigo e em qualquer dos casos de dispensa, se


comprovado superfaturamento, respondem solidariamente pelo dano
causado à Fazenda Pública o fornecedor ou o prestador de serviços e o
agente público responsável, sem prejuízo de outras sanções legais cabíveis.

c) Contratação Dispensável

Atuação discricionária do administrador público.

- Artigo 24 da lei 8.666\93

- Artigo 29 da lei 13.303\16

• Em virtude do valor (artigo 24, I e II lei 8.666\93):

Até 10% do valor convite;

Obras e serviços de engenharia até R$ 15.000,00

Outras compras\serviços até R$ 8.000,00

OBS¹: Artigo 24, § 1º lei 8.666\93 - Licitação dispensável com 20% do valor do convite,
as entidades são:

• Agências executivas: são espécies de autarquia e fundações públicas que firmaram


com a administração um contrato de gestão, artigo 37, § 8º CR\88.

• Consórcios públicos: produtos da união dos entes federativos para buscar um


interesse em comum.

• Empresas públicas e sociedade de economia mista: é letra morta, pois está tratada na
lei 13.303\16.

OBS²: A licitação é dispensável no caso de empresas públicas e sociedade de economia


mista com valores diferentes que estão no artigo 29, I e II lei 13.303\16.
As empresas públicas e sociedades de economia mista não se submetem ao valor de
20% pois é um valor muito baixo.

A licitação é dispensável para estas sociedades:

Em caso de obras ou serviços de engenharia se a contratação for até 100.000,00.

Em caso de outras compras e serviços se a contratação for de até 50.000,00.

• Em virtude de emergência ou calamidade pública (artigo 24, IV, lei 8.666\93). Será
dispensável quando:

A contratação tiver ligação com situação de emergência;

A contratação no caso de emergência ou calamidade pública deve ter um prazo de no


máximo 180 dias. Não admite prorrogação.

• Licitação deserta (artigo 24, V lei 8.666\93):

Ocorre quando não se tem interessados naquela licitação, e pra que ela possa ser
dispensável é necessário que:

A licitação não possa ser repetida sem prejuízo para a administração e o contrato tem
que seguir e manter as mesmas condições daquele edital deserto.

• Licitação dispensável no caso de estabelecimento penal (artigo 24, XXXV, lei


8.666\93):

Qualquer tipo de obras, melhoramentos, reformas em estabelecimentos penais


poderiam ser contratados com licitação dispensável desde que:

Se comprove grave e iminente risco à segurança pública.

MODALIDADES DE LICITAÇÃO

São os procedimentos adotados pela administração.

OBS¹: Modalidade é diferente de tipo de licitação.

Tipo de licitação: é o critério de julgamento que será adotado em uma licitação. Ex:
Preço, técnica etc.

Temos 07 modalidades no total:

• CONCORRÊNCIA
• TOMADA DE PREÇOS
• CONVITE ARTIGOS 22 e 23 DA LEI 8.666/93
• CONCURSO
• LEILÃO
• PREGÃO LEI 10.520/02
• CONSULTA É UMA MODALIDADE ESPECÍFICA DAS AGÊNCIAS REGULADORAS.

Artigo 22, § 8º lei 8.666\93: vedação de criação de nova modalidade de licitação pelo
agente público. Não se aplica ao legislador. O pregão é a modalidade mais importante
na administração pública.

Art. 22, § 8º É vedada a criação de outras modalidades de licitação ou a


combinação das referidas neste artigo.

a) PREGÃO;

É a modalidade de licitação utilizado para aquisição de bens ou serviços comuns


(aquele serviço ou bem que se consegue descrever com especificações usuais de
mercado no edital).

O pregão NÃO TEM LIMITE DE VALOR.

O único tipo de licitação adotado no pregão é o do menor preço, artigo 4º, VIII, X lei
10.520\02.

Art. 1º Para aquisição de bens e serviços comuns, poderá ser adotada a


licitação na modalidade de pregão, que será regida por esta Lei.

Parágrafo único. Consideram-se bens e serviços comuns, para os fins e


efeitos deste artigo, aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade
possam ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações
usuais no mercado.

Art. 4º A fase externa do pregão será iniciada com a convocação dos


interessados e observará as seguintes regras:

VIII - no curso da sessão, o autor da oferta de valor mais baixo e os das


ofertas com preços até 10% (dez por cento) superiores àquela poderão fazer
novos lances verbais e sucessivos, até a proclamação do vencedor;

X - para julgamento e classificação das propostas, será adotado o critério de


menor preço, observados os prazos máximos para fornecimento, as
especificações técnicas e parâmetros mínimos de desempenho e qualidade
definidos no edital;

b) LEILÃO;

É a modalidade de licitação em regra utilizada para a alienação de bens móveis da


administração pública.

OBS: Temos uma situação em que a alienação de bem imóveis poderá ser feita através
de leilão:
- Quando o bem imóvel da administração for adquirido por dação em pagamento ou
quando for adquirido por decisão judicial. Artigo 19, lei 8666\93.

c) CONCURSO;

É a modalidade de licitação que serve para a administração contratar um trabalho


técnico, artístico ou científico.

d) CONCORRÊNCIA, TOMADA DE PREÇOS E CONVITE;

- Obras e serviços de engenharia:

- Outras compras e outros serviços:

Vai variar a modalidade de acordo com o valor.

OBS¹: Artigo 23, § 4º, lei 8.666\93, pode tornar mais burocrático, mas nunca diminuir a
burocracia.

§ 4º Nos casos em que couber convite, a Administração poderá utilizar a


tomada de preços e, em qualquer caso, a concorrência.

OBS²: Artigo 23, § 8º, se os consórcios públicos forem formados por até 03 entes
federativos o valor será o dobro (2X), se forem formados por mais de 03 entes
federativos o valor será o triplo (3X).

§ 8º No caso de consórcios públicos, aplicar-se-á o dobro dos valores


mencionados no caput deste artigo quando formado por até 3 (três) entes
da Federação, e o triplo, quando formado por maior número. (Incluído pela
Lei nº 11.107, de 2005)

OBS³:

- Na concorrência a participação é ampla (quem quiser participar pode participar sem


restrição);
- Na tomada de preços, em regra, somente participam os fornecedores cadastrados.
Mas é possível a participação daqueles que pedirem o seu cadastro até 03 dias antes
do recebimento das propostas;

- No convite, em regra, participam desta licitação apenas aqueles que receberem a


carta convite. A administração pública deve enviar no mínimo 03 cartas convites para
convidados, que podem ser cadastrados ou não. Mas é possível a participação do não
convidado (desde que cadastrado), que pedir para participar até 24 horas antes da
abertura das propostas. Ex: se tem convite, pode participar da licitação sendo
cadastrado ou não. Porém, se não houver convite, só poderá participar da licitação se
já for previamente cadastrado.

OBS4: Artigo 22, §7º, lei 8.666\92. Na hipótese de somente ter 01 fornecedor é
inexigível a licitação, mas se tiver 02, a carta convite deverá ser enviada para os dois.

§ 7º Quando, por limitações do mercado ou manifesto desinteresse dos


convidados, for impossível a obtenção do número mínimo de licitantes
exigidos no § 3o deste artigo, essas circunstâncias deverão ser devidamente
justificadas no processo, sob pena de repetição do convite.

OBS5: A cada novo convite e licitação de acordo com o artigo 22, § 6º lei 8.666/93, se
existir mais de 03 possíveis interessados é necessário chamar mais um interessado e
passar por todas as empresas cadastradas que fornecem aquele bem.

§ 6º Na hipótese do § 3º deste artigo, existindo na praça mais de 3 (três)


possíveis interessados, a cada novo convite, realizado para objeto idêntico
ou assemelhado, é obrigatório o convite a, no mínimo, mais um interessado,
enquanto existirem cadastrados não convidados nas últimas licitações.

FASES DA LICITAÇÃO

FASE INTERNA  PUBLICAÇÃO DO EDITAL (MODALIDADE CONVITE NÃO TEM EDITAL)


 FASE DE HABILITAÇÃO (RECURSO ADMINISTRATIVO EM CASO DE INABILITAÇÃO – 05
DIAS ÚTEIS)  FASE DE JULGAMENTO (COM BASE NO TIPO DE LICITAÇÃO – RECURSO
NO CASO DE DESCLASSIFICAÇÃO – 05 DIAS ÚTEIS)  FASE DE HOMOLOGAÇÃO  FASE
DA ADJUDICAÇÃO (DECLRAÇÃO DO VENCENDOR).

• Fase de julgamento – 03 possibilidades de desclassificação:

- Valor da proposta muito acima do valor de mercado; Ex: licitação para compra de
veículos. A empresa X manda uma proposta com o valor de cada veículo por R$
1.000.000,00.
- Valor da proposta muito abaixo do valor de mercado; Ex: licitação para compra de
veículo. A empresa X manda uma proposta com o valor de cada veículo por R$ 0,10.

- Proposta fora do objetivo da licitação. Ex: licitação para compra de veículos. Empresa
X manda uma proposta para venda de papel higiênico.

• Fase de homologação – 04 possibilidades:

- Vício sanável: devolver para a comissão resolver e reenviar a ele.

- Ilegalidade: a autoridade competente irá anular a licitação.

- Legal, mas por motivo superveniente a licitação se tornou inconveniente ou


inoportuna. A autoridade competente irá revogar a licitação. Artigo 49 lei 8.666/93.

Art. 49. A autoridade competente para a aprovação do procedimento


somente poderá revogar a licitação por razões de interesse público
decorrente de fato superveniente devidamente comprovado, pertinente e
suficiente para justificar tal conduta, devendo anulá-la por ilegalidade, de
ofício ou por provocação de terceiros, mediante parecer escrito e
devidamente fundamentado.

- Se estiver tudo perfeito a autoridade competente irá homologar.

A última fase é a adjudicação que é a edição do ato administrativo declarando o


licitante vencedor.

OBS¹: Após a adjudicação tem-se uma mera expectativa de direito à contratação, não é
obrigatória a contratação. MS 4513\DF.

José dos Santos Carvalho Filho é o único doutrinador que entende que o licitante teria
direito subjetivo a contratação.

OBS²: É uma tendência no direito administrativo a chamada inversão de fases. Pode


ocorrer com as fases de:

a) FASE DE HABILITAÇÃO  FASE DE JULGAMENTO: consiste em realizar o julgamento


primeiro e somente depois realizar a habilitação dos candidatos.

b) FASE DE HOMOLOGAÇÃO  FASE DE ADJUFICAÇÃO: realiza-se a adjudicação


primeiro e depois de verificada dá início a homologação.

Algumas leis trazem em seu bojo esta inversão de fases, são elas:

Lei 10.520/02, Lei 12.462/11, Lei 8.987/95, Lei 11.079/04, Lei 13.303/16 que traz como
regra a inversão de fases. Todas as leis posteriores à lei 8.666/93 trazem a possibilidade
de inversão de fases.

CONTRATOS ADMINISTRATIVOS (Lei 8.666/93)


O contrato administrativo tem como uma de suas principais características a relação de
verticalidade com o contratado. A administração pública em uma posição de
supremacia sobre o particular.

Normas de direito público: relação de verticalidade.

Normas de direito privado: relação de horizontalidade.

O que muda são as normas aplicáveis. Não necessariamente todo contrato da


administração é contrato administrativo. Ex: a administração pública está precisando
de um imóvel para funcionar a assistência social. Para tanto resolve fazer um contrato
de locação com a senhora Maria. Nesse caso, o contrato é de natureza privada, pois
encontra previsão no Direito Civil, não havendo que se falar em relação de
verticalidade.

a) Cláusulas exorbitantes (artigo 58 lei 8.666/93);

Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído por esta
Lei confere à Administração, em relação a eles, a prerrogativa de:

I - modificá-los, unilateralmente, para melhor adequação às finalidades de


interesse público, respeitados os direitos do contratado;

II - rescindi-los, unilateralmente, nos casos especificados no inciso I do art.


79 desta Lei;

III - fiscalizar-lhes a execução;

IV - aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou parcial do ajuste;

V - nos casos de serviços essenciais, ocupar provisoriamente bens móveis,


imóveis, pessoal e serviços vinculados ao objeto do contrato, na hipótese da
necessidade de acautelar apuração administrativa de faltas contratuais pelo
contratado, bem como na hipótese de rescisão do contrato administrativo.

§ 1º As cláusulas econômico-financeiras e monetárias dos contratos


administrativos não poderão ser alteradas sem prévia concordância do
contratado.

§ 2º Na hipótese do inciso I deste artigo, as cláusulas econômico-financeiras


do contrato deverão ser revistas para que se mantenha o equilíbrio
contratual.

• ALTERAÇÃO UNILATERAL DO CONTRATO;

Acontece quando a administração pública sem o consentimento do contratado altera o


objeto do contrato em sua quantidade ou a qualidade.

Não é possível a alteração unilateral do objeto em si ou apenas da cláusula financeira.


Quando há a alteração da quantidade ou qualidade tem que existir a garantia do
reequilíbrio econômico financeiro do contrato.

LIMITES PARA ALTERAÇÃO UNILATERAL DO CONTRATO (Artigo 65, §1º, lei 8.666/93);

Se o contrato for de compra, obra ou serviço é possível que haja acréscimo ou


supressões de até 25%.

Em caso de reforma é possível que haja acréscimo em até 50%.

Com a concordância do contratado é SEMPRE possível, de acordo com o artigo 65, §2º
a lei 8.666/93 a alteração sem limites, desde que haja concordância do contratado
apenas em casos de supressões.

Art. 64 § 1º O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas condições


contratuais, os acréscimos ou supressões que se fizerem nas obras, serviços
ou compras, até 25% (vinte e cinco por cento) do valor inicial atualizado do
contrato, e, no caso particular de reforma de edifício ou de equipamento,
até o limite de 50% (cinqüenta por cento) para os seus acréscimos.

§ 2º Nenhum acréscimo ou supressão poderá exceder os limites


estabelecidos no parágrafo anterior, salvo:

I - (VETADO)

II - as supressões resultantes de acordo celebrado entre os contratantes.

• RESCISÃO UNILATERAL DO CONTRATO (ARTIGO 78 LEI 8666/93);

- Por culpa do contratado (Artigo 78, I a XI e inciso XVIII): Rescisão unilateral.

- Por culpa da administração pública (Artigo 78, XIII a XVI): Particular precisa pedir a
rescisão.

- Sem culpa (Artigo 78, XII e XVII): Rescisão unilateral.

OBS¹: Exceção do contrato não cumprido (exception adimpleti contratus).

Duas exceções para adotar a teoria da exceção do contrato não cumprido:

- Artigo 78, XIV e Artigo 78, XV.

OBS²: Nos contratos de delegação de serviço público, não há que se falar em regra da
exceção do contrato não cumprido, em virtude do princípio da continuidade dos
serviços públicos. Ex: em uma PPP de Presídio, o Estado deixa de pagar por mais de 90
dias. Nesse caso, como trata-se de concessão de serviço público, não poderá haver
interrupção da prestação de serviço.

• FISCALIZAÇÃO;
É o poder/dever que a administração pública tem de fiscalizar o contrato e verificar se
ele está sendo desenvolvido de forma satisfatória.

• SANÇÃO;

A possibilidade de aplicar sanção a quem de alguma maneira descumpre o previsto em


contrato. Artigo 87 da lei (sanções).

OBS¹: A aplicação de sanções, seja qual for, depende de contraditório e ampla defesa,
artigo 5º, LV CR\88.

OBS²: As sanções do artigo 87 derivam do poder disciplinar (vínculo especial com o


Estado).

• OCUPAÇÃO PROVISÓRIA;

Art. 58, V - nos casos de serviços essenciais, ocupar provisoriamente bens


móveis, imóveis, pessoal e serviços vinculados ao objeto do contrato, na
hipótese da necessidade de acautelar apuração administrativa de faltas
contratuais pelo contratado, bem como na hipótese de rescisão do contrato
administrativo.

A administração pública tem o poder de ocupar provisoriamente os bens do


contratado.

SERVIÇOS PÚBLICOS

• CRITÉRIOS:

- Orgânico/subjetivo: leva em consideração quem estava executando o serviço, então,


seria serviço público aquele prestado pelo Estado.

- Formal: leva em consideração as normas, então, seria considerado serviço público os


serviços tratados pelas normas de direito público.

- Material: leva em consideração a atividade, então, seria serviço público aquele que
atendessem as necessidades essenciais da coletividade.

Conceito: Serviço público é toda atividade prestada pelo Estado ou por seus
delegatários, com base em normas total ou parcialmente de direito público, para
atender necessidades essenciais ou secundárias da coletividade.

• FORMAS DE CLASSIFICAÇÃO:

- Federais: Titularidade da união artigo 21, XI e XII CR\88. Ex: Serviço de


Telecomunicações.

- Estaduais: Titularidade dos Estados artigo 25, §2º CR\88. Ex: Gás canalizado.
- Distritais: Serviços de competência dos Estados e Municípios.

- Municipais: Ex: Transporte intermunicipal.

- Uti universi: É o serviço prestado a todos mas que não é possível identificar quem usa
e o quanto usa. Ex: Iluminação pública.

- Uti singuli: É aquele prestado a todos e que é possível identificar quem usa e o quanto
usa. Ex: Energia elétrica.

- Compulsórios: Não tem escolha de não utilizar. Ex: Coleta de lixo.

- Facultativos: Tem escolha de utilização. Ex: Transporte público.

PRINCÍPIOS APLICÁVEIS AOS SERVIÇOES PÚBLICOS

• Continuidade do serviço público: o serviço público deve ser prestado de forma com
contínua, sem interrupção.

Exceções: Artigo 6º, §3º lei 8.987/95

- Situação de emergência;

- Prévio aviso: Por razões técnicas e insegurança nas instalações ou em caso de


inadimplemento do usuário.

Art. 6º Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço


adequado ao pleno atendimento dos usuários, conforme estabelecido nesta
Lei, nas normas pertinentes e no respectivo contrato.

§ 1º Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade,


continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na
sua prestação e modicidade das tarifas.

§ 2º A atualidade compreende a modernidade das técnicas, do equipamento


e das instalações e a sua conservação, bem como a melhoria e expansão do
serviço.

§ 3º Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção


em situação de emergência ou após prévio aviso, quando:

I - motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações; e,

II - por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade.

OBS¹: O CDC proíbe a interrupção do serviço, mas a lei 8.987/95 autoriza então, o STJ
entendeu que a lei especial prevalece, portanto, prevalece a lei 8.987/95.

OBS²: Se a interrupção colocar em risco direitos fundamentais ela não será possível. Ex:
Maria está desempregada há 04 meses e não vem pagando a conta de energia. Maria
tem um filho de 03 anos que está ligado a aparelhos que necessitam de energia
elétrica. Nesse caso, mesmo que haja inadimplemento, não será possível a interrupção.

OBS³: O servidor público, em regra, tem direito a greve.

OBS4: Se a administração pública usuária do serviço público está inadimplente, deve se


verificar de acordo com o STJ se o serviço público usa para atividades essenciais (escola
pública, creche pública, hospitais públicos, postos de saúde, delegacia de polícia) ou
para atividade não essenciais.

As atividades de serviços essenciais não podem ser interrompidas, mas as atividades


não essenciais pode.

• Princípio da Isonomia: tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais.


Artigo 13 lei 8.987 possibilidade de tarifas diferenciadas.

Art. 13. As tarifas poderão ser diferenciadas em função das características


técnicas e dos custos específicos provenientes do atendimento aos distintos
segmentos de usuários.

• Princípio da modicidade das tarifas: a tarifa cobrada pelo serviço deve ser o mais
baixo possível (valor módico). Artigo 11 Lei 8.987/95 receitas alternativas desde que
previsto do edital da licitação.

Art. 11. No atendimento às peculiaridades de cada serviço público, poderá o


poder concedente prever, em favor da concessionária, no edital de licitação,
a possibilidade de outras fontes provenientes de receitas alternativas,
complementares, acessórias ou de projetos associados, com ou sem
exclusividade, com vistas a favorecer a modicidade das tarifas, observado o
disposto no art. 17 desta Lei.

• Princípio da universalidade/generalidade: o serviço público deve ser prestado a


todos.

• Princípio da cortesia: o prestador do serviço público deve tratar o usuário de forma


educada.

• Princípio da atualidade: o prestador de serviço público deve ser manter atualizado e


prestar o serviço de forma atualizada.

• Princípio da segurança dos usuários: o prestador deve sempre estar pensando na


segurança dos usuários.

TITULARIDADE E EXECUÇÃO

A administração pública é quem tem titularidade para prestar o serviço público.

A execução do serviço público pode ser feita de forma direta ou ser delegada.
- Direta: execução feita diretamente pelo poder público, seja pela administração
pública direta ou indireta.

- Delegação: são entidades que já existiam e que recebem a prestação de serviço


público. (descentralização)

Delegação de Serviço Público (artigo 175 CR/88 e 21, XI e XII CR88)

Art. 175, CF: Diretamente pelo poder público ou através de permissão ou concessão.

Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob


regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação
de serviços públicos.

Art. 21, XI e XII = Diretamente pelo poder público ou através de autorização, concessão
ou permissão.

a) Autorização de serviço público: é o ato administrativo discricionário e precário que


autoriza a prestação de um serviço a ser prestado no interesse do autorizatário. Ex:
pedir autorização ao poder público para instalar uma mini-hidrelétrica para abastecer
uma fazenda particular.

ATO ADM  DISCRICIONÁRIIO  PRECÁRIO  INTERESSE DO AUTORIZATÁRIO.

b) Permissão de serviço público: é o contrato administrativo, com caráter de contrato


de adesão, precedido de licitação, que permite de forma precária a prestação de
serviço para pessoa física ou jurídica. Artigo 2º, IV e artigo 40 lei 8.987/95.

CONTRATO ADM  CONTRATO DE ADESÃO  LICITAÇÃO  PRECÁRIA  PF OU PJ 


PRESTAÇÃO DO SERVIÇO POR SUA CONTA E RISCO.

IV - permissão de serviço público: a delegação, a título precário, mediante


licitação, da prestação de serviços públicos, feita pelo poder concedente à
pessoa física ou jurídica que demonstre capacidade para seu desempenho,
por sua conta e risco.

Art. 40. A permissão de serviço público será formalizada mediante contrato


de adesão, que observará os termos desta Lei, das demais normas
pertinentes e do edital de licitação, inclusive quanto à precariedade e à
revogabilidade unilateral do contrato pelo poder concedente.

c) Concessão de serviço público: é o contrato administrativo precedido de licitação na


modalidade concorrência, que concede a prestação de um serviço para pessoa jurídica
ou consórcio de empresas.

CONTRATO ADM  LICITAÇÃO (MODALIDADE CONCORRÊNCIA)  PJ OU CONSÓRCIO


DE EMPRESAS  PRESTAÇÃO PRO SUA CONTA E RISCO  PRAZO DETERMINADO.

- Artigo 2º, II lei 8.987/95, Concessão de serviço público ex: transporte público.
II - concessão de serviço público: a delegação de sua prestação, feita pelo
poder concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à
pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para
seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado;

- Artigo 2º, III lei 8.987/95, Concessão de serviço público precedida (antes) de obra
pública.

III - concessão de serviço público precedida da execução de obra pública: a


construção, total ou parcial, conservação, reforma, ampliação ou
melhoramento de quaisquer obras de interesse público, delegada pelo
poder concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à
pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para a
sua realização, por sua conta e risco, de forma que o investimento da
concessionária seja remunerado e amortizado mediante a exploração do
serviço ou da obra por prazo determinado;

• Características de ambas são, por conta e risco da concessionária, tarifa paga pelo
usuário.

- PPP: Contrato de concessão de serviço público

- Artigo 2º, §1º lei 11.079/04, Concessão patrocinada.

A diferença é quem faz o pagamento da tarifa, que neste caso pode ser o próprio
usuário e a administração pública.

§ 1º Concessão patrocinada é a concessão de serviços públicos ou de obras


públicas de que trata a Lei no 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, quando
envolver, adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários contraprestação
pecuniária do parceiro público ao parceiro privado.

- Artigo 2º, §2º lei 11.079/04. Concessão Administrativa.

Tem a característica de que a administração pública vai ser a própria usuária do serviço,
de forma direta ou indireta. Não existe cobrança de tarifa para o usuário. Ex: PPP de
presídio.

§ 2º Concessão administrativa é o contrato de prestação de serviços de que


a Administração Pública seja a usuária direta ou indireta, ainda que envolva
execução de obra ou fornecimento e instalação de bens.

 Características da lei 11.079/04:

- Repartição objetiva de riscos, os prejuízos são divididos.

- Valor mínimo para o contrato, de 10 milhões de reais.

- Prazo mínimo de 5 anos e prazo máximo de 35 anos.

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