Igreja Hoje [ O Mobon visa a ajudar na formação dos
D E N I L S O N M A R I A N O D A S I LVA
Um
fermento
evangelizador
Por ocasião dos 40 anos do MOBON (11/03/1979)
A
FUNÇÃO do fermento não
é aparecer, mas fazer a
massa crescer. Na ver-
dade, ele aparece quando
não se mistura de verda-
de na massa, assim dei-
xa gosto ruim. Quando
bem misturado, desaparece deixan-
do apenas seu efeito: a massa toda
crescida. O trabalho do Movimento
da Boa Nova - MOBON - tem a mis-
são de fermentar a Igreja com a Pa-
lavra de Deus. Através de cursos e
encontros, o Mobon visa a ajudar
na formação dos leigos para uma
maior vivência da fé e uma maior
consciência de sua missão na Igre-
ja e na sociedade.
Para melhor entender
Por ocasião da celebração dos 40 anos
da Casa do Mobon, inaugurada a 11
de março de 1979, faz-se necessário
retomar a memória de sua trajetó-
ria neste período. Em um número
especial da “Revista Diretrizes” (nº
809 – fev/2009), órgão oficial de co-
municação da Diocese de Caratin-
ga, MG, o então seminarista Léssio
Lima Cardoso fez uma análise na
qual apontava a diminuição dos cur-
sos realizados na Casa do Mobon,
em Dom Cavati, MG. Ele alertava
para “a queda da casa” (p. 34-35). A
partir dos dados levantados nesta
matéria de 2009, pode-se concluir
da fé e uma maior consciência de sua mis
CF em Simonésia, MG, março de 2019 - 90 participantes
CF em Lajinha, MG, 2019 - 60 participantes
que nos primeiros 10 anos de ativi-
dade da Casa do Mobon, havia uma
média de 66 cursos por ano. Depois,
esta cifra cai pela metade entre 1989
a 1998, passando para uma média
de 30 cursos por ano. Outra que-
da acontece entre 1999 e 2008, com
uma média de 18 cursos por ano.
CF em Manhuaçu, MG, 2019 - P. Bom Pastor - 170 participantes
Com a ajuda de Ângela Castelani,
ex-funcionária da Casa do Mobon,
foi feito neste final de 2018 um no-
vo levantamento, colhendo dados
dos cadernos de registro dos parti-
cipantes na casa de cursos do MO-
BON. Estes dados complementam
a pesquisa citada acima e apontam
que, nesta última década, de 2009
CF em São Francisco do Glória, MG – 2019 - 100 participantes
a 2018, a média de cursos realiza-
dos na Casa ficou ainda mais bai-
xa, cerca de 9 a 10 cursos por ano. do na pesquisa do Léssio Cardoso
No entanto, alguns detalhes têm em 2009. Porém, o fator mais de-
de ser observados. No primeiro pe- terminante ainda não é este.
ríodo, de 1979 a 1988, a média de
participantes em cada curso era de O fermento se espalha mais
45 pessoas, subindo para 39 na se- Chama a atenção o aumento dos
gunda década e para 89 na terceira, cursos realizados fora da Casa do
chegando a 108 pessoas, em média, Mobon. Embora seja muito difícil
nestes últimos dez anos. Ou seja, mensurar esses dados, pois não há
diminui o número de cursos, mas muitos registros destes cursos, al-
aumentou a quantidade de pessoas guns levantamentos feitos revelam
que deles participavam. Isto revela que houve um significativo cresci-
que a queda do número de cursos mento dos cursos realizados nas
não significa uma queda igual ao paróquias, descentralizando o tra-
número de participantes. Ela exis- balho e favorecendo a sua expan-
te, mas não é tão gritante. Este da- são. Ou seja, o trabalho do MOBON
do, no entanto, não foi contempla- espalha-se muito além dos cursos
8[OLUTADOR [ ABRIL 2019
ção dos leigos para uma maior vivência
sua missão na Igreja e na sociedade...
Confira o que apuramos dos cur- 2018, essa média sobe para 45 cur-
sos da Campanha da Fraternidade, sos por ano em outras paróquias da
do Natal e do Mês da Bíblia, reali- Diocese de Caratinga e alguns em
zados nas duas últimas décadas: outras dioceses. Aqui não levamos
de 1999 a 2008, temos uma média em conta os trabalhos realizados
de 40 cursos por ano, realizados no Estado do Mato Grosso, pois lá
fora da Casa do Mobon; de 2009 a os encontros realizam-se, anual-
mente, em uma casa de encontros.
Acreditamos que a média apro-
ximada de participantes nestes en-
contros seja de 65 pessoas. Neste
sentido, há menor visibilidade do
trabalho, mas maior capilaridade
do mesmo, ramificando-se nas vá-
rias paróquias. Se multiplicarmos o
número de cursos destes últimos 10
CF em Santa Margarida, MG – 2019 - 179 participantes
❝ cristãos a caminharem como Igre-
Por ocasião
da celebração
dos 40 anos da
Casa do Mobon,
s CF em Matozinhos, MG - 2019 - 100 participantes inaugurada a 11
de março de 1979,
faz-se necessário
retomar a memória
de sua trajetória
neste período.
CF em Manhuaçu, MG – 2019 - P. São Lourenço - 70 participantes ❞ nhar maior força em nossos tem-
que acontecem na Casa do Mobon. anos pela média de participantes,
Antes mesmo da proposta do Papa teremos um envolvimento direto
Francisco, antecipam-se os passos de quase 3 mil pessoas por ano, fora
de uma Igreja “em saída”, em cons- da Casa do Mobon. Se levarmos em
tante estado de missão. conta que a liderança que participa
É interessante perceber que ao desses encontros é chamada a re-
período da diminuição dos cursos passar os conteúdos estudados, po-
na Casa do Mobon corresponde um demos fazer a seguinte projeção: se
aumento dos cursos nas paróquias nos trabalhos de repasse cada par-
e dioceses vizinhas. A fonte destes ticipante atingir pelo menos outras
dados vem das anotações nas agen- 15 pessoas, chega-se à média apro-
das do João Resende e também das ximada de 45 mil pessoas por ano,
minhas agendas de cursos. Nelas, podendo acrescentar outras 15 mil
além dos cursos trabalhados por com a média dos que participam di-
nós, figuram os cursos aplicados retamente na Casa do Mobon. Um
por outros leigos que ajudam nos fermento do Evangelho favorecen-
estudos com as lideranças. do o crescimento das comunidades.
ABRIL 2019 [ OLUTADOR ]9
Sem querer aparecer
Numericamente isso ainda é ain-
da pouco, mas há de se levar em
conta que se trata de um trabalho
sem respaldo na mídia televisiva
e sem a influência direta das rá-
dios locais. Um trabalho tipo fer-
mento, quase um corpo a corpo, no
qual um líder vai animando outros
pela força da Palavra de Deus, mas
sempre caminhando em sintonia
com a Igreja do Brasil.
Os dois momentos fortes de es-
tudo são a Campanha da Frater-
nidade e o Mês da Bíblia, ambos
propostos pela CNBB para todo o
país. Trata-se de buscar ajudar os
ja e com a Igreja, assumindo uma
presença ativa e comprometida na
comunidade em que vivem e cele-
bram sua fé. A liderança forma-
da pelos cursos do Mobon e sus-
tentada na caminhada dos Gru-
pos de Reflexão tem-se mostrado
muito ativa no compromisso com
a comunidade e na abertura para
o compromisso com a defesa da
vida, seguindo sempre as orien-
tações da Igreja e buscando as fer-
ramentas sociais para a constru-
ção de uma sociedade mais justa
e solidária para todos.
Um destaque que começa a ga-
pos, e que exige maior atenção e
pesquisa, é o fato de os leigos e lei-
gas estarem assumindo mais dire-
tamente o repasse dos cursos para
a liderança. Há um grupo de 20 lei-
gos e leigas das Dioceses de Cara-
tinga e Governador Valadares que
têm assumido com responsabili-
dade e compromisso a tarefa de re-
passe dos cursos para as lideran-
ças nas paróquias. Talvez esteja aí
“a hora dos leigos”, as sementes
de futuro para este trabalho: lei-
gos evangelizando leigos, acordan-
do a força do batismo, fermentan-
do uma Igreja de discípulos mis-
sionários: “sal da terra e luz do
mundo” (cf. Mt 5,13-14).]