Berenice Carpigiani
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Bibliografia 155
Plínio Carpigiani
A obra Psicologia: das raízes aos movimentos contemporâneos, que ora vem
a público e que tenho a honra de prefaciar, faz jus a seu título. Busca de
fato as raízes primeiras do pensamento psicológico e acompanha sua evolu-
ção até os tempos modernos. Permite ao leitor visualizar a fase embrionária
do que seja “pensar psicologia” e o surgimento da Psicologia como ciência,
nas diversas acepções que se possa ter de ciência, bem como nos diversos
vínculos da Psicologia com as demais ciências. Trata-se de boa leitura intro-
dutória, sobretudo aos estudantes de Psicologia que querem ter dessa ciência
e dessa profissão uma ampla visão histórica e, por que não dizer, crítica. São
expostas, na extensão que a obra permite, as principais escolas do pensa-
mento e suas raízes filosóficas.
Vale ressaltar um aspecto particularmente meritório da obra, que são
as sugestões de leitura para os diferentes assuntos tratados, que possibilitam
ao leitor aprofundar-se nos diferentes temas, de acordo com seu interesse.
O livro oferece uma visão panorâmica de alguns dos grandes temas
tratados na Psicologia e, ao final, traz um bom capítulo, de autoria do Prof.
Armando Rocha Jr1., que brinda o leitor com uma boa visão de como evoluiu
no Brasil o currículo de Psicologia e das grandes preocupações e temáticas
de discussão em torno da grave questão da formação do psicólogo.
Sem dúvida, trata-se de obra cuja leitura se recomenda aos que come-
çam a adentrar o mundo instigante da Psicologia como ciência e profissão.
1
Nesta 3ª edição, o texto do professor Armando Rocha Jr. foi incorporado ao último capítulo.
O pensamento mítico
(...) o mito assume a forma de uma narrativa imaginária sobre a qual vá-
rias culturas procuram explicar a origem do universo, seu funcionamento,
a origem dos homens, o fundamento de seus costumes apelando para
entidades sobrenaturais, superiores aos homens; as forças e poderes mis-
teriosos que definiram seu destino. (Severino, 1992, p. 68)
Alegrai, filhas de Zeus, dai ardente canto, Gloriai o sagrado ser dos imor-
tais sempre vivos, Os que nasceram da Terra e do Céu constelado, Os da
noite trevosa, os que o salgado Mar criou. Dizei como no começo Deuses
e Terra nasceram, Os Rios, o Mar infinito impetuoso de ondas, Os Astros
brilhantes e o Céu amplo em cima. Os deles nascidos Deuses doadores
de bens. Como dividiram a opulência e repartiram as honras e como
no começo tiveram o rugoso Olimpo. Dizei-me isto, Musas que tendes
o palácio olímpio, Dês o começo e quem dentre eles primeiro nasceu.
(Hesíodo, 1993)
história todos os que não foram mortos na guerra estavam em casa (...)
ele, porém, achava-se sozinho, ansioso para voltar à pátria, para junto da
esposa. Era prisioneiro de uma feiticeira, linda criatura, Calipso, que queria
retê-lo em sua gruta e torná-lo seu marido. (Odisseia)
O mito, enquanto tal, pode ser compreendido como verdade, já que sua
visão de realidade, mesmo que particularizada, não deve ser contestada.
Caso seja, o mito perde sua função na sociedade. O mito vive da cren-
ça depositada nele pela sociedade que o gera ou o adota (...) (Minozzi,
1999, p. 44)
Apolo era considerado como o deus da saúde, e seu filho Asclépio era o
deus dos médicos e da medicina. (Schwab, 1995, p. 320)
Então Zeus criou naquela forma perfeita um malefício. Ele chamou a criatura
de Pandora, que significa “a que possui todos os dons”, pois cada um dos
imortais dera à donzela algum presente maléfico para a humanidade... Epi-
meteu recebeu com alegria a linda donzela, só descobrindo o mal depois
que este já se abatera sobre ele. Pois até então as gerações dos homens,
aconselhadas por seu irmão, viviam livres de males, sem dolorosos traba-
lhos, sem doenças torturantes. (...) A donzela levava nas mãos o seu pre-
sente, um vaso grande, fechado. Diante de Epimeteu, tirou a tampa do vaso
e ergueu-se o mal, como uma nuvem negra, espalhando-se pela terra com
a rapidez de um raio. Um único dom benéfico estava escondido no fundo
do vaso: a esperança... O sofrimento... Tomando todas as formas, encheu a
terra, o ar e o mar. As doenças se espalhavam dia e noite entre os homens,
terríveis e silenciosas, pois Zeus não lhes concedera voz. A febre grassava na
terra, a morte apressava o passo, esvoaçante. (Schwab, 1995, p. 20)