Anda di halaman 1dari 23

Braga et al., Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal (v.12, n.1) p.

64 – 86 jan – mar (2018)

Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal


Brazilian Journal of Hygiene and Animal Sanity
ISSN: 1981-2965
I

Artigo
Avaliação clínica e laboratorial de gatos domésticos colonizados no Campus do Pici da
UFC: protocolo prático e de baixo custo para monitoramento sanitário
Clinical and laboratory evaluation of colonized free roaming cats in Pici campus of UFC:
practical and low cost protocols to health monitoring
Roberta da Rocha Braga1*, Géssica dos Santos Araújo2, Fernando Heberson Menezes3,
Valéria Natascha Teixeira4
___________________________________________________________________________
Resumo Gatos domésticos têm sido abandonados no perímetro do Campus do Pici da
UFC, passando a viver em colônias com má qualidade de vida, além de atuarem como
reservatórios de zoonoses e predarem a fauna silvestre do local. O objetivo deste trabalho foi
fazer um diagnóstico preliminar do status sanitário da colônia de gatos do Campus do Pici da
UFC, através de exame clínico básico, técnica alternativa de contenção física e avaliação
laboratorial simples e de baixo custo. Foram examinados 32 gatos domésticos sem raça definida.
Menos de 20% deles eram esterilizados. Foi observada alta frequência de febre, secreções
oculares, sinais respiratórios e infestações por ectoparasitos. Houve predominância na resposta
positiva à contenção pela clipnose. Ao teste da fita, foram detectados pulgas, piolhos
mastigadores e ácaros sarcoptídeos. Ao teste parasitológico direto, foram detectados helmintos
nematódeos, trematódeos e protozoários coccídeos. Os principais achados do esfregaço
sanguíneo foram anemia regenerativa, infecção bacteriana intraeritrocítica, leucopenia relativa e
presença de linfócitos reativos. A realização desse trabalho mostrou que é possível fazer uma
triagem médico-veterinário de animais errantes no Campus do Pici com ações e métodos de
baixo custo. Integração dos órgãos governamentais e educação da população são estratégias para
reduzir gradativamente a quantidade de gatos abandonados.
Palavras-chave: Felinos, semiologia, infecções, esfregaço sanguíneo
Abstract Domestic cats have been abandoned inside the Campus of Pici of UFC for many
years. They have represented many issues to human and animal health, as sources of zoonotic
diseases, predators of wildlife and subjects of welfare issues. The aim of the current study was
to make a preliminary diagnosis of the health status of a colony of domestic cats of Campus
do Pici, by a basic clinical examination, using simple and low cost laboratory tests. We
examined 32 mixed breed domestic stray cats. Less than 20% of them were neutered. High
prevalence of fever, ocular and nasal discharges, and ectoparasites‟ infestation were observed.
64
Braga et al., Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal (v.12, n.1) p. 64 – 86 jan – mar (2018)

Contention by the clipnosis technique were predominantly successful. Fleas, chewing lice and
sarcoptidae mites were detected by the cellophane tape test; nematodes, trematodes and
coccidian protozoa were detected by the direct parasitological test. The main findings of
blood smears included regenerative anemia, intraerythrocytic bacterial infection, relative
leucopenia and reactive lymphocytes. The current study showed that is actually possible to
carry out this kind of epizootiological survey with domestic stray cats of the Campus do Pici,
using simple and low cost techniques. Government health authorities‟ integration and
investments in education are strategies to gradually reduce the amounts of domestic stray cats
in Fortaleza.
Keywords: Felines, semiology, infections, blood smear
____________________________
*autor para correspondência. E.Mail: : gearaujo3@gmail.com
Recebido em 10.03.2018. Aceito em 30.03.2018.
http://dx.doi.org/10.5935/1981-2965.20180007
1
Médica Veterinária – Departamento de Biologia, Universidade Federal do Ceará. E-mail: robertarocha@ufc.br
2
Médica Veterinária – Universidade Estadual do Ceará. E-mail: gearaujo3@gmail.com
3
Biólogo – Universidade Federal do Ceará. E-mail: fernandoheberson@gmail.com
4
Docente – Pontifícia Universidade Católica do Paraná. E-mail: valeria.natascha@gmail.com

Introdução vantagens de se realizar a remoção das


O aumento das populações de gatos gônadas desses animais estão o controle de
abandonados tem se tornado um grave natalidade, a redução de comportamentos
problema nos centros urbanos. Por sua indesejados e a prevenção dos tumores
biologia, os felinos costumam viver em mamários malignos, os quais estão em
colônias e, carecendo de cuidados terceiro lugar entre os tumores felinos de
humanos, em pouco tempo podem maior importância (KIRPENSTEIJN,
retroceder a um estado selvagem, 2008).
acentuando seu comportamento de caça, o Segundo o Centro de Controle de
qual representa forte impacto ecológico Zoonoses de Fortaleza, existem cerca de 11
sobre suas presas naturais (AGUILAR; mil animais abandonados na cidade, dos
FARNWORTH, 2012). O aumento da quais mais da metade são fêmeas felinas
população de gatos tem impacto sanitário que já sofreram mutilações (LIMA NETO,
direto para os próprios gatos e para outras 2017). Colônias de gatos errantes ocupam
espécies, incluindo seres humanos. Nos áreas públicas como parques, monumentos
últimos anos, tem crescido o debate sobre a históricos, cemitérios e campi
castração de cães e gatos. Dentre as universitários, em especial das
Braga et al., Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal (v.12, n.1) p. 64 – 86 jan – mar (2018)

Universidades Federal do Ceará (UFC) e física e avaliação laboratorial simples e de


Estadual do Ceará (UECE) e Universidade baixo custo. Por ocasião das coletas,
de Fortaleza (UNIFOR). também foi avaliada a eficácia da técnica
O Campus do Pici é o maior dos de contenção física utilizada e dos testes
campi da UFC. Está localizado na zona laboratoriais, no contexto de triagem
oeste de Fortaleza (3°44'48.0"S, epizootiológica.
38°34'26.8"W), com 212 hectares de Material e métodos
extensão, abrigando fragmento de mata Período, amostragem, local – foi
3
nativa, açude com mais de 300.000 m , realizado um estudo transversal durante os
rica fauna silvestre e colônias de animais meses de novembro e dezembro de 2013.
domésticos (MORO et al., 2011). Gatos Foram examinados 32 gatos domésticos
domésticos rejeitados têm sido sem raça definida, de ambos os sexos e de
abandonados no perímetro deste Campus, diferentes faixas etárias, residentes no
passando a viver em colônias, sujeitos à Campus do Pici da UFC. Os indivíduos
má qualidade de vida, à desnutrição e à foram amostrados em onze diferentes
incidência de doenças infecto-parasitárias, pontos do campus pelo método de busca
além de atuarem como reservatórios de ativa. A amostragem foi mista, envolvendo
zoonoses e predarem a fauna silvestre do elementos amostrais intencionais e
local. aleatórios, através de informações de
Recentemente, a mata do Pici foi usuários do Campus, sendo escolhidos os
oficializada como Área de Relevante pontos de maior densidade de indivíduos.
Interesse Ecológico (ARIE) pela Lei Contenção física – os felinos foram
municipal n° 10.463 (Fortaleza, 2016). O submetidos à contenção física prévia ao
monitoramento sanitário da fauna exame clínico e às coletas para exames
sinantrópica do campus é uma importante complementares, pela técnica de inibição
medida para contribuir com a elaboração comportamental induzida por clipes
do plano de manejo da fauna silvestre (clipnose), descrita por POZZA et al.
nativa da ARIE. (2008).
O objetivo deste trabalho foi fazer Exame clínico – cada indivíduo foi
um diagnóstico preliminar do status submetido a um exame clínico a campo, de
sanitário da colônia de gatos do Campus do acordo com Feitosa (2004). O exame
Pici da UFC, através de exame clínico clínico compreendeu avaliação preliminar
básico, técnica alternativa de contenção visual e exame físico. Na avaliação

66
Braga et al., Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal (v.12, n.1) p. 64 – 86 jan – mar (2018)

preliminar, realizada previamente à através da técnica da fita adesiva, segundo


contenção física, observou-se o nível de LUCAS (2004). A secreção otológica foi
consciência, a postura, a locomoção e a coletada através de swab, rolado em
condição corporal; ao exame físico, lâmina, examinado à microscopia óptica
realizou-se a inspeção, a auscultação e a para pesquisa de ácaros. Para pelos e
palpação para avaliar os sistemas secreção otológica, foi adicionada solução
tegumentar, cardiovascular, respiratório, de KOH a 10% para clarificação do
digestório e urogenital, incluindo olhos, material. Eventualmente foi realizada
linfonodos e mucosas, além de aferição da citologia de impressão (imprint) de lesão
temperatura retal. A cronologia dentária foi ulcerada para caracterização do infiltrado
aferida segundo DYCE et al. (1990) e inflamatório. Teste parasitológico direto –
LOVELACE (2006). Para efeito de amostras fecais da ampola retal foram
classificação, foram considerados coletadas através de swab, rolados em
“filhotes” aqueles com dentição decídua lâmina, adicionadas de solução de NaCl
incompleta; “jovens”, aqueles com 0,9% e examinados à microscopia óptica.
dentição decídua completa/permanente Análise de dados – os dados de
incompleta; e “adultos”, aqueles com identificação, anamnese, sinais clínicos e
dentição permanente completa. resultados de exames complementares
Exames complementares – foram tabulados e submetidos à análise
Esfregaço sanguíneo: após antissepsia estatística descritiva e inferencial. As
local com etanol 70%, foi coletada uma alterações clínicas encontradas e os
gota de sangue da veia auricular caudal por resultados do hemograma qualitativo
punctura. O sangue foi distendido em foram organizados em tabelas de
lâmina e corado com corante hematológico contingência para testes de associação,
de Romanowsky (Panótico®), para considerando o nível de significância
avaliação da morfologia eritrocitária, =0,05. As análises foram executadas no
pesquisa de hemoparasitos e contagem software R v.3.2.2.
diferencial de leucócitos por 10000 Este trabalho respeitou os preceitos
eritrócitos, segundo ALLISON & de ética em pesquisa científica com
MEINKOTH (2007). Avaliação animais, dispostos na Lei n°11.794/2008
tegumentar e otológica: a pelagem foi (Lei Arouca) e demais dispositivos
avaliada macro e microscopicamente. Foi regulatórios do Conselho Nacional de
realizada a pesquisa de ectoparasitos

67
Braga et al., Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal (v.12, n.1) p. 64 – 86 jan – mar (2018)

Controle de Experimentação Animal definida, sendo 19/32 fêmeas e 13/32


(CONCEA). machos (Tabela 1). A área do campus e um
Resultados e discussão dos pontos de maior densidade de animais
Durante o período, foram estão representados na Figura 1.
examinados 32 gatos domésticos sem raça

Tabela 1. Amostra de gatos do Pici UFC. Distribuição por sexo e faixa etária.
Faixa etária

Sexo Filhotes Jovens Adultos N

Fêmeas 04 04 11 19

Machos 06 02 05 13

Total 10 6 16 32

Figura 1. A) Campus do Pici da UFC. Visão de satélite mostrando área construída ao redor de fragmento
de vegetação urbana (Fonte: Google Maps); B) Parada de ônibus na periferia do campus, revelando ponto
de maior densidade de animais abandonados dentre os locais amostrados.

A mínima faixa etária indicada pela de cálculo dentário e placa descritos na


cronologia dentária foi estimada em quatro literatura.
a seis semanas de idade, baseada na Embora intuitivamente possa se
erupção dos incisivos e caninos decíduos, pensar que gatos de vida livre tenham
mas não dos pré-molares. A máxima faixa maior prevalência de doença periodontal e
etária foi estimada em três a cinco anos de desgaste dentário e que isso influencie o
idade, baseada no desgaste, cor, formação método de estimação de idade pela
dentição, Whyte et al. (2017) não

68
Braga et al., Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal (v.12, n.1) p. 64 – 86 jan – mar (2018)

encontraram diferenças significativas O escore corporal foi considerado


comparando doença periodontal entre normal em 25/32 animais, enquanto 7/32
gatos domiciliados e ferais, e encontraram apresentaram escore diminuído, com graus
maior prevalência de cálculos em gatos moderados de redução de gordura e massa
consumidores exclusivos de ração muscular. Dentre os machos adultos e não
industrializada do que em gatos livres que castrados da amostra, 80% (4/5) possuíam
consumiam dieta mista de comida caseira, um contorno corporal esguio, com forte
ração e presas vivas. Desta forma, acredita- massa muscular e poucos depósitos de
se que o método de aproximação da idade gordura. Scott et al. (2002) avaliaram o
pela dentição pode ser aplicado com escore corporal de gatos machos de vida
aceitável acurácia mesmo em gatos livre, antes e depois da castração. Seus
desprovidos de tutores e de cuidados com a resultados foram compatíveis com os
higiene oral. A expectativa de vida de um achados deste trabalho, no qual os gatos
gato abandonado, se sobreviver à infância, machos e não castrados eram esguios, mas
é de dois a cinco anos de idade, vivendo não emaciados. Doria-Rose & Scarlett
por conta própria (OGAN; JUREK, 1997; (2000) observaram que gatos emaciados
AMERICAN, 2014a). Caso encontre uma tiveram menor tempo de sobrevivência,
colônia para se estabelecer, pode viver até por agravamento de condições clínicas pré-
dez anos (AMERICAN, 2014a). Já os existentes, ou porque deficiências
gatos domiciliados podem viver de treze a nutricionais ocasionaram vulnerabilidade
dezessete anos (OGAN; JUREK, 1997; do sistema imune a infecções. O peso
AMERICAN, 2014b). Devido ao médio dos indivíduos adultos de escore
temperamento arisco, 5/32 animais tiveram normal está representado na Figura 2.
apenas exame clínico parcial.

69
Braga et al., Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal (v.12, n.1) p. 64 – 86 jan – mar (2018)

Figura 2. Amostra de gatos do Pici UFC. Distribuição de peso dos adultos de escore normal.

A contenção física pela técnica da reduzem a resposta aos estímulos externos


clipnose foi aplicada em 24/32 animais, quando estimulados (POZZA et al., 2008).
sendo considerada efetiva em 87,4% Os resultados observados no Campus do
(21/24), os quais responderam com Pici corroboraram aqueles citados na
ventroflexão das costas, decúbito lateral e literatura. Na validação do método por
abaixamento da cauda (Figura 3). A Pozza et al.(2008), foi observada eficácia
clipnose efetiva ocasionou tranquilização e na imobilização e tranquilização sem
relaxamento, favorecendo o exame físico e causar danos isquêmicos à região
as coletas para exames complementares. A pressionada. Segundo aqueles autores,
resposta dos gatos à clipnose é semelhante mais de 90% dos gatos testados
àquela dos filhotes quando carregados pela responderam positivamente ao uso dos
mãe pela prega cutânea cervicodorsal clipes, mostrando-se calmos, relaxados,
(HART, 1978). Embora o mecanismo ronronantes e menos reticentes diante de
ainda não seja bem compreendido, procedimentos veterinários, concluindo
acredita-se estar relacionado com a que a clipnose é um método conveniente,
manipulação dos mesmos pontos seguro, benigno, com alto custo-benefício
anatômicos dorsais explorados na para procedimentos menores, como coleta
acupuntura, denominados pontos do de sangue, aplicação de vacinas e corte de
meridiano vascular governante, os quais unhas (POZZA et al., 2008).

70
Braga et al., Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal (v.12, n.1) p. 64 – 86 jan – mar (2018)

Figura 3. Amostra de gatos do Pici. Clipnose. Antes (A) e depois (B) da aplicação do clipe de pressão na
região cervicodorsal.

As alterações detectadas ao exame clínico estão apresentadas na Tabela 2.


Tabela 2. Amostra de gatos do Pici. Descrição e frequência de alterações detectadas ao exame
clínico.

Objeto do exame Frequência Descrição das alterações


Exame Visual
Postura NO -
Consciência 3,1% (1/32) 1/1 apatia
Locomoção 9,4% (3/32) 2/3 claudicação, 1/3 andar em círculos
Escore corporal 21,9% (7/32) 7/32 escore diminuído
Exame Físico
Pelame 68,7% (22/32) 12/22 pelos eriçados, 9/22 ectoparasitos, 7/22
alopecia focal, 6/22 lesões crostosas, 3/22 feridas
Turgor cutâneo 30,0% (9/30) 9/30 turgor diminuído
Temperatura 70,7% (19/27) 19/19 febre
retal
Olhos 37,5% (12/32) 11/12 secreção mucopurulenta, 1/12 blefarite,
1/12 cicatriz corneal
Linfonodos 28,1% (9/30) 9/9 linfadenomegalia submandibular
Cavidade oral 26,6% (8/30) 8/8 gengivite, 6/8 odontopatias, 1/8 úlcera indolente
Cardiovascular 10,3% (3/29) 3/3 TPC > 2s, 2/32 tosse
Respiratório 100,0% 17/17 taquipneia, 4/17 secreção nasal purulenta
(17/17)
Digestório 51,6% (16/31) 9/16 timpanismo, 3/16 diarreia, 1/16 ascite,
1/16 esplenomegalia
Urogenital NO -
* NO = não observadas
No exame do sistema tegumentar, apresentando úlcera indolente grave com
os achados mais frequentes foram presença manifestações bilaterais do granuloma
de ectoparasitos, pelo eriçado, alopecia e linear nas faces caudais dos membros
lesões crostosas (Figura 4). Uma fêmea pélvicos, sendo comentada a seguir. As
adulta mostrava lesões compatíveis com queixas dermatológicas representam 30 a
complexo granuloma eosinofílico, 75% da casuística da clínica de cães e

71
Braga et al., Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal (v.12, n.1) p. 64 – 86 jan – mar (2018)

gatos, compreendendo traumas, sempre corretamente diagnosticadas


inflamações e neoplasias. São rapidamente, devido ao amplo espectro de
primariamente analisadas, devido à etiologias e apresentações (LUCAS, 2004).
facilidade na detecção; entretanto, nem

Figura 4. Amostra de gatos do Pici. Principais alterações dermatológicas observadas. A) Lesões crostosas
em fronte e pina; B) Pêlo eriçado com dejetos de pulgas nas regiões médio e caudodorsal.

O teste da fita adesiva, para possivelmente Strongyloides sp.,


pesquisa de ectoparasitos, e o swab reconhecidas pelo esôfago com bulbo
otológico, para pesquisa de ácaros foram terminal, no pelame de 2/31. A prevalência
empregados como exames geral de infestação foi compatível com os
complementares. O teste da fita adesiva achados de uma pesquisa recente, que
foi realizado em 31/32 gatos. Em apenas observou 64% de infestação por pulgas e
9/31 animais, os ectoparasitos, seus ovos, carrapatos em cães e gatos na cidade de
larvas ou fezes, foram observados Fortaleza (ROCHA, 2012). Na pesquisa do
macroscopicamente; contudo, 19/31 foram conduto auditivo, 31 animais tiveram o
positivos no teste fita adesiva. Dentre os cerúmen coletado, dos quais apenas 2/31
ectoparasitos detectados (Figura 5A), o foram positivos para Otodectes cynotis.
mais prevalente foi Ctenocephalides felis, Os achados foram parcialmente
seguido por Felicola subrostratus e compatíveis com os de Mendes de
Lynxacarus radoviskyi. Sinais clínicos de Almeida (2007) no Rio de Janeiro, cuja
sarna sarcóptica ou otodécica foram prevalência média de infestação por C.
observados em 7/32, mas os ácaros foram felis foi de 51,1%±13,17; entretanto, a
visualizados pelo teste da fita em somente infestação por F. subrostratus naquele
2/31. Eventualmente foram observadas trabalho foi consideravelmente mais alta
larvas de nematódeos oxiurídeos, que neste.

72
Braga et al., Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal (v.12, n.1) p. 64 – 86 jan – mar (2018)

Figura 5. Amostra de gatos do Pici. Principais parasitos observados aos exames complementares. A)
Ectoparasitas. a. Ctenocephalides felis; b. Felicola subrostratus; c. Lynxacarus radoviskyi; d. Otodectes
cynotis. B) Endoparasitas. a. Ovo operculados de Platynosomum fastosum; b. Oocisto esporulado de
Isospora felis.

As alterações encontradas no teste complementares estão apresentadas na


da fita e nos demais exames Tabela 3.
Tabela 3. Amostra de gatos do Pici. Descrição e frequência de alterações detectadas aos exames
complementares.

Exames complementares Frequência Descrição das alterações

Pesquisa tegumentar 61,3% (19/31) 12/19 Ctenocephalides felis, 5/19 Felicola subrostratus,
1/19 Lynxacarus radovskyi

Pesquisa otológica 6,4% (2/31) 2/2 Otodectes cynotis

Coproparasitológico direto 40,9% (9/22) 5/9 Toxocara sp./Ancylostoma sp., 3/9 Entamoeba sp.,

1/9 Entamoeba sp./Isospora sp., 1/9 Platynosomum


fastosum

Hemograma qualitativo

Série eritrocitária 84,6% (22/26) 22/22 macrocitose e policromasia,

10/22 Mycoplasma sp., 3/22 metarrubrícitos,

3/22 microcitose e hipocromia, 5/22 corpúsculos de


Heinz,

4/22 hemácias-fantasma, 1/22 hemácias em alvo,

1/22 equinócitos, 1/22 ecentrócitos

Série leucocitária 88,4% (23/26) 12/26 panleucopenia, 6/26 neutrofilia, 5/26 eosinofilia,
3/26 neutropenia+linfopenia, 2/26 neutropenia

3/26 linfócitos em apoptose

73
Braga et al., Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal (v.12, n.1) p. 64 – 86 jan – mar (2018)

O turgor cutâneo diminuído em 2015). O animal apático apresentava


30% apontou para desidratação em graus escore corporal diminuído e temperatura
leves a moderados. A temperatura média aumentada, que poderia ser causa primária
foi de 39,6°C ± 0,3 nos filhotes, e de da apatia ou sinal de uma condição
38,9°C ± 0,6 nos jovens e adultos. Feitosa subjacente (CRYSTAL, 2006). Em 3/6
(2004) define o gradiente de temperatura filhotes, a temperatura aumentada pode ter
normal em gatos de 37,8 a 39,2°C; sido decorrência de hipertermia ambiental,
portanto, 70,4% (19/27) dos animais uma vez que vivem em espaços abertos,
aferidos apresentavam aumento de sujeitos à incidência solar direta e indireta,
temperatura corporal/retal. Desses, 4/19 e nesta idade ainda estão desenvolvendo a
eram adultos com linfadenomegalia capacidade plena de termorregulação
submandibular e 3/19 eram jovens com (SNOOK; RIEDESEL, 1987).
linfadenomegalia e secreção ocular, Todos os animais da amostra
possivelmente por infecções, como o tiveram os olhos examinados, dos quais
complexo respiratório felino (CRF), 37,5% apresentaram alterações oftálmicas,
comentado adiante. Todos os filhotes (9/9) com predominância de secreções
apresentaram aumento de temperatura, dos mucopurulentas variando de discretas a
quais 6/9 apresentaram um ou mais sinais profusas. Um dos animais com secreção
clínicos associados (mucosa pálida, TPC profusa era um filhote e apresentava
aumentado, taquipneia, turgor cutâneo também conjuntivite com blefarite.
aumentado, secreção ocular e/ou diarreia). Segundo Davidson (2006), são causas da
A febre é o aumento de temperatura úlcera de córnea os traumas, com
causado por quadros inflamatórios, contaminação bacteriana por
infecciosos, neoplásicos e imunomediados, Staphylococcus, Streptococcus,
além de reação a drogas ou ter origem Corybacterium e Pseudomonas, e bastante
desconhecida, quando dura mais de duas frequentemente o Herpesvírus felino tipo 1
semanas sem sinais clínicos associados (FHV-1), ao qual os recém-nascidos
(CRYSTAL, 2006). É desencadeada no podem ser expostos por ocasião do parto.
processo de reconhecimento inato de O CRF é uma síndrome multifatorial,
agentes infecciosos, como componentes frequentemente causada pelo Herpesvírus
bacterianos, fúngicos e RNA viral, através Felino Tipo 1 (FHV-1), o Calicivírus felino
da liberação de interleucinas (IL-6) e (FCV), a bactéria intracelular
prostaglandinas (PGE2) (EVANS et al., Chlamydophila felis, e ocasionalmente a

74
Braga et al., Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal (v.12, n.1) p. 64 – 86 jan – mar (2018)

bactéria Bordetella bronchiseptica, sendo método diagnóstico primário do CGE,


FHV-1 e FCV responsáveis por 80% dos explicando que geralmente a contagem de
casos (NORSWORTHY, 2006c). O CRF eosinófilos compreende 40% dos
será discutida novamente adiante. Em leucócitos que ocorrem na impressão,
26,6% dos gatos examinados foram ocorrendo também polimorfonucleados, A
detectadas odontopatias inflamatórias e degeneração do colágeno ocorre nas lesões
cálculos dentários. crônicas (SANDOVAL et al., 2005).
A gata portadora da úlcera Conforme a revisão de Sandoval et al.
indolente apresentava acometimento (2005), a úlcera indolente começa como
adiantado dos lábios, com granuloma uma erosão rasa de coloração rosada na
eosinofílico se estendendo ao interior da rafe mediana, podendo tornar-se severa,
cavidade oral, por todo o palato duro com perda de tecidos profundos associada
(Figura 6A). Foi realizado um imprint da a um espessamento inflamatório crônico,
úlcera indolente e foram observados muitas vezes com exposição dos dentes
numerosos eosinófilos (inclusive incisivos e gengivas. Frequentemente estão
degranulados, formando as características associados o granuloma eosinofílico de
“lesões em chama”), neutrófilos palato duro e a tumefação dos linfonodos
degenerados e alguns mononucleados regionais. As especulações etiológicas são
(Figura 6B). A presença de bactérias gram- variadas e incluem causas virais,
positivas, na forma de cocos e de alguns bacterianas, parasitárias, alérgicas,
bacilos foi notada, inclusive fagocitadas autoimunes e genéticas (SANDOVAL et
por neutrófilos e macrófagos. Crow (2006) al., 2005).
indicou a citologia por impressão como

Figura 6. Amostra de gatos do Pici. A) Úlcera indolente grave; B) Citologia de impressão da úlcera,
mostrando infiltrado inflamatório predominantemente eosinofílico, mastócitos íntegros (seta) e
degranulados.

75
Braga et al., Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal (v.12, n.1) p. 64 – 86 jan – mar (2018)

A frequência cardíaca (FC) aferida (NORSWORTHY, 2006a). Bordetella


por auscultação em batimentos por minuto bronchiseptica, a qual é implicada como
(bpm) em 13 animais, sendo quatro filhotes patógeno primário em gatos e pode ser
e nove adultos. A FC média nos adultos foi agente de doenças respiratórias do trato
de 145 ± 11 bpm, e nos filhotes foi de 180 superior de felinos, principalmente em
± 31 bpm, consideradas dentro dos imunocomprometidos, deve ser
parâmetros normais descritos por considerada em animais com tosse aguda
FEITOSA (2004). O tempo de ou crônica (EGBERINK et al., 2009;
preenchimento capilar (TPC) foi maior que NORSWORTHY, 2006c).
dois segundos em 10,3% gatos. Vários A frequência respiratória (FR) foi
fatores podem influenciar o TPC dentre os avaliada em movimentos por minuto
quais a pressão hidrostática nos capilares, a (mpm) em 17 gatos, sendo seis filhotes e
pressão oncótica, o tamanho dos eritrócitos 11 adultos. A FR média nos filhotes foi de
e a viscosidade do plasma (KING et al., 69 ± 34 mpm, e nos jovens e adultos foi de
2014). Considerando a FC média dentro da 50 ± 23 mpm, ambas consideradas altas
normalidade, fatores como segundo os parâmetros publicados por
hipoproteinemia secundária à desnutrição, FEITOSA (2004). Quatro animais da
desidratação e anemia, que foram amostra apresentaram secreção nasal
observadas nos gatos do Pici, podem estar purulenta. Considerando os achados do
relacionadas ao aumento do TPC, embora exame oftálmico, da cavidade oral, dos
isso não tenha sido testado. Segundo sistemas cardiovascular e respiratório, da
Feitosa (2004), pode ser difícil avaliar o febre e da linfadenomegalia submandibular
TPC em cães e gatos devido à falta de teve-se a suspeita clínica de CRF em
contraste. 28,12% da amostra (Figura 7). Segundo
Tosse foi um sinal clínico Norsworthy (2006c), o CRF abrange
observado em dois gatos. Tosse não é uma infecções do trato respiratório superior de
ocorrência comum em gatos; portanto, uma felinos, podendo ser causadas por
investigação aprofundada é necessária para bactérias, fungos e mais frequentemente
fazer diagnóstico diferencial. Asma, por vírus. O FHV-1, o Calicivírus felino
parasitos cardíacos e pulmonares, doenças (FCV), a bactéria intracelular
traqueais e fibrose pulmonar idiopática são Chlamydophila felis e ocasionalmente a
possibilidades diagnósticas bactéria Bordetella bronchiseptica são os

76
Braga et al., Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal (v.12, n.1) p. 64 – 86 jan – mar (2018)

agentes etiológicos mais envolvidos na imunossupressão, contribuem para a


patogênese do CRF, sendo FHV-1 e FCV evolução do CRF. Dentre os agentes
responsáveis por 80% dos casos. O sinal etiológicos descritos, estudos mostraram
clínico mais consistente é o espirro, sendo prevalências de 41% para Mycoplasma
acompanhado por febre, secreção ocular e felis; 22% para FCV; 25% para FHV-1;
nasal, conjuntivite, úlceras orais e corneais 10% para B.bronchiseptica, e 8% para
e sialorreia (NORSWORTHY, 2006c). C.felis (COHN, 2011).
Como o CRF é iniciado por Dentre os gatos suspeitos na
patógenos contagiosos, sinais de doença amostra do Pici, 8/9 apresentavam mais de
aguda são extremamente raros em gatos um sinal simultaneamente, todos quadros
domiciliados sem outros contactantes. compatíveis com diferentes graus de CRF.
Desta forma, o CRF alcança importância Um dos animais com secreção ocular
em abrigos e colônias, onde há grande apresentou tosse, o que sugere a suspeita
concentração de indivíduos. Fatores do envolvimento da B. bronchiseptica no
ambientais e individuais, como condições quadro clínico.
de higiene pouco controladas, estresse e

Figura 7. Amostra de gatos do Pici. A) Indícios de secreção ocular e nasal em gato adulto; B) Blefarite e
conjuntivite em filhote.
O exame físico do sistema virais e bacterianas, estão frequentemente
digestório foi realizado em 31 animais, em associados a íleo paralítico, aumentando o
que 51,61% (16 gatos) deles apresentaram acúmulo de gases e fluidos no intestino
algum sinal relativo ao sistema. O sinal delgado, causando o timpanismo e
mais frequente foi timpanismo, seguido borborigmos. De acordo com Robson e
por diarreia e ascite. Segundo Ruaux et al. Crystal (2006), quadros de diarreia aguda e
(2004), quadros agudos, como enterites crônica, timpanismo, esteatorreia e perda

77
Braga et al., Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal (v.12, n.1) p. 64 – 86 jan – mar (2018)

de peso podem ser causados por Giardia O exame parasitológico direto, com
duodenalis, cuja prevalência em gatos coleta por swab retal, foi um recurso
varia de 1,4 a 11%, ocorrendo complementar ao exame físico do sistema
principalmente em animais digestório. A coleta foi efetivada em 22
imunocomprometidos ou que vivem em animais, dos quais 9/22 foram positivos
ambientes lotados. Conforme Tilley para um ou mais nematódeos e/ou
(2006), o quadro de ascite é gerado por protozoários (Figura 5B). A prevalência
várias enfermidades, devendo ser feito global esteve de acordo com os dados de
diagnóstico diferencial para neoplasias Pivoto et al. (2013), que encontraram
abdominais, insuficiência cardíaca frequentemente ovos de
congestiva, hipoalbuminemia, hemorragia Toxocara/Ancylostoma e Isospora felis,
e peritonite. Porém, o autor ressalta que a dentre outros helmintos e coccídeos em
peritonite infecciosa felina (PIF) é a gatos do Rio Grande do Sul.
principal causa de ascite em filhotes até um À avaliação do sistema urogenital,
ano de idade. Norsworthy (2006b) observou-se que todos os machos da
corroborando o autor anterior, diz que a amostra não eram castrados. Todos os 13
PIF é a maior causa de fatalidade entre machos examinados não eram castrados,
filhotes adquiridos da rua ou de abrigos, enquanto 6/19 fêmeas eram castradas. A
causada pelo vírus da PIF (VPIF), que é condição reprodutiva das fêmeas foi
um biótipo virulento do coronavírus felino aferida através de palpação da região
(CoVF). hipogástrica ventral, em busca de cicatriz
O VPIF é transmitido via fezes e ou fibrose da cirurgia de ovário-salpingo-
urina contaminadas, especialmente para histerectomia (OSH). Uma das fêmeas não
felinos com lesões prévias nos rins ou castradas apresentou hiperplasia mamária
intestino. Além da ascite, o animal da total, com informações de parto recente. A
amostra, que tinha menos de 45 dias de OSH é o procedimento cirúrgico de
idade, estava magro, tinha o pelame sujo, remoção das gônadas, tubas uterinas e
opaco e eriçado, a mucosa oral pálida, útero, recomendada para fêmeas de várias
apresentava febre e tempo de coagulação espécies em diversas situações, dentre as
aumentado à coleta de sangue. O conjunto quais: tratamento preventivo de neoplasias
de sinais clínicos e a faixa etária do animal mamárias e doenças endócrinas;
corroboram a hipótese de PIF. tratamento curativo da maioria das doenças
e anomalias genitais, além de se configurar

78
Braga et al., Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal (v.12, n.1) p. 64 – 86 jan – mar (2018)

obviamente como método eficaz de desenvolvida (1/5), aumento da camada de


controle populacional (KIRPENSTEIJN, gordura subcutânea (1/5).
2008). Carvalho (2004) enuncia que o
Em geral, as fêmeas têm sido exame físico dos rins deve ser
levadas a clínicas privadas para o acompanhado do exame de urina, que,
procedimento de OSH por membros da neste caso, não foi possível de ser
comunidade universitária ligados ao realizado, devido a limitações
Projeto Sete Vidas, uma organização civil metodológicas. Norsworthy (2006d) afirma
de apoio à saúde e bem-estar dos gatos que a doença renal crônica é o agravo renal
domésticos domiciliados no campus. Pelo mais comum em gatos, resultando de
menos 4/19 fêmeas foram castradas, insultos durante toda a vida do animal,
vermifugadas e vacinadas por membros incluindo pielonefrite, traumas,
desse projeto. Sobre a castração de intoxicações, e uso de aminoglicosídeos
machos, a redução da hiperatividade e dos dentre outras causas. Ainda segundo o
abscessos decorrentes de brigas e autor, como a maioria dos gatos
confrontos também foi relatada, com os acometidos é de idade avançada,
gatos se tornando mais caseiros, com considera-se que possivelmente a doença
tendência a se esconderem mais, o que renal crônica seja um resultado natural do
obviamente reduziu a exposição aos processo de envelhecimento em felinos.
ambientes externos e patógenos infecto- O esfregaço sanguíneo
contagiosos. As desvantagens relatadas na complementou o exame clínico. Seu valor
literatura são ganho de peso, problemas diagnóstico é determinante, pois apesar dos
urinários e maior susceptibilidade de avanços na tecnologia dos analisadores
algumas raças a neoplasmas ósseos e hematológicos automáticos, a morfologia
vasculares, que, devido à incidência média- eritrocitária ainda é avaliada manualmente.
baixa, devem ser avaliadas quanto ao Condições como anemia falciforme,
custo-benefício (SPAIN et al., 2004). Para trombocitopenia, desordens mielo e
avaliação dos rins, 31/32 animais tiveram linfoproliferativas e hemoparasitos
os rins palpados e em 26/31 foram representam indicações clínicas para a
considerados normais, em forma, tamanho, análise do esfregaço sanguíneo (PIERRE,
textura e topografia. Nos demais, os rins 2002; BAIN, 2005). A resposta
não foram palpados, devido à prenhez regenerativa de granulócitos somente pode
(3/5), musculatura dorsal bem

79
Braga et al., Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal (v.12, n.1) p. 64 – 86 jan – mar (2018)

ser diagnosticada pelo esfregaço para caracterizar morfologicamente


sanguíneo, pois os analisadores eritrócitos, leucócitos e plaquetas
automáticos não distinguem granulócitos (WILSON, 2011). Neste trabalho, o uso do
jovens de maduros (VALENCIANO et al., esfregaço sanguíneo é fortemente
2013). Incorporar o esfregaço sanguíneo à encorajado como método complementar ao
rotina do atendimento clínico serve para exame físico, pelo seu baixo custo,
calibrar os analisadores automáticos, praticidade e riqueza de informações que
verificar a contagem diferencial de pode ser obtida.
leucócitos e a contagem de plaquetas, e

Figura 8. Amostra de gatos do Pici, esfregaços de sangue periférico. A) Macrocitose, policromasia; B)


Anisocitose, anisocromia; C) Anisocitose, hipocromia e frequência aumentada de CHz (setas vermelhas);
D) Anemia regenerativa por M. haemofelis (setas pretas).

Foram coletadas amostras de MEINKOT, 2007) e outros obtiveram


sangue de 29 animais (Figura 8), sendo extensão inferior ao padrão, sendo
analisadas satisfatoriamente 26/29 (Figura considerados sugestivos de baixo
8). Alguns esfregaços eram finos, hematócrito ou desidratação
sugestivos de anemia (ALLISON; (VALENCIANO et al., 2013). Os vasos

80
Braga et al., Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal (v.12, n.1) p. 64 – 86 jan – mar (2018)

marginais do pavilhão auricular em cães e detectado principalmente em animais


gatos são menos utilizados do que as veias jovens (6/26). Foi observada eosinofilia
radial, cefálica, jugular e femoral; contudo, relativa em 4/26, dentre os quais 3/4 eram
podem ser empregados na demanda de indivíduos jovens, com indícios de
pequenas quantidades de sangue (DAVIS, ectoparasitismo, e 1/4 era portadora de
2010; LOPES, 2009). CGE. O esfregaço da gata portadora de
Ocorrência de até 5% de CGE mostrou ainda presença de
Corpúsculos de Heinz (CHz) é comum em eosinófilos bastões e mastócitos.
gatos, mas grandes quantidades de CHz Segundo Valenciano et al. (2013),
são evidentes em doenças crônicas, como eosinofilia é comum em reações de
diabetes mellitus, hipertireoidismo, hipersensibilidade, de origem alérgica ou
linfoma, e em anemia hemolítica parasitária, como dermatite à picada de
secundária à ingestão de oxidantes como pulga, vermes pulmonares, cardíacos e
acetoaminofeno, azul de metileno, gastrintestinais, asma e doença
etilenoglicol, zinco, vitamina K, alho e inflamatória intestinal. Ainda conforme os
cebola (VALENCIANO et al., 2013). autores, mais raramente pode caracterizar
Mycoplasma haemofelis (Mhf) acomete de síndrome paraneoplásica em casos de
0,5 a 6% de gatos encaminhados a mastocitoma. Em 3/26 foi observada uma
hospitais veterinários pelo mundo linfopenia relativa média de 14,2%. Todos
(SYKES, 2010). A infecção por Mhf pode os gatos linfopênicos tinham febre e 3/4
ser primária ou secundária. A doença mostraram os linfonodos aumentados.
primária resulta em uma anemia aguda, de Valenciano et al. (2013) informam que
gravidade moderada a severa, com uma linfopenia pode ocorrer em quadros de
marcada resposta regenerativa. Outros inflamação aguda ou no leucograma de
gatos apresentam infecção subclínica, que estresse secundário ao uso de
é ativada por ocasião de imunodepressão corticosteroides. Collado et al. (2012)
causada por neoplasias e encontraram linfopenia em cerca de 48%
imunodeficiências. (VALENCIANO et al., de gatos acometidos por FIV e FELV em
2013). Os indivíduos considerados abrigos na cidade de Madri, Espanha. Até
panleucopênicos não mostraram número então, conforme os autores, FIV e FELV
satisfatório de leucócitos na área do estão entre as mais prevalentes causas de
esfregaço para realizar a contagem infecções felinas através do mundo.
diferencial. O desvio à esquerda foi Inquéritos epidemiológicos realizados em

81
Braga et al., Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal (v.12, n.1) p. 64 – 86 jan – mar (2018)

algumas cidades do Brasil, em gatos não demais sinais clínicos (alterações orais,
domiciliados e de abrigos, mostraram respiratórias, digestórias e hematológicas)
prevalência de 4,14% para FIV e 32,5% mostraram odds ratio variando entre 0.75-
para FELV em Belo Horizonte 3.39, porém sem significância estatística.
(TEIXEIRA et al., 2007); em Porto Alegre, Desta forma, conclui-se que a
21,5% para FIV e 10,8% para FELV situação sanitária da colônia de gatos do
(SILVA, 2007) e no Distrito Federal, de Campus do Pici é precária. Esta amostra de
3% para FIV e 12% para FELV gatos representa uma parcela do universo
(MARTINS et al., 2012). de animais abandonados da cidade de
Os linfócitos atípicos ou reativos Fortaleza, sofrendo o reflexo das questões
foram predominantes nas contagens de sanitárias advindas da educação básica
linfócitos em 17/26 dos esfregaços precária e dos baixos níveis sócio-
analisados, sendo os mais frequentes nas econômico-culturais que atingem grande
linfocitoses felinas, considerados reativos a percentual da população. A questão é
estimulação antigênica natural, globalizada, uma vez que foram levantados
possivelmente por FELV e FHV-1, ou problemas semelhantes em várias cidades
vacinal (WEISS, 2005; VALENCIANO et brasileiras e em outros países.
al., 2013). A metodologia de avaliação
As análises estatísticas inferenciais proposta por este trabalho é simples e
dos achados clínicos mostraram ocorrência facilmente replicável, podendo ser
simultânea e significativa das descargas empregada em levantamentos
oculares e nasais (p=0.007). Estes epizootiológicos e operações de saúde
resultados reforçam a hipótese de alta coletiva. A clipnose se mostrou efetiva,
prevalência de CRF na amostra, auxiliando o exame físico e facilitando as
caracterizada por conjuntivite e inflamação coletas de material biológico, reduzindo o
do trato respiratório superior. Também foi estresse que contribui para alterações
observada associação significativa entre a hematológicas periféricas.
febre e a panleucopenia sugerida pelo Os sinais observados nos exames
esfregaço sanguíneo (p=0.03), o que, físicos são compatíveis com as principais
juntamente com os sinais de diarreia e moléstias infecto-contagiosas e parasitárias
timpanismo, pode apontar para prevalência relatadas na literatura veterinária brasileira,
de enterite por parvovírus felino. Testes de tendo sido os sinais de CRF os mais
associação entre febre, linfadenomegalia e prevalentes.

82
Braga et al., Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal (v.12, n.1) p. 64 – 86 jan – mar (2018)

Dentre os exames complementares, posse responsável é o passo principal para


o esfregaço sanguíneo foi o mais útil para iniciar esse processo.
direcionar as ações terapêuticas. O swab Agradecimentos
retal e o teste parasitológico direto Ao NUROF-UFC pelas instalações;
possuem baixa sensibilidade, sugerindo-se ao Projeto Sete Vidas; aos vigilantes do
para futuros trabalhos o emprego da coleta Campus do Pici. À Profa. Dra. Diana Célia
de fezes por sonda e a centrífugo- Sousa Nunes Pinheiro (FAVET-UECE)
flutuação. O teste da fita foi eficaz na pelo incentivo.
identificação dos ectoparasitas de maior Referências
1. AGUILAR, G.D.; FARNWORTH, M.J.
frequência; outros métodos adicionais, Stray cats in Auckland, New Zealand:
contudo, são necessários para diagnósticos Discovering geographic information for
exploratory spatial analysis. Applied
de outros agentes etiológicos. Geography, v.34, p-230-238, 2012.
Cerca de um terço das fêmeas da
2. ALLISON, R.W.; MEINKOTH, J.H.
amostra eram castradas, porém Hematology without the numbers: In-clinic
blood film evaluation. Veterinary Clinics
inicialmente abandonadas com a condição of North America. Small Animals
reprodutiva intacta, tendo sido Practice, v.37, p.245-266.

encaminhadas à castração através de uma 3. AMERICAN Society for Protection of


Cruelty to Animals (ASPCA). Feral Cats
organização civil. Isto mostra que muito FAQ. Disponível em
ainda temos a caminhar para conscientizar http://www.aspca.org/adopt/feral-cats-faq.
Acesso em 13 de jan. 2014.
os tutores e a população em geral sobre os
benefícios da esterilização de gatos 4. AMERICAN Society for Protection of
Cruelty to Animals (ASPCA). General cat
domésticos. care. Disponível em http://
http://www.aspca.org/pet-care/cat-
A realização desse trabalho care/general-cat-care. Acesso em 13 de jan.
mostrou que é possível fazer uma triagem 2014.

médico-veterinária de animais errantes 5. BAIN, B.J. Diagnosis from the blood


smear. The New England Journal of
com ações e métodos de baixo custo. Para
Medicine, v.353, 2005, p.498-507.
tanto, é necessário planejamento e
6. CARVALHO, M.B. Semiologia do sistema
integração do poder público, órgãos urinário. In: FEITOSA, F.L.F. (Ed).
sanitários, profissionais de medicina Semiologia Veterinária: A Arte do
Diagnóstico. São Paulo: Editora Roca,
veterinária e população em geral, a fim de 2004. P. 427-448.
se implementar estratégias para reduzir
7. COHN, L.A. Feline Respiratory Disease
gradativamente a quantidade de gatos Complex. Veterinary Clinics of North
America: Small Animal Practice, v. 41, n.
abandonados. Educar a população para a 6, p. 1273–1289, 2011.

83
Braga et al., Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal (v.12, n.1) p. 64 – 86 jan – mar (2018)

8. COLLADO, V.M.; DOMENECH, A.; 16. FORTALEZA. Lei n° 10.463 de 31 de


MIRÓ, G.; MARTIN, S.; ESCOLAR, E.; Março de 2016. Dispõe sobre a criação da
GOMEZ-LUCIA, E. Epidemiological Área de Relevante Interesse Ecológico -
aspects and clinicopathological findings in ARIE da Matinha do Pici e dá outras
cats naturally infected with Feline providências. Diário Oficial do Município
Leukemia Virus (FeLV) and/or Feline de Fortaleza, Fortaleza, 31 mar. 2016.
Immunodeficiency Virus (FIV). Open N°15.743, Página 5. Disponível em: <
Journal of Veterinary Medicine, v. 2, http://apps.fortaleza.ce.gov.br/diariooficial/
2012, p.13-20. download-
diario.php?objectId=workspace://SpacesSto
9. CRYSTAL, M.A. Fever. In: re/16ddb962-788e-4a9a-8485-
NORSWORTHY, G.; CRYSTAL, M.A.; ff4385df66a8;1.1&numero=15743> .
GRACE, S.F.; TILLEY, L. P. The Feline Acesso em: 23 jan. 2018. Texto Original.
Patient. 3rd. Edition. Ames: Blackwell
Publishing, 2006, p. 102-103. 17. HART, B.L. Handling and restraint of the
cat. Feline Practice, v.5, p.10-11, 1978.
10. DAVIDSON, H.J. Corneal Ulcer. In:
NORSWORTHY, G.; CRYSTAL, M.A.; 18. KING, D.; MORTON, R.; BEVAN, C.
GRACE, S.F.; TILLEY, L. P. The Feline How to use capillary refill time. Archives
Patient. 3rd. Edition. Ames: Blackwell of disease in childhood - Education &
Publishing, 2006, p. 377-379. practice edition, v. 99, n. 3, p. 111–116,
2014.
11. DAVIS, H. Venous and arterial puncture.
In: ETTINGER, S.J.; FELDMAN, E.C. 19. KIRPENSTEIJN, J. Preventing is better
Textbook of Veterinary Internal Medicine. than curing. Neutering the female dog and
Volume 1. 7th. Edition. Saint Louis: cat. PROCEEDINGS OF THE
Sauders Elsevier, 2010. P. 315-316. INTERNATIONAL SCIVAC CONGRESS
2008. Anais...2008.
12. DORIA-ROSE, V. P.; SCARLETT, J. M.
Mortality rates and causes of death among 20. KORNYA, M.R.; LITTLE, S.E.; SCHERK,
emaciated cats. Journal of the American M.A.; SEARS, W.C.; BIENZLE,D.
Veterinary Medical Association, v. 216 Association between oral health status and
VN-, n. 3, p. 347–351, 2000. retrovirus test results in cats. Journal of the
American Veterinary Medical Association,
13. DYCE, K.M.; SACK, W.O.; WENSING, v. 245, n. 8, p. 916–922, 15 out. 2014.
C.J.G. A cabeça e a parte ventral do
pescoço dos carnívoros. In: DYCE, K.M.; 21. LIMA NETO, J. 11 mil animais seguem
SACK, W.O.; WENSING, C.J.G. Tratado abandonados na Capital. Diário do
de Anatomia Veterinária. 1ª. Edição. Rio de Nordeste Online, Fortaleza, 27 mai. 2017.
Janeiro: Guanabara Koogan, 1990. p. 254- Disponível em
267. http://diariodonordeste.verdesmares.com.
br/cadernos/cidade/11-mil-animais-
14. EVANS, S. S.; REPASKY, E. A.; FISHER, seguem-abandonados-na-capital-
D. T. Fever and the thermal regulation of 1.1761312. Acesso em 14 fev.2018.
immunity: the immune system feels the
heat. Nature Publishing Group, v. 15, n. 6, 22. LOPES, R.D. Manual para coleta de sangue
p. 335–349, 2015. venoso em caninos e felinos. São Paulo:
Provet, 2009, 71p. Disponível em
15. FEITOSA, F.L.F. Exame físico geral ou de http://www.provet.com.br/download_
rotina. In: FEITOSA, F.L.F. (Ed). especialidades.php?filename=66-
Semiologia Veterinária: A Arte do Metodos_de_coleta_em_caninos_e_felinos.
Diagnóstico. São Paulo: Editora Roca, pdf. Acesso em 27 de jan.2014.
2004. p. 77-102.

84
Braga et al., Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal (v.12, n.1) p. 64 – 86 jan – mar (2018)

23. LOVELACE, K.M. Age approximation. In: L. P. The Feline Patient. 3rd. Edition.
NORSWORTHY, G.; CRYSTAL, M.A.; Ames: Blackwell Publishing, 2006c, p. 97-
GRACE, S.F.; TILLEY, L. P. The Feline 98.
Patient. 3rd. Edition. Ames: Blackwell
Publishing, 2006, p. 687-691.. 31. OGAN, C.V.; JUREK, R.M. Biology and
ecology of feral, free-roaming and stray
24. LUCAS, R. Semiologia da Pele. In: cats. In: HARRIS, J.E.; OGAN, C.V.
FEITOSA, F.L.F. (Ed). Semiologia (Eds.). Mesocarnivores of northern
Veterinária: A Arte do Diagnóstico. São California: biology, management, and
Paulo: Editora Roca, 2004. P. 641-676. survey techniques, workshop manual.
California: California North Coast Chapter,
25. MARTINS, E.S.; TOGNOLI, G.K.; ILHA, 1997, 127 p.87-91.
P.H.O.; MAZZOTTI, G.A. Prevalência de
imunodeficiência viral felina e leucemia 32. PIERRE, R.V. Red cell morphology and the
viral felina no Distrito Federal. Archives of peripheral blood film. Clinics in
Veterinary Science, sup.2012, v. 17, n.S1, Laboratory Medicine, v.22, n.1, 2002,
2012, p.274-276. p.25-61.

26. MENDES DE ALMEIDA, F.; 33. PIVOTO, F.L.; LOPES, F.L.D.; VOGEL,
LABARTHE, N.; GUERRERO, J.; FARIA, F.S.F.; BOTTON, S.A.; SANGIONI, L.A.
M.C.; BRANCO, A.S.; PEREIRA, C.D.; Ocorrência de parasitos gastrointestinais e
BARREIRA, J.D.; PEREIRA, M.J. Follow fatores de risco de parasitismo em gatos
upo f the health conditions of na urban domésticos urbanos de Santa Maria, RS,
colony of free roaming cats (Felis catus Brasil. Ciência Rural, v.43, n.8, 2013, p.
Linnaeus 1758) in the city of Rio de 1453-1458.
Janeiro, Brazil. Veterinary Parasitology,
v. 147, 2007, p. 9-15. 34. POZZA, M.E; STELLA, J.L.; CHAPPUIS-
GAGNON, A.M.; WAGNER,S.O.;
27. MORO, M.F.; MEIRELES, A.J.; BUFFINGNTON, C.A.T. Pinch-induced
GORAYEB, A.; MOURA NETO, C.; behavioral inibition („clipnosis‟) in
LIMA, D.C.; CASCON, P.; MENEZES, domestic cats. Journal of Feline Medicine
M.T.; BOTERO, J.I.S. Parecer técnico- and Surgery, v.10, p.82-87, 2008.
científico para a criação de uma área de
relevante interesse ecológico (ARIE) no 35. ROBSON, M.; CRYSTAL, M.A.
Campus do Pici da Universidade Federal do Giardiasis. In: NORSWORTHY, G.;
Ceará. 2011. CRYSTAL, M.A.; GRACE, S.F.; TILLEY,
L. P. The Feline Patient. 3rd. Edition.
28. NORSWORTHY, G. Coughing. In: Ames: Blackwell Publishing, 2006, p. 110-
NORSWORTHY, G.; CRYSTAL, M.A.; 111.
GRACE, S.F.; TILLEY, L. P. The Feline
Patient. 3rd. Edition. Ames: Blackwell 36. ROCHA, L. Fortaleza lidera no Nordeste
Publishing, 2006a, p. 54. infestação por carrapatos e pulgas em cães e
gatos. Tribuna do Ceará Online, 16 mai.
29. NORSWORTHY, G. Feline Infectious 2012. Disponível em
Peritonitis. In: NORSWORTHY, G.; http://tribunadoceara.uol.com.br/noticias/
CRYSTAL, M.A.; GRACE, S.F.; TILLEY, ceara/fortaleza-lidera-no-nordeste-
L. P. The Feline Patient. 3rd. Edition. infestacao-por-carrapatos-e-pulgas-em-
Ames: Blackwell Publishing, 2006b, p. caes-e-gatos/. Acesso em 9 fev. 2018.
318-319.
37. RUAUX, C.G.; STEINER, J.M.;
30. NORSWORTHY, G. Upper Respiratory WILLIAMS, D.A. The gastrointestinal
Infections, Viral. In: NORSWORTHY, G.; tract. In: CHANDLER, E.A.; GASKELL,
CRYSTAL, M.A.; GRACE, S.F.; TILLEY, C.J.; GASKELL, R.M. Feline Medicine and
85
Braga et al., Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal (v.12, n.1) p. 64 – 86 jan – mar (2018)

Therapeutics. 3rd. Edition. Oxford: 45. TILLEY, L. Ascites. In: NORSWORTHY,


Blackwell Publishing, 2004, p. 397-434. G.; CRYSTAL, M.A.; GRACE, S.F.;
TILLEY, L. P. The Feline Patient. 3rd.
38. SANDOVAL, J.G.; ESMERALDINO, A.; Edition. Ames: Blackwell Publishing, 2006,
RODRIGUES, N.C.; FALLAVENA, p. 21-22.
L.C.B. Complexo granuloma eosinofílico
em felinos: revisão de literatura. Revista 46. VALENCIANO, A.; COWELL, R.; RIZZI,
Veterinária em Foco, v.2, n.2, 2004/2005, T.; TYLES, R.D. Atlas of canine and feline
p. 109-120. peripheral blood smears. Saint Louis:
Saunders Elsevier, 2013, 272p.
39. SCOTT, K.C. et al. Body condition of feral
cats and effects of neutering. Journal of 47. WIGGS, R.B. Lymphocitic plasmacytic
Applied Animal Welfare Science, v. 5, n. stomatitis. In: NORSWORTHY, G.;
3, 2002, p. 203-213. CRYSTAL, M.A.; GRACE, S.F.; TILLEY,
L. P. The Feline Patient. 3rd. Edition.
40. SILVA, F.R.C.Prevalência das infecções Ames: Blackwell Publishing, 2006, p. 631-
pelo vírus da leucemia viral felina e da 633.
imunodeficiência viral felina na cidade de
Porto Alegre. 2007. 57 f. Dissertação 48. WILSON, R. Practical assessment of blood
(Mestrado em Ciências Veterinárias) – smears in dog and cats. In Practice, v.33,
Faculdade de Veterinária, Universidade 2011, p. 402-409.
Federal do Rio Grande do Sul, Porto
Alegre, 2007. Disponível em
http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/126
99. Acesso em 09 de fev. 2014.

41. SOUSA FILHO, R.P. Gengivite-estomatite


crônica em gatos e sua correlação clínico-
morfológica com o Vírus da
Imunodeficiência Felina, Fortaleza-CE,
2015, 51p. (Dissertação de Mestrado) –
Universidade Estadual do Ceará, CE, 2015.

42. SPAIN, C.V.; SCARLETT, J. M.; HOUPT,


K. A. Long-term risks and benefits of early-
age gonadectomy in dogs. Journal of the
American Veterinary Medical
Association, v. 224, n. 3, p. 380–387, 2004.

43. SYKES, J.E. Feline hemotropic


mycoplasmas. Veterinary Clinics of North
America. Small Animals Practice, v. 40,
2010, p. 1157-1170.

44. TEIXEIRA, B.M.; RAJÃO, D.S;


HADDAD, J.P.A.; LEITE, R.C.; REIS,
J.K.P. Ocorrência do vírus da
imunodeficiência felina e do vírus da
leucemia felina em gatos domésticos
mantidos em abrigos no município de Belo
Horizonte. Arquivos Brasileiros de
Medicina Veterinária e Zootecnia, v.59,
n.4, 2007, p. 939-942.

86

Anda mungkin juga menyukai