Anda di halaman 1dari 1

A mulher e o mar

“Acabou”. Sentou-se na areia mesmo, não se importando em sujar o vestido. Dobrou-o entre as
pernas. Estava lá, a sós, ela e o mar. A presença do mar lhe é era suficiente. As ondas ia e viam
como se acariciassem a pernas. As ondas dela não eram tão calmas, eram tempestuosas,
colidiam com as rochas, avançavam até o calçadão e ameaçavam os que passavam. Não
cheguem perto de sua ressaca. Não era ressaca de bebida, dessas que se acorda com a cabeça
inchada e sem lembranças, não, talvez até devesse ter esse tipo de ressaca, mas ela tinha só
aquele mar que teimava em avançar e esticar suas ondas, como se quisesse acariciar seus pés ou
levá-la para seus mistérios. Ela talvez fosse com ele, tendo a correnteza como braços ágeis de
uma valsa maldita.
Tirou da bolsa o celular, ainda na tela a mensagem recebida: Acabou. Tão direto,
preciso, frio e econômico. O infeliz não se preocupara nem com as desculpas. Não disse:
“vamos ser amigos”, “encontrei outra melhor”, “odeio seu perfume”, “não é nada com você, só
preciso de um tempo”. Nada. Poupou-se dos esforços e com alguns toques, alguns segundos,
deletou-me de sua vida. Como se um noivado fosse um joguinho. Game over. Maldita
modernidade! Ele merecia uma resposta tão direta quanto a dela: Vai te a merda! Melhor,
MERDA, assim resumia em uma só palavra o noivo e aquele noivado que se arrastava há anos.
Por impulso, tentou lançar ao mar a porcaria do aparelho, ao esticar o braço notou que o
mar se recolhia rejeitando tal oferenda. Guardou-o na bolsa. Talvez não soubesse realmente por
que ele decidira romper com ela, o que sabia e se mordia de raiva, era de não ter tomado essa
atitude antes dele; perdera a oportunidade de dispensá-lo primeiro, de dizer todas as verdades,
ela as diria na cara, cuspiria nele os defeitos e tudo que fingira ter perdoado.
Coisa do destino, ou não, eles tinham se encontrado pela primeira vez na praia de
Ipanema, onde tudo começou e onde tudo terminava. Mara não acreditava nessas coisas de
destino, nem em esoterismo, nem nas cartas de tarot que consultara por mera curiosidade, como
ela gostava de frisar, e lhe diziam que aquela relação estava fadada ao insucesso, posto que
Mara gostava mais dele do que ele dela e por tanto, caberia a ela alimentar sempre esse amor.
Dizem que o mar lava a alma. Os pés foram banhados pela espuma, enquanto Mara
molhava um pouco o pescoço. Já fazia mais calor e o mar estava mais calmo. Eles tinham se
beijado pela primeira vez na praia, sentados na areia. Mara ficava sem graça com o jeito com
que Osmar lhe olhava, acariciando e dizendo o quanto era bela, os mesmo dedos que ousavam
tocar partes ainda não totalmente permitidas. Mara ficaria o resto da vida ali, curtindo o simples
ato de estar de mãos dadas, dividindo o mar, aquele momento da vida com ele, que também
ficaria o resto da vida ali, claro, se não tivesse idéias mais práticas como ir a um motel.
Tudo tinha sido tão rápido e tão intenso. Tudo aquilo se assemelhava a um caixote bem
levado, quando se perde todo o domínio de si, quando já não se pode controlar os movimentos e
de repente as ondas nos derrubam, você tenta ser erguer, mas em seguida vem outra onda sem
que fosse esperado e o derruba outra vez, faz com que você role pela areia, as mãos tentam
cegamente se apoiar ou pegar algo.
Mergulhou. Agora o mar e ela eram um só. O vestido colado ao corpo, se sentia mais
leve, parecia que todo um peso que carregava tinha se desmanchado na água.

Anda mungkin juga menyukai