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Este documento se trata de uma tradução não-profissional do capítulo “Conceptual Model”, publicado no

livro “Treating Psychosis: A Clinician’s Guide to Integrating…” (2014), escrito Wright e colaboradores. A
tradução foi realizada por Carlos Alberto Dorneles Nonnenmacher, psicólogo e psicoterapeuta. A tradução
visa apenas a divulgação do conhecimento científico da TCC. Qualquer consideração:
carlosdornelesn@gmail.com.

Treating Psychosis: A Clinician’s Guide to Integrating…, capítulo 2, p. 8-17, 2014

O Modelo Integrativo de Tratamento em TCC para a Psicose1


Nicola P. Wright e colaboradores

Neste capítulo, apresentamos as orientações e abordagens psicoterapêuticas que


incorporamos ao nosso modelo de tratamento integrado para a psicose. A justificativa
para esse modelo de tratamento é explorada com uma ênfase na conectividade funcional
entre cada uma dessas abordagens.

Terapia Cognitivo-Comportamental para a Psicose

A teoria subjacente à terapia cognitivo-comportamental (TCC) é a noção de que respostas


comportamentais e emocionais estão fortemente atreladas às interpretações dos eventos,
o que ocorre na forma de cognições (Beck, 1970). A partir dessa conceitualização, a TCC
busca lidar com dificuldades emocionais utilizando técnicas cognitivas, bem como
abordagens experienciais, emocionais e comportamentais. As estratégias cognitivas
dentro da TCC buscam conscientizar sobre os pensamentos automáticos perturbadores e
distorções cognitivas relevantes. Uma vez que isso é atingido, os clientes são encorajados
a modificar tais pensamentos com explicações ou possibilidades alternativas (Beck, Rush,
Shaw, & Emery, 1979). Depois, sistemas de crenças disfuncionais – ou seja, crenças
nucleares – e atitudes que subjazem pensamentos automáticos podem ser avaliados (Beck
et al, 1979). Estratégias experienciais almejam expor os indivíduos a novas circunstâncias
para que coletem novas informações e obtenham insight sobre a validade de suas
percepções. Finalmente, estratégias comportamentais buscam gerar comportamentos e
habilidades eficazes na resolução de problemas e que levarão a maiores mudanças na
maneira como os clientes experimentam a si mesmos e o mundo (Hofmann &
Asmundson, 2008).

1
O título original deste capítulo é apenas “Conceptual Model” (“Modelo Conceitual”). A fim de ser mais
descritivo e claro, nessa tradução foi utilizado o título “O Modelo Integrativo de Tratamento em TCC para
a Psicose”, o mesmo que a principal sessão deste capítulo (ver abaixo). (N. do T.)
Enquanto a terapia cognitivo-comportamental tem sido praticada clinicamente por
mais de quarenta anos, apenas recentemente surgiram intervenções cognitivo-
comportamentais estruturadas para a psicose. A TCC para a psicose (TCCp) tipicamente
enfatiza o cultivo de uma aliança terapêutica forte, apoiadora e colaborativa; o
fornecimento de psicoeducação e normalização; desenvolvimento de uma
conceitualização cognitivo-comportamental; desenvolvimento de habilidades ou
estratégias para lidar com estresse, barreiras e sofrimento relacionados a experiências
como vozes alucinatórias ou crenças incomuns; utilização de técnicas cognitivas e
comportamentais como a reestruturação cognitiva e experimentos comportamentais para
diminuir o sofrimento associado aos sintomas positivos; foco na prevenção a recaídas e
recuperação; e manejo de problemas secundários ou comórbidos, como o uso de
substâncias, ansiedade e depressão (Kingdon & Turkington, 1994; Rector & Beck, 2002).
Similar aos modelos cognitivos de TOC (por exemplo, Wells & Matthews, 1994),
os modelos cognitivos da esquizofrenia sugerem que as alucinações e delírios ocorrem
quando experiências estranhas, mas comuns à maioria da população, são interpretadas
erroneamente e rotuladas como extremas, perigosas ou ameaçadoras (Morrison, 2001;
Garety, Kuipers, Fowler, Freeman, & Bebbington, 2001). Os comportamentos
resultantes, como a esquiva experiencial, servem para aumentar o sofrimento e os estados
negativos de humor, bem como negar ao indivíduo a oportunidade de coletar evidências
contrárias. De fato, como ocorre com outras conceitualizações cognitivo-
comportamentais de psicopatologias, o papel das distorções cognitivas, crenças nucleares,
vieses atencionais, esquiva experiencial e comportamentos de segurança são centrais ao
desenvolvimento e manutenção das experiências psicóticas (Tai & Turkington, 2009).
Crenças sobre o significado do diagnóstico e prognóstico do transtorno também foram
identificadas como um alvo clínico em muitas intervenções cognitivo-comportamentais
para a psicose (Tai & Turkington, 2009). De fato, a normalização de pensamentos e
experiências perceptivas estranhas e a ênfase aos fatores externos contributivos, incluindo
estressores psicossociais, tem surgido como um foco central à TCCp para o melhor
funcionamento e redução de estigma.

Psicoterapia Positiva
A psicoterapia positiva é uma abordagem de terapia empiricamente validada, que enfatiza
as forças do cliente e as emoções positivas para fortalecer o sentido da vida, bem-estar e
felicidade (Seligman, 2002). As abordagens de terapia positiva estão implícitas no
movimento de recuperação daqueles com experiências de vida com psicose (Copeland,
2010). A abordagem da terapia positiva é inerentemente empoderadora,
desestigmatizadora e afirmativa. Em vez de ter um foco predominante aos sintomas,
déficits, emoções perturbadoras e patologia, uma orientação à psicologia positiva
incorpora forças, qualidades, recursos e uma ênfase ao desenvolvimento de emoções
positivas e prazerosas na direção de objetivos de vida valorizados e do aumento de sentido
na vida. Na psicoterapia positiva, as forças e as emoções positivas são cruciais ao
engajamento, a uma relação terapêutica saudável e uma base e foco para tratamento.

Terapia de Aceitação e Compromisso para a Psicose

Antes de discutir a terapia de aceitação e compromisso (ACT), pode ser útil considerar
brevemente o contexto no qual a ACT evoluiu. Estudos examinando o mecanismo de
terapias baseadas em exposição têm sugerido fortemente que a função dos pensamentos
é muito mais importante do que seu conteúdo (Barlow, 2002; Wells, 1994). De fato, a
integração bem-sucedida de técnicas de mindfulness aos tratamentos clínicos, como na
terapia comportamental dialética (DBT; Linehan, 1993) e na terapia cognitiva baseada
em mindfulness (MBCT; Segal, Williams, Teasdale, 2002), sugere que os constructos de
aceitação, awareness e flexibilidade cognitiva podem ter uma utilidade considerável na
prática clínica. Esta “terceira onda” de terapias cognitivas e comportamentais é
particularmente sensível ao contexto e funções dos fenômenos psicológicos e, assim,
tende a enfatizar estratégias de mudança contextuais e experienciais. Por essas razões, as
terapias de terceira onda podem ser particularmente aplicáveis ao tratamento da psicose.
A TCC e as abordagens baseadas em aceitação e mindfulness podem ter sido, por vezes,
consideradas como incongruentes quanto aos objetivos de “contole” e “mudança”.
Contudo, em sua integração, essas abordagens podem se complementar ao enfatizar a
compreensão, exploração, observação e aceitação de pensamentos e sentimentos, no lugar
de “parar” e “controlar” pensamentos e sentimentos indesejados. Além disso, apesar de
existirem objetivos finais variados nas intervenções psicoterapêuticas para a psicose
(incluindo a recuperação, redução do sofrimento, vida direcionada a valores, trabalho na
direção de objetivos pessoais e criação de uma vida mais significativa), a mudança ocorre
como um resultado do trabalho na direção desses objetivos em vez de ser um objetivo em
si mesma.
No centro dessas terapias de terceira onda está a ACT (Hayes, Strosahl, & Wilson,
1999). Pela perspectiva da ACT, os problemas de saúde mental surgem quando o processo
de pensar é visto como atrelado aos produtos do pensamento. Através do processo de
fusão cognitiva, os pensamentos se tornam funcionalmente equivalentes aos eventos reais
(Ciarrochi, Robb, & Godsell, 2005). Por exemplo, no caso de um indivíduo psicótico, o
pensamento “Eu estou sendo observado pela polícia” é avaliado não apenas como um
pensamento, mas como funcionalmente igual às experiências reais que refletem uma
realidade objetiva de ser observado por forças policiais. A fusão cognitiva é prejudicial
no sentido em que cultiva a evitação da ativação de pensamentos aversivos (Hayes,
Wilson, Gifford, Follette, & Strosahl, 1996). Considerando que a fusão cognitiva facilita
tanto a inflexibilidade cognitiva quanto a esquiva experiencial que dificultam ou
impedem o direcionamento aos valores, a ACT busca desenvolver a flexibilidade
psicológica dos pacientes. No centro dessa flexibilidade psicológica aumentada estão seis
constructos e processos nucleares (Hayes et al., 1999):

1. Aceitação (no lugar da esquiva experiencial)


2. Defusão (não fusão cognitiva)
3. Contato com o momento presente
4. Self-como-contexto ou self-como-observador (no lugar de apego ao self
conceitualizado)
5. Valores (em oposição a não viver congruentemente aos valores e/ou buscar
valores evitativos)
6. Ação comprometida (no lugar de inação, impulsividade e persistência na
esquiva)

Dentro da ACT, os valores são os princípios motivadores por trás da ação,


aceitação e defusão. Valores são definidos Hayes, Luoma, Bond, Masuda e Lillis (2006,
p. 9) como “qualidades escolhidas de ação intencional que nunca podem ser obtidas como
um objeto, mas podem ser instanciadas momento a momento”. Valores não são objetivos
no sentido em que não são coisas a serem conquistadas; em vez disso, são direções nas
quais podemos viver (Eifert & Forsyth, 2005). Por exemplo, enquanto um objetivo possa
ser “Comparecer a todos os treinos de futebol do meu filho neste verão”, o valor associado
seria “Ser um bom pai”. É importante pontuar que as intervenções definidas pela ACT
não são fins em si próprias; em vez disso, elas servem para promover uma vida que esteja
alinhada aos valores de cada um. A ACT promove a prática da ação comprometida para
direcionar o indivíduo na direção de seus valores identificados (Hayes et al., 2006).
Através da ação comprometida, o indivíduo é capaz de construir um repertório maior e
mais flexível de respostas psicológicas e comportamentais (Hayes, 2004). Além disso, a
ação comprometida serve para mitigar o sofrimento que pode ser uma consequência da
fusão cognitiva e da esquiva experiencial. Assim, a ACT é orientada tanto à mudança
quanto à aceitação. Hayes, Strosahl e Wilson (2012) descrevem a ACT como envolvendo
os processos de aceitação, escolha e ação, ou engajamento em uma ação comprometida.
A evidência a favor da eficácia da ACT no tratamento da psicose, apesar de
limitada neste momento, é bastante favorável no geral. Existem evidências crescentes de
que, entre indivíduos afetados por psicose, a ACT é eficaz na redução da credibilidade
das experiências psicóticas, redução de sintomas depressivos, aumento de mindfulness e
diminuição de índices de rehospitalização e utilização dos serviços de saúde (Bach &
Hayes, 2002; Bach, Hayes, & Gallop, 2012; Gaudiano & Herbert, 2006; Gaudiano,
Herbert, & Hayes, 2010; White et al., 2011).

Terapia Focada na Compaixão para a Psicose

Derivada da teoria evolucionista de ranking social, a terapia focada na compaixão (TFC)


propõe que os indivíduos com altos níveis de vergonha e autocriticismo, advindos de uma
história de abuso, negligência ou bullying, geralmente se saem mal em terapia e são
incapazes de se sentirem seguros e iguais em suas relações com outros (Gilbert, 1992;
Gilbert, 2009). Importantemente, a vergonha e o autocriticismo evocam padrões
desadaptativos de pensamento e comportamento que servem para perpetuar e exacerbar
os estados internos negativos, como a psicose (Gilbert et al., 2001). No contexto da TFC,
a compaixão reflete habilidades e atributos específicos, advindos do treino da mente
compassiva (Gilbert, 2009). Especificamente, o treino da mente compassiva é uma
coleção de técnicas que facilita o aumento de awareness dos indivíduos quanto as
interações negativas com o self. Com o tempo, a postura culpabilizadora e autocrítica é
substituída por uma abordagem que enfatiza o cuidado com o bem-estar, sensibilidade,
simpatia, tolerância ao sofrimento, empatia e o não-julgamento (Gilbert, 2009). A terapia
focada na compaixão é baseada na relação entre três tipos de sistemas de regulação
emocional: drive, segurança e ameaça. O uso abordagens focadas na compaixão fomenta
o sistema de segurança e tranquilização baseada em compaixão, enquanto diminui o
sistema de regulação emocional da ameaça e, assim, aumenta a habilidade de criar estados
ativadores (drive) e de se mover na direção de objetivos valorizados (veja a Figura 2.1).
Se baseando em técnicas de muitas psicoterapias baseadas em evidências, o treino da
mente compassiva é altamente integrável a protocolos de terapia focada na emoção e
TCC.

Motivado (driven), excitado, Contente, seguro,


vitalidade conectado

 Foco no
 Foco em contentamento/
incentivos/recursos afiliação
 Querer, perseguir,  Segurança-
atingir, consumir gentileza
 Ativação  Tranquilização
(soothing)

 Foco na ameaça
 Proteção e busca
por segurança
 Ativação/inibição

Raiva, ansiedade, nojo


Figura 2.1 Sistemas de regulação emocional (Gilbert, 2009)

Existem evidências consideráveis que, à primeira vista, estão a favor do uso da


terapia focada na compaixão no tratamento da psicose. Por exemplo, já foi demonstrado
que a severidade da doença na psicose geralmente está correlacionada à intensidade do
autocriticismo e a interpretações negativos do self, particularmente no contexto de casos
complexos apresentando comorbidades de transtornos de ansiedade e humor (Tai &
Turkington, 2009). Além disso, entre indivíduos com transtornos psicóticos, o
autocriticismo parece ser um fator de risco à recaída (Gumley, Birchwood, Fowler, &
Gleeson, 2006). Finalmente, tem sido sugerido que as vozes alucinatórias perturbadoras
frequentemente experienciadas por indivíduos com psicose tendem a ecoar e perpetuar
dinâmicas negativas evidentes na sua vida cotidiana com outros (Tai & Turkington,
2009). A pesquisa e apoio à eficácia do treino da mente compassiva no tratamento da
psicose está crescendo. Laithwaite e colegas (2009) constataram que, em uma amostra
pequena de indivíduos com psicose que receberam uma intervenção integrada de treino
da mente compassiva durante um ano, benefícios significativos foram aparentes no que
se refere a medidas de comparação social, humor, vergonha, autoestima e bem-estar.
Braehler e colegas (2013) relataram melhoras clínicas significativas e aumentos
significativos da compaixão. Notavelmente, aumentos significativos em compaixão
estiveram associados a diminuições dos índices de depressão e marginalização social.
Para uma descrição da aplicação da TFC em grupo para a recuperação pós-psicose, veja
Braehler, Harper e Gilbert (2013). Para excelentes materiais sobre a ciência e a prática da
autocompaixão, veja Germer (2009) e Neff (2011).

Mindfulness para a Psicose

Mindfulness é uma parte central e integral tanto da ACT quanto da TFC. Mindfulness tem
sido incorporado na TCC como uma estratégia e uma abordagem de tratamento (terapia
cognitiva baseada em mindfulness; Segal, Teasdale, & Williams, 2002; 2012).
Abordagens baseadas em mindfulness têm sido aplicadas à psicose, com algumas
modificações. Chadwick (2006) e Chadwick e colegas (2005, 2009) têm enfatizado a
implementação de mindfulness com aqueles que experienciam psicose. Existem
evidências preliminares que sugerem que a terapia baseada em mindfulness é viável para
clientes com psicose e pode impactar positivamente o bem-estar psicológico e aumentar
a habilidade de responder de maneira mindful aos estressores internos (por exemplo,
Abba, Chadwick, & Stevenson, 2008; Chadwick, NewmanTaylor, & Abba, 2005;
Chadwick, Hughes, Russell, Russell, & Dagnan, 2009; Langer, Cangas, & Serper, 2011;
Langer, Cangas, Salcedo, & Fuentes, 2012).
De acordo com Kabat-Zinn (2003), mindfulness pode ser definido como “a
awareness que surge através do ato de prestar atenção intencionalmente, no momento
presente e sem julgamentos, no desenrolar da experiência momento a momento” (p. 145).
O processo de mindfulness envolve uma aceitação sem julgamentos das experiências
internas e externas. O processo de entrar em contato com os pensamentos perturbadores
(ou delírios) e sentimentos e experiências, como as alucinações, e deixá-los passar sem
reagir a eles permite a exposição no lugar da evitação tão frequentemente associada aos
delírios e alucinações “negativas” ou perturbadoras. A awareness descentralizada em
mindfulness facilita a experiência das cognições como eventos mentais em um contexto
mais amplo, facilitando uma instância mais metacognitiva de descentralização ou
defusão, em vez de ficar “preso” ou reagir a pensamentos ou delírios, imagens e vozes
alucinatórias. A awareness e aceitação de pensamentos, imagens, sons e/ou vozes
alucinatórias (positivas ou negativas) diminui os processos de julgamento e
autocriticismo, incluindo o autoestigma internalizado tão frequente naqueles que
experienciam psicose. A awareness do presente fornece um processo alternativo aos
processos desadaptativos de ruminação e preocupação que frequentemente acompanham
a psicose. Como descritas na ACT, as abordagens baseadas em mindfulness permitem
uma redução no sofrimento e uma habilidade fortalecida para se engajar em atividades
significativas e na busca por objetivos valorizados (Harris, 2009).

Ativação Comportamental para a Psicose

A ativação comportamental (BA) é uma psicoterapia empiricamente fundamentada para


o tratamento da depressão (Lejuez, Hopko, & Hopko, 2001). Apesar dos princípios da
BA terem sido empregados há muito tempo no tratamento da depressão, essas técnicas
são amplamente incluídas dentro de protocolos de TCC (por exemplo, Beck et al. 1979).
Contudo, tem havido cada vez mais interesse quanto aos protocolos stand-alone de BA,
uma vez que já foi demonstrado que a BA é tão efetiva quanto uma terapia cognitiva
completa no tratamento da depressão, tanto a curto (Jacobson, Dobson, Truax, & Addis,
1996) quanto a longo prazo (Gortner, Gollan, Dobson, & Jacobson, 1998). De acordo
com o modelo de BA da depressão, os sintomas depressivos persistem porque o humor
predominante dos indivíduos reduz suas habilidades para serem expostos e acessarem
reforçadores de comportamentos não-deprimidos, ao mesmo tempo que reforça o
comportamento deprimido (Lejuez et al., 2001). Devido a isso, a BA busca aumentar a
exposição a reforçadores positivos que vêm junto com o engajamento em
comportamentos saudáveis através do fornecimento de uma perspectiva estruturada e uma
justificativa racional para a reativação de comportamentos, como a interação social, que
se tornam vastamente adormecidos na depressão. Idealmente, à medida que os indivíduos
se tornam mais ativos no domínio social e outros, o reforço que recebem aumenta,
aumentando assim a probabilidade de um maior envolvimento em comportamentos
saudáveis em vez de comportamentos deprimidos. Acredita-se que essa mudança no
comportamento irá, por fim, alterar o humor em uma direção positiva (Lejuez et al.,
2001). Elementos comuns na maioria dos protocolos de BA incluem psicoeducação sobre
a influência dos comportamentos sobre os pensamentos e emoções, identificação de
valores e objetivos, monitoramento de atividade e humor, agendamento de atividades e
exposição gradual a atividades anteriormente evitadas.
Tem sido sugerido que os sintomas negativos da psicose, como a desmotivação,
alogia e afeto embotado, refletem uma tentativa de o indivíduo moderar a exposição às
consequências dos sintomas positivos, incluindo os próprios sintomas, tratamento
psiquiátrico e avaliações negativas por outros (Mairs, Lovell, Campbell, & Keeley, 2011).
Além disso, as pesquisas indicam que os sintomas negativos estão associados com
crenças derrotistas sobre domínio e prazer (Khoury & Lecomte, 2012). Como na
depressão, essa restrição de atividade é fortemente reforçada e simultaneamente priva o
indivíduo da habilidade de acessar reforços positivos para comportamentos mais guiados
por valores (Mairs et al., 2011). Apesar da sobreposição teórica sugerida entre a depressão
e os sintomas negativos da psicose (por exemplo, Hogg, 1996), houve pouca investigação
quanto à eficácia das técnicas de BA na melhora de sintomas negativos. Em um estudo-
piloto de Mairs e colegas (2011), com uma amostra de oito indivíduos com sintomas
negativos de psicose, foi constatado que o tratamento com um protocolo de BA foi
bastante viável e esteve associado com sintomas reduzidos de depressão e maior estado
de funcionamento. Importantemente, o tratamento reduziu sintomas negativos e não
evocou sintomas positivos; contudo, esses ganhos iniciais foram mantidos em apenas
metade dos participantes no follow-up. Enquanto nenhuma conclusão sólida pode ser
tirada desse estudo-piloto, os resultados são congruentes com o benefício teórico que as
técnicas de BA podem fornecer sobre a ativação e engajamento em terapia e atendimento
de objetivos valorizados de vida, melhorando assim os sintomas negativos da psicose.
O Modelo Integrativo de Tratamento em TCC para a Psicose

O modelo integrativo de tratamento da psicose que serve como a fundação da nossa


abordagem é apresentado na Figura 2.22.

2
Um dos elementos mais interessantes de todo o capítulo, percebe-se que não foi possível manter a
qualidade gráfica do modelo após a edição/tradução. Especialmente, destaca-se que a figura abaixo de
“CFT” (ou TFC) representa tanto as habilidades da mente compassiva (traduzidas) e os seis atributos da
mente compassiva (sensibilidade, simpatia, cuidado pelo bem-estar, tolerância ao sofrimento, empatia, não-
julgamento), que não foram traduzidos e são quase ilegíveis (N. do T.).
O modelo de tratamento reflete uma síntese de elementos de cada uma das intervenções
descritas acima. A fundação e filosofia subjazendo nossa abordagem de tratamento
integrado é baseada em psicologia positiva e princípios de recuperação – ou seja, é
“infundido em psicologia positiva”. O princípio central deste guia de tratamento é a
importância dos valores identificados do cliente direcionando alterações em pensamentos,
comportamentos e emoções, com o objetivo final de viver uma vida mais significativa e
plena. Os valores são direções escolhidas nas quais um indivíduo pode sempre se mover,
independente dos objetivos específicos atingidos (Wilson & Sandoz, 2008). Fluindo
disso, acreditamos ser útil aos clientes o desenvolvimento de mindful awareness do
momento presente, para que permitam a possibilidade de observar a função dos
pensamentos e/ou comportamentos relacionados aos objetivos definidos e, em última
instância, valores. Essa postura pode cultivar a flexibilidade cognitiva, que pode auxiliar
os clientes a se desengajarem da luta que mantêm com suas experiências psicóticas
perturbadoras. Essa luta geralmente se reflete no uso de substâncias e na esquiva cognitiva
e/ou experiencial.
Como a função e o significado de nossos pensamentos ou ações não são sempre
aparentes, sugere-se que abordagens metacognitivas e metaexperienciais sejam um meio
de facilitar a exploração do cliente sobre o significado e as vantagens/desvantagens dos
pensamentos, sentimentos ou ações específicas, tanto a curto quanto a longo prazo. Uma
vez que o cliente, junto ao o clínico, colaborativamente identifica valores, direções
valorizadas e ações necessárias para trabalhar na direção de objetivos valorizados, as
técnicas de ativação comportamental podem ser utilizadas para consolidar a ação
comprometida. As técnicas de ativação comportamental, com sua ênfase nos valores,
podem ser integradas de maneira complementar para conceitualizar e endereçar
colaborativamente os sintomas negativos frequentemente associados com a psicose. Além
dos objetivos e valores identificados, a ênfase no desenvolvimento de habilidades
compassivas através do treino da mente compassiva (abordagens de TFC) fomenta o
sistema emocional de tranquilização/afiliação, desativando o sistema emocional de
ameaça que frequentemente está ativado na psicose. Ao desenvolver e utilizar estratégias
focadas na compaixão, os clientes estão mais aptos a se conectar com seu sistema
emocional de drive, mobilizando a ação comprometida na direção de objetivos
valorizados.
Além disso, para aumentar a flexibilidade cognitiva e diminuir percepções
imprecisas de ameaça, abordagens de TCC empregadas na reavaliação e reestruturação
cognitiva podem ser implementadas para facilitar a identificação de possíveis distorções
cognitivas sobre o conteúdo, função ou significado dos sintomas (e outras experiências
internas e externas), bem como possibilidades alternativas. Da mesma forma, os clientes
podem ser encorajados a realizar experimentos comportamentais nos quais evidências
sobre o conteúdo, função ou significado de dado sintoma são coletadas (se disponíveis) e
pesadas contra as possibilidades alternativas. O papel da atenção à ameaça e da ameaça
percebida na esquiva experiencial e cognitiva, bem como na causa, perpetuação e
exacerbação das experiências psicóticas e ansiosas, é enfatizada e endereçada através de
habilidades de autocompaixão e compaixão direcionada a outros.
Em conclusão, não encaramos a redução de sintomas como um objetivo primário
(ou necessário) desse modelo de tratamento. Esse modelo integrado de tratamento
enfatiza a criação, por parte dos clientes, de uma nova relação com seus sintomas e
experiências, cuja natureza libera recursos psicológicos para buscar objetivos pessoais
que incorporem reflexos tangíveis dos seus valores. Em última instância, esse modelo
integrado de tratamento almeja capacitar as pessoas que experienciam psicose a
melhorarem a qualidade e significado de suas vidas.

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