Filipenses 1. 21 / 3. 7 / 3. 13-14
Lendo toda a carta de Paulo aos Filipenses duas coisas me chamaram atenção! A
primeira delas quero destacar já na introdução deste sermão: No capitulo 1.30 ele diz: “pois
tendes o mesmo combate que vistes em mim e, ainda agora, ouvis que é o meu”. No capitulo 3.
17 ele diz: “Irmãos sede meus imitadores e observai os que andam segundo o modelo que tendes
em nós”. E no capitulo 4.9 ele diz: “o que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes
em mim, isso praticai; e o Deus da paz será convosco”.
Perceberam! Paulo se coloca como um padrão, um modelo a ser seguido pelos crentes
Filipenses. E num primeiro momento podemos ter a impressão de que Paulo esteja se
comportando de forma arrogante e presunçosa ao se colocar como padrão.
No entanto, sabemos que não se trata de arrogância ou presunção, e sim de zelo, cuidado,
seriedade e compromisso com o reino de Deus. Em sua primeira carta a Timóteo 4.12, ele
recomenda ao jovem: “Ninguém despreze a sua mocidade; pelo contrario, torna-te padrão dos
fieis, na palavra, no procedimento, no amor, na fé, na pureza”.
Paulo assumiu a responsabilidade de ser padrão, e acredito que com temor e tremor, mas
ele se torna padrão para encorajar a igreja toda, para que também se torne padrão para outras
pessoas no seguimento a Cristo. E tanto a igreja, quanto Paulo possui uma matriz padrão que é
Cristo (2.5): “tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus”.
Portanto, todos nós temos o desafio de renovarmos a nossa fé, por meio do compromisso
de nos tornarmos constantemente padrão para que outros vejam Cristo em nós! À luz do que
Paulo nos ensina e nos encoraja, o tema desta noite nos desafia com a seguinte pergunta: Você
se compromete?!
Porquanto, para mim, o viver é Cristo e o morrer é lucro! Ao escrever esta carta Paulo
estava preso por causa do evangelho (1.7/13) e foi neste contexto quando a sua vida estava
sendo ameaçada, que esta frase brotou do fundo do seu coração, expressando a sua convicção.
Parafraseando o que Paulo escreveu, redijo as seguintes palavras: Pode ser que consigam
tirar minha vida, mas se isso acontecer ficarei feliz, pois estarei na presença do meu salvador e
isso é lucro. Portanto, a vida que tenho para viver enquanto a morte não chega é Cristo!
Viver intensamente para Cristo! E vivendo intensamente para Cristo, Paulo proclamou o
evangelho em Filipos e continuou afirmando que empenharia sua vida, para que mais e mais
pessoas tivessem o privilegio e a oportunidade de conhecer a Cristo.
Viver intensamente para Cristo é consagrar a vida em seu serviço! Viver intensamente para
Cristo é fazer do seu projeto de vida o nosso próprio projeto de vida! Viver intensamente para
Cristo é dispor-se ao amor, ao perdão, a comunhão com todas as pessoas! Viver intensamente
para Cristo é proclamar o evangelho da graça de Deus, para que outros tenham a oportunidade
de também viver uma vida cheia de sentido e de intensidade!
Mas o que para mim era lucro, isso considerei perda por causa de Cristo! Onde está a
fundamentação da nossa salvação? É sobre isso que Paulo escreve aos irmãos Filipenses!
Somos salvos pelo rito da circuncisão ou pelo amor sacrificial de Jesus? Em ultima instancia
somos salvos pelo que fazemos ou pelo que Cristo fez?
Paulo possuía todos os requisitos possíveis para confiar em si mesmo (3. 5-6). Diferente
da maioria das pessoas a quem escreve, ele havia passado pelo rito da circuncisão! Sua arvore
genealógica remontava aos primeiros hebreus, era fariseu, um grupo extremamente respeitado e
cumpria rigorosamente a lei. Este mesmo Paulo é quem diz: A tudo isso considero perda,
considero refugo, para ganhar a Cristo.
O rito da circuncisão era para muitos religiosos a garantia de que seriam salvos. E hoje
corremos o risco de depositarmos em algumas coisas a nossa salvação. Pode ser que confiemos
em nossa religiosidade para a salvação, pode ser que confiemos em nossa tradição familiar para
salvação! Pode ser que confiemos naquilo que somos, naquilo que possuímos, para nossa
salvação!
O que Paulo esta demonstrando em suas palavras é que não existe fundamento mais
sólido para a nossa salvação do que Jesus Cristo. No entanto, só podem compreender isso,
aqueles que se aventuram na entrega a Cristo! Aqueles que abrem mão dos seus próprios
pressupostos e decidem confiar exclusivamente em Cristo. Você se compromete em confiar
exclusivamente em Cristo?
Por fim, Paulo usa uma linguagem que seria compreensível aos seus leitores e ouvintes. O
atleta não para até cruzar a linha de chegada (Vanderlei Cordeiro), e assim deve ser o cristão.
Imagino que Paulo tivesse em mente toda a sua trajetória de vida, toda a sua historia, uma
historia que em termos meramente humanos, estava numa curva decrescente, pois aquele que
poderia gloriar-se em sua arvore genealógica, em sua religiosidade, em seu status, estava preso
por causa de Cristo!
Dois cenários que se contrapõem, passado e presente! Talvez fosse mais coerente parar!
Desistir de seguir a Cristo! Desistir de representar Cristo! Talvez em termos humanos fosse mais
inteligente voltar as práticas antigas, mas Paulo foi enfático: “esqueço-me das coisas que para
trás ficam e avanço para as que diante de mim estão”. Como um atleta que sabe que a corrida
termina somente quando se cruza a linha de chegada, Paulo sabe que deve continuar e quer
estimular a igreja para que continue também.
Muitos entusiasmados com o discurso e convite de Jesus, disseram: quero te seguir, mas
primeiro vou sepultar meu pai! Quero te seguir, mas primeiro deixe-me despedir dos que estão
em casa! A estes que se prontificam, mas insistem olhar para trás, Jesus adverte: “ ninguém que
tendo posto a mão no arado, olha para trás é apto para o reino de Deus”.
Os hebreus no deserto, rumo a Canaã, olharam para trás e lembraram-se das panelas
cheias de carne! A mulher de Ló olhou para trás e virou estatua de sal! Olhar para trás torna-se
uma grande tentação para aqueles que estão na corrida da vida cristã!
São muitos os que olham para trás e desistem da corrida, mas o desafio da Palavra de
Deus é que hoje não sejamos atletas indisciplinados que param no meio da prova. Não importa o
percurso, não importa a distancia, cada qual corre no seu próprio tempo, o que importa é a
fidelidade no caminho. Você se compromete em não parar até chegar lá?
Conclusão
Disse no inicio que duas coisas me chamaram a atenção na leitura desta carta. A primeira
já disse, foi a coragem solidaria e responsável de Paulo em convidar a igreja a ver nele um
exemplo, um padrão a ser imitado e por meio dessa atitude estimular a igreja a se tornar padrão
para outras pessoas.
A segunda coisa é a quantidade de vezes que a palavra alegria aparece na carta (9x). No
entanto, mais que a quantidade me impressiona a intensidade com que essa palavra é dita.
Destaco duas passagens, 3.1: “quanto ao mais irmãos meus, alegrai-vos no Senhor”. 4.4:
“Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez vos digo: alegrai-vos”.
Alegria! Grandes coisas fez o Senhor por nós, por isso, estamos alegres!! Grandes coisas
fez, faz e fará o Senhor por esta igreja. O fato de existirmos como igreja neste local deve ser
motivo de alegria! O fato de testemunharmos a provisão de Deus apesar das dificuldades que
enfrentamos enquanto denominação e igreja local, deve ser motivo de alegria!