INSTITUTO EDUCAR - IE
PSICANÁLISE E HIPNOSE
Jequié-BA
2018
ROSEMARY SANTOS SOUZA
PSICANÁLISE E HIPNOSE
Jequié/BA
2018
Nunca se ponderará o bastante a importância do Hipnotismo para a história
da gênese da psicanálise. Tanto em seu sentido teórico quanto terapêutico, a
psicanálise administra uma herança que o Hipnotismo lhe transmitiu.
Sigmund Freud
INTRODUÇÃO
Crespo afirma que, caso Freud estudasse em Nancy talvez não tivesse
abandonado a hipnose. Em Viena não convenceu seus colegas a aceitar as conclu
Segundo Silva (2000), o erro de Freud foi associar a hipnose com doença,
com patologia somática. O transe sonambúlico, que provocava amnésia, e a vontade
crescente do descobrimento dos caminhos do inconsciente, e as mudanças
repentinas no comportamento cuja causa derivava do fator sexual, fizeram Freud
abandonar a hipnose e partir para a Livre Associação. Brauer aprendeu a aproveitar
o transe menos profundo, nascendo aqui a divergência entre os dois e posterior
separação.
A partir daí, Freud continuou seus estudos, até certo ponto dizendo ter
abandonado a hipnose, que para Charcot era apenas um sintoma histérico. Mas
percebe-se que durante os estudos sobre a histeria, Freud fez constante uso da
“pequena sugestão” nas sessões de psicanálise, sendo que a sugestão é uma das
técnicas utilizadas por Bernheim, cuja especificidade de permitir que o paciente
durante o transe agiam conforme as ordens recebidas do hipnotizador, entretanto,
não se lembravam do que tinham feito após o transe. “Era o inconsciente a governar
o consciente.” p. 154
DESENVOLVIMENTO
O fato/situação (vivência) …
“Freud não adotou o método hipnótico já em seu retorno a Viena, e não consegui fazer com
que seus colegas aceitassem às conclusões de Charcot a propósito da histeria, Por outro
lado, quando em 1887, tornou-se ‘praticante’ da hipnose, não foi do método cartático que ele
se valeu inicialmente, mas da sugestão hipnótica, a maneira de Bernheim.” (SILVA, p.35)
Isto me faz lembrar que quando Freud abandonou a hipnose, ele se frustrou.
Entretanto, isso pode ter sido o pontapé inicial para o surgimento da psicanálise.
Isso me lembra que, quando comecei a fazer o curso de Teologia perdi uma grande
amiga e fiz como Freud, me frustrei com o acontecimento, recuando de minhas
atividades teológicas, voltando muito tempo depois.
Isto me faz perguntar que será possível, depois de tanto tempo sem
exercer suas funções, que lhe fizeram bem, qual motivação para retomar as
atividades normais?
Freud voltou e ficou mais interessado no poder que a hipnose parece conferir
ao médico do que na nova ordem de causalidade.
Isto me faz afirmar que Freud, em certos momentos ele entendia que isso
era o correto, e poderia ser a solução para alguns tratamentos darem certo na vida
de seu paciente.
O que foi lido (texto) … Na hipnose, o hipnotizador não tem domínio sobre o
outro, é tanto que para a pessoa entrar em transe, ela precisa se permitir, caso
contrário a hipnose não funciona. Ambos, hipnotizador e hipnotizado, precisam estar
de comum acordo.
O fato/situação (vivência) …
Assim, pode-se afirmar que que na hipnose, Freud descobre o prazer de ouvir
o outro quando ele (o paciente) se permite ocorrer a hipermnésia, a lembrança vivida
de um fato esquecido, quando vivemos uma experiência pode-se imaginar o que
Freud viveu e quando ele diz: nunca tenha certeza de nada, porque a sabedoria
começa com a dúvida.
CITAÇÃO 1:
O que foi lido (texto) … nos remete ao postulado de Freud quando ele
afirma que enquanto a mente consciente é capaz de atender 6 ou 7 coisas ao
mesmo tempo, nosso inconsciente se ocupa de centenas de processos. Desde os
puramente orgânicos regidos pelo sistema nervoso até grande parte das decisões
que tomamos no dia a dia.
CITAÇÃO 2:
“Foi por ter se associado à Freud que o caso Anna O. (Bertha Pappenheim), aparece na
literatura, se isso não ocorresse teria permanecido como um episódio isolado na prática de
Breur. Entretanto, Freud reconheceu aí a relação entre os sintomas e o chamado trauma
psíquico, representado pelos resultados de cenas vivenciadas, porém esquecidas. A
terapêutica fundada nesse princípio consistia em fazer com que o paciente se recordasse de
tais cenas e as reproduzisse no decorrer do transe hipnótico, liberando assim a carga
emocional reprimida pelo trauma.” p. 151 (Grifo nosso)
Isto me faz lembrar que… Sigmund Freud não foi o primeiro a fazer uso
desse do termo inconsciente. Neurologistas como Jean Martin Charcot ou Hippolyte
Bernheim já falavam do inconsciente. No entanto, Freud fez desse conceito o eixo
condutor das suas teorias, conferindo-lhe novos significados.
Isto me faz perguntar que … é possível uma pessoa cometer um crime sem
que, mais tarde, ela não consiga se lembrar do ato que cometera?
Isto me faz afirmar que… A partir das sessões com Anna O., Freud
continuou seguindo a mesma linha: trazer à consciência traumas do passado. A
relevância do caso de Anna O (Bertha Pappenheim) foi tamanha que Freud o usou
para introduzir nos seus estudos sobre histerismo uma nova teoria revolucionária
sobre a psique humana, um novo conceito que mudou por completo os alicerces da
mente.
O que foi lido (texto) … nos traz de forma consistente o desejo de Freud em
estudar a mente e todos os aspectos que a torna tão instigante. Ele fez uso de
hipnose, entretanto percebeu que apenas esse recurso não estava dando conta de
apresentar resultados significativos no caso Anna O., pois a paciente só fazia relatos
de suas experiências quando em transe. Deu início, a partir desse caso o uso da
escuta e a condução da paciente rememorar cenas traumatizantes de sua vida e
com a elucidação dos fatos, a paciente sentia-se aliviada e os sintomas iam
desaparecendo.
CITAÇÃO 3:
Isto me faz lembrar que… Freud iniciou sua vivência com a hipnose com
Charcot, em um asilo em Salpêtrière, local que foi aprovado para seus estudos em
Neuropatologia. A técnica aí utilizada considerava apenas as dimensões somáticas,
ou seja, não se dava importância à origem/causa da patologia. Entretanto, essa
técnica não foi bem aceita por seus colegas e isso conduziu Freud a deixar de lado
essa técnica. Foi quando conheceu o trabalho de Bernheim, na Escola de Nancy, em
que se usava a sugestão como fator explicativo dos processos somáticos. Freud
percebeu que os efeitos da sugestão não eram eficazes e duradouros para conduzir
à cura; casos que o paciente apresentava melhoras, o problema reaparecia ou
surgia outro diferente.
Isto me faz perguntar que … existe um limite psíquico par o uso da hipnose
na psicanálise?
Isto me faz afirmar que… após essa vivência de Freud com escolas
diferentes, fez duras críticas à sugestão e procurou evitar a confusão entre hipnose e
sugestão, e foi na hipnose que ele descobriu a nova ordem de causalidade psíquica.
O que foi lido (texto) … nos mostra que mesmo a hipnose tendo sofrido
retaliações quando do seu surgimento e Freud a deixou de lado, não demorou muito
tempo para que o mesmo Freud, depois de aprofundar seus estudos de consciente e
inconsciente, abraça a hipnose como mais uma técnica que pode ajudá-lo a
interpretar e superar sintomas com origem em traumas psíquicos.
SILVA, Gelson Crespo da. Manual de hipnose médica. 2.ed Rio de Janeiro: SPOB,
2000.
MEZAN, R., Freud: A trama dos conceitos - 4ª edição, Editora Perspectiva, São
Paulo, SP, 2001.