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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA

2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS


Processo Nº. : 0001148-20.2015.8.05.0256
Classe : RECURSO INOMINADO
Recorrente(s) : PAULO HENRIQUE FELETTI

Recorrido(s) : EDEGIO MACIEL DE NOVAIS


Origem : 1ª VARA JUIZADOS ESPECIAIS DE TEIXEIRA DE
FREITAS
Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE

VOTO- E M E N T A

RECURSO INOMINADO. CONSUMIDOR. AÇÃO DE COBRANÇA . NULIDADE DA


CITAÇÃO. PREJUÍZO AO CONTRADITÓRIO E À AMPLA DEFESA. ART.5º INCISO LV DA
CF/88. CARTA DE CITAÇÃO ENVIADA PARA ENDEREÇO DIVERSO DAQUELE QUE
CONSTA COMO SENDO A RESIDÊNCIA DO RÉU CONFORME DOCUMENTOS JUNTADOS
AOS AUTOS. ACOLHIMENTO DA PRELIMINAR RETORNO DOS AUTOS À ORIGEM.
SENTENÇA DESCONSTITUÍDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto conta sentença que julgou


parcialmente procedente o pedido, nestes termos: “ Diante de todo exposto, julgo
PARCIALMENTE PROCEDENTE o pedido formulado por EDEGIO MACIEL DE NOVAIS em
face de PAULO HENRIQUE FELETTI para efeito de condenar o requerido a pagar ao autor a
quantia de R$ 9.354,85 (nove mil, trezentos e cinquenta e quatro reais e oitenta e cinco centavos),
corrigidos monetariamente pelo IGP-M, a partir do ajuizamento da ação, bem como acrescidos de
juros moratórios de 1% ao mês desde a citação. Resolvendo, por fim, o processo na forma do art.
269, inciso I, do Código de Processo Civil.”.

2. A parte recorrente busca a reforma da sentença, aduzindo, em síntese, a


nulidade da citação, por ter sido realizada na pessoa de terceiro; suscita preliminar
de ilegitimidade passiva , por ter o contrato sido firmado com pessoa jurídica,
empresa transportadora, e no mérito, que não pode ser imputado ao recorrente a
responsabilidade pelos eventuais prejuízos narrados ela parte autora; aponta ainda
a existência de litigância de má fé, pugnando por fim pela improcedência dos
pedidos.
3. No que tange á alegação nulidade do ato citatório, e por conseguinte a
nulidade de todos os atos subsequentes, esta merece prosperar. Com efeito, da
análise do aviso de recebimento colacionado aos autos no evento 12 do projudi,
não consta a assinatura da parte, o que de per si não é suficiente para o
reconhecimento da nulidade aventada.

4. Todavia, conjugado com tal aspecto, a primeira manifestação nos autos se


deu no bojo da interposição de recurso inominado ( ev. 51 ), no qual a parte
recorrente junta documentos que atestam que o mesmo não reside no endereço
fornecido. Junta declaração emitida pelo vizinho, com firma reconhecida, lá
constando o endereço correto, acrescido da informação de que reside há mais de
10 ( dez) anos, conforme documento inserido no bojo da peça recursal. Também
colaciona o carnê de IPTU, em que consta o endereço Rua Luiza Calimam,
Sernamby, São Mateus, Espírito Santo.
5. Nesta senda, assiste-lhe razão, sendo imperioso o
reconhecimento da invalidade da citação, que fora realizada em
endereço diverso daquele em que sediada, o que prejudicara a ciência do
ato processual, requisito imprescindível para a regular formação da
relação jurídico-processual.

6. Como sabido, a citação é ato essencial à validade do processo,


tendo em vista que através dela se consolidam os princípios
constitucionais da ampla defesa, do contraditório e do devido processo
legal, podendo a nulidade do ato citatório ser apreciada de ofício, não se
sujeitando à preclusão. Nesse sentido indica a jurisprudência:

PROCESSUAL CIVIL. CITAÇÃO. NULIDADE. QUESTÃO DE


ORDEM PÚBLICA. MATÉRIA APRECIÁVEL DE OFÍCIO EM
SEGUNDO GRAU DE JURISDIÇÃO. SÚMULA7/STJ. 1. É
assente nesta Corte que as matérias de ordem
pública não se sujeitam à preclusão, podendo ser
apreciadas a qualquer momento nas instâncias
ordinárias. Precedentes. 2. Acolher a pretensão do
recorrente de que não foram atendidas os requisitos
elencados nos arts. 202 e 225 do CPC, para aferir a
correta citação por meio de carta precatória,
demanda o revolvimento dos elementos fático-
probatórios da demanda, o que é vedado,consoante a
Súmula 7/STJ. 3. Agravo regimental não provido.(STJ -
AgRg no REsp: 1230762 PI 2011/0004976-9, Relator:
Ministro CASTRO MEIRA, Data de Julgamento:
20/11/2012, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de
Publicação: DJe 29/11/2012)

7. No caso dos autos restara consignada o prejuízo


manifesto à parte ré, que não teve apreciada pelo magistrado
sentenciante as suas eventuais razões de contrariedade no bojo
do processo que resultou na sua condenação pelos alegados
danos materiais e morais , o que configura cerceamento ao
direito ao contraditório e à ampla defesa, princípios que estão
insculpidos na Constituição, conforme o art.5º, inciso LV.

8. Isto posto, voto no sentido de se declarar nula a citação e os atos


processuais a ela subsequentes, devendo os autos retornar ao Juízo de origem
para a realização dos atos processuais, em obediência aos postulados do
contraditório e ampla defesa. Sem custas processuais e honorários advocatícios,
nos termos do art.55 da lei 9099/95.

9. Salvador, Sala das Sessões, 13 de Abril de 2017.


10. BELA. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE
11. Juíza Relatora
12. BELA CÉLIA MARIA CARDOZO DOS REIS QUEIROZ
13. Juíza Presidente

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA


2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS

Processo Nº. : 0001148-20.2015.8.05.0256


Classe : RECURSO INOMINADO
Recorrente(s) : PAULO HENRIQUE FELETTI

Recorrido(s) : EDEGIO MACIEL DE NOVAIS

Origem : 1ª VARA JUIZADOS ESPECIAIS DE TEIXEIRA DE


FREITAS
Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE

ACÓRDÃO
Acordam as Senhoras Juízas da 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais
Cíveis e Criminais do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, CÉLIA MARIA
CARDOZO DOS REIS QUEIROZ –Presidente, MARIA AUXILIADORA SOBRAL
LEITE – Relatora e ALBÊNIO LIMA DA SILVA HONÓRIO, em proferir a seguinte
decisão: RECURSO CONHECIDO E PROVIDO . UNÂNIME, de acordo com a ata do
julgamento. Sem custas processuais e honorários advocatícios pelo êxito da parte no
recurso.

Salvador, Sala das Sessões, 13 de Abril de 2017.


BELA. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE
Juíza Relatora
BELA CÉLIA MARIA CARDOZO DOS REIS QUEIROZ
Juíza Presidente

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