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PPGD – Turma 14 – Conceitos Jurídicos Fundamentais – Professor Marcos Bernardes de Mello

digam que ele era prolixo, ele conseguiu


Programa de Pós-Graduação em Di-
simplificar bastante os doutrinadores que
reito (PPGD)
o antecederam. Sua teoria é bastante pre-
Conceitos Jurídicos Fundamentais
cisa e revolucionou bastante a interpreta-
Professor Marcos Bernardes de Mello ção e análise do direito.

(Telefone: 99982-2444; e-mail: O Professor Marcos Mello se au-


mbmello@uol.com.br) tointitula Pontiano. Ele se posiciona

19.02.2019 nessa orientação acadêmica por entender


ser a mais coesa. Afirma que ainda não
A aula teve início com uma ex-
encontrou qualquer problema que não
planação do Professor Marcos Mello so-
seja possível de se resolver com a teoria
bre o prazer imenso de estar ministrando
de Pontes; e foi além, desafiou-nos a
as aulas no Curso de Mestrado.
apresentar qualquer caso concreto que
Foi ressaltada a importância que seja resolvido com a teoria de Kelsen.
o Curso de Mestrado tem no âmbito aca-
Nessa oportunidade, reforçou a
dêmico, no que diz respeito ao aprofun-
importância da história. Guedes de Mi-
damento dos temas, problemáticas e dis-
randa foi um ídolo, um verdadeiro ícone
cussões jurídicas.
de Alagoas. Seus discursos eram brilhan-
Contudo, advertiu-se que a parti- tes, dizia que “o Direito Subjetivo é
cipação do mestrando é fundamental. As como as palmas do coqueiro, numa noite
aulas meramente expositivas têm um de luar, balançando ao vento: a gente ad-
percentual de aproveitamento muito mira, mas não define” (inclusive, fez
baixo. Somente com a interação, refle- uma crítica ao CAGM – Centro Acadê-
xão e perguntas é possível absorver o mico Guedes de Miranda –, que deveria
conteúdo. se chamar Diretório Acadêmico em ra-
Por mais que digam o contrário, zão das origens francesas de revolução e
o direito não é complicado. Na verdade, transformação do mundo).
o direito é bastante simples. Basta com- Assim, fez um pedido à turma:
preender a sai sistemática e replicá-la nos que não tivéssemos receio de inquiri-lo,
problemas que forem apresentados no de questioná-lo, de contrariá-lo. A sua fi-
cotidiano. losofia de vida é pautada pelo diálogo,
Pontes de Miranda foi um dos pela discussão, pela troca, pelo conheci-
grandes ícones do direito. Não obstante mento e pela construção. E assim se

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descreveu com seus 83 anos; com pas- explica totalmente um fenômeno, sem
sado de Chicungunha em 19 de maio de deixar brechas.
2016, o que lhe fez passar por um perí- Foi isso o que fez Pontes de Mi-
odo de grandes dores; com nódulo no randa. Ele buscou nas bases francesas,
pulmão, que depois da Chicungunha alemãs, italianas e construiu uma teoria
cresceu de 3 mm a 5 cm; que esse pro- completa. Apesar disso, ele não se des-
blema ainda repercute nos dias de hoje, creve como criador de uma Teoria Geral
pelo risco de desenvolvimento de câncer do Direito.
e diante das suas limitações a cirurgia;
E esse é o mal do brasileiro, que
aposentado compulsoriamente, que se
critica sem conhecimento. Fala sem ler.
sente em débito com o povo alagoano e
Diz pelos olhos.
com o governo, pois estudou de graça e
nunca pagou sequer uma taxa pela sua O Professor Marcos Mello rela-
formação acadêmica; gosta de brincar tou que seu pai era um grande estudioso.
bastante intelectualmente; e aprecia pes- Às cinco horas da manhã todos os dias,
soas autênticas, verdadeiras, que falam o lia seus livros e depois tomava seu banho
que pensam para construir e destruir. gelado. Um dia ele chegou em casa com
um libro debaixo do braço e disse: “Mar-
A Teoria Geral do Direito prima
cos, estou lendo um livro; e, ou esse cara
pelas premissas, pela essência, pelo corte
é um gênio, ou é uma verdadeira pulha”.
metodológico, a partir do qual se estabe-
lece as bases do direito. As categorias Daí o Professor Marcos Mello
fundamentais do direito exigem um corte teve o seu primeiro contato com Pontes
metodológico para se encontrar o que é de Miranda em 1954. No começo, relata
fundamental no direito e como se pode que teve dificuldades em razão da lin-
entender o direito, sem dúvidas. Uma Te- guagem de Pontes (que não utiliza notas
oria Geral do Direito cientificamente ela- de rodapé e muitas vezes torna confusa a
borada deve explicar o direito de forma leitura, dificultando o entendimento so-
que não deixe coisa alguma sem explica- bre o que é depoimento dele ou de al-
ção. Não se admite que haja exceções, guma referência). Confessa que se apai-
pois isso significa que não foi encontrada xonou por Pontes, em razão da sua pre-
a explicação, que a explicação foi insufi- cisão, da sua coerência e da sua simplici-
ciente. Só há explicação quando se dade (a paixão foi tanta que escreveu os
três livros da Teoria do Fato Jurídico, ex-
plicando Pontes de uma maneira ainda
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mais simplificada – com a observação de páginas, escritas em menos de uma se-


que Pontes nunca falou de Teoria do Fato mana). Pontes de Miranda dava um tra-
Jurídico, falou de Fato Jurídico, mas não tamento matemático ao direito, a exem-
de Teoria do Fato Jurídico). plo do Tratado das Ações (que ele quali-
fica como a principal obra dele, mais do
Quando o Professor Marcos
que a do Tratado de Direito Privado). Ele
Mello começou a ministrar suas aulas,
não era um sábio, era um verdadeiro gê-
encontrou muita resistência aqui mesmo
nio (publicou 252 volumes, só o Tratado
na UFAL. O Tratado de Pontes de Mi-
de Direito Privado tinha quase 60 volu-
randa foi uma grande revolução, muitos
mes).
o reconheciam como tal, mas ninguém o
lia, diziam que utilizavam os livros ape- O cerne da nossa disciplina é a
nas para citação, o que acabava prolife- Teoria de Pontes de Miranda. Isso não
rando diversas interpretações equivoca- quer dizer que precisamos seguir a Teo-
das (diziam que era uma obra para ser ci- ria de Pontes de Miranda. Podermos se-
tada, não para ser estudada). Inclusive, o guir outra teoria, desde que haja funda-
Professor chegou a ser desafiado muitas mento e possamos explicar o direito com
vezes para desmistificar Pontes de Mi- coerência.
randa (tinha um Professor que extraia
Pontes de Miranda traduziu o su-
frases do Tratado de Pontes de Miranda porte de fato como suporte fático. Muitos
e chamava o Professor Marcos Mello falam a mesma coisa com outro nome,
para explicar e justificar sua veracidade). base de cálculo e tantos outros. Suporte
Pontes de Miranda dizia que Rui fático é a descrição do fato jurídico, do
Barbosa não era jurista, mas sim um bri- suporte legal onde vai haver incidência.
lhante advogado. Dizia ainda que Clóvis O Professor explicou que a forma
Bevilaqua era bastante seletivo na dou- de avaliação da disciplina é por artigo,
trina, que não tinha capacidade para apesar de não simpatizar com essa forma
fazê-lo. E aconteceu de Pontes de Mi- de avaliação. Chegou a relatar que houve
randa ter sido comparado justamente turmas em que os alunos tiveram de re-
com esses dois que ele tanto criticava. petir o artigo cinco vezes, em outras ape-
O Professor Marcos Mello relata nas quatro alunos tiveram uma produção
que esteve com Pontes de Miranda duas satisfatória. Por exigência do curso, é um
vezes, uma delas para solicitar um pare- artigo, com no máximo 15 páginas, espa-
cer (que por sinal tinha mais de cem çamento 1,5 e fonte Times New Roman

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(como ele não segue ABNT, ele também para nos conduzir aonde ela quer. Somos
não exige isso de ninguém). o produto do querer da sociedade. Nin-
guém se cria, nem se forma por si mesmo
A primeira unidade do Plano do
(por isso Raul Seixas dizia que nasceu há
Curso é o Fenômeno Jurídico, normas
dez mil anos atrás, refletindo o produto
sociais, normas jurídicas, conceitos jurí-
do meio, reproduzindo exigências huma-
dicos fundamentais. A visão Pontiana do
nas ancestrais).
Direito é uma visão sociológica, não ju-
rídica. Para cada aspecto do direito, ele Na verdade, a civilização não cria
deu o tratamento conforme sua ciência coisas novas. A civilização apenas sofis-
específica. tica coisas velhas. As necessidades são
as mesmas, os padrões é que são sofisti-
Apesar de ser lógico, de ter a lo-
cados.
gicidade como característica, o direito é
uma realidade social, é um instrumento O ser humano é produto dessa
da sociedade, não é um instrumento do adaptação. O que adapta a gente: reli-
homem. Quem precisa do direito é a so- gião; política; estado; dentre tantos ou-
ciedade, o homem em si não precisa do tros. O direito é pura ideologia, sempre
direito. O direito surgiu quando o pri- foi - ele não é neutral, como dizia Kelsen.
meiro homem das cavernas disse “isso é Os principais processos de
meu”, utilizando-se pela primeira vez de adaptação social são oito: 1) a moral; 2)
um pronome possessivo. a religião; 3) a ciência; 4) as artes; 5) a
Quando o homem nasce, ele é to- moda; 6) a etiqueta; 7) a economia; e 8)
talmente inadaptável à vida social. Ele o direito. A gente se adapta através de to-
não sabe falar, não sabe comer, não sabe dos esses processos. Os sete primeiros
andar. Ele não nasce autônomo, tudo ele são todos facultativos; agora o último
aprende. Ele é um produto da vida social. processo não é facultativo, é o único
Ele é egoísta por natureza, quer sempre obrigatório: o direito.
fazer prevalecer seu interesse perante os A obrigatoriedade do direito tem
outros. Isso não é nada demais, o pro- uma origem. Para Kelsen, sua origem é a
blema é o excesso. norma fundamental (o que para o Profes-
Essa natureza humana precisa ser sor Marcos Mello é uma mera invenção,
adaptada. A sociedade se utiliza dos cha- uma verdadeira arbitrariedade). Na ver-
mados processos de adaptação social. dade, o direito é uma necessidade social.
São os instrumentos que a sociedade tem
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No sentido Kantiano, o direito é Esse é um conceito não necessa-


um a priori, aquilo que não se precisa riamente ligado à corrente jusnaturalista.
provar, conhece-se, sabe-se que existe, É um conceito sociológico. O direito na-
mas não precisa provar, está na natureza. tural gera princípios que servem aos or-
O direito é um processo de adaptação so- denamentos jurídicos, há princípios que
cial. A sociedade precisa dele para haver derivam necessariamente do direito na-
uma convivência pacífica em razão do tural.
egoísmo humano. O princípio é norma. Como tal, o
Por essas razões, o direito não é princípio decorrente do direito natural é
um conjunto de normas. Um conjunto de algo que deve prevalecer. Para o positi-
normas são todos os processos de adap- vismo, o direito é todo aquele que o Po-
tação. O direito é uma necessidade so- der ditar (não interessava a moral, valo-
cial, é um ente social, que existe no res, nem nada, cumpre-se o direito posto,
mundo social para regular as condutas. o que foi objeto do julgamento de Nu-
remberg, sob o ideal Kelseniano); para o
Em razão disso, o direito é total-
Professor Marcos Mello, o direito natural
mente diferente dos demais processos de
é principiológico, que instrui os ideais do
adaptação social. Por ser obrigatório, ele
pensamento positivista.
é diferente dos outros que são facultati-
vos. Kelsen não fala em processos de A ideia de Pontes de Miranda se
adaptação social, mas fala em sanção, de pauta em alguns conceitos fundamentais:
modo que ele não vê o que o bom, ele vê a) Mundo: é o conjunto de to-
o que é mal, de modo que o que preva- dos os fatos que já acontece-
lece nos processos de adaptação social é ram, que estão acontecendo e
a sanção (o dever prevalece ao direito, o que vão acontecer, é tudo o
direito seria secundário). que acontece, seja provocado
Organizações criminosas seriam pelo ser humano, seja provo-
exatamente contra a sociedade, não a fa- cado pela natureza; e
vor dela. Elas seriam antissociais, não b) Fato: ou é evento, quando é
sociais. Isso existe, mas não regra a soci- da natureza, mesmo que se
edade, pauta-se pelo terror com incidên- refira ao ser humano, como
cia em certas áreas mais vulneráveis (a nascimento e morte (é o fato
sociedade não aceita, submete-se pelo produzido pela natureza,
medo). mesmo que se refira ao

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homem); ou é conduta/ato, Tem-se uma obviedade: só os fa-


quando o homem age intenci- tos jurídicos produzem consequência ju-
onalmente, com vontade (é o rídica. Se não foi juridicizado, não tem
fato produzido pelo homem, consequência jurídica. Só é jurídico
com a observação de que não aquilo que a norma regula, seja essa
há que se falar que fato seja o norma qual for (por isso, juridicizado
evento descrito em lingua- não se confunde com legalizado).
gem competente). Os efeitos estão no plano da efi-
Há fatos que acontecem no cácia. A eficácia são as consequências
mundo que não interferem diretamente que o fato jurídico tem. Toda norma jurí-
na relação dos homens. Mas há fatos que dica define o fato jurídico e a eficácia
interferem diretamente nessas condutas, dele.
nessa inter-pessoalidade, criando possi- Há o fato jurídico e há o mundo
bilidades de divergência, desencadeando dos fatos não jurídicos. Isso tudo compõe
a necessidade de regulamentação dessas o mundo. Mas só se fala em eficácia ju-
condutas. Por isso, faz-se uma distinção rídica ou efeitos em relação àqueles jurí-
entre o mundo fático e o mundo jurídico. dicos.
Mundo fático é a soma de todos Observou-se ainda que Miguel
os fatos que já aconteceram, que estão Reali era um grande jurista. Watanabe
acontecendo e que irão acontecer. Nesse também era um grande jurista e era Pon-
mundo fático, há fatos irrelevantes e fa- tiano. Em meio a essas premissas, o di-
tos relevantes para o direito. Os irrele- reito está no mundo, mas ele é funda-
vantes não importam; os relevantes são mentalmente lógico, ele não é palpável,
os fatos jurídicos, que são aqueles consi- ele é uma realidade, que existe, mas não
derados relevantes e regulamentados por altera o fato social.
normas jurídicas.
O direito é lógico, o fato jurídico
Imagina-se um mundo com todos é uma atribuição, é uma imputação, é
os fatos, mas apenas alguns são carimba- uma qualidade, que não afeta em nada o
dos como jurídicos. Só esses fatos que físico do ser. Ser maior de idade, ser ca-
estão nessa categoria podem ter conse- sado, ser o que for, não altera nada fisi-
quências jurídicas. Os que não estão camente. Ele cria limitações e restrições
nessa categoria não têm relevância. à conduta humana, mas não altera o fí-
sico.
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Direito é Estado. Estado é poder. uma constituição liberal. O direito é cau-


E o poder é ideológico. datário desses processos de adaptação
social, ele vem sempre depois, nunca an-
O Direito não é neutral. O Estado
tes do fato, até porque ele não pode pre-
não é neutral. O Presidente da República
ver o futuro.
não é neutral, assim como a assembleia
não é neutral. O direito é lógico por isso, ele
não muda a realidade, está em uma área
O Estado intervém diretamente.
de valência. Não se deve usar a palavra
E o direito é para isso. Ele é ideológico.
validade, que na linguagem Pontiana sig-
Esse é um aspecto dogmático do
nifica defeito de fato jurídico. Deve-se
direito. Há também o aspecto socioló-
falar em valência para se referir à logici-
gico. Isso porque o direito é um processo
dade do fenômeno jurídico.
de adaptar as pessoas, razão pela qual
A referência de leitura inicial é o
muda o modo de ser de cada um, mas não
livro Teoria do Fato Jurídico, Plano da
o ser.
Existência.
A natureza das coisas é imutável
para o direito. O direito não pode alterar
a natureza das coisas. O direito muda o
comportamento, não a realidade física
das coisas.

O direito é comportamental, ele


adapta o comportamento, não o ser. O di-
reito regula, pode permitir ou não permi-
tir. O fato sempre está acontecendo, só
quando ele se torna relevante é que o di-
reito aparece.

O fato sempre vem antes do di-


reito. O direito nunca vem antes do fato.
Por sua vez, o direito só deve regular
quando há interferência intersubjetiva.

A fonte das normas jurídicas são


os processos de adaptação social. Não se
pode imaginar um país comunista com

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