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> Espaço público da arte

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Por Dudu Tsuda . 02.06.10 - 16h00

Espaço público da arte

Passada a Virada Cultural e toda a polêmica que ela causou, para o bem e
para mal, nos encontramos novamente defronte ao nosso bom e velho
espaço urbano. O bom sujeito então acorda, sai de casa, e toma sua
condução como de costume. O caminho até o ponto é sempre o mesmo, o
mais perto.

Nessa opção prática há um grande porém: uma rua fedorenta onde um


supermercado deixa restos de comida espalhados pelo chão em putrefação
constante. É aquela maldita área de carga e descarga que os
supermercados insistem em construir de frente à rua, ao invés de usar
algum pedaço de seu enorme estacionamento. Nada como um bom suborno
para algum maldito corruptível fiscal da prefeitura. Mas isso é uma outra
(podre) história.

O caminho é podre, mas é mais curto. O ônibus é sempre lotado, e a


jornada de trabalho estafante. E dias se seguem nesse maravilhoso ritmo ao
qual chamamos de vida. Ê pobreza de espírito! Aquela mesma velhinha com
bafinho de café referida na última coluna aparece de relance, e nos repete o
mesmo coro cotidiano que nos ajuda aturar tudo isso. “É um dia atrás do
outro… Veja só meu filho, e eu que já sou uma senhora…”

Paisagismo Urbano
O bom pessimista olha tudo isso e começa a blasfemar o governo, a
prefeitura, o poder público, o FMI, os americanos, os iraquianos, os
marginais, os mendigos, a ex-mulher, o ex-marido e tantos mais outros
culpados, enfim.

A culpa é sempre do outro, e a melhoria é sempre algo exterior a ele.


São tantos culpados, que não nos atemos ao fato de que há um movimento
igualmente marginal aos chamados “marginais”, que tenta, apesar de toda
desgraça e falta de organização urbanística, descobrir uma beleza neste
cotidiano comum.

Dos trajetos que percorri na cidade de São Paulo neste último mês, dediquei
meu olhar aos desenhos, grafites e pinturas que colorem nossos muros,
postes e edificações. Seja no caminho do trabalho, ou num passeio de final
de semana, ou simplesmente vagando pelas ruas, estas imagens criam
verdadeiras narrativas fragmentadas deste desejo coletivo de mudar esta
dura realidade do paulistano.

Tal qual aqueles ramos de ervas daninhas que insistem em crescer e a dar
pequenas flores amarelas nos vãos das calçadas, a proliferação dessas
imagens invade desde os becos mais sombrios, os muros mais
abandonados, às áreas mais evidentes e nobres de São Paulo.

A impatiens walleriana (popularmente conhecida como maria-sem-


vergonha) das artes visuais encontra no espaço urbano populoso e áspero
um terreno fértil para seu crescimento e amadurecimento, rendendo
floradas dignas de exportação.

É crescente o número de artistas consagrados que vemos nos noticiários


abrindo exposições em museus gringos. Os quase-globais Gêmeos estão por
toda parte tal qual Airton Senna, Carmen Miranda e a Bossa Nova o fizeram
em suas respectivas épocas.

Longe de realizar um julgamento estético sobre esse gênero artístico ao


qual dedico apenas minha contemplação, busco enfocar o resultado
humanizador e harmonizador que sua atitude e persistência nos traz.
Nos remete ao sensível, ao fantástico, ao lúdico, ao universo criativo e
imaginativo da parte infantil que nos habita. É uma manifestação artística
legítima e popular, uma emanação de calor humano, de vontade de vida
social no espaço público, “panfletada” da forma mais poética possível. Sem
armas, sem verbo, sem demagogia.

Ecos Turbulentos
Nosso queridíssimo prefeito quase conseguiu varrer esses “marginais” da
nossa cidade. Mas logo percebeu que a briga seria feia, e sabiamente
recuou. É engraçado como muitos talentosos brasileiros só ganham
notoriedade quando alguém no velho mundo ou na América os endossam.

Sr. Kassab não haveria de ser diferente. Neste ano, já chegou a apoiar, com
discurso e tudo, uma exposição de arte contemporânea da Líbia, cujo artista
principal era o queridíssimo filho do ditador, quer dizer, líder enfático de
governo centralizado. Políticos brasileiros e sua falta de comprometimento
moral com a história da humanidade…

Além do que, pode-se pintar muros, prender grafiteiros e descer a repressão


policial, que a atitude e a vontade de expressão nunca desaparecerão.
Como disse antes, a Maria-sem-vergonha não só colore os canteiros de
diversas cidades do país, mas como também se multiplica ferozmente ao
sabor dos ventos.

Alguns apontarão para a sujeira que as ditas “pichações” causam na cidade,


a associarão com o consumo de drogas, com os crimes de roubo, sequestro,
pirataria etc. A torcida contra tem sempre um apito maior. Que ensurdece,
torpece e cega pela intolerância e falta de maleabilidade e compreensão.

Outros indagarão e repetirão a lista de problemas que enfrentam nos seus


dias, e conseguirão associá-los (por um milagre lógico-linguístico) ao
“problema das pichações”. “Humanos não conseguem falar nada, sem
antes, se auto-referir”, diria um sábio gato de um filme do mestre Miyazaki.

A questão aqui é enfocar novamente essa necessidade latente de se ocupar


o espaço público com vida, cultura e alegria, e assim transformá-lo a partir
de sua própria lógica: a convivência dentre diferentes, a coexistência de
multiplicidade cultural e étnica e a troca.

Crônica de um ‘percussista’
Na figura de um contemplador momentâneo de trajetos esdrúxulos, daria a
seguinte dica da quinzena: crie o seu trajeto e seja feliz!

(O Garfield levantaria uma de suas sobrancelhas…)

Para essa modalidade, inventei o termo “percussista”, ou seja, o percursor


de trajetos cotidianos. Eles podem ser temáticos, podem ter um foco
artístico, ecológico, social, enfim… Uma nova possibilidade de caminho de
sinapse urbana, que revigora o cotidiano, e com certeza o seu humor.
(Garfield pensaria… é o neo-niilismo ou alguma espécie de exercício de
auto-ajuda para urbanóides estressados?)

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