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Planejamento Energético,

Conservação e Fontes
Alternativas de Energia

Brasília-DF.
Elaboração

Alessander Sá do Carmo, M.Sc.

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 4

ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA..................................................................... 5


INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7
UNIDADE I
RECURSOS ENERGÉTICOS – PLANEJAMENTO E GERENCIAMENTO........................................................... 9

CAPÍTULO 1
PLANEJAMENTO INTEGRADO DE RECURSOS (PIR): CONCEITO E SUA IMPORTÂNCIA.................... 9

CAPÍTULO 2
GERENCIAMENTO PELO LADO DA DEMANDA (GLD)................................................................. 17

CAPÍTULO 3
ANÁLISE DE DEMANDA, MODELAGEM E BALANÇO DE OFERTA E DEMANDA............................ 25

CAPÍTULO 4
ANÁLISE DE IMPACTOS............................................................................................................ 32

CAPÍTULO 5
TÉCNICAS DE ANÁLISE ............................................................................................................ 38

UNIDADE II
MARKETING DE COMBATE AO DESPERDÍCIO DE ENERGIA..................................................................... 46

CAPÍTULO 1
MARKETING E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR.............................................................. 46

CAPÍTULO 2
APRESENTAÇÃO DE SOLUÇÕES DE COMBATE AO DESPERDÍCIO E DE AUMENTO DE EFICIÊNCIA
ENERGÉTICA EM CONDOMÍNIOS E EMPRESAS COMERCIAIS E INDUSTRIAIS.............................. 50

CAPÍTULO 3
APRESENTAÇÃO DE PROJETOS GLD......................................................................................... 56

CAPÍTULO 4
EXPOSIÇÃO DE CASOS BEM SUCEDIDOS DE PROJETOS DE CONSERVAÇÃO............................ 60

CAPÍTULO 5
TÉCNICAS DE RACIONALIZAÇÃO E CONSERVAÇÃO DE ENERGIA............................................ 64

REFERÊNCIAS................................................................................................................................... 71
Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da
Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade


dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo


a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para
aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de
Estudos e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Praticando

Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer


o processo de aprendizagem do aluno.

5
Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Exercício de fixação

Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).

Avaliação Final

Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso,


que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única
atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber
se pode ou não receber a certificação.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

6
Introdução
x

Objetivos
»»

7
8
RECURSOS
ENERGÉTICOS – UNIDADE I
PLANEJAMENTO E
GERENCIAMENTO

CAPÍTULO 1
Planejamento Integrado de Recursos
(PIR): conceito e sua importância

Nos países em desenvolvimento, o crescimento econômico tem provocado um aumento


de acesso à energia comercial devido a um processo paralelo decorrente do aumento
da urbanização e da industrialização, que exige um padrão intenso de energia. A
população demanda transporte, seja de pessoas ou de bens materiais, novos produtos
industriais e demais serviços públicos, como a saúde, que dependem de energia. Desse
modo, construir e operar equipamentos de infraestrutura urbana, industrial e comercial
requerem muita energia, principalmente a elétrica, pois é dela que todo conforto e um
elevado padrão de vida resultam de uma demanda elevada por novos serviços que
consomem energia.

Contudo, o dramático aumento do preço do barril do petróleo, a partir dos anos 1970 do
século XX, agregado ao aumento das taxas internacionais de juros, foi a principal causa
da queda da economia dos países emergentes, bem como do término da distribuição
de energia barata, o que levantou o questionamento do modelo de desenvolvimento
adotado até então. A energia tornou-se uma fonte limitante para o progresso econômico
de vários países emergentes. Ainda hoje, ela representa um fator de preocupação
na área econômica e, mais adiante, na área ambiental. Os problemas nas balanças
de pagamento dos países importadores de petróleo têm sido menos graves naquele
período, não por causa dos baixos preços dos barris de petróleo vigentes no mercado,
mas pelo aumento contínuo de dependência de capital internacional para o aumento
da produção de energia e sua distribuição nos países em desenvolvimento. A crescente
percepção ambiental vem oferecendo importantes resistências ao desenvolvimento e ao
emprego de algumas fontes energéticas (exemplo: energia nuclear), assim como com a
liberação de empréstimos de órgãos multilaterais ou governamentais.

9
UNIDADE I │RECURSOS ENERGÉTICOS – PLANEJAMENTO E GERENCIAMENTO

Enquanto a população dos países desenvolvidos foi menos afetada pelo choque do preço
do barril de petróleo, o que permitiu superar seus problemas com maior agilidade, nos
países emergentes o efeito foi contrário, uma vez que tiveram que promover cortes
necessários de combustível para realização de atividades essenciais como, por exemplo,
cocção e calefação. Apesar de o atual estágio do mercado mundial de petróleo ser estável,
essa pode ser uma situação temporária. A perspectiva de elevação maior do preço do
barril de petróleo torna a situação energética de muitos países vulnerável.

A área de energia gera grandes investimentos de capital. Alguns países emergentes


destinam cerca de 30% de seu orçamento total em empreendimentos energéticos, com
é o caso da China, que tem investido na construção de mais de 20 usinas nucleares para
geração de energia elétrica limpa em detrimento do emprego do carvão para geração
de eletricidade em usinas termoelétricas, que são mais poluentes e têm causado sérios
problemas de saúde e ambientais. O Banco Mundial investe cerca de 25% de seus
empréstimos para projetos energéticos, em sua maioria para geração de eletricidade.
Vale ressaltar que todo esse investimento é destinado à aquisição de equipamentos e à
prestação de serviços internacionais. A importância dos empréstimos para investir em
energia nos países emergentes é um fator significativo nas crises da dívida externa, pois
a cada dólar investido em uma usina geradora de energia não se investe o mesmo em
algumas áreas, como educação, saúde, saneamento básico.

Questão ambiental
O rápido crescimento econômico, a produção mal planejada e o consumo energético
levam a impactos ambientais que podem comprometer o desenvolvimento de um país.
O emprego de qualquer fonte geradora de energia elétrica provoca os mais severos
impactos ambientais, tais como poluição atmosférica, emissão descontrolada de
monóxido de carbono, sedimentação de bacias fluviais, desmatamento florestal, erosão
do solo.

O assunto ambiental era considerado secundário e acessório à necessidade contínua


do crescimento econômico de cada país. Atualmente, os impactos ambientais globais
e regionais têm sido identificados como restrição potencial ao desenvolvimento. Para
isso, houve mudanças para agregar Ecologia e Economia Global sob novas formas, pois
antes havia uma preocupação com os impactos econômicos em detrimento do meio
ambiente. O que se pretende, neste momento, é dirigir o foco na questão do impacto
ambiental em relação às perspectivas de desenvolvimento econômico.

Com o advento da Convenção Climática e, consequentemente, da sua aplicabilidade,


mais de 20 nações industrializadas organizaram comitês para estabelecer ou reduzir
10
RECURSOS ENERGÉTICOS – PLANEJAMENTO E GERENCIAMENTO│ UNIDADE I

emissões futuras de carbono na atmosfera por conta dos impactos causados pelas
instalações geradoras de energia elétrica. Para que essa meta fosse alcançada, as emissões
globais de carbono deveriam ser reduzidas em 60 % ou mais, o que significaria uma
redução drástica por parte dos países desenvolvidos e, eventualmente, uma limitação
de emissão de gases estufa nos países emergentes.

Seria necessário fazer investimento em novas tecnologias para diminuir a intensidade


do uso de combustíveis fósseis para geração de energia, entendidas como ações do lado
da oferta, e melhorar a eficiência no uso de combustíveis alternativos e de eletricidade,
entendidas como ações do lado da demanda ou do mercado de energia. Há instrumentos
políticos que estimulam essas mudanças. Em nível internacional, a maioria das
discussões está concentrada nas várias formas de aplicação de impostos sobre a emissão
de carbono e, para algumas regiões do Globo, no balanço de emissões negociadas ou
permitidas como, por exemplo, mecanismos de implementação conjunta.

Em nível nacional, em que, na verdade, a maioria das mudanças reais da política


energética é, de fato, implementada, os outros mecanismos devem ser colocados
em prática. A regulamentação ou a agregação de regulamentações e de incentivos
financeiros, legislação, certificação e normas são as opções mais comuns, sendo que
alguns desses mecanismos já estão sendo difundidos e colocados em prática, enquanto
outros, mais inovadores, só recentemente foram implementados às tecnologias de
energia. Eles incluem padrões de desempenho energético, programas institucionais ou
governamentais de aquisição de tecnologia, gerenciamento do lado da demanda pela
companhia de eletricidade, bem como atividades de pesquisa energética conhecidas,
desenvolvimento e demonstração. Em grande escala, essas medidas são aplicadas
por programas que têm por objetivo de captar o potencial de melhorias na eficiência
energética para uso final.

Entretanto, a busca de melhorar a eficiência energética tem seus efeitos colaterais, que
vão desde a poluição local e emissão de gases poluentes à atmosfera até os riscos na
segurança nuclear e de suficiência energética. No momento, as medidas não se refletem
nos custos de oferta de energia e nos esforços de planejamento. A fim de reduzir
esses problemas com a otimização das técnicas que possuam custo competitivo com
a oferta convencional de energia, há programas inovadores de eficiência energética
que tendem a oferecer soluções adequadas. Essas oportunidades técnicas também são
economicamente atrativas em países emergentes.

11
UNIDADE I │RECURSOS ENERGÉTICOS – PLANEJAMENTO E GERENCIAMENTO

Eficiência energética
Por definição, eficiência energética consiste na relação entre a quantidade de energia
empregada em uma atividade e aquela disponibilizada para sua realização. Em outras
palavras, consiste em obter o melhor desempenho na produção de um serviço com o
menor gasto de energia.

A promoção da eficiência energética abrange a melhoria das transformações do


transporte e do emprego dos recursos energéticos, a partir das suas fontes primárias até o
seu aproveitamento. Como pressupostos básicos, adota-se a manutenção das condições
de conforto, segurança e produtividade dos usuários, contribuindo para a melhoria da
qualidade dos serviços de energia e para a mitigação dos impactos ambientais. Um
exemplo dessa ação está na modernização de equipamentos e processos no sentido de
reduzir o consumo. Já os programas voltados para o consumo consciente também dão
a sua contribuição para a economia de energia elétrica.

Na indústria, boa parte da energia elétrica é empregada na produção industrial como,


por exemplo, papel, alumínio, vidro e aço. Logo, as ações de reutilização e reciclagem
também passam a ser usadas para a economia de energia elétrica. Um exemplo disso
é o aproveitamento de energia elétrica que foi poupada para o bombeamento de água,
desde que a água seja devidamente poupada em seu reservatório.

Como todo país em desenvolvimento, o Brasil tem uma grande demanda reprimida de
energia, uma vez que os índices nacionais de perda e desperdício de eletricidade são
também elevados. O total de desperdício de energia, de acordo com o Programa Nacional
de Conservação de Energia Elétrica (PROCEL), chega a cerca de 40 GW, ou US$ 2.8
bilhões/ano. Os consumidores, por sua vez, desperdiçam 22 GW. As concessionárias de
energia, com perdas técnicas e problemas na distribuição, colaboram com o desperdício
de 18 GW restantes.

Com o intuito de incentivar a redução drástica de desperdícios, dos custos e investimentos


setoriais, o Governo Federal, por meio do Ministério das Minas e Energia, elaborou, em
1993, o Selo PROCEL, que orienta o consumidor na compra de produtos, sinalizando
aqueles que apresentam melhores níveis de eficiência energética, tais como geladeiras,
freezers, chuveiros elétricos e aparelhos de ar condicionado, além de estimular o
desenvolvimento tecnológico de produtos mais eficientes e, consequentemente, a
preservação ambiental. Outro exemplo foi a troca de lâmpadas usadas na iluminação
pública por modelos mais eficientes em vários municípios brasileiros, como medida
de conservação de energia para redução de custos com o sistema, e na rede elétrica de
escolas, postos de saúde e demais setores da administração pública. Mais recentemente,
Portaria assinada pelos Ministérios de Minas e Energia e de Ciência, Tecnologia e
12
RECURSOS ENERGÉTICOS – PLANEJAMENTO E GERENCIAMENTO│ UNIDADE I

Inovação determinou que as lâmpadas incandescentes de uso geral, responsáveis por


80 % da iluminação residencial no Brasil, sejam retiradas do mercado por lâmpadas
fluorescentes compactas até o ano de 2016. Essa medida se deve à preocupação com a
falta de energia e a busca por soluções que abrangem a boa iluminação, equipamentos
mais eficientes e formas inteligentes de uso. As  lâmpadas fluorescentes compactas
podem fornecer quantidade maior de luz com custo de consumo energético inferior
às incandescentes. Apesar de serem caras, há um esforço conjunto entre setores
governamentais e fabricantes para otimizar o processo produtivo das lâmpadas
fluorescentes visando, assim, a redução dos preços para o consumidor.

Os contratos de concessão firmados pelas empresas concessionárias do serviço


público de distribuição de energia elétrica com a Agência Nacional de Energia Elétrica
(ANEEL) estabelecem obrigações e encargos perante o poder concedente. Uma dessas
obrigações se refere à aplicação anual de um montante de 0.5%, no mínimo, de sua
receita operacional líquida em ações que têm por objetivo combater o desperdício de
energia elétrica, o que consiste no Programa de Eficiência Energética (PEE).

O que se discute, nesse sentido, é a adoção de normas para tornar as construções mais
eficientes em seu consumo energético mediante o aproveitamento de fontes alternativas,
como a energia solar e a energia eólica, que dispensam, em muitos casos, a necessidade
de iluminação artificial e de sistemas de ar condicionado.

Um estudo de planejamento setorial de longo prazo, recém-publicado, indica que o


Plano Nacional de Energia sinaliza a meta de conservação anual de energia equivalente
a 10% do mercado de 2030. Entretanto, pelo próprio Plano, as principais limitações
ao pleno desenvolvimento da eficiência energética nacional demandam um esforço
governamental no sentido de aperfeiçoar o marco legal e regulatório, além de estrutura
operacional capaz de articular a diversidade de agentes envolvidos e implementar ações
efetivas entre os inúmeros segmentos consumidores.

Planejamento Integrado de Recursos (PIR)


Os fatores apresentados até o momento começam a exigir o suprimento das necessidades
de energia da população de modo mais barato e com menor impacto ambiental. Nesse
contexto, as iniciativas de eficiência energética podem ser implementadas de modo
mais efetivo a partir de um Planejamento Integrado de Recursos (PIR). O PIR é o
desenvolvimento combinado da oferta de eletricidade e de opções de gerenciamento
do lado da demanda, a fim de fornecer serviços de energia a custo baixo, incluindo os
custos sociais e ambientais. Esse planejamento incorpora o esforço de se contabilizar

13
UNIDADE I │RECURSOS ENERGÉTICOS – PLANEJAMENTO E GERENCIAMENTO

o potencial de recursos para otimização do emprego da energia com o mesmo rigor


empregado para se inventariar os recursos de oferta de energia.

O Planejamento Integrado de Recursos pode ser entendido como uma ferramenta no


processo de planejamento que leva em consideração opções de utilização de recursos
do lado da oferta e da demanda, em termos qualitativos e quantitativos, visando o
desenvolvimento sustentável e contando com a participação dos órgãos ou elementos
da sociedade, se não em todo o processo pelo menos na parte de identificação das metas
e dos objetivos do PIR.

O processo do PIR compreende várias etapas (Figura 1), quais sejam:

»» identificação dos objetivos: em que fica claro o que se pretende com o


processo de planejamento;

»» estabelecimento da previsão da demanda: em que se identifica, ou se prevê,


a demanda existente (por energia, eletricidade, ensino-aprendizado,
atendimento de saúde, moradia);

»» identificação dos recursos de oferta e demanda: em que se levantam quais


os recursos, externos e internos, de oferta e de demanda, estão disponíveis
para o atendimento da demanda segundo a meta estabelecida;

»» valoração dos recursos de oferta e demanda: em que se atribui, qualitativa


e quantitativamente, atributos aos recursos, de tal forma que se permita
uma comparação entre eles. Nem sempre é necessário, possível ou
desejável, que essa valoração se dê apenas em termos de custo. Os objetivos
podem levar à atribuição de outros critérios, até mesmo subjetivos;

»» desenvolvimento de carteiras de recursos integrados: em que, de acordo


com as metas, se agrupam os recursos, de oferta e demanda, em carteiras,
de modo que haja diversas opções integradas, segundo o mesmo período
de previsão;

»» avaliação e seleção de carteiras de recursos integrados: em que se


escolhem, entre as opções de carteiras, os recursos que atendem, segundo
os critérios objetivos definidos (menor custo, maior satisfação etc.), à
demanda prevista, de acordo com as metas estabelecidas;

»» plano de ação: é onde se definem, a partir dos recursos já escolhidos,


quais os passos que devem ser dados no curto prazo para que a meta
definida no PIR seja atingida.

14
RECURSOS ENERGÉTICOS – PLANEJAMENTO E GERENCIAMENTO│ UNIDADE I

»» o plano integrado de recursos preferencial deve prever instâncias


avaliativas que permitem o monitoramento do plano de ação ao longo do
tempo e o seu ajuste à realidade constantemente mutável.

Figura 1. Fluxograma de um Planejamento Integrado de Recursos

(RIBEIRO et al., 2014).

Dentro dessas etapas, há necessidade, de acordo com o entendimento do ente que lidera
ou dirige o processo do PIR, da interação com a sociedade, com os órgãos reguladores
do setor e com outras inter-relações público-privadas. O fluxograma apresentado na
Figura 1 ilustra um processo PIR.

O planejamento energético, necessariamente, implica riscos e incertezas que, por sua


vez, têm ligações com as suposições assumidas para sua construção, dando lugar a
cenários, objetivos e metas a serem alcançadas. Contudo, não se tem uma metodologia
de planejamento que possa responder com certeza às necessidades energéticas locais
e/ou globais. Nesse sentido, a principal ideia é a consideração e, consequentemente, a
busca do desenvolvimento sustentado na abordagem da análise teórica e na aplicação do
PIR, a partir da premissa de que todos os envolvidos devam obter um ganho específico
e definido.

15
UNIDADE I │RECURSOS ENERGÉTICOS – PLANEJAMENTO E GERENCIAMENTO

As estratégias de produção, transmissão, distribuição e emprego da energia têm um


papel relevante na busca do desenvolvimento sustentado. As necessidades de uma
visão completa do problema e de métodos de avaliação que ponderem completamente
os vários aspectos técnicos, ambientais, socioeconômicos e sociopolíticos envolvidos,
requerem mudanças na forma tradicional de estudar e planejar essas estratégias. O
PIR se diferencia do planejamento tradicional, tanto em classe quanto na abrangência
de recursos, na participação real dos proprietários e não proprietários dos recursos e
dos órgãos envolvidos no plano de recursos, assim como nos critérios da seleção de
alternativas.

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CAPÍTULO 2
Gerenciamento pelo Lado da
Demanda (GLD)

Um Programa de Gerenciamento pelo Lado da Demanda (GLD) corresponde à


intervenção deliberada de uma empresa de energia elétrica no mercado consumidor
(demanda) com o intuito de promover alterações no perfil e na magnitude da curva de
carga. Em outras palavras, o GLD é qualquer atividade adotada por uma empresa (ou
concessionária) de energia elétrica para alterar o padrão de consumo de energia de seus
consumidores.

A História do GLD surgiu em meados dos anos 70 do século XX, tendo como pioneiro
Clark W. Gellings. Embora o GLD fosse uma metodologia inovadora, já havia o
gerenciamento de sua aplicabilidade a partir do início da indústria da eletricidade no final
do século XIX. Basicamente, a eletricidade era usada exclusivamente para iluminação
noturna nas cidades. Mas foi a partir de 1890, em Nova Iorque, que a Thomas A. Edison
Pearl Street deu início à promoção de desenvolver aparelhos e serviços elétricos de uso
diário. Essa iniciativa tinha por objetivo aumentar o emprego e o fator de carga das
matrizes geradoras e reduzir, assim, os custos do provimento de energia elétrica.

Com a crise do petróleo, no ano de 1973, deu-se uma mudança drástica na economia no
setor de eletricidade devido ao aumento no custo de energia mais a imprevisibilidade da
oferta e do custo elevado de capital. Nos países desenvolvidos, a indústria de eletricidade
tinha que buscar caminhos alternativos à tradicional visão de provimento pela oferta.
Com o passar do tempo, a prática de gerenciamento da demanda passou a ser um
hábito comum e incorporado ao planejamento integrado nesses países. No Brasil, o
PROCEL vem atuando não apenas diretamente nas atividades de gerenciamento da
demanda, mas nas ações direcionadas à conservação de energia elétrica por meio da
racionalização do uso e incentivo ao desenvolvimento de produtos mais eficientes com
menor consumo. Seu objetivo é reduzir desperdícios de consumo energético e de custos,
além de promover investimentos em novas tecnologias e novas unidades geradoras.

Em vários países, as empresas de energia elétrica vêm utilizando recursos pelo lado da
demanda e tradicionais ações pelo lado da oferta de energia, na procura de soluções de
problemas operacionais e de planejamento. Com o GLD, tem-se a execução de atividades
que, de algum modo, envolvem os consumidores na operação e no planejamento dos
sistemas de energia.

17
UNIDADE I │RECURSOS ENERGÉTICOS – PLANEJAMENTO E GERENCIAMENTO

As dificuldades crescentes de alocação de faixas de passagem para a construção de novas


linhas de transmissão de energia, os elevados custos de ampliação de parques geradores
e, em geral, a dificuldade de ampliar a capacidade de um sistema de energia elétrica em
operação foram os motivos que levaram as empresas de energia elétrica a programar
as atividades de GLD, visando postergar as instalações de geração, transmissão e
distribuição. No que diz respeito aos problemas operacionais, o GLD permite realizar
uma operação melhor e mais eficiente do sistema, melhorar o fator de potência, reduzir
os requisitos de reserva girante e reduzir os custos de produção de energia. Outras
alterações almejadas de um GLD são variadas, como a redução da potência no horário
de pico, o preenchimento de vales, as mudanças na carga, a conservação estratégica, o
crescimento estratégico e a construção de curvas de carga flexíveis (Figura 2). Sendo um
campo de estudo e pesquisa separado de outros métodos de gerenciamento energético,
o GLD tem de ser tomado, no contexto de PIR, pelo lado do consumidor final, isto é, da
demanda. A partir das análises de custo x benefício, alternativas de gerenciamento pelo
lado da oferta podem ser comparadas com as opções pelo lado da oferta, derivando qual
o caminho mais eficiente com menor custo para o provimento desejado de potência e
energia.

Figura 2. Alterações básicas nas curvas de carga, atendendo aos programas de GLD

(GELLINGS, 1985).

18
RECURSOS ENERGÉTICOS – PLANEJAMENTO E GERENCIAMENTO│ UNIDADE I

A Figura 2 descreve cada variação nas curvas de carga, com vistas ao atendimento nos
programas de GLD:

»» Rebaixamento de pico (peak clipping): é definido como a redução da


carga de ponta, obtido geralmente por controle direto, pela empresa de
energia, de um aparelho de uso final. Várias empresas consideram essa
opção apenas para momentos absolutamente críticos de pico no sistema.
Entretanto, o controle direto de carga pode ser usado para reduzir os
custos de operação e a dependência de fatores, tais como combustíveis
para geração térmica e água para geração hidrelétrica;

»» Preenchimento de vales (valley filling): é outra forma clássica de


gerenciamento da carga. Tem-se o desejo de preencher os vales existentes
fora do horário de pico, pois se dá em períodos do ano em que o custo
marginal supera o custo médio;

»» Mudanças na carga (load shifting): é a última forma clássica de


gerenciamento de carga, pois envolve o deslocamento da carga do
horário de pico para o de fora do pico. Uma aplicação interessante é o
deslocamento do horário de uso do chuveiro elétrico, que é o principal
elemento causador do horário de pico no Brasil, segundo o Departamento
Nacional de Energia Elétrica (DNAEE);

»» Conservação estratégica (strategic conservation): trata-se de uma


mudança na curva de carga que ocorre pelo incentivo à troca de aparelhos
de uso final por modelos mais novos e eficientes. Na implementação dessa
modalidade, a empresa deve considerar que a conservação deve ocorrer
normalmente, fazendo uma avaliação das possibilidades de custo efetivo
para permitir sua aceleração e estímulo;

»» Crescimento estratégico (strategic load growth): trata-se de um


crescimento global de vendas estimulado pela empresa e do preenchimento
de vales supracitados. Esse crescimento pode ocorrer, por exemplo, por
meio de incentivos para substituição do óleo combustível por eletricidade
em caldeiras industriais. No futuro, com o avanço tecnológico, a propensão
é criar uma tendência de crescimento geral da carga;

»» Curva de carga flexível (flexible load shape): trata-se de um conceito


relacionado à confiabilidade. No planejamento futuro, em que deverão ser
englobados o estudo da oferta e da demanda, a carga poderá ser flexível
se forem dadas aos consumidores as opções de qualidade do serviço, que

19
UNIDADE I │RECURSOS ENERGÉTICOS – PLANEJAMENTO E GERENCIAMENTO

variam de acordo com o preço oferecido. Esse programa envolve carga


interruptível, gerenciamento integrado da energia e aparelhos individuais
de controle.

Em face dos objetivos, os programas de GLD tentam estimular o consumo nos períodos
mais favoráveis e reduzi-lo nos períodos mais críticos. Em muitas situações, o consumo
pode ser deslocado de um período para outro em que as condições de atendimento da
demanda sejam as mais favoráveis.

Existem diversas formas para implementação de programas de GLD, as quais se


destacam:

»» a adoção de processos e tecnologias eficientes para promoção da


eficiência energética do sistema e a concessão de incentivos ao emprego
de fontes energéticas alternativas ou cogeração e autogeração por parte
dos consumidores;

»» a adoção do Gerenciamento de Carga (GC) como uma forma de ação que


visa modificar a curva de carga de uma dada empresa de energia, cujo
projeto deve estar concentrado como modalidade de interesse do GLD.

Algumas atividades de GC procuram induzir um dado comportamento nos consumidores


com o emprego de vários tipos de incentivos tarifários. Com isso, se usam valores
tarifários distintos para sinalizar o deslocamento desejado de consumo energético
como, por exemplo, as tarifas para demanda coincidente e as tarifas variáveis no tempo.
No Brasil, o uso das tarifas horossazonais é um exemplo de tarifa variável no tempo.

Em outros casos, o GC vem sendo empregado para solucionar problemas pontuais de


operação relacionados, geralmente, à falta de capacidade do sistema ou a problemas
de confiabilidade e de segurança. Neles, se estabelece um contrato entre a empresa de
energia e os consumidores, em que se têm as condições para que a empresa solicite
reduções de carga dos consumidores. A empresa pode desconectar diretamente as
cargas, bem como solicitar ao consumidor uma redução de consumo de energia. Em
outras situações, são empregados sinais econômicos para induzir as modificações
desejadas, uma vez que os consumidores respondem com a modificação da sua própria
curva de demanda. Observe-se que o consumidor vem oferecendo um serviço à empresa
de disponibilizar parte de sua demanda para fins de redução, devendo receber em troca
algum benefício econômico.

20
RECURSOS ENERGÉTICOS – PLANEJAMENTO E GERENCIAMENTO│ UNIDADE I

Alternativas de Programas de GLD


Um dos maiores problemas no planejamento dos programas de GLD é o grande número
de alternativas existentes para sua consecução. A questão inicial é como uma empresa
pode avaliar todas as opções disponíveis de GLD para, em seguida, determinar qual é a
melhor e a mais adequada para um caso específico.

Não se tem um guia padrão para responder essa e outras questões, uma vez que cada
empresa de energia desenvolve individualmente seu próprio programa, conforme as
suas necessidades de momento. Contudo, é provável que se desenvolva uma classificação
genérica dos tipos de alternativas de GLD possíveis.

Algumas matrizes foram desenvolvidas para classificar a criação de referências cruzadas


e menus com os pontos a serem atacados em um programa GLD. Entre essas matrizes,
têm-se:

»» objetivo de modificação da curva de carga x uso final nas residências;

»» uso final residencial x opções tecnológicas;

»» adoção de técnicas de conservação de energia x tecnologias alternativas;

»» modificações na curva de carga x usos finais e opções tecnológicas.

Uma tabela de classificação de alternativas de GLD e suas aplicabilidades foi desenvolvida


pelo Instituto de Engenheiros Elétricos e Eletrônicos (Tabela 1), cuja descrição se
encontra a seguir.

Tabela 1. Classificação de Alternativas de GLD

ALTERNATIVA POSSIBILIDADES
Controle da operação de equipamentos individuais
Ar condicionado central em consumidores industriais e comerciais
Controle de equipamento de uso final Aquecedores de água residencial ou comercial
Bombas em geral
Aquecedores de ambiente
Redução da tensão
Controle de equipamentos da própria empresa de energia Controle do alimentador
Controle do fator potência
Estocagem de frio
Estocagem de calor
Estocagem de energia
Estocagem de água quente
Utilização de calor residual

21
UNIDADE I │RECURSOS ENERGÉTICOS – PLANEJAMENTO E GERENCIAMENTO

Tarifa diferenciada no tempo


Tarifa interruptível
Uso final
Incentivos tarifários Contratos de controle de carga
Tarifa de demanda
Devoluções e incentivos
Programas especiais
Eólica
Solar (térmica ou fotocélula)
Células combustíveis
Geração dispersa Geradores de espera
Cogeração
Pequena central hidrelétrica
Outros tipos
Promoção de GLD junto ao consumidor
Equipamentos de alta eficiência energética
Melhoria de desempenho de equipamentos e sistemas Prédios eficientes
Melhorias nos sistemas da empresa de energia

Adaptada de Delgado, R.M., 1985.

Sistemas e equipamentos para um programa


de GLD
Quais são os sistemas e equipamentos necessários para o funcionamento de um
programa de GLD? É certo que um programa de GLD que conduza os consumidores ao
controle voluntário da carga não necessite de equipamentos e de sistemas, além de não
haver necessidade de utilizar equipamentos especiais em programas que promovam a
adoção de tecnologias mais eficientes de aparelhos para usos finais ou da distribuição
de energia gerada.

A instalação e o controle de equipamentos e sistemas, conforme determina a definição


do GLD, cabem à própria empresa elétrica responsável pelo programa. O equipamento
pode possuir um controle local ou pode ser ativado remotamente, necessitando,
neste caso, de canais de comunicação com uma central de operações. Para esse tipo
de equipamento remoto, a empresa tem maior controle sobre o funcionamento e,
na sua maioria, problemas e falhas durante o funcionamento são imediatamente
diagnosticados.

Por outro lado, o equipamento com controle local possui um sistema que se encerra por
si mesmo. A empresa elétrica não possui informações em tempo real sobre as condições

22
RECURSOS ENERGÉTICOS – PLANEJAMENTO E GERENCIAMENTO│ UNIDADE I

de funcionamento, sendo considerada uma desvantagem em relação ao equipamento


de ativação remota. Para evitar problemas, devem ser mantidos os programas de
manutenção periódica e preventiva. Independentemente do tipo de controle do
equipamento, o que se pretende fazer são as alterações na carga, as quais ocorrem de
modo similar em ambos os casos.

Os sistemas utilizados para o controle de carga no programa GLD, podendo o controle


ser local ou remoto, são:

»» interruptores horários (time clock ou switching): quando em


funcionamento, esse tipo de controlador simplesmente desliga uma
carga elétrica por um dado período de tempo, cujas aplicações vão desde
o simples uso em aquecedores até o bloqueio de algum aparelho para
evitar coincidência de carga;

»» limitadores de corrente (current limitter): esse controlador tem a


função de limitar a demanda máxima de consumo proveniente dos
consumidores, cujo sistema ajuda, de modo direto, a melhorar o fator de
carga, sendo muito empregado no Norte da Europa, principalmente para
áreas residenciais e pequenas unidades comerciais;

»» controladores cíclicos (cyclic): nesse tipo de sistema de controle, um


equipamento de uso final permanece ligado por um dado período de
tempo até que seja desligado, permanecendo assim por outro período. Um
exemplo prático é o controle cíclico do funcionamento de um aparelho de
ar condicionado em que se faça a programação de seu funcionamento
por 5 minutos, permanecendo o tempo restante desligado por 5 minutos
seguintes;

»» termostatos (thermostat): esse dispositivo fica conectado a um controle


que liga ou desliga o aparelho quando se tem o alcance da temperatura
indicada. Definem-se, para isso, as temperaturas máxima e mínima, que
são distintas ao longo de um dia ou ao longo de uma estação;

»» seletores de circuito (interlock): esse dispositivo tem por objetivo impedir


que duas ou mais cargas elétricas distintas ocorram ao mesmo tempo.
Apesar de ser pouco difundido, por meio de tarefas é possível induzir o
uso desse tipo de sistema;

»» controladores de demanda (demand control): sua função básica é


monitorar e limitar toda a demanda de um consumidor. É um aparelho

23
UNIDADE I │RECURSOS ENERGÉTICOS – PLANEJAMENTO E GERENCIAMENTO

muito sofisticado e de custo elevado, sendo usado principalmente por


grandes consumidores industriais ou residenciais. Por conta de seu
custo, o aumento do preço da energia vai, pouco a pouco, o tornando mais
atraente. Os controladores de demanda possuem microprocessadores e
podem ser objeto de programação computacional, tornando-se, assim,
verdadeiros sistemas de gerenciamento de energia.

Os sistemas de comunicação via remota para o controle de carga são instalados em


equipamentos sem a influência nos resultados, independentemente do meio de
comunicação a ser empregado. Entretanto, esses sistemas de comunicação possuem
seus custos e benefícios, devendo levar em consideração uma avaliação criteriosa de
cada um antes de se fazer a seleção final para instalação no equipamento. Entre esses
sistemas de comunicação remota, cuja apresentação de seus métodos, vantagens,
desvantagens e demais itens avaliados se encontram na Tabela 2, têm-se:

»» uso da própria linha de transmissão de energia;

»» por telefone;

»» por rádio.

Tabela 2. Principais meios para comunicação remota em um programa de GLD.

ATRIBUTOS RÁDIO TELEFONE LINHA DE TRANSMISSÃO


Mão única Mão única Mão única
Direção e tecnologia Duas mãos Duas mãos Duas mãos
Digital ou tone Digital Digital
Sinal colocado na linha de
Método Sinal de radiofrequência Linha de telefone dedicada
transmissão pela empresa
Flexibilidade
Manutenção mínima
Vantagens Segurança Flexibilidade
Segurança
Grande cobertura espacial
Dificuldade de cobertura em certas Envolvimento de uma segunda parte Características da eletricidade
áreas
Potencial restrito Limites em duas mãos
Desvantagens Canal compartilhado
Problemas com o consumidor
Códigos de segurança
Problemas com o aparelho
Limites em duas mãos
Baixo custo incremental Alto custo incremental Baixo custo incremental
Custos Conhecido pela empresa Conhecimento pela empresa Custo de duas mãos
indeterminado

Estações As mesmas existentes As mesmas existentes As mesmas existentes

Status comercial Pronto Pronto Mão única pronta

Fonte: Gellings; Chamberlin, 1993.

24
CAPÍTULO 3
Análise de demanda, modelagem e
balanço de oferta e demanda

A análise de demanda de energia elétrica se dá em duas óticas, expressas nos conceitos


de carga e de consumo, cujos significados são apresentados a seguir.

A carga é medida a partir da saída dos pontos de geração, sendo apurada e divulgada pelo
Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e se refere ao Sistema Integrado Nacional
(SIN), excluindo, portanto, os Sistemas Isolados. A carga possui duas vertentes:

»» carga de energia: corresponde ao valor médio solicitado aos geradores


durante um intervalo de tempo relativamente longo, sendo medido em
dias e até em anos e é expressa em MW;

»» carga de demanda: corresponde ao requisito de geração no SIN em


determinado instante por conta da demanda máxima instantânea dada
em MW, ou em intervalo de tempo curto, por conta da demanda máxima
integrada dada em MWh/h.

O consumo é medido pelos agentes de comercialização e distribuição, próximo ao ponto


onde a energia é usada, e é apurado e divulgado em pesquisa mensal junto com as
empresas e concessionárias de distribuição, com registro dos dados dos consumidores
livres. A diferença entre os valores de carga e os de consumo de energia elétrica se
dá principalmente pelas perdas técnicas, na rede de transmissão e distribuição, e
comerciais, seja por furto ou por erros de medição. Também se destaca o consumo
referente a todo mercado nacional, enquanto que a carga divulgada pelo ONS se refere
exclusivamente ao SIN.

É importante perceber a diferença entre os conceitos de carga e consumo para se fazer


uma análise em curso. Por exemplo, um indicador mais relevante para relacionar a
energia elétrica à atividade econômica é o consumo, e não a carga, uma vez que as perdas
técnicas e comerciais não têm sentido econômico. As medições de carga de demanda são
importantes para o correto dimensionamento elétrico do sistema, na medida em que
a geração e a transmissão tendem a estar preparadas para responder corretamente às
solicitações extremas. A carga de energia, por seu turno, está diretamente relacionada
ao consumo esperado dos insumos energéticos, seja na forma de combustíveis fósseis
ou na forma de água.

25
UNIDADE I │RECURSOS ENERGÉTICOS – PLANEJAMENTO E GERENCIAMENTO

Projeção do Consumo de Energia Elétrica


As projeções para o consumo de energia elétrica levam em consideração as indicações
do acompanhamento e da análise do mercado e da conjuntura econômica. A avaliação
é que as medidas para contornar a crise econômica têm surtido efeito, com sinais
de recuperação rápida da atividade econômica, com reflexo direto e positivo sobre o
consumo de eletricidade. A Tabela 3 apresenta a projeção de consumo energético na
rede, em todo o Território Nacional, para o período 2010 – 2014, cuja taxa média de
crescimento de consumo é de 5.4%.

Tabela 3. Projeção de consumo de energia elétrica na rede para o período 2010 – 2014, em GWh

2010 2011 2012 2013 2014


Projeção por classe de consumo
Residencial 103 272 108 724 115 548 120 912 126 425
Industrial 180 687 191 840 202 862 214 074 223 147
Comercial 67 983 72 161 77 746 82 516 87 598
Outras classes 57 413 59 868 63 333 65 792 68 382

Projeção por subsistema interligado


Norte 28 813 41 906 58 686 41 051 43 318
Nordeste 59 015 62 272 65 444 68 825 72 372
Sudeste/Centro-Oeste 250 503 264 335 278 184 193 024 306 125
Sul 71 024 74 079 77 175 80 393 83 737
Consumo Total 409 355 432 592 459 489 483 293 505 552

Fonte: Empresa de Pesquisa Energética (EPE), 2010.

Projeção da carga de Energia Elétrica


São apresentadas as previsões de aumento da carga de energia e de demanda integrada
e instantânea. As estimativas levam em consideração a projeção do consumo e as
indicações do acompanhamento e análise de carga. As projeções de carga são essenciais
para avaliar as condições futuras de atendimento, sobretudo no que diz respeito ao
dimensionamento da necessidade de capacidade adicional de geração.

Para projeção de carga, são consideradas, junto com o consumo, as perdas totais
observadas no sistema. Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o consumo
representa 85% da carga total de energia elétrica e as projeções não prevêm alterações
significativas nesse nível de perdas. Existem, contudo, perdas técnicas de transmissão,

26
RECURSOS ENERGÉTICOS – PLANEJAMENTO E GERENCIAMENTO│ UNIDADE I

de subtransmissão e de distribuição, junto com as perdas comerciais como furtos,


deficiência e erros na medição, “efeito calendário”.

Com o aprimoramento dos programas de medição e controle das empresas e


concessionárias, tem-se a expectativa de uma redução gradual das perdas comerciais,
uma vez que elas se darão tanto nos furtos quanto no processo de medição que, ao
ser convertido para medição eletrônica, eliminará o “efeito calendário”; contudo, não
se tem previsão de alteração no nível de perdas técnicas em cabos e equipamentos
elétricos, seja na distribuição, seja na transmissão, em boa parte devido à dimensão
continental do sistema elétrico brasileiro. A Tabela 4 apresenta as projeções da carga
média de energia no período de 2010 – 2014.

Tabela 4. Projeção da carga média de energia elétrica para o período 2010 – 2014, em MW

Subsistema 2010 2011 2012 2013 2014

Norte 3 950 4 411 5 529 5 856 6 188

nordeste 8 242 8 683 9 110 9 566 10 043

sudeste/centro-oeste 34 064 35 914 37 763 39 741 41 483

sul 9 189 9 583 9 982 10 397 10 828

total 55 445 58 591 62 384 65 560 68 542

Fonte: Empresa de Pesquisa Energética (EPE), 2010.

Modelagem e balanço de oferta e demanda


Um estudo desenvolvido pelo Ministério de Minas e Energia para o Plano Nacional
Energético 2030, em conjunto com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), apresenta
uma estrutura integral de quatro grandes grupos modulares para a oferta e a demanda
energética nacional:

»» Módulo macroeconômico: esse modelo compreende a formulação de


cenários de longo prazo para as economias nacional e internacional;

»» Módulo de demanda: esse modelo corresponde ao estabelecimento de


premissas setoriais, demográficas e de conservação de energia, resultando
nas projeções do consumo final de energia;

»» Módulo de oferta: esse modelo corresponde, principalmente, ao estudo dos


recursos energéticos, envolvendo aspectos relacionados à tecnologia, aos
preços, ao meio ambiente, à avaliação econômica da competitividade das
27
UNIDADE I │RECURSOS ENERGÉTICOS – PLANEJAMENTO E GERENCIAMENTO

fontes e dos impactos da regulação, o que permite formular alternativas


para expandir a oferta frente a uma evolução esperada da demanda;

»» Estudos finais: esse modelo corresponde à integração dos estudos de


oferta e de demanda, inclusive à reavaliação das projeções iniciais de
consumo dos energéticos, de aspectos de natureza política, estratégica,
institucional e de segurança energética, que culminam com as projeções
finais de consumo e de oferta interna de energia.

A inter-relação entre cada um desses modelos é representado na Figura 3. Vale ressaltar


que os estudos de oferta e de demanda foram realizados de forma integrada, incluindo
a incorporação do processo interativo de ajuste entre oferta e demanda, resultando na
reavaliação das projeções iniciais de consumo por meio de restrições de oferta ou da
concorrência entre diferentes setores energéticos.

Figura 3. Fluxograma para metodologia dos estudos energéticos do PNE 2030

Fonte: Ministério de Minas e Energia, 2007.

Por meio do fluxograma apresentado na Figura 3, cada um desses modelos de


quantificação foi desenvolvido internamente ou alterado de acordo com os objetivos
dos estudos previstos no PNE 2030.

Ao se fazer a análise quântica dos cenários macroeconômicos nacionais, cada trajetória


do modelo, associada a cada um dos cenários, teve sua consistência verificada por meio
da aplicação do Modelo de Consistência Macroeconômica de Longo Prazo (MCMLP),
adaptado pela EPE mediante o modelo proposto pelo Banco Mundial. Os principais

28
RECURSOS ENERGÉTICOS – PLANEJAMENTO E GERENCIAMENTO│ UNIDADE I

elementos caracterizadores desses cenários foram fornecidos exogenamente ao modelo,


cujos resultados permitiram medir a consistência macroeconômica de cada hipótese
formulada. Entre esses dados, têm-se:

»» taxa de crescimento do produto interno bruto (PIB);

»» crescimento demográfico;

»» crescimento do comércio mundial, vinculado à taxa de crescimento da


economia global;

»» política fiscal e monetária, a partir do superávit primário e taxa real de


juros básicos;

»» investimento externo direto, como proporção do PIB;

»» evolução da produtividade total dos fatores.

Com relação aos principais resultados gerados por esse modelo, usado para verificação
da consistência macroeconômica dos cenários, e que teve como indicadores dados
relativos à proporção do PIB, são mencionados:

»» a taxa de investimento;

»» o saldo da balança comercial;

»» a dívida líquida;

»» o saldo da conta-corrente.

Na quantificação do cenário demográfico, foi aplicado o Modelo de Estimativa de


Parâmetros Demográficos (MEDEM), desenvolvido pela EPE, a partir da modelagem
proposta pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Por meio dessa
projeção da população, disponibilizada pelo IBGE, com a cobertura do horizonte que
se estende até o ano de 2050, foi discretizado o crescimento demográfico conforme a
requisição de estudos do PNE 2030, com a regionalização da população pelo método da
tendência, ajustando-se as curvas logísticas para efeito das projeções regionais da taxa
de urbanização e da população por domicílio.

Na projeção do consumo final (demanda), foi desenvolvido e empregado o Modelo


Integrado de Planejamento Energético (MIPE) pela Coordenadoria de Programas de
Pós-Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (COPPE/
UFRJ). O uso e a adequação desse modelo às condições de estudo foram viabilizados
por meio de acordo entre a EPE e a COPPE/UFRJ. A aplicação do MIPE garantiu o

29
UNIDADE I │RECURSOS ENERGÉTICOS – PLANEJAMENTO E GERENCIAMENTO

vínculo das projeções de demanda aos cenários macroeconômicos e a desejada visão


integrada do consumo energético de todas as fontes de cada setor da economia, de
acordo com a abertura ofertada pelo Balanço Energético Nacional (BEN). Para a
demanda de energia elétrica em áreas residenciais, foi desenvolvido e aplicado o
Modelo de Projeção da Demanda Residencial de Energia (MSR), pela EPE. Trata-se
de um modelo em que a demanda de um consumidor residencial é obtida mediante a
posse e o uso de equipamentos eletrodomésticos. A calibração desse modelo foi feita
por meio de pesquisas de posse e uso disponibilizadas pelo PROCEL, sob a coordenação
da Eletrobras. Sua aplicação permitiu a incorporação de premissas relativas à eficiência
energética nesse segmento de consumo.

Pelo lado da oferta, existem dois modelos específicos aplicados para avaliação da
conversão energética primária:

»» Modelo de Estudo do Refino (MRef), desenvolvido pela EPE por meio


da modelagem proposta pela COPPE/UFRJ, cuja aplicação se dá no
dimensionamento da expansão do parque de refino de petróleo adequado
à demanda projetada de derivados;

»» Modelo de Expansão de Longo Prazo (MELP), desenvolvido pelo Centro


de Pesquisas de Energia Elétrica (CEPEL), sendo considerado um
modelo de otimização que permite encontrar soluções de expansão da
oferta de energia elétrica minimizando o custo da expansão e de operação
e considerando os custos de investimento na expansão das interligações
entre os subsistemas. A sua importância se dá em face das características
do sistema elétrico brasileiro e, principalmente, diante da localização do
potencial hidrelétrico a ser aproveitado.

Todos os resultados obtidos nos estudos da oferta e da demanda foram consistidos


e integrados com a aplicação do modelo MESSAGE, desenvolvido pela Agência
Internacional de Energia Atômica (AIEA/IAEA).

Como resultado final do estudo da PEN 2030, tem-se uma visualização para evolução
da composição da oferta interna de energia, o que permite fazer formulações hipotéticas
da Matriz Energética Brasileira (Figura 4).

30
RECURSOS ENERGÉTICOS – PLANEJAMENTO E GERENCIAMENTO│ UNIDADE I

Figura 4. Fluxograma para modelagem de cálculos usados para demanda e oferta de energia elétrica

Fonte: Ministério de Minas e Energia, 2007.

31
CAPÍTULO 4
Análise de impactos

A análise de impactos está relacionada à avaliação dos impactos que a oferta e a demanda
de energia podem sofrer, tais como os sociais, econômicos, políticos e ambientais.
Cada análise de impacto merece ser discutida de modo resumido para que eventuais
problemas relacionados sejam resolvidos.

Impactos socioeconômicos
O crescimento demográfico afeta o porte e a própria estrutura da demanda de energia,
seja direta (crescimento vegetativo), seja pelos impactos decorrentes ou associados ao
crescimento econômico e ao desenvolvimento, gerando uma alteração na distribuição
da renda e redução das desigualdades regionais.

O estudo apresentado pelo PNE 2030 indica uma taxa de crescimento demográfico
baseado no Censo realizado no ano de 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE). A projeção populacional para o Brasil, no ano de 2030, é superior
a 238 milhões de habitantes, com uma taxa média de crescimento anual de 1.1% desde
o ano 2000. É importante observar que a trajetória desse ritmo de crescimento é
continuamente decrescente, como indica o IBGE nos últimos dois censos demográficos.
Entre os anos 2000 e 2010, estimou-se uma taxa de expansão demográfica anual de,
aproximadamente, 1.4%, com quedas previstas para 1.1% ao ano entre os anos de 2010 e
2020, e 0.8% entre os anos 2020 e 2030. O crescimento demográfico brasileiro deve ser
ampliado para cerca de 53 milhões de habitantes no período de 25 anos (2005-2030),
valor esse comparável atualmente à população da Região Nordeste, com cerca de 51
milhões de habitantes, ou mesmo da Espanha, com cerca de 40 milhões de habitantes,
e da França, com cerca de 61 milhões de habitantes.

A evolução da população e sua taxa de crescimento a partir de 1950 até o ano de


2030 é mostrada na Figura 5. A Tabela 5 apresenta a repartição da população por
região geográfica, uma vez que os fluxos migratórios afetam a distribuição espacial
da população. As Regiões Norte e Centro-Oeste, vistas como as regiões de fronteira
do desenvolvimento nacional, aumentam sua participação de 15.1% no ano de 2005
para 16.7% em 2030. Outro ponto importante a ressaltar é a taxa de urbanização da
população brasileira, cuja evolução é apresentada na Tabela 6.

32
RECURSOS ENERGÉTICOS – PLANEJAMENTO E GERENCIAMENTO│ UNIDADE I

Figura 5. Gráfico ilustrativo para o crescimento demográfico em função do impacto social relacionado à

demanda de consumo energético no Brasil

Fonte: Ministério de Minas e Energia, 2007.

Tabela 5. Projeção de distribuição regional da população brasileira (em milhões de habitantes)

2005 2010 2020 2030


Brasil 185.4 198.1 220.1 238.5
Crescimento (% ao ano) -x- 1.3 1.1 0.8
Região Norte 14.9 16.4 19.2 21.5
Região Nordeste 51.3 54.2 59.2 63.4
Região Sudeste 79.0 84.3 93.6 101.4
Região Sul 27.1 28.8 31.6 34.0
Região Centro-Oeste 13.1 14.4 16.5 18.2

Fonte: Ministério de Minas e Energia (MME), 2007.

Tabela 6. Taxa de urbanização da população brasileira (em valores percentuais)

2005 2010 2020 2030


Brasil 83.2 84.7 86.8 88.0
Região Norte 71.7 73.2 75.3 76.4
Região Nordeste 71.6 73.7 76.7 78.5
91.8 92.8 94.1 94.9
Região Sudeste
89.7
Região Sul 83.7 85.7 88.3
93.3
Região Centro-Oeste 89.0 90.6 92.5

Fonte: Ministério de Minas e Energia (MME), 2007.

33
UNIDADE I │RECURSOS ENERGÉTICOS – PLANEJAMENTO E GERENCIAMENTO

Por conta desse cenário demográfico gerado pela formulação de hipóteses para expansão
da economia brasileira, tem-se que a renda média per capita do País tende a evoluir, no
período de 2005 a 2030, de 1.2% a 4.1% ao ano; porém, isso vai depender unicamente do
cenário econômico do momento. A renda média per capita cresce bem mais que a das
últimas três décadas em função da implantação das políticas internas de modo eficaz na
direção do aproveitamento das vantagens comparativas importantes e da remoção de
obstáculos ao desenvolvimento sustentado. Essa renda média elevada não implica uma
melhor distribuição de renda, pois depende de outros fatores já mencionados para que
possam surgir novos cenários de maior crescimento econômico.

Os estudos relacionados à geração e conservação de energia são assumidos por extenso


com o GLD. Entretanto, é evidente que a conservação de energia deve ser orientada
para as atividades que preconizam evitar desperdícios do setor energético como um
todo.

A energia elétrica pode ser conservada e os picos de carga reduzidos por alterações
de procedimentos que não requerem nenhum investimento, ou por investimentos
em eficiência de energia ou medidas de GLD, sendo esse último determinado se o
investimento for de custo efetivo. Embora alguns critérios para determinar a efetividade
de custo serem amplamente usados, esses tendem a ser arbitrários, pois vão depender
especificamente do investidor. A ideia central para o uso final de energia é desenvolver
uma estratégia de suprimento energético com custo menor, na qual se podem comparar
racionalmente os custos e benefícios do suprimento crescente com a melhoria da
eficiência de energia ou na redução de demanda.

Deve-se observar que o impacto econômico da conservação energética e do gerenciamento


de carga pode ser visto em várias perspectivas: consumidor, sociedade e empresas. Em
geral, são desenvolvidas metodologias em que o custo efetivo das medidas de economia
de energia elétrica seja avaliado e comparado. O custo efetivo depende da quantidade
de investimento adicional, da magnitude da economia de energia, do valor da unidade
energética conservada, da vida útil do investimento e do fator de desconto que relaciona
benefícios futuros com o investimento presente.

Impactos Políticos
Nos últimos vintes anos, em função do Plano Real, o Brasil passou a conviver com uma
nova realidade por conta do crescimento econômico. Mas, para isso, deveria haver um
planejamento de infraestrutura para atender a demanda e a oferta de mercado, tanto
na reforma e expansão de portos, aeroportos, rodovias e ferrovias quanto na expansão
do setor energético. Contudo, a pretensão do País de assumir papel de destaque no
34
RECURSOS ENERGÉTICOS – PLANEJAMENTO E GERENCIAMENTO│ UNIDADE I

ordenamento mundial não poderia vir desacompanhada de uma política energética


eficaz.

Há exemplos que indicam os impactos causados pela falta de um projeto político-


econômico e que resultaram em prejuízos por conta do descuido no setor energético,
tais como os apagões ocorridos nos anos de 1999, 2001 e 2009. Mesmo com os avanços
em alguns segmentos no campo energético, nos últimos anos, há episódios que expõem
a fragilidade do planejamento do setor no País. Aqui, merecem destaque os seguintes
casos:

»» a debatida elevação dos preços do etanol, com uma taxa de 75% em um


ano, deixa clara a falta de coordenação entre as políticas econômica e
energética;

»» o estímulo à atividade econômica pelo Governo Federal após a crise


econômica de 2008, com a redução do imposto sobre produtos
industrializados (IPI) sobre as vendas de automóveis, causa uma
elevação expressiva na venda de veículos de passeio, com 10.6% no ano
de 2010. Porém, o crescimento da frota de veículos automotores não vem
acompanhado por uma política de estímulo à ampliação da oferta de
etanol, resultando, portanto, no aumento dos preços dos combustíveis.

Outros fatores considerados críticos, que fizeram do Brasil refém da falta desse
planejamento, se dão pelo fato de a política dos combustíveis fósseis da Petrobras
levar o País a enfrentar uma situação de escassez de recursos de outras fontes, o que
compromete o desenvolvimento industrial. Um exemplo disso se dá pela escassez de
água nos reservatórios, em bacias hidrográficas, o que compromete a geração de energia
nas usinas hidrelétricas. Isso se deve ao clima, pois há uma dependência de chuvas
para que os reservatórios fiquem cheios, permitindo, assim, o seu uso por parte das
usinas hidrelétricas. A escassez de chuva faz com que sejam ativados outros modelos de
geração de energia elétrica, como as termoelétricas, cujos combustíveis são mais caros
e poluentes.

Há discussões intensas por especialistas sobre a necessidade e a conveniência de se ter


um planejamento energético integrado, pois representa um grande avanço conceitual
e metodológico. Todavia, se tenta imaginar que esse processo possa ocorrer sob uma
única coordenação e com todos os seus componentes se desenvolvendo de modo
sincronizado. Essa concepção é fortemente idealizada e difícil de ser concretizada na
prática. As relações e interdependências entre diversos níveis de planejamento são
complexas no aspecto político. Os acoplamentos dos mais diversos graus de resolução
estrutural espaço-temporal estão longe de ser evidentes. A melhoria das interações

35
UNIDADE I │RECURSOS ENERGÉTICOS – PLANEJAMENTO E GERENCIAMENTO

entre esses níveis de planejamento com abordagem mais integrada é uma área que o
planejamento energético mal tem dado ainda os primeiros passos.

Impactos ambientais
O impacto ambiental produzido durante a geração de energia vem sendo discutido
mundialmente, mediante a conscientização da gravidade em questão. As concentrações
de gases do efeito estufa vêm sendo discutidas desde as últimas décadas do século
XX. Foi estabelecido, a partir do Protocolo de Kyoto, em 1997, que parte dos países
desenvolvidos deveria atingir a redução média de 5% nas emissões dos gases entre
os anos de 2008 e 2012, uma vez que os países emergentes deveriam apenas seguir
o princípio de responsabilidade comum, uma vez que o aquecimento global era
responsabilidade de todos os países que assinaram o referido pacto. Porém, durante
a Conferência sobre o Clima de Copenhague, em 2009, esse pacto não foi ratificado
(muito menos prorrogado para vigorar até o ano de 2020), pois os países desenvolvidos
não foram capazes de chegar ao consenso para redução drástica das emissões dos gases
emitidos na atmosfera.

A busca por sustentabilidade requer planejamento e inserção de novas fontes renováveis


para geração de energia elétrica e que tenham menor impacto possível no meio
ambiente. Isso ocorre devido à conscientização por conta de pesquisas científicas em
que o impacto ambiental promovido para o desenvolvimento das Nações seja o limiar
desse mesmo desenvolvimento, bem como a causa dos danos, tanto reversíveis e de
custos elevados a longo prazo quanto irreversíveis ao homem e ao meio ambiente.

A sustentabilidade abrange várias dimensões, sejam elas políticas, sociais, econômicas


e ambientais, uma vez que o setor energético está conectado a todas essas dimensões,
pois nelas gera impactos benéficos ou maléficos.

A possibilidade de desenvolvimento energético sustentável é dinâmica e implica


respostas das dimensões socioeconômicas, políticas e ambientais, cujos aspectos, para
uma política energética baseada nesse modelo de desenvolvimento sustentável, são:

»» garantia de suprimento por conta da diversificação de fontes, novas


tecnologias e descentralização da produção de energia;

»» uso, adaptação e desenvolvimento racional de recursos;

»» custo mínimo de energia;

»» valor agregado a partir dos usos gerados na otimização dos recursos;

36
RECURSOS ENERGÉTICOS – PLANEJAMENTO E GERENCIAMENTO│ UNIDADE I

»» custos reais de energia, contemplando impactos ambientais e sociais,


devido a represamento, extração, produção, transmissão e distribuição,
armazenamento e uso das energias negociadas no mercado, inclusive na
definição de métodos específicos de internalização das extremidades.

Os impactos ambientais gerados pela obtenção de energia elétrica interferem no


desenvolvimento sustentável e o seu entendimento se faz primordial para a análise de
implementação de projetos e planejamentos energéticos.

O PRI está inserido no contexto de sustentabilidade, sendo uma ferramenta poderosa


para a mitigação de impactos ambientais. Contudo, antes de discutir o papel do
PIR no setor energético, em relação aos impactos ambientais, é necessário fazer
uma apresentação sobre algumas formas de obtenção de energias renováveis e não
renováveis, com foco em seus impactos ambientais.

37
CAPÍTULO 5
Técnicas de análise

As técnicas de análise são utilizadas para relacionar a oferta e a demanda energética


com os cenários econômicos, ambientais, sociais e políticos.

Com base nisso, são apresentados exemplos dessa relação por meio da utilização de
algumas fontes utilizadas para a produção e distribuição de energia em função da
expansão econômica e, portanto, do desenvolvimento nacional.

A disponibilidade de energia elétrica na quantidade e qualidade adequadas, com


custos competitivos, se dá por ser um dos mais importantes pré-requisitos para o
desenvolvimento econômico de um país. A energia é tratada como um bem de natureza
estratégica e não é, por acaso, um dos temas mais relevantes da agenda mundial.

O Brasil apresenta-se com nível de desenvolvimento insuficiente, o qual está associado


a um baixo consumo específico de energia, à carência de infraestrutura de energia e
à concentração do emprego de riquezas naturais. O seu posicionamento no cenário
mundial é um fator essencial para o esforço de reverter esse quadro. O País apresenta,
historicamente, uma vantagem comparativa no setor energético, devido à abundância
de recursos naturais a baixos custos, em termos relativos. Existem desafios a enfrentar
para que se empreenda a manter essa vantagem, pois o Brasil assume esse papel
essencial na condução dos rumos do setor energético, principalmente em relação
às barreiras de mercado e aos conflitos de interesses entre agentes que atuam nesse
mercado. Essa ação é empreendida na direção de reduzir a pobreza e de ampliar o
acesso à energia para as camadas sociais mais pobres. Recentemente, a preocupação
com os impactos ambientais da produção e do emprego da energia, em virtude das
emissões de gases e seus efeitos sobre o clima da Terra, tem reforçado a necessidade de
regular e definir políticas especificamente orientadas para assegurar a sustentabilidade
do desenvolvimento econômico, exigindo planejamento e ação governamental.

Nesse cenário, a importância de desenvolver estudos para planejar o setor energético


em longo prazo, mediante diagnóstico do quadro econômico e energético nacional
e internacional, está na identificação das tendências e dos elementos que permitem
orientar a definição de políticas públicas voltadas para assegurar a disponibilidade
energética adequada, a universalização de acesso à energia, o emprego mais eficiente dos
recursos disponíveis, a minimização de custos e a sustentabilidade ambiental. O setor
energético brasileiro não pode prescindir de processos contínuos de conhecimento,
sistemático e dinâmico, em face dos desafios de criar condições para a rápida expansão

38
RECURSOS ENERGÉTICOS – PLANEJAMENTO E GERENCIAMENTO│ UNIDADE I

de oferta que se aproxima e implementar o processo de diversificação da matriz


energética, fundamental para a sua posição estratégica diante do panorama energético
mundial.

O processo de privatização do setor elétrico brasileiro impôs a necessidade do exame dos


instrumentos de planejamento que poderiam contribuir para redução dos problemas
enfrentados pelo setor sob a égide do Estado. Porém, um dos problemas mais evidentes
detectados foi o descompasso verificado entre a expansão da oferta e as previsões de
carga, de médio a longo prazos, elaboradas por um planejamento de caráter impositivo.

O caráter indicativo do planejamento energético recomenda que as previsões de mercado


e os investimentos para a garantia do atendimento sejam conduzidos em condições
adequadas, implicando a redução de incertezas e a adoção de novos parâmetros e
métodos de que dão conta essa complexidade envolvendo a indústria energética.

Elaboração de cenários
O cenário caracteriza-se como uma base fundamental para qualquer exercício de
planejamento, na medida em que congrega um conjunto coerente e plausível, não sendo
necessário o número exagerado de acontecimentos endógenos e exógenos, envolvendo
determinados atores como grupos, corporações, instituições, e, ainda, uma escala
cronológica.

Os principais propósitos para um cenário são os de organizar, sistematizar e delimitar


as incertezas, explorando sistematicamente os pontos de mudança ou manutenção dos
rumos de uma evolução de eventos.

As técnicas para elaboração de um cenário se dão por meio dos principais instrumentos
de trabalho, que são a análise estrutural e a investigação morfológica.

A análise estrutural consiste em um esforço de compreensão do objeto, a partir


da identificação das variáveis-chave e das relações de causalidade diferenciada,
estabelecendo os elos de dependência e motricidade com a articulação de um sistema
lógico de determinações do futuro.

A investigação morfológica é um recurso simples de combinação de um conjunto


reduzido de hipóteses coerentes e consistentes que convergem para a configuração dos
cenários, tendo como referência o estudo das estruturas e dos costumes da vida social.

Para a elaboração de um cenário, é importante frisar a antecipação das prováveis


trajetórias para o período em análise, com a verificação das tendências mais marcantes

39
UNIDADE I │RECURSOS ENERGÉTICOS – PLANEJAMENTO E GERENCIAMENTO

junto com os avanços técnico-científicos e com o crescimento demográfico, o que reforça


o reconhecimento dos atores envolvidos.

Uma sociedade evoluída é acompanhada por mudanças que ocorrem cada vez mais
rápido, envolvendo todos os setores econômicos, cujo futuro não é mais quantificável
devido à simples extrapolação de tendências históricas.

Há, ao menos, duas formas de atenuação do impacto das incertezas sobre o processo de
planejamento: compreensão das relações sociais e delimitação de danos causados pela
incerteza. Esta última está relacionada a estratégias que venham garantir resultados
que satisfaçam dentro de uma incerteza tolerável, com flexibilidade às decisões a serem
tomadas, de forma a adaptá-las às condições plausíveis.

A procura de um aprimoramento constante das técnicas de previsão de consumo de


eletricidade visa reduzir os desvios entre o mercado previsto e o realizado, notadamente
por ser do setor elétrico caracterizado por investimentos de grande porte e lenta
maturação.

Um exemplo de modelo de eficiência e gerenciamento de energia elétrica foi desenvolvido


pelo governo da Bulgária, baseado nos objetivos políticos de competitividade de um
Programa de Operações que:

»» melhore a eficiência e a produtividade de uma tecnologia que seja


ambientalmente amigável usada por pequenas e médias empresas;

»» reduza a intensidade de energia e quaisquer impactos ambientais


adversos para promoção de investimentos em ambientes amigáveis,
baixa produção de resíduos, tecnologias de produção com economia de
energia e uso de fontes de energias renováveis.

Ao combinar subsídios, empréstimos e assistência técnica em um instrumento,


o programa búlgaro supera barreiras e restrições por meio de planejamento,
implementação e execução de projetos de financiamento de energia sustentável, em
que as pequenas e médias empresas podem se submeter tanto aos projetos de eficiência
energética quanto aos projetos de energias renováveis. Dependendo da escala e da
complexidade do projeto, dois principais subtipos de projetos escolhidos no programa
são:

»» projetos orientados para a tecnologia, que são projetos de medidas


simples e de escala reduzida, usando tecnologia e equipamentos definidos
em uma lista de escolha para materiais e equipamentos;

40
RECURSOS ENERGÉTICOS – PLANEJAMENTO E GERENCIAMENTO│ UNIDADE I

»» projetos centrados na auditoria energética, cujos projetos são maiores


e mais complexos, sendo baseados nos resultados de uma auditoria de
energia, que deve ser realizada por uma empresa certificada na área de
auditora de energia.

A assistência técnica mencionada no programa búlgaro tem a função de fornecer dois


consultores assistentes:

»» um assistente de projeto que assessora a elegibilidade das aplicações


do projeto, a observância da regulamentação dos contratos aplicáveis,
o fornecimento de informações e aconselhamento para potenciais
candidatos e a administração dos programas de bancos de dados e portais
de internet;

»» um assistente de verificação que examina e comprova a implementação


bem sucedida de todos os projetos a serem apresentados em relatórios de
validação interinos e de realização, assim como na manutenção da lista
de escolha para materiais e equipamentos.

Há outros exemplos por meio de modelos que buscam aprimorar a otimização energética
com base na necessidade metodológica de maior uso de recursos, seja na qualidade
estatística, seja no emprego de recursos humanos, com a ajuda de especialistas
capacitados na área de planejamento. Assim, torna-se factível desenvolver um grau
de entendimento que envolva sensibilidade e capacidade crítica, permitindo uma
interferência mais aprofundada nas diversas etapas do estudo.

Modelos de previsão de mercado


Para uma discussão de novos paradigmas de planejamento de mercado, é importante
salientar que as metodologias empregadas no passado e os modelos usados hoje
permitem a inserção de variáveis exógenas.

A economia global apresenta um processo dinâmico. Assim, ao fazer a correlação do


consumo de energia com o desempenho econômico, seja por elasticidade/renda, seja
por elasticidade/preço, pode-se conduzir a graves desvios de previsão.

Há de se considerar que o processo evolutivo das nações possui características distintas


e que os agentes intervenientes de diversos mercados atuam de modo peculiar em cada
país, conforme os aspectos socioeconômicos de cada região.

41
UNIDADE I │RECURSOS ENERGÉTICOS – PLANEJAMENTO E GERENCIAMENTO

Modelos econométricos
Esses modelos eram utilizados para fazer previsões de demanda, particularmente
na previsão de energia. Contudo, eles não expressavam a complexidade da teoria
econômica. Eram compostos de equações matemáticas de caráter estatístico, sem
induzir a um quadro teórico em particular.

Os modelos econométricos não conseguem decompor quantitativamente o peso


dos principais agentes intervenientes. Supõe-se que as variáveis se mantenham
inalteráveis. Esse fato reduz muito o grau de precisão do fundamento empírico e do
valor explicativo das análises de correlação, assim como do emprego dos coeficientes de
elasticidade, os quais apresentam uma precisão proporcional à influência simultânea
dessas forças sobre o consumo de energia. Apesar desses problemas, esses modelos
não devem ser totalmente descartados ou considerados obsoletos. Para um horizonte
temporal compatível com base estatística e no contexto estável e regular no crescimento
econômico, essas metodologias ainda possuem sua validade quando usadas no horizonte
de curto prazo, visto que, em regra, em um intervalo de tempo relativamente curto, não
deve haver transformações substanciais na estrutura econômica, social e tecnológica.

Modelos técnico-econômicos
Esses modelos se baseiam na identificação e representação numérica dos principais
mecanismos que explicam os fundamentos do desenvolvimento da demanda de energia,
uma vez que procuram expor as necessidades de energia útil de modo mais desagregado
possível, incorporando na previsão da demanda de energia, mediante auxílio de cenários
econômicos previamente elaborados por especialistas em planejamento, o elemento da
incerteza quanto ao futuro.

Trata-se de um modelo que visa associar os requisitos de energia útil a indicadores


físicos de atividades consumidoras de energia, permitindo que haja isolamento de
influências de substituição de energéticos que possuam diferentes graus de eficiência
e preços, bem como referenciar os indicadores econômicos e o peso tecnológico no
crescimento da demanda de energia.

Modelos de insumos-produtos
Esses modelos possuem um caráter eminentemente estático; contudo, não devem ser
totalmente descartados pelos planejadores. O processo desse método foi concebido sob

42
RECURSOS ENERGÉTICOS – PLANEJAMENTO E GERENCIAMENTO│ UNIDADE I

bases sólidas da Matemática e abrange uma série de análises que combinam Estatística
e Economia, bem como as demais ciências que contribuíram para a sua formulação.

A evolução de diversos agentes intervenientes de uma sociedade passa por etapas de


desenvolvimento, cujas mudanças combinam os avanços tecnológicos com hábitos de
consumo. Dentro de um processo logístico, pode-se deduzir que, em longo prazo, as
mudanças sejam mais sutis, sem que haja forte influência nas necessidades de insumos
básicos para se produzir dado bem. Com o tempo, quando houver estabilidade entre
vários setores da sociedade, pode-se aplicar esse modelo, pois os coeficientes técnicos
de produção vão interagir de modo satisfatório, o que viabiliza o seu emprego nas áreas
de planejamento dos principais segmentos da sociedade.

Modelo MEDEE/C (Modele d’ Evolution de la


Demande Energétique)
Esse modelo, de origem francesa, normalmente é aplicado para os horizontes de médio
e longo prazos, cujo processo básico está na análise técnico-econômica, do tipo contábil,
tendo como principal foco o emprego de energia a ser aplicada à técnica de cenários.

Nele, a análise procura identificar os determinantes econômicos, demográficos, sociais


e técnicos da demanda de energia final por uso e por setor de atividade, com base nas
estatísticas disponíveis. Por meio dessas identificações, é possível fazer a simulação
das tendências por meio de cálculos implícitos no modelo, utilizando-se de variáveis
exógenas e de cenários econômicos. Essa técnica permite incluir variáveis sob várias
óticas, inúmeros impactos sobre as necessidades de energia de todos os setores da
sociedade, o que possibilita adequar os recursos por meio de fontes hídricas ou térmicas,
por exemplo, de modo a reduzir tanto os custos quanto os impactos ambientais.

O grande mérito desse método está na transparência do processo, que permite explorar
ações sobre a estrutura da demanda. As maiores dificuldades que recaem sobre o seu
emprego está na definição das evoluções e comportamentos socioeconômicos, além da
complexidade de manter coerência das relações entre os vários setores.

Modelo de requerimentos
Esse modelo tem a função de analisar, em separado, cada um dos setores de consumo
(residencial, rural, industrial, comercial e transporte). Neles, há uma preocupação de
identificar os grupos de consumidores que são homogêneos do ponto de vista energético,
isto é, os grupos que tenham consumos específicos, com a mesma estrutura por usos e

43
UNIDADE I │RECURSOS ENERGÉTICOS – PLANEJAMENTO E GERENCIAMENTO

por fontes similares, sendo denominados módulos homogêneos. Porém, não se tem a
homogeneidade absoluta, sendo necessário, portanto, definir limites de variação para
que esses módulos possam ser considerados homogêneos.

O modelo de requerimentos consiste em analisar de forma sequencial os setores


de consumo, definindo uma série de estratificações hierarquizadas que permitem
a determinação desses módulos homogêneos, respeitando as características do
requerimento energético e as possibilidades de seu aproveitamento em função das
particularidades setoriais, sendo muito flexível tanto para o usuário definir a configuração
dos setores a serem analisados quanto para as suas características próprias do sistema
observado.

Modelo Message
Esse modelo trata de eleger os meios de produção energética que permitem abastecer
uma demanda de fontes secundárias, de forma a minimizar os custos de operação e a
manutenção ao longo do período observado, permitindo prever o controle das emissões
ao meio ambiente por meio de atividades vinculadas ao abastecimento da demanda e
ao volume de níveis de concentração de diversos tipos de elementos nocivos. Ele analisa
as possíveis substituições entre as fontes de energia existentes em diferentes centros de
transformação por meio do nível de consumo final.

A técnica empregada nesse modelo está na sua resolução, que é a programação linear
contínua dinamizada, sendo que o período de análise é dividido em sub-períodos, de
igual duração, e a otimização é feita sobre eles, de forma simultânea, o que corresponde
às variáveis do modelo e às quantidades anuais médias de cada sub-período.

As demandas são subdivididas regionalmente. No caso da energia elétrica, é possível


representar uma curva monótona de duração das cargas, em que uma dada fonte de
energia primária pode ser dividida em um número opcional de classes tendo, em conta,
o preço da extração, a qualidade da fonte e a localização dos depósitos.

Modelo Markal (MARKet ALlocation Model)


Esse modelo representa os fluxos de energia que vêm da extração de fontes primárias
até a utilização da energia em cada uso final. Ele requer consumo de energia útil para
todos os usos em cada um dos setores do consumo em análise.

O modelo MARKAL é aplicado para o estudo dos impactos de novas tecnologias a partir
da demanda de energia útil, valendo-se de programação linear multiperiódica. Toma
44
RECURSOS ENERGÉTICOS – PLANEJAMENTO E GERENCIAMENTO│ UNIDADE I

como objetivo o valor real dos custos do sistema energético por meio da energia útil,
além de fazer cálculos do custo marginal de um dado recurso por meio de informações
do preço-sombra. Para isso, sua aplicação implica que sejam aventados os custos reais
das tarifas e dos preços relativos, incluindo as diversas relações interativas no processo
de alocação temporal dos recursos. Ele serve, ainda, como importante instrumento
auxiliar nas políticas ambientais, a fim de minimizar a poluição, de acordo com os
padrões nacionais ou internacionais, em um horizonte temporal previamente definido.

45
MARKETING DE
COMBATE AO UNIDADE II
DESPERDÍCIO DE
ENERGIA

CAPÍTULO 1
Marketing e comportamento do
consumidor

O conceito de marketing diz que, para atingir seus objetivos, a organização deve
determinar as necessidades e os desejos de seus mercados-alvo e satisfazê-los de modo
mais eficiente do que os concorrentes. Na literatura, o objetivo final de toda a atividade
de marketing é influenciar o comportamento do consumidor, de modo que sejam
acrescentadas as vendas de um produto ou de uma marca. É desse setor de marketing a
responsabilidade de influenciar e entender o comportamento daqueles que consomem
seus produtos e serviços. O comportamento do consumidor é definido como sendo
perceptível a ele, que espera satisfazer seus desejos e necessidades por meio de compras,
usos, avalias, descarte de produtos, serviços e ideias. Logo, torna-se claro, por mais que se
tenham esforços despendidos, para melhor compreender os motivos que levam alguém
a comprar (ou não) um dado bem, pois se trata de um caso de sucesso e sobrevivência
para as corporações. Cabe ao profissional de marketing pesquisar a compreensão do
processo de decisão e seus fatores influenciadores na resolução final do comprador,
para que se possa atingir sobre esses aspectos e gerar um comportamento favorável,
por parte do consumidor, para os seus produtos. Todo comprador deve possuir suas
próprias características que vêm sendo adquiridas ao longo do processo social de sua
vida por meio de inter-relacionamento com grupos de referência. Essas características
foram adquiridas pela exposição a uma dada realidade, constituída por fatores sociais,
pessoais, psicológicos e culturais. Os consumidores aprendem pela experiência passada
e seu comportamento futuro é condicionado pela aprendizagem, que é definida como
uma mudança de comportamento ocorrida pelos resultados dessa experiência. À
medida que os consumidores adquirem experiência na compra e, consequentemente,
no consumo dos produtos, aprendem sobre marcas e características que os levam à
preferência de uma marca ou outra.

46
MARKETING DE COMBATE AO DESPERDÍCIO DE ENERGIA │ UNIDADE II

O foco do marketing sofreu mudanças com o passar dos tempos. Sua evolução se deu
por meio de diferentes focos (institucionais, funcionais, administrativos e sociais).
Cada foco tem seus defensores e críticos, e o marketing sempre emergiu com conceitos
novos, ampliados e renovados.

Pelo marketing, a ideia de satisfazer as necessidades dos consumidores para obter


resultados positivos está sendo desafiada; seus argumentos se dão especificamente nos
benefícios que um dado bem possa causar na concepção do consumidor e na sociedade
como um todo.

Entre os tipos de marketing existentes, o social, surgido há mais de 40 anos, permite


promover uma mudança nas questões relacionadas ao consumo de bens e serviços, sendo
diretamente relacionado em campanhas sociais. A produção de mudanças sociais é difícil
com qualquer estratégia, principalmente quando se exige uma resposta voluntária.
O marketing social é aplicado no planejamento familiar, na proteção ambiental, na
economia de energia, na melhoria da saúde e da educação, da infraestrutura e dos
transportes públicos. Ele é a aplicação de tecnologias desenvolvidas no setor comercial
para as soluções de problemas sociais, cuja base se dá principalmente na mudança
de comportamento dos consumidores com objetivo de melhorar a qualidade de vida,
sendo uma tarefa de difícil aplicabilidade do ponto de vista comportamental.

A preocupação de evitar desperdício de recursos que são considerados escassos, em


especial a energia elétrica, está relacionada ao marketing social, isto é, a um projeto e
à implementação e controle de programas que procuram aumentar a aceitação de uma
ideia, causa ou prática social em um dado grupo-alvo.

Por sua vez, o marketing ortodoxo visa, principalmente, compreender as necessidades e


desejos do público-alvo para que ofertas condizentes sejam feitas. Na literatura, há três
diferenças entre os dois tipos de marketing mencionados, seja por objetivos, resultados
ou produtos (Tabela 7).

Tabela 7. Diferença entre o Marketing Ortodoxo e o Marketing Social

Marketing Ortodoxo Marketing Social

Atender às necessidades e aos desejos Modificar as atitudes ou os


Objetivos
identificados nos mercados-alvo comportamentos dos mercados-alvo

Resultado principal: atendimento. Atende


Principal resultado: o lucro. Atende aos
Resultados aos interesses do mercado-alvo ou da
interesses do mercado-alvo
sociedade

Ideias (concretizadas por meio de


Produtos Produtos e serviços
objetivos e serviços)

Adaptada de Ikeda, A. A. et al. 1999.

47
UNIDADE II │MARKETING DE COMB ATE AO DESPERDÍCIO DE ENERGIA

No marketing ortodoxo, tem-se como objetivo primordial tornar a relação de troca


lucrativa, tanto para a organização quanto para o consumidor. Já no marketing
social, o objetivo primordial é promover uma mudança social planejada, por meio da
perspectiva de troca. Quando se tem uma observação de resultados procurados, essa
diferença se torna mais evidente, pois a empresa está interessada em obter lucro, como
elemento final da gestão de negócios. Por sua vez, a instituição social está preocupada
com o atendimento aos interesses da sociedade ou dos grupos adotantes. Por fim,
quanto ao produto/serviço, tem-se o caso de empresas de negócios na comercialização
de produtos e serviços. Na instituição social, tem-se, normalmente, a ideia social como
o produto, que é tangida por objetos e serviços.

Programa de combate ao desperdício


O programa de combate ao desperdício e do uso racional de energia elétrica tem por
objetivo, dentro da filodoxia de programa de gerenciamento de demanda, atuar no setor
elétrico pelo lado do consumidor, colaborando para melhorar a expansão desse sistema
com vistas a atender a crescente demanda de eletricidade. O sucesso do programa é
condicionado à efetiva adesão dos consumidores às alternativas de medidas. Nesse
contexto, foram analisadas três alternativas, observando a demanda de energia
residencial, principalmente no que se refere ao consumo do chuveiro elétrico, sendo
considerado um dos vilões do consumo doméstico de energia, junto com o consumo
excessivo dos aparelhos de ar condicionado e de ventiladores no período do verão.

A seguir, são apresentadas as alternativas para que os consumidores tenham a


consciência de se utilizar adequadamente a energia elétrica, seja em ambiente familiar,
seja em ambiente de trabalho:

»» instalação de um limitador de demanda que, como o próprio nome


diz, limita a demanda máxima de energia fornecida para o consumidor
durante um período pré-determinado, no horário crítico do sistema
elétrico, entre as 14h e as 21 h, chamado de horário de pico. Com esse
dispositivo, os consumidores podem usar, simultaneamente, naquele
período, só os equipamentos elétricos cuja soma das potências, dadas
em watts (W), não ultrapasse um nível pré-estabelecido. Na prática, os
chuveiros elétricos não podem ser ligados naquele horário;

»» instalação de um aquecedor solar de baixo custo, que substitui o chuveiro


elétrico, o que permite aquecer a água por meio de painéis de captação de
raios solares;

48
MARKETING DE COMBATE AO DESPERDÍCIO DE ENERGIA │ UNIDADE II

»» implantação de uma tarifa diferenciada a partir do horário de uso de


eletricidade, conhecida como binômia-horária, porém que tenha custo
elevado no horário de pico, a exemplo das tarifas telefônicas.

Pesquisa sobre consumo e combate ao


desperdício
Pesquisas que relacionam o consumo de energia elétrica da população têm por finalidade
investigar as preferências e as considerações de consumidores a respeito das três
alternativas mencionadas, cujos objetivos, características, metodologia e resultados são:

»» Objetivos: identificar as atitudes dos consumidores em relação à


reciclagem e ao combate ao desperdício; identificar as atividades e os
valores dos consumidores associados à energia elétrica, à sua utilização
racional e à sua conservação; verificar o nível de absorção dos conceitos
sobre controlador de demanda, tarifa diferenciada e substituição
de equipamentos, levantando os pontos considerados favoráveis e
desfavoráveis;

»» Características: consumidores residenciais em uma dada área urbana,


estratificada por faixas de consumo médio mensal, com um período para
realizar a coleta de dados de consumo energético;

»» Metodologia: tipo de pesquisa (abordagens quantitativas ou qualitativas),


formação e composição de grupos por meio da dinâmica e condução;

»» Resultados: atitudes e valores relacionados à reciclagem e ao combate


ao desperdício de energia elétrica, assim como atitudes e valores
relacionados à energia elétrica – vantagens e desvantagens das três
alternativas apresentadas.

49
CAPÍTULO 2
Apresentação de soluções de combate
ao desperdício e de aumento de
eficiência energética em condomínios
e empresas comerciais e industriais

Em um mundo globalizado, a redução de custos é um fator primordial para aumentar


a competitividade. Logo, a administração dos recursos energéticos e a implantação de
projetos de eficiência energética são fatores essenciais para se atingir esses objetivos, com
foco na redução de custos de produção e de investimento em infraestrutura e energia,
otimizando o desempenho econômico das empresas. Desse modo, conhecer a energia
que se consome, controlar seu consumo e consumir com eficiência são conhecimentos
fundamentais não apenas para uma determinada empresa, mas para todos os usuários
de energia que desejam produzir mais, gastando menos com energia e promovendo,
ainda, ações de sustentabilidade.
Como foram expostas nas informações relacionadas ao marketing social para promover
a conscientização da sociedade sobre a importância de evitar o desperdício de energia
elétrica por meio de ações planejadas e de aplicações de modelos que permitem
o seu uso racional, foram elaboradas várias soluções mediante discussão entre os
especialistas da área energética. Entre as vertentes para o combate ao desperdício de
energia, destacam-se a Vertente Humana e a Vertente Tecnológica.
A Vertente Humana se dá pela captação dos cidadãos comuns e da formação dos
profissionais da área tecnológica, induzindo-os a mudança de hábitos e atitudes e
habilitando-os a atuar como disseminadores da cultura do combate ao desperdício.
A Vertente Tecnológica trata de novas tecnologias (equipamentos e materiais) e
suas aplicações na produção e manutenção. Tais inovações, apesar de desempenharem
o mesmo papel nos processos, resultam em um consumo menor de energia, sendo
responsáveis pela redução dos custos de uma instalação, produzindo mudanças no
processo produtivo, na arquitetura das edificações e nas relações entre a concessionária
e o consumidor, podendo até ter perspectivas de co-geração e geração própria.
Com base nessas duas vertentes, as tendências para que o consumo de energia elétrica
seja bem gerenciado, e para que todos os envolvidos nesse cenário (fornecedor, cliente,
meio ambiente) ganhem, decorrem:

»» da união de toda a sociedade;

»» da consciência ecológica, pois o planeta deve ser preservado das eventuais


emissões de carbono ao meio ambiente, oriundas do consumo de energia
elétrica;
50
MARKETING DE COMBATE AO DESPERDÍCIO DE ENERGIA │ UNIDADE II

»» do combate ao desperdício de energia, que tem que fazer parte dos


princípios da política das empresas;

»» da melhoria contínua (qualidade total).

A apresentação de um projeto de combate ao desperdício de energia se dá a partir


de sua execução por uma Comissão Interna de Eficiência Energética, constituída por
um presidente e seus respectivos membros e por uma equipe de apoio administrativo
(Figura 6), cujas atribuições são:

»» participação de licitações que envolvam consumo de energia;

»» realização de diagnóstico energético;

»» análise do custo da energia;

»» proposição de medidas de combate ao desperdício de energia;

»» conscientização e motivação de todos os colaboradores;

»» estabelecimento de metas de redução de consumo;

»» divulgação dos resultados.

Figura 6. Composição de uma Comissão Interna de Eficiência Energética

Laboratório de Eficiência Energética da Universidade Federal de Juiz de Fora, 2007.

Ainda dentro do projeto de combate ao desperdício de energia, os responsáveis por sua


execução realizam campanhas educativas periódicas junto à sociedade com o objetivo
de promover a conscientização da importância de economizar energia, principalmente
quando se têm situações de extrema calamidade causadas por fenômenos naturais

51
UNIDADE II │MARKETING DE COMB ATE AO DESPERDÍCIO DE ENERGIA

(exemplo: redução dos níveis de água em reservatórios por conta dos períodos de seca
e falta de chuvas). Para fazer uma campanha educativa que tenha impacto na sociedade
(Figura 7) deve-se:

»» ter criatividade;

»» ter o público que se quer atingir;

»» ter motivação para que todos os membros da comunidade participem do


programa de combate ao desperdício de energia;

»» criar um mascote (forma de marketing para atrair o público infantil


e trabalhar nesse público para criar, desde cedo, uma cultura de
conscientização ambiental e sustentável);

»» criar folders, cartazes, slogans, portais na internet para divulgação, entre


outros.

Figura 7. Divulgação de campanhas educativas de combate ao desperdício de energia elétrica

Entre os exemplos de mudanças de hábito e atitudes que fazem a diferença no combate


ao desperdício de energia elétrica por meio de divulgação de campanhas educativas,
destacam-se:

52
MARKETING DE COMBATE AO DESPERDÍCIO DE ENERGIA │ UNIDADE II

»» evitar o uso de aparelhos elétricos durante o horário de pico, pois gera


maior consumo de energia entre as 16h e as 21h;
»» evitar que os aparelhos fiquem em stand-by (modo de espera, cujo
consumo pode representar 12% do consumo energético de energia),
desligando-os da tomada quando não estiverem sendo usados;
»» adquirir aparelhos elétricos que tenham o selo Procel, do Instituto
Nacional de Metrologia (INMETRO), de preferência os de marcação
com a letra A, que são os mais aconselhados por serem mais econômicos
(consomem menos energia elétrica);
»» não usar benjamins, pois o acúmulo de ligações da mesma tomada pode
causar o seu aquecimento e aumentar as perdas elétricas;
»» aquecer a água com aquecedores solares, que são os mais recomendados,
gerando uma economia na conta de luz e, consequentemente, na
preservação do meio ambiente.
Quanto aos aparelhos de ar condicionado, têm-se as seguintes orientações para redução
de consumo energético:

»» desligar o aparelho quando o ambiente estiver desocupado;

»» manter as janelas e as portas fechadas quando o ar condicionado estiver


funcionando;

»» evitar o calor do sol no ambiente, fechando as cortinas e as persianas;

»» não tapar a saída de ar insuflado do aparelho;

»» proteger a parte externa do ar condicionado da incidência do sol, sem


bloquear as grades de ventilação.

Quanto às lâmpadas e aos sistemas de iluminação, são as seguintes as orientações para


redução de consumo energético:

»» evitar o acendimento das lâmpadas durante o dia (usar melhor a luz solar
com a abertura de janelas, cortinas e persianas);

»» apagar as lâmpadas dos ambientes desocupados;

»» pintar os tetos e as paredes internas com cores claras para refletir melhor
a luz, reduzindo a necessidade de iluminação artificial;

»» substituir lâmpadas incandescentes por lâmpadas fluorescentes, pois


estas são mais econômicas e resistentes.

53
UNIDADE II │MARKETING DE COMB ATE AO DESPERDÍCIO DE ENERGIA

Em relação aos aparelhos de televisão, têm-se as seguintes orientações para redução de


consumo energético:

»» desligar imediatamente o aparelho se não houver ninguém assistindo;

»» evitar dormir com a televisão ligada; caso tenha recursos de programação,


usar o timer.

Relativamente aos computadores, são orientações para redução de consumo energético:

»» utilizar os recursos de economia de energia para desligar o monitor e


colocar o computador em estado de espera se eles permanecerem sem
uso após um determinado tempo;

»» não deixar o monitor, impressora, caixa de som, estabilizador e outros


acessórios do computador desnecessariamente ligados.

Quanto aos telefones celulares móveis, smartphones, tablets, câmeras e notebooks,


não se deve deixar que esses aparelhos “durmam” carregando. Basta retirar da tomada
quando a bateria estiver totalmente carregada.

Em relação ao chuveiro elétrico, têm-se as seguintes orientações para redução de


consumo energético:

»» não usar o chuveiro elétrico em horários de pico (das 14h às 21h), pois é
um dos aparelhos que mais consomem energia elétrica;

»» quando não estiver fazendo frio, deixar a chave na posição verão;

»» fechar a torneira quando se ensaboar e procurar reduzir o tempo do


banho, pois é importante economizar também a água.

Quanto ao ferro elétrico, são as seguintes orientações para redução de consumo


energético:

»» evitar ligar o ferro elétrico nos horários em que muitos outros aparelhos
estejam ligados simultaneamente, o que ocasiona uma sobrecarga da
rede elétrica;

»» juntar sempre a maior quantidade de roupa possível e passar todas de


uma vez;

»» regular a temperatura, no caso dos ferros elétricos automáticos, passando


primeiro as roupas delicadas por precisarem de menos calor; em seguida,

54
MARKETING DE COMBATE AO DESPERDÍCIO DE ENERGIA │ UNIDADE II

as roupas mais pesadas, que exigem mais calor, e, após desligar o ferro,
aproveitar o seu calor para passar algumas roupas leves.

Para geladeiras e freezers, têm-se as seguintes orientações para redução de consumo


energético:

»» não deixar a porta aberta sem necessidade ou por tempo prolongado;

»» arrumar os alimentos para que sejam rapidamente encontrados e deixar


o espaço entre eles para permitir a circulação de ar;

»» esperar o alimento esfriar antes de guardar e evitar o uso de recipientes


sem tampa;

»» não forrar as prateleiras, pois dificulta a circulação de ar;

»» não usar as serpentinas atrás do aparelho para secar panos de prato,


roupas e calçados.

55
CAPÍTULO 3
Apresentação de Projetos GLD

Recapitulando o que foi tratado no Capítulo 2 deste Caderno de Estudos e Pesquisa, o


Gerenciamento pelo Lado da Demanda tem como propósito promover mudanças no
padrão de consumo de energia entre os consumidores a partir da procura de solução
de problemas operacionais e de planejamento, envolvendo-os na operação e no
planejamento dos sistemas de energia.

Na Tabela 1, desse mesmo Capítulo, foram mencionadas as principais alternativas a


serem apresentadas para elaboração de projetos GLD. Aqui, será mencionada, de forma
mais detalhada, cada uma das alternativas e suas respectivas possibilidades.

Controle de equipamentos de uso final


Essa alternativa é considerada uma das áreas com desenvolvimento mais ativo na
tecnologia de GLD, cujo principal crescimento está no segmento residencial. Embora
contenha cargas menores, esse segmento é o que apresenta maiores possibilidades para
gerenciamento de energia elétrica, principalmente por conter a carga inelástica. Para a
maioria das empresas, controle de equipamentos de uso final é o segmento com o maior
número de clientes.

Entre as possibilidades desse segmento, pode-se destacar o controle individual de


aparelhos de grande consumo, de uso local ou remoto, mais o incentivo de instalar
equipamentos de ar condicionado central, uma vez que seu uso demanda grande
potência para climatizar os ambientes de uma residência. Outras possibilidades estão
no controle de bombas d’ água para irrigação e abastecimento de reservatórios para
consumo familiar e para aquecedores ambientais, muito comuns em países com climas
mais frios. Quanto ao aquecimento de água, tanto em áreas residenciais quanto em
áreas comerciais, ele é considerado um dos melhores meios para o controle pelo lado da
demanda, uma vez que o sistema de aquecimento é uma opção importante em regiões
onde o aquecimento de água em chuveiros elétricos responde a um percentual maior de
carga nos horários de pico.

56
MARKETING DE COMBATE AO DESPERDÍCIO DE ENERGIA │ UNIDADE II

Controle de equipamentos da empresa de


energia
Muito se pensou que um programa de GLD apenas seria possível com o controle de
equipamentos do consumidor final. Porém, há outros tipos de controle de equipamentos
da própria empresa de energia elétrica que podem ser tidos como um programa de GLD,
tais como os controladores dos alimentadores e os controladores dos fatores de potência.

Apesar disso, há questões polêmicas sobre esses tipos de controles envolvendo empresas
responsáveis pela geração e distribuição de energia elétrica: há empresas que podem usar
com sucesso a redução da tensão para gerenciar a demanda; há outras que a consideram
impraticável, pois o argumento usado é que afeta a qualidade do serviço. Sob a ótica
dessas duas distinções, o controle e o gerenciamento de seus próprios equipamentos vêm
de cada empresa que pode ou não ser considerada um programa GLD.

Armazenamento de energia
O armazenamento de energia sob a forma de calor foi considerado como uma das
primeiras técnicas de gerenciamento de carga e conservação de energia.

Essa técnica consiste em utilizar equipamentos fora do horário de pico para armazenar
a energia na forma de calor (estando a temperaturas altas ou baixas). Esse estoque
de energia será, então, usado para o horário de pico. Um exemplo prático é com um
sistema de ar condicionado que, fora do horário de pico, resfria o ambiente, bem como
trabalha na produção e no armazenamento de gelo. No horário de pico, o aparelho
de ar condicionado é, então, desligado e o seu sistema utiliza o gelo armazenado para
continuar o trabalho de resfriamento do ambiente.

Tarifas incentivadas
São consideradas as mais importantes entre os programas de GLD, podendo ser
o programa em si ou serem usadas tarifas incentivadas em conjunto com outras
alternativas. Nesse último caso, essas alternativas dão o direcionamento econômico e a
motivação necessários para implementar com sucesso outra alternativa.

Desde a gênese do movimento GLD, várias inovações no desenho tarifário foram


desenvolvidas, cujas implantações resultaram em sucesso, tais como tarifas diferenciadas
no tempo e tarifas de demanda.

57
UNIDADE II │MARKETING DE COMB ATE AO DESPERDÍCIO DE ENERGIA

Geração distribuída
A geração distribuída é outra alternativa de GLD que pode tomar várias formas,
tais como geração eólica, solar, geradores de espera, co-geração, pequenas centrais
hidrelétricas e demais tipos de geração independentes, desconectadas do sistema. Essa
metodologia pode ser implementada e coordenada por empresas para a consecução dos
objetivos estabelecidos dentro do programa de GLD.

Em vários casos, as alternativas da geração distribuída são levadas a cabo, inicialmente,


fora do escopo de um programa de GLD, por vezes por consumidores individuais ou
empresas que desejam competir com as empresas de eletricidade.

De acordo com a definição dada, a geração distribuída é apenas um programa de GLD em


que é a própria empresa de eletricidade quem exerce o controle, sendo direto (quando
a própria empresa elétrica opera o sistema de geração distribuída, com acionamento
remoto de um gerador da empresa, e quando a configuração de carga do sistema for
exigida) ou indireto (é quando se dá por um contrato).

Apesar disso, a geração de energia a ser distribuída em forma de carga de base não deve
ser entendida como um programa de GLD.

Promoções junto aos consumidores


As promoções junto aos consumidores são atividades planejadas pelas empresas para
motivar as ações dos consumidores na direção dos objetivos propostos por um programa
GLD. Essas atividades devem buscar a transformação do programa GLD em um
programa da comunidade, envolvendo-a inteiramente com o objetivo de reconfigurar a
curva de carga, em especial no que diz respeito à redução da carga de pico.

Esse programa leva em conta a premissa de que a maioria das pessoas tem baixa
consciência dos conceitos de gerenciamento de carga, mas deverá responder a
incentivos indiretos em níveis locais, desde que haja um esforço coletivo entre a
empresa e a comunidade. Em um programa de promoções, as comunidades deverão
planejar e implantar suas próprias campanhas para encorajar uma redução do emprego
da eletricidade. Caso a comunidade tenha êxito, ela recebe, como contrapartida da
empresa, incentivos na forma de bens e serviços, que logo resultarão por beneficiar a
todos.

Cabe às empresas coordenar e aconselhar a comunidade por meio de programas


específicos, provendo informações e indicando potenciais alvos, deixando a campanha
específica apenas para a comunidade.
58
MARKETING DE COMBATE AO DESPERDÍCIO DE ENERGIA │ UNIDADE II

Cada comunidade desenvolve um programa único, requerendo um processo educacional


de aprendizagem, podendo ser levado a cabo mediante reunião de grupos e de discussões
estruturadas. Programas desse tipo, implantados nos Estados Unidos, resultaram em
sucesso, com reduções de até 16% na carga de pico de uma comunidade depois de dois
anos de sua implantação.

Melhora no desempenho de equipamentos e


sistemas
O desenvolvimento de equipamentos e sistemas mais eficientes de melhor desempenho
impulsionou na viabilização de novas tecnologias no final da década de 1970 do século
XX, coincidindo com o aumento dos custos de energia por conta da crise mundial do
petróleo. Por conta das inovações tecnológicas com equipamentos mais avançados
e mais caros que os tradicionais, tem-se uma análise simples de payback por conta
da hipótese de se obter uma energia mais barata, o que ocasiona um desinteresse de
desenvolver um equipamento mais moderno e eficiente para tal fim. Todavia, o alto
custo da energia se torna um grande incentivo para adotar tecnologias mais eficientes a
partir do momento em que leva a uma redução no tempo de payback.

59
CAPÍTULO 4
Exposição de casos bem sucedidos de
projetos de conservação

Tratar-se-á, neste Capítulo, da publicação no portal da Eletrobras sobre casos de


sucesso dos Projetos da Chamada Pública de Conservação e Uso Racional de Energia
Elétrica e Água no Setor de Saneamento, implementados pela PROCEL SANEAR, com
a divulgação dos resultados obtidos e comprovados por meio da execução das ações
previstas. Aqui será apresentado um desses projetos (COPASA/MG), que servirá,
para fins didáticos, de referência para análise de cada caso bem sucedido de empresas
preocupadas com a redução de desperdícios de energia elétrica e de conservação do
meio ambiente.

A Companhia de Saneamento de Minas Gerais (COPASA) apresentou um projeto


desenvolvido para o sistema de abastecimento de água, que atendia o Município de
Lagoa Santa, devido às suas características de baixa eficiência energética, com elevado
índice de perdas de água, de perspectiva de expansão no futuro e de possuir uma malha
não integrada a outros sistemas de abastecimento da região.

Antes da implantação desse projeto, o sistema de abastecimento de água da COPASA


para o referido município era realizado mediante o aproveitamento de mananciais
subterrâneos no local, usando vários poços profundos, tendo como fonte de
alimentação uma bomba de água de poços oriunda do Sistema de Produção de Confins,
com capacidade de produzir uma vazão aproximada de 170 l/s, como a unidade mais
importante do sistema. Esse sistema também era responsável pelo abastecimento de
água do Aeroporto Internacional de Confins, do Distrito Industrial de Lagoa Santa,
via derivações da autora de água tratada próximas ao ponto de travessia sob a Rodovia
MG 10 (Belo Horizonte-Aeroporto), e de adução e distribuição de água tratada para
Estação Elevatória de Água Tratada de Confins e Unidades Reservatórias de Aeroporto,
Várzea e Lundcéia, bem como dos demais reservatórios de distribuição, adutoras de
água tratada e de redes distribuidoras e alimentadoras, de boosters e elevatórias de
menor porte existentes, no total de 15 unidades consumidoras de energia elétrica. A
Figura 8 apresenta a ilustração do sistema.

Ele foi implementado no período compreendido entre janeiro de 2005 e dezembro de


2007, tendo como principais objetivos:

60
MARKETING DE COMBATE AO DESPERDÍCIO DE ENERGIA │ UNIDADE II

»» incrementação e multiplicação de ações de conservação de energia e água


no âmbito da COPASA, por intermédio de Planos de Revestimento dos
recursos economizados após a implementação do projeto;

»» difusão de conceitos, posturas e tecnologias referentes à conservação de


energia elétrica e água, para os profissionais da COPASA, com vistas à
redução de custos e aceleração do processo de universalização desses
serviços no âmbito da empresa;

»» estímulo à elaboração e implementação de projetos de conservação de


energia elétrica e água, com ênfase em eficiência energética para o setor
de saneamento.

Figura 8. Layout do Sistema de Produção e Distribuição de Água de Confins pela COPASA

Fonte: Eletrobras S.A., 2009.

Entre as medidas adotadas pela COPASA, para redução de perdas de água e de energia,
foram destacadas:

»» a aplicação de um sistema de telemetria, controle e supervisão, para


melhoria do controle, que possibilitou o melhor controle da operação do
abastecimento a fim de evitar situações de intermitência, extravasamentos
de reservatórios e demais anomalias decorrentes da falta de controle
sobre o processo em geral, sendo fundamental na otimização do controle
operacional para redução do consumo específico de energia elétrica e do
índice de perdas de água;

61
UNIDADE II │MARKETING DE COMB ATE AO DESPERDÍCIO DE ENERGIA

»» a redução de perdas de água que, por meio de um diagnóstico no sistema


com o auxílio de modelo hidráulico, permitiu identificar oportunidades
de redução de perdas reais de água ao longo das adutoras, subadutoras e
redes de distribuição, além das perdas por extravasamento nos principais
centros de reservação da localidade de Lagoa Santa. Pelo diagnóstico,
chegou-se à conclusão de que era necessário trabalhar na redução das
perdas reais de água na região de Vila Maria, em paralelo com o trabalho
de análise das possíveis causas das perdas aparentes, tais como fraudes e
imprecisão da micromedição/hidrometração de todo o sistema.

A companhia realizou uma pesquisa de vazamentos não visíveis em duas varreduras,


e, na área com ocorrência de elevados vazamentos, a vazão no período noturno sofreu
uma queda significativa de 13,6 l/s para 4,9 l/s. O fator de pesquisa foi corrigido de
0,57 para 0,27. A equipe de pesquisa da companhia localizou 35 vazamentos em uma
extensão total de 30 km de rede, com uma média de 1,16 vazamento/km, sendo que 25
deles eram não visíveis e 10 eram visíveis.

Por conta desse trabalho de pesquisa de levantamentos de pontos de vazamentos e


identificação de fraudes, foram implantadas medidas destinadas a manter a tendência
de redução das perdas de água em níveis mais baixos que os registrados na tabela, com
a inclusão de válvulas redutoras de pressão na entrada de setores críticos da região, e à
revisão da política de hidrometração adotada.

A Figura 9 apresenta o decréscimo do indicador conhecido como ANCR (Água Não


Convertida em Receita), cujo patamar foi de 450 l/ligação/dia para 300 l/ligação/dia,
cuja redução volumétrica foi de, aproximadamente, 55 m3/ano/ligação.

Figura 9. Gráfico ilustrativo do comportamento da ANCR após a implantação de medidas de redução e


desperdício de água pela COPASA

Fonte: Eletrobras S.A., 2009.

62
MARKETING DE COMBATE AO DESPERDÍCIO DE ENERGIA │ UNIDADE II

A redução do consumo energético refletiu-se nos indicadores de consumo específico de


energia elétrica, com redução próxima de 1,1 kWh/m3 de água distribuída para 1,0 kWh/
m3, resultando na economia de, aproximadamente, 146.000 kWh/ano (ver Figura 10).

Figura 10. Gráfico ilustrativo da evolução do custo mensal de energia elétrica no Sistema de Lagoa Santa

Fonte: ELETROBRAS S.A., 2009.

Apesar de as metas quantitativas, inicialmente propostas, não terem sido atingidas


na plenitude, a continuidade das ações iniciadas com o projeto e a incorporação de
melhorias implantadas com os resultados do projeto (reinvestimento) possibilitaram
ao sistema obter resultados cada vez mais eficientes em médio e longo prazos.

Quanto aos benefícios adicionais, a partir dos resultados obtidos no projeto, a COPASA
constatou a necessidade e investiu no sistema e em outros sistemas similares, no
que diz respeito aos principais fatores causadores de perdas de água e ineficiência
energética observados, como a redução de pressões na rede com a instalação de válvulas
redutoras de pressão, a melhoria do controle operacional e a melhoria da eficiência de
bombeamentos não incluídos inicialmente no projeto.

63
CAPÍTULO 5
Técnicas de racionalização e
conservação de energia

As unidades armazenadoras de energia são grandes complexos que consomem elevadas


quantidades de energia elétrica, principalmente no uso de motores elétricos do sistema
de iluminação. A adoção de equipamentos novos mais eficientes, a substituição de
lâmpadas ineficientes e seus acessórios, as análises das demandas de energia elétrica
de contrato e da qualidade do seu fornecimento podem levar à racionalização no seu
uso. O Brasil dispõe de mais de 7000 unidades armazenadoras convencionais, com
capacidade estática acima de 25 milhões de toneladas, junto com outras mais de 7000
unidades armazenadoras a granel, com capacidade estática de mais de 75 milhões de
toneladas. Logo, a capacidade total de armazenamento é acima de 100 milhões de
toneladas.

Entre as várias cargas existentes nas unidades armazenadoras, em termos de consumo


de energia elétrica, as mais significativas são aquelas que demandam tração, seguidas
de cargas que demandam calor ou frio e iluminação.

As cargas mais comumente encontradas são as forças motrizes (49%), fornos elétricos
(32%), caldeiras (10%), eletroquímicos (7%) e iluminação (2%). Nas unidades
armazenadoras, têm-se as cargas de força motriz, as caldeiras, a iluminação, a
correção do fator de potência, a adequação de aparelhos de ar condicionado,
refrigeradores, compressores e tarifas que podem contribuir para a racionalização
no uso de energia elétrica.

Há um grande potencial de economia de energia em unidades armazenadoras em que,


em todas as etapas do processo de armazenamento, realizam-se procedimentos que
tornam o processo mais eficiente do ponto de vista técnico e econômico.

Nesse processo de racionalização, cita-se o exemplo de um motor elétrico, cujo


conhecimento dos dados de placa para esse tipo de motor vai possibilitar ao usuário
inferir sobre as condições otimizadas de seu funcionamento. Nela, é possível verificar
se o motor elétrico é do tipo padrão ou de alto rendimento, valor de corrente máxima
em regime de operação para as respectivas tensões de alimentação de rede, potência,
número de fases, classe de isolamento, categoria, grau de proteção, tipo de carcaça,
fator de serviço, entre outros. Diversas informações sobre o desempenho, em regime
de trabalho, do motor elétrico também são disponibilizadas junto com rendimento
nominal e fator de potência. Com base nas informações contidas na placa, é possível

64
MARKETING DE COMBATE AO DESPERDÍCIO DE ENERGIA │ UNIDADE II

verificar se o motor elétrico é mais ou menos eficiente. Um exemplo é um motor elétrico


de alto rendimento, que é mais eficiente que um motor elétrico tipo padrão, em todas as
faixas de potência. Nesse caso, a variação no índice de rendimento, para um motor de
mesma potência, pode ser de 2 a 8% somente com a substituição de um motor elétrico.

A substituição de motores elétricos, tipo padrão, por modelos de alto rendimento, bem
como o aumento no número de horas de funcionamento anual, pode apresentar taxas
internas de retorno superiores a 60% para situações em que o número de horas de
funcionamento anual seja acima de 2000 horas. Os dados citados indicam o grande
potencial de viabilidade técnica e econômica da racionalização na utilização de energia
elétrica por meio da adequação de força motriz.

Quanto à demanda maior de energia elétrica no sistema elétrico brasileiro, devido à


entrada conjunta da iluminação pública e dos chuveiros elétricos do sistema residencial,
ela se deve à curva de carga típica por conta da sua elevação nos horários de pico, entre
as 18 h e as 21 h, com o objetivo de adequar a oferta de energia. Por conta da solicitação
de carga do sistema elétrico, foi concebida a estrutura tarifária horossazonal por meio
de duas tarifas (azul e verde), de modo a compreender a sistemática de aplicação de
tarifas a preços diferenciados, conforme o horário do dia e períodos do ano. Com
essa estrutura tarifária, o principal objetivo é prorrogar a necessidade de melhorar a
infraestrutura do sistema elétrico nacional, cujos recursos hídricos representam cerca
de 97% de todos os recursos para geração de energia no Brasil.

A iluminação é responsável por cerca de 23% do consumo em áreas residenciais, 44% no


setor comercial e serviços públicos e 1% no setor industrial. Vários estudos indicam que
os projetos de iluminação não contemplam soluções de modo correto. A combinação
do uso inteligente de iluminação natural, de projetos arquitetônicos eficientes e de
uso de lâmpadas, reatores e refletores eficientes nas luminárias, associados a hábitos
saudáveis em seu uso, podem e devem ser aplicados no sentido de reduzir o consumo
de energia elétrica.

Quanto ao planejamento de conservação de energia elétrica, por tudo o que foi exposto
neste Caderno de Estudos e Pesquisa, tem-se uma discussão sobre os obstáculos
que esse planejamento encontra, de ordem cultural e institucional. Por parte das
concessionárias, tem-se uma estratégia empresarial que prioriza o crescimento em
detrimento da conservação, o que resulta em uma cultura voltada para a execução e
operação de instalações para suprimento de energia. Entre esses obstáculos, destaca-se
a impossibilidade de as concessionárias alocarem no custo do serviço os investimentos
em conservação e a operação de compra de “blocos de energia” por elas que, no caso de
redução de consumo, teriam prejuízo com a distribuição, desestimulando a conservação

65
UNIDADE II │MARKETING DE COMB ATE AO DESPERDÍCIO DE ENERGIA

nos períodos em que não se tem risco de racionamento. Por parte do usuário, há uma
despreocupação quanto à redução do consumo, embora parte da sociedade indiretamente
tenha arcado com os custos da energia elétrica muito superiores à tarifa. As estratégias
a serem adotadas para superar esses obstáculos devem resultar em dois sistemas de
planejamento: um sistema de planejamento integrado, no sentido de contemplar
todas as alternativas de conservação viáveis nos seus aspectos técnicos, econômicos
e institucionais, e um sistema de planejamento flexível, no sentido de se ajustar às
mudanças de cenários interiores, como tarifas e custos marginais, e exteriores, como
taxas de inflação e de desconto ao sistema energético.

Um sistema de planejamento de conservação de energia é baseado em seis módulos


(Figura 11):

Figura 11. Fluxograma de um Sistema de Planejamento para Conservação de Energia

(LINS; PINHEL, 2007).

Modelo de Demanda por Uso Final: A filosofia de modelos de


demanda de energia mais desagregados, que representaram melhor as
necessidades do mercado consumidor, foi apresentada pelos modelos
MEDEE, no ano de 1974. Contudo, a sua implementação deixou muito
a desejar, em termos de flexibilidade e operacionalidade, pois não tirou
partido das características matriciais do balanço energético e poderiam

66
MARKETING DE COMBATE AO DESPERDÍCIO DE ENERGIA │ UNIDADE II

ser mais exploradas pelas planilhas eletrônicas. No início dos anos 80


do século XX, foram produzidos vários trabalhos abrangentes de modo
modelado, que utilizaram a metodologia de uso final. Esse modelo teve
sua importância em demonstrar a necessidade de uma base de dados que
permitia traçar cenários e explicitar estratégias políticas orientadas para
priorizar um dado uso final da energia em detrimento de outros, como,
por exemplo, a responsabilidade da eletrotermia comparativamente à
exportação de eletrointensivos e à ineficiência do uso final de eletricidade
na duplicação da intensidade de energia elétrica sobre o Produto Interno
Bruto (PIB), ocorrida no Brasil entre os anos de 1975 e 1985.

Os níveis de desagregação e a quantificação dos cenários pelo modelo


de demanda servirão de inputs fundamentais para a elaboração das
curvas de suprimento dos recursos de conservação. Para cada cenário,
será elaborada uma curva de suprimento dos recursos de conservação,
podendo incluir recursos de custo mais elevado à medida que o custo
marginal de expansão do sistema elétrico seja elevado.

»» Bancos de Dados: Os bancos de dados devem ser sistemáticos e


funcionais, de modo a dar o melhor suporte possível aos módulos do
sistema de planejamento. A confiabilidade do sistema de informações
é fundamental no processo, tornando uma etapa muito importante a
definição da estrutura e a origem dos dados.

Em um sistema de planejamento de uso final, os dados necessários podem


ser divididos em três grupos:

»» Bancos de Dados Socioeconômicos: Dará suporte na elaboração dos


cenários, fornecendo dados como características demográficas, estrutura
de produção industrial, composição do PIB. Devem conter, ainda, os
custos marginais de demanda e energia elétrica, necessários para definir
o portfólio de recursos e a avaliação econômica;

»» Bancos de Dados de Usos Finais: Servem diretamente para dar


suporte na elaboração dos cenários, sendo os dados desagregados por
setor e subsetor econômicos e por equipamentos de uso final, na medida
do possível. Eles consistem, basicamente, em informações sobre o
número de equipamentos, potência e horas de uso. Na obtenção de dados,
ocorrem dificuldades importantes como a inexistência de pesquisas em
decorrência dos altos custos envolvidos e da falta de pessoal qualificado.

67
UNIDADE II │MARKETING DE COMB ATE AO DESPERDÍCIO DE ENERGIA

»» Bancos de Dados de Características Técnico-Econômicos das


Medidas de Conservação: Esses bancos contêm dados como preços
de equipamentos menos e mais eficientes, custos de implementação de
medidas, eficiência, vida útil. As principais dificuldades para obter esses
dados se dão na falta de colaboração de alguns fabricantes, dados sobre
vendas e eficiências de diferentes modelos e diferenciais de custos.

»» Seleção Preliminar de Recursos: Trata-se de uma base de dados


preliminares, nos quais são identificados os recursos de conservação
passíveis de serem utilizados em um plano de ação. Para isso, esses
recursos devem utilizar uma tecnologia comercialmente disponível,
com um desempenho e potencial técnico conhecidos, com um custo
competitivo frente ao custo de fornecimento de eletricidade no horizonte
de planejamento. Esses dados devem ser institucionalmente executáveis
e de boa aceitabilidade ambiental.

Os levantamentos dos recursos são feitos, ainda, sem uma metodologia que
permita uma implementação integralmente confiável. Usa-se uma base
de dados composta de pesquisas regionais e de estudos internacionais.

»» Curvas de Suprimento de Recursos de Conservação: Cada uso


final de eletricidade em um dado setor de consumo está associado a um
ou mais equipamentos. O estudo do potencial unitário de melhoria de
eficiência de cada equipamento leva à identificação de várias medidas
de conservação a serem implementadas; cada qual contribui com uma
parcela para o potencial unitário de conservação e incorre em um custo
associado. Pelas projeções de equipamentos implícitas nos cenários
de demanda, é possível determinar a quantidade de energia que será
conservada no país a partir da adoção de cada medida de conservação
em cada equipamento. Quanto aos custos associados, as despesas com
capital, operação e manutenção, que incorrem durante a vida útil na
medida de conservação, devem ser consideradas.

A curva de suprimento pode ser traçada para uso final por um setor e para
um sistema de energia elétrica como um todo. Consiste na representação
dos potenciais de conservação do país segundo os custos associados, para
cada medida de conservação. No caso de usos finais em setores em que
existe grande dificuldade em obter informações em nível de medida de
conservação, pode ser necessário plotar segmentos da curva em função
de equipamentos ou de uso final, tratando as medidas de conservação de
forma agregada.

68
MARKETING DE COMBATE AO DESPERDÍCIO DE ENERGIA │ UNIDADE II

»» Balanço do Consumo Final: A viabilização econômica dos projetos


de conservação não depende apenas da demonstração teórica dos seus
custos inferiores aos da expansão do sistema, mas do retardamento na
execução do cronograma de obras da geração, transmissão e distribuição
de eletricidade que esses possam proporcionar. Todavia, a simples
demonstração dos potenciais ou metas de conservação, mesmo com base
numa metodologia bem estruturada, não são suficientes para provocar
uma redução na projeção da demanda e da oferta de energia elétrica.
Assim, apesar de o balanço do consumo final não poder servir para
redimensionar a oferta de energia e rever o cronograma de obras, ele é
um módulo em que se dá um fechamento das projeções do mercado e da
conservação. Estabelece, ainda, uma redução, em princípio teórico, da
projeção da capacidade instalada e dos custos marginais. Esses últimos
são dados fundamentais para determinar o corte superior dos custos
dos recursos de conservação e na alimentação do modelo de supervisão
econômica.

Na medida em que os recursos de conservação estejam classificados


segundo os usos finais em cada setor de consumo e que os custos de
fornecimento dependem do fator de carga e da tensão de suprimento,
é preciso investir na elaboração de uma metodologia que relacione o
fator de carga e a tensão de suprimento aos setores de consumo e usos
finais, a fim de estabelecer relações de custos realistas entre conservação
e fornecimento de energia.

Como resultado do balanço do consumo final, tem-se o portfólio final de


recursos, apresentando todos os recursos de conservação economicamente
competitivos, quantificados anualmente até o horizonte de planejamento.

»» Análise dos Instrumentos Disponíveis: É uma análise qualitativa


feita a partir do portfólio final de recursos, devendo sugerir para cada
recurso energético as medidas institucionais viáveis que impliquem
transferência de recursos econômicos entre os membros do sistema
energético. Essas informações serão fornecidas ao modelo de supervisão
econômica.

Existe uma diversidade de instrumentos que podem ser analisados,


juntos ou isoladamente, de modo a se estimular os agentes envolvidos na
implementação das medidas de conservação. Entre esses instrumentos,
têm-se:

69
UNIDADE II │MARKETING DE COMB ATE AO DESPERDÍCIO DE ENERGIA

›› legislação e normas técnicas;

›› política tarifária;

»» marketing;

»» fomento à pesquisa e ao desenvolvimento;

»» financiamentos, incentivos fiscais, subsídios.

»» Supervisão Econômica: Consiste num modelo essencialmente


quantitativo que tem por objetivo avaliar a rentabilidade de cada
projeto de conservação, sob as óticas dos diversos membros do sistema
energético envolvidos, e simular a implementação de medidas de ordem
institucional (como incentivos fiscais, linhas de financiamento, descontos
etc.) necessárias para tornar o projeto atrativo a todos eles.

Sendo alimentado pelo banco de dados econômico-sociais e pelo banco


de dados de características técnico-econômicas dos equipamentos, o
modelo, a cada atualização de dados (tarifas de eletricidade, taxas de
desconto do mercado, preço ou vida útil dos equipamentos, por exemplo),
poderá indicar a necessidade de alteração das estratégias.

»» Estratégias de Ação: As estratégias a serem seguidas serão selecionadas


a partir da análise econômica à luz dos instrumentos disponíveis para
a viabilização dos recursos de conservação. Como há uma grande
variedade de parâmetros que influenciam na viabilização dos projetos de
conservação, a montagem das estratégias deve ser um processo dinâmico
e contínuo, de modo que se possa alcançar os resultados desejados.

O intervalo de tempo entre a implementação das estratégias e a obtenção


dos resultados é de difícil avaliação, na medida em que não se pode
mensurar a inércia dos agentes envolvidos para adotar a racionalidade
econômica – depende de fatores psicológicos e culturais. Entretanto,
a estrutura de planejamento proposta fornece todos os subsídios para
balizar e orientar o estabelecimento das metas de conservação e do
cenário de demanda com conservação.

70
Referências

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Brasileira de Energia. Vol. 1, no 1. Sociedade Brasileira de Planejamento Energético.
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privatização. III Congresso Brasileiro de Planejamento Energético. Anais, São
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