PROJETO DE AULA
CRIAÇÃO DE MINICONTOS / MICROCONTOS TOMANDO
POR BASE A UTILIZAÇÃO DO LIVRO
“ESCRITOS E DESCRITOS”
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula
Módulo 1
Atividade 1
O objetivo é apresentar minicontos aos alunos e definir esse texto coletivamente. Isso
será feito pelo professor tirando exemplos do livro “Escritos e Descritos”. Esse livro
deverá ser indicado pelo professor para a leitura em casa com uma semana de
antecedência ou então criar uma roda de leitura em sala com ele.
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O professor projetará alguns minicontos com o objetivo de mostrar aos alunos o que
seria esse tipo de texto. Poderá usar projeção de slides criados no Powerpoint com os
minicontos e microcontos presentes no livro.
http://autoressaconcursosliterarios.blogspot.com.br/2013/05/os-20-minicontos-
classificados.html Acesso 23 de março 2019.
https://damianacarvalho007.wixsite.com/esterhostert
Nos últimos anos este tipo de ficção ganhou muito espaço na literatura de diversos
países. Nos Estados Unidos, antologias sucessivas foram lançadas com textos cada vez
menores culminando na chamada microfiction, cuja antologia inaugural reúne textos de
até 300 palavras. A literatura latino-americana, responsável pela difusão inicial do
gênero, tem não apenas apresentado antologias como também estudos acadêmicos
acerca do que eles chamam de “microrelato”. É de um hispano-americano, o
guatemalteco Augusto Monterroso, o micro mais famoso:
Concisão
Exemplo do livro : Felicidade é um croissant de chocolate.
Outro exemplo de outro autor: A velha insônia tossiu três da manhã.
Dalton Exemplo do livro :Trevisan (Ah, É?, 1994) Ser breve e ser conciso são coisas
diferentes. O miniconto precisa ser conciso, mais do que breve. Nesse sentido não
deveríamos falar de um limite de número de letras, palavras ou páginas para o
miniconto, e sim num limite conceitual. A história que ele conta precisa caber
exatamente naquele pequeno tamanho, não mais, não menos. Não pode-se atrofiar
uma narrativa, tampouco espichá-la. Por isso nem todos os temas e enfoques podem
ser transformados em miniconto. Na verdade, raros o podem. Uma tosse às três da
manhã pode ser a superfície de um miniconto; a insônia, não.
Narratividade
Exemplos do livro :
Lá um dia já foi aqui. Aqui um dia será lá.
Sentada em um banco da rua XV. Escutando a música “Let Her Go”.
Seu e tenho medo o medo não me tem. Se eu tenho coragem posso ponderar meu
equilíbrio. Assim eu vivo.
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Outro exemplo de outro autor : Caiu da escada e foi para o andar de cima.
Adrienne Myrtes (Os cem menores..., 2004) Se a brevidade originada pela concisão
diferencia o mini do conto tradicional, é a narratividade que primeiro diferencia o
miniconto do haicai ou do poema em prosa (que não necessariamente são narrativos,
ainda que possam sê-lo). Ser narrativo significa, por óbvio, narrar algo, contar a
passagem de uma personagem de um estado a outro, implicitamente (como no mini do
Trevisan) ou explicitamente (como neste exemplo da Adrienne). Sem essa narratividade,
corre-se sempre o risco de fazer uma simples descrição de cena em vez de um
miniconto.
Efeito
Exemplos do livro :
Hotel Geranium : letreiro vermelho, lu que acende à noite e me lembra da antiga Nova
Iorque.
Abertura
Cíntia Moscovich (Os cem menores..., 2004) Como pode um texto tão pequeno
provocar efeito em quem lê? A resposta está no próprio agente da questão: o leitor. À
Cíntia coube contar a história de uma pessoa que morreu assassinada numa
representação contundente da banalização da vida. Mas se a vítima é um homem, uma
mulher, gorda, magra, nova, velha, se mora na cidade, no campo, noutro país, se era
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bandido ou mocinho, amante ou amado, casto ou tarado, nada disso está dito, cabe ao
leitor preencher as lacunas a partir de seus conceitos e experiências. Muito
possivelmente um leitor urbano como nós verá aí uma ironia com a insegurança que
ceifa a vida de tantos jovens. Mas talvez um trabalhador suburbano veja a covardia de
quem mata pelas costas, e não o futuro perdido por quem morre. Essa abertura é uma
das riquezas do conto potencializada no miniconto.
Exatidão
"AVENTURA" | Nasceu.
Tudo bem que a abertura do texto para o leitor seja aspecto fundamental do miniconto,
mas é importante que o autor seja suficientemente claro para criar o efeito desejado no
leitor, e não seu oposto, sob o risco de não ser compreendido. Para tanto a escolha de
cada palavra em cada posição é fundamental, quase como em um poema, pois disso
depende o sucesso ou não da narrativa. Se Cíntia Moscovich escrevesse “Teria sido um
ótimo escritor, mas o tiro veio por trás” o texto perderia seu recurso estético causado
pela oposição frente/trás, vida/morte, comprometendo até o efeito semântico. Mesma
coisa, e mais ainda, no texto “Aventura”, do Dill. Não sei se existem outras duas palavras
que se casem tão bem para formar uma narrativa instigante, aberta e ao mesmo tempo
repleta de significados como esta. São apenas duas palavras, quinze caracteres tão bem
dispostos que é difícil não sentirmos seu efeito. E percebermos ali o cerne do conto e da
literatura.
Atividade 2
O objetivo é confrontar vários textos do mesmo gênero a fim de reforçar suas características
estilísticas, composicionais e estruturais.
Em duplas, os alunos escolherão 3 minicontos para apresentar à sala, discorrendo sobre sua
interpretação.
Professor, esse é o momento de os alunos depararem-se com vários textos do mesmo gênero,
o que facilitará a identificação das características e funções descritas na atividade anterior.
Atividade 3
O objetivo é interpretar coletivamente dois minicontos.
No Senado, muitos escândalos e sujeiras faziam barulho. Mas no país ninguém ouvia,
era quarta-feira e o Galvão gritava gol muito alto. RS
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via web
http://twitter.com/#!/minicontos Acesso em 23/03/2019.
a) Qual o sentido atribuído à palavra “barulho” no miniconto?
b) A qual país o produtor do texto se refere ao dizer “no país ninguém ouvia”? Como
você chegou a essa resposta? Explique por meio de pistas linguísticas contidas no
próprio texto e de seu conhecimento de mundo.
c) Existe no miniconto uma ironia, ou seja, o produtor do texto escreve algo
objetivando, na verdade, dizer o contrário do que escreveu. Pergunta: qual a ironia no
texto? Explique.
d) É possível afirmar que há uma crítica no miniconto? Se sim, o que ou quem é
criticado e por quê?
e) Como esses sentidos estão colocados no miniconto?
f) Quais os efeitos provocados pelo miniconto no leitor?
Atividade 4
Depois de muitos anos e várias tentativas, ele chegou, chorando forte. A cunhada foi
a única com coragem para trazê-lo.
http://www.minicontos.com.br/?apid=2416&tipo=2&dt=0&wd=&autor=Marcelo%20S
palding&titulo=Nen%E9m
a) Recrie a história do miniconto em uma narrativa tradicional.
Atividade 5
O objetivo é produzir minicontos.
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Os alunos, após conhecimento do gênero, deverão criar pelo menos um miniconto que
deverá compor um painel virtual no sítio da escola. Antes da mostra, cada aluno deverá
propor interpretação aos minicontos dos colegas em uma roda de conversa.
Recursos Complementares
Para leitura do professor:
http://www.parabolaeditorial.com.br/downloads/4MINICONTOSMODAIS.pdf Acesso
em 20 out. 2014.
http://www.artistasgauchos.com.br/marcelospalding/arquivos/dissertacao.pdf Acesso
em 20 out. 2014.
Avaliação
Nessa proposta, as atividades primam a compreensão do gênero miniconto como um
texto de concisão, narratividade e efeito.