AULA 04
Término do contrato de trabalho e aviso
prévio.
Sumário
1 - Considerações Iniciais ......................................................................... 2
2 - Término do contrato de trabalho ........................................................... 2
2.1. Dispensa sem justa causa ................................................................ 4
2.2. Pedido de demissão ......................................................................... 5
2.3. Dispensa com justa causa ................................................................ 6
2.4. Rescisão indireta ........................................................................... 19
2.5. Culpa recíproca ............................................................................. 24
2.6. Término de contratos a termo ......................................................... 25
2.7. Outras modalidades de extinção contratual ....................................... 27
3 - Aviso prévio ..................................................................................... 34
3.1. A proporcionalidade da Lei 12.506/11 .............................................. 44
4 - Procedimentos rescisórios .................................................................. 49
5 – Questões comentadas ....................................................................... 55
6 – Lista das Questões Comentadas ....................................................... 113
7 – Gabarito........................................................................................ 140
8 – Resumo da aula ............................................................................. 141
9 – Conclusão ..................................................................................... 143
10 – Lista de Legislação, Súmulas e OJ do TST relacionados à aula ............ 144
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9.610/98, que altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências.
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1 - Considerações Iniciais
Oi amigos(s),
Vamos então iniciar mais uma aula do nosso curso de Direito do Trabalho para o
concurso do Tribunal Regional do Trabalho da 24ª região – Mato Grosso
do Sul.
Esta aula não é das menores, mas é absolutamente essencial para o concurso.
As bancas adoram este tema!
Portanto, vamos em frente, com atenção redobrada!
Vamos ao trabalho!
1 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Iniciação ao Direito do Trabalho. 37 ed. São Paulo: LTr, 2012, p. 393.
Modalidade da
Circunstância
extinção contratual
Findo o contrato de
experiência o empregador Término de
»» »»
decide que não irá efetivar contrato a termo
André
2DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 12 ed. São Paulo, 2013, p. 1190.
3O detalhamento dos assuntos férias, FGTS, Seguro-Desemprego (SD) e aviso-prévio terão lugar em tópicos
específicos deste curso, quando aplicáveis.
7 Idem, p. 410.
8 DELGADO, Mauricio Godinho. Op. cit., p. 1226-1230.
Diante de ação ou omissão que comporte demissão com justa causa, a aplicação
da penalidade pelo empregador deve ocorrer de maneira imediata, sob pena de
restar prejudicada a imediaticidade da punição.
Nem sempre a conduta grave praticada pelo obreiro será prontamente
identificada pelo empregador e, nestes casos, a imediaticidade deverá ser
analisada não da prática do ato, e sim do momento de seu conhecimento pela
empresa.
A singularidade da punição presta-se a evitar que o obreiro seja punido
duplamente pela mesma falta. Assim, o non bis in idem é requisito circunstancial
do correto exercício do poder disciplinar empresarial.
A ausência de discriminação significa que não se deve aplicar punição com viés
discriminatório.
Por fim, o caráter pedagógico do exercício do poder disciplinar é citado pela
doutrina como requisito circunstancial porque as penalidades devem servir como
instrumento de adaptação da conduta dos empregados às exigências de
comportamento no âmbito da relação de emprego.
Resumindo o que acabamos de aprender:
Presença de dolo
Gravidade da
ou culpa no ato Proporcionalidade
conduta
faltoso
Imediaticidade da punição
Ausência de discriminação
Singularidade da punição
9 RESENDE, Ricardo. Direito do Trabalho Esquematizado. Rio de Janeiro: Método, 2011, p. 634.
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10 Neste sentido, NASCIMENTO, Sônia Mascaro. Assédio Moral. 2 ed. – São Paulo: Saraiva, 2011, p. 116.
11 DELGADO, Mauricio Godinho. Op. cit., pág. 1232-1233.
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(...)
X - recebe dinheiro ou outra utilidade, ou aceita promessa de paga ou recompensa, para, faltando ao dever de
empregado, proporcionar vantagem a concorrente do empregador;
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Recusar-se,
injustificadamente, a utilizar
os equipamentos de proteção
Descumprimento
Indisciplina »» »» individual conforme definido
de ordens gerais
pelo empregador em ordem
de serviço emitida para todos
os empregados do setor.
Recusar-se a proceder à
entrega de mercadoria a um
Descumprimento cliente da empresa, estando
Insubordinação »» de ordens »» esta tarefa incluída em suas
individuais atribuições e contrariando as
determinações da chefia
imediata.
Valentin Carrion20 cita um exemplo que também permite visualizar esta diferença,
que por vezes é explorada em concursos:
“Indisciplina (h). Descumprimento de ordens gerais do empregador,
dirigidas impessoalmente ao quadro de empregados (ex.: proibição de
fumar em certos locais); insubordinação: desobediência da determinada
ordem pessoal endereçada a certo empregado ou a pequeno grupo (ex.:
executar alguma tarefa como lhe foi comunicado (...).”
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i) abandono de emprego;
O abandono de emprego pode ser caracterizado21 como “o decurso de um
período determinado de ausência ao serviço (elemento objetivo) e a intenção
manifesta do empregado em romper o contrato (elemento subjetivo)”.
Quanto ao elemento objetivo (decurso de prazo) a doutrina tem utilizado o lapso
temporal de 30 dias, com fundamento no artigo 472, § 1º da CLT e na Súmula
32 do TST:
CLT, art. 472, § 1º - Para que o empregado tenha direito a voltar a exercer
o cargo do qual se afastou em virtude de exigências do serviço militar ou
de encargo público, é indispensável que notifique o empregador dessa
intenção, por telegrama ou carta registrada, dentro do prazo máximo de
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ser estendida não só ao estabelecimento em si, mas também aos locais onde haja
poder empregatício.
Nesta alínea, porém, não há menção à necessidade da conduta ter sido praticada
em ambiente laboral. Deste modo, não importa o local onde foi praticada: a
conduta ofensiva física ou moralmente contra o empregador ou superiores,
independente de onde foi cometida, poderá ensejar a demissão por justa causa.
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24 Não entraremos em maiores detalhes sobre o uso (e falta) de EPI, pois este assunto se insere no escopo do
Curso de Segurança e Saúde no Trabalho p/ AFT, também de minha autoria no site Estratégia Concursos.
25 DELGADO, Mauricio Godinho. Op. cit., pág. 1241-1242.
Valentin Carrion26 também inclui, no rol de condutas obreiras que ensejam a justa
causa, a do grevista que pratica excessos, nos termos da Lei 7.883/8927:
Lei 7.889/96, art. 14 Constitui abuso do direito de greve a inobservância
das normas contidas na presente Lei, bem como a manutenção da
paralisação após a celebração de acordo, convenção ou decisão da Justiça
do Trabalho.
(...)
Lei 7.889/96, art. 15 A responsabilidade pelos atos praticados, ilícitos ou
crimes cometidos, no curso da greve, será apurada, conforme o caso,
segundo a legislação trabalhista, civil ou penal.
(...)
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Em relação aos bancários, existia previsão na CLT de demissão por justa causa
se este empregado fosse contumaz em não pagar suas dívidas:
CLT, art. 508 - Considera-se justa causa, para efeito de rescisão de contrato
de trabalho do empregado bancário, a falta contumaz de pagamento de
dívidas legalmente exigíveis.
No final de 2010 este artigo foi revogado pela Lei 12.347/10 (por isso coloquei
a redação do artigo tachada), então esta possibilidade não mais existe em nosso
ordenamento jurídico.
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O Ministro Godinho observa29 que o assédio moral também pode ser enquadrado
em outras alíneas deste mesmo artigo 483:
“(...) o chamado assédio moral, que consiste na exacerbação desarrazoada
e desproporcional do poder diretivo, fiscalizatório ou disciplinar pelo
empregador de modo a produzir injusta e intensa pressão sobre o
empregado, ferindo-lhe o respeito e a dignidade. Esta conduta pode se
enquadrar em distintas alíneas do art. 483 da CLT (“a”, “b”, “d” “e” e “f”),
embora se insira mais apropriadamente, de maneira geral, na regra
vedatória do rigor excessivo (alínea “b”).”
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Os atos lesivos da honra e boa fama – que podem atingir tanto o empregado
quanto pessoas de sua família - se relacionam à calúnia, difamação e injúria
(crimes contra a honra tipificados no Código Penal).
É de se destacar que o assédio sexual praticado pelo empregador contra o
empregado é enquadrado nesta alínea da CLT30 como motivadora da rescisão
indireta31.
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f) o empregador ou seus prepostos ofenderem-no fisicamente, salvo em
caso de legítima defesa, própria ou de outrem;
Nesta alínea trata-se de ofensas físicas, em complemento à alínea anterior, que
envolve ofensas morais.
Aqui também a ofensa pode ser cometida pelo empregador ou seus prepostos.
A exceção é feita nos casos de legítima defesa, que afasta a hipótese de
rescisão indireta.
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g) o empregador reduzir o seu trabalho, sendo este por peça ou tarefa,
de forma a afetar sensivelmente a importância dos salários.
Esta alínea se aplica nos casos em que o empregado receba salário variável (por
peça ou tarefa).
Podemos citar o exemplo de empregada que, recebendo por peça, costurava 500
peças de roupa por mês, e durante a prestação laboral o empregador reduziu de
forma permanente a encomenda para apenas 100 peças por mês. Esta medida
afeta sensivelmente a importância dos salários.
Pequenas flutuações de demanda não configuram o motivo de rescisão indireta
em estudo, conforme assevera o Ministro Godinho32:
“É claro que a infração somente ocorrerá se houver afetação negativa
importante na média salarial do trabalhador; oscilações de pequena monta
ou que ocorram entre as semanas de labor não configuram, regra geral, o
tipo jurídico em exame.”
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Verbas devidas na rescisão indireta
Lei 8.036/90, art. 18, § 2º Quando ocorrer despedida por culpa recíproca
ou força maior, reconhecida pela Justiça do Trabalho, o percentual de que
trata o § 1º [40%] será de 20 (vinte) por cento.
Em relação à culpa recíproca é importante também relembrar a disposição
constante da Súmula 14 do TST:
SUM-14 CULPA RECÍPROCA
Reconhecida a culpa recíproca na rescisão do contrato de trabalho (art.
48436 da CLT), o empregado tem direito a 50% (cinqüenta por cento) do
valor do aviso prévio, do décimo terceiro salário e das férias proporcionais.
Neste caso, autoriza-se o saque do FGTS, mas não há direito ao seguro-
desemprego.
36A Súmula faz remissão ao artigo 484 da CLT, que trata da antiga indenização por tempo de serviço que foi
substituída pelo regime do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
37O objetivo aqui é tratar da dispensa arbitrária; o conteúdo dos dispositivos transcritos será estudado nos
tópicos pertinentes do curso.
ADCT, art. 10, II - fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa:
(...)
a) do empregado eleito para cargo de direção de comissões internas de
prevenção de acidentes, (...).
b) da empregada gestante, (...).
CLT, art. 165 - Os titulares da representação dos empregados nas CIPA (s)
não poderão sofrer despedida arbitrária, entendendo-se como tal a que
não se fundar em motivo disciplinar, técnico, econômico ou financeiro.
Pois bem. Sobre o alcance da expressão dispensa arbitrária, por vezes ela é usada
como sinônimo de dispensa imotivada, onde também se inclui o conceito de
dispensa sem justa causa.
Vamos reler a lição sobre [des]motivação para a dispensa do empregado, de
autoria do Ministro Godinho38:
“Em primeiro lugar, há a despedida desmotivada, também conhecida como
dispensa arbitrária ou despedida sem justa causa. Aqui, reitere-se, a
expressão despedida desmotivada traduz a ideia de falta de um motivo
legalmente tipificado. Não se refere, é claro, à ausência de uma motivação
interna à empresa (que sempre há de existir); apenas significa ser
irrelevante para o Direito essa motivação, não necessitando ser explicitada:
trata-se, pois, da denúncia vazia do contrato. Em segundo lugar, existe a
despedida motivada mas sem justa causa operária. Também denomina-se
dispensa não arbitrária, embora sem culpa obreira. Não é muito relevante,
hoje, na prática justrabalhista do país (...). Em terceiro plano, há também
a despedida motivada por justa causa obreira, conhecida, simplesmente,
pela expressão dispensa por justa causa.”
» Motivada
Dispensa arbitrária
É dispensa que
possui motivo
Técnico,
» econômico ou » É uma dispensa não arbitrária,
financeiro mas sem justa causa (o empregado
Segue abaixo tabela compilada pelo Prof. Ricardo Resende43 para auxiliar na fixação e eventuais dúvidas:
vencidas
Saldo de
proporc.
Desemp
Seguro-
art. 479
art. 480
adicion.
proporc
simples
Indeniz
salário
prévio
Aviso-
Saque
Férias
Férias
Férias
Multa
Multa
Multa
Modalidade de extinção contratual
FGTS
FGTS
CLT
CLT
13º
Término do contrato por prazo determinado SIM SIM SIM SIM SIM SIM
Rescisão antecipada do contrato a termo 40%
SIM SIM SIM SIM SIM 44 SIM SIM SIM
(iniciativa do empregador)
Rescisão antecipada do contrato a termo
SIM SIM SIM SIM SIM PAGA
(iniciativa do empregado)
Rescisão antecipada do contrato a termo com
cláusula assecuratória (iniciativa do SIM SIM SIM SIM SIM SIM 40% SIM SIM SIM
empregador)
Rescisão antecipada do contrato a termo com CUMPRE
SIM SIM SIM SIM SIM
cláusula assecuratória (iniciativa do empregado) / PAGA
Rescisão antecipada do contrato a termo por
SIM SIM SIM SIM SIM 20% SIM SIM 50%
motivo de força maior
Rescisão antecipada do contrato a termo por 20%
SIM 50% SIM SIM 50% 1 SIM 50%
culpa recíproca
Rescisão antecipada do contrato a termo por
SIM SIM SIM
justa causa
CUMPRE
Pedido de demissão SIM SIM SIM SIM SIM
/ PAGA
SIM
Despedida sem justa causa SIM SIM SIM SIM SIM SIM 40% SIM SIM 45
43 RESENDE, Ricardo. Direito do Trabalho Esquematizado. Rio de Janeiro: Método, 2011, p. 683.
44
Decreto 99.684, art. 14
45
Devida se a dispensa imotivada ocorrer no trintídio que antecede a data-base (Lei 7.238, art. 9º)
46
Decreto 99.684, art. 9º, §1º
47
Lei 8.036, art. 18, §2º
48
Art. 483, §1º, CLT
49
Art. 483, §2º, CLT
50
Art. 485, CLT
3 - Aviso prévio
Como os contratos de trabalho, em geral, possuem prazo indeterminado, institui-
se o aviso prévio no Direito do Trabalho para que, quando uma das partes da
relação de emprego decidir encerrar o vínculo, a outra parte possa ter um tempo
razoável para adotar as medidas necessárias.
Caso a iniciativa da resilição contratual seja do empregador, o aviso prévio
permitirá ao empregado procurar novo emprego para seu sustento; caso seja do
empregado, permitirá ao empregador buscar novo trabalhador para ocupar o
posto que se tornará vago.
O termo aviso prévio, como ensina Amauri Mascaro Nascimento51, possui tríplice
dimensão, como podemos ler abaixo:
“Aviso-prévio quer dizer comunicação que a parte que quer rescindir o
contrato sem justa causa deve fazer à outra. Significa, também, o período
durante o qual, após essa comunicação, o empregado ainda ficará
trabalhando na empresa. Tem o sentido, finalmente, de pagamento em
dinheiro (...).”
Com base neste comando constitucional foi promulgada, no final de 2011, a Lei
12.506, que definiu a proporcionalidade do aviso prévio, nos seguintes termos:
Lei 12.506/11, art. 1º O aviso prévio, de que trata o Capítulo VI do Título
IV da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei
no 5.452, de 1º de maio de 1943, será concedido na proporção de 30
(trinta) dias aos empregados que contem até 1 (um) ano de serviço na
mesma empresa.
Parágrafo único. Ao aviso prévio previsto neste artigo serão acrescidos 3
(três) dias por ano de serviço prestado na mesma empresa, até o máximo
de 60 (sessenta) dias, perfazendo um total de até 90 (noventa) dias.
Sobre o assunto, frise-se que a Lei 12.506/11 não se aplica a rescisões ocorridas
anteriormente à sua vigência; este é o sentido da seguinte Súmula do TST, com
redação de setembro de 2012:
Deste modo, podemos concluir que, de acordo com a CF/88 e Lei 12.506/11, o
aviso prévio é de no mínimo 30 dias e no máximo 90 dias.
Assim, precisamos ficar atentos quanto a uma previsão celetista (art. 487, inciso
I) que é incompatível com a atual Constituição (coloquei o texto tachado):
CLT, art. 487 - Não havendo prazo estipulado, a parte que, sem justo
motivo, quiser rescindir o contrato deverá avisar a outra da sua resolução
com a antecedência mínima de:
I - oito dias, se o pagamento for efetuado por semana ou tempo inferior;
II - trinta dias aos que perceberem por quinzena ou mês, ou que tenham
mais de 12 (doze) meses de serviço na empresa.
Esta hipótese prevista no inciso I (de oito dias de aviso), portanto, não foi
recepcionada pela atual Constituição Federal.
O aviso prévio, portanto, deve ser concedido pela parte (empregador ou
empregado) que, sem justo motivo, quiser rescindir o contrato de trabalho.
Se a iniciativa é do empregador (dispensa sem justa causa), o aviso prévio é um
direito do empregado. Se a iniciativa é do empregado (pedido de demissão), o
aviso prévio passa a ser um dever deste.
Aprenderemos neste tópico as hipóteses de cabimento (ou não) do aviso prévio,
e para termos uma noção geral da aplicabilidade deste instituto montei o quadro-
resumo abaixo:
Rescisão
indireta
Extinção da
empresa
Situações
específicas
Morte do
empregador
pessoa física
Somente quando
Contratos a contiverem cláusula
prazo assecuratória do
determinado direito recíproco de
rescisão antecipada
--------------------
Em regra, o aviso prévio é aplicável nos contratos por prazo indeterminado.
Sob a óptica do empregado, para que o aviso cumpra os seus fins (buscar novo
emprego) deverá haver uma redução do labor prestado durante os 30 dias, de 2
formas: redução da jornada diária ou falta justificada de 7 dias corridos:
E o que acontece se uma das partes decide encerrar o vínculo sem avisar a outra
no prazo definido pela legislação?
Nestes casos haverá a indenização do aviso prévio:
CLT, art. 487, § 1º - A falta do aviso prévio por parte do empregador dá ao
empregado o direito aos salários correspondentes ao prazo do aviso,
garantida sempre a integração desse período no seu tempo de serviço.
Assim, temos aviso-prévio trabalhado e aviso-prévio indenizado.
Não comunica o
empregador e/ou não Comunica o empregador e solicita não cumprir
aceita trabalhar no o aviso prévio
período de aviso
O empregador aceita o
O empregador pode pedido de dispensa do O empregador não
descontar o valor do aviso aviso e libera o aceita o pedido de
não cumprido empregado de seu dispensa do aviso
cumprimento
--------------------
Feitas as considerações, segue novamente o quadro com as principais hipóteses
de cabimento do aviso prévio, para termos uma visão ampla sobre o assunto:
Demissão sem
justa causa
Aplicabilidade Contratos a
Regra
do aviso prazo
geral
prévio indeterminado
Pedido de demissão
Rescisão
indireta
Extinção da
empresa
Situações
específicas
Morte do
empregador
pessoa física
Somente quando
contiverem
Contratos a
cláusula
prazo
assecuratória do
determinado
direito recíproco de
rescisão antecipada
Sendo o aviso prévio trabalho concedido pelo empregador, é possível que durante
o cumprimento do aviso haja conduta grave praticada pelo empregador ou seus
prepostos.
Nestes casos, a CLT prevê que o empregador poderá arcar com a indenização do
aviso:
CLT, art. 490 - O empregador que, durante o prazo do aviso prévio dado
ao empregado, praticar ato que justifique a rescisão imediata do contrato,
sujeita-se ao pagamento da remuneração correspondente ao prazo do
referido aviso, sem prejuízo da indenização que for devida.
Por outro lado, caso o empregado é que cometa falta grave durante o
cumprimento do aviso, este estará sujeito a perder o período restante do aviso
prévio:
CLT, art. 491 - O empregado que, durante o prazo do aviso prévio, cometer
qualquer das faltas consideradas pela lei como justas para a rescisão,
perde o direito ao restante do respectivo prazo.
Sobre o assunto existe Súmula do TST que retira do empregado que comete falta
grave durante o aviso prévio o direito às verbas de natureza indenizatória,
ressalvando-se o caso de abandono de emprego:
SUM-73 DESPEDIDA. JUSTA CAUSA
A ocorrência de justa causa, salvo a de abandono de emprego, no decurso
do prazo do aviso prévio dado pelo empregador, retira do empregado
qualquer direito às verbas rescisórias de natureza indenizatória.
Como visto, o objetivo do aviso prévio dado ao empregado é que este possa obter
novo trabalho, e no caso de abandono de emprego presume-se que a falta grave
tenha decorrido deste motivo.
Seguindo adiante, convém mencionar que o direito do aviso prévio (ou seja,
quando o empregador concede o aviso) é irrenunciável pelo empregado, o que
inclusive já foi materializado em Súmula do TST:
SUM-276 AVISO PRÉVIO. RENÚNCIA PELO EMPREGADO
O direito ao aviso prévio é irrenunciável pelo empregado. O pedido de
dispensa de cumprimento não exime o empregador de pagar o respectivo
valor, salvo comprovação de haver o prestador dos serviços obtido novo
emprego.
Além dos casos já expostos, havia uma prática chamada de “aviso cumprido em
casa”: o empregador demitia o empregado, não indenizava o aviso e não permitia
que ele laborasse (ao invés de indenizar o aviso ou manter o empregado
trabalhando, ele permanece em casa aguardando o final do período do aviso).
Esta prática não é admitida pela doutrina e jurisprudência, pois tem o objetivo
de retardar o pagamento das verbas rescisórias.
Podemos verificar o resultado de tal prática na OJ abaixo:
OJ-SDI1-14 AVISO PRÉVIO CUMPRIDO EM CASA. VERBAS RESCISÓRIAS.
PRAZO PARA PAGAMENTO
Em caso de aviso prévio cumprido em casa, o prazo para pagamento
das verbas rescisórias é até o décimo dia da notificação de despedida.
Como não há previsão legal desta possibilidade, e para evitar que se postergue
o pagamento das verbas ao demitido, nestes casos deve-se quitar os valores até
o décimo dia, contado da data da notificação da demissão (ou seja, é a mesma
regra do aviso indenizado).
Resumindo as regras sobre os tipos de aviso prévio:
(B) 45 dias.
(C) 33 dias e 51 dias, respectivamente.
(D) 36 dias e 57 dias, respectivamente.
(E) 39 dias e 60 dias, respectivamente.
Se Artêmis possui 3 anos, o seu aviso prévio seria de 30 dias + 9 dias (pelos 3
anos) = 39
Pelo mesmo raciocínio, Hera teria aviso de 30 + 30 (pelos 10 anos) = 60
Entretanto, esta interpretação (usada nesta questão pela FCC) de que se
contariam os 3 dias a partir do 2º ano completo de serviço, resultaria nos avisos
de Artêmis e Hera de, respectivamente, de 36 e 57 dias.
A tendência, entretanto, é que outra interpretação da lei prevaleça (completado
o 1º ano de serviço já se adquirem os 3 dias de aviso proporcionais), e neste
caso, os avisos da questão seriam de 39 e 60 dias – gabarito (E). Neste sentido
Mauricio Godinho Delgado52:
“(...) o trabalhador que complete um ano de serviço na entidade
empregadora terá direito ao aviso de 30 dias, mais três dias em face da
proporcionalidade. A cada ano subsequente, desponta o acréscimo de mais
três dias. Desse modo, completado o segundo ano de serviço na empresa,
terá 30 dias de aviso-prévio, mais seis dias, a título de proporcionalidade
da figura jurídica, e assim sucessivamente. No 20º ano de serviço na
mesma entidade empregadora, terá direito a 30 dias de aviso-prévio
normal, mais 60 dias a título de proporcionalidade do instituto”.
53
MARTINEZ, Luciano. Curso de Direito do Trabalho: relações individuais, sindicais e coletivas do trabalho. 4
ed. São Paulo: Saraiva, 2013, p. 570.
54
DELGADO, Mauricio Godinho. Op. cit., p. 1220.
55
Cabível no sentido de beneficiar empregados demitidos sem justa causa que já haviam completado pelo
menos um ano de serviço na empresa.
56
MARTINEZ, Luciano. Op. cit., p. 570.
57
DELGADO, Mauricio Godinho. Op. cit., p. 1219.
58
O empregado pode, por exemplo, ter sido contratado há um ano, mas, em virtude de prisão provisória 2
meses, ter apenas 10 meses de serviço na empresa.
Lei 12.506/11, art. 1º O aviso prévio, de que trata o (...), será concedido
na proporção de 30 (trinta) dias aos empregados que contem até 1 (um)
ano de serviço na mesma empresa.
Parágrafo único. Ao aviso prévio previsto neste artigo serão acrescidos 3
(três) dias por ano de serviço prestado na mesma empresa, até o máximo
de 60 (sessenta) dias, perfazendo um total de até 90 (noventa) dias.
Neste sentido, períodos de interrupção contratual (descanso semanal
remunerado, licença-maternidade, férias, etc.) se incluem no cálculo do tempo
de serviço.
Já os períodos de suspensão contratual (suspensão disciplinar, prisão provisória,
faltas injustificadas, etc.) não se incluem para o cálculo do tempo de serviço.
Aviso prévio
proporcional
A proporcionalidade da Lei não se
aplica a avisos já concedidos - mas
» Irretroatividade »
atinge os avisos que estavam em
curso na data de sua publicação.
4 - Procedimentos rescisórios
Os procedimentos legais exigidos na rescisão dos contratos de trabalho estão
dispostos nos parágrafos do artigo 477 da CLT, que serão a base deste tópico da
aula.
Inicialmente é importante esclarecer que o caput do artigo 477 prevê indenização
que era vigente à época em que não existia o Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço (FGTS).
Hoje, na demissão sem justa causa, o empregado faz jus à indenização de 40%
do FGTS; falaremos sobre isso em momento oportuno do nosso curso, pois
teremos uma aula sobre o FGTS (Lei 8.036/90).
Atualmente os empregados admitidos pela CLT não mais adquirem estabilidade
como no regime anterior, então é preciso atentar para este detalhe na leitura do
citado artigo:
CLT, art. 477 - É assegurado a todo empregado, não existindo prazo
estipulado para a terminação do respectivo contrato, e quando não haja ele
dado motivo para cessação das relações de trabalho, o direto de haver do
empregador uma indenização, paga na base da maior remuneração que
tenha percebido na mesma empresa.
Agora é que de fato iremos falar sobre os procedimentos legais exigidos na
rescisão dos contratos de trabalho, que estão dispostos nos parágrafos do artigo
477.
Acerca da assistência na rescisão do contrato, a CLT exige tal procedimento em
relação aos empregados com mais de 1 (um) ano de serviço, nos seguintes
termos:
CLT, art. 477, § 1º - O pedido de demissão ou recibo de quitação de
rescisão, do contrato de trabalho, firmado por empregado com mais de 1
(um) ano de serviço, só será válido quando feito com a assistência do
respectivo Sindicato ou perante a autoridade do Ministério do
Trabalho e Previdência Social59.
Realizada a conferência e regularidade das verbas rescisórias a serem pagas ao
empregado, o servidor do MTE (ou o representante do sindicato obreiro)
procederá à homologação da rescisão do contrato de trabalho.
59Onde se lê Ministério do Trabalho e Previdência Social leia-se Ministério do Trabalho e Emprego, que é a
denominação atual do Ministério (MTE).
É possível concluir, também, que, se o empregado com até 1 (um) ano de serviço
é demitido ou pede demissão, não será necessária a assistência do MTE ou do
sindicato60.
A localidade onde exista a prestação laboral pode não contar com a presença de
unidade do MTE e nem com representação sindical obreira. Atenta a isto a CLT
dispõe de regra alternativa para assistência à homologação:
CLT, art. 477, § 3º - Quando não existir na localidade nenhum dos órgãos
previstos neste artigo, a assistência será prestada pelo Represente do
Ministério Público ou, onde houver, pelo Defensor Público e, na falta ou
impedimento deste, pelo Juiz de Paz.
A CLT também assegura que o procedimento de assistência à rescisão do contrato
de trabalho não pode representar custo para empregado e empregador:
CLT, art. 477, § 7º - O ato da assistência na rescisão contratual (§§ 1º e
2º) será sem ônus para o trabalhador e empregador.
Reforçando tal entendimento, o TST também editou a seguinte Orientação
Jurisprudencial:
OJ-SDC-16 TAXA DE HOMOLOGAÇÃO DE RESCISÃO CONTRATUAL.
ILEGALIDADE
É contrária ao espírito da lei (art. 477, § 7º, da CLT) e da função precípua
do Sindicato a cláusula coletiva que estabelece taxa para homologação de
rescisão contratual, a ser paga pela empresa a favor do sindicato
profissional.
No ato da assistência, além da conferência dos valores e rubricas constantes do
Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho (TRCT) também será procedido o
pagamento devido ao empregado:
CLT, art. 477, § 4º - O pagamento a que fizer jus o empregado será
efetuado no ato da homologação da rescisão do contrato de trabalho,
em dinheiro ou em cheque visado, conforme acordem as partes, salvo se o
empregado for analfabeto, quando o pagamento somente poderá ser feito
em dinheiro.
Como disposto acima, o pagamento deverá ser feito em dinheiro ou cheque
visado, ou seja, não se admite pagamento em cheque comum (pois o cheque
comum pode não ter fundos).
Além disso, o § 4º destaca que, em se tratando de empregado analfabeto, o
pagamento somente poderá ser feito em dinheiro.
60 Negociação coletiva de determinada categoria pode dispor, por exemplo, no sentido de que “empregados
demitidos com mais de x meses de serviço devem ter suas rescisões assistidas pelo sindicato etc.”. Falaremos
sobre as inúmeras possibilidades de ampliação de proteção trabalhista mediante negociação coletiva em aula
futura. O importante agora é decorar a previsão constante da CLT, que somente exige assistência para
empregados com mais de 1 (um) ano de serviço.
Quanto a eventual desconto devido na rescisão, a CLT limita seu valor a um mês
de remuneração:
CLT, art. 477, § 5º - Qualquer compensação no pagamento de que trata o
parágrafo anterior não poderá exceder o equivalente a um mês de
remuneração do empregado.
Agora vamos falar um pouco sobre o Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho
(TRCT).
O TRCT é o documento elaborado pelo empregador onde estão consignadas as
informações necessárias para o procedimento rescisório.
No TRCT constam os dados do empregado, dados do contrato de trabalho,
rubricas e valores devidos (saldo de salário, adicionais, férias vencidas, 13º
salário com as suas proporcionalidades – 2/12, 5/12, 9/12, etc. –, descontos e
outras informações úteis).
Na CLT consta o seguinte acerca deste item:
CLT, art. 477, § 2º - O instrumento de rescisão ou recibo de quitação,
qualquer que seja a causa ou forma de dissolução do contrato, deve ter
especificada a natureza de cada parcela paga ao empregado e
discriminado o seu valor, sendo válida a quitação, apenas, relativamente
às mesmas parcelas.
É necessário destacar que existe divergência doutrinária sobre a amplitude da
quitação dada na rescisão (exemplo: constando da rescisão as férias
proporcionais, pode-se entender que a quitação deu-se em relação às férias ou
somente ao valor consignado no recibo, ressalvada a possibilidade de
questionamento posterior de incorreção do valor lançado).
Neste aspecto é oportuno mencionar a Súmula 330 do TST:
SUM-330 QUITAÇÃO. VALIDADE
A quitação passada pelo empregado, com assistência de entidade sindical
de sua categoria, ao empregador, com observância dos requisitos exigidos
nos parágrafos do art. 477 da CLT, tem eficácia liberatória em relação às
parcelas expressamente consignadas no recibo, salvo se oposta ressalva
expressa e especificada ao valor dado à parcela ou parcelas impugnadas.
I - A quitação não abrange parcelas não consignadas no recibo de quitação
e, conseqüentemente, seus reflexos em outras parcelas, ainda que estas
constem desse recibo.
II - Quanto a direitos que deveriam ter sido satisfeitos durante a vigência
do contrato de trabalho, a quitação é válida em relação ao período
expressamente consignado no recibo de quitação.
Na situação delimitada pela Súmula 330 a eficácia liberatória se dá em relação à
parcela constante do TRCT (exemplo: 13º salário proporcional). Neste caso,
houve a quitação em relação à rubrica 13º salário e o empregado não poderá
pleitear judicialmente, em momento futuro, incorreção do valor recebido.
Dispensa sem justa causa com aviso Dispensa sem justa causa com aviso
prévio trabalhado prévio indenizado
Pedido de demissão com aviso prévio Pedido de demissão com aviso prévio
trabalhado indenizado
61 CLT, art. 481 - Aos contratos por prazo determinado, que contiverem cláusula assecuratória do direito
recíproco de rescisão antes de expirado o termo ajustado, aplicam-se, caso seja exercido tal direito por
qualquer das partes, os princípios que regem a rescisão dos contratos por prazo indeterminado.
5 – Questões comentadas
5.1 – Término do contrato de trabalho
A letra B está incorreta, pois houve falta, porém esta consistiu em ato lesivo
da honra ou da boa fama praticado no serviço contra qualquer pessoa (CLT,
art. 482, j).
No mesmo sentido, a letra C está incorreta, já que trata-se de ofensas físicas
praticadas no serviço contra qualquer pessoa (CLT, art. 482, j).
Por fim, a letra E está incorreta, já que, neste caso, a falha é a prática
constante de jogos de azar (CLT, art. 482, l).
Meses de serviço
1º 13/jan 12/fev
2º 13/fev 12/mar
3º 13/mar 12/abr
4º 13/abr 12/mai
5º 13/mai 12/jun
6º 13/jun 12/jul
7º 13/jul 12/ago
8º 13/ago 12/set
9º 13/set 12/out
10º
13/out 29/out
(17 dias)
65
A Súmula faz remissão ao artigo 484 da CLT, que trata da antiga indenização por tempo de serviço que foi
substituída pelo regime do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
trabalhador.
(D) rescisão por justa causa.
(E) rescisão sem justa causa.
Comentários
Gabarito (D). Rescisão por justa causa não gera direito a décimo terceiro
proporcional, nem a férias proporcionais. Vejamos o que diz a Lei 4.090/1962
(instituiu a Gratificação Natalina ou décimo terceiro):
Art. 3º - Ocorrendo rescisão, sem justa causa, do contrato de trabalho,
o empregado receberá a gratificação devida nos termos dos parágrafos
1º e 2º do art. 1º desta Lei, calculada sobre a remuneração do mês da
rescisão.
Portanto, a Lei obriga que, havendo rescisão sem justa causa, seja paga a
gratificação proporcional, o que não ocorre no caso de demissão por justa causa.
Exemplo dessa interpretação pode ser encontrada no RR 1572-
64.2010.5.04.0402:
DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO PROPORCIONAL.
DEMISSÃO POR JUSTA CAUSA. Havendo dispensa do empregado por justa
causa, não é devido o pagamento do décimo terceiro salário proporcional,
conforme os termos do art. 3.º da Lei 4.090/62.
(D) I e IV.
(E) III e IV.
Comentários
Gabarito (B), pois estão INCORRETAS as assertivas II, III e IV.
A assertiva I está correta, pois o empregado tem o direito de pôr fim ao pacto
empregatício sem que seja necessário motivo para tanto, e esta decisão configura
o pedido de demissão.
A assertiva II está incorreta, pois no caso de culpa recíproca aplica-se a
Súmula 14:
SUM-14 CULPA RECÍPROCA
Reconhecida a culpa recíproca na rescisão do contrato de trabalho (art.
48466 da CLT), o empregado tem direito a 50% (cinqüenta por cento)
do valor do aviso prévio, do décimo terceiro salário e das férias
proporcionais.
A assertiva III está incorreta, uma vez que somente é facultado ao empregado
decidir quanto à permanência ou não no serviço nas hipóteses das letras "d" e
"g" (conforme CLT, art. 483, § 3º). Neste caso, foi cobrada a literalidade do
dispositivo. Vejam:
CLT, art. 483, § 3º - Nas hipóteses das letras "d" e "g", poderá o
empregado pleitear a rescisão de seu contrato de trabalho e o pagamento
das respectivas indenizações, permanecendo ou não no serviço até final
decisão do processo.
Existem divergências doutrinárias acerca da possibilidade de permanência do
empregado na prestação dos serviços: alguns autores entendem que em todas
as alíneas do artigo 483 seria possível que o empregado buscasse a rescisão
indireta mediante processo trabalhista e continuasse prestando serviços.
Entretanto, a FCC, mais uma vez, cobrou a literalidade ao afirmar que seria “em
qualquer hipótese”.
De qualquer maneira, as hipóteses que permitem tal faculdade ao empregado
são:
d) não cumprir o empregador as obrigações do contrato;
g) o empregador reduzir o seu trabalho, sendo este por peça ou tarefa,
de forma a afetar sensivelmente a importância dos salários.
A assertiva IV está incorreta, uma vez que não há a exceção relativa a “dez
anos de serviço para o mesmo” empregador. No caso de morte do empregador
pessoa física, poderá haver a sucessão trabalhista, caso haja a continuidade do
empreendimento. Caso não haja, o contrato estará rescindido e as verbas devidas
ao empregado serão as mesmas da dispensa sem justa causa.
66
A Súmula faz remissão ao artigo 484 da CLT, que trata da antiga indenização por tempo de serviço que foi
substituída pelo regime do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
(D) improbidade.
(E) indisciplina.
Comentários
Gabarito (E). Indisciplina se relaciona ao descumprimento de ordens gerais,
enquanto a insubordinação diz respeito ao descumprimento de ordens
individuais. Notem que a questão menciona “regulamento interno da empresa”.
Utilizando exemplos práticos para facilitar o entendimento:
Recusar-se, injustificadamente,
a utilizar os equipamentos de
Descumprimento proteção individual conforme
Indisciplina »» »»
de ordens gerais definido pelo empregador em
ordem de serviço emitida para
todos os empregados do setor.
Comentários
Gabarito (B). Na extinção do contrato de trabalho chamada de rescisão
indireta (como na presente questão) o empregador é que comete falta grave,
sendo esta modalidade reconhecida na Justiça do Trabalho.
Desta forma, percebam que o empregado deve entrar com ação na Justiça contra
o empregador, e é o Poder Judiciário que decidirá sobre o cabimento da rescisão
indireta.
Traçando um paralelo com a demissão por justa causa (quando o empregado
comete falta grave), esta hipótese de extinção também é chamada de “justa
causa do empregador”.
Abaixo o dispositivo legal que fundamente a hipótese aventada na questão:
CLT, art. 483 - O empregado poderá considerar rescindido o contrato e
pleitear a devida indenização quando:
(...)
g) o empregador reduzir o seu trabalho, sendo este por peça ou tarefa,
de forma a afetar sensivelmente a importância dos salários.
Esta alínea se aplica nos casos em que o empregado receba salário variável (por
peça ou tarefa).
Podemos citar o exemplo de empregada que, recebendo por peça, costurava 500
peças de roupa por mês, e durante a prestação laboral o empregador reduziu de
forma permanente a encomenda para apenas 100 peças por mês. Esta medida
afeta sensivelmente a importância dos salários.
Pequenas flutuações de demanda não configuram o motivo de rescisão indireta
em estudo, conforme assevera o Ministro Godinho67:
“É claro que a infração somente ocorrerá se houver afetação negativa
importante na média salarial do trabalhador; oscilações de pequena monta
ou que ocorram entre as semanas de labor não configuram, regra geral, o
tipo jurídico em exame.”
67
DELGADO. Maurício Godinho, op. cit. p. 1246.
68
Onde se lê Ministério do Trabalho e Previdência Social leia-se Ministério do Trabalho e Emprego, que é a
denominação atual do Ministério (MTE).
CLT, art. 479 - Nos contratos que tenham termo estipulado, o empregador
que, sem justa causa, despedir o empregado será obrigado a pagar-lhe, a
título de indenização, e por metade, a remuneração a que teria direito até
o termo do contrato.
Exemplo: o contrato de experiência foi firmado com previsão de 90 dias, e no
50º dia o empregador, sem justa causa, decide dispensar o empregado. Como
faltavam 40 dias para encerrar o contrato, o empregador deverá indenizar o
obreiro com a remuneração correspondente a 20 dias (metade da remuneração
a que ele teria direito até o termo do contrato).
A alternativa (E) reproduziu um artigo da CLT (48469) que regula a indenização
de empregados estáveis, ou seja, aqueles que adquiriram estabilidade no
emprego antes da Constituição Federal de 1988, a partir da qual a estabilidades
se fez substituir pelo regime do FGTS.
Este artigo, atualmente, possui utilidade prática mínima.
Apesar de a Banca ter se utilizado de tal dispositivo pouco prático e pouco
estudado, não resta dúvida de que a questão poderia ser facilmente resolvida
(por eliminação) pelos que estudaram o importante artigo 482 da CLT, que elenca
as hipóteses onde é cabível a demissão por justa causa.
69
CLT, art. 484 - Havendo culpa recíproca no ato que determinou a rescisão do contrato de trabalho, o tribunal
de trabalho reduzirá a indenização à que seria devida em caso de culpa exclusiva do empregador, por
metade.
ajustado, aplicam-se, caso seja exercido tal direito por qualquer das partes,
os princípios que regem a rescisão dos contratos por prazo indeterminado.
(B) No caso de morte do empregador constituído em empresa individual, é
facultado ao empregado rescindir o contrato de trabalho.
(C) No caso de paralisação temporária ou definitiva do trabalho, motivada
por ato de autoridade municipal, estadual ou federal, ou pela promulgação
de lei ou resolução que impossibilite a continuação da atividade,
prevalecerá o pagamento da indenização, que ficará a cargo do governo
responsável.
(D) Havendo culpa recíproca no ato que determinou a rescisão do contrato
de trabalho, não há que se falar em recebimento de indenização.
(E) Nos contratos que tenham termo estipulado, o empregador que, sem
justa causa, despedir o empregado, será obrigado a pagar-lhe, a título de
indenização, e por metade, a remuneração a que teria direito até o término
do contrato.
Comentários
Gabarito (D), pois na culpa recíproca70 a indenização é cabível pela metade:
CLT, art. 484 - Havendo culpa recíproca no ato que determinou a rescisão
do contrato de trabalho, o tribunal de trabalho reduzirá a indenização à que
seria devida em caso de culpa exclusiva do empregador, por metade.
Ainda sobre a citada indenização é interessante mencionar o artigo 479,
relacionado à alternativa (E) desta mesma questão, que prevê o referido
pagamento:
CLT, art. 479 - Nos contratos que tenham termo estipulado, o empregador
que, sem justa causa, despedir o empregado será obrigado a pagar-lhe, a
título de indenização, e por metade, a remuneração a que teria direito
até o termo do contrato.
Assim, se hipoteticamente foi firmado contrato de experiência de 90 dias e o
empregador dispensou o empregado sem justa causa no 30º dia, deverá
indenizar o obreiro com metade da remuneração a que este faria jus até o termo
do contrato (ou seja, metade da remuneração dos 60 dias restantes).
Na alternativa (A) foi mencionada a regra sobre cláusula assecuratória do
direito recíproco de rescisão antecipada, que estende aos contratos a prazo
determinado os princípios que regem os contratos por prazo indeterminado:
CLT, art. 481 - Aos contratos por prazo determinado, que contiverem
cláusula assecuratória do direito recíproco de rescisão antes de expirado o
termo ajustado, aplicam-se, caso seja exercido tal direito por qualquer das
70
Culpa recíproca ocorre quando tanto empregador quanto empregado dão causa à extinção do contrato,
ou seja, ambas as partes praticam condutas ensejadoras da rescisão. Assim como na rescisão indireta,
esta modalidade de extinção contratual pressupõe decisão judicial que a reconheça.
71
CARRION, Valentin. Comentários à Consolidação das Leis do Trabalho. 37 ed. Atualizada por Eduardo
Carrion. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 460.
Recusar-se,
injustificadamente, a utilizar os
equipamentos de proteção
Descumprimento
Indisciplina »» »» individual conforme definido
de ordens gerais
pelo empregador em ordem de
serviço emitida para todos os
empregados do setor.
Recusar-se a proceder à
entrega de mercadoria a um
Descumprimento cliente da empresa, estando
Insubordinação »» de ordens »» esta tarefa incluída em suas
individuais atribuições e contrariando as
determinações da chefia
imediata.
Comentários
Gabarito (C).
CLT, art. 482 - Constituem justa causa para rescisão do contrato de
trabalho pelo empregador:
(...)
e) desídia no desempenho das respectivas funções;
Conforme definido por Valentin Carrion72,
“A desídia é falta culposa, e não dolosa, ligada à negligência; costuma-se
caracterizar pela prática ou omissão de vários atos (comparecimento
impontual, ausências, produção imperfeita); excepcionalmente poderá
estar configurada em um só ato culposo muito grave (...)”
Como ensina o Ministro Godinho73, a desídia, em geral, é comportamento
reiterado, nestes casos
“(...) a conduta desidiosa deve merecer exercício pedagógico do poder
disciplinar pelo empregador, com gradação de penalidades, em busca da
adequada ressocialização do obreiro. Mostrando-se ineficaz essa tentativa
de recuperação, a última falta implicará na resolução culposa do contrato
de trabalho [demissão com justa causa]”.
No caso de prática de ato único de desídia muito grave, claro, não caberá
gradação de penalidades. Exemplo desta situação, citado por Amauri Mascaro
Nascimento74, seriam “15 faltas reiteradas ao serviço sem justificativa”.
72
CARRION, Valentin. Op. cit., p. 449.
73
DELGADO, Mauricio Godinho. Op. cit., p. 1235.
74
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Op. cit., p. 412.
75
A Súmula faz remissão ao artigo 484 da CLT, que trata da antiga indenização por tempo de serviço que foi
substituída pelo regime do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
76
NASCIMENTO, Amauri Mascaro, loc. cit.
(D) deve, além de estar prevista em lei, ser atual porque a falta cometida
pelo empregado e não punida entende-se como perdoada.
(E) não precisa estar prevista em lei, mas o ato praticado pelo empregado
deve ser reiterado e habitual, independentemente de punição anterior pelo
empregador.
Comentários
Gabarito (D). A doutrina estabelece requisitos objetivos e subjetivos para o
cabimento da demissão por justa causa. O Ministro Godinho 77 distingue um
terceiro grupo, que são os requisitos circunstanciais.
Os requisitos objetivos dizem respeito à conduta, que envolve a tipicidade (deve
haver prévia tipificação da conduta) e a gravidade (a infração do obreiro deve
afetar francamente o contrato de trabalho).
Acerca da tipicidade, a validade da aplicação da demissão por justa causa
demanda que haja previsão legal tipificando a conduta praticada; exemplo:
abandono de emprego (CLT, art. 482, “i”).
Os requisitos circunstanciais envolvem o nexo causal entre a falta e a
penalidade, a proporcionalidade (adequação entre a falta e a penalidade), a
imediaticidade da punição (aplicação da penalidade tão logo se tome
conhecimento da ação ou omissão justificadora da demissão), a singularidade da
punição (ausência de dupla punição pela mesma falta obreira), a ausência de
discriminação (exemplo de discriminação: 2 empregados cometem a mesma
falta; 1 é advertido e o outro demitido por justa causa) e o caráter pedagógico
do exercício do poder disciplinar.
Diante de ação ou omissão que comporte demissão com justa causa, a aplicação
da penalidade pelo empregador deve ocorrer de maneira imediata, sob pena de
restar prejudicada a imediaticidade da punição.
Sobre as demais alternativas, não há previsão da CLT quanto a necessidade de
inquérito para apuração de falta (em relação aos empregados em geral).
Além disso, não existe previsão de quantidade de advertências que devem
anteceder a demissão por justa causa. Pode acontecer, inclusive, de ser aplicada
legitimamente a demissão por justa causa sem qualquer outra falta cometida
anteriormente.
Segue abaixo o esquema com os requisitos para validade da demissão por justa
causa:
77
DELGADO, Mauricio Godinho. Op. cit., p. 1228-1230.
Presença de dolo
Gravidade da
ou culpa no ato Proporcionalidade
conduta
faltoso
Imediaticidade da punição
Ausência de discriminação
Singularidade da punição
Presença de dolo
Gravidade da
ou culpa no ato Proporcionalidade
conduta
faltoso
Imediaticidade da punição
Ausência de discriminação
Singularidade da punição
(D) indisciplina.
(E) insubordinação.
Comentários
Gabarito (C). Ato de improbidade é conduta faltosa do empregado que age
de modo contrário à lei, de que é exemplo a falsificação do atestado médico.
--------------------
e) desídia no desempenho das respectivas funções;
78
DELGADO, Mauricio Godinho. Op. cit., pág. 1232-1233.
79
CARRION, Valentin. Comentários à Consolidação das Leis do Trabalho. 37 ed. Atualizada por Eduardo
Recusar-se, injustificadamente,
a utilizar os equipamentos de
Descumprimento proteção individual conforme
Indisciplina »» »»
de ordens gerais definido pelo empregador em
ordem de serviço emitida para
todos os empregados do setor.
Recusar-se a proceder à
entrega de mercadoria a um
Descumprimento cliente da empresa, estando
Insubordinaçã
»» de ordens »» esta tarefa incluída em suas
o
individuais atribuições e contrariando as
determinações da chefia
imediata.
Comentários
O gabarito é (E), pois a ordem descumprida é geral.
--------------------
h) ato de indisciplina ou de insubordinação;
Indisciplina se relaciona ao descumprimento de ordens gerais, enquanto a
insubordinação diz respeito ao descumprimento de ordens individuais.
CLT, art. 481 - Aos contratos por prazo determinado, que contiverem
cláusula assecuratória do direito recíproco de rescisão antes de expirado o
termo ajustado, aplicam-se, caso seja exercido tal direito por qualquer das
partes, os princípios que regem a rescisão dos contratos por prazo
indeterminado.
A assertiva III está incorreta, pois a SUM-230 prevê justamente o contrário:
SUM-230 AVISO PRÉVIO. SUBSTITUIÇÃO PELO PAGAMENTO DAS HORAS
REDUZIDAS DA JORNADA DE TRABALHO
É ilegal substituir o período que se reduz da jornada de trabalho, no aviso
prévio, pelo pagamento das horas correspondentes.
A assertiva IV traz a Súmula 348 do TST:
SUM-348 AVISO PRÉVIO. CONCESSÃO NA FLUÊNCIA DA GARANTIA DE
EMPREGO. INVALIDADE
É inválida a concessão do aviso prévio na fluência da garantia de emprego,
ante a incompatibilidade dos dois institutos.
A assertiva V está correta, de acordo com a SUM-371:
SUM-371 AVISO PRÉVIO INDENIZADO. EFEITOS. SUPERVENIÊNCIA DE
AUXÍLIO-DOENÇA NO CURSO DESTE
A projeção do contrato de trabalho para o futuro, pela concessão do aviso
prévio indenizado, tem efeitos limitados às vantagens econômicas obtidas
no período de pré-aviso, ou seja, salários, reflexos e verbas rescisórias. No
caso de concessão de auxílio-doença no curso do aviso prévio, todavia, só
se concretizam os efeitos da dispensa depois de expirado o benefício
previdenciário.
CLT, art. 481 - Aos contratos por prazo determinado, que contiverem
cláusula assecuratória do direito recíproco de rescisão antes de expirado o
termo ajustado, aplicam-se, caso seja exercido tal direito por qualquer das
partes, os princípios que regem a rescisão dos contratos por prazo
indeterminado.
Nestes casos (havendo esta cláusula no contrato a termo), então, a rescisão
antecipada por iniciativa do empregador obrigará este a conceder aviso prévio ao
empregado. O mesmo se aplica ao empregado, que deverá, nestas
circunstâncias, conceder aviso prévio ao seu empregador.
Até mesmo para contratos de experiência rescindidos antes do prazo aplica-se o
aviso prévio:
SUM-163 AVISO PRÉVIO. CONTRATO DE EXPERIÊNCIA
Cabe aviso prévio nas rescisões antecipadas dos contratos de experiência,
(A) não gera qualquer efeito, pois em relação ao aviso prévio o legislador
prevê que, depois de ter sido dado, não há qualquer possibilidade de
arrependimento eficaz.
(B) gera efeitos imediatos, sendo certo que, no caso de aviso prévio
indenizado, o empregado deve voltar imediatamente ao trabalho.
(C) não gera efeitos, pois já transcorridos mais de dez dias após a dispensa
do empregado.
(D) gera efeitos, se a outra parte aceitar a reconsideração.
(E) não é possível, pois o aviso prévio é irrenunciável pelo empregado, não
havendo que se falar em reconsideração do mesmo, sob pena de afronta a
direito previsto em norma de ordem pública.
Comentários
Gabarito (D). Existe previsão legal de reconsideração do aviso, o que pode
ocorrer caso uma parte conceda aviso prévio à outra e, durante o período de
aviso, esta mesma parte propõe manter o vínculo empregatício:
CLT, art. 489 - Dado o aviso prévio, a rescisão torna-se efetiva depois de
expirado o respectivo prazo, mas, se a parte notificante reconsiderar o ato,
antes de seu termo, à outra parte é facultado aceitar ou não a
reconsideração.
Parágrafo único - Caso seja aceita a reconsideração ou continuando a
prestação depois de expirado o prazo, o contrato continuará a vigorar,
como se o aviso prévio não tivesse sido dado.
reconsideração.
Parágrafo único - Caso seja aceita a reconsideração ou continuando a
prestação depois de expirado o prazo, o contrato continuará a vigorar,
como se o aviso prévio não tivesse sido dado.
Por este motivo a alternativa (E) está incorreta.
CLT, art. 491 - O empregado que, durante o prazo do aviso prévio, cometer
qualquer das faltas consideradas pela lei como justas para a rescisão,
perde o direito ao restante do respectivo prazo.
(A) I, II e IV.
(B) II, III e IV.
(C) II e III.
(D) I e IV.
(E) III e IV.
(B) não poderá rescindir o contrato de trabalho de Mário por justa causa,
uma vez que o referido diploma legal apenas permite a rescisão quando a
embriaguez é habitual.
(C) somente poderá rescindir o contrato de trabalho de Mário se ele
cometer uma das faltas tipificadas no referido diploma legal, uma vez que
a embriaguez não é causa autorizadora da rescisão do contrato de
trabalho por justa causa.
(D) somente poderia rescindir o contrato de trabalho de Mário se não
houvesse autorizado a comemoração dentro do estabelecimento.
(E) deverá obrigatoriamente instaurar inquérito para apuração da falta
grave, sendo autorizado apenas a suspensão de Mário durante a tramitação
do inquérito.
alegando, em suma, que fora demitido por justa causa, deixando de receber
as verbas rescisórias devidas. O reclamante ingressou com a ação,
pleiteando o afastamento da justa causa e o pagamento das verbas
rescisórias. Por sua vez, a reclamada apresentou sua tese defensiva,
alegando que a demissão ocorreu por justa causa em razão de o reclamante
ter agredido seu superior hierárquico. Quando do julgamento do feito, o
juiz reconheceu que tanto o reclamante quanto a reclamada participaram
do evento que determinou o fim do contrato com igual culpa, ou seja, com
culpa recíproca.
Com referência a essa situação hipotética, assinale a opção correta.
(A) O empregado terá direito a 50% do valor do décimo terceiro salário e
das férias proporcionais; e a 100% do aviso prévio.
(B) O empregado terá direito a 50% do valor das férias proporcionais; as
demais parcelas, décimo terceiro salário e aviso prévio, devem ser solvidas
no percentual de 100%.
(C) Todas as rubricas deverão ser adimplidas em sua totalidade pelo
empregador, com exceção do aviso prévio, que nem sequer é devido na
situação considerada.
(D) O empregado terá direito a receber a integralidade das verbas
rescisórias sem qualquer dedução.
(E) O empregado terá direito a 50% do valor do aviso prévio, do décimo
terceiro salário e das férias proporcionais.
(A) objetivos.
(B) subjetivos.
(C) circunstanciais.
(D) objetivo e subjetivo, respectivamente.
(E) subjetivo e objetivo, respectivamente.
7 – Gabarito
1. B 30. D
2. E 31. C
3. E 32. C
4. E 33. C
5. E 34. D
6. D 35. C
7. A 36. B
8. B 37. E
9. A 38. C
10. E 39. A
11. E 40. C
12. D 41. A
13. B 42. D
14. C 43. A
15. A 44. E
16. E 45. C
17. B 46. B
18. D 47. D
19. B 48. A
20. C 49. C
21. D 50. E
22. D 51. D
23. C 52. D
24. D 53. D
25. C 54. C
26. E 55. D
27. E 56. A
28. C 57. C
29. D 58. A
8 – Resumo da aula
Extinção do contrato de trabalho:
Modalidades comuns de extinção do contrato por vontade das partes:
Dispensa sem justa causa
Dispensa com justa causa
Pedido de demissão
Rescisão indireta (justa causa do empregador)
Culpa Recíproca
Força Maior
Como regra geral, se o empregado é demitido com justa causa, ele perde os
seguintes direitos:
aviso prévio
férias proporcionais e 13º proporcional
multa de 40% sobre o FGTS
saque do FGTS
seguro-desemprego
Aviso prévio:
Como regra geral, não havendo justa causa do empregado, será devido a ele o
aviso prévio. Por outro lado, se o empregado é quem pede demissão, ele deverá
conceder o aviso prévio ao empregador.
9 – Conclusão
Bom pessoal,
Neste desfecho de nossa aula, reiteramos a importância de se conhecer bem a
diferenciação entre as diversas modalidades de extinção do contrato de trabalho,
dando atenção especial aos artigos 482 e 483 da CLT.
Outro aspecto a ser destacado é a alteração do instituto prévio ocorrido em 2011,
com a Lei 12.506/11, que finalmente regulamentou a proporcionalidade do aviso.
CLT
Art. 158 - Cabe aos empregados:
I - observar as normas de segurança e medicina do trabalho, (...)
(...)
Parágrafo único - Constitui ato faltoso do empregado a recusa injustificada:
(...)
b) ao uso dos equipamentos de proteção individual fornecidos pela
empresa.
II - trinta dias aos que perceberem por quinzena ou mês, ou que tenham
mais de 12 (doze) meses de serviço na empresa.
§ 1º - A falta do aviso prévio por parte do empregador dá ao empregado o
direito aos salários correspondentes ao prazo do aviso, garantida sempre a
integração desse período no seu tempo de serviço.
§ 2º - A falta de aviso prévio por parte do empregado dá ao empregador o
direito de descontar os salários correspondentes ao prazo respectivo.
§ 3º - Em se tratando de salário pago na base de tarefa, o cálculo, para os
efeitos dos parágrafos anteriores, será feito de acordo com a média dos
últimos 12 (doze) meses de serviço.
§ 4º - É devido o aviso prévio na despedida indireta.
§ 5º O valor das horas extraordinárias habituais integra o aviso prévio
indenizado.
§ 6º O reajustamento salarial coletivo, determinado no curso do aviso
prévio, beneficia o empregado pré-avisado da despedida, mesmo que tenha
recebido antecipadamente os salários correspondentes ao período do aviso,
que integra seu tempo de serviço para todos os efeitos legais.
Art. 488 - O horário normal de trabalho do empregado, durante o prazo do
aviso, e se a rescisão tiver sido promovida pelo empregador, será reduzido
de 2 (duas) horas diárias, sem prejuízo do salário integral.
Parágrafo único - É facultado ao empregado trabalhar sem a redução das 2
(duas) horas diárias previstas neste artigo, caso em que poderá faltar ao
serviço, sem prejuízo do salário integral, por 1 (um) dia, na hipótese do
inciso l, e por 7 (sete) dias corridos, na hipótese do inciso lI do art. 487
desta Consolidação.
Art. 489 - Dado o aviso prévio, a rescisão torna-se efetiva depois de
expirado o respectivo prazo, mas, se a parte notificante reconsiderar o ato,
antes de seu termo, à outra parte é facultado aceitar ou não a
reconsideração.
Parágrafo único - Caso seja aceita a reconsideração ou continuando a
prestação depois de expirado o prazo, o contrato continuará a vigorar,
como se o aviso prévio não tivesse sido dado.
Art. 480 - Havendo termo estipulado, o empregado não se poderá desligar
do contrato, sem justa causa, sob pena de ser obrigado a indenizar o
empregador dos prejuízos que desse fato lhe resultarem.
§ 1º - A indenização, porém, não poderá exceder àquela a que teria direito
o empregado em idênticas condições.
Art. 490 - O empregador que, durante o prazo do aviso prévio dado ao
empregado, praticar ato que justifique a rescisão imediata do contrato,
sujeita-se ao pagamento da remuneração correspondente ao prazo do
referido aviso, sem prejuízo da indenização que for devida.
Legislação específica
Lei 12.506/11, art. 1º O aviso prévio, de que trata o Capítulo VI do Título
IV da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei
no 5.452, de 1o de maio de 1943, será concedido na proporção de 30
(trinta) dias aos empregados que contem até 1 (um) ano de serviço na
mesma empresa.
Parágrafo único. Ao aviso prévio previsto neste artigo serão acrescidos 3
(três) dias por ano de serviço prestado na mesma empresa, até o máximo
de 60 (sessenta) dias, perfazendo um total de até 90 (noventa) dias.
Lei 8.036/90, art. 3º, § 9º Aos membros do Conselho Curador, enquanto
representantes dos trabalhadores, efetivos e suplentes, é assegurada a
estabilidade no emprego, da nomeação até um ano após o término do
mandato de representação, somente podendo ser demitidos por motivo de
falta grave, regularmente comprovada através de processo sindical.
Lei 8.036/90, art. 18, § 2º Quando ocorrer despedida por culpa recíproca
ou força maior, reconhecida pela Justiça do Trabalho, o percentual de que
trata o § 1º será de 20 (vinte) por cento.
Lei 10.406/02, art. 132. Salvo disposição legal ou convencional em
contrário, computam-se os prazos, excluído o dia do começo, e incluído o
do vencimento.
Lei 8.213/91, art. 3º, § 7º Aos membros do CNPS, enquanto
representantes dos trabalhadores em atividade, titulares e suplentes, é
assegurada a estabilidade no emprego, da nomeação até um ano após o
término do mandato de representação, somente podendo ser demitidos por
motivo de falta grave, regularmente comprovada através de processo
judicial.
Lei 8.213/91, art. 118. O segurado que sofreu acidente do trabalho tem
garantida, pelo prazo mínimo de doze meses, a manutenção do seu
contrato de trabalho na empresa, após a cessação do auxílio-doença
acidentário, independentemente de percepção de auxílio-acidente.
TST
SUM-14 CULPA RECÍPROCA
Reconhecida a culpa recíproca na rescisão do contrato de trabalho (art. 484
da CLT), o empregado tem direito a 50% (cinqüenta por cento) do valor do
aviso prévio, do décimo terceiro salário e das férias proporcionais.