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O tráfico das mulheres:

- (p. 2) Parafraseando Marx: a mulher só é subordinada em determinadas relações, não em si.

- Lavi-Strauss e Freud trabalham sistema de relações de subordinação da mulher de forma


parcialmente coincidente.

- por eles, começamos a ver aparato social sistemático que toma as mulheres como
matérias-primas e as molda, transformando-as em mulheres domesticadas.

-eles não enxergam seu trabalho assim, entretanto.

- “fornecem instrumentos conceituais para elaborar descrições da área da vida social


que é o lócus da opressão das mulheres, das minorias sexuais e de certos aspectos da
personalidade humana nos indivíduos”. P. 3

- Gayle chama essa área de “sistema de sexo/gênero”: (definição provisória)


“série de arranjos pelos quais uma sociedade transforma a sexualidade
biológica em produtos da atividade humana, e nos quais essas necessidades
sexuais transformadas são satisfeitas.” P. 3

- Objetivo do ensaio: definição mais completa do sistema sexo/gênero pela leitura exegética
de Levi-Strauss e Freud. Leitura de Freud influenciada por lente de Lacan.

Marx

- Tentativas de aplicar análise marxista às mulheres: mulheres são força de trabalho de reserva
para o capitalismo, os baixos salários propiciam mais-valia extra para o empregador, servem ao
consumismo da sociedade capitalista no papel de administradoras do consumo familiar, etc.

- outros trabalhos buscaram situar opressão das mulheres no coração da dinâmica capitalista,
apontando relações entre trabalho doméstico e reprodução do trabalho.

- Marx: o capitalismo se distingue dos outros modos de produção por seu único
objetivo: a criação e a expansão do capital. (P. 6)

O capital dado em troca da força de trabalho é convertido em gêneros


alimentícios cujo consumo permite que músculos, nervos, ossos e cérebros
dos trabalhadores se reproduzam, e novos trabalhadores sejam gerados... o
consumo individual do operário, quer venha da própria oficina ou de fora
dela, quer faça ou não parte do processo de produção, constitui, assim, um
fator da produção e reprodução do capital, da mesma forma que o faz uma
máquina de limpar...5 (O capital)

Dado o indivíduo, a produção da força de trabalho consiste na reprodução de


si mesmo ou sua manutenção. Para sua manutenção é-lhe necessária
determinada quantidade de meios de subsistência... A força de trabalho se
põe em ação apenas pelo trabalho. Mas com isso determinada quantidade de
músculo, cérebro, nervo, etc. se desgasta, e exige reparação...6 (O capital)
- A reprodução, no entanto, não depende apenas de produtos, mas de trabalho para
‘convertê-los” em pessoas.

- “o trabalho doméstico portanto, é um elemento crucial no processo de reprodução


do trabalhador, de quem se tira a mais-valia. Dado que em geral cabe às mulheres
fazer o trabalho doméstico, já se observou que é através da reprodução da força de
trabalho que as mulheres se inserem no circuito da mais-valia, que é condição sine
qua non do capitalismo”. P. 7.

“Muitas discussões sobre as mulheres e o trabalho doméstico giraram em


torno da questão de saber se este é ou não trabalho “produtivo”. A rigor, o
trabalho doméstico não é “produtivo”, no sentido técnico do termo. (GOUGH,
I. Marx and Productive Labour. New Left Review, nº 76, 1972; MARX, K.
Theories of Surplus Value. Op. cit., pp.387-413). Mas essa distinção é
irrelevante, no que se refere ao cerne dessa discussão. O trabalho doméstico
pode não ser “produtivo”, no sentido de produzir diretamente mais-valia e
capital, não obstante é um elemento crucial na produção de mais-valia e de
capital.” (nota de rodapé, p. 7)

- “pode-se argumentar também que, como não se paga um salário para o trabalho
doméstico, o trabalho das mulheres na casa contribui para o volume final de mais-
valia obtido pelo capitalista.” P. 7

Mesmo sendo pago, creio que o volume de produção do trabalhador qualificado


liberado para trabalhar mais tempo também contribui para a mais-valia obtida pelo
capitalista.

“Mas explicar a utilidade das mulheres para o capitalismo é uma coisa. Afirmar que
essa utilidade explica a gênese da opressão das mulheres é outra muito diferente.”
p. 7

Mas quão necessária é para resolver a questão? Se o fenômeno mudou e a


manutenção da opressão das mulheres agora obedece a essas regras, não são essas
que tem que ser resolvidas antes de qualquer outra coisa (no caso, antes da
desconstrução do próprio conceito de gênero).

- Não explica porque existia opressão às mulheres antes do capitalismo. Também não explica
porque a reprodução da força de trabalho normalmente é responsabilidade das mulheres. P. 8

- O necessário para reproduzir o trabalhador é determinado em parte pelas suas necessidades


biológicas, condições físicas de onde vive e tradição cultural. (MARX: cerveja necessária para
reprodução da classe operária inglesa e vinho para a francesa). O CAPITAL: “determinação do
valor da força de trabalho tem um elemento histórico e moral”

- é NO elemento histórico e moral que entra a mulher como responsável pelo trabalho
doméstico, sendo o capitalismo herdeiro da tradição de desigualdade.

ENGELS
- a origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado: Engels incorpora sexo e sexualidade
a sua teoria da sociedade.

- fatos apresentados são ultrapassados.

- Méritos:

- “relações de sexualidade” devem ser separadas das “relações de produção”.

- reconhecimento de que as necessidades econômicas (mesmo no sentido


amplo de transformação do mundo natural para consumo humano) não
esgotam necessidades fundamentais do ser humano.

Isso pode explicar porque as teorias materialistas não dão conta das necessidades psicológicas
das pessoas.

- a necessidade de sexualidade e procriação devem ser satisfeitas, tanto


quanto a de alimentar-se, e essa atividade é tão “natural” quanto a de
alimentar-se. Ou seja, determinado e obtido culturalmente.

- toda sociedade tem um arranjo de sexo/gênero: molda o sexo biológico humano pela
intervenção social. (nota de rodapé, fl. 11, exemplo exóticos, inclusive de dominação sexual
feminina)

- o sexo como o conhecemos (identidade de gênero, desejo sexual e fantasia) é em si


mesmo um produto social. P. 12.

- outras denominações para o sistema de sexo/gênero: “modo de reprodução”, “patriarcado”,


feitas para diferenciar das forças econômicas.

- modo de reprodução: problemas. Termo de contraposição com “modo de produção”.


Um sistema de gênero não é só o momento reprodutivo de um “modo de produção”.
A formação da identidade de gênero é um exemplo de produção na esfera do sistema
sexual. P. 13

- patriarcado: veio para distinguir de outras forças sociais, como o capitalismo. Usar
esse termo é como usar o capitalismo para designar todos os modos de produção,
quando a utilidade do termo capitalismo é precisamente a de que ele permite fazer a
distinção entre os diferentes sistemas pelos quais as sociedades se provêem e se
organizam.

- sistema de sexo/gênero: seria como “economia política”. Termo neutro que se refere
à esfera de relações de sexo, gênero e bebês – o que indica que a opressão não é
inevitável.

- existem sistemas estratificados em gêneros a que não se pode aplicar o termo patriarcal: Na
nova Guiné, o poder dos homens contra as mulheres não se baseia no papel individual de pais
ou patriarcas, mas na coletividade masculina adulta, que se materializa em cultos secretos,
rede de intercâmbios, rituais, etc.
Mas mesmo o sistema patriarcal ocidental também não se baseia nessas instituições coletivas
adultas, ALÉM (e permitindo) do poder individual do patriarca?

- patriarcado: forma específica de dominação masculina: termo restrito a nômades de


comunidades pastoris como as do Velho Testamento, onde se originou o termo. Poder
absoluto sobre mulheres, crianças, rebanhos, subordinados, como aspecto da paternidade –
tal como definida neste grupo social.

- retomar método de Engels e analisar os sistemas de parentesco.

Parentesco

- sistema de parentesco (antropologicamente): categorias e status que muitas vezes se


contrapõem às condições genéticas.

- em sociedades ainda não constituídas em Estado, o parentesco é o idioma da


interação social, e organiza as atividades econômicas, políticas, cerimoniais e sexuais.
Define responsabilidades e privilégios, a produção, a solidariedade, os rituais...

- sua onipresença levou muitos antropólogos a considerarem sua invenção,


junto com a linguagem, um divisor de águas do salto evolutivo.

- para voltar a estudar isso hoje, temos o avanço dos estudos antropológicos e o Estruturas
Elementares do Parentesco, de Lévi-Strauss.

- o parentesco é entendido como uma imposição da organização cultural sobre os fatos


da procriação biológica. P. 17

- não pressupõe o ser humano abstrato e destituído de gênero. É sempre homem ou


mulher. Lévi-Strauss entende que a essência dos sistemas de parentesco reside na
troca de mulheres entre homens, construindo uma teoria implícita da opressão sexual.

- tratado sobre os sistemas de parentesco sobre cerca de um terço do universo


etnográfico.

- tenta discernir os princípios estruturais do parentesco (sintetizados no último


capítulo).

- revela lógica inteligível dos tabus e normas do casamento.

- 2 principais: a “dádiva” e o tabu do incesto, cuja articulação dual


resulta no seu conceito de troca de mulheres.

- Estruturas elementares é um pouco uma crítica ao Ensaio sobre a Dádiva, de Mauss.

- o 1º a apontar a importância de um traço notável nas sociedades primitivas: dar,


receber e trocar presentes domina as relações sociais. Troca-se de tudo: de alimentos a
nomes e poderes.

- como não tinha utilidade para acumulação ou comércio, Mauss concluiu que a
importância era para reafirmar ou criar laços sociais entre os parceiros.
- também pode ser linguagem de competição e rivalidade: humilhação ao dar um
presente que não pode ser retribuído. Mauss e Lévi-Strauss enfatizam solidariedade,
mas outras finalidades enfatizam que se trata de forma onipresente de comunicação
social.

- Mauss entende que presentes eram liames de coesão social na falta de instituições
governamentais específicas. Forma primitiva de manter a paz. P. 19

- Lévi-Strauss acrescenta que os casamentos são uma forma elementar de troca de presentes
na qual as mulheres são o mais precioso dos presentes.

- tabu do incesto entendido por Lévi-Strauss como mecanismo para garantir que
casamento ocorra fora da família.

- o objetivo social da exogamia e da aliança é colocado acima dos fatos


biológicos de sexo e procriação.

- feitos desse presente são especiais: criam laços de parentesco. Vínculo permanente.

- casamentos também podem ser presente hostil. Há casamentos competitivos. Mas


no fim, forma-se ampla rede de relações.

- se o objeto das trocas são mulheres, então são os homens que estabelecem laços
por intermédio delas, e estas não são parceiras, apenas instrumento de intercâmbio. Commented [TG1]: A palavra parceira, aqui, me traz a
descrição do caio que fiz à igreja universal. Somos parceiros. Iguais
São os homens que se beneficiam da organização social advinda. P. 21/22 em objetivos e poder. Elas também querem isso, mas se dão por
satisfeitas com o papel subordinado que mantenha a família intacta
- a mulher não participa da troca como parceiro. Para isso, é preciso algo para dar. em um contexto de ameaça a esse espaço.

- essa análise sugere que a opressão das mulheres está no seu comércio, e não no comércio
de mercadorias. P. 23

- essas práticas parecem ter-se aprofundado mais nas sociedades mais “civilizadas”.

- Se, como fala levi-strauss o tabu do incesto e suas consequências estão na origem da cultura,
pode-se deduzir que a derrota histórica mundial das mulheres ocorreu na origem da cultura, e
é um pre-requisito a ela.

- mas essa tese é dúbia. A cultura é por definição inventiva. Também não se crê que a
“troca de mulheres” descreva todos os dados empíricos dos sistemas de parentesco.

- em algumas culturas (especialmente a de caçados e coletores excluídos de Lévi-


strauss) a validade do conceito se torna questionável.

- mas “a troca de mulheres” não é nem uma definição de cultura nem um sistema em si.
Cobre determinados aspectos das relações sociais de sexo e gênero.

- o “sistema de parentesco” é uma imposição de fins sociais a uma parte do munda


natural. É “produção”, no sentido mais amplo do termo: trabalhar, transformar objetos
para e por uma finalidade subjetiva.
Isso é produção ou é trabalho? Produção é apenas quando se tem um produto objetivado, e
não um sistema de relações, até onde sei.

- tem suas próprias relações de produção, distribuição e troca, que


compreendem determinadas formas de “propriedade” de pessoas. Diferentes
formas de direito que pessoas tem sobre outras.

- sistemas de parentesco trocam: acesso sexual, status genealógico, direitos e


pessoas. “Troca de mulheres” resume sistema de parentesco em que os
homens tem certos direitos sobre as mulheres de sua família.

-não deve ser vista como necessidade cultural ou único instrumento de


análise de um sistema particular de parentesco.

- a subordinação das mulheres pode ser vista como um produto das relações por meio
das quais sexo e gênero são organizados e produzidos. A opressão econômica é
fenômeno secundário. Commented [TG2]: Pode ter sido secundário historicamente,
mas não é secundário atualmente. Entretanto, o modo de produção
estabelece as condições de via sobre as quais as relações de sexo e
- existe uma “economia” de sexo e gênero, e o que se nos faz preciso é uma gênero irão se produzir (e também vice-versa).
economia política de sistemas sexuais, que identifica os mecanismos pelos
Hoje: degradação da família pela superexploração econômica e
quais convenções particulares de sexualidade são produzidas e mantidas. individualismo exacerbado impõe determinadas condições para o
estabelecimento das relações de sexo e gênero. Que por sua vez
Isso está errado. A opressão econômica não é fenômeno secundário, é primário e leva a reações ideológicas de retorno ao passado.

concomitante. Reflexão de Scholz quanto à intricação de ambos. A hierarquização artificial Commented [TG3R2]: Igreja: Esforço de “ensinar” como as
mulheres e os homens devem se comportar. Luta ideológica entre
entre eles leva a uma análise limitada. uma determinada concepção de gênero e outra, que enfraquece os
limites falsos da primeira.
Internando-se mais no labirinto (tentativa de fazer uma economia política de sistemas Commented [TG4R2]: Na verdade, reação é menos à
possibilidade de independência quanto à percebida consequência
sexuais) nefasta dela para a família e ao tecido social (filhos abandonados,
pessoas solitárias, falta de referência de comportamento
- Lévi-Strauss em Estruturas elementares do Parentesco: descreve regras e sistemas de construtivo...)

combinação sexual. Em A Família: levanta a questão do necessário para que sistemas de


casamento possam funcionar. Que tipo de “pessoas” os sistemas de parentesco requerem?

- toda sociedade tem algum tipo de divisão de tarefas por sexo, mas a atribuição varia Commented [TG5]: Necessidade histórica? Não mais.
Retirando as puramente biológicas.
muito. (exemplos de mulheres guerreiras e homens cuidadores de crianças). P. 25/26

- Lévi-Strauss: não se trata de especialização de natureza biológica, mas outra


finalidade: garantir a união de homens e mulheres, fazendo com que a menor unidade
econômica variável tenha pelo menos um homem e uma mulher. (fls. 26).

- a divisão sexual do trabalho pode ser vista como tabu: contra a uniformidade de
homens e mulheres, que divide o sexo em duas categorias excludentes, que exacerba
as diferenças biológicas e cria o gênero.

- todas as manifestações de sexo e gênero se originam em imperativos de sistemas sociais.


Explicar a estrutura lógica subjacente a toda a análise do parentesco em Lévi-Strauss: a
organização social do sexo se baseia em gênero, obrigatoriedade do heterossexualismo,
repressão da sexualidade da mulher.
- gênero: divisão dos sexos imposta socialmente. Produto das relações sociais da
sexualidade. Sistemas de parentesco baseiam-se no casamento. Transformam pessoas
do sexo masculino e feminino em “homens” e “mulheres” – “metades incompletas”.

- a identidade de gênero exclusiva não é uma expressão de diferenças naturais,


mas supressão de semelhanças naturais. “A mulher não se vestirá de homem,
nem o homem de mulher, aquele que o fizer será abominável diante do
SENHOR” Deutorônimo, 22,5. (p. 28)

- exige repressão: dos traços “femininos” nos homens e dos


“masculinos” nas mulheres.

- Proibição do homossexualismo embutida em Lévi-Strauss: Se imperativos biológicos


e hormonais fossem irresistíveis, não haveria necessidade de garantir uniões
heterossexuais por interdependência econômica.

- tabu do incesto pressupõe tabu contra o homossexualismo. Gênero não é só


identificação com um sexo, mas obrigação que desejo sexual se oriente ao
outro.

- divisão sexual do trabalho se relaciona a ambos os aspectos de gênero: divide


em dois gêneros e obriga heterossexualidade.

- sistemas de parentesco não só encorajam heterossexualismo, mas formas


específicas de heterossexualismo. (ex. casamentos entre primos cruzados)p. 29

- a própria complexidade do sistema de parentesco pode resultar em sistemas


de homossexualismo institucionalizado. (ex. obter a força da vida do varão no
sêmen de parente mais velho, ou jovem tomar menino como esposa enquanto
não tem idade para ter mulher) p. 29/30

- ex: poder se transformar no outro sexo por cerimonia social, ou ao


pagar um dote (nesse caso, o casamento seria “heterossexual”).

- Configuração de sexualidade/assimetria de gênero: em Estruturas Elementares do


Parentesco, vê-se que as mulheres sofrem maior pressão para se conformar ao sistema
de parentesco.

- mulher obrigada a ser parceira sexual para compensar o casamento. Para


manter o sistema de compromissos, a mulher dada em presente não pode
manter ideias próprias de domínio sobre com quem dorme. P. 30 Commented [TG6]: O “estupro” institucionalizado é, portanto,
uma base da dominação familiar masculina.
- resistência das mulheres é severamente reprimida. Assimetria de gênero
acarreta na repressão da sexualidade da mulher p. 31.

A psicanálise e seus descontentes

- teoria de reprodução do parentesco. Descreve o que resta nos indivíduos de seu embate com
as normas e regulamentos da sexualidade das sociedades em que nasceram. P. 32
- Tentando ser uma teoria dos mecanismos de reprodução sexual, muitas vezes virou um
desses mecanismos. Confusão de lei moral e científica.

- prática clínica muitas vezes entendeu ter que recuperar indivíduos que se desviaram
de seu objetivo “biológico”.

- Razão de luta por movimento feminista e gay.

- ortodoxia freudiana: feminilidade “normal” teria alto custo para as mulheres. Teoria
da aquisição de gênero poderia ser base para crítica dos papéis sexuais, porém isso
não foi feito.

- psicanálise descreve mecanismo pelo qual os sexos são divididos e alterados,


e crianças andrógenas e bissexuais, transformadas em meninos e meninas.

O encanto de Édipo

- Até 1920, teoria do desenvolvimento feminino era proposta variante do complexo de édipo
nos homens (complexo de Electra)

- édipo pressupõe biologismo heterossexual.

- Conceito de fase pré-edipiana permitiu a Freu e Jeanne Lampl de Groot desenvolver teoria
psicanalítica clássica da feminilidade que desloca pressupostos biológicas. P. 34 e rodapé.

- fase pré-edipiana: crianças de ambos os sexos são psiquicamente indistintas e


bissexuais. Ambos os sexos apresentam toda gama de atitude libidinal, ativa e passiva.
Sua diferenciação em meninos e meninos tinha que ser explicada.

- criança indistinta tem mãe como objeto de desejo, e este é ativo e agressivo.

- Tentativa de explicar aquisição da “feminilidade”: o desenvolvimento feminino não é um


reflexo da biologia. “Menina se afasta da mãe e reprime os elementos “masculinos” de sua
libido quando descobre que é castrada. Compara minúsculo clitóris com o pênis, e diante da
superioridade desse em satisfazer sua mãe, fica presa da inveja peniana e sentimento de
inferioridade. Abandona luta pela mãe e assume postura feminina passiva diante do pai.”. p.36

- feminilidade parece ser consequência de diferenças anatômicas entre os sexos. Freud


acusado de determinismo biológico. Nos eua: compram. Na França, Lacan entende que
é sobre linguagem e significados culturais impostos à anatomia.

Parentesco, Lacan e Falo

- Lacan: psicanálise é estudo dos vestígios deixados na psique dos indivíduos de seu
enquadramento no sistema de parentesco.

- Lévi-Strauss afirma relação entre estruturas da linguagem e parte das leis sociais que
regulam os laços conjugais e de parentesco. Lacan considera isso uma conquista do
terreno do inconsciente.
- parentesco é a culturalização da sexualidade biológica no nível da sociedade. P. 38.
termos que indicam parentesco demarcam status e indicam alguns dos atributos desse
status.

- crise edipiana se inicia quando a criança compreende o sistema de parentesco e o lugar que
ocupa nele, e se resolve quando aceita esse lugar.

- antes da fase edipiana, a sexualidade é lábil. Criança encerra todas as possibilidades


sexuais, mas em qualquer sociedade, apenas algumas podem ser expressas. Quando
criança sai da fase edipiana, sua libido e identidade de gênero já foi organizada de
acordo com as regras de cultura a que está submetida.

Em qualquer sociedade ou nas sociedades materialmente já existentes? Em tese, o fim da


escassez acabaria com essa limitação.

- as formas sociais do sexo e gênero requerem determinados tipos de pessoas. Na teoria


lacaniana, são os termos referentes aos parentes que indicam a estrutura das relações que
determinará o papel de todo o indivíduo no drama edipiano.

- ex: “função de pai” difere de pai que encarna a função. Distingue pênis e falo. Penis é
órgão, falo é a serie de significados que se atribuem.

- se freud dá no complexo de édipo a escolha entre ter pênis ou castração, em Lacan,


ao órgão masculino é atribuído o papel dominante – ter ou não o falo (simbólico).

- falo é traço distintivo entre “castrados” e “não castrados”, que acarreta na


diferença entre dois status sexuais (homem e mulher).

- Falo significa também a dominação do homem sobre a mulher, a encarnação


do status masculino, e a “inveja do pênis” é o reconhecimento disso. P. 41 Commented [TG7]: Seria a vontade das mulheres
conservadoras de admitir sua inferioridade e buscar se adaptar da
melhor forma possível ao papel subordinado então a expressão da
- falo também como objeto simbólico que é trocado no âmbito das famílias, inveja do falo?
expressão do domínio masculino passado de um homem para o outro, por
meio e como inversão da circulação das mulheres. P. 41

- deixa como marcas a identidade de gênero e divisão dos sexos.

Retorno a Édipo

- crise edipiana precipitada pela descoberta das diferenças dos sexos pelas crianças, e que cada
crianças se destina fatalmente a um ou outro gênero, assim como tabu do incesto e proibição
de determinada sexualidade.

- mãe fora do alcance das crianças porque “pertence” ao pai.

- dois gêneros não tem mesmos direitos.

- menino renuncia à mae por medo de castração pelo pai. Ao renunciar, afirmar as relações de
gênero que lhe darão também uma mulher ao se tornar um homem.

- em troca, pai reconhece falo no filho.


- menina está em posição homossexual, o que é doloroso e insustentável.

- mulheres só podem ser amadas por alguém com o falo. Como ela não tem, ela
própria é destinada a um homem.

- (Lamp de Groot) além de afronta narcisistica da recusa, sentimento de inferioridade


quanto a seus órgãos genitais.

- escalonamento hierárquico dos órgãos genitais resulta da definição da situação: regra do


heterossexualismo obrigatório e entrega das mulheres aos homens (quem não tem a quem
tem falo)

- menina se afasta da mãe e se volta para o pai. Afasta da mãe por raiva e frustração,
porque esta não tem falo para oferecer. Se volta para o pai porque só ele pode dar-lhe
o falo, fazendo-a entrar no sistema de trocas simbólicas no qual o falo circula. P. 44

- pai nunca dá o falo da mesma forma: é confirmado no menino, mas a menina nunca o tem,
apenas passa por ela, que se transforma numa criança.

- ao reconhecer a castração, ela acede ao lugar de mulher na rede de trocas fálicas.

- só pode ganhar o falo como presente de um homem, (como ex. rebentos) nunca tem
para dar.

- ao se voltar ao pai, reprime as posições “ativas” da libido. Tomada de consciência da


impossibilidade de realizar desejo ativo p. 45

- Freud localiza desejo ativo no clitóris e passivo na vagina. --- o que importa não é a
geografia com desejo (segundo autora), mas a sua autoconfiança.

- Freud: 3 caminhos alternativos para catástrofe edipiana.

- menina pode perder o controle, reprimir sexualidade por inteiro – torna-se assexuada

- protestar, apegar-se ao narcisismo e desejo – torna-se “masculina” ou homossexual.

- aceitar e assinar contrato social – chega à “normalidade”.

- Crítica de Horney: especial em Freud é considerar maternidade não disposição inata, mas
resultado de elementos ontogenéticos, tirando energia de instintos homossexuais e fálicos.

- inferências forçadas, concepção freudiana comprometida. Mas razoável afirmar que


criação da “feminilidade” nas mulheres no curso da socialização é ato de violência
psíquica e deixa ressentimento contra a repressão.

- mulheres tem poucos meios de perceber e expressar raiva remanescente. Ensaios de


Freud sobre feminilidade podem ser lidos como “como um grupo é preparado
psicologicamente para conviver com a própria opressão”.

- descobre castração como pré-requisito para o amor do pai. Comea a desejar a


castração. P. 47
- primeira relação libidinal com o pai é masoquista, desejo masoquista em sua
fase mais remota: quero ser castrada.

- masoquismo pode entrar em conflito com o ego: algumas mulheres busquem


fugir à situação toda em defesa de seu amor-próprio.

- escolha entre “satisfação no sofrimento e paz na renúncia”:


dificuldade em desenvolver atitude saudável com relações sexuais e
maternidade.

Teoria pasicanalísica da feminilidade: desenvolvimento da mulher é muito baseado na dor e na


humilhação. Muitos esforços para explicar porque alguém iria querer ser mulher.

- se apoia então na biologia. Encontrar prazer na dor seria importante para reprodução
(parto doloroso).

Desde então, a critica feminista ataca: por que,, afinal, tentamos racionalizar essa antiga forma
ao invés de criar uma nova?

- mas não se pode negar que enquanto descrição válida do processo de subordinação
da mulher, a teoria psicanalítica é inigualável.

Mulheres se unem para eliminar o vestígio edipiano da cultura

Convergência de Freud e Lévi-Strauss é impressionante.

- sistema de parentesco supõe divisão dos sexos – fase edipiana divide os sexos.

- sistema de parentesco compreende regulação da sexualidade – crise edipiana é


assimilação dessas normas e tabus.

- heterossexualismo compulsório é produto do parentesco – fase edipiana conforma o


desejo hetero.

- parentesco se baseia na diferença radical entre homens e mulheres – complexo de


Édipo confere direitos masculinos ao menino e obriga menina a se conformar.

- convergência é confirmação de que nosso sistema de sexo-gênero é ordenado pelos


princípios expostos por Lévi-Strauss, não obstante caráter não-moderno de seus dados.

- movimento feminista deve resolver a crise edipiana da cultura reorganizando o campo do


sexo e gênero de tal forma que cada experiência edipiana individual seja menos destrutiva.

- fase edipiana cria contradição na menina: amor pela mae é inspirado pelos cuidados
que esta dispensa. Menina obrigada a abandonar esse amor pelo papel sexual da
mulher de pertencer a um homem.

- se divisão sexual levasse à divisão igual dos cuidados, primeira escolha seria
bissexual.
- se heterossexualismo não fosse obrigatório, 1º amor não seria reprimido, e pênis não
seria superestimado.

- se sistema de propriedade sexual fosse reorganizado de tal forma que os homens não
tivessem direitos sobre as mulheres, e se não houvesse gênero, todo drama edipiano
não passaria de vestígio.

Não passaria da frustração de não poder se manter na família, e ter que direcionar o amor
para fora.

o necessário é uma revolução no sistema de parentesco.

- a organização do sexo e gênero já foi essencial à organização da sociedade, agora, só


organiza e reproduz a si mesma.

Será? Sinto que continua organizando a sociedade, mas de posição subordinada ao capital.

- os tipos de relação de sexualidade estabelecidos no passado sombrio ainda dominam


nossa vida sexual e de gênero, mas não são mais funcionais. P. 50

E a funcionalidade que você comentou para o capital???

- parentesco esvaziado de suas funções políticas, econômicas, educacionais e


organizacionais. Reduzido ao esqueleto mais despojado: sexo e gênero.

Verdade: outras funções sistematizadas e monopolizadas pelo Estado.

- evolução cultural nos dá possibilidade de assumir o controle dos instrumentos da


sexualidade, reprodução e socialização, tomar decisões conscientes para libertar a vida sexual
humana das relações arcaicas que as deformam.

Pai, pai, seu filho da puta, estou de saco cheio.

- existência de sexismo em Freud, Lacan e Lévi-Strauss.

- quis fazer a integração deles porque: 1. As questões sobre o sexismo que surgem neles são
obvias. 2. Seus estudos permitem separar sexo e gênero de “modo de produção”.

- Sistema de sexo/gênero perdeu muito de sua função tradicional, mas carrega o fardo social
de sego e gênero, a socialização dos jovens, e de fornecer concepções fundamentais sobre os
próprios seres humanos.

- Serve a fins econômicos e políticos outros que não os originais.

- Objetivo correto parece ser eliminar o sistema social que cria o sexismo e o gênero.

- eliminar sexualidade obrigatória e papéis sexuais. Sociedade andrógena e sem


gênero, com anatomia sexual irrelevante para o que ela é, faz e com quem se
relaciona.

Economia política do sexo


- proposta de análise marxista dos sistemas de sexo/gênero: são produtos da atividade
humana histórica.

- ex: análise da evolução da troca sexual, obscurecida pelo conceito de de “troca de


mulheres. p. 56

- Confusão entre troca como reciprocidade e troca como símbolo de


transferência de direitos, abordagens unilaterias e limitadas.

- efeito que tem sobre as mulheres um sistema no qual elas só podem ser
trocadas por outras (sem valor equivalente) é diferente do efeito de um
sistema em que existe uma mercadoria equivalente a mulheres.

 Sem vaor equivalente: pouca escolha, rede intricada de dívidas sexuais


 Com valor equivalente: mais escolha. Destino ligado ao dote. Se quiser
separar, tem que devolvê-lo e seu valor diminui para o proximo dote.
Muito difícil separar.
 Sociedades com dotes conversíveis em algo além da noiva. Ex:
prestígio político: homens irão se meter nos assuntos
domésticos de relações remoras para garantir seu prestigio
político. Todo o sistema pressiona a mulher.
- questionamentos a se fazer: mulher trocada por outra mulher ou há mercadoria que lhe
equivalha? Essa Mercadoria pode virar outra coisa? Pode ser convertida em poder político ou
riqueza? O dote pode ser obtido apenas por troca conjugal ou outra forma? Pode-se acumular
mulheres com riquezas e vice versa? O sistema de casamento faz parte de um sistema de
estratificação? - muitas dessas questões são tratadas em Googy, J. e Tambiah, S.J. Bride and
Dowy.

- questões apontam para tareda de uma economia política do sexo. Parentesco e casamento
são partes de sistemas sociais totais, ligados a acordos econômicos e políticos. P. 60: exemplos
 Dados indicam que sistemas de casamento podem estar relacionados à evolução dos
estratos sociais e ao desenvolvimento dos primeiros Estados. Mais estudos são
necessários.

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