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A orla ocidental da cristandade, Charles R.

Boxer – algumas considerações

1. No século XVI, os descobrimentos ibéricos são considerados “o maior acontecimento desde


a criação do mundo, depois da encarnação e da morte Daquele que o criou”. Quase dois
séculos mais tarde, Adam Smith diria algo semelhante: “a descoberta da América e a da
passagem para as Índias orientais, através do cabo da Boa Esperança, são os dois maiores e
mais importantes acontecimentos de que se tem registro na história da humanidade”.

2. A característica principal da história da sociedade humana antes dos descobrimentos de


portugueses e espanhóis era a dispersão e o isolamento dos vários ramos da humanidade.

3. As sociedades humanas que floresciam e declinavam em toda a América, e em grande parte


da África e do Pacífico, eram completamente desconhecidas dos que viviam na Europa e na
Ásia.

4. Os europeus ocidentais, com exceção de alguns comerciantes empreendedores, italianos e


judeus, conheciam apenas vaga e fragmentariamente as grandes civilizações asiáticas e norte-
africanas.

5. As civilizações asiáticas e africanas sabiam pouco ou nada da Europa que existia ao norte
dos pireneus e da África ao sul do Sudão, e desconheciam tudo acerca da América.

6. Foram os pioneiros portugueses e os conquistadores castelhanos da orla ocidental da


cristandade que uniram, para o melhor e para o pior, os ramos enormemente diversificados da
grande família humana. Foram eles, ainda que vagamente, os primeiros a tornar a humanidade
consciente de sua unidade essencial.

7. No século xv, o cristão ibérico médio, como seus contemporâneos franceses, alemães ou
ingleses, raramente se referia às crenças muçulmana e judaica sem acrescentar algum epíteto
injurioso. O ódio e a intolerância, e não a simpatia e a compreensão, pelos credos e raças
alienígenas eram a regra geral; e o espírito ecumênico, tão em moda hoje em dia, naquele
tempo primava pela ausência.

8. É evidente que a intolerância religiosa não se limitava aos cristãos, embora estivesse talvez
mais profundamente enraizada neles do que na maioria dos povos de outras religiões. Mas o
muçulmano ortodoxo via com horror todos os que “concediam associados a Deus”, e era
exatamente isso o que os cristãos faziam com a Trindade, a Virgem Maria e, até certo ponto,
com os santos.

9. Uma nobreza e uma fidalguia turbulentas e traiçoeiras; um clero ignorante e lasso;


camponeses e pescadores trabalhadores mas imbecis; e uma ralé urbana de artífices e
empregados diaristas, como a plebe lisboeta descrita pelo maior dos romancistas portugueses,
Eça de Queiroz, cinco séculos depois, como “beata, suja e feroz”; tais eram as classes sociais de
que advieram os descobridores e os colonizadores pioneiros.

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