Anda di halaman 1dari 99

1

ATVOS
2 Janeiro · 2018
C Á E N TRE N ÓS

O setor pode ter mais cana

Canavial formado pela nova tecnologia da Doble TT com 500 quilos de muda por hectare

A
edição 50 da CanaOnline destaca o E apresentamos em primeira mão uma
tema: O setor precisa de cana. O foco novidade tecnológica que está no forno. A em-
é apresentar exemplos de quem bus- presa Doble TT testa um processo voltado para
ca produzir mais e melhor. A boa notícia é que a taxa zero de falhas no plantio e canaviais de
não faltam bons “causos” que representam na alto desempenho, além de utilizar muito me-
prática o retorno positivo com o emprego de nos cana como muda. A empresa realiza testes
práticas e tecnologias que já permitem ao se- com diversas quantidades de cana-muda por
tor alcançar este objetivo. hectare, já conseguiu sucesso com canaviais
Vai desde o uso de práticas simples e formados com 500 quilos, muito diferente das
costumeiras, chamadas de “feijão com arroz”, quase 20 toneladas de cana, a atual média bra-
como o preparo do solo, mas empregadas de sileira. Os testes no Brasil dessa inovação tec-
forma correta. Passando por parcerias, como nológica começam já neste mês de fevereiro.
a realizada pelo Instituto Agronômico (IAC) e Tem tudo isso nesta edição. Boa leitura!
a Associação dos Plantadores de Cana da Re-
gião de Jaú (Associcana), que visa a produção
de mudas pré-brotadas (MPB) com alta sanida-
de e com custo acessível aos produtores.
Outra novidade que passa a ser adotada
por parte do setor é o emprego do coaching,
uma prática aplicada para desenvolver o capi-
tal humano e promover três grandes aspectos:
o melhor desempenho das lideranças, a evolu-
ção da cultura organizacional e o aumento da Luciana Paiva
produtividade. luciana@canaonline.com.br

3
ÍN D I C E
ATVOS

CAPA

O setor
precisa
de cana
Tendências Economia
- Lei do Bem: um caminho para - Quais previsões para 2018
ganhar eficiência e potencializar serão acertadas para o
os benefícios do RenovaBio setor sucroenergético?

Produtores de Cana Mecanização


- Associcana fecha - TT do Brasil Ltda
parceria com o desenvolve projeto
IAC para alavancar que busca a falha
produtividade zero no plantio mecanizado
dos canaviais e canaviais de três dígitos
da região de Jaú
Coluna Pecege Custos Cana Substantivo
- Relação entre insumos Feminino
agrícolas e produtividade dos - Abertas as inscrições
canaviais na região Nordeste para o VII Encontro
Cana Substantivo Feminino
Gestão de Pessoas
- Pessoas bem resolvidas Nisso o Brasil
produzem melhor é bom!
- Sonho padrão
Gestão Agro Ceagesp
- Do arado ao machine learning:
a produtividade em
suas várias facetas

Aproveite melhor sua


navegação clicando em:
Editora
Luciana Paiva
luciana@canaonline.com.br Vídeo Fotos Áudio Link

Redação
Adair Sobczack
Jornalista Consultora Técnica em
adair@canaonline.com.br Processos Sucroalcooleiros
Mary Paiva
Andréia Vital
Jornalista Entre em contato:
andreia@canaonline.com.br Opiniões, dúvidas e sugestões sobre a revista
CanaOnline serão muito bem-vindas:
Leonardo Ruiz Redação: Rua João Pasqualin, 248, cj 22
Jornalista Cep 14090-420 – Ribeirão Preto, SP
leonardo@canaonline.com.br Telefones: (16) 3627-4502 / 3421-9074
Email: luciana@canaonline.com.br
Renato Anselmi
Jornalista www.canaonline.com.br
renato@canaonline.com.br
CanaOnline é uma publicação
Marketing digital da Paiva& Baldin Editora
Regina Baldin
regina@canaonline.com.br

Comercial
comercial@canaonline.com.br

Editor gráfico
Thiago Gallo
TE N D ÊN CIAS

Para as usinas, as principais


vantagens do RenovaBio
são a maior previsibilidade
e uma nova fonte de renda

Lei do Bem:
um caminho para ganhar eficiência e
potencializar os benefícios do RenovaBio
O PROGRAMA É FOCADO NO LONGO PRAZO E TEM POTENCIAL PARA GERAR
INVESTIMENTOS POR TODA A EXTENSÃO DA CADEIA DA CANA-DE-AÇÚCAR

Ana Malvestio1 e Lara Moraes2

A
safra 2017/18 de cana-de-açúcar res. A aprovação do Projeto de Lei (PL) n°
está caminhando para o final com 9086/2017, que trata sobre o RenovaBio,
um sentimento positivo quan- promete trazer um choque de ânimo para
do comparado com momentos anterio- setor sucroenergético. O programa é fo-

6 Janeiro · 2018
cado no longo prazo e tem potencial para rá diretamente ligada à maior eficiência da
gerar investimentos por toda a extensão produção de etanol.
da cadeia da cana-de-açúcar, como reno- Esta situação faz com que seja im-
vação das lavouras, expansão da capaci- perativo para as usinas buscar as melho-
dade de produção das usinas e desenvol- res práticas no processo produtivo de eta-
vimentos tecnológicos nas áreas agrícola, nol, desde o plantio da cultura até a venda
industrial e de infraestrutura. do biocombustível, passando pela utiliza-
Para as usinas, as principais vanta- ção do bagaço da cana para a geração de
gens do RenovaBio são a maior previsibi- bioeletricidade e pela reutilização de ou-

As usinas terão de ser mais eficientes

lidade para o setor sucroenergético, ga- tros subprodutos da produção de açúcar


rantindo a demanda por biocombustíveis, e etanol.
e uma nova fonte de renda, com a co- Uma das maneiras para aumentar a
mercialização dos créditos de descarbo- eficiência dos processos de produção, em
nização (CBios). Além disso, o programa qualquer área de negócios, é por meio de
estimula as usinas a serem mais eficien- investimentos em Pesquisa, Desenvolvi-
tes que seus concorrentes, uma vez que mento e Inovação (PD&I), seja para apri-
a quantidade de CBios que cada empre- morar processos, inserir tecnologias ou
sa poderá comercializar no mercado esta- desenvolver novos produtos. No entan-

7
TE N D ÊN CIAS

RenovaBio e Lei do Bem incentivam o investimento em pesquisas,


práticas e tecnologias que aumentam a eficiência

to, também é necessária paciência, já que jurídicas que investem em PD&I no Brasil,
é um trabalho de longo prazo. As ativida- a qual garante ao empresariado renúncias
des de PD&I representam grandes incer- fiscais em projetos classificados como ino-
tezas quanto à obtenção de retorno finan- vadores pelo Ministério da Ciência, Tecno-
ceiro, já que parte do que se pesquisa e logia, Inovações e Comunicações (MCTIC)
desenvolve pode não atingir o seu obje- em impostos diretos, Imposto de Renda
tivo e não trazer o resultado esperado, de Pessoa Jurídica (IRPJ) e Contribuição So-
forma imediata. cial Sobre o Lucro Líquido(CSLL), e em im-
No entanto, uma alternativa para postos indiretos (Imposto sobre Produtos
manter acesa a busca contínua por efici- Industrializados) incorridos no desenvolvi-
ência e produtividade é fazer o uso e se mento destes.
beneficiar ao máximo dos instrumentos Além disso, as empresas beneficia-
governamentais voltados ao incentivo às das pela lei contam com o “reembolso” de
práticas de pesquisa, desenvolvimento parte dos dispêndios efetuados com PD&I,
e inovação. Um bom exemplo é a lei nº ganho financeiro da depreciação integral
11.196, de 21 de novembro de 2005, co- de máquinas e equipamentos (M&E) utili-
nhecida como “Lei do Bem”, responsável zadas exclusivamente em atividades clas-
por conceder benefícios fiscais às pessoas sificadas como PD&I, redução de 50% do

8 Janeiro · 2018
Imposto sobre Produtos Industrializados do efetivo.
(IPI) na aquisição de M&E utilizados ex- O potencial de aplicação da Lei do
clusivamente em atividades classificadas Bem é muito grande e os seus benefícios
como PD&I e isenção de imposto de ren- são muito atrativos. No entanto, conseguir
da (IR) para remessas ao exterior para pa- acessar todos os benefícios que a lei dá di-
gamento de registro de manutenção de reito requer entendimento pleno da legis-
marcas, patentes e cultivares. lação para poder mensurar, documentar e
No final, os ganhos para as empresas provar todos os projetos de inovação co-
são maiores do que os benefícios financei- locados em prática, com o detalhamento
ros. Existe a possibilidade de reinvestir os dos dispêndios, dos esforços realizados e
valores deduzidos na área de PD&I e conti- dos resultados alcançados, sejam de êxito
nuar promovendo inovações tecnológicas. ou de fracasso. Tudo isso, exige dedicação,
Na atualidade, a Lei do Bem é classificada trabalho e profissionais capacitados, mas
como o principal instrumento de estímu- o valor gerado é imenso, especialmente
lo a atividades de PD&I nas empresas bra- agora se levarmos em conta o fator Reno-
sileiras, independente do setor econômico vaBio. Com o programa, usinas inovado-
que esta esteja inserido, sendo peça chave ras com departamentos de PD&I estrutu-
na concepção de novas capacidades téc- rados e focadas na melhoria contínua dos
nicas e produtivas, resultando em ganhos processos, além de ganhar competitivida-
expressivos em termos de valor agregado de, terão a possibilidade de comercializar
da produção de bens e serviços. um volume maior de CBios, aumentado a
Segundo a lei, inovação tecnológica geração de receita e impactando positiva-
é a “concepção de novo produto ou pro- mente o resultado financeiro da empre-
cesso de fabricação, bem como a agre- sa. O momento de se beneficiar da Lei do
gação de novas funcionalidades ou ca- Bem é agora.
racterísticas ao produto ou processo que
implique melhorias incrementais e efeti-
vo ganho de qualidade ou produtivida-
de, resultando maior competitividade no
mercado”. É importante ainda mencionar
que mesmo a tentativa de desenvolver ou
aprimorar um processo, serviço ou produ-
to é incentivada pela lei, uma vez que as
atividades de PD&I envolvem muita tenta-
1
Sócia da PwC 2
Supervisora
Brasil e líder de de agribusiness
tiva e erro até se conseguir algum resulta- Agribusiness da PwC Brasil

9
P ROD UTORE S D E CAN A

Associcana fecha parceria com o


IAC para alavancar produtividade
dos canaviais da região de Jaú
PROJETO ALIA PRODUÇÃO DE MPBS A UMA GRADE DE
PALESTRAS TÉCNICAS E DIAS DE CAMPO VISANDO DEVOLVER A
SUSTENTABILIDADE PRODUTIVA AOS PRODUTORES DA REGIÃO

DIVULGAÇÃO APTA

Produtores de Jaú terão a oportunidade, não apenas de conhecer a tecnologia


de MPBS, mas participar ativamente do seu processo de produção

Leonardo Ruiz

A
Associação dos Produtores de to no Estado de São Paulo. Juntos, os mais
Cana da Região de Jaú (Associ- de 1200 produtores associados detêm
cana) é uma das mais importan- uma área de cerca de 55 mil hectares de
tes entidades representativas do segmen- cana-de-açúcar. Mas, nos últimos anos, a

10 Janeiro · 2018
um projeto conduzido alguns anos antes

ARQUIVO CANAONLINE
na região de Guariba - sede da Socicana
(Associação dos Fornecedores de Cana de
Guariba) - e que havia proporcionado ex-
celentes resultados aos produtores locais.
Chamado de “+Cana”, o programa
iniciado em março de 2015 teve como ob-
jetivo promover a sustentabilidade da la-
voura canavieira através da introdução de
um novo sistema de plantio com o uso de
Temeroso de que muitos produtores Mudas Pré-Brotadas (MPBs). O projeto vi-
poderiam abandonar a atividade, Eduardo
Romão partiu em busca de uma solução sou ainda a capacitação dos produtores
quanto ao acesso a variedades mais mo-
crise instaurada no setor sucroenergético dernas e condizentes a seus ambientes de
nacional atingiu profundamente os agri- produção.
cultores da região. “O projeto obteve um retorno acima
Unidades agroindustriais interrom- do esperado. Hoje, 60% de toda a cana
peram as atividades, outras entraram em plantada dentro da Socicana já é feita com
recuperação judicial. Com isso, uma remu- MPB. Esse fato me estimulou a buscar algo
neração cada vez menor chegava ao bol- parecido para nossa associação”, afirma
so do produtor. Sem renda, investimentos Eduardo Romão.
foram sendo cortados. Reformas abaixo
LEONARDO RUIZ

do índice adequado. Tratos negligencia-


dos. Resultado: redução de 10% em pro-
dutividade (Toneladas de Cana por Hec-
tare – TCH) e 20% em ATR (Açúcar Total
Recuperável).
Temeroso de que muitos produtores
poderiam abandonar a atividade diante
desse cenário, o presidente da Associca-
na, Eduardo Vasconcellos Romão, foi bus-
car, junto ao Centro de Cana do Instituto
Agronômico de Campinas (IAC), uma so- O pesquisador do IAC, Mauro Alexandre
lução que pudesse devolver sustentabi- Xavier, foi um dos responsáveis pela
criação de um modelo de projeto que se
lidade para a produção. Em mente, tinha adaptasse a realidade da Associcana

11
P ROD UTORE S D E CAN A

Entretanto, o mesmo modelo do MPBs, o plantio é feito, não mais com to-
“+Cana” não poderia ser aplicado a Asso- letes, mas com mudas já formadas. Com
cicana, já que a associação de Jaú é relati- elas, o produtor tem a garantia de estar
vamente menor em produção do que a de plantando uma cana sadia e que entregará
Guariba. “Precisávamos de um projeto que maior produtividade”, ressalta Mauro Ale-
aumentasse a produtividade sem que os xandre Xavier, pesquisador do IAC.
custos subissem na mesma ordem. O or- Dentro do projeto, os produtores de
çamento não poderia ser alterado, apenas Jaú terão a oportunidade, não apenas de
a forma de utilizá-lo é que poderia mudar.” conhecer a tecnologia, mas participar ati-
Após inúmeras conversas entre Edu- vamente do processo de produção. “A ideia
ardo Romão e os pesquisadores do Centro é produzir MPB junto com o agricultor.”
de Cana do IAC, Marcos Landell e Mauro Tudo começa no Centro de Cana
Alexandre Xavier, foi proposto um modelo do IAC de Ribeirão Preto/SP, onde é fei-
de projeto que se encaixaria perfeitamen- ta a fase inicial do processo de produção
te na realidade da Associcana. “A partir das MPBs. As gemas brotadas saem do lo-
daí, começamos um trabalho de sensibili- cal tratadas e registradas no Ministério
zação dos produtores canavieiros, os prin- da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
cipais atores do programa.” (MAPA) e partem para a Unidade de Pes-
DIVULGAÇÃO APTA

Produtor coloca a mão


na massa e produzirá
suas próprias MPBs
O projeto final, assinado em 15 de se-
tembro de 2017, tem como objetivo prin-
cipal mostrar aos produtores uma nova
forma de plantar cana-de-açúcar, através
do uso das MPBs, um sistema que rom-
pe um paradigma centenário. “O modelo
de plantio atual é o mesmo desde quan-
do a cana chegou ao país. Agora, com as

Produtores conhecem tecnologia


de mudas pré-brotadas no
novo projeto do IAC em
parceria com a Associcana

12 Janeiro · 2018
AURÉLIO ALONSO
Durante o projeto, produtores utilizaram a UPD de Jaú para finalização das mudas.
No futuro, eles poderão construir essa estrutura em suas próprias fazendas

quisa e Desenvolvimento (UPD) de Jaú, da destaca Xavier.


Agência Paulista de Tecnologia dos Agro- O pesquisador explica que, após a
negócios (APTA). conclusão do projeto, os produtores te-
Durante todo o período do projeto, rão a capacidade de montar uma estrutura
os produtores associados utilizarão a es- de finalização das MPBs em suas proprie-
trutura dessa UPD para realizar a fase de dades. As mudas produzidas poderão ser
aclimatação e rustificação das mudas, últi- utilizadas em seus canaviais ou, até mes-
mas etapas do processo. Uma vez prontas, mo, comercializadas para terceiros.
as MPBs partem para o campo, onde os Caso o produtor não queira adquirir
produtores terão todo o auxílio dos téc- essa estrutura, poderá continuar utilizando
nicos da Associcana e do IAC para mon- da UPD de Jaú para aquisição das mudas.
tar seus campos de MPBs, sejam eles vi- “Não queremos simplesmente entregar
veiros ou áreas comerciais. “Neste modelo material genético, mas qualificar o agricul-
de programa, o produtor coloca a mão na tor para fazer o uso de novas tecnologias
massa, ou seja, todas as mudas que serão que poderão entregar grandes ganhos de
posteriormente utilizadas em suas fazen- produtividade. Além disso, ele irá resgatar
das foram produzidas por eles mesmos. algumas operações básicas no processo de
É um sentimento gratificante para todos”, produção da cana, como ter uma área de

13
P ROD UTORE S D E CAN A

Gabriela Aferri: “MPB


é apenas o cartão de
visitas do projeto”

viveiro dentro da proprieda-


de para não ficar dependen-
te de alguma instituição ou
usina.”

MPB é apenas uma


DIVULGAÇÃO APTA
das engrenagens
do projeto
Para que as MPBs te-
nham eficácia, é necessário
que outras engrenagens dentro do sistema sua MPB a máxima potência.
de produção de cana-de-açúcar trabalhem “A MPB é apenas o cartão de visi-
em conjunto. Não basta apenas produzir a tas do projeto. Haverá ainda uma grade
muda pré-brotada, é importante também de oficinas e palestras técnicas que abor-
ter um conhecimento da base do sistema darão temas como o controle de pragas,
produtivo. Por conta disso, o projeto en- plantas daninhas e doenças da cana, qua-
tre o IAC, APTA e Associcana abordará uma lificação de ambientes e nutrição”, explica
ampla gama de assuntos para que o pro- a chefe de sessão técnica da UPD de Jaú,
dutor consiga elevar a produtividade de Gabriela Aferri.
Segundo ela, o foco
do projeto é fazer com que
o produtor tenha uma visão
de toda a cadeia de pro-
dução da cana-de-açúcar.
“Nosso objetivo é melhorar
quantitativamente e quali-
tativamente o negócio dos
DIVULGAÇÃO APTA

No final de 2017, foi realizada


a primeira oficina do projeto,
que contemplou o tema
“pragas, plantas daninhas
e doenças da cana”

14 Janeiro · 2018
produtores. Estamos num momento em de mudas pré-brotadas, mas nunca teve
que, se não tivermos uma produtividade a oportunidade de adquiri-las. “Quando
elevada, não vamos conseguir se manter a Associcana entrou em contato comigo,
na atividade. Por conta disso, precisamos indagando se eu gostaria de fazer parte
que o agricultor tenha acesso, o mais ra- de um projeto de melhoramento da minha
pidamente possível, a todo o tipo de in- lavoura, topei na hora.”
formação e conhecimento que o ajudará a De início, Bueno adquiriu 10 mil mu-
atingir sustentabilidade na produção.” das pré-brotadas, que serão plantadas no
Para o presidente da Associcana, o modelo de cantose, em que um talhão lo-
modelo do projeto irá agregar muito aos calizado “num canto” da propriedade, ser-
produtores da associação, que estão ca- virá de muda para o plantio da área co-
rentes de uma fonte de tecnologia que mercial a ser realizado alguns meses após
possa embasar um novo padrão produti- o plantio efetivo da MPB. “Minha expecta-
vo. “É um pacote tecnológico e de conhe- tiva é alcançar uma taxa de multiplicação
cimento que elevará as nossas chances de de 1 para 14, ou seja, esse 1 hectare que
retomar as produtividades do passado, será plantado com MPB fornecerá mudas
aumentar a rentabilidade e ainda mostrar para outros 14 ha.”
a real importância de Jaú no cenário cana-
DIVULGAÇÃO APTA

vieiro nacional.”

Produtores apostam
na MPB para aumento
de suas produtividades
Num primeiro momento, foram sele-
cionados 40 produtores associados a As-
socicana para participar do projeto. São
agricultores que se interessaram pelas
tecnologias apresentadas e que, em sua
maioria, ainda não as utilizavam em larga
escala.
É o caso do produtor Euclides Antô-
nio Bueno, detentor de 256 hectares de
cana no município paulista de Dois Córre-
gos. Associado há 12 anos, já tinha ouvi-
40 produtores da região de Jaú
do falar do sistema de plantio com o uso deram o pontapé inicial no projeto

15
ARQUIVO PESSOAL
P ROD UTORE S D E CAN A

Outro benefício a ser proporcionado


pela chegada das MPBs à fazenda do pro-
dutor é a maior diversificação do plantel
varietal. Hoje, 80% do canavial é compos-
to por uma única variedade: a SP83-2847.
“Quando ingressei no projeto, os enge-
nheiros do IAC e da Associcana visitaram
minha propriedade, analisaram meus am-
bientes de produção e indicaram quais se-
riam os materiais que se adaptariam me-
lhor as minhas condições. A indicação foi
de variedades mais modernas e produti-
vas, como a IAC SP 974039, IAC SP 911099
e a IAC SP 015503.” Euclides Antônio Bueno
nunca havia trabalhado com a
Segundo ele, projetos como esse são tecnologias de mudas pré-brotadas
de extrema importância para que os pe-
quenos produtores consigam se manter de cana-de-açúcar. Este ano, 100% de sua
na atividade. “Precisei correr atrás de no- área de mudas será composta por MPBs.
vas técnicas e ferramentas para aumento “Além de alavancar minha produtividade,
da minha produtividade, pois, caso con- espero também aumentar a longevidade
trário, seria difícil continuar plantando dos meus canaviais, pois passarei a utilizar
cana.” Atualmente, a produtividade média as mudas pré-brotadas também para re-
da fazenda de Bueno beira as 70 TCH. plantar falhas de soqueira.”
Outro que aposta suas fichas no uso Os objetivos de Padozeve Filho a lon-
das MPBs para ganhos de produtividade go prazo são ainda mais ambiciosos. No
é José Saulo Padoveze Filho, produtor de futuro, pretende fazer 100% de sua área de
Jaú e dono de uma área de 180 hectares reforma através do sistema de Meiosi (Mé-
todo inter-rotacional ocorrendo
LEONARDO RUIZ

simultaneamente) e construir
em sua fazenda uma estrutura
para finalização das MPBs.

José Saulo Padoveze Filho passará


a utilizar as MPBs também para
replantar falhas de soqueira

16 Janeiro · 2018
17
E CON OMIA

Quais previsões para 2018 serão


acertadas para o setor sucroenergético?
EM RELAÇÃO A PRODUÇÃO DE AÇÚCAR E ETANOL, TUDO INDICA QUE OS
PREÇOS DO SEGUNDO PRODUTO CONTINUARÃO COM MARGENS MELHORES

* Marcos Françóia

E
stá aberta a temporada de previsões estratégicas do setor.
e com ela vem uma onda de infor- Basta uma instituição um pouco mais
mações conflituosas para as cabeças séria divulgar um número de estimativa de

18 Janeiro · 2018
cana a ser processada, bem como a esti- fiam, e a seguem.
mativa de produção de açúcar e etanol, De certo mesmo, temos que os pou-
para os mais diversos “magos” do setor cos investimentos na renovação do ca-
fazerem suas previsões que geralmente navial não são suficientes para reverter
gravitam em torno da primeira divulgação o processo de envelhecimento da lavou-
feita, o que gera um volume de informa- ra, o que deverá manter a disponibilida-
ções indicando para o mesmo lado, sem de de cana em torno de 590 milhões de
um aprofundamento em relação a real si-
tuação da lavoura, que é a base para a ge-
ração de resultados.
Ultimamente as instituições finan-
ceiras se tornam fontes de estimativas de
produção. Mas qual a origem dos dados
que fundamentam tais análises? Consultas
telefônicas, conversas em encontros do
setor, ou ainda pesquisas descritivas não
garantem segurança nas projeções. Afi-
nal, é histórica a tendência de muitas em-
presas esticarem a estimativa de produção
para cima, principalmente quando essa in-
formação é dada em encontros e/ou para
o mercado financeiro.
Poucas empresas que fazem estima-
tivas de fato entram nos canaviais para ve-
rificar a qualidade e estimar a produtivida-
de da lavoura, levando em consideração,
além da aparência e tamanho, o que de
fato está registrado nas empresas em rela-
ção às atividades de tratos e utilização de
nutrientes, bem como feito em uma amos-
tra significativa do canavial. Daí surgem
essas fontes de informações conflituosas.
Os analistas que utilizam dessas pre- Poucas empresas que fazem
visões para preparar um orçamento me- estimativas de fato entram nos
canaviais para verificar a qualidade
nos arriscado, abraçam a que mais con- e estimar a produtividade da lavoura

19
E CON OMIA

O etanol hidratado será mais beneficiado, portanto


a produção deste será maior que na safra 17/18

toneladas. Não podemos prever mais da MBF têm observado nas avaliações de
que essa quantidade e menos que isso, planos econômicos que possuem acesso.
só com intempéries climáticas ainda não Esse aumento na produção do biocom-
mensuráveis. bustível não causará impacto na produção
Em relação a produção de açúcar e de açúcar e os preços desse produto deve-
etanol, tudo indica que os preços do se- rão manter-se nos mesmos patamares da
gundo produto continuarão com mar- safra corrente, entre 15 e 16 cents.
gens melhores, acompanhando a política Para a cotação do dólar, que impac-
de preços da Petrobras atrelado ao mer- ta diretamente nos preços, não há estima-
cado internacional. Nessa linha, o etanol tivas de que fique diferente do atual pata-
hidratado será mais beneficiado, portan- mar de R$ 3,20.
to a produção deste será maior que na sa- No entanto, enquanto as receitas
fra 17/18, estimada com um crescimento tendem a não se alterar, os custos de pro-
de 8% para atender ao consumo previs- dução indicam aumento, pois a espera-
to. No geral, a estimativa de aumento na da retomada econômica carrega com ela
produção de etanol, em todas as suas for- as exigências de mais investimentos em
mas, é de 5% - número que os analistas equipamentos nas linhas de produção e

20 Janeiro · 2018
na lavoura, além do aumento das despe- Alguns grupos ainda irão pagar caro
sas com contratação de mão de obra, trei- pelas renegociações mal planejadas, onde
namento e reposição de perdas salariais. alongaram suas dívidas sem carência e
Com a retomada econômica, recomeça acreditando numa retomada mais rápida
as pressões sindicais por melhores salá- dos preços. Alienaram bens que antes es-
rios. Também se estima aumento nos cus- tavam livres e com isso ficarão acuados
tos dos insumos, máquinas e implementos nas futuras negociações. É impressionan-
agrícolas. Somadas às pressões, os custos te como no setor ainda temos uma linha
serão maiores e devem ser estimados em de executivos que acreditam em milagres.
até 5% a mais nos planejamentos do ano Resumindo, será um ano onde as
de 2018. margens continuarão estreitas, quando,
Ainda em relação aos custos, mui- ainda, não existirão para alguns, levando
tas empresas do setor, em toda a sua ca- empresas a adotarem saídas radicais, po-
deia produtiva, perdem muito pela fal- rém legais, como a recuperação judicial,
ta de controle adequado. Muitos utilizam na tentativa de se manter no mercado.
o benchmarking de mercado como parâ- As empresas que se enquadram nes-
metro para as suas decisões, outros ain- se perfil precisam estar preparadas para
da entendem que estando a sua empre- esse extenuante desafio e principalmente
sa dentro dos padrões de mercado, não atentas para não cair no “conto do vigário”
necessitam de ações corretivas para me- de soluções não convencionais.
lhorá-los. Ainda há os que sequer conhe-
cem os números ou até os produzem, mas
não sabem analisar ou não analisam. Por
experiência, os custos bem controlados e
acompanhados permitem reduções de no
mínimo 5%, como se confirma em proje-
tos que monitoro.
Outro assunto, já tratado nessa colu-
na em edições anteriores e extremamen-
te relevante é o endividamento. Muitas
empresas continuarão no vermelho e ali-
mentando a dívida. O setor produz mar-
gens, porém não suficientes para as em-
presas que carregam dívidas caras e de
*Marcos Françóia –
curto prazo. diretor da MBF Agribusiness

21
C A PA

22 Janeiro · 2018
ATVOS
O setor
precisa
de cana
“ARROZ COM FEIJÃO BEM-FEITO”, NOVAS TECNOLOGIAS E PRÁTICAS COMO O
TERCEIRO EIXO PROPORCIONAM GANHOS EXPRESSIVOS DE PRODUTIVIDADE

23
C A PA

Leonardo Ruiz, Luciana Paiva e Renato Anselmi

“O
ano de 2018 não será fácil. mia. Resultado: a produtividade caiu para
A expectativa é de que nos a casa das 60 toneladas por hectare (TCH).
próximos anos, esse cená- Nos últimos anos, o setor realiza uma
rio seja muito mais positivo. Mas para so- marcha de recuperação de produtividade,
brevivermos até lá, precisamos fazer nosso a média está em 77 TCH, ainda longe da
trabalho bem-feito, plantar cana direito. estimada para o setor, de 85 e mais lon-
Há tarefas fundamentais para o sucesso da ge ainda da sonhada marca de 100 TCH,
produção agrícola que deixamos de lado a famosa cana de três dígitos considera-
e que acarreta na perda de produtivida- da fundamental para a prosperidade da
de”, alerta Ismael Perina Jr, aos associados atividade.
da Socicana – Associação dos Produtores Mas o setor precisa de cana, nas úl-
de Cana de Guariba – da qual é diretor, du- timas duas safras a produção vem regis-
rante evento realizado pela entidade em trando queda, no ciclo de 2016/17 a mo-
dezembro de 2017. agem da região Centro-Sul foi de 617
Ismael lembra que na última expan- milhões de toneladas, já 2017/18 estimati-
são do setor, na primeira década dos anos vas apontam que deve fechar na casa das
2000, muitos formaram canavial sem o mí- 590 milhões e a expectativa para a safra
nimo controle. Que quase ninguém plan- 2018/19 é que o volume seja menor ainda,
tou cana 100% com qualidade, não se pre- em torno de 580 milhões.
ocupou com viveiro e fez todas as tarefas Para Ismael é possível sim produzir
conforme manda a boa e velha agrono- mais e melhor, e isso pode ser alcançado
por usinas, produtores gran-
des, médios ou pequenos. É
o que ele faz em sua fazen-
da Belo Horizonte, em Jabo-
ticabal, SP, que conta com
área de 530 hectares com
cana, produz por safra 59
mil toneladas e apresenta

Ismael Perina Júnior


- pioneiro no sistema
Meiosi-MPB

24 Janeiro · 2018
Canavial
implantado na
Fazenda Belo
Horizonte

taxa de renovação de
canavial na média de
3,8% da área. O bai-
xo índice de renova-
ção é porque os ca-
naviais apresentam alta produtividade, a O objetivo da equipe da Belo Hori-
média da fazenda é de 112 toneladas de zonte é reduzir ainda mais a taxa de re-
cana por hectare e há áreas com canavial novação e aumentar a alta produtividade
já com mais de 10 cortes, com produtivi- por mais tempo. Para isso, há todo o cui-
dade de 90 toneladas. dado para não haver pisoteio nas linhas
O segredo da Belo Horizonte em ter do canavial, a planta recebe os nutrientes
um “canavial longa-vida” é o trato bem- adequados para a rebrota, e cresce em um
feito tanto na cana-planta como nas so- ambiente preparado para que não haja
queiras. Tudo começa com mudas de alta matocompetição.
sanidade, plantio da cana em área com ro- Mas caso haja a morte de soquei-
tação com leguminosa, o uso correto de ras, o pessoal da Belo Horizonte já tem a
produtos e práticas que ajudam a ter alto solução para cobrir as falhas da linha de
pegamento da cana, desenvolvimento cana, utiliza a muda pré-brotada AgMu-
com vigor e a geração de muitos perfilhos. sa™., desenvolvida pela BASF. “O resultado
Além disso, ressalta o técnico agríco- é excelente, a muda tem alta sanidade e o
la da fazenda, Agnaldo Carlos Siqueira, a crescimento é rápido, cobre a falha perfei-
colheita acontece sempre no melhor perí- tamente e nem precisa ser da mesma va-
odo de condições da matéria-prima - fim riedade do canavial”, diz Agnaldo.
de maio a começo de setembro –, a Belo
Horizonte fornece 100% para a Usina São Ismael ensina o passo
Martinho. E em seu manejo varietal fazem a passo para formar
parte mais de 50 variedades de cana, ne- canaviais com excelência
nhuma responde por mais de 10% da área, Mas o segredo da Belo Horizonte
sendo que as mais cultivadas são: CTC2, não é guardado a sete chaves, pelo con-
CTC 4 e a RB966928. trário, Ismael, sempre que pode passa a

25
C A PA

O correto, para Ismael, é vislumbrar


cada vez mais um horizonte de canaviais
mais longevos, chegando a dez, doze,
quinze cortes. Por isso, não se justifica não
fazer um preparo de solo com excelência.
“O custo é diluído por três plantios. Temos
que voltar a pensar sobre isso. O plantio,
na maior parte das regiões, tem que ser
com horizonte de colheitas de 14, 15 sa-
fras. E isso é possível. Há vários exemplos
no setor de canaviais com mais de 10 cor-
Na fazenda Belo Horizonte, colheita acontece tes. E com as oportunidades e tecnologias
sempre no melhor período de condições
da matéria-prima, segundo Agnaldo que temos, veremos que não será difícil
chegar lá.”
lição para frente. Conta que tudo come- Ressalta que a condição de prepa-
ça pelo preparo de solo. Para ele, na for- ro tem que ser muito boa, com destorro-
mação de um novo canavial é fundamen- amento perfeito. “Como se fosse colocar
tal utilizar em 100% da área o eliminador uma roça de soja [exemplo de cultura in-
de soqueira. “Não dá mais para ficar só na tercalar, usada na rotação de cultura com
gradeação. Volta a brotação, não se inter- cana], que é o que vou fazer no sistema
rompe ciclos.” de Meiosi. Portanto, o próprio preparo de

Dia de Campo na fazenda Belo Horizonte sobre Meiosi-MPB

26 Janeiro · 2018
27
C A PA

Meiosi ajuda a preparar bem o terreno.


E não custa nada. Se absorver todo esse
custo de preparo para a soja, o preparo já
ficou de graça. A soja precisa do preparo e
incorporo no custo dela. Pelo menos onde
ela é possível.”
Também é importante aplicar uma
subsolagem, linha por linha, que faz o ser-
viço de descompactação. “Mas tenho visto
muita gente subsolar e cultivar cana. Está
jogando muito óleo diesel fora. A grande
maioria das áreas não precisa. Joga adubo
em cima. Tem muita ferramenta e não pre-
cisa subsolar todo ano. Não justifica. Te-
nho cana de 14 cortes dando 90, 95 t/ha,
sem uma subsolagem. É claro que há al-
gumas áreas mais complicadas, mas isso é
O sistema de Meiosi-MPB, começa
possível sim.” com o plantio de 1 linha, no caso da
fazenda Belo Horizonte, há quem
O produtor também não se confor- plante duas linhas com MPB
ma com as reformas de canaviais da ma-
neira como estão sendo feitas: que pegam si (Método Interrotacional Ocorrendo Si-
lá da cabeceira, fazendo 100% da área. O multaneamente) e o plantio de muda pré
resultado tem sido uma erosão acentuada. -brotada (MPB) tem feito muito sucesso.
“Não se pode mais perder solo por erosão. E Ismael é um dos principais responsáveis
Temos que fazer reforma em faixa. Por isso por isso, foi pioneiro na adoção da prática,
que é preciso rever alguns pontos e con- quando iniciou, há cinco anos, sua taxa de
ceitos que foram perdidos e, se for preci- multiplicação era de 1x7 (1 linha de cana
so, brigar com gerência e diretoria para se plantada com MPB gerava muda para se-
cultivar a cana como deve ser”, aconselha. tes linhas), hoje, sua taxa de multiplicação
já alcança 1x30. Ismael afirma que o sis-
A dupla MPB e Meiosi tema Meiosi e MPB pode ser adotado por
deve ser amplamente todos os produtores de cana, indepen-
utilizada pelo setor dente do tamanho.
Atualmente, a adoção do sistema Ismael comenta que, aparentemen-
de formação de canavial que une a Meio- te a muda pode parecer cara (média de

28 Janeiro · 2018
R$ 1), mas quando se combina essa tec- isso, ainda não se planta a roça da cultu-
nologia de MPB com o sistema de Meiosi, ra intercalar, porque não choveu ainda. “A
o método fica barato, pois aumenta o ga- roça planta quando chover.”
nho do produtor. Quando plantada o MPB Ele apresenta duas variedades bem-
em Meiosi, a cana produzida vai servir de sucedidas no sistema de Meiosi na sua fa-
muda para a área ocupada com rotação de zenda: a CTC 4 e a RB 85-5156, plantadas
cultura, como soja ou amendoim. nos espaçamos de 60 e de 70 cm. Rela-
Ismael observa que, pensou-se por ta que essas duas variedades, resultam
muito tempo em tonelada de cana por em 1:24 (um sulco com cana produzindo
hectare, “mas temos que pensar em nú-
mero de gemas por hectare ou por metro.
Assim voltamos a cair no conceito da pró-
pria planta chamada cana-de-açúcar, que
forma touceira. Se forma touceira e encho
de gema, joguei muita cana fora à toa que
poderia estar na usina fazendo açúcar e
etanol.”
Na Meiosi com MPB, o produtor tem
grande rendimento. “Nesse modelo, co-
meçamos inicialmente a trabalhar com
50 cm de espaçamento e já estamos com
70 cm em algumas variedades entre uma
muda e outra. E com o canavial futuro fe-
chando de forma inacreditável, mesmo
sendo uma muda plantada a cada 70 cm.”
Mas a MPB exige cuidados, como a
irrigação. Ismael diz que existe uma solu-
ção simples. Com um tanque e uma bom-
ba, se molha no plantio. Mas tem que
fazer trabalho bem-feito de irrigação lo-
calizada, com baixo consumo de água. A
água, além de irrigar, ajuda a dar firmeza
na muda. Depois do plantio, mais outra ir-
rigação pode ser suficiente. Precisaria de Aquela mudinha se transforma em
uma touceira cheia de vigor e muitos
mais uma se ficar muito seco.” Enquanto perfilhos que dão origem a muitas gemas

29
C A PA

muda para cobrir uma área de 24 linhas). Ismael não tem dúvida que é uma
Nesse sistema, ele acredita que o plantio operação que pode ser tranquilamente
manual garante o sucesso da operação. feita pelo pequeno e médio produtor. “Tal-
Variedade e espaçamento são fatores vez a única coisa que o pequeno e médio
que precisam ser estudados pelo próprio produtor precisa é ter equipamento para
produtor, já que cada área tem suas carac- marcar as linhas. Depois é tudo trator de
terísticas. “Cada produtor, na sua área de 75 ou 110 hp, no máximo. Se for no sulca-
produção, tem que perceber isso. Não tem dor ou na mão, ele está tocando a ativida-
receita pronta.” de com 75 hp. Aí já pensamos: desse jeito
“Tenho certeza absoluta que algu- deve reduzir o custo mesmo.”
mas variedades que, a 70 cm, fornecem Com esse sistema, o produtor pode
muda tranquilamente para a necessidade planejar a implantação da sua área de ca-
da área. Outras variedades perfilham me- na-de-açúcar: “posso planejar a variedade
nos e provavelmente exigem que se encur- que quero, do jeito que quero, da forma
te mais a distância entre as mudas planta- que quero, no terreno que quero, no am-
das, chegando a 60 cm.” O espaçamento biente de produção que quero. Tudo com
de 50 cm Ismael praticamente já descar- antecipação. Acabamos com aquele papo
tou para todas as variedades. de pegar a cana mais fácil na hora de fa-

Meiosi na fazenda Belo Horizonte, a linha de cana formada com MPB e as linhas de amendoim

30 Janeiro · 2018
31
C A PA

Na fazenda Belo
Horizonte, a cana
colhida é tombada nas
linhas onde estavam
o amendoim, plantio
manual utilizando 4,5 t/h

zer o plantio”. A cana


plantada no sistema de
Meiosi pode ser colhi-
da manualmente ou no
esquema que boa parte
dos produtores utiliza:
corta com a colhedora, joga no transbor- cana para muda, sobra matéria-prima para
do, transborda na plantadora. O grande fornecer para a usina. No balanço feito por
diferencial do negócio é a redução de cus- Ismael, o sistema reduz o custo de implan-
to operacional. E como vai utilizar menos tação do canavial em torno de R$ 2 mil
por hectare.
Mas o produtor salienta que é fun-
damental utilizar MPB com alta sanidade.
“O problema é que há empresas que estão
fazendo mudas sem os devidos cuidados.
E também já vi produtor de MPB produ-
zindo muda com raquitismo, por exem-
plo. Isso porque está fazendo muda sem
a condição ideal. Por isso, se for se atrever
a produzir MPB, tem que ser como manda
o figurino, para que problemas graves que
já tivemos não se repitam.”

Setor foca na melhoria


do plantio para recuperar
e aumentar a produtividade
Planejamento agrícola, preparo ade-
quado do solo, utilização de mudas sadias,
MPB - alta taxa de multiplicação uso de tecnologias avançadas e mais efi-

32 Janeiro · 2018
cientes, como piloto automático, Veículos opinião do diretor de Tecnologia Agríco-
Aéreos não Tripulados (Vants) e plantado- la da Atvos (ex-Odebrecht Agroindustrial),
ras automatizadas, que aprimoram inclusi- Rodrigo Vinchi.
ve o processo de distribuição de mudas no Um aspecto que Vinchi considera
sulco. Estes itens fazem parte da lista ado- fundamental para a boa performance do
tada por muitas unidades sucroenergéti- plantio é o trabalho realizado pelos pro-
cas para recuperar ou aumentar a produti- fissionais da empresa. “A Atvos tem nas
vidade e a longevidade dos canaviais. pessoas o seu maior pilar para gerar re-
A atenção maior tem sido direciona- sultados positivos. As equipes passam por

ATVOS

Canavial na Atvos

da ao plantio mecanizado da cana, consi- treinamentos rotineiros de maneira a es-


derado com um dos principais responsá- tarem capacitadas e familiarizadas com
veis pelo aumento de custo de produção, toda tecnologia embarcada nas máquinas
ao enterrar em média 20 toneladas de e equipamentos atuais”, destaca.
cana por hectare, enquanto que o manu- A empresa conseguiu reduzir, nos úl-
al utiliza em torno de 10 TCH. Mas o uso timos anos, a quantidade de mudas utili-
da máquina é a realidade, então, o que ne- zadas, em decorrência das medidas e tec-
cessita é aperfeiçoar não só a operação, nologias adotadas, como a utilização da
mas todo o contexto envolvido. Essa é a plantadora automatizada. “O consumo

33
C A PA

O setor precisa pensar em produzir canaviais com alta produtividade por muitos cortes

atual de mudas na Atvos está numa fai- O dimensionamento de toda a es-


xa entre 14 e 15 toneladas por hectare. Há trutura de máquinas e equipamentos en-
três anos, o consumo superava 18 tone- volvidos no processo, desde o preparo de
ladas”, compara Rodrigo Vinchi. A Atvos solo até o trato da cana plantada, também
planta em torno de 70 mil hectares por sa- é trabalhado de forma criteriosa no plane-
fra. Para a realização desse plantio são uti- jamento agrícola, com a finalidade de mi-
lizadas aproximadamente 50 plantadoras, tigar possíveis gargalos – detalha.
todas automatizadas. “Além disso, o uso de mudas de ori-
O trabalho de plantio começa pelo gem sadia e com idade adequada é fun-
planejamento agrícola – afirma Rodrigo damental para o sucesso no processo de
Vinchi. “É fundamental que as característi- plantio”, ressalta.
cas de solo e clima de cada unidade sejam Os ganhos proporcionados por re-
contempladas como premissas da plata- cursos tecnológicos eficientes é outro as-
forma de planejamento, de forma a otimi- pecto relevante para a mudança de pata-
zar a operação de plantio nos momentos mar do plantio mecanizado. A mitigação
mais favoráveis”, enfatiza o diretor de Tec- dos problemas de paralelismo e a maxi-
nologia Agrícola da Atvos mização do número de linhas estão, por

34 Janeiro · 2018
exemplo, entre os benefícios provenientes – exemplifica. “A máquina automatizada
da utilização do piloto automático, segun- traz uma série de sensores e de melhorias
do Vinchi. sistêmicas que reduzem a necessidade de
Associado ao computador de bordo, interferência humana em etapas cruciais
o piloto automático possibilita o acom- do plantio”, diz.
panhamento online do desempenho dos Para garantir os resultados positivos
equipamentos, diagnosticando de for- nas atividades que envolvem o plantio de
ma efetiva as ineficiências do processo cana, a Atvos utiliza um sistema de gestão

A distribuição uniforme das mudas


metro a metro no sulco de plantio
é uma das vantagens da plantadora
automatizada em relação às
máquinas convencionais, Vinchi

– observa. A altimetria de áreas de plan- da qualidade que monitora diariamente a


tio e o monitoramento de falhas podem operação – revela – para identificar even-
ser realizados pelos veículos aéreos não tuais desvios e corrigi-los rapidamente.
tripulados.
A distribuição uniforme das mudas Biosev utiliza tecnologia
metro a metro no sulco de plantio é uma de ponta para aumentar
das vantagens da plantadora automatiza- eficiência no plantio
da em relação às máquinas convencionais Com onze unidades agroindustriais

35
BIOSEV
C A PA

Tecnologias de ponta estão desempenhando um papel


importante no aprimoramento do plantio mecanizado

nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nor- nuição das falhas nos canaviais proporcio-
deste, a Biosev tem implementado diver- nadas pela operação mecanizada, a Bio-
sas medidas visando a obtenção de re- sev tem recorrido ao replantio – quando
sultados satisfatórios no plantio de cana. há necessidade – a partir do mapeamento
Preparo adequado de solo; viveiro de de áreas de cana com a utilização de ferra-
muda, com a utilização dos sistemas de mentas como Vant e drones, informa o di-
meiosi e cantosi, nas fazendas; plantado- retor agrícola.
ras e colhedoras adaptadas para o plan- Tecnologias de ponta estão desem-
tio e colheita de muda; treinamento ope- penhando um papel importante no apri-
racional; controle de qualidade no campo moramento do plantio mecanizado. O pi-
e geotecnologias fazem parte da lista de loto automático contribui para a melhoria
procedimentos adotados – detalha Car- dos resultados nessa operação agrícola
los Daniel Berro Filho, diretor agrícola do – exemplifica Carlos Berro Filho – devido
grupo. ao paralelismo, sistematização e melhor
Para Daniel, Mudas Pré-Brotadas aproveitamento das áreas. As mudanças
(MPBs), novas variedades de alto perfilha- nas plantadoras estão também ajudando
mento e o uso de bioestimulantes estão a reduzir os problemas gerados pela me-
também ajudando a Biosev a aprimorar o canização, incluindo a diminuição do ele-
processo de plantio de cana. Para a dimi- vado consumo de mudas.

36 Janeiro · 2018
37
C A PA

de plantio mecanizado de cana-de-açúcar.


Quem afirma isto é Daniel Alves, gerente
do Departamento de Logística e Desem-
penho de Frota da Pedra Agroindustrial.
Alves salienta que, diversas ações
têm sido desenvolvidas nas usinas do gru-
po visando a obtenção de bons resultados
no plantio de cana-de-açúcar, principal-
mente em relação à redução do consumo
de mudas e à diminuição de falhas nos
Para Daniel, MPBs, novas variedades de alto
perfilhamento e o uso de bioestimulantes canaviais.
estão também ajudando a Biosev a
aprimorar o processo de plantio de cana “Com certeza, quanto menor o con-
sumo de mudas, maior a economia no
A plantadora automatizada possibi- plantio. Existe, porém, um contraponto
lita – destaca – melhor controle do con- em relação ao percentual de falhas. Quan-
sumo de mudas e uniformidade na distri- to mais se limita a dosagem de muda no
buição quando comparada às máquinas plantio realizado com plantadoras, maior
convencionais. Com um índice de reforma é a probabilidade de falhas”, comenta.
de 13%, a Biosev possui 70 plantadoras, Apesar dos desafios proporcionados
sendo seis automatizadas, que são usadas pelo plantio mecanizado, a Pedra Agroin-
no Polo Ribeirão Preto. Em média, a quan- dustrial tem obtido bons resultados nes-
tidade de mudas utilizadas pela Biosev sa operação. No início da mecanização, o
gira em torno de 18 toneladas por hecta-
re. Com o uso de plantadoras automatiza-
das, o consumo tem uma queda para 12 a
14 toneladas – compara.

Pedra Agroindustrial
adota sistema de gestão
e acompanhamento
eficiente para melhor o
desempenho do plantio
Um sistema de gestão e acompanha-
mento eficiente é fundamental para avaliar “Com certeza, quanto menor
o consumo de mudas, maior a
a qualidade e o rendimento das operações economia no plantio”, diz Alves

38 Janeiro · 2018
O preparo adequado do solo e o treinamento da equipe estão entre as medidas que devem
ser adotadas para a obtenção de resultados positivos no plantio mecanizado de cana

consumo de mudas estava em 16 tonela- sário desmontar a cabine, para evitar pro-
das por hectare. Atualmente, a quantida- blemas com o excesso de altura”, constata.
de utilizada é de 13,7 toneladas – informa Na avaliação dele, as plantadoras
Daniel Alves. têm evoluído. “Mas, há ainda um longo
Uma das tecnologias, que tem con- caminho a ser percorrido. No meu ponto
tribuído para essa redução, é a plantado- de vista, o sistema de plantio deve evo-
ra automatizada – constata. A distribuição luir como um todo. A plantadora é apenas
mais uniforme de toletes por metro line- uma das pontas do processo”, opina.
ar é uma das vantagens dessa máquina Para a diminuição de falhas nos ca-
em relação às plantadoras convencionais naviais, Daniel Alves destaca a necessida-
– compara. de de adoção de alguns procedimentos e
Além disso, a plantadora automatiza- cuidados, como a observação da idade da
da requer menor número de pessoas en- muda, o controle eficiente da qualidade
volvidas na operação de plantio – diz. Outra em todas as etapas e a utilização de varie-
vantagem é a facilidade de transporte da dades que se adaptam melhor ao plantio
máquina entre as unidades. “Não é neces- mecanizado.

39
C A PA

O preparo adequado do solo e o trei- res fornecedoras de matéria-prima para


namento da equipe estão entre as medi- usinas no estado de São Paulo. Essa em-
das que devem ser adotadas para a ob- presa possui oito fazendas localizadas em
tenção de resultados positivos no plantio um raio de cem quilômetros de São José
mecanizado de cana-de-açúcar – diz. É do Rio Preto, SP, onde está sediada.
preciso ter capricho em todas as ativida- Com 40 mil hectares de área para a
des que envolvem o processo – enfatiza. cultura, a CFM produz cana para oito usi-
A Pedra Agroindustrial faz, anual- nas. “A nossa sobrevivência depende da
mente, o plantio de cana em 25 mil hecta- eficiência na operação agrícola”, afirma
res (em média), utilizando 44 plantadoras, o engenheiro agrônomo Anselmo Dimas
sendo 28 automatizadas. O grupo possui Ferrari, gerente de motomecanização da
três unidades, que estão localizadas no CFM.
estado de São Paulo: Usina da Pedra, em Para obter uma produtividade média
Serrana; Buriti, em Buritizal e Ipê, em Nova entre 87 e 88 toneladas de cana por hecta-
Independência. re (TCH), essa fornecedora de matéria-pri-
ma investe em tecnologia, capacitação de
CFM une tecnologia e pessoas e tratos culturais – revela Ansel-
capacitação técnica dos seus mo Ferrari.
profissionais para aumentar Outra preocupação está relaciona-
a eficiência do plantio da aos cuidados com o preparo e a sis-
A Agropecuária CFM, uma das maio- tematização da área que levam em conta

É fundamental talhões extensos e planos, para que as máquinas


possam ter “tiros longos”, com o mínimo de manobra possível

40 Janeiro · 2018
Cada muda que nasce em
nossa sede representa o
nosso comprometimento e
esperança de fazer do mundo
um lugar melhor para se viver

A Florestal Casa da Árvore é


uma empresa que trabalha
com a produção de mudas
nativas, executando projetos
de reflorestamento com fins
de preservação e também
plantios comerciais.

SERVIÇOS OFERECIDOS:

Compensação Adequação Ambiental Arborização


Ambiental Propriedade Rural Urbana

Reserva Execução de Venda


Legal Plantio no Campo de Mudas

FLORESTAL CASA DA ÁRVORE


Conheça mais sobre o nosso trabalho e como podemos contribuir para o seu negócio
www.florestalcasadaarvore.com.br
Estamos na Estrada de terra, Varginha / Três Corações, s/n. Zona rural. Varginha - MG
Contato: florestalcasadaarvore@hotmail.com
Matheus: (35) 98857.5987 - Luiz Otávio: (35) 99147+4879
41
C A PA

“A nossa sobrevivência
depende da eficiência na
operação agrícola”, afirma
o engenheiro agrônomo
Anselmo Dimas Ferrari

plantadoras de cana pica-


da PCP 6000 Automatiza-
da, da DMB Máquinas e Im-
plementos Agrícolas, que é
utilizada em mais de 90%
da área. O plantio na CFM é
100% mecanizado. Em ape-
a necessidade de talhões extensos e pla- nas uma fazenda, houve a adaptação de
nos, para que as máquinas possam ter “ti- uma distribuidora para o plantio de cana
ros longos”, com o mínimo de manobra inteira em pequena área – diz o gerente de
possível. motomecanização.
“Em áreas onde há maior compacta- A plantadora automatizada (sem ca-
ção, fazemos a subsolagem com escarifi- bine) é bastante superior aos modelos an-
cador, de cinco a sete hastes, dependendo teriores voltados à operação mecanizada
da potência do trator”, detalha. – compara –, porque controla a distribui-
Uma grande aliada da CFM, para ção de mudas, considerando os fatores de
a realização do plantio anual entre 6 mil profundidade e cobertura. Com o alinha-
a 8 mil hectares, é a frota própria de 14 mento correto – guiado por GPS – e a pro-
fundidade do plantio regulada, o tolete cai
deitado no sulco de maneira correta e a
cobertura é feita com a compactação ide-
al, observa Anselmo Ferrari.
Nas operações da plantadora auto-
matizada, há um melhor aproveitamento
da umidade do solo, porque a máquina
joga o tolete e já faz a cobertura – explica.
Há sete anos todo o plantio da CFM
é mapeado com GPS. A empresa tem tam-
bém uma preocupação com o levanta-
O uso de agricultura de precisão e mento de falhas de plantio. Para isto, ocor-
drones contribui na obtenção de
canaviais de alto desempenho re a utilização de fotografia aérea feita por

42 Janeiro · 2018
drone – informa. gundo ele, é importante ter câmeras muito
A CFM consegue, em algumas áreas, bem posicionadas para o operador acom-
o consumo de 14 toneladas de mudas de panhar a qualidade da operação.
cana por hectare, de acordo com Ansel- A obtenção de bons resultados de-
mo Ferrari. A média tem sido em torno de pende também de regulagem da planta-
15 toneladas. “Está acima do plantio ma- dora e do preparo do solo – ressalta. “A
nual. Mas, como não existe mais este tipo máquina sempre deve trabalhar no auto-
de plantio, temos que comparar com ou- mático. Não deve ser utilizada no manual.
tro mecanizado”, comenta. Aí não funciona. Ela foi feita para trabalhar
A quantidade de mudas consumida no automático”, enfatiza.
pelo plantio da CFM é inferior ao total uti- Para conseguir qualidade e rendi-
lizado em unidades produtoras de cana mento satisfatórios em todas as opera-
que usam outros modelos de plantadoras. ções, a CFM valoriza a capacitação técnica
Em diversos casos, a quantidade varia en- dos seus profissionais, que é sempre apri-
tre 18 a 22 toneladas de mudas de cana morada com os treinamentos. Um diferen-
por hectare. cial da CFM, nessa área, é a baixa rotativi-
Apesar do plantio automatizado ter dade da equipe – destaca –, que participa
somente o operador do trator, existe a ne- inclusive de encontros para avaliação de
cessidade da adoção de alguns cuidados falhas do plantio. “Isto integra muito os
– diz o gerente de motomecanização. Se- profissionais”, constata.

Terceiro eixo organiza


colheita por idade e alavanca
produtividade do canavial

E
m 2010, o produtor mineiro Dai- tava um novo conceito em colheita de
ne Frangiosi, de Campo Flori- cana-de-açúcar chamado de Matriz
do, participou de uma palestra Tridimensional, popularmente conhe-
no Canacampo Tech Show - sob o co- cido como “Terceiro Eixo”. O sistema
mando do diretor do Centro de Cana consiste em colher os canaviais se-
do IAC, Marcos Landell - que apresen- guindo uma lógica de idade, iniciando

43
C A PA

DIVULGAÇÃO BIOSEV
Terceiro Eixo consiste em colher os canaviais seguindo uma lógica de idade,
iniciando a safra com as canas mais novas e finalizando com as mais antigas

a safra com as canas mais novas e fi- de canas precoces, médias e tardias.
nalizando com as mais antigas. Com a Matriz do Terceiro Eixo, uma
O conceito é bastante simples, cana tardia pode acabar sendo colhi-
embora a execução possa ser um pou- da no começo da safra. “A dúvida aca-
co complicada. Primeiramente, é co- bou a partir do momento em que co-
lhida toda a cana planta, seguida das loquei o sistema em prática e comecei
socas de segundo corte e, posterior- a enxergar os benefícios.”
mente, de terceiro. E assim sucessi-
LEONARDO RUIZ

vamente. No ano seguinte, a colhei-


ta da área será realizada sempre com
um mês de atraso. Se este ano foi em
abril, no próximo será em maio. O ob-
jetivo é ganhar um mês de idade do
canavial. Um maior período para cres-
cimento resultará em melhor matura-
ção e maiores taxas de produção.
Frangiosi confessa que, no início, Após a adoção do Terceiro Eixo,
achou a ideia um tanto estranha, pois produtividade média nos mais de
4400 hectares de Daine Frangiosi
ela abandona o conceito tradicionais alcançou os tão sonhados três dígitos

44 Janeiro · 2018
Logo no primeiro ano, a produti-

ARQUIVO CANAONLINE
vidade do produtor saltou de 70 tone-
ladas de cana por hectare (TCH) para
86 TCH. A partir dali, só acima dos três
dígitos. Em 2017, por exemplo, o ba-
lanço final apresentou uma produtivi-
dade média de 116 TCH. “A Matriz do
Terceiro Eixo é, sem dúvida, um dos
meus segredos para obtenção de altas
produtividades.”
Atual diretor do Centro de Cana do
IAC, Marcos Landell é um defensor
De Matriz Bidimensional da Matriz do Terceiro Eixo
para Tridimensional ma e se aprofunda no perfil do solo.
O conceito hoje conhecido por Exemplificando: uma cana de quin-
Terceiro Eixo surgiu a partir de uma to corte estará mais protegida contra
matriz - desenvolvida pelo Instituto a seca do que uma cana planta, pois
Agronômico (IAC) há mais de 20 anos será capaz de entrar em contato com
- composta por dois fatores: ambiente a água que está localizada numa pro-
de produção (favorável, médio e des- fundidade impossível de ser alcança-
favorável) e época de colheita (outo- da pela raiz de uma cana mais nova.
no, inverno e primavera). “Tínhamos “Com a adição do terceiro fator,
em mãos uma matriz de dois fatores a outrora Matriz Bidimensional pas-
com três níveis, totalizando nove cé- sou a ser Tridimensional, que nada
lulas. Nomeamos de Matriz Bidimen- mais é do que um sistema de colheita
sional”, explica o diretor do Centro de que busca mitigar e reduzir a exposi-
Cana do IAC, Marcos Landell. ção dos canaviais a déficit hídrico, em
Em 2006, uma série de estudos especial daqueles com maior poten-
realizados visando entender a fundo cial de produção - cana planta e socas
o sistema radicular da cana culminou de segundo e terceiro corte.” Estimati-
na adição de um terceiro fator à ma- vas apontam que, a cada 100 mm de
triz: ciclo da planta. De acordo com redução de déficit hídrico no ciclo da
Landell, foi notado que, a cada corte, cultura, é possível aumentar a produ-
o sistema radicular da cana se avolu- tividade de 7 a 10 TCH.

45
C A PA

GRÁFICO TERCEIRO EIXO

FONTE: COFCO
Não basta inverter a ordem sacrificar um canavial, colhendo-o
da colheita. É necessário mais novo do que deveria.” Os benefí-
muito planejamento cios, segundo ele, virão a longo prazo.
antes de colocar o Fazer um correto manejo das va-
Terceiro Eixo em prática riedades também é essencial para o
De acordo com o consultor as- pleno funcionamento da Matriz do
sociado da Canaplan, Nilceu Piffer Terceiro Eixo. Cardozo explica que,
Cardozo, o Terceiro Eixo é uma práti- a princípio, todos os programas de
ca que vem ganhando corpo no setor
LEONARDO RUIZ

canavieiro nacional, em especial nas


duas últimas safras. Porém, ele aler-
ta aos interessados: não basta inverter
toda a colheita de uma hora para ou-
tra. É necessário muito planejamento
antes de colocar o sistema em prática.
“A transição do atual método de co-
lheita para o Terceiro Eixo deve ser fei-
ta aos poucos. No início, pode ocorrer
de a frente de colheita ter que voltar Nilceu Cardozo: “A transição do atual
método de colheita para o Terceiro
para uma área já colhida. Ou ter que Eixo deve ser feita aos poucos”

46 Janeiro · 2018
melhoramento genético foram feitos

LEONARDO RUIZ
imaginando que haveriam varieda-
des mais adequadas para serem colhi-
das no começo, meio e fim de safra.
Com esse novo conceito, isso deixa de
existir. “Mas é claro que existem limi-
tes. Você pode acabar, por exemplo,
colhendo um material precoce mais
Patrícia conta que as produtividades
tarde do que o recomendado, o que na COFCO aumentaram após a adoção
do Terceiro Eixo. Objetivo agora é levar
pode ser um problema em ano de flo- toda a produção a casa dos três dígitos
rescimento. Existe solução para isso,
como o uso de inibidores, mas é mais tante aliado. Em apenas um ano, uma
um ponto para a usina ficar atenta.” cana planta de 18 meses em uma das
unidades da COFCO International saiu
COFCO International de 106 TCH para 120 TCH. Um canavial
vê suas produtividades de segundo corte deixou a casa das 92
saltarem em menos de TCH e bateu os três dígitos: 101 TCH.
um ano após a adoção Em uma soca de terceiro corte, o au-
do Terceiro Eixo mento foi ainda maior: 75 TCH para 91
Quando deu a ideia de adotar a TCH. “Acredito que esses números irão
Matriz do Terceiro Eixo nas unidades se perpetuar a cana ano, chegando
do Grupo COFCO International, a dire- também às canas de ciclos mais an-
toria não botou muita fé. Mas a geren- tigos. Com isso, espero, futuramente,
te agrícola Patrícia Rezende Fontou- levar toda a produção a casa dos três
ra foi persistente. Insistiu no assunto e dígitos.”
conseguiu permissão para a implanta- Patrícia destaca que a implan-
ção do sistema. O trato era que, caso tação do sistema não foi fácil, sendo
não desse resultado, o projeto seria que ainda existem muitos pontos para
descartado em 12 meses. melhorar. “É um quebra-cabeça que
Mas o que o Grupo viu foram estamos tentamos desvendar. A lo-
produtividades crescendo expressi- gística deve ser precisa para dar cer-
vamente e, o que antes era um pon- to. Ainda não é 100%, mas estamos no
to de interrogação, virou um impor- caminho.”

47
ME C A NIZ AÇÃO

TT do Brasil Ltda desenvolve projeto


que busca a falha zero no plantio
mecanizado e canaviais de três dígitos
NOVA TECNOLOGIA COMEÇARÁ A SER TESTADA NO BRASIL EM
FEVEREIRO E ENVOLVE MUDA, MÁQUINA, PREPARO DE SOLO
E MATERIAIS AINDA NÃO UTILIZADOS PELO SETOR

Na busca pela taxa zero de falhas e o uso de menor consumo de cana-muda por hectare,
a Doble TT tem testado o plantio com várias quantidades, este canavial da foto foi
plantado com 500 quilos. Os testes no Brasil começam agora em fevereiro

Luciana Paiva e Leonardo Ruiz

E
m 2016 o setor sucroenergético bra- nas usinas e alcançamos esse objetivo. Fe-
sileiro foi apresentado à Plantado- chamos o ano com três usinas com maqui-
ra de Cana Automatizada TT8022 In- nas nossas. Para uma delas, já entregamos
teligente desenvolvida pela TT do Brasil. e outras duas entregaremos até fevereiro.
“Foi um ano de introdução da empresa no Estamos em negociação com mais quatro
país, iniciamos fornecendo a plantadora usinas. Quem encara o plantio de uma for-
para produtores de cana, onde pudemos ma séria, usando muda como muda e não
acompanhar o desempenho do produto e como resto de cana, está investindo tanto
aprimorá-lo em parceria com os usuários. na troca de equipamentos, como na am-
Em 2017, a meta foi a introdução da marca pliação do parque de máquinas, pois en-

48 Janeiro · 2018
desde 2016. No começo, todos pergunta-
vam se tínhamos máquinas em funciona-
mento no Brasil, tínhamos apenas em ou-
tros países, agora já temos e servirão de
ponto de observação.”

Linha canavieira da Doble TT


Merquisson e Guilhermo: profissionais da está presente em 25 países
Doble TT do Brasil empenhados para que o
setor obtenha canaviais com alto desempenho A Doble TT é uma empresa global,
com 38 anos de existência, iniciou com a
xergou os diferenciais de nossa Plantado- produção de grades e discos para a prepa-
ra Inteligente, que possibilita economia de ração do solo. Em 2006 começou a traba-
mudas, maior performance de rendimento lhar no desenvolvimento de implementos
e manutenção reduzida, entre outras van- e plantadoras para a cultura da cana. Sua
tagens” diz Merquisson Sanches, Gerente linha canavieira está presente em 25 paí-
de Operações da TT do Brasil. ses. “No ano passado, começamos a tra-
Segundo Merquisson, a Plantadora balhar em quatro países novos: México,
de Cana Automatizada TT8022 Inteligente, Nicarágua e dois países da África. Nossos
devido a seu grande diferencial em rela- equipamentos estão nas Américas, África
ção aos modelos existentes, já é conside- e Oceania, menos na Europa, porque não
rada como uma das melhores opções do tem cana. Temos grande participação no
mercado. “E o fato
de já estar presen-
te em usinas, deve
alavancar vendas
de forma expo-
nencial e não line-
ar, como vínhamos

Plantadora de
cana automatizada
TT8022 inteligente
modelo 2018
apresenta novidades

49
ME C A NIZ AÇÃO

mercado das Filipinas e também da Tailân- para o canavial comercial que será implan-
dia, o segundo maior exportador de açú- tado, o período de safra. Talvez, essa pre-
car do mundo, depois do Brasil”, salienta ocupação com a quantidade, em cumprir
Guilhermo Abratte, Diretor General da TT metas e prazos, faz com que o setor bra-
do Brasil. sileiro, principalmente as usinas, não apri-
Em 2015, a Doble TT montou sua fá- more o conceito de plantio mecanizado,
brica no Brasil, na cidade de Lençóis Pau- o preparo de solo bem-feito, o preparo
lista, no interior de São Paulo, com o ob- de muda, a logística do fornecimento das
jetivo de oferecer ao setor canavieiro mudas. Tudo isso envolve a operação de
soluções para aumentar sua competitivi- plantio, se não forem realizados adequa-
dade. Para isso, sabia que era necessário damente, não tem como o plantio mecâ-
vivenciar a realidade da agroindústria ca- nico ser bom. Conhecemos bem o plan-
navieira brasileira. desenvolvendo tecno- tio mecanizado de cana em 25 países, e o
logias personalizadas às suas condições. plantio brasileiro tem muito que melhorar,
acima de tudo, no conceito de muda para
plantio mecânico.”
Plantio com
a Plantadora
de Cana Plantadora de
Automatizada Cana Automatizada
TT8022
Inteligente TT8022 Inteligente modelo
2018 apresenta novidades
O objetivo da TT do Brasil não é ape-
nas comercializar máquinas, ressalta Gui-
lhermo, mas investir em ferramentas que
Guilhermo salienta que a empresa é torne o equipamento cada vez mais ade-
focada em inovações, assim, para o mer- quado para a realização do plantio mais
cado brasileiro resolveu desenvolver solu- eficiente. Para isso, a empresa tem agre-
ções, principalmente voltadas para a área gado ao produto dispositivos de agricul-
de plantio, considerado como a maior de- tura de precisão, que fornecem ao usuário
ficiência no processo de produção de cana. muito mais informações, facilitando a to-
“O Brasil é o maior produtor de cana do mada de decisão.
mundo, tudo aqui é diferente de qualquer E a versão 2018 da Plantadora de
outro país produtor, tudo é maior: o volu- Cana Automatizada TT8022 Inteligen-
me de produção, a extensão das proprie- te chega ao mercado com um diferencial,
dades, a distância de onde estão as mudas seus aleirons são hidráulicos e podem ser

50 Janeiro · 2018
Entrega técnica da Plantadora de Cana Automatizada TT8022 Inteligente em usina de Minas Gerais

comandados através do trator para agi- TT do Brasil testa novo


lizar a logística de transporte da máqui- adubador para a cultura
na. “Nossa máquina não precisa mais de canavieira nacional
munck no campo para segurar os aleirons, Na fábrica da TT do Brasil em Len-
destravar e baixar. Aumentamos a segu- çóis Paulista está em desenvolvimento o
rança da operação, pois não é mais ne- adubador FertiMax, que utiliza dois discos
cessário ter pessoas trabalhando em altu- desencontrados, o adubo não é colocado
ra. Era uma demanda por parte das usinas, em superfície, mas internamente entre 10
que precisam atender as normas de se- a 15 cm de profundidade. Possibilitando o
gurança e também agilizar o processo. As cultivo tanto na soqueira quando no início
máquinas que estamos entregando já têm de brotação. Deposita o adubo ao lado do
esse dispositivo”’, explica Merquisson. plantio, nas entrelinhas ou no centro da li-
nha. É configurável, posiciona os cabeço-
tes de adubação onde precisa. Outro de-
Canavial plantado talhe importante é que são pantográficos.
com a Plantadora
de Cana E podem trabalhar com quantidade gran-
Automatizada de de carga de palha. O equipamento já é
TT8022
fabricado na unidade da empresa na Ar-
Inteligente
gentina, atendendo a todos os países pro-
dutores de cana que realizam o plantio no
espaçamento abacaxi, diferente do Brasil

51
ME C A NIZ AÇÃO

que adota o espaçamento de 1,50 cm e o


combinado. Estamos adequando as medi-
das de chassi para atender o mercado bra-
Sulcador
sileiro. Os testes com o FertiMax devem da TT do
começar em março”, informa Guilhermo. Brasil
A TT pretende desenvolver no Brasil
apenas produtos com maior valor agrega-
do, salienta Guilhermo. Por enquanto, não
pensa em investir em transbordos, que são
fabricados na unidade da empresa na Ar- car, para isso, desde 2010 realiza estudos
gentina e na África do Sul. “Só passaremos para o desenvolvimento de uma tecnolo-
a produzir transbordos no Brasil, quando gia que busca propiciar zero de falhas no
tivermos um projeto que apresente dife- plantio e cana de três dígitos. E para me-
renciais aos que estão no mercado. Foca- lhorar ainda mais, a preço acessível.
mos no desenvolvimento de inovações.” A tecnologia ainda é segredo, mas
Entre as inovações da TT ofereci- Guilhermo nos adiantou que envolve a
das para cultura canavieira brasileira está muda, a máquina, o preparo do solo, e
o novo Sulcador com desarme e rearme materiais novos, ainda não utilizados na
automático através de cilindro hidráulico cana e que oferecem condições para que
atuado por acumulador de nitrogênio (cir- a nova muda possa se desenvolver. “Nos-
cuito hidráulico fechado). Veja no vídeo. sa tecnologia será para grande escala e
utilizada por todos. Será uma ferramenta
Falha zero de plantio, cana de que vai complementar a muda pré-brota-
três dígitos e preço acessível da (MPB) em relação às falhas. O processo
A Doble TT é mais que uma fabri- todo será feito pela TT, mas não seremos
cante de máquinas,
participa de todo o
processo de plan-
tio de cana-de-açú-

Profissionais de usina
em treinamento para
melhor aproveitarem
as vantagens da
Plantadora de Cana
Automatizada
TT8022 Inteligente

52 Janeiro · 2018
53
ME C A NIZ AÇÃO

Canavial plantado
com a nova
tecnologia Doble TT
que tem conceito
de semente. Não é
plantadora de tolete

donos da muda, da variedade. O cliente muita gente com conhecimento para con-
poderá plantar quando quiser, a varieda- tribuir no desenvolvimento desse proces-
de que gosta e a quantidade que precisar. so. Claro que temos um fim comercial, mas
Ele terá maquinário e tecnologia para po- nosso objetivo é ajudar o setor a produzir
der trabalhar com 500 kg por hectare (hoje mais e melhor. Pensamos que esse proje-
a média do setor é 20 toneladas de cana to trará conceitos novos de trabalho e es-
-muda por hectare). Nossa nova tecnolo- tamos abertos para todos aqueles que te-
gia tem conceito de semente. Não é plan- nham alguma ideia para aprimorá-lo. Em
tadora de tolete.” breve, teremos ferramentas disponíveis
Os testes da nova tecnologia estão para compartilhar a informação com aque-
sendo realizados na Argentina e, recente- les que desejam fazê-lo”, diz Guilhermo.
mente, foram ampliados para um produ- Na próxima edição da CanaOnline
tor das ilhas do Caribe. A Doble TT criou você saberá mais sobre essa tecnologia
um setor só para desenvolver a tecnolo- revolucionária que está sendo desenvolvi-
gia e agilizar o processo, em decorrência da pela TT do Brasil. Não perca!
da necessidade do mercado. O pro-
duto está sendo adequado para aten-
TT do Brasil
der às condições brasileiras e os tes-
Rod Juliano Lorenzetti Km 8,93
tes de campo já começam agora em
D. Ind II - Cep: 18685-745
fevereiro, nas terras de um produtor
Lençóis Paulista - SP - Brasil
de cana no interior paulista. O objeti-
• Contatos: +55 (14) 4105-0515
vo é que o Brasil venha ser o primei-
atendimento@ttdobrasil.com
ro a receber esse sistema.
• Mais informações: www.ttdobrasil.com
“Vamos iniciar parcerias com
• www.facebook.com/TTdoBrasilLtda/
produtores. Acreditamos que exista

54 Janeiro · 2018
55
CO LU NA P E CE GE CU STOS

Relação entre insumos


agrícolas e produtividade dos
canaviais na região Nordeste

N
os últimos anos, o custo de pro-
dução na região Nordeste tem
aumentado e a produtividade dos
canaviais está estagnada assim, os produ-
tores para se tornarem competitivos de-
vem identificar os principais gargalos na
produção. Os gastos com insumos que re-
presentam quase um terço dos custos de Juliano Mantelatto João Marcos
julianomantelatto@pecege.com joaomoraes@pecege.com
produção, estão diretamente relacionados
com a produtividade, aumentando o in- ocorreu um aumento de produtividade na
vestimento com insumos, principalmente mesma proporção.
fertilizantes e defensivos agrícolas, espe-
ra-se um aumento de produtividade.
CUSTOS COM INSUMOS AO
Na tabela abaixo é apresentado os
LONGO DAS ÚLTIMAS 8 SAFRAS
custos com insumos em R$/ha e em R$/t
NA REGIÃO NORDESTE
ao longo das últimas 8 safras. Quando
analisado em R$/ha é possível ter ideia de CUSTOS COM INSUMOS
SAFRA
intensidade do investimento, que não ne- R$/ha R$/t
cessariamente é um aumento na quanti- 09/10 552,37 15,14
10/11 644,33 19,01
dade de insumo, podendo ser aumento
11/12 705,74 17,40
do preço, enquanto em R$/t avalia o re-
12/13 698,64 21,47
sultado do investimento. 13/14 735,65 20,69
Assim, comparando a safra 14/15 822,20 23,05
2016/2017 com a 2009/2010, houve um 15/16 881,17 29,02
16/17 879,24 31,57
aumento de 59,2% em R$/ha e 108,5%
Fonte: PECEGE/CNA (2017). Valores
em R$/t, ou seja, ocorreu um acréscimo
deflacionados pelo IGP-DI (2016 = 100).
nos investimentos com insumos, mas não

56 Janeiro · 2018
Na figura abaixo foi utilizado como seguindo assim preços mais competitivos.
base 1 os custos com insumos da safra Além disso, rever alguns conceitos, apri-
2009/2010 e avaliado o comportamen- morar técnicas e utilizar novas tecnologias
to ao longo das safras. Como é possível que estabeleçam um aumento de produ-
observar, o aumento em R$/ha e R$/t era tividade pode ser essencial para a saúde
próximo até a safra 2014/2015, a partir da dos negócios. O Pecege divulga um rela-
safra 2015/2016 o aumento nos custos em tório trimestral com o preço dos princi-
R$/t foi muito maior do que em R$/ha. A pais produtos utilizados na cana-de-açú-
justificativa para esse comportamento é car (mais de 140 produtos) em 12 regiões
que mesmo com o aumento dos investi- distintas e em 7 estados do país. O obje-
mentos com insumo a produtividade dos tivo do relatório é ajudar na estratégia de
canaviais diminuiu. compra de insumos, além de entender a
Portanto, para os produtores otimi- variação dos preços ao longo do tempo.
zarem os gastos com insumos, devem es- Para mais informações entrar em contato:
tabelecer uma estratégia de compra, con- joaomoraes@pecege.com.

EVOLUÇÃO DOS GASTOS REFERENTES AOS INSUMOS


E A PRODUTIVIDADE AO LONGO DAS SAFRAS

Fonte: PECEGE/CNA (2017)

57
GE S TÃ O D E P E SSOAS

Pessoas bem resolvidas


produzem melhor
ALÉM DE INVESTIMENTOS EM TECNOLOGIAS E BOAS PRÁTICAS, O SETOR
PRECISA INVESTIR EM SEUS PROFISSIONAIS PARA PRODUZIR MAIS E MELHOR

Coaching é a arte de extrair o que cada um tem de


melhor e impulsionar as competências dos profissionais
como autoconfiança, iniciativa, comunicação...

Luciana Paiva

A
sanção da Lei do RenovaBio já se não adicionarmos o fator humano. É
anima o setor sucroenergéti- preciso das pessoas para que a operação
co, pois o programa deve elevar aconteça.
a previsibilidade para a retomada de in- E não se trata apenas de qualificar,
vestimentos e para o crescimento da pro- treinar a equipe para que domine as tec-
dução de biocombustíveis. Já começam os nologias e, assim, extrair melhor o poten-
planos de investimentos em tecnologias cial das máquinas. Qualificação é impor-
para aumentar a produção e melhorar os tante, mas não é tudo. Em se tratando de
processos. pessoas, elas querem ser notadas, ouvi-
Boas práticas e tecnologias de pon- das, motivadas, despertadas, se descobrir,
ta se tornam cada vez mais indispensáveis ser felizes. Isso, independe da função que
para a sustentabilidade do negócio. Mas ocupem e do momento que estão na car-
só isso não resolve, a equação não fecha reira ou na vida.

58 Janeiro · 2018
É o que acontece com Celso Alba- ses’ de coragem para enfrentar mais desa-
no de Carvalho, gestor executivo da Or- fios”, comenta Celso Albano.
ganização dos Plantadores de Cana da Re- O executivo da Orplana conta que, a
gião Centro Sul do Brasil (Orplana). Com entrada para o ambiente associativo, ten-
30 anos de formado, atuando em algu- do tantos líderes dentro e fora da Orplana
mas empresas e entrando em um ‘mundo para interagir, o estimulou a buscar mais
novo’, o do Associativismo, principalmen- orientação em prover conciliações, ad-
te coordenando um Projeto tão desafiador ministração de conflitos, entender e ab-
como o da Orplana, ele achou por bem in- sorver os valores distintos de cada líder,
vestir em si próprio. suas necessidades diversas e vários com-
“Resolvi discutir e ouvir de alguém portamentos com os quais sempre nos
experiente a ‘visão’ e percepções a respei- deparamos.
to de minha trajetória e postura profissio-
nal. Na busca por aprimoramento, maior Coaching contribui para o
maturidade, equilíbrio emocional, aliando setor produzir mais e melhor
com visão estratégica que por tanto tem- A ferramenta em que Celso Alba-
po tem sido o meu ‘norte’. Conversar e no buscou foi o coaching, uma técnica
ouvir alguém que dê segurança, transmita que cada vez mais ganha espaço, princi-
confiança e tenha a clareza e sinceridade palmente, no mundo corporativo. Sandra
em apontar os ‘pontos’ de melhoria, aná- Schiavetto, Pedagoga, Psicopedagoga,
lise, desenvolvimento interior, acaba nos Master Coach e sócia da Multi Training, em-
transformando e nos proporcionando ‘do- presa especializada em Gestão de Vida e
Carreira, explica que o coaching é um mé-
todo aplicado para desenvolver o capital
humano e promover três grandes aspec-
tos: o melhor desempenho das lideranças,
a evolução da cultura organizacional e o
aumento da produtividade. Coaching, in-
dependente da área de atuação, inclusive
no agronegócio, é a arte de extrair o que
cada um tem de melhor e impulsionar as
competências dos profissionais como au-
toconfiança, iniciativa, comunicação, ca-
Celso Albano encontrou na Multi Training pacidade para promover relacionamentos
o método de coaching para promover
seu desenvolvimento interior saudáveis e lidar com adversidades. Para

59
GE S TÃ O D E P E SSOAS

“Os resultados consistentes


apresentados pelo
coaching são comprovados
em vários setores da
economia”, diz Sandra

aumentar a produção, o executivo precisa A Master Coach ressalta que uma


estar atento às tendências globais, saber nova consciência coletiva para gerir negó-
identificar ameaças e antecipar mudanças. cios, capaz de intercambiar conhecimen-
Segundo Sandra, os resultados con- tos e práticas de produção sustentável
sistentes apresentados pelo coaching são com alto valor humano agregado, são al-
comprovados em vários setores da econo- guns dos ganhos para quem investe nes-
mia e ganharam destaque no agronegó- se trabalho. “É justamente essa tomada de
cio, incluindo desde pequenos produtores a consciência que nos faz pensar sobre o fu-
grandes fazendeiros, pois todos desejam ser turo, ampliar a visão empresarial com o in-
eficientemente produtivos. “Sabemos que tuito de planejar a sucessão e a formação
cada vez mais o setor investe em alta tec- das novas gerações para ocupar posições
nologia e inovação, portanto, os produtores estratégicas e preparadas para os desafios
também podem ser considerados empreen- que ainda estão por vir.”
dedores, considerando que o seu trabalho
gera benefícios diretos para a sociedade.” O Coaching pode ser
Além disso, o Coaching, salienta realizado por qualquer
Sandra, contribui significativamente para pessoa, em qualquer
o setor devido ao fato de existir diversas função que ocupe
interações entre tipos de clientes, forne- “Coaching é um processo de apren-
cedores e comunidades, ou seja, os in- dizagem estruturado por meio de aborda-
vestimentos para melhorar essa rede de gens e técnicas que instigam a capacida-
relacionamentos se transformam em pro- de de pensar, questionar e refletir sobre
dutos ou serviços que beneficiam a socie- quem eu sou, quem é o outro, como é
dade como um todo. Nessa perspectiva, o contexto em que atuo, suas especifi-
potencializar as competências de lide- cidades e necessidades de intervenção”,
rança transforma positivamente as rela- salienta Sandra. Segunda ela, é reco-
ções entre os setores envolvidos, contribui mendado para todos os profissionais, in-
para a construção de uma cadeia produti- dependentemente da função e, sobretu-
va mais sustentável, do ponto de vista so- do, para aqueles que buscam desenvolver
cial e econômico. seus talentos, aumentar seus níveis de en-

60 Janeiro · 2018
trega e produtividade com mais qualida- seja dentro ou fora do ambiente de traba-
de e que se sentem motivados em buscar lho. Todos os resultados são mensuráveis
sempre mais aprendizado e aprimora- e apresentados ao final do processo.
mento para continuar evoluindo e se re- Mas coaching é coisa séria e é im-
ciclando. “Em síntese, o coaching tem dois portante buscar referências para saber se
grandes enfoques: o autoconhecimento e o perfil do profissional está de acordo com
o autotreinamento, duas habilidades alta- suas expectativas. “O Coach possui forma-
mente desejáveis e funcionais em cargos ções diferenciadas e atuam em contextos
de liderança e gerenciamento de equipes segmentados. Na Multi Training a espe-
de alta performance.” cialidade é comportamental. A experiên-
cia pregressa do Coach conta muito, pois
A diferença entre o processo transcende o uso de técnicas
Coaching e terapia para atingir resultados. Conversar com al-
Muitos pensam que coaching é igual gumas pessoas que viveram essa experi-
a terapia. Sandra explica que a terapia ência ajuda a mensurar a eficiência e a cre-
possui um caráter clínico, que tem como dibilidade”, observa Sandra.
propósito investigar e analisar os conte-
údos trazidos pelo paciente para solucio- O Coaching pode ser
nar o problema sobre algo que aconteceu individual ou em grupo
para fechar o diagnóstico e fazer as inter- A profissional explica que o coaching
venções necessárias. O coaching trabalha individual é recomendado para profissio-
com autoconhecimento na prática. O foco nais que buscam a autoliderança como
está sempre no futuro, em como atingir os principal ferramenta para entender qual
objetivos acordados. O olhar é sobre a so- é o seu perfil, o seu estilo de trabalho,
lução, no presente e futuro. O Coach auxi- seu nível de consciência sobre o próprio
lia o cliente (que não é um paciente) a ter comportamento, os modelos mentais que
clareza sobre suas limitações e recursos, norteiam suas decisões, a capacidade de
autocrítica e o preparo emocional para as-
sumir a responsabilidade em formar novos
talentos com base em seu próprio exem-
plo de transformação. O coaching indivi-
dual possibilita que o indivíduo trabalhe
primeiro consigo próprio, alinhando com-
petência técnica e inteligência emocional,
Coaching não é terapia tendo suporte para acelerar os resultados

61
GE S TÃ O D E P E SSOAS

de sua performance, em tempos competi- ning são de 1h30, o que promove máximo
tivos e voláteis. aproveitamento do tempo, o acordo pode
Já o coaching em grupo, é uma so- ser feito com base no que melhor atende
lução para pessoas que buscam um com- o cliente ou o grupo”, observa Sandra.
partilhamento de experiências. Quando
um grupo de pessoas tem um problema O que é Mentoria
ou um objetivo de melhoria pessoal em e para que serve
comum, o coaching em grupo é um dos Entre os serviços oferecidos pela
métodos mais criativos e colaborativos Multi Training está a Mentoria. Sandra ex-
que existem. Essa solução, por sua natu- plica que Mentoria é um processo de apri-
reza prática, contextualizada e orientada moramento dos profissionais que benefi-
para mudanças rápidas e consistentes, tem cia diretamente a cultura da organização.
como principais benefícios o engajamen- Considerada uma das atividades mais im-
to e cumprimento de metas, em constante portantes para transferência de conheci-
alinhamento com a cultura organizacional. mentos, contribui ativamente para o de-
senvolvimento dos colaboradores, atrai e
Coaching pode ser retém talentos para a empresa, otimiza os
presencial ou virtual resultados internos, melhora as relações
“As duas modalidades são bastan- interpessoais, diminui gastos por falha hu-
te funcionais e ambas possuem resultados mana e, consequentemente, cria um clima
validados”, diz Sandra. O atendimento vir- de trabalho muito mais agradável. A figura
tual é uma ferramenta que facilita a aco- do Coach/Mentor está associada a alguém
modação de horários mais flexíveis, mini- que serve como guia, uma espécie de tu-
mizando os custos com deslocamento em tor que já possui experiência e autoridade
distâncias geograficamente maiores entre para oferecer bons conselhos, não com o
o profissional e o cliente. O nível de di- objetivo de “dar o peixe”, mas o de “ensi-
álogo é tão bem estruturado que a per- nar a pescar”.
cepção de que ambos estão interagindo
virtualmente vai ficando cada vez mais A importância de
secundário. profissionais, gestores
O Coaching pode ser realizado se- e líderes bem resolvidos
manalmente, com duração de três me- Fabiane Zat, responsável pela área
ses. Outra possibilidade é fazer as sessões de Relacionamento Comercial da Multi
quinzenalmente, por um período de seis Training, chama a atenção para a impor-
meses. “Como as sessões na Multi Trai- tância das empresas e entidades contarem

62 Janeiro · 2018
63
GE S TÃ O D E P E SSOAS

diferencial. As máquinas trabalham muitas


vezes bem melhor que qualquer ser hu-
mano poderia trabalhar, mas não criam.
Mais do que mãos que trabalham, é pre-
ciso contar com cabeças produtivas, capa-
zes de pensar, decidir e agir.”
Mas é possível mensurar o resultado
do coaching? Sandra responde que o co-
nhecimento é a informação interpretada e
absorvida por uma pessoa. Quando isso
ocorre, a informação interage com pro-
Fabiane Zat, responsável pela área de cessos mentais, insights, crenças, valores e
Relacionamento Comercial da Multi Training
experiências da própria pessoa, conside-
com profissionais, gestores e líderes bem rando um conjunto de dados pertencente
resolvidos. Salienta que, enquanto muitos ao seu contexto. A mudança de comporta-
setores públicos estão em recesso desde mento é observável em curto prazo. Mais
o final do ano passado, o produtor rural importante que obter conhecimento é a
não tem descanso. “A vocação do Brasil é gestão aplicada a ele, ou seja, o resulta-
o agronegócio. E a vocação do agro é pro- do se legitima pela forma com que a pes-
duzir e crescer. Investir no capital humano soa utiliza o conhecimento adquirido para
para retenção de talentos, sobretudo, na transformar sua vida e a das outras pesso-
qualificação das lideranças, tornou-se um as, sempre para melhor.

Multi Training
Para conhecer melhor o que mais podemos fazer por você e sua empresa,
basta nos contatar:
Sandra Schiavetto – Master Coach
sandraschiavetto@multitraining.com.br – (16) 98131 7177/ (16)3325-5290
Fabiane Zat – Relacionamento Comercial
fabiane.zat@multitraining.com.br - (16)99248-0092 / (16)3325-5290
Visite nosso site e veja alguns depoimentos de nossos clientes:
www.multitraining.com.br

64 Janeiro · 2018
GE S TÃ O AGRO

Do arado ao machine learning:


a produtividade em suas várias facetas

*Ana Palazzo e Guilherme Palazzo

A
tecnologia está muito presente ram imensos volumes de dados a todo ins-
na produção agropecuária. Ela foi tante. Existem várias maneiras de trabalhar
sendo adaptada, desde os primór- essas informações, uma delas é o chama-
dios, até os dias atuais, chegando a melho- do machine learning. Através do estudo
ramento genético, máquinas, geoproces- de parâmetros comportamentais, é possí-
samento de dados e previsões climáticas. vel criar modelos preditivos e gerar resul-
O crescimento da produtividade do agro- tados estatisticamente confiáveis.
negócio só foi possível devido a esforços Machine learning ou aprendizado de
em diversas áreas, como desenvolvimento máquina é um conceito que ganhou força
e adaptação de variedades e raças, mecani- nos anos 90, mas que começou a ser cons-
zação e automação de processos. Ou seja, truído décadas antes. Em resumo, é um
um trabalho árduo de muitas décadas. O braço da inteligência artificial que rece-
passar dos anos trouxe novas possibilida- be dados e automatiza o desenvolvimento
des, que surgem a todo momento. de modelos analíticos. Quando os dados
Um dos grandes temas citados nos fornecidos para o modelo são íntegros, é
últimos tempos é a capacidade de cole- possível gerar resultados que auxiliam em
ta, tratamento e interpretação de dados. tomadas de decisão assertivas.
Grandes corporações de agribusiness ge- É importante entender como o ma-

65
GE S TÃ O AGRO

chine learning se desmembra e qual a me-


lhor aplicação de cada um desses desdo-
bramentos. São eles:
(I) Aprendizado supervisionado: quan-
do há um conjunto de dados rotula-
dos (com características definidas) e é
necessário estabelecer qual a possível tar a presença ou ausência de equipamen-
característica do próximo evento; tos de proteção individual (EPIs) e a rea-
(II) Aprendizado não supervisionado: lização de inspeções de operação. Esse
quando não há dados rotulados e o controle pode ajudar a reduzir acidentes e
sistema deve estudá-los com a fina- a ocorrência de manutenções corretivas. O
lidade de encontrar alguma relação impacto, nesse caso, é direto no aumento
ou estrutura entre eles; da disponibilidade de equipamentos e na
(III) Aprendizado semisupervisionado: produtividade e, por consequência, na re-
mescla utilização de dados rotulados dução de custos.
com não rotulados, a fim de prever Sendo assim, o correto entendimen-
comportamentos e classificar padrões; to do problema, em relação aos dados que
(IV) Aprendizado por reforço: através de serão fornecidos para processamento, per-
tentativa e erro, busca-se escolher a mite aproveitar ao máximo o conceito de
opção que traz a maior recompensa machine learning. Essa sinergia é essencial
para o sistema em um horizonte de para extrair os resultados esperados. Por
tempo determinado. conseguinte, permite também alavancar
Mas, qual a aplicabilidade dessa fer- fatores cruciais para desempenho das or-
ramenta em empresas do agro? A gama de ganizações, tema vantajoso, especialmente
possibilidades é imensa e uma delas está no mundo competitivo da atualidade.
relacionada com a avaliação de segurança
e desempenho. Nesse caso, é possível reco-
nhecer objetos e pessoas, através do pro-
cessamento de milhares de imagens. Isso
envolve a avaliação de uma grande quan-
tidade de dados que são classificados em
conjuntos de treinamento e de teste.
Ana Palazzo - Eng. Guilherme Palazzo -
Como isso pode ajudar no incremen- Agrônoma formada Graduando em Eng.
to de segurança, produtividade e redução pela Universidade De Produção pela
Federal de Universidade de
de custos de produção? É possível detec- Viçosa (UFV) Ribeirão Preto (Unaerp)

66 Janeiro · 2018
67
C AN A SU BSTAN TIVO FE MI NI NO

Abertas as inscrições
para o VII Encontro Cana
Substantivo Feminino
O EVENTO ACONTECERÁ EM 22 DE MARÇO DE 2018, NO CENTRO DE CANA
DO IAC, RIBEIRÃO PRETO, SP. INSCRIÇÕES GRÁTIS, MAS LIMITADAS

Em 2017, o Encontro Cana Substantivo Feminino reuniu mais


de 300 participantes que vieram de 21 cidades e cinco estados

A
presença feminina está em ascen- mentar a presença feminina na agroindús-
são no agronegócio. E o setor su- tria canavieira e também abrir espaço para
croenergético acompanha esta ten- as mulheres expressarem suas sugestões e
dência, mas ainda há muito espaço a ser experiências para o desenvolvimento sus-
conquistado pelas mulheres no mundo da tentável do setor, a jornalista Luciana Paiva
cana, elas ocupam apenas cerca de 20% das criou, em 2012, o Encontro Cana Substanti-
vagas de trabalho neste setor. vo Feminino
Para debater ações que visam au- Já em sua sétima edição, o Encon-

68 Janeiro · 2018
tro Cana Substantivo Feminino se tornou quinas agrícolas, de colhedoras de cana, mo-
tradição no setor, é o palco onde desfilam torista de rodotrem, profissionais de venda,
proprietárias de usinas, diretoras, superin- enfim, mulheres que atuam na agroindústria
tendentes, gerentes, coordenadoras, enge- sucroenergética e no agronegócio.
nheiras, administradoras de empresa, as- VII Encontro Cana Substantivo Fe-
sistentes sociais, psicólogas, pesquisadoras, minino acontece em 22 de março de 2018,
professoras, jornalistas, economistas, produ- no Centro de Cana do IAC, e as inscrições
toras rurais, estudantes, operadoras de má- estão abertas. São grátis, porém limitadas.

Confira a pré-programação:

PAINEL 1
9H00 ÀS 10H30
INOVAÇÃO É COM AS MULHERES
Profissionais e pesquisadoras ligadas ao setor sucroenergético falam sobre práti-
cas e inovações tecnológicas que contribuem para a sustentabilidade da atividade

DEBATEDORAS:
Patrícia Fontoura, Gerente de Planejamento e Desenvolvimento Agrícola na Co-
fco International - Confirmada
Sandra Silva, Coordenadora de Irrigação da Coruripe - Matriz, Alagoas
- Confirmada
Vanessa Prezotto Silveira, Gerente Ambiental Corporativa da Tereos - Confirmada
Raphaella Gomes, responsável pela área de inovação na Raízen - Confirmada
Vivian Oliveira Cunha, Coordenadora de Planejamento P&D Agrícola na Usina
Coruripe, filial Iturama, MG - Confirmada

10H30 ÀS 10H50
MOMENTO COUCHING
Sandra Schiavetto, Pedagoga, Psicopedagoga, Master Coach, diretora da Multi
Training- Gestão de vida e profissional - Confirmada

10H50 ÀS 11H10 - CAFÉ

69
C AN A SU BSTAN TIVO FE MI NI NO

11H10 ÀS 12H40
AS MULHERES PARTICIPAM DO NEGÓCIO
Ações e projetos que estimulam e qualificam herdeiras a integrarem ou até assu-
mirem a gestão do negócio. E a experiência de quem já vive essa realidade

DEBATEDORAS:
Aline Silva, Gerente de Projetos Cana-de-Açúcar da Solidaridad – Confirmada;
Ana Cecilia Bezerra de Meirelles, Diretora Jurídica da Usina União e Indústria,
de Primavera, PE- Confirmada;
Ana Paula Malvestio, Sócia e Líder de Diversidade na PwC - Confirmada;
Cristiane Regina de Simone, Gerente de Projetos e Sustentabilidade da Asso-
ciação dos Plantadores de Cana de Guariba, Socicana - Confirmada;
Tuca Dias, Produtora de café de qualidade e cana-de-açúcar, Fazenda Santa Ali-
na, São Sebastião da Grama, SP - Confirmada;
Maria Christina Pacheco, Produtora rural, presidente da Associação do For-
necedores de Cana de Capivari, Assocap, diretora da Orplana e do Consecana
- Confirmada
Sarita Junqueira Rodas, a primeira mulher eleita para o Conselho Deliberativo
do Fundecitrus e presidente do Conselho do Grupo Junqueira Rodas - Confirmada
Virgínia Soriano Lyra, Diretora Comercial da Delta Sucroenergia, Minas Gerais
- Confirmada

12H40 ÀS 13HORAS
MENSAGEM – O AGRO CONTRA O CÂNCER
Henrique Prata, presidente do Hospital de Amor (ex-Hospital do Câncer de Bar-
retos), falará sobre projeto que busca atrair incentivos de empresas do agronegó-
cio para que o hospital continue a atender milhares de pessoas. E como as mu-
lheres da cana e do agro podem contribuir para que o projeto se torne realidade.

13H00 ÀS 14H00
BRUNCH

14H00 ÀS 15H30

70 Janeiro · 2018
A CANA TRANSFORMA VIDAS
O depoimento de mulheres que atuam no setor sucroenergético e desenvolvem
ações e projetos que transformam para melhor a vida de muitos. E o depoimen-
to de mulheres em que o setor transformou suas vidas

DEBATEDORAS:
Rosmarli Guerra, Supervisora de Eventos e Comunicação da Usina Estiva. Novo
Horizonte, SP - Confirmada
Lucia Teles, Gerente Responsabilidade Social da Raízen - Confirmada
Representante da Usina Jalles Machado, Goiás - a definir
Representante da Biosev - a definir
Representante da Atvos - a definir

15H30 ÀS 16H10
BATE-PAPO - EXPECTATIVAS PARA O SETOR SUCROENERGÉTICO
EM 2018
Principalmente explicando ao público o que é o RenovaBio, sua importância para
o setor e para o Brasil e os próximos passos para a sua implementação.
Elizabeth Farina, Presidente-Executiva da União da Indústria de Cana-de-Açúcar
(UNICA) - Convidada
Plínio Nastari, Presidente da Datagro Consultoria - Confirmado
Pedro Mizutani, Presidente do Conselho da União da Indústria de Cana-de
-Açúcar (UNICA) e vice-presidente de Relações Externas e Estratégia da Raízen
- Convidado

Agradecimento aos representantes do setor que se empenharam para a criação


e aprovação do RenovaBio

Encerramento - Show com Pedro Mizutani - vice-presidente de Relações Exter-


nas e Estratégia da Raízen – e o Grupo Todos Nós
Confraternização.

Inscrições pelo site: www.canasubstantivofeminino.com.br

71
so
Nis asil
r
o B m!
B o
é

Sonho padrão Ceagesp


PRODUTOS AGRÍCOLAS COM QUALIDADE QUE ATENDEM AS EXIGÊNCIAS
DA COMPANHIA DE ENTREPOSTOS E ARMAZÉNS GERAIS DO ESTADO
DE SÃO PAULO PASSARAM A SER A META DE MUITOS PRODUTORES.
ESTÍMULO PARA A ADOÇÃO DE BOAS PRÁTICAS AGRÍCOLAS

Entreposto Terminal São Paulo (ETSP) é a maior central de abastecimento


de frutas, legumes, verduras, flores, pescados e diversos da América Latina

Luciana Paiva

O
calor do sol a pino aquece o so- de 1970, pelo produtor de frutas Valdenir
nho da goiabinha caipira de um Rossi, de Vista Alegre do Alto, SP, um dos
dia seguir em grande estilo para pioneiros na introdução da goiaba entre
a capital paulista. A goiabinha carrega na os produtos comercializados pela Compa-
casca a responsabilidade de manter uma nhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de
história de conquistas, iniciada na década São Paulo (Ceagesp).

72 Janeiro · 2018
Locais do interior
paulista onde
se encontram
os entrepostos
do Ceagesp

Naquele tempo, a
goiaba não era muito popular
como fruta de mesa, mas o “seu”
Valdenir foi conquistando a apre- de produtos agríco-
ciação dos clientes e consumidores las de qualidade, é que
pela qualidade de suas frutas. Mas o pro- a empresa desenvolveu uma lis-
dutor queria mais, seu desejo era ampliar tagem de classificação de cada um dos
o mercado, era fornecer goiabas em lar- produtos comercializados em seus entre-
ga escala. Em sua visão, o caminho para postos. A elaboração desse material é fei-
alcançar seu objetivo seria comercializar ta pela Seção do Controle de Qualidade
seus produtos na Ceagesp. Hortigranjeira (SECQH), responsável por
Criada em 31 de maio de 1969, a par- estabelecer os padrões mínimos de quali-
tir da fusão de duas companhias mantidas dade e tamanho para as frutas e hortaliças
pelo Governo do Estado de São Paulo: o comercializados na Ceagesp. Profissio-
Ceasa (Centro Estadual de Abastecimento) nais da empresa explicam que a vantagem
e a Cagesp (Companhia de Armazéns Ge- dessa padronização, entre outros pon-
rais do Estado de São Paulo), a Ceagesp, tos, é garantir que produtos com defeitos
que é vinculada ao Ministério da Agricul- não sejam aceitos no recebimento pelos
tura, Pecuária e Abastecimento, tem duas permissionários.
unidades de negócios distintas, porém No caso da goiaba, faz parte do Pa-
complementares: a armazenagem (18 uni- drão de Qualidade da Ceagesp exigências
dades) e a entrepostagem (13 unidades), como: cor da casca, diâmetro da fruta, au-
localizadas em regiões estratégicas do Es- sência de defeitos, de podridão, de alte-
tado de São Paulo. rações fisiológicas, amassados e cicatrizes.
Mais do que um centro de comercia- Até o umbigo malformado é motivo para
lização, a Ceagesp passou a ser sinônimo o não recebimento da fruta.

73
so
Nis asil
r
o B m!
B o
é

A Ceagesp mantém a maior rede pú-


blica de armazéns, silos (grandes depó-
sitos, em forma de cilindro, para guardar
produtos agrícolas) e graneleiros (locais
que recebem ou abrigam mercadorias a
granel) do estado paulista. Conta tam-
bém com o Entreposto Terminal São Paulo
(ETSP), a maior central de abastecimento
de frutas, legumes, verduras, flores, pesca- Para manter a qualidade, a Ceagesp
desenvolveu uma listagem de
dos e diversos (alho, batata, cebola, coco
classificação de cada um dos produtos
seco e ovos) da América Latina e o tercei- comercializados em seus entrepostos

ro do mundo.
Situado na zona oeste da cidade de
São Paulo, o ETSP é considerado a gran-
de vitrine do agro na capital paulista. Inau-
gurado em 1966, o entreposto atrai fei-
rantes, compradores de supermercados,
peixarias, restaurantes, sacolões, consumi-
dores finais e até turistas do mundo todo,
interessados em produtos de qualidade e
na grande diversidade de sabores, cores
e aromas que transferem para a cidade o
que é produzido no campo. Na Ceagesp os cocos voam

O ETSP movimenta cerca 283 mil


toneladas de produtos por mês
(3,4 milhões de toneladas/ano)

74 Janeiro · 2018
O ETSP movimenta cerca 283 mil to- De pequeno produtor
neladas de produtos por mês (3,4 milhões de goiaba a um dos
de toneladas/ano), esse volume comerciali- maiores processadores
zado representa 80,1% do total da rede Ce- de alimentos do país
agesp. A área total do terreno é de 700 mil Entre os 2800 permissionários está o
m² e a área construída de 271 mil m². Nele “seu” Valdenir Rossi. O produtor de goiaba
circulam diariamente aproximadamente 50 de Vista Alegre do Alto estava certo ao in-
mil pessoas e 12 mil veículos. Abriga mais vestir em seu objetivo de “ser parte da Ce-

O Grupo Val
é o maior
fornecedor
de goiabas
do país

A Val produz 24
mil toneladas/
ano de goiaba
em uma área
de 650 hectares

de 2800 permissionários (pessoa física ou agesp”. Ao unir empreendedorismo, ges-


jurídica que tem permissão para comercia- tão eficiente, empenho em produzir frutos
lizar dentro da Companhia) que comercia- com qualidade e as possibilidades abertas
lizam os mais variados produtos, vindos de por comercializar seus produtos na maior
1500 municípios de 22 estados brasileiros central de abastecimento da América La-
e também de outros 19 países. Os princi- tina, “seu” Valdenir transformou a peque-
pais produtos comercializados são laranja, na produção de goiaba no Grupo Val, não
tomate, batata, mamão e maçã. só a maior fornecedora de goiaba do país,

75
so
Nis asil
r
o B m!
B o
é

Indústria da Val, em Vista Alegre do Alto, fica no meio dos pomares

mas uma processadora de mais de 40 pro- forma que a área agrícola da Val produz
dutos, como sucos, doces, atomatados, 24 mil toneladas/ano de goiaba, desse vo-
conservas e temperos. lume,11 mil toneladas/ano são destinadas
A goiaba é o carro-chefe do Grupo, ao mercado de mesa e as outras 13 mil to-
mas nas terras da Val ainda são produzi- neladas seguem para o processamento in-
das carambola, caju e manga. A empresa dustrial. Também são adquiridos de tercei-
também comercializa na Ceagesp atemoia ros mais 3,6 mil ton./ano de goiaba para o
e graviola, produzida por terceiros. Rober- mercado de mesa.
to Vendramini Rossi, diretor do Grupo, in- Por ano, o Grupo Val entrega no ETSP
14,6 mil toneladas de goiaba, 1,5 mil de
A alta qualidade dos frutos
começa no campo manga, 2 mil de carambola, e 800 tonela-
das de caju.

76 Janeiro · 2018
Roberto salienta que a Val preza empacotamento) onde são separadas por
muito o frescor das frutas, o emprego de defeitos, cor e peso e após o acondiciona-
embalagens padronizadas de boa aparên- mento nas embalagens seguem para a ca-
cia, frutas isentas de resíduos e garantia deia de frio até os pontos de venda. “Com
de maior vida de prateleira. O executivo o planejamento das práticas de produção,
salienta que a obtenção de produtos com as frutas são colhidas e distribuídas diaria-
qualidade começa na lavoura. O parque mente o ano todo, ou seja, conseguimos
agrícola da Val conta com 820 hectares manter nossos clientes o ano todo com
(h), dos quais 650 h são destinados para a frutas fresca”, diz o diretor da Val.
produção de goiabas, 120 h para mangas A colheita é manual. A Val agríco-

Os pomares são irrigados, o que contribui para a produção o ano todo

e 50 h para caju e carambola. A produção la emprega 150 funcionários fixos, o que


é irrigada e recebe poda (desbaste de ra- gera três funcionários ha/ano. Após a co-
mos e frutas) nas épocas adequadas. São lheita as frutas são transportadas até o pa-
empregados manejo integrado de pragas cking house onde são imersas em um tan-
e doenças, manejo da fertilidade e conser- que com água clorada, classificadas por
vação do solo e técnicas de fruticultura em defeito, cor e peso e acondicionadas em
geral. caixas de diversos tipos. Depois entram
Além dessas práticas agrícolas as em uma sala climatizada, onde é realizada
frutas passam por um moderno sistema a separação dos tipos de embalagens e va-
de classificação no packing house (casa de riedades e paletizadas. E, por fim, os pale-

77
so
Nis asil
r
o B m!
B o
é

As frutas passam por um moderno sistema de classificação no packing


house (casa de empacotamento) onde são separadas por defeitos

tes seguem para as docas de carregamen- norte a sul. Também é importante para o
to nos caminhões refrigerados que serão consumidor, pois possibilita a acessibilida-
distribuídos para os pontos de vendas. de a frutas que não são produzidas na sua
Segundo Roberto, o mercado de fru- localidade”, observa.
ta in natura de goiaba vem sofrendo mui- Mesmo com todas as vantagens ofe-
ta competividade com a própria fruta e recidas pela Ceagesp, Roberto acredi-
outras frutas de época, o que tem exigi- ta que ainda há o que ser aperfeiçoado.
do muito profissionalismo no ramo para “Como todo o negócio podemos melhorar
gerir o negócio. “A Ceagesp é muito im- em vários aspectos como: vendas e acom-
portante para nós, é o canal de distribui- panhamentos on-line, melhoria na infraes-
ção onde todas as redes se encontram (su- trutura da Ceagesp, novos cultivares para
permercados, hortifrútis, etc), onde todo o melhor qualidade para o consumidor.”
tipo de negócio
acontece, faci-
litando a distri-
buição em um
único ponto de
venda, para o
Brasil todo de

Goiabas da
Val em box da
empresa no ETSP

78 Janeiro · 2018
Descobrindo o rei, não só conhecer e saborear as frutas,
mundo das frutas mas principalmente apresenta-las às pes-
Durante décadas, uma das peculiari- soas”, diz.
dades da rodovia Anhanguera nas proxi- Jocelino atendeu a equipe da Ca-
midades com a cidade de Jundiaí, no in- naOnline no box da Benassi localizado no
terior paulista, era as bancas de frutas ETSP, e, pelo jeito que explicou os diferen-
instaladas às margens da pista. Os viajan- ciais das frutas, ficou claro que se tornou
tes se deliciavam com a uva, figo e pêsse- um apaixonado pelo assunto. Falou sobre
gos produzidos na região. as qualidades da maçã orgânica produzi-
da na Alemanha, o sabor diferenciado das
frutas nacionais e de como as frutas exóti-
cas como mangostin e pitaia têm chama-
do a atenção do consumidor.
Mas Jocelino sempre quer saber mais
sobre os produtos, para informar correta-
mente seus clientes e, até para conferir se
a forma de seleção atende aos padrões da
Ceagesp. Isso inclui, conhecer o método
de produção das frutas, por isso, nos con-
tou todo satisfeito de que já foi convida-
Jocelino teve a oportunidade de
conhecer a produção das uvas chilenas do por empresas produtoras estrangeiras
a visitar lavouras na Nova Zelândia, país
Uma dessas pequenas bancas deu produtor de frutos como o Kiwi, e no Chi-
origem, há 60 anos, ao Grupo Benassi, um le, que nos abastece com uvas de mesa,
dos maiores comercializadores de frutas,
legumes e verduras do país e da América
Latina – importando e exportando produ-
tos para a Europa, África e América. É na
Benassi que trabalha, há nove anos, o ce-
arense Jocelino Moreira, que confessa ter
descoberto o mundo das frutas. “Eu era
boia-fria no Ceará, nunca podia imaginar
que existia tantas variedades de frutas no
mundo. Trabalhando aqui, tive a oportuni-
Maçãs orgânicas produzidas na Alemanha
dade de fazer esse descobrimento e ado- podem ser encontradas no box da Benassi

79
so
Nis asil
r
o B m!
B o
é

ameixa, pêssegos, nectarinas e outras. Fi- país, do mundo, e que tem até congestio-
cou encantado, principalmente pelos vi- namento em seus corredores, congestio-
nhedos chilenos que são irrigados com namento de carregadores”, observa.
a água proveniente do degelo da Cordi- Wallace também está aprendendo
lheira do Andes. “Lá quase não chove, isso um novo idioma, a língua falada pelos ‘ha-
ajuda a uva fica mais doce. Uma delícia.” bitantes da Ceagesp’. Isso mesmo, por en-
tre os armazéns, silos e corredores corre
um dialeto, onde a palavra boneca sig-
nifica uma classe ou tamanho de batata;
buquê é um cacho de bananas com 7 a 9
unidades; e que galinha se refere ao com-

Segundo o Sindicato dos


Carregadores Autônomos
(SINDICAR), trabalham no ETSP
cerca de 3500 carregadores.
No interior, a categoria soma
cerca de 500 profissionais

Wallace segura o kiwi gold, mais doce que o


kiwi tradicional, uma de suas frutas favoritas

Quem também transita pelo mundo


das frutas é o jovem Wallace Solano Rodri-
gues, que trabalha faz quatro anos no En-
treposto Terminal São Paulo (ETSP), entrou
como menor aprendiz. Conta que não se
cansa de se impressionar com o ‘univer-
so Ceagesp’, com seu ritmo frenético, seus
muitos corredores labirínticos, a imen-
sidão de gente e a profusão de veículos.
“Descobri uma cidade dentro da cidade de
São Paulo. Uma cidade que também acor-
da cedo (4 da manhã), que tem um monte
de gente de vários lugares do estado, do

80 Janeiro · 2018
Um pouco do idioma da Ceagesp

prador que percorre os pavilhões e com- po, em que abiu, cupuaçu, graviola, jeni-
pra pouca quantidade de cada produto. papo, sapoti, maracujá roxo, guabiroba fa-
ziam parte da vegetação que cobria o país,
Frutas nativas do Brasil muitas delas, podiam ser encontradas nos
atraem a atenção no ETSP quintais e pomares. Com a urbanização,
Em seu dia a dia, o brasileiro passou
a degustar mais frutas de origem estran-
geira como ameixas, peras e maçãs, do
que nossas frutas nativas. Houve um tem-

O cupuaçu está entre as frutas


brasileiras que fazem sucesso no ETSP

81
so
Nis asil
r
o B m!
B o
é

Valdemar
Makoto Aoki:
conhecimento
e paciência

praticamente desapare-
ceram, a ponto de passa-
rem a ser tratadas como
exóticas, estranhas, quase
extintas.
Ao caminhar pelo ETSP encontramos mamente foi nos apresentando as frutas
o box de Valdemar Makoto Aoki (Frutícola nativas brasileiras, salientando o sabor po-
Trindade), famoso por oferecer frutas exó- tente, ácido e o perfume característico das
ticas, entre elas as brasileiras, são 50 tipos espécies tropicais. “Seu” Valdemar está há
oriundas de norte a sul do Brasil. Até o in- mais de 35 anos nesse negócio, sabe tudo,
terior de São Paulo fornece relíquias como e tem a maior paciência em transmitir o
bacupari, jatobá e uvaia. O box é um dos seu conhecimento, fala tão gostoso que
mais visitados, é que o mercado de frutas até parece que estamos degustando cada
exóticas está em ascensão, no ano passa- uma dessas frutas.
do, a Frutícola Trindade registrou aumen-
to de 30% nas vendas. Cinturão verde paulista
Mas relíquia mesmo é o “seu” Valde- responde por mais
mar, que destoa totalmente daquele am- de 80% das hortaliças
biente barulhento e acelerado da Ceagesp. comercializadas na Ceagesp
Enquanto fotografávamos e nos surpre- As verduras e legumes também en-
endíamos com os formatos, cores e di- chem o ETSP de cores e aromas, mas di-
versidade, ele chegou de mansinho e cal- ferentemente das frutas que chegam de
várias cidades, estados e pa-
íses, mais de 80% das hortali-
ças que abastecem o entrepos-
to são produzidas no Cinturão
Verde Paulista, que é dividido
em duas grandes áreas - leste e

Comercialização de verduras
e legumes no ETPS

82 Janeiro · 2018
De acordo com a Ceagesp, o Cinturão Verde Paulista
responde por 25% da produção nacional de verduras

oeste - tendo a capital do estado como o 90% das verduras e 40% dos legumes con-
centro. Entre os municípios que compõem sumidos na capital paulista. A proximida-
a região leste estão Mogi das Cruzes, San- de das áreas de produção agrícola com o
ta Isabel e Suzano, nela estão mais de 4 mercado consumidor favorece o transpor-
mil pequenos produtores rurais. Na região te, reduz as perdas, o preço e também a
oeste, o Cinturão Verde é composto por pegada ecológica (menos transporte sig-
cidades como Ibiúna, Itapetininga, Pieda- nifica menos poluição do ar).
de do Sul e Sorocaba e conta com aproxi- Entre os fornecedores de hortaliças
madamente 3 mil pequenas propriedades produzidas no Cinturão Verde Paulista es-
rurais.
De acordo com a
Ceagesp, o Cinturão Ver-
de Paulista responde por
25% da produção na-
cional de verduras e por

O Cinturão Verde
Paulista responde por
90% das verduras e 40%
dos legumes consumidos
na capital paulista

83
so
Nis asil
r
o B m!
B o
é

tão Roberto de Almeida e Francisco Dan- entre oferta e demanda. “Quando o tem-
tas, de Mogi das Cruzes, que há 10 anos co- po ajuda e a produção aumenta, o preço
mercializam na Ceagesp. A lida não é fácil despenca, tem vez que não compensa co-
e começa cedo, às 4 da manhã já estão se lher e transportar para cá. Quando a pro-
dirigindo para o ETSP. Na roça, trabalham dução cai, o preço aumenta, mas aí o vo-
para conseguir produtos com qualidade lume é pouco e quando dividimos com o
para atender as qualificações do entrepos- gasto, o custo não cobre. Vida de quem
to, sabem que isso é fundamental para a planta é dura, não é alface”, comentam fa-
comercialização e para maior valorização zendo uma analogia a maciez desse tipo
do produto. Eles também estão de olho nas de verdura.
tendências de mercado, para reduzir per-
das e aumentar o ganho, passaram a redu- Descentralização, Venda
zir a produção de folhosas e aumentaram o ao Varejo e Feira de Flores
plantio de legumes como a brócolis ninja, A Ceagesp acompanhou a evolução
que oferece maior valor agregado. dos tempos e as necessidades dos consu-
Pequenos produtores, eles reclamam midores, por isso, iniciou, em 1979, o pro-
da falta de uma política agrícola e agrá- cesso de descentralização, abrindo en-
ria que dê mais segurança e estabilidade trepostos no interior paulista, a primeira
para que o produtor não sofra tantas per- central fora da capital foi a de São José do
das e fique tão à mercê dessa gangorra Rio Preto. Nos quatro anos seguintes, fo-

Roberto de Almeida e Francisco Dantas, de Mogi das Cruzes, há 10 anos comercializam na Ceagesp

84 Janeiro · 2018
Varejão no ETSP acontecem de quarta-feira, sábado e domingo

ram construídas mais 10 centrais atacadis- O primeiro varejão começou suas


tas. Criadas para estimular a produção e atividades dentro do ETSP, em setembro
atender a demanda de consumo das regi- de 1979. Inicialmente, funcionava apenas
ões produtoras do Estado, elas passaram aos finais de semana. Em dezembro de
a ser polos de distribuição de alimentos. 1994, entrou em operação o varejão no-
Também em 1979, a Ceagesp iniciou turno, para oferecer mais uma alternativa
o comércio varejista de hortifrutigranjei- de compra ao consumidor.
ros, através dos chamados varejões. São Hoje, os varejões da Ceagesp são
oferecidos para o consumidor final frutas, realizados três vezes por semana (quar-
legumes, verduras, pescado, ovos, aves, ta-feira, sábado e domingo) e movimen-
cereais e outros produtos típicos das feiras tam mais de 250 toneladas de produtos
-livres, como pastéis, salgados, pães, bolos por mês. Semelhantes às feiras-livres, mas
e lanches. com garantia de qualidade e controle de

85
so
Nis asil
r
o B m!
B o
é

Feira de Flores no ETSP


- Semanalmente, são
comercializadas entre
800 e 1 mil toneladas
de flores e plantas

preços, eles ocorrem


no ETSP e na unida-
de de Sorocaba.
Outra atração que ganhou força na Produtor. O ETSP conta também com ou-
Ceagesp é a Feira de Flores, realizada no tra Feira de Flores, que ocorre em dias di-
Pavilhão Mercado Livre do Produtor (MLP), ferentes, 2ª e 5ª feira das 2h às 14h* (inclu-
no ETSP, é a maior do gênero no país, reú- sive aos feriados) na Praça da Batata. No
ne cerca de mil produtores de flores, plan- Varejão de domingo no ETSP também há
tas, grama e mudas. Conta ainda com uma venda de flores.
área especial, reservada para acessórios e A Feira de Flores também ocorre nos
artesanato. Semanalmente, são comercia- entrepostos da Ceagesp das cidades de
lizadas entre 800 e 1 mil toneladas de flo- Araçatuba, Bauru. Guaratinguetá, Presiden-
res e plantas. Em cada um dos dias em que te Prudente, Ribeirão Preto, São José dos
é realizada, circulam em média de 5 mil a 8 Campos, São José do Rio Preto e Sorocaba.
mil pessoas no ETSP.
A Feira de Flores acontece as 3ª e 6ª Programa Manuseio Mínimo
feiras das 0h às 9h30 (da 2ª feira para 3ª e Programa de Rotulagem
feira e de 5ª para 6ª feira – inclusive aos Os legumes, as verduras, as frutas, as
feriados) no Pavilhão Mercado Livre do flores são feitos no campo, ou seja, é a uti-
lização de sementes trata-
das, do manejo adequado,
de boas práticas agrícolas
que resultará em produtos

O manuseio inadequado
é a principal causa de
perda de qualidade, de
frescor e de valor das
frutas e hortaliças frescas

86 Janeiro · 2018
de qualidade. Após colhidos, não há nada
que se possa fazer para melhorar a qua-
lidade, mas para preservar sua qualida-
de, frescor, boa aparência, é necessário to-
mar uma série de cuidados e realizar uma
corrida contra o tempo para entrega-los o
mais rapidamente ao seu destino final. O
manuseio inadequado é a principal causa
de perda de qualidade, de frescor e de va-
lor das frutas e hortaliças frescas.
Os técnicos do Centro de Qualidade
A presença do rótulo é importante
Hortigranjeira (CQH) da Ceagesp desen- para identificar o produto, além de
oferecer informações sobre quantidade,
volveram o Programa Manuseio Mínimo, origem e responsável pela produção
que engloba material digital, treinamen-
tos e material impresso, como cartilha ba) desdobrou o Programa Manuseio Mí-
com 14 regras para a manipulação das fru- nimo, que passou a oferecer dicas ao setor
tas e hortaliças frescas nas gôndolas. varejista de como manter a qualidade e
diminuir perdas nos supermercados e es-
timular o consumo de frutas e hortaliças
pelos consumidores.
A proposta tem como objetivo orien-
tar profissionais de supermercados e redes
varejistas – dentre eles, repositores – a ex-
por as frutas e hortaliças frescas da melhor
forma, estabelecendo cuidados no manu-
seio a fim de evitar-se perdas devido fe-
rimentos ou contaminação nos alimentos.
Uma das ferramentas que prote-
A embalagem é uma das ferramentas
que protege esses produtos agrícolas ge esses produtos agrícolas é a embala-
gem, que ainda serve como instrumento
Como a maior parte das frutas e hor- de identificação, movimentação e exposi-
taliças frescas comercializadas na Ceagesp ção de frutas e hortaliças frescas. Bem ro-
tem como destino os supermercados, uma tulada, ela é o primeiro passo na constru-
parceria entre a Ceagesp e a Empresa Bra- ção da marca do produtor. Desse modo,
sileira de Pesquisa Agropecuária (Empra- garante o sabor, a aparência e a segurança

87
so
Nis asil
r
o B m!
B o
é

alimentar do produto. dos na Ceagesp – as frutas são responsá-


E a Ceagesp criou, em 2012, o Pro- veis por aproximadamente 53% do volu-
grama de Rotulagem, que tem caráter per- me total comercializado, os legumes 26%,
manente e visa auxiliar produtores e per- as verduras 7%, os produtos diversos 11%,
missionários dos entrepostos a garantir flores 2% – pode ser pouco, mas é a se-
a segurança dos alimentos e modernizar gunda maior feira atacadista de pescado
a comercialização de frutas e hortaliças da América Latina. A gestão do Pátio do
frescas. A presença do rótulo é importan- Pescado, que tem 27 mil m², está a cargo
te para identificar o produto, além de ofe- do Frigorífico de São Paulo (FRISP). Diaria-
recer informações sobre quantidade, ori- mente são comercializadas, em média, 200
gem e responsável pela produção. toneladas de peixes de 97 espécies – os de
água salgada representam 90%. Sardinha,
Na Ceagesp não tem frutos só pescada, corvina e tilápia figuram na lis-
da Terra, tem do mar também tagem dos mais procurados. As importa-
“Olha o peixe!”. Sim, tem pescados ções são cerca de 6% do volume vendido,
no ETSP. A atividade representa apenas com destaque para o salmão, provenien-
cerca de 1% dos produtos comercializa- te do Chile.

AS 15 FRUTAS MAIS VENDIDAS NA CEAGESP:


1º LARANJA 213.035 ton
A laranja é
2º MAÇÃ 91.701 ton a fruta mais
3º MAMÃO 82.261 ton comercializadas
no Ceagesp
4º LIMÃO 66.637 ton
5º MELANCIA 65.417 ton
6º TANGERINA 61.535 ton
7º ABACAXI 51.724 ton
8º MANGA 48.133 ton
9º PERA 47.892 ton
10º MELÃO 47.859 ton
11º *BANANA 43.665 ton
12º ABACATE 35.267 ton
13º UVA 32.778 ton
14º MARACUJÁ 29.460 ton
15º CAQUI 25.318 ton
* A banana, a fruta mais consumida no Brasil, ocupa apenas 11ª colocação nesse
ranking de frutas mais vendidas. Isso porque 60% da produção é comercializada fora
da Ceagesp, porque a banana tem um volume muito grande, cada caixa tem 21 quilos,
então, por causa da logística, boa parte da produção não passa pela Ceagesp.

88 Janeiro · 2018
No ETSP se encontra a segunda maior feira atacadista de pescado da América Latina

O Pátio do Pescado reúne 81 per- ticamente triplica. Justamente nos dias que
missionários e os principais fornecedores antecedem a Páscoa é que ocorre, anual-
são dos estados de Rio de Janeiro, San- mente, a Santa Feira do Peixe. Na ocasião,
ta Catarina, Rio Grande do Sul e São Pau- os consumidores finais têm a oportunida-
lo. Fundado em 1969, trabalham nele cer- de de comprar, em horários diferenciados,
ca de 800 pessoas entre permissionários, os pescados que são vendidos no atacado.
funcionários e carregadores
autônomos. Horário de co-
mercialização: 3ª a sábado
das 2h às 6h.
O período de maior
movimentação do setor é
a Semana Santa, quando o
volume comercializado pra-

O Pátio do
Pescado reúne 81
permissionários

89
so
Nis asil
r
o B m!
B o
é

CONTATOS PARA VENDER NA CEAGESP


Para vender um produto na Ceagesp – Entreposto Terminal São Paulo (ETSP),
é preciso falar com o Departamento de Entrepostos da Capital (DEPEC), por meio
do telefone (11) 3643-3907 ou do e-mail depec@ceagesp.gov.br
Em relação ao interior paulista, deve-se acionar o Departamento de Entre-
postos do Interior (DEINT), no telefone (11) 3643-3997 ou no e-mail deint@cea-
gesp.gov.br. As informações podem ser obtidas também diretamente junto à ge-
rência de cada um desses entrepostos: http://www.ceagesp.gov.br/entrepostos/

Boas ações fazem parte dutos, devido à manipulação inadequada


do dia a dia da Ceagesp, no transporte e comercialização. Isso re-
como o Banco de Alimentos presenta 1% do volume comercializado no
As estimativas de perdas no ETSP são entreposto.
da ordem de 100 toneladas/dia de alimen- Grande parte dos produtos descar-
tos que ocorrem como consequência do tados têm condições para o consumo hu-
comprometimento da qualidade dos pro- mano, e para aproveitá-los a Coordena-

Banco de Alimentos do Ceagesp no ETSP

90 Janeiro · 2018
e segurança alimentar e nutricional, bem
como receitas que incentivam o aprovei-
tamento integral dos alimentos, princi-
palmente das partes não convencionais,
como cascas, sementes e talos. Promove
constantemente campanhas de incentivo
Pedro de Alcântara Couto Junior, gestor ao consumo de frutas, legumes e verdu-
do Programa, conta que nos últimos
anos, foram distribuídas em média
ras. É responsável por ações educativas à
166 toneladas de alimentos por mês comunidade e estabelece parcerias de es-

doria de Sustentabilidade
(CODSU), criada em 2003
no Entreposto Terminal São
Paulo (ETSP) desenvolveu o
programa Banco de Alimen-
tos do Ceagesp, com o ob-
jetivo de coletar, selecionar
e distribuir alimentos ofere-
cidos por produtores e per-
missionários para entidades
sociais do Estado de São
Paulo.
Pedro de Alcântara
Couto Junior, gestor do Programa, conta Doação de cebolas ao Banco de
Alimentos. O produto estava com
que nos últimos anos, foram distribuídas ótima qualidade, mas o baixo preço
não compensou a comercialização,
em média 166 toneladas de alimentos por o que levou a doação do produto
mês para mais de 160 instituições cadas-
tradas, além de bancos localizados em ou- tágio com universidades para a realização
tros municípios. Os produtos que são do- de suas atividades. E produz alimentos de-
ados pelos permissionários passam por sidratados, a partir das doações in natu-
uma triagem, onde, sob supervisão de nu- ra recebidas. “Também realizamos campa-
tricionistas, são selecionados os que têm nhas para estimular o aumento de doação
condições de consumo. de produtos por parte dos permissioná-
O Banco Ceagesp de Alimentos pro- rios, ainda muitos podem participar”, ob-
duz informativos mensais sobre nutrição serva Pedro.

91
so
Nis asil
r
o B m!
B o
é

Por meio de um convênio firmado move ainda a reciclagem de palha, madei-


com o Sindicato dos Carregadores Autô- ra, ferro e papelão.
nomos (Sindicar), 505 carregadores cadas-
trados, voluntariamente, retiram as do- Nova casa da Ceagesp
ações dos permissionários e as levam ao na capital paulista é
Banco Ceagesp de Alimentos. Mensal- projetada para ser o
mente, o serviço distribui cestas básicas maior Entreposto de
aos carregadores que mais contribuem. Alimentos do mundo
Atualmente, o projeto está presente em 11 As frutas, flores, verduras e legumes
entrepostos do interior: Araçatuba, Arara- são lindas, primam pela qualidade, mas
quara, Bauru, Franca, Marília, Piracicaba, o Entreposto Terminal São Paulo (ETSP) é
Presidente Prudente, Ribeirão Preto, São feio, apertado e ficou ultrapassado. Suas
José do Rio Preto, São José dos Campos condições tornaram-se precárias, em ter-
e Sorocaba. mos de infraestrutura interna, trânsito e
Os descartes do Banco Ceagesp de logística. Sem os investimentos necessá-
Alimentos impróprios para o consumo são rios à sua modernização, tornou-se ob-
transformados em adubo orgânico por soleto. A implantação de um novo entre-
meio de compostagem. A Ceagesp pro- posto hortifrutigranjeiro e de pescados

O Entreposto Terminal São Paulo (ETSP) é feio, apertado e ficou ultrapassado

92 Janeiro · 2018
Paulo, explica que, por tratar-se de proje-
to de grande envergadura e importância,
o Estado tomará todos os cuidados para
que o novo Ceagesp seja resultado de am-
pla discussão com todos os interessados
e operadores. “Tanto assim que, de for-
ma histórica, no dia 6 de julho de 2017,
assinamos um Acordo entre União (por
meio do Ministério da Agricultura e da Ce-
agesp), Governo do Estado (por meio da
Secretaria de Agricultura e Abastecimen-
to) e Prefeitura Municipal, representada
pelo próprio prefeito João Dória, com vis-
tas à cooperação intergovernamental para
a realização deste grande empreendimen-
to”, informa Jardim.

Os corredores estreitos formam


congestionamento de carregadores

em São Paulo, em substituição à antiga


Ceagesp, passou a ser uma reivindicação
constante por parte dos permissionários e
usuários.
E a criação do novo entreposto co-
meça a tomar corpo. Em 6 de outubro de
A alta qualidade dos produtos
2017, o Governo Paulista publicou Edital merece um entreposto moderno
de Chamamento Público para apresenta-
ção de propostas, pela iniciativa privada, Por este acordo, foram criados dois
para a construção e operação de um novo grupos de trabalho envolvendo as várias
Entreposto de Abastecimento de Alimen- equipes técnicas dos órgãos envolvidos. O
tos na Região Metropolitana de São Paulo. primeiro, coordenado pela Secretaria, de-
Arnaldo Jardim, Secretario de Agri- dica-se a preparar a concorrência que será
cultura e Abastecimento do Estado de São publicada nos próximos meses para que

93
so
Nis asil
r
o B m!
B o
é

Um novo Entreposto terá tecnologia de ponta, conforto para funcionários e clientes

interessados do setor privado, em regime pessoas (e os 10 mil caminhões) que en-


de parceria com o Estado, possam cons- tram e saem da Ceagesp todos os dias e
truir e operar o novo Ceasa. movimentam quase de 4 milhões de tone-
O segundo grupo, coordenado pela ladas de alimentos por ano, totalizando R$
União e pela Prefeitura de São Paulo, de- 10 bilhões em negócios.”
dica-se a desenvolver uma proposta de Segundo o Secretário, o novo entre-
reurbanização do local onde hoje funcio- posto está sendo concebido para abran-
na o atual Ceasa de São Paulo, na Lapa, o ger, também, todo o movimento da atu-
qual, tão logo fique pronto o novo entre- al zona cerealista da Capital, permitindo
posto, deverá ser desativado, dando lugar a reurbanização radical de áreas impor-
a um novo bairro na cidade de São Paulo. tantes de São Paulo, com a melhoria do
Jardim salienta que o novo entrepos- trânsito, da paisagem, do saneamento, do
to da Ceagesp de São Paulo será o maior meio ambiente e, por consequência, pos-
do mundo. “Atenderá dezenas de milha- sibilitará uma cidade mais limpa, agradá-
res de empresas de varejo de alimentos vel e que proporcione melhor qualidade
que terão um lugar moderno e de tecno- de vida para a população.
logia de ponta para adquirir, no atacado, A implantação do novo Ceagesp é a
alimentos in natura. Vai atender também, necessidade que beneficia a todos. Essa é
com muito mais inteligência, conforto e a visão de Jardim. Para ele, os permissio-
melhor nível de serviços, as mais de 50 mil nários e atacadistas de alimentos poderão

94 Janeiro · 2018
operar em um novo Entreposto com tec- concorrência entre os fornecedores de ali-
nologia de ponta, conforto para funcio- mentos (incentivar a concorrência é uma
nários e clientes, barateamento da ope- das principais razões da existência dos en-
ração, maior escala na comercialização trepostos públicos).
e maior atratividade, conforto e serviços O prazo para envio das propostas de
para clientes. Um local, onde os alimen- implantação, operação e manutenção do
tos serão transportados de forma mais ra- Novo Centro de Abastecimento Alimentar
cional e rápida, armazenados com me- em São Paulo, em parceria com a iniciati-
lhores condições sanitárias, monitorados va privada, encerra-se em 12 de março de
quanto à qualidade de forma mais inte- 2018. Importante ressaltar que o envio das
ligente e eficiente pelos órgãos de fisca- propostas pode ser feito apenas por aque-
lização. Que oferecerá ao produtor rural les que se cadastraram na primeira etapa
maior acessibilidade para levar sua produ- do chamamento público, que foi realiza-
ção, com grande demanda por produtos da até o dia 12 de novembro. A operação
frescos. “Isso, indubitavelmente, incentiva deste complexo pelo consórcio ganhador
o incremento e a qualidade da produção será realizada por 30 anos.
agrícola”, afirma.
Para o Secretário, o novo entreposto O NESP é um dos candidatos
da Ceagesp na capital paulista será um ga- a ser o novo entreposto da
nho para toda a população brasileira que Ceagesp na Capital Paulista
terá a garantia de uma justa formação de Até o momento, seis consórcios ti-
preços como consequência de uma maior veram a documentação analisada e es-

Projeto arquitetônico do NESP – vista de como serão as ruas e Central

95
so
Nis asil
r
o B m!
B o
é

Vista dos Galpões,


Ruas e Central

De acordo com
os idealizadores do
projeto, estudos in-
ternos apontam que a
implantação do Novo
Entreposto irá reduzir
em 25% o tempo gas-
to pelos usuários no
trânsito, em relação ao
gasto atualmente, o
tão habilitados a enviar os estudos. Entre que terá impacto na minoração dos pre-
eles, está a proposta do Novo Entrepos- ços dos produtos.
to de São Paulo (NESP), criado, há mais de Para auxiliar no processo de criação
um ano, por permissionários de dentro da do projeto, um grupo de permissionários
Ceagesp, que vivem a realidade do entre- do NESP que forma o Comitê de Projetos,
posto há gerações. O NESP será em terre- viajou à Europa em setembro de 2016 para
no próprio no bairro de Perus, zona Norte visitar mercados de vários países e trazer
de São Paulo, com 1.606.285,00 m² e está ideias para o projeto. Foram escolhidas
localizado próximo à Rodovia dos Bandei- praças com características semelhantes
rantes, a 3km do Ro-
doanel Mario Covas
e a apenas 14km da
Marginal Tietê. Have-
rá também a opção de
acesso através da Li-
nha 7 Rubi da CPTM.

NESP - Vista do
prédio onde ficará
a administração

96 Janeiro · 2018
às do NESP (grandes terrenos localizados
em áreas periféricas), onde estão instala-
dos mercados tidos como os mais moder-
nos do mundo, como Mercabarna (Barce-
lona - Espanha), CAAB (Bolonha - Itália),
CAR (Roma - Itália), Rungis (Paris – Fran-
ça) e Saint Charles International (Perpig-
nan – França).
Infraestrutura em geral – desde ta-
manho dos boxes até os tipos de depó-
sitos, logística, localização, movimentação
diária de produtos, descartes, reciclagem,
comércio interno, entre outros – foram
questões observadas em cada empreendi-
mento europeu.
Em maio de 2017 os arquitetos Mar-
cel Monacelli e Marcos Vieira, do consórcio
Monacelli Vieira, deram início à produção
do projeto arquitetônico considerando os
principais pontos dos permissionários com
relação as necessidades requeridas, como
espaço amplo, infraestrutura moderna, es-
paço para carga a descarga, armazenagem
de alimentos, banheiros, ruas largas, redu-
ção do trânsito em torno e dentro do en-
treposto, entre outros.
O projeto preliminar foi apresenta-
do para todos os sócios e permissionários
do NESP em agosto de 2017, e contem-
pla pavilhões interligados por passarelas e
passagens subterrâneas e suas ruas inter-
nas foram projetadas para facilitar a movi-
mentação de veículos de carga de portes
variados. Haverá ainda uma preocupação
com questões ambientais que envolvem

97
so
Nis asil
r
o B m!
B o
é

reaproveitamento de água, geração de


energia tanto fotovoltaica, quanto a partir
do tratamento de resíduos.
Os diretores do NESP priorizam a
participação dos permissionários nas de-
cisões, a fim de mostrar transparência e le-
gitimidade perante a todos que acreditam
no projeto.
“O NESP tem todas as condições de
ser o escolhido, por já ter um projeto es-
truturado e ser feito pelos próprios comer-
ciantes que atuam no entreposto atual,
conhecendo bem as necessidades daque-
le local. É um dos empreendimentos mais
importantes em curso neste nosso Bra-
sil da agropecuária pujante, que merece
o maior e melhor entreposto de alimen-
tos do mundo. Feirantes e pequenos e
médios varejistas também serão benefi-
ciados, pois passarão a contar com infra-
estrutura de abastecimento tão eficiente
quanto as centrais logísticas das grandes
redes atacadistas e supermercadistas. Me-
lhorará muito, ainda, a eficiência das ope-
rações de abastecimento de outros esta-
dos, pois o NESP não será apenas de São
Paulo, mas de todo o Brasil”, salienta Sér-
gio Benassi, permissionário na Ceagesp e
presidente do NESP.
Pelo jeito, com o novo Entreposto na
capital paulista, não só a goiabinha caipi-
ra, mas todas as frutas, legumes e verduras
que garantiram o padrão Ceagesp, terão o
melhor e maior palco do mundo para da-
rem seu show. Tomara que não demore.

98 Janeiro · 2018
99

Anda mungkin juga menyukai