Antropologia Filosófica II
Professor: Ms. Luiz Carlos Berri
Acadêmico: Rhendel Rodrigues
29 mai. 2017
5. No curso da história, a Inteligência Intelectual foi tido como a mais alta forma do
conhecimento intelectivo humano, sendo ela descrevendo a trajetória ascendente do
espírito do sensível ao inteligível. Podemos estabelecer, por conta dessa
correspondência, uma estrutura hierárquica dos atos do conhecimento intelectual no
homem, a qual é determinada pela hierarquia dos graus de perfeição no ser. Na
concepção antiga e medieval, a inteligência espiritual era regida pela primazia do objeto
ou do inteligível sobre o sujeito. Tal primazia é fundamental na concepção clássica do
que diz respeito à contemplação, tal como da exigência de uma identidade absoluta do
intelecto e do inteligível no supremo Inteligível. Ou seja, tal concepção pressupõe que a
abertura transcendental do espírito finito à infinitude do ser, de certa forma, implique
sua ordenação estrutural ao Espírito infinito.
Na filosofia moderna, Descartes fundamenta a inteligibilidade no cogitatio.
Muda-se a coordenada noética não mais de um Absoluto mas uma inteligência que se
ordena a inteligência humana, colocando a questão da imanência no sujeito em
detrimento de uma inteligência espiritual (revolução copernicana de Kant).
Substitui-se, pois, o paradigma platônico-aristotético da metafísica clássica pelo
paradigma cartesiano da filosofia moderna. A inteligência espiritual da metafísica
pressupunha no homem uma estrutura ontológica que permite uma abertura da
infinitude formal da razão e da liberdade para a infinitude do Absoluto do ser. Desta
forma, o homem é considerado um ser descentrado com relação a si mesmo, uma vez
que está em dependência do Absoluto. A filosofia moderna recentraliza o sujeito em si
mesmo e implica numa profunda rearticulação da estrutura ontológica do homem.
Podemos dizer que há uma descontinuidade essencial na curva de evolução da
metafísica ocidental que foi provocada pela substituição do então paradigma da
metafísica classica pelo da Metafísica moderna, levantando a questão do destino da
inteligência espiritual na filosofia moderna.
De acordo com Heidegger, entre a ontologia clássica grega e a ontologia
moderna, depois de Descartes, verifica-se a transposição das categorias do ente
mundano para a esfera do sujeito.
Heidegger coloca a questão da metafísica ocidental como "esquecimento do ser",
transformando o ser em um ente ao atribuí-lo determinação. Portanto, a “inteligência
espiritual”, desde o noüs platônico até o intellectus tomásico, permanece no âmbito
desse esquecimento, no qual se aprofundam seus sucedâneos nas modernas filosofias do
sujeito.