Pragmática
Maria possui
competência sintática: da ordem das palavras
competência semântica: do significado das palavras
Maria não possui
competência pragmática: sem competência pragmática não há comunicação. Por
isso, existe incompreensão entre os discursos e diálogos. A pragmática supõe contexto e
mentalidade.
Todo texto é escrito em função de um leitor. E o texto passa a existir no momento em que
existe um leitor.
A partir da tripartição (S-S-P) de Morris (1938) a pragmática foi concebida como disciplina
anexa.
A semântica estudaria o conteúdo da linguagem. A pragmática seria anexa porque vem
ligada ao leitor. Para a pragmática não é importante se isso é verdade ou não, mas se esse
texto influencia a ação do leitor.
Podemos dizer, então, que a pragmática poderia estar desvinculada da semântica. Esse é um
risco da interpretação de Morris.
Na pragmática, temos um grupo (i) minimalista e outro (ii) globalizante. Os (i) analisam a
pragmática como elemento ao lado da sintaxe e da semântica. Os da tendência (ii)
consideram a pragmática como a forma do discurso comunicativo geral, ou seja, um texto
existe em função da pragmática.
Contudo, a pragmática pode ser compreendida só como comunicação, mas também como
pôr em prática (ação a partir do texto).
Diante disso, em termos metodológicos, é bom separar as áreas (S-S-P). Mas todo tem
sentido de comunicação.
Em 1942, Rudolf Carnap levando adiante a discussão, disse que quando na linguagem se
analisa o falante e o ouvinte, então, se está no campo da pragmática. O autor diz que a
sintaxe a semântica são teóricas, enquanto que a pragmática é empírica.
Por exemplo, em (a) “Aqui faz frio”: espacial (aqui), temporal (presente), comparativo
(aqui, que é advérbio, compara com outro espaço), quantitativo (frio, tem uma quantidade
de frio que em outros lados não faz).
A frase (a) poderia ter vários sentidos. Para alguém fechar a janela, por exemplo. Também
pode indicar que os organizadores não pensaram na temperatura do lugar para a atividade.
A análise do discurso não pode ser minimalista, a pragmática deve ser analisada em
conjunto com a semântica e a sintaxe. Em termos de sentido, a semântica é fim em si
mesmo, mas em termos de comunicação, a semântica não é um fim em si mesmo.
A pragmática está vinculada não só aos elementos explícitos do texto, mas, sobretudo, aos
elementos implícitos.
II) Existem alguns autores que defenderam que a pragmalinguistica seria uma
teoria do implícito.
Capítulo 1:
O giro linguístico na Filosofia Moderna e as Origens da Pragmalinguística
Quinta-feira 09 de agosto
Aristóteles:
Quinta-feira 16 de agosto
(A) Na Idade Média
Conceito+palavra objeto
Mesmo entendendo que esse processo é simultâneo, as palavras proferidas indicam os
objetos, mas o conceito é primário, a palavra é secundária.
(B) Renascimento
Sabemos que o humanismo, naturalismo e a restauração da literatura grega e romana são
centrais nessa época. Também surge a centralidade da linguagem. Se nós entendemos que o
renascimento é humanista, a linguagem é imprescindível. Não pelo simples fato da
linguagem pela linguagem, mas da linguagem enquanto meio hermenêutico dos problemas
filosóficos.
Em relação a Locke: Ele deseja estudar a estrutura e função da linguagem natural para
resolver os problemas filosóficos básicos. Enquanto que os renascentistas voltam para a
linguagem natural porque rejeitam a lógica e valorizam a retórica (discurso proferido).
Esse retorno de Locke é em função da filosofia. O retorno dos renascentistas é em oposição
à linguagem formal.
Os renascentistas não compreenderam a linguagem como fonte de erro (Locke sim). Dessa
época, temos alguns que avançam na linha de Locke, mas nem todos.
A relação de Bacon é entre pensamento e linguagem. O autor diz que a visão aristotélica
tradicional é que palavras são sinais de noções, mas essas últimas são abstrações de coisas e
não sinais.
Mesmo assim, ele traz uma novidade: ele começa problematizar a linguagem. Ou seja, para
ele a linguagem insinua a si mesma dentro do intelecto humano. Esse ‘insinua’ significa
que ao mesmo tempo que a mente humana é capaz de abstrair noções das coisas, é incapaz
de expressar certas coisas. Ele substitui a união escolástica língua-lógica, e substitui
também a renascença língua-retórica, abrindo a relação entre linguagem-cognição.
Ao mesmo tempo, a linguagem é uma fonte de problemas. Na obra Leviatã, ele lista 4
abusos da linguagem:
(1) O significado da linguagem: nem sempre o conceito acompanha o significado da
palavra. Existem palavras que são sem sentido.
(2) E (3) se devem ao uso metafórico da palavra quando há mentira.
(4) Quando alguém usa a linguagem para machucar outra pessoa.
Somente (1) está vinculado à natureza da linguagem. Os outros estão vinculados à natureza
humana.
Para ele, existem vários caminhos pelos quais podemos usar nomes sem significado. Por
exemplo:
1) Seres humanos introduzem nomes que eles não sabem como definir. Às
vezes para confundir aos outros, às vezes para esconder a própria ignorância, às
vezes para explicitar a ignorância Exemplos são ‘Hipostático’ e
‘consubstancial’.
Para ele, as pessoas combinam nomes que têm significado contraditório: sustância
incorpórea. Para a ciência a sustância é corpórea.
Hobbes passou além de Bacon. Por outro lado, ele nos aponta o caminho de Locke. De fato,
se diz que Locke tem influência hobbesiana.
Além disso, podemos dizer que a compreensão da linguagem em Locke discute não
somente a natureza da linguagem, mas também a compreensão humana. Para ele a
linguagem não é só uma questão de discussão metodológica. Para ele, a linguagem diz
respeito ao conhecimento humano. O foco de Locke, com relação à linguagem natural, não
é sobre o sistema simbólico, mas à busca do conhecimento por meio da linguagem.
Locke não pensa na linguagem enquanto elemento construído, reformado, purificado. Mas
pensa na linguagem como elemento instrumental, ou seja, como um grande instrumento de
conhecimento.
Quinta-feira 30 de agosto
Reviravolta linguística
Apple afirma a Filosofia da Linguagem como filosofia primeira (já não a ontologia ou
gnoseologia). Ontologia e Gnoseologia estão ligadas porque você conhece algo e tem
acesso a essa coisa.
WITTGENSTEIN
Primeiro Wittgenstein:
Na obra Thractatus Philosophicus o autor diz que a linguagem é o reflexo, cópia, que
anuncia uma estrutura ontológica que a precede. Teoria da afiguração. Sentenças
figuram uma realidade à qual ela se refere.
Com isso, devemos afirmar que existe uma realidade independente da linguagem. Nesse
sentido, o primeiro Wittgenstein é ontológico, platônico.
Para o autor, a linguagem tem duas dimensões: externa e interna. Externa é a linguagem
que se percebe através da emissão de sons. Interna, quando esses atos são acompanhados
por um significado, dado-lhes pelo espírito.
A partir desta compreensão do ter-em-mente o ser humano pode saber se está usando
corretamente a palavra. O problema nesta ideia é que o ato de linguagem é uma realidade
essencialmente subjetiva. O criticaram, chamando essa proposta de “solipsismo
epistemológico”.
Segundo Wittgenstein:
Ao lado de Heidegger, criticará essa filosofia da subjetividade, superando o dualismo
corpo-espírito por meio da concepção de indivíduo. E o dualismo indivíduo-sociedade por
meio da concepção de pessoa humana. No segundo Wittgenstein, o ser humano e sua
capacidade de conhecer inserem-se no âmbito da interação social.
O mundo em si, a natureza das coisas, que se conhece por meio da razão, seria um elemento
primeiro. A comunicação aos outros desde conhecimento seria o elemento segundo, a
linguagem.
Neste aspecto, a concepção do Tractatus é abandonada nas Investigações. Com isso, ele
começa uma guinada metodológica, pois para ele, à filosofia não cabe explicar a realidade,
mas observá-la e descrevê-la. IF 66: “Não pense, mas veja”.
O uso da palavra passa a ser observado nos ambientes em que a palavra é proferida:
Lebensform (forma de vida). Quanto mais forem essas formas, mais serão os jogos de
linguagem: Sprachspiel. Para o autor, um jogo de linguagem possui três elementos:
1) O linguístico: palavras ditas
2) Os parceiros de conversa: por pessoas
3) A Lebensform: num lugar ou situação
Ainda que as pessoas usem a mesma palavra num lugar semelhante, isso nunca será igual,
porque as pessoas são diferentes.
Ele se opõe a uma concepção meramente descritiva da linguagem. Essa compreensão foi
chamada de sentenças declarativas. Elas são aquelas que copiam ou afirmam algo. Declara-
se verdade ou falsidade.
Antes de Austin, a compreensão das sentenças eram constatativas. Agora, existem palavras
que criam realidade: as performativas. How to do thing with words é sua obra máxima.
Locucionário
Perlocucionário
Ilocucionário: Quando se diz algo, realiza-se algo. É o elemento não verbal, é como se diz
algo.
Sentimento pathos
Pensamentos logos
Ação ethos
Também, pode haver uma intenção em quem proferiu uma sentença para conseguir tal
efeito. Austin dá o exemplo:
quinta-feira 06 de setembro
JOHN SEARLE
Teoria dos atos de fala
2) Para Searle toda atividade linguística é convencional e está controlada por regras.
Regras que regulam os diferentes tipos de atos como consequências que diante da
realização ou violação de tais princípios, podem afetá-los.
São atos de fala: ordenar, perguntar, prometer, afirmar, etc. Esses atos são possíveis
se obedecem a certas regras.
Toda linguagem está regulada por regras e princípios. No entanto, a regra precisa ser
acompanhada da atitude dos participantes do jogo de linguagem.
a. Entonação:
b. Ênfase prosódica
c. Ordem das palavras
d. Predicados realizativos
quinta-feira 20 de setembro
Cap. 2
Componentes materiais: Emissor, Destinatário, Enunciado, Entorno.
Temos que ver se o texto é narrativo (análise narrativa, semântica, estrutural, etc.) ou
discurso (gênero literário, análise retórica, etc.).
Metodologicamente:
Diacronia: O mundo por detrás do texto (intentio auctoris)
Sincronia: O mundo dentro do texto (intentio textus)
Pragmalinguística: O mundo diante do texto (intentio lectoris)
Mc 1, 16-18
Para reconhecer uma cena
Temporal Quando?
Espacial Onde?
Actancial Quem?
a) Quem está em primeiro plano: verbo no perfeito
b) Quem está em segundo plano: verbo no imperfeito/ particípio/ gerúndio?
Estão no segundo plano, mas em níveis diferentes:
Caminhando (Nível III)
Lançaram as redes (Nível II)
Eram pescadores (Nível I)
Desenvolvimento ou complicação
Desenlace:
a) por peripeteia: quando o foco é uma ação
b) por anagnórisis: quando o foco é uma revelação
Conclusão
quinta-feira 11 de outubro
Jo 2, 1-12
v.1 Mãe não é o centro da narração, porque é um texto ‘sinal’ que é escrito para despertar a
fé. A mãe está no segundo plano porque não precisa despertar sua fé, ela já tem a fé.
v.6-12
Buscar elementos pragmalinguisticos
Desenlace por peripeteia ou anagnorese
Qual é o apelo performativo desse primeiro cenário?
quinta-feira 25 de outubro
(1) Cultura
(2) Código linguístico
(3) Teologia do autor
P. ex. Jo 1,27: Desata a sandália o Goel, o que quer ocupar o lugar do outro... Então, João
Batista diz que não pode desatar sua sandália, porque não pode ocupar o lugar de Jesus.
Isso, porque tem uma briga entre João Batista e Jesus.
Leitura pragmática:
Para que esse texto foi escrito?
Suscitar a fé em Jesus
Implicatura Por detrás desse primeiro sinal está a revelação de que Ele é o Messias,
porque no AT (nos profetas) relaciona vinho e messianismo.
Imperativo (v. 5) sempre que se faz tudo o que Ele diz, o resultado vai ser abundância
de bens.
Exercício:
Jo 4,46-54
Quinta-feira 01 de novembro
Exposição da cena: v. 46
Temporal: v.43: terceiro dia (inclusão com 2,1)
Local: Caná da Galileia
Actancial: Jesus (1ro plano), funcionário (2do plano), filho (3ro plano, porque está
em Cafarnaum).
Nó: v. 47
Complicação: v. 48-49
Desenlace:
51: porque aí o leitor fica sabendo
Desenlace ontológico: v. 50
51 peripeteia
No v. 50b / 53 anagnorese
Conclusão: v. 53
Leitura pragmática:
Para que esse texto foi escrito?
Suscitar a fé em Jesus (v. 53)
quinta-feira 08 de novembro
Além do fato que o texto é incompleto porque depende do leitor que irá completa-lo,
também é incompleto porque é composto por palavras, frases e termos isolados. Ou seja, é
incompleto porque está vinculado a um código. Então, o texto pressupõe um leitor modelo
e, portanto, um leitor competente.
O texto está cheio de espaços brancos que precisam ser preenchidos. Por isso, o autor prevê
o leitor modelo e move seu texto em direção à construção desse leitor.
O mais interessante na teoria de Eco é que prever um leitor modelo não é esperar a
existência desse leitor, mas mover o texto em busca da construção desse leitor. Mas, a
competência do destinatário não é necessariamente a mesma no emitente.
O texto é um produto, cujo destino interpretativo deve fazer parte do mecanismo gerativo.
O que faz com o texto mover em busca da construção do leitor.
2Jo
Existe uma linguagem codificada, um grupo fechado. E que aqueles que não fazem parte
desse grupo não estão impelidos a se amar.
Prova: 1Tes
Quinta-feira 22 de novembro
Critério epistolográfico
Carta de Judas
(ii) Corpus
(iii) Postscriptum
(iii.i) subscriptio (assinatura)
Não tem
1Ts 1,1–5,28
β) Indícios pragmalinguísticos:
- Estrutura da carta
O texto gera empatia com o leitor: ele se sente próximo-íntimo do autor (1,2-10);
– recurso da captatio benevolentiae;
– lembrança dos tessalonicenses como recordação “ab imo pectore” (2,17–3,5).