História
da América Latina. Vol 1: América Latina Colonial. (1997).
O texto contrapõe as aspirações da coroa espanhola com relação à América com o que
efetivamente se processou em território colonial, evidenciando a distância entre os
desdobramentos práticos e os ideais projetados nas políticas administrativas voltadas às Índias.
O ponto central gira em torno da estrutura estatal – hierarquizada e burocrática – instituída pela
coroa no intuito de maximizar o controle sobre o território colonial; mas que, ao fim e ao cabo,
serviu como aparato para oportunizar manobras relacionadas aos interesses locais e como um
instrumento que colaborou para consolidação de uma elite que surge justo na imbricada relação
com a estrutura administrativa. Em um trecho que deixa entrever essa centralidade, Elliot
aponta para o caráter fragmentado da autoridade no contexto da colônia, tomando-o como
Inscrito campo da história social, bem como política e econômica; opera com o binômio
colônia e metrópole, observando as múltiplas implicações entre eles por meio dos três tópicos
que organizam a narrativa. Cada qual, com um enfoque analítico: a estrutura administrativa e
ideologias da coroa; desdobramentos concretos das políticas metropolitanas na colônia, com
destaque à organização de instituições e classes coloniais; a síntese da relação entre coroa e
colônia sob o prisma das transformações processadas no decorrer dos sécs. XVI e XVII. A
noção de império perpassa todo o texto que evoca significados distintos assumidos ao longo do
período. A coroa espanhola é um agente central: o texto perscruta como processos
sociopolíticos, internos (ligados à colônia) e externos (contestação internacional,
desdobramentos atlânticos das rivalidades européias) e processos econômicos, repercutiram
sobre essa instituição, tendo gestado o que o autor designou como “combinação seiscentista
entre negligência e exploração” (p.333) que influenciou decisivamente o desenvolvimento da
sociedade americana. A observação desta influência consta como a principal influência
historiográfica do texto, pois atrela-se à forja de importantes aspectos da nascente sociedade
em meio ao processo de afastamento e afrouxamento de seus laços com a metrópole.