Processo Nº. : 0005276-09.2013.8.05.0271 Classe : RECURSO INOMINADO Recorrente(s) : RN VAREJISTA Recorrido(s) RENATO CONCEICAO DOS SANTOS
Origem : JUIZADO ESPECIAL CÍVEL E CRIMINAL - VALENÇA
Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE
VOTO- E M E N T A
1. RECURSO INOMINADO. VÍCIO DO SERVIÇO. CONTRATO DE COMPRA E VENDA.
REFRIGERADOR. DESCUMPRIMENTO DO PRAZO DE ENTREGA. FALHA NA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. DANOS MORAIS CONFIGURADOS. QUANTUM ARBITRADO DE ACORDO COM OS PARÂMERTOS DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. SENTENÇA MANTIDA.
2. Trata-se de recurso inominado interposto contra sentença que julgou
parcialmente procedente os pedidos, nestes termos: “Por todo o exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE o pedido para tornar definitiva a liminar deferida de evento 08 e condenar a acionada a indenizar a título de danos morais a parte Autora, a importância de R$3.000,00 (Três mil reais), valor esse que deverá ser corrigido monetariamente pelo INPC e acrescidos de juros de 1% ao mês a partir da sentença. Ciente a parte acionada, fixo o prazo de 15 dias para o cumprimento da obrigação de pagar, sob pena de ser imposta a multa do artigo 475-J do CPC;”
3. A parte recorrente busca a reforma da sentença, aduzindo, em síntese, a
nulidade da sentença por carência de fundamentação, e no mérito sustenta a inexistência de ato ilícito, que não foram comprovados os requisitos ensejadores do dano moral na hipótese, pugnando por fim pela improcedência dos pedidos. 4. A despeito das alegações da acionada , a mesma não apresenta qualquer prova de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito da parte autora. Com efeito,. esta comprova nos autos que realizou compra de produto, consistente em uma máquina de lavar roupa Cônsul CWC10ab BR 220V, tendo sido concedido prazo de 05 ( cinco) dias para a realização da entrega. Esta, todavia, não fora realizada, inexistente qualquer prova nos autos nesses sentido, configurando portanto vício do serviço, pelo descumprimento do prazo contratual estabelecido entre as partes. Além de ter descumprido o mencionado prazo de 05 (cinco) dias, a ré não comprova ter feito a entrega até a data do ajuizamento da presente ação. 5. Insta ressaltar que a empresa em tela responde solidária e objetivamente pelos danos que porventura venham a ser causados aos consumidores, não podendo alegar fato de terceiro para eximir-se d seu dever contratual de ressarcir o consumidor na hipótese presente. 6. O art. 14 do CDC, dispondo sobre a responsabilização do fornecedor pelo fato do produto ou serviço, preleciona que: 7. “Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.” 8. Discutindo-se a prestação defeituosa de serviço, incide a responsabilidade civil objetiva inerente ao próprio risco da atividade econômica, consagrada no art. 14, caput, do CDC, que impõe ao fornecedor o ônus de provar causa legal excludente (§ 3º do art. 14), algo que o recorrente não se desincumbiu. 9. O conjunto probatório demonstrou cabalmente a ocorrência do dano moral que muito mais que aborrecimento e contratempo, resultou em situação que por certo lhe trouxe intranqüilidade e sofrimento, máxime diante do dispêndio de tempo e emergias realizado pela parte acionante para que o seu problema fosse solucionado, e ante a relutância da empresa demandada em adotar as medidas cabíveis que se impunham no caso concreto, o que não comprovou ter feito no caso concreto. 10. . O valor da reparação do dano moral deve ser fixado de acordo com os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, os quais, em síntese apertada querem significar, aquilo que é justo e na medida certa.
11. Da mesma forma, a fixação do montante indenizatório deve guardar uma
equivalência entre as situações que tragam semelhante colorido fático. As variações nos valores das indenizações existem conforme as circunstâncias fáticas que envolvam o evento. 12. Tendo em vista os parâmetros acima delineados , quanto ao valor arbitrado, tenho que o mesmo se mostra em consonância com os parâmetros da razoabilidade e proporcionalidade, tendo o magistrado sentenciante bem delineado o seu quantum, levando em conta inclusive os valores que vêm sendo fixados para casos semelhantes..
13. ISTO POSTO, voto no sentido de CONHECER e NEGAR PROVIMENTO AO
RECURSO INTERPOSTO, para manter a sentença objurgada pelos próprios fundamentos. Custas processuais e honorários advocatícios pelo recorrente, que arbitro em 20% sobre o valor da condenação.
Salvador, Sala das Sessões, 13 de Abril de 2017.
BELA. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE Juíza Relatora BELA CÉLIA MARIA CARDOZO DOS REIS QUEIROZ Juíza Presidente
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA
2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS
Processo Nº. : 0005276-09.2013.8.05.0271 Classe : RECURSO INOMINADO Recorrente(s) : RN VAREJISTA
Recorrido(s) RENATO CONCEICAO DOS SANTOS
Origem : JUIZADO ESPECIAL CÍVEL E CRIMINAL - VALENÇA
Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE
ACÓRDÃO
Acordam as Senhoras Juízas da 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais
Cíveis e Criminais do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, CÉLIA MARIA CARDOZO DOS REIS QUEIROZ –Presidente, MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE – Relatora e ALBÊNIO LIMA DA SILVA HONÓRIO, em proferir a seguinte decisão: RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO . UNÂNIME, de acordo com a ata do julgamento. Custas processuais e honorários advocatícios pelo recorrente, que arbitro em 20% sobre o valor da condenação.
Salvador, Sala das Sessões, 13 de Abril de 2017.
BELA. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE Juíza Relatora BELA CÉLIA MARIA CARDOZO DOS REIS QUEIROZ Juíza Presidente