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Noivas meninas: o casamento

precoce é mais comum do que você


imagina
Hoje, 554 mil garotas de 10 a 17 anos já são casadas. Estamos
falando do Brasil, não do Oriente Médio ou da África. Elas
cuidam dos filhos, do marido, da casa e estão perdendo muitos
direitos e oportunidades
Por Patrícia Zaidan
access_time28 out 2016, 08h26 - Publicado em 1 fev 2016, 09h14

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Victor Moriyama (/)


Catingueiras magricelas e peladas, sol forte, uma cabrita, um bode e
algumas galinhas são quase tudo que Ivonete Santos da Silva, 14
anos, vê ao longo do dia por semanas a fio. Mãe de Rayslani, 1 ano,
ela dorme cedo. A casa de taipa onde vive, no sítio Lagoa Nova, em
Inhapi (AL), a 289 quilômetros da capital, Maceió, não tem lâmpadas
nem TV. Ivonete juntou-se aos 12 anos com Sislânio Silvério, 21, seu
primo. Deixou a escola sem aprender a unir as letras: “Era aperreio
demais, tudo acontecia na hora do almoço, tinha que fazer comida, me
arrumar, sair para estudar”. Nascida a filha, a atenção na família se
redobrou. Não se arrepende. “Só quando estou bem estressada,
limpando a casa, e a menina acorda chorando, penso: ‘Meu Deus, o
que eu fiz?’ ” Ainda assim, considera que está melhor do que no
tempo em que vivia na casa materna e dividia com a irmã a lida com
os meninos pequenos. “Um dia, saí calada, o povo estava todo lá pra
dentro. Fui embora com Sislânio.” Ele trabalha na roça. Quando tem
roça. Há cinco anos, o sertão enfrenta uma seca bruta; a terra está tão
dura que é impossível plantar. Na única panela, no fogãozinho de
barro, há feijão. Ivonete não faz planos, não pronuncia desejos – pelo
menos a estranhos que invadem sua rotina –, mas responde como se
sente: “Não sei direito. Sou um pouco mulher, pequena demais, meio
criança também”. Quando fecha os olhos, do que se lembra? “De mim
desenhando pé de maçã, árvore de morango.” Mesmo que morangos
amadureçam a não mais que 30 centímetros do chão, era esse seu
deleite na sala de aula. Queria ser professora, acha que não dá mais
tempo. “Espero que minha filha case bem tarde, só com 17 anos, e
não engane a escola para aprender tudo direitinho”, diz.
Victor M oriyama

Victor Moriyama (Victor Moriyama/CLAUDIA)

Um desavisado imaginaria Ivonete como fato isolado no Nordeste.


Não é. O Brasil ocupa o quarto lugar no mundo em número absoluto
de crianças casadas. As esposas de 10 a 14 anos são 65 709; delas,
2,6 mil firmaram compromisso em cartório e/ou igreja. No grupo de 15
a 17 anos são 488 381. Os dados fazem parte do estudo sobre
casamento infantil publicado em setembro passado pelo Instituto
Promundo, que promove as relações de gênero não-violentas. O
levantamento se concentra no Pará e no Maranhão, mas reflete a
realidade nacional. “O fenômeno é rural e urbano, está nas capitais,
nos rincões, não tem geografia específica”, explica a especialista em
gênero e segurança humana Alice Taylor, uma das autoras. E já está
tão naturalizado que nem se nota a lei. O sexo com menores de 14,
mesmo que consensual, é crime. Uma união só pode ser oficializada a
partir dos 18, com exceção aberta pelo Código Civil para as grávidas
de 16 em diante, com autorização dos pais.

Aqui, não há políticas públicas que reduzam os números e protejam as


garotas dos prejuízos ao antecipar esse passo de adulto. “O assunto é
tabu para o governo e a sociedade”, afirma a assistente social Neilza
Buarque Costa, assessora da Visão Mundial, ONG internacional que
há 40 anos atua no país em defesa da infância. “A menina perde
direitos. Não brinca, não estuda. Torna-se vulnerável à violência
doméstica, não decide a própria vida sexual, engravida cedo, está
mais sujeita à morte materna e a perder o bebê.” Para Neilza, a
relação marital precoce tende a perpetuar o ciclo de pobreza, com a
garota tendo menos chances de desenvolver uma carreira e,
futuramente, conduzir as filhas para uma escolaridade maior. “Do total
de alunas que largam o colégio entre 10 e 17 anos, 75% estão
casadas ou grávidas”, lembra.
Victor M oriyama/Revista C LAUD IA

Victor Moriyama/Revista CLAUDIA (/)

Das sete garotas entrevistadas por CLAUDIA, apenas Ana Clara dos
Santos, 16 anos, estuda. Cursa o 8º ano em Canapi (AL) a um custo
alto: “Minha mãe não deixa meu filho, de 4 meses, morar comigo.
Acha que não consigo cuidar dele e estudar. Só vou me sentir adulta
quando ele vier para mim. Mas ela se apegou, não vai entregar o
bebê”, diz. Ana, casada há dois anos, teve um parto atribulado. A 100
metros de casa, ocorreu uma troca de tiros, e ela passou mal.
Chamaram o parteiro às pressas, Michel nasceu de madrugada.
“Tomo pílula, não quero mais filhos.” Embora em seus sonhos surja
sempre uma Ana solteira, de saia curta e saltão, segue casada por
gostar de Jaílson Oliveira, 18 anos, e “também porque casamento,
filho… essas coisas não têm volta”.

Os motivos da união precoce, segundo o estudo: gravidez; desejo da


família de controlar a sexualidade da filha, impor limites às atitudes “de
risco” e garantir estabilidade financeira. Por vontade própria, a menina
casa para se livrar do mando dos pais, da violência doméstica. Às
vezes, aceita um idoso por status; e ele quer uma esposa atraente,
que possa dominar e moldar a seu gosto.

Ilda Lopes Witiuk, doutora em serviço social e professora da Pontifícia


Universidade Católica do Paraná, orienta alunos que atendem na
Maternidade Alto Maracanã, em Colombo, na região metropolitana de
Curitiba, onde 40% das parturientes são menores. A cidade tem um
dos maiores índices de casamento infantil do estado. Ilda cita uma
garota de 13 anos que voltou ao hospital com seu bebê, a quem
tratava como uma boneca. Sentia-se importante como esposa e
contou que suas irmãs “se prostituíam”. Ela se gabava de ter sido
“salva” pelo parceiro. “Quando esse marido chegou, eu me assustei”,
diz Ilda. “Era um pastor de mais de 50 anos.” Ela crê que casar cedo
seja uma opção determinada pelo meio. “Filhas de mulheres que
engravidaram muito jovens não assimilam outro projeto que não seja
casar”, considera. “A escola, na periferia, não mostra uma saída
possível e o estudo não representa um valor.” A conclusão: “Está
oficializada a violência contra as meninas no casamento, com o
consentimento dos pais e do Estado”, assegura. Para o cientista social
Renato Alves, do Projeto Infância Saudável, ligado ao Núcleo de
Estudos da Violência da Universidade de São Paulo, o Estado deve
tomar medidas, facilitar o acesso à contracepção, à educação sexual.
As famílias e as garotas precisam de apoio para atingir maior
autonomia econômica e social. “Tudo é importante. Porém, a melhor
maneira de prevenir é ter sonhos. E as meninas não sonham mais.”

*** Veja também: Os bastidores da reportagem que foi buscar as crianças


casadas no Brasil
O relato da alagoana Susi (seu nome foi trocado para preservá-la), 15
anos, ilustra a observação de Renato. “No sábado, meu marido joga
futebol e no domingo ‘corre boi’ (competição que envolve vaqueiros e
animais). Já eu, ainda não descobri do que gosto. Antes, me via de
branco, de noiva, na igreja. Ilusão para quê? Deixei a escola porque
meu marido tem ciúme e não quer que eu cresça. Aqui, as pessoas
não sonham alto nem pensam num emprego para depois casar. E
quem estuda, como uma prima que se formou, não acha onde
trabalhar.” Ela terminava a entrevista quando o marido chegou de
moto, fazendo um barulhão – ele sabia onde a esposa se reunia com
a nossa equipe. Sem desligar o motor, berrou: “Que demora é essa,
da febre do rato, mulher?” Ali, febre do rato quer dizer, coisa ruim,
errada. “ ‘Bora’ pra casa.” Mais que depressa, em indisfarçável pânico,
ela subiu, calada, na garupa. O homem acelerou, seus gritos
continuaram embaixo do poeirão que levantou. Sumiram na estrada.

Joyce Pinheiro, 15 anos, pelo contrário, tem em Brendon Cordeiro, 20,


um aliado. No bairro Ana Terra, de Colombo, em dois cômodos e um
banheiro, o casal se vê preso à novidade que revirou a vida deles: as
gêmeas Kauany Vitória e Karyne Manuele, de 15 dias. O marido está
sem trabalho; troca os bebês, dá banho, olha à noite para Joyce
cochilar. Foi o terceiro namorado dela. “Conheci Brendon e ele logo
me falou que desejava ter filhos. Eu também. Parei de tomar pílula e
em três meses engravidei”, relata. Aos 12 anos, ela começara a sair à
noite com as amigas. “Meninas solteiras têm má fama. Os boatos não
demoraram: ‘Ela vai virar galinha e ficar barriguda’. Isso me
incomodou, decidi ter minha família.”
A mãe das gêmeas acha a maternidade um caminho natural: “Das 20
e poucas que estudavam comigo, 16 estão casadas ou são solteiras
com filhos”. Joyce não vai mais à balada porque acha perigoso para
uma menina ficar por aí. Ultimamente anda atarefada, mas pouco
antes de engravidar brincava de Barbie com a sobrinha. Hoje, já
demonstra preocupação de mulher casada há milênios: “Engordei e
fiquei com estrias. Agora Brendon pode me trocar por uma magrinha”.
Os bebês choram pouco. “Só para mamar ou quando sentem cólica”,
diz. “O problema não é cuidar, mas, sim, pensar que elas logo farão
escolhas. Dá medo: e se decidirem ter filhos cedo?”

Victor M oriyama/Revista C LAUD IA


Victor Moriyama/Revista CLAUDIA (/)

Não é o futuro da cria que preocupa Monique Barbosa, 15, mas o


próprio destino. Ela ama Maria Clara, 8 meses, fruto da relação com
Dener Wilker Lima, 20 anos, a quem se juntou há dois anos, em
Colombo. Monique carrega culpa por ter insistido com o rapaz para
viverem juntos. Era para ser um romance. A descoberta da gestação
no quinto mês disparou o alarme. “Eu não queria, ele não queria,
ninguém queria.” O vacilo foi esquecer a pílula. “Pensei: ‘Perdi a
minha vida. Tinha tudo pela frente, ia ser policial’.” Antes, fazia curso
de cabeleireira de manhã, ia para a escola à tarde e esperava a mãe
buscá-la. Está, agora, enredada na agenda sem fim, lavando,
passando, cozinhando para o marido e a filha. “Não sobra tempo para
conversa”, diz. “E ele também não é de diálogo.” Outro entrave para a
sua juventude é a possessividade do parceiro. “Facebook, vestido
curto, roda de amigas… tudo dá encrenca. A vontade é de desistir.
Mãe, porém, arruma paciência. Não era isso que eu imaginava, mas
aceito.”
Victor M oriyama

Victor Moriyama (/)

Para Jamille Henrique, 15 anos, mulher tem uma árida sina. “Todas
apanham. Não acho bom, mas é o que acontece”, diz. “Meu pai chega
bêbado em casa e briga com os filhos. Ele bate em minha mãe.
Quando eu morava lá, cuidava dos meus oito irmãos para ela
trabalhar de doméstica.” Jamille se alimenta e dorme melhor na casa
da sogra, no Sítio Albino, em Canapi, seu endereço desde que aceitou
uma aliança de Marcelo Lino da Silva, 22 anos. Foi um alívio deixar a
violência para trás. Os dias estão mais leves. Ela, porém, não
desanuviou o semblante. Parece desconfiada, tateando o espaço
recém-conquistado. Era virgem quando recebeu dele o presente, em
2014. Como todas as meninas desta reportagem, não se casou no
cartório. Nunca tinha ouvido falar em pílulas; a primeira, ganhou da
cunhada. “Tenho vontade de trabalhar como doméstica, mas ainda
não falei com o marido”, conta. “Marcelo é engraçado, imita pessoas e
me ensina muitas coisas. Gosto de brincar com ele. O sexo é bom.”
Jamille se orgulha do marido, que vai longe, de carro de boi, buscar
água para o consumo deles. Ela se sente mais menina que casada;
por isso, adiará a maternidade o quanto puder.

Ilda nota que as garotas sabem que um descuido com a pílula pode
dar em gravidez. “No entanto, acham que nunca acontecerá com
elas”, explica. Foi assim com a paulistana Thainá Darri, 17 anos.
“Ainda não caiu a ficha”, diz ela, dois dias após o resultado do exame.
“Planejava um filho aos 26 anos.” Seu perfil difere da maioria. Líder
em Heliópolis, uma das maiores favelas do país, ela é feminista,
conselheira de meio ambiente e, desde os 14, atua na União de
Núcleos e Associações dos Moradores de Heliópolis e Região (Unas).
Até dezembro, quando concluiu o ensino médio, trabalhava na ONG
como arte-educadora. O desejo de fazer faculdade de ciências sociais
foi protelado. “Preciso priorizar o bebê.”

A despeito da biografia de líder, seu histórico de casada coincide com


o das demais. Juntou-se com Pedro dos Santos, 21 anos, há quase
dois, porque estava cansada das exigências da mãe, que, segundo
Thainá, tem obsessão por limpeza. “Eu queria o meu canto e
privacidade”, afirma. O pai aceitou, a mãe avisou: “Se você for, não
volte”. Pedro e Thainá compraram uma cama de solteiro, alugaram um
barraquinho e seguiram. Com o salário de ambos – ele é vendedor –
mudaram para uma casinha maior e já dormem em cama de casal.
Mas ela ainda é uma menina e terminou um contrato de trabalho.
“Meu lado emocional não está preparado para tanta coisa. Já marquei
um psicólogo para administrar as mudanças na minha vida e
acomodar nela o papel de mãe.” É muita clareza para tão pouca
idade.

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devem chegar ao mercado
Índia: Noivas-crianças são
vendidas em “pacote de
ofertas” no Golfo.
Homens ricos “se casam” com as meninas
durante a duração de sua estadia como
uma forma de turismo sexual.

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Oct 18, 2017


Nesta foto de arquivo de 7 de maio de 2011, uma noiva infantil de 7 anos se senta na parte de
trás de um caminhão enquanto espera o resto dos membros da família depois de se casar.

Durante anos, Haji Khan — um homem magro com trinta e


poucos anos — viajou discretamente em uma estrada
secundária da Cidade Velha de Hyderabad, percorrendo as
ruas para encontrar noivas infantis para homens mais
velhos que visitam o Golfo, embolsando cerca de 10 mil
rupias (US $ 150) por cada garota.
Khan tem dois tipos de negócios: “Pucca” significava
casamentos de longa duração, onde a garota volta com seu
marido para o país de origem dele e casamentos de “passar
o tempo” que duram o tempo de estada do homem na Índia.

“Nós enfileiramos de 20 a 30 meninas para cada árabe em


um hotel e ele seleciona uma. Eles (os homens) dão às
meninas rejeitadas 200 rupias (US $ 3) para voltar para
casa”, disse Khan, agora um informante da polícia.

“Os homens trazem velhas e usadas roupas de noiva,


sabonetes e camisolas para a garota com quem se casam. A
maioria dos casamentos são de “ passar o tempo “, disse
Khan à Thomson Reuters Foundation.

A policia de uma cidade no sul da Índia, um centro para


empresas tecnológicas, descobriu uma rede envolvendo
homens ricos do Golfo como Oman e Dubai “casando” com
adolescentes muçulmanas em Hyderabad durante a estadia
deles na Índia.

No momento do casamento, os homens assinavam os


documentos do divórcio pós-datado, a serem entregues para
as noivas depois que seus novos esposos saíssem do país..

Os casamentos foram realizados por um religioso


muçulmano, ou qazi (juiz ou juiz religioso que prega e
decide questões de religião islâmica), que forjava a idade da
noiva para mostrar ela como adulta. O principal qazi que
realizou esses casamentos em Hyderabad foi preso no mês
passado.

“A maioria das meninas não sabem que serão abandonadas


dentro de 15 ou 20 dias do casamento. Os homens tiram
vistos de turista, realizam um contrato de casamento e
partem depois de um mês”, disse V. Satyanarayana, vice-
comissário de Polícia em Hyderabad que está investigando o
problema.

SERVIDÃO
Nos poucos casos em que as jovens noivas acompanharam
seus maridos de volta ao seu país de origem, foram forçadas
a servidão doméstica ou escravidão sexual, segundo a
polícia.

Cerca de 30 pessoas, incluindo intermediários, qazis,


futuros noivos de Omã e Qatar e proprietários de hotéis
foram presos no mês passado e acusados de tráfico de seres
humanos e exploração sexual de crianças, disse um
funcionário da polícia.

Na repressão, 14 meninas, menores de 18 anos, foram


resgatadas antes de terem se casado. Quase metade dos
intermediários presos eram mulheres que haviam sido
vítimas do próprio crime, informou a polícia.

“Os casamentos contratados nesta parte de Hyderabad estão


acontecendo há muitos anos, mas agora se tornou um
comércio internacional organizado (de meninas),
envolvendo intermediários e qazis de diferentes cidades
indianas e também do Golfo”, disse Satyanarayana.

Meninas são fáceis de conseguir e a maioria dos casamentos


são realizados após o festival de Eid que os intermediários
dizem que é a “alta temporada”, quando os turistas do Golfo
visitam Hyderabad — que tem ligações com os estados do
Golfo Árabe que datam séculos. No século 19, homens no
que hoje é Arábia Saudita e Omã foram recrutados como
soldados pelo Nizam (governante) de Hyderabad — então um
estado principesco no sul da Índia.
Seus descendentes continuam a viver na cidade e as
gerações mais velhas recordam “bons casamentos” de
meninas de Hyderabadi com jovens árabes que visitaram
parentes na cidade nos anos 70 e 80.

A tendência se transformou em um negócio nos últimos


anos depois que um qazi foi sancionado pelo governo para
realizar “casamentos árabes”.

“Elas pensam que vão ver o Burj Khalifa (arranha-céus


histórico de Dubai) e viver em casas palacianas como
Atlantis (hotel) ao se casarem com um árabe. Elas ignoram
as consequências”, disse Satyanarayana.

TURISMO SEXUAL
Crescendo em um apartamento de um quarto que ela
compartilhou com seus cinco irmãos e pais, uma oferta para
se casar com um homem rico parecia ser a fuga perfeita para
uma estudante de sétimo ano que não quer revelar sua
identidade.

“Eu tinha 14 anos e nosso vizinho nos disse que um rico


menino árabe estava procurando uma noiva. Nós fomos
encontrá-lo. Ele não era um menino. Ele tinha 62 anos”,
disse a garota à Fundação Thomson Reuters.

“O intermediário me convenceu de que minha vida mudaria


se eu me casasse com ele. Prometeram-me ouro, dinheiro e
uma casa para meus pais. Eu acreditei nele”.

Ela se casou em uma cerimônia simples com o homem que


pagou a sua mãe 30 mil rupias (US $ 460). Ele pagou mais
50 mil rúpias aos intermediários e ao qazi que realizou o
casamento — seu segundo “casamento” em cinco dias.
“A menina e o homem já havia passado um dia em um hotel
quando a resgatamos depois que sua primeira esposa,
também adolescente, alertou a polícia”, disse Rafia Bano,
advogada da Unidade de Proteção à Criança Distrital de
Hyderabad.

Após o casamento, a família mudou de casa — incapaz de


lidar com as perguntas que surgiram de seus vizinhos e
amigos. A menina retomou seus estudos, está agora na 11 ª
série e divorciada.

Nas ruas estreitas que atravessam a movimentada Cidade


Velha de Hyderabad — onde a maioria dos moradores são
muçulmanos — há inúmeras histórias de meninas casadas
ainda crianças, apenas para serem abusadas sexualmente e
se divorciarem alguns dias depois.

Mas os dados do governo subestimam o problema — o


escritório de Rafia Bano registrou apenas sete casos nos
últimos três anos — mas os ativistas e a polícia dizem que
uma indústria do turismo sexual sob a aparência do
casamento está florescendo.

Em entrevistas com a Fundação Thomson Reuters,


intermediários, qazis e policiais disseram que as noivas
foram oferecidas em “pacotes” de 30 mil rupias ou mais,
dependendo da duração do casamento.

Os pacotes incluíam papelada para o casamento, como


formalidades de visto, se a noiva fosse viajar com o seu
marido ou uma reserva de hotel se fosse uma estadia de
curta duração.

A polícia apreendeu nikahnamas em branco (certificados de


casamento) e documentos de divórcio dos escritórios de
qazis que foram presos em Hyderabad e Mumbai.
“Eles são homens ricos do Golfo e eles sabem que as pessoas
são pobres em Hyderabad e as meninas estão disponíveis.
Como eles não podem tocar uma mulher fora do casamento,
eles se casam com a garota e assinam um documento em
branco para o divórcio no momento do casamento”, disse.
Qadir Ali, um qazi de quarta geração em Hyderabad.

“Eles estão estragando o nome do Islã por seus desejos”.

TERRA FÉRTIL
Hyderabad — uma vez conhecida por suas pérolas polidas e o
famoso monumento do século XVI de Charminar — emergiu
como um importante polo tecnológico no início dos anos
2000, com empresas indianas e gigantes globais, incluindo o
Facebook e o Google na criação de escritórios na cidade.

Mas apenas 12 milhas (20 km) do brilhante distrito de TI da


cidade, são as ruas estreitas da Cidade Velha, onde as
meninas muitas vezes abandonam a escola quando atingem
a puberdade.

Tabassum, de 15 anos, deixou a escola para ajudar sua mãe a


manter as pulseiras brilhantes que os turistas compram no
bazar perto de Charminar, tornando-se uma presa fácil para
agentes matrimoniais.

Sua mãe, Zareena, não achava que ela estava prejudicando


sua filha quando ela a mostrou a um velho homem
omaniano para casamento. “Nós somos pessoas pobres e eu
tinha ouvido falar de meninas que se casam e tem uma boa
vida”, disse ela.

Mas em um ato raro, Tabassum fugiu e o casamento foi


cancelado.
“Este é um negócio”, disse Jameela Nishat, fundadora da
instituição de caridade Shaheen, que trabalha com vítimas
de casamento por contrato. “A venda de uma menina
alimenta muitas famílias”.

O ex-agente Haji Khan está familiarizado com os dois lados


do negócio.

“Eu fiz 50 mil rupias em um mês no ano passado. O dinheiro


é bom. Mas é muito triste para as meninas”, disse ele.

Ele sabe. Sua própria esposa foi forçada a um casamento por


contrato e foi resgatada há três anos por Khan, que pagou
100 mil rupias por sua liberdade. Mas ele continuou a criar
noivas infantis para outros homens árabes até
recentemente, quando se tornou informante da polícia.

“São os jogos que jogamos por dinheiro”, disse ele.

(Reportagem de Roli Srivastava @Rolionaroll, editada por


Ros Russell. Por favor, credite a Thomson Reuters
Foundation, o braço caridoso da Thomson Reuters, que
cobre notícias humanitárias, direitos das mulheres, tráfico,
direitos de propriedade, mudanças climáticas e resiliência.
Visite news.trust.org )
Leia também: Justiça indiana decide que sexo com
menores, mesmo no casamento, é estupro

Tradução por Fernanda Aguiar e Paula de Serkonos.

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Guerra cria mercado de noivas


adolescentes entre refugiados sírios
Meninas de 13, 14 e 15 anos são negociadas por até de US$ 14 mil.
Da BBC

FACEBOOK
Uma menina de 13 anos se casa no campo de refugiados de Zaatari (Foto: BBC)

A guerra na Síria está levando refugiados a negociarem o casamento de meninas adolescentes


com homens muito mais velhos.
De acordo com a ONU, há um aumento alarmante no número de meninas sírias refugiadas na
Jordânia sendo forçadas a casamentos precoces.
No campo de refugiados de Zaatari, uma menina de 13 anos estava sentada no chão "imersa" em
um vestido de babados branco e uma capa de seda com capuz.
Crianças mais ou menos da mesma idade dela batiam palmas e cantavam uma canção de ninar.
O que parecia ser uma brincadeira era uma festa de casamento. A mãe da menina olhava de
longe e chorava. Ela pediu que seu nome não fosse divulgado.
Mais cedo, em um salão de beleza improvisado, um refugiado sírio fez um penteado e
maquiagem na menina - os últimos retoques para o fim da infância.
A noiva contou que o marido, de 25 anos, tinha sido escolhido pela família. Ela nunca havia
encontrado com ele.
A menina parecia calma e disse que estava feliz por se casar. Mas, na verdade, ela não teve
escolha.
Quase um terço (32%) dos casamentos entre refugiados na Jordânia envolvem garotas com
menos de 18 anos, de acordo com a Unicef. Os dados consideram as uniões registradas
oficialmente, o que indica que pode haver muito mais casamentos de adolescentes.
O índice de casamentos com crianças na Síria antes da guerra era de 13%.
Algumas famílias casam suas filhas por força da tradição, e outras veem os maridos como
proteção para as garotas. Mas a ONU diz que a maioria é provocada pela pobreza.
"Quanto mais a crise na Síria durar, mais vamos ver famílias de refugiados usando isso como um
mecanismo", disse Michele Servadei, representante da Unicef na Jordânia. "A grande maioria
desses casos é de abuso infantil, mesmo se os pais tiverem dado permissão."
No acampamento Zaatari, alguns são obrigados a casar antes que atinjam a adolescência.
A parteira jordaniana Mounira Shaban, conhecida no campo como "Mama Mounira", foi
convidada para o casamento de uma criança de 12 anos de idade com um menino de 14 anos. Ela
não teve coragem de participar.
"Eu tive vontade de chorar", disse ela. "Senti como se fosse minha filha. Isso é violência."
Mounira tenta poupar as jovens de fardos de adultos. Em sua clínica, ela dá palestras a refugiados
sobre os problemas enfrentados pelas jovens noivas.
"Elas não sabem cozinhar", explica, "e não sabem ler e escrever. Têm que cuidar de seus
maridos, quando na verdade queriam sair e brincar. Muitas se divorciam."

Adolescente casou aos 15 e quer o divórcio, mas


marido diz que levará a filha (Foto: BBC)

Uma adolescente de 17 anos casada desde os 15, que não quis ter seu nome divulgado, está
tentando se separar.
Mas o marido ameaça levar a filha, de dois meses. "Eu morreria sem minha filha", diz.

Alaa, de 14 anos, casou com um primo (Foto: BBC)


Do outro lado do campo está Alaa. Ao ouvir o barulhos de pratos se quebrando, seu marido
comenta que ela não é muito boa na cozinha. Não é surpresa, já que ela tem 14 anos.
Alaa, que é órfã, fugiu da Síria com a família. Como tinha que dividir o quarto com seus parentes
homens, decidiram que ela, à época com 13 anos, se casaria com o primo Qassem, de 19. O casal
parece feliz, mas Alaa está grávida e preocupada.
"Estou com medo de ter o bebê, porque eu sinto que não serei capaz de cuidar dele", disse.
"Queria ter continuado meus estudos e virado médica em vez de me casar."
Comércio de meninas
Na cidade de Mafraq, não muito longe do campo, há um comércio organizado de adolescentes,
de acordo com refugiados sírios e trabalhadores humanitários.
São comerciantes e homens, principalmente dos Estados do Golfo, que se apresentam como
doadores, mas são, na verdade, compradores de noivas.
Eles assediam famílias de refugiados, que vivem em casas alugadas e lutam para sobreviver.
Fontes locais dizem que o preço de uma noiva é entre 2 mil e 10 mil dinares jordanianos (R$ 6,3
mil a R$ 31 mil), com outros mil (US$ 3 mil) para o intermediário.
"Esses caras do Golfo sabem que existem famílias necessitadas aqui", disse Amal, refugiada e
mãe de quatro filhos. "Eles oferecem dinheiro à família e a primeira coisa que perguntam é 'você
tem meninas'? Eles gostam das jovens, em torno de 14 e 15 ".
Alguns querem crianças ainda mais jovens, como Ghazal, de 13 anos, uma menina pequena com
as unhas pintadas de azul.
Um saudita de 30 anos a pediu em casamento, mas ela recusou - contra a vontade de sua família.
Dizer "não" não foi uma opção para outra refugiada adolescente que tinha o sonho de se tornar
um advogada. Em vez disso, ela casou-se aos 14 anos com um homem do Kuait de 50 anos.
"Normalmente o dia do casamento de uma menina é o dia mais feliz de sua vida", disse ela.
"Para mim foi o mais triste. Todo mundo me dizia para rir, mas eu estava com medo."
Sua mãe - uma viúva da guerra da Síria - disse que aceitou 10 mil dinares por sua filha porque ela
tinha mais sete filhos para alimentar.
"Eu nunca teria considerado isso na Síria, mas nós chegamos aqui (na Jordânia) sem nada, nem
mesmo um colchão para dormir. Pensei que o dinheiro iria garantir o futuro dos meus filhos. Ele
se aproveitou da nossa situação."
Em vez de um futuro melhor, a família agora tem mais uma boca para alimentar. A filha dela tem
um bebê de quatro meses de idade. O pai nunca o conheceu. Ele abandonou sua jovem noiva
assim que ela ficou grávida.

Meninas-noivas: esposas ou
estupradas?
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Publicado por Guilherme de Souza Nucci

há 2 meses

4.288 visualizações

Recentemente, li um artigo assim intitulado “Meninas-noivas.


O Brasil é o quarto país com maior número de casamentos
infantis”, em revista de circulação nacional. A referida
reportagem não é inédita, mas apenas a reprodução de outras,
já publicadas anteriormente, tratando do mesmo assunto. Por
isso, não me causou surpresa que meninas de 11, 12, 13 e mais
anos estivessem engravidando e “casando” em regiões mais
pobres do país – mas não somente nelas.

Se eu já sabia disso, qual seria o meu interesse em reiterar o


assunto? Volto a insistir no intenso paradoxo criado pelos
tribunais brasileiros, que passaram a considerar a
vulnerabilidade do art. 217-A do Código Penal (relação sexual
com menor de 14 anos) como absoluta. Esta tem sido a
jurisprudência dominante. Se o rapaz teve relação sexual com
meninas de menos de 14 anos, pouco importando a razão, há
estupro de vulnerável.
Como desembargador no Estado de S. Paulo, verifiquei
acórdãos lavrados pela câmara Criminal onde atuo, reformados
pelo STJ, determinando novo julgamento, porque a vítima
teria menos de 14 anos. Num dos casos, como relator, tentei
demonstrar que se tratava de um casal formado: o marido, com
18 anos; a esposa, com 13, já com filhos. Considerei a
vulnerabilidade relativa e absolvi o rapaz, já responsável por
uma família. O STJ determinou novo julgamento
para condenar o rapaz, porque a vulnerabilidade era absoluta.
Assim sendo, como neste caso, vários outros devem ter
ocorrido, enviando para o cárcere, por, no mínimo, 8 anos de
reclusão, iniciando no regime fechado, como crime hediondo,
vários rapazes de pouca idade, embora acima dos 18 anos,
como estupradores.
Sinceramente, não sei como dormir, condenando um
autêntico pai de família, que, dentro dos seus costumes
regionais – certo ou errados, atrasados ou não – atendem a
acordos familiares, envolvendo os pais da moça e, por vezes, os
pais do rapaz.
Na reportagem, foram dados nomes bem claros, idades,
localizações etc. Verifiquei que, sendo considerada a
vulnerabilidade absoluta, ali estavam vários quadros de
estupros de vulnerável, que, em tese, precisariam ser
averiguados. Não houve prescrição e a ação é pública
incondicionada. Poderíamos, também em tese, conclamar os
delegados e promotores da região de cada uma daquelas
famílias precocemente formadas, a partir de um estupro de
vulnerável, a exercer a sua função: investigar e processar.
Há homens de quase 50 anos que se amasiam com meninas de
14 anos ou menos. Da mesma forma, há jovens de 18 anos que
fazem o mesmo. Todos esses relacionamentos produzem vários
filhos. São, bem ou mal, famílias constituídas.

Este artigo tem o propósito de apontar o paradoxo abissal


entre a realidade e a norma. Repito: a maioria dos tribunais
brasileiros fixaram a interpretação de que o estupro de
vulnerável, envolvendo ato libidinoso com menor de 14 anos, é
sempre um caso de vulnerabilidade absoluta. Ora, se assim
for, a revista que publicou tal artigo forneceu nome e
localização de vários estupradores. Haverá investigação,
processo e condenação?
Espero que não, pois minha posição é que a vulnerabilidade,
nesses casos, é relativa, dependendo da análise do caso
concreto. Nenhum desses moços pode ser acoimado de
estuprador. As meninas, hoje mães de vários filhos, não podem
ser tratadas como estupradas, logo, vitimizadas. Sabiam o que
faziam para fins de relacionamento sexual.

Por óbvio, todos esses casais são vítimas da pobreza e da


desigualdade econômico-social. São os frutos da ausência de
educação, até por que a maioria das meninas, engravidando,
larga a escola. O Estado não pode levantar o seu braço forte
para aterrorizar essas famílias. Entretanto, se
a vulnerabilidade é absoluta, nada mais resta a fazer a não ser
tomar medidas judiciais penais. O que virá agora?
Se, depois da reportagem expondo nomes, localidades e idades,
nada for feito, pergunta-se: por que determinado réu, azarado
a bem da verdade, porque surpreendido (e eleito) por um
delegado qualquer, com seus 18 anos, merece uma pena de 8
anos de reclusão já que teve relação sexual com sua namorada,
depois companheira, de 13? Que Justiça é essa, tão seletiva
quanto inoperante? Tão drástica quanto paradoxal?

Defendo a análise, caso a caso, de relacionamentos sexuais


entre jovens, considerando a vulnerabilidade relativa, ou seja,
dependente de prova, no caso concreto. Na Justiça, não há
viabilidade de posições absolutas, pois os envolvidos são seres
humanos, repletos de particularidades tão especiais quanto a
vida de qualquer um. Um pouco de compaixão faz bem à
Justiça Criminal.
Conheça as obras do autor (Clique aqui!)

Guilherme de Souza Nucci


Propostas concretas para o aprimoramento das ciências criminais
Bacharel em Direito pela USP, onde se especializou em Processo. Mestre e Doutor em Direito
Processual Penal pela PUC/SP. É Livre-Docente em Direito Penal pela PUC/SP e professor
concursado desta mesma instituição, na cadeira de Direito Penal, atuando nos cursos de graduação e
pós-graduação - mestrado e doutorado. Desembargador na Seção Criminal do Tribunal de Justiça de
São Paulo. No meio jurídico, é atualmente um dos mais conceituados doutrinadores nas áreas do
Direito Penal e Processo Penal, com 40 obras publicadas.
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51 Comentários

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Glauco Pereira
1 mês atrás

Infelizmente, a distância cada vez maior entre o legislador, e também


algumas vezes o julgador, e a realidade social, tem como resultado a
condenação e a imposição de penas a pessoas que somente são
lembradas de sua existência pelo Estado em situações sui generis,
como a relatada.

Não se está a pregar que, para todos os casos, independente da


realidade fática relatada na investigação e posterior processo
criminal, a condenação seria uma forma de o Estado "reparar o mal"
causado a, em tese, uma "quase-criança" ou "pré-adolescente".

Mas, pergunta-se: aonde estava o Estado, seja através da educação


básica, ao não oferecer o ensino básico necessário para que aquela
garota se tornasse cidadã na verdadeira acepção da palavra, ou até
mesmo da saúde pública, oferecendo meios de planejamento familiar,
a meninas que vêem no casamento precoce uma forma, quem sabe, de
se afastar da pobreza e da falta de perspectivas de vida melhor na
imensidão do nosso território?

Enfim, é de se questionar: a seletividade penal agora passará a ter


como mais novo alvo quem faz a opção pela união com uma outra
pessoa, no intuito de constituir família? Faltando o ensino básico, a
saúde, o cartão de visitas do Estado será a sua face mais pesada, ou
seja, a Justiça Penal???
12
Responder

Perciliano do Nascimento
1 mês atrás

Dr Glauco Pereira, endosso suas colocações a respeito do assunto.


Trabalhei muito na área social (periferia, favelas) como voluntário e,
um dos fatores preponderantes para isso é a miséria e o abandono
dessas meninas, quer seja pelos pais ou a "ausência" do Estado. Um
dos raros juizes (hoje desembargador em SP-Capital), que conheci e, o
qual combatia o abandono dos menores, com bastante rigor, sofreu
muitas perseguições de parte da imprensa e dos Direitos Humanos.

Artigo - A nova regra da impossibilidade de


casamento do menor de 16 anos (a nova Lei
13.881-19) – Por Cristiano Chaves de Farias
Publicado em: 14/03/2019
Em tempos já um pouco remotos (no início do século que passou), as nossas tradições
culturais sinalizavam no sentido de casamentos muito precoces, talvez por conta da
ideia de que a sua finalidade seria procriativa, em razão das influências religiosas.

Com o passar dos tempos e as mudanças de hábitos sociais, inclusive econômicos,


bem assim como à luz dos avanços da Medicina (propiciando uma maior longevidade),
vem se detectando que a nupcialidade (idade para casar) já chegou ao patamar médio
de 30 anos. Pesquisas recentes do IBGE revelam que, enquanto na década de 70 a
média etária de casamento era de 23 anos de idade, atualmente já passou dos 30
anos de idade para as primeiras núpcias
(https://www.google.com.br/amp/s/exame.abril.com.br/brasil/jovens-tem-menor-
taxa-de-casamentos-em-40-anos-veja-grafico/amp/).

No pretérito, chegar aos 30 anos sem casar seria um indicativo (preconceituoso) de


que a pessoa estava “encalhada”, conduzindo, quase, a um desespero afetivo, pelo
medo de perda do timing.
Ignorando a nova ambiência social, o Código Civil de 2002, malgrado tenha
estabelecido a idade núbil aos 16 anos de idade, manteve (art. 1.520) uma regra
concebida para o Código de 1916, autorizando o juiz a permitir o matrimônio do menor
de 16 anos nos casos de gravidez e para evitar sanção penal. É bem verdade, de toda
sorte, que essa segunda hipótese já estava um pouco esvaziada, em face da
revogação da possibilidade de extinção de punibilidade pelo casamento da vítima
(nova redação do art. 107 do Código Penal).
Havendo efetiva possibilidade de suprimento judicial para o casamento do menor de
16 anos de idade, a celebração de um matrimônio sem anuência do juiz importava em
anulabilidade, e não em
Nulidade (CC, art. 1.550). Assim, poderiam os cônjuges convalidar o casamento aos
18 anos.

Essa possibilidade de suprimento judicial da idade núbil, todavia, sempre me causou


estranheza. A uma, pois o casamento emancipa, mas, nesse caso específico, a
pessoa com menos de 16 anos de idade não pode ser excluída do sistema protetivo
do ECA - que se baseia em critério objetivo, etário. Portanto, embora casada, a pessoa
haveria de continuar submetida à proteção integral do ECA. A duas, porque me parece
incoerente exigir de uma pessoa protegida pela sistemática especial o cumprimento
dos deveres conjugais - que podem conduzir à reparação civil, em razão de eventual
inadimplemento. Até porque, conforme a célebre frase do filósofo ARTHUR
SCHOPENHAUER, “Casar significa duplicar as suas obrigações e reduzir a metade
dos seus direitos.” A três, porque a pessoa com menos de 16 anos deveria (ao menos
é o que se espera, em condições normais) estar no ensino básico, formando a sua
intelectualidade, para que se lhe permitam abrir opções de um futuro mais promissor.

Cheguei mesmo a advertir nas edições mais recentes do nosso CURSO DE DIREITO
CIVIL: Famílias (vol 6, www.editorajuspodivm.com.br) que os magistrados deveriam
ser cautelosos, evitando autorizações açodadas. Recomendava, inclusive, ouvir
atentamente os interessados e seus familiares, evitando um comprometimento da
especial proteção dos adolescentes (CF, art. 227).

Sempre tive preocupações com o uso do permissivo legal. Talvez porque tenha ficado
tatuado em minha memória um triste episódio ocorrido em uma comarca no interior da
Bahia: um pai conseguiu casar a sua filha, que acabara de completar 13 anos de idade
e menstruado, com o filho de um amigo dele. Não houve o suprimento do juiz. Porém,
por conta da possibilidade de autorização, o citado casamento era tratado pelo sistema
jurídico como ANULÁVEL, e não NULO - vide art. 1.550, I, CC02. Por isso, o Ministério
Público nada pode fazer, uma vez que não está legitimado para a ação anulatoria, que
somente poderia ser manejada por ela mesma, quando atingisse os 18 anos de idade.
Um absurdo! Ficava a pensar como a infância daquela garota tinha sido vilipendiada!
Um tempo que jamais voltaria!

Hoje, fecha-se esse ciclo. Com o advento da Lei 13.811/19 está vedado o casamento
do menor de 16 anos de idade. Eis a nova redação do art. 1.520 do CC02: “Não será
permitido, em qualquer caso, o casamento de quem não atingiu a idade núbil”.

Não há mais, assim, qualquer possibilidade, mesmo que excepcional, de casamento


de quem não atingiu a idade núbil (16 anos). Com isso, inclusive, o eventual casamento
de uma pessoa menor dessa idade será NULO - e não anulável, na medida em que
estará violando proibição legal (CC, art. 166). Com isso, legitima-se, inclusive, o
Promotor de Justiça a ajuizar ações de nulidade, na hipótese de um indevido
matrimônio de pessoa com menos de 16 anos de idade.

Recebo com entusiasmo a novidade legal. De fato, uma norma legal harmônica com
os tempos atuais. Em nossos dias, a preocupação é garantir às crianças e
adolescentes um amplo e irrestrito acesso à educação - e não impondo-lhes os ônus
e deveres decorrentes de uma relação conjugal precipitada que poderia lhe retirar
inúmeras chances de um futuro mais digno e promissor.

Afinal de contas, LUGAR DE CRIANÇA É NA ESCOLA!!!!

Aliás, o que se tem visto, na contemporaneidade, é o oposto: são casamentos na


terceira idade, de pessoas idosas, que consolidam a sua afetividade, aproveitando a
vida em sua plenitude e com mais consciência
(https://anamaria.uol.com.br/amp/noticias/bem-estar-e-saude/casamento-na-
terceira-idade-sim.phtml). Efetivamente, são novos tempos, correspondentes aos
novos valores que permeiam a nossa sociedade. Por isso, já não mais há espaço para
casamentos tão precoces, retirando de adolescentes a inocência e as oportunidades
da vida.

Não sei se a assertiva é mesmo do PEDRO BIAL, como indicam as fontes cibernéticas,
mas me parece bem pertinente espécie vertente a seguinte reflexão sobre a
necessidade de uma compreensão mais amadurecida do casamento, para além de
uma visão simplista: “Os casais bonitos são aqueles que acima de namorados, são
amigos. Brincam, brigam, tiram sarro um do outro, se mordem, beliscam, mas se amam
de um jeito que nenhuma pessoa do mundo consegue duvidar. Amor não é só beijos
e amassos, amor é cuidado, amor é carinho, amor também é amizade!”

Posso me casar com menos de 16


anos de idade?
11

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Publicado por Suely Leite Viana Van Dal

há 9 meses

1.422 visualizações
Essa é uma pergunta que escuto com frequência. Sim, existem
ainda muitas meninas que querem se casar com menos de 16
anos, digo meninas porque é bem mais frequente a pergunta
por parte de mulheres. Para quem atua na área de direito de
família então, ouve com frequência tal questionamento.

Pois bem, o Código Civil prevê que o casamento pode ser


realizado a partir dos 16 (dezesseis) anos de idade, porém, se
tiverem menos de 18 (dezoito) anos, deve ocorrer com o
consentimento dos pais. Qual seja, no ato de ir no cartório “dar
os nomes” como comumente falamos, precisa que os pais do
menor de 18 anos esteja presente e dê seu consentimento e
autorização para que o ato se realize.
Porém, caso um dos pais não concorde com o casamento e se
negue a dar o consentimento, pode-se buscar autorização
judicial, e com isso suprir a autorização daquele que se negou a
fornecer.

Art. 1.517. O homem e a mulher com dezesseis anos podem


casar, exigindo-se autorização de ambos os pais, ou de seus
representantes legais, enquanto não atingida a maioridade
civil.
Parágrafo único. Se houver divergência entre os pais, aplica-
se o disposto no parágrafo único do art. 1.631.
Art. 1.518. Até a celebração do casamento podem os pais ou
tutores revogar a autorização. (Redação dada pela Lei nº
13.146, de 2015)
Art. 1.519. A denegação do consentimento, quando injusta,
pode ser suprida pelo juiz.
Dessa forma, completando 16 (dezesseis) anos é possível
realizar o casamento civil.

Ah doutora, mas não existe na lei uma previsão de que


poderei casar mesmo tendo menos de 16 anos, se
estiver grávida?
Pois bem, o art. 1.520 do Código Civil traz essa previsão, porém
para não ser punido alguém que cometeu crime sexual contra
menor ou em caso de gravidez. "Art. 1.520. Excepcionalmente,
será permitido o casamento de quem ainda não alcançou a
idade núbil (art. 1517), para evitar imposição ou cumprimento
de pena criminal ou em caso de gravidez". O artigo continua lá
na lei, mas sem uso atualmente.
O que se discute é, para o casamento é necessário a capacidade,
e o código civil prevê que a capacidade da pessoa é relativa a
partir dos 16 e absoluta a partir dos 18 anos de idade. Dessa
forma, ter menos de 16 anos e estar grávida não lhe daria
capacidade para os atos da vida civil.
Além disso, a ideia do artigo revogado tacitamente, era devido
aos costumes da época, vez que a mulher não poderia ficar
grávida e solteira, e isso veio para para o Código Civil de
2002 na letra da lei. Porém, o referido artigo não é aplicado
mais, e continua não sendo possível o casamento para quem
possui menos que 16 anos.

Senado aprova proibição de


casamento de menores de 16
anos
Carlos Penna Brescianini | 19/02/2019, 18h04

Senadores pelo Maranhão, Eliziane Gama e Roberto Rocha (ao seu lado, sentado)
testemunharam que são comuns os casos de adolescentes que se casam, o que
geralmente prejudica a vida escolar

Geraldo Magela/Agência Senado

Saiba mais

 Casamento para menor de 16 anos é proibido em projeto aprovado no Senado


 Senado aprova proibição de casamento de menores de 16 anos

00:00

 Vai ao Plenário com urgência projeto que proíbe casamento de menores de 16 anos
Proposições legislativas

 PLC 56/2018

O Senado aprovou nesta terça-feira (19) o projeto que proíbe o casamento de


menores de 16 anos (PLC 56/2018). A proposta, da autoria da ex-deputada Laura
Carneiro, já havia sido aprovada pela Câmara em 2018 e seguirá para sanção
presidencial. O projeto mantém a exceção, que já consta do Código Civil (Lei
10.406, de 2002), pela qual pais ou responsáveis de jovens com 16 e 17 anos
podem autorizar a união.

A senadora Eliziane Gama (PPS-MA) explicou que milhares de moços e moças se


casam ainda jovens, em idade escolar, e param de estudar, principalmente as
mulheres.

— O Brasil é o quarto país do mundo em casamentos infantis. Os dados mostram


que 877 mil mulheres brasileiras se casaram até os 15 anos de idade nos últimos
anos. Os dados apresentados mostram que essas jovens, que se casam tão cedo,
engravidam cedo e não mais estudam.

O senador Roberto Rocha (PSDB-MA) lembrou que em regiões do Norte e do


Nordeste não é raro o casamento ou a união de jovens menores de 16 anos.

— Uma criança, um jovem de 15 anos não pode beber, não pode dirigir, não pode
votar. Então, é lógico que também não possa se casar.

A senadora Simone Tebet (MDB-MS) lembrou que está mantida a única exceção do
Código Civil, somente para jovens de 16 e 17 anos.

— Embora esse novo projeto proíba em qualquer caso casamento de jovens


menores de 16 anos, ele faz a ressalva já existente no Código Civil, artigo 1.517,
que permite excepcionalmente apenas quando o homem e a mulher tenham 16
anos, desde que haja autorização de ambos os pais ou seus representantes
legais. Isso vai ao encontro da determinação da ONU [Organização das Nações
Unidas]. A partir de agora, a regra é que meninos e meninas, jovens com até 16
anos não possam se casar. Em atingindo a idade de 16 anos, apenas com
autorização de ambos os pais — afirmou Tebet

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)


ro sinal de avanço civilizatório vindo de
Brasília, o entendimento valoriza a
autonomia das mulheres. O Congresso
não gostou
CRISTIANE SEGATTO
30/11/2016 - 20h23 - Atualizado 30/11/2016 21h10

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Assine já!

O ministro Luís Roberto Barroso em sessão do STF (Foto: Fellipe Sampaio/SCO/STF )

A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de que o aborto até o terceiro mês
de gravidez não é crime é um raro sinal de avanço civilizatório vindo de Brasília.
Basta lembrar que, há apenas um ano, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) era o presidente
da Câmara dos Deputados. É de autoria dele uma das mais bizarras tentativas de
aumentar a dor e a humilhação das vítimas de violência sexual: o Projeto de Lei
5.069, que chegou a ser aprovado na Comissão de Constituição e Justiça.

Cunha tentou confiscar o direito legal de realizar um aborto seguro em casos de


estupro, sem precisar de boletim de ocorrência ou da realização de exame do corpo
de delito. Não é preciso ser mulher para imaginar o que seja entrar em uma
delegacia e denunciar alguém da própria família ou do crime organizado.

Quem teve de entrar na delegacia e lá ficar foi Cunha, preso em decorrência das
investigações da Lava Jato. Doze meses depois da aprovação de seu projeto de
punição das vítimas da ausência do Estado, a esperança de dias melhores vem do
STF.

>> O triunfo da informação -- ainda que tardia

Não se trata ainda da descriminalização do aborto porque o entendimento dos


ministros se refere a um caso específico: um habeas corpus que revogou a prisão
preventiva de cinco pessoas que trabalhavam numa clínica clandestina de aborto
na cidade fluminense de Duque de Caxias. Nenhuma mulher que praticou aborto
na clínica foi denunciada. O mérito desse caso continuará a ser julgado na Justiça
do Rio de Janeiro.

A manifestação do STF valoriza a autonomia das mulheres. A decisão não precisa


ser seguida por outros magistrados, mas poderá ser usada como argumento por
juízes em situações que envolvam aborto até o terceiro mês de gestação.
Segundo o ministro Luís Roberto Barroso, os artigos do Código Penal que
criminalizam o aborto no primeiro trimestre de gestação violam direitos
fundamentais da mulher, como o direito à autonomia, à integridade física e
psíquica, a seus direitos sexuais e reprodutivos e à igualdade de gênero.

>> Mais colunas de Cristiane Segatto

“Na medida em que é a mulher que suporta o ônus integral da gravidez, e que o
homem não engravida, somente haverá igualdade plena se a ela for reconhecido o
direito de decidir acerca da sua manutenção ou não”, escreveu o ministro sobre o
direito à igualdade de gênero.
Países democráticos e desenvolvidos, como os Estados Unidos, a Alemanha, o
Canadá e a França, não criminalizam o aborto no início da gestação. Barroso
afirmou que esse entendimento não tem como objetivo disseminar a interrupção
da gravidez -- e sim tornar o procedimento raro e seguro, mediante a oferta de
educação sexual e distribuição de contraceptivos.

>> Petra Costa: "Temos uma tolerância doentia com a falta de respeito às
mulheres"

A reação do Congresso, um dos mais conservadores dos últimos tempos, foi


imediata. O presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), anunciou a criação de
uma comissão para discutir a inclusão de uma regra clara sobre aborto na
Constituição.

Se os deputados pretendem evitar abortos, deveriam se unir aos cidadãos que


defendem a legalização em qualquer circunstância. A crença de que leis mais
restritivas reduzem o número de abortos não tem amparo nas evidências
científicas, como explica o professor Anibal Faúndes, da Universidade Estadual
de Campinas (Unicamp) e coordenador do Grupo de Trabalho de Prevenção ao
Aborto Inseguro da Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia.

A taxa de abortos é mais baixa em países liberais, como demonstrou um estudo


publicado na revista britânica The Lancet, em 2012. Nos países onde a prática é
legal, ocorrem, em média, 19 abortos a cada 1.000 mulheres de 15 a 44 anos. Nos
mais restritivos, o índice é de 33 a cada 1.000.

Em vez de aumentar o número de abortos, a legalização levou à redução das taxas


na França, na Itália, em Portugal e em outras nações europeias, asiáticas e
africanas. O mesmo fenômeno já é observado no Uruguai, onde o aborto foi
legalizado há três anos – caso único na América Latina.

>> A Primavera das mulheres

No próximo dia 7, está previsto o julgamento no plenário do STF sobre a


possibilidade de aborto em casos em que a mulher for infectada pelo vírus zika.
Com ou sem lei, as mulheres interrompem gestações indesejadas. Quando o aborto
é legalizado, a facilidade de acesso a serviços de saúde permite que as pacientes
sejam educadas corretamente sobre os métodos contraceptivos e recebam esses
recursos gratuitamente. É o que faz a diferença, porque, em metade dos casos, não
é a primeira vez que a mulher aborta.

Quando a experiência deixa de ser clandestina, o trabalho dos profissionais de


saúde reduz esses abortos de repetição. A ilegalidade apenas alimenta o mercado
de soluções abortivas que produzem sofrimento e morte. Esse é um dos mais
graves problemas da saúde pública brasileira. É nessa esfera – com mais
informação e menos preconceito – que ele deve ser discutido.

>> Cobertura especial: #PrimaveradasMulheres

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Pergunto á todos : se por acaso uma mulher, moça de suas famílias forem
estupradas por um bandido o que fariam ? Mesmo assim são contra o aborto ?

5134

o
Alisson Sousa
HÁ 2 ANOS

sim

1442

André Figueredo
HÁ 2 ANOS

Supremo acha que é Deus temos que corta as asinhas dessa turma

4534

André Clayton
HÁ 2 ANOS

Temos de pedir o impeachment desses ministros ridículos que acham que podem
ficar acima da Constituição, eles sequer foram eleitos, chegaram lá pelos
conchavos de Gabinete, estamos numa ditadura nojenta e nem nos damos conta.

2918

Michel
HÁ 2 ANOS

Significa que, para o STF que aí está, nós não precisamos de representantes eleitos
pelo povo em um Congre.sso para fazer leis. Para esse STF eles próprios podem
decidir o que quiserem, mesmo sem terem recebido qualquer voto, e pronto. É a
ditad.ura do Judiciário.

4318
o

André Clayton
HÁ 2 ANOS

A sociedade devia se organizar e pedir o impeachment desses ministros do STF,


eles estão atropelando o texto da Constituição que deveriam proteger. A
Constituição diz que a vida é um direito inviolável, mas em nome da agenda
feminista esses ministros estão liquidando a inviolabilidade da vida, esses
ministros são inconstitucionais, eles precisam ser afastados da Suprema Corte.

2913

Magno Dias
HÁ 2 ANOS

Desde quando assassinato e "avanço civilizatório"? voltamos a idade média, isto


sim, quando matar inocente era amparado por lei. Parece que a imparcialidade da
informação é somente para os verdadeiros jornalistas.

8952

VER MAIS 3 COMENTÁRIOS

Samuel Barros
HÁ 2 ANOS

O MINISTRO BARROSO FALA DO DIREITO DO ESTADO,DO CIDADÃO


,DO DIREITO A RELIGIÃO ,DO DIREITO DA MULHER,SO ESQUECEU DA
CRIANÇA,QUE POR DIREITO DE ACORDO COM A CONSTITUIÇÃO TEM
O DIREITO A VIDA,,,,,,,,,,,

5318
o

Francisco Penin
HÁ 2 ANOS

Aborto é crime, agravado por ser cometido contra um ser indefeso. É pura
covardia. Mas, a justiça divina não falha. É só aguardar...

3818

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Aborto e casamento gay: as vezes


em que o STF 'legislou'
Corte deve julgar no dia 13 criminalização da
homofobia; temas como união homoafetiva e porte
de maconha já foram pautados pelos ministros

Tulio Kruse e Carla Bridi
12 FEV2019
09h10
atualizado às 09h30





 4
 COMENTÁRIOS

OSupremo Tribunal Federal (STF) deve julgar nesta quarta-feira, 13, a


possibilidade de criminalização da homofobia. O plenário analisará duas ações sobre o
tema, com as relatorias dos ministros Celso de Mello e Edson Fachin. Os autores pedem
que casos de violência e discriminação por orientação sexual e identidade de gênero
sejam incluídos na lei que trata dos crimes relacionados a preconceito por raça, cor,
etnia, religião ou procedência nacional.

SAIBA MAIS

STF se antecipa a Congresso e julga pautas de costumes
Plenário do Supremto Tribunal Federal (STF) 04/04/2018
REUTERS/Adriano Machado
Foto: Adriano Machado / Reuters

A questão seria julgada no ano passado pelo plenário da Corte, mas teve a análise
adiada. Tanto a Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transgêneros (ABGLT)
quanto o Partido Popular Socialista (PPS), que protocolaram as ações, alegam que o
Congresso foi omisso ao não legislar sobre a matéria.

Em manifestação enviada em dezembro ao STF, o Senado informou que há um projeto


de lei de 2017 que trata do tema. O projeto propõe a alteração do Código Penal para
punir discriminação ou preconceito por orientação sexual ou identidade de gênero.

Os advogados do Senado defendem que a questão seja analisada na votação do PL —


atualmente em análise na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania —, e não pelo
STF. A petição ainda cita recente declaração do presidente do tribunal, ministro Dias
Toffoli, de que "é hora de o Judiciário se recolher a seu papel tradicional".

A Corte já foi alvo de críticas em outros momentos em que decidiu sobre pautas de
costumes no País, acusada de "ativismo judicial". Confira outros julgamentos do STF
sobre temas comportamentais:

Aborto
A discussão do aborto no STF começa em abril de 2012, quando foi julgada procedente
a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 54, que solicitava a
possibilidade de interrupção da gravidez em casos de fetos anencéfalos. O documento
foi protocolado em 2004.

Essa foi a única alteração que engloba casos de aborto legal. No Brasil, desde a
publicação do Código Penal de 1940, ainda vigente, o aborto é permitido em casos de
risco de morte à mulher ou estupro. Dentro destas condições, é possível abortar até a
20a semana de gestação, em hospitais públicos ou particulares que disponibilizem o
serviço.

As mulheres que provocam um aborto em si mesmas ou que recorrem a um profissional


da saúde para fazê-lo sem se encaixarem nestas condições estão sujeitas a detenção, de
um a três anos. O crime prescreve após oito anos. O médico que aborta, com o
consentimento da gestante, está sujeito a reclusão de um a quatro anos. A penalidade
aumenta em um terço quando a mulher sofre lesões graves e é duplicada em casos de
morte.

Para alterar esse cenário, tramita atualmente a ADPF 442, protocolada pelo PSOL e
redigida pelo Instituto Anis, sob a relatoria da ministra Rosa Weber no Supremo. O
texto solicita a descriminalização do aborto induzido até a 12 semana de gestação.
Audiências públicas ocorreram em agosto do ano passado para discutir o tema, que
desde então não retornou à pauta do STF.

Protocolada em agosto de 2016 e ainda aguardando julgamento, a Ação Direta de


Inconstitucionalidade (ADI) 5581 solicita a legalização do aborto em gestantes
diagnosticadas com o zika vírus. O pedido foi feito no contexto de epidemia do zika,
posteriormente apontado como a causa do nascimento de bebês com microcefalia. Em
dezembro do ano passado, a discussão da pauta foi incluída no calendário de julgamento
para o mês de maio deste ano.

União homoafetiva
Em 5 de maio de 2011, o STF julgou a ADI 4277, ajuizada pela Procuradoria Geral da
República, e a ADPF 132, do Governo do Rio de Janeiro, quando reconheceu a união
estável entre casais do mesmo sexo. O pedido foi feito com o princípio de alterar o
artigo do Código Civil brasileiro que constava que "é reconhecida como entidade
familiar a união estável entre homem e mulher". Apesar de não proibir a união
homoafetiva, esta entretanto não era contemplada no documento. Uma lei de 2009
excluiu o artigo do texto.

Em 2013, o Conselho Nacional de Justiça colocou em vigor resolução que obriga


cartórios em todo o País a realizar casamentos com casais do mesmo sexo. Em
dezembro do ano passado, a Unesco classificou como patrimônio documental da
humanidade no Registro Nacional do Brasil.

Por enquanto, não existe a possibilidade de alteração de decisões que permitiram a


união e casamento de casais homoafetivos. Apesar disso, o presidente Jair Bolsonaro,
quando ainda era candidato, assinou um termo de compromisso no qual se promete
promover "o verdadeiro sentido do Matrimônio, como união entre homem e mulher", o
que teria sido motivo de receio de alguns setores da sociedade.

Registro civil para transgêneros


Desde maio do ano passado, é permitido alterar nome e gênero no registro civil sem a
realização de cirurgia para mudança de sexo. De acordo com a decisão, por maioria dos
ministros do STF, não é necessária decisão judicial nem laudos médicos e psicológicos
para que a mudança seja efetivada. A exigência de autorização e laudo era uma proposta
do relator da ação, ministro Marco Aurélio Mello.

Quanto à necessidade de exigir decisão judicial autorizando a mudança, foram


derrotados os ministros Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski,
que acompanharam o relator.

Multiparentalidade
Em setembro de 2016, o STF reconheceu a possibilidade de se registrar dupla
paternidade para uma mesma pessoa: a do pai biológico e do pai socioafetivo. A ação
teve relatoria do ministro Luiz Fux.

O caso em questão era o de uma mulher que descobriu, na adolescência, que não era
filha biológica do homem que aparecia como seu pai na certidão de nascimento. O pai
biológico só soube da existência dessa filha - que foi criada pelo pai socioafetivo - após
ela entrar na Justiça solicitando que constasse o seu nome no registro, e também que ele
pagasse pensão alimentícia. O advogado do pai biológico recorreu da ação, alegando
que o pai socioafetivo deveria continuar a assumir as finanças da filha.

O Supremo decidiu que a existência de paternidade socioafetiva não exime o pai


biológico de suas responsabilidades. Segundo Fux, não há impedimento para que as
duas formas de paternidade sejam reconhecidas simultaneamente, desde que isso seja do
interesse do filho.

Porte de maconha
O julgamento que trata da descriminalização do porte de maconha para uso pessoal está
paralisado no STF, à espera da retomada do tema no plenário. Os ministros Gilmar
Mendes, Edson Fachin e Luís Roberto Barroso já votaram a favor de descriminalizar o
porte da droga.

O julgamento sobre o tema foi interrompido em setembro de 2015, quando o então


ministro Teori Zavascki pediu mais tempo para analisar o caso. Depois da morte de
Teori, em um acidente aéreo, o ministro Alexandre de Moraes "herdou" a vista e liberou
o processo para julgamento em novembro do ano passado.

Hoje, quem compra, guarda ou traz drogas consigo para consumo pessoal está sujeito a
penas com advertência, prestação de serviços à comunidade e medidas educativas. Já
quem comercializa entorpecentes pode ser condenado a penas de 5 a 15 anos de prisão,
por tráfico de drogas.

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