Vera Malaguti Batista, em seu livro “Introdução crítica a criminologia brasileira”,
crítica, que a formação jurídica brasileira que não se aprofunda na sociologia e filosofia, ficando presos somente a assunto da área de direito, inicialmente apresenta diversas definições, aspectos e utilidades da criminologia no olhar de múltiplos autores, comparando ideias e identificando suas origens. Diante de algumas definições de criminologia duas aproximações de Raúl Zaffaroni chamam atenção de Vera que é: a criminologia seria “saber e arte de despejar discursos perigosistas” e nada mais que o “curso dos discursos sobre questão criminal”, onde para Vera a Criminologia está ligada diretamente a estrutura econômica e social capitalista, Vera apresenta as diferentes declarações onde no pensamento de alguns autores a criminologia surgiu nos séculos XIV e XX, porém como citado no texto se esboçou no século XIII, nos primórdios da Inquisição. Já no segundo capítulo, ela implica que necessitamos entender o “crime” como algo estruturado socialmente e não como conceito ontológico. A autora baseia- se em Nilo Batista, e defende que a política criminal é inferior ao pensamento econômico e propõe que seja entendida como uma reunião de premissas e orientações para transformar a legislação criminal e instituições as quais compete sua implementação. Seguindo está linha é possível dizer que existe um a hierarquia de poderes relacionados com a área criminal, onde existe uma demanda de uma classe pelo ordenamento social em prol de uma política de acumulação de capital. Mais adiante em seu capitulo X, Vera retoma os conceitos dos diversos autores citados, utiliza das declarações de Baratta ela esclarece que a tese produz dois movimentos, sendo eles a transferência do infrator para condições objetiva, estruturais e funcionais, e o deslocamento das causas para os mecanismos de construção da realidade social, seguindo essa linha , aspectos como a função da pena são descritos como atos de reprimir certas ações, cuja única serventia seria a cobertura ideológica do controle social das classes subalternas. A ligação entre a prisão e a escola e pautada e aponta que em ambo tem uma serie de cerimonias e regimes de degradação, que lançam fora proposições como o da humanização de penitenciárias por meio de métodos de ressocialização e reeducação. Levando em conta esse raciocínio a justiça criminal e o poder punitivo mudam para um instrumento de controle de ilegalidade populares, sendo historicamente a razão da constituição do sistema penal. Novamente Vera cita Alessandro Baratta e sobre sua linha de pensamento onde acreditava em um universo menos punitivo e postulava teoria deslegitimamente da pena, o desprendimento intelectual para se pensar em várias de alternativas à penas e não em penas alternativas, e além dessa visão de Baratta, ela não deixa de citar Zafaroni, onde o mesmo declara que a pena surge como fato de poder legitimado defendendo que a criminologia como um curso,- igual a correnteza dos rios-, das questões criminais envolvidas. Dessa forma no findar do livro Vera cita pontos considerados uma agenda para o futuro sendo eles: a despenalização de crimes patrimoniais sem uso da violência; a abertura das penitenciárias para comunicação social, familiar, comunitária; fim da exposição de suspeitos, entre outros, que concretizariam a democracia como um sistema não determinativo, mas de negociação perene se lugares sociais.