Alta Idade Média (séc.
V-X) comércio com o oriente, de especiarias ou mesmo de tecidos,
Um império em desagregação
A partir do século III, o Império Romano do Ocidente entrou em
declínio. Com o fim das guerras de conquistas, esgotou-se a principal
fonte fornecedora de escravos, escravo prisioneiros de guerra. Teve
início a crise do escravismo que abalou seriamente a economia, fez
surgir o colonato e provocou o êxodo urbano, uma das marcas do
período posterior, Feudalismo.
O feudalismo foi formado pelo entrecruzamento de elementos da
cultura romana e dos bárbaros germânico, a saber:
1- Romanas:
a) Clientela: relação de dependência pessoal entre indivíduos;
b) Colonato: fixação do colono à terra;
c) Precarium: entrega de terras a um grande senhor em troca de
proteção;
d) Vilas: unidades econômicas (grandes propriedades agrárias).
2- Germânicas:
a) Economia: agropastoril;
b) Comitatus: relações de fidelidade entre o chefe e seus guerreiros;
c) Beneficium: concessões de terras em troca de fidelidade;
descentralização política.
Marcas da economia feudal
1- O surgimento do colonato: uma transição para o Feudalismo: o
colonato, novo sistema de trabalho, que atendia aos interesses dos
grandes proprietários rurais ao substituir gradativamente o sistema
escravista. O colono era o trabalhador rural, colocado em uma nova
situação. Nas regiões próximas à Roma a origem do colono é o
antigo plebeu ou ainda o ex-escravo, enquanto nas áreas mais
afastadas é normalmente o homem de origem bárbara, que, ao
abandonar o nomadismo e a guerra se fixava à terra. O colono era
um homem livre por não ser escravo, porém está preso à terra por
laços de fidelidade ao seu senhor.
Dessa forma, a estrutura fundiária se desenvolvia de maneira que
pode ser considerada como embrionária da economia feudal. É
importante notar que durante todo o período de existência do
feudalismo poderia ser encontrados escravos.
2- A terra como fonte de riqueza: a economia feudal possuía base
agrária, a agricultura era a atividade responsável por gerar a maior
parte da riqueza social. Ao mesmo tempo, outras atividades se
desenvolviam, em menor escala, no sentido de complementar a
primeira e suprir necessidades básicas e imediatas de parcela da
sociedade. A pecuária, a mineração, a produção artesanal e mesmo o
comércio eram atividades que já existiam.
Possuir terras significava a possibilidade de possuir riquezas, por isso
preservou-se a caráter estamental da sociedade. Os proprietários
rurais eram denominados Senhores Feudais, enquanto que os
trabalhadores camponeses eram denominados servos.
3- O feudo como unidade básica de produção: Feudo: a palavra
significa propriedade. Um feudo podia ser uma área de terra, um
cargo, uma função eclesiástica ou o direito de receber alguma
vantagem. Mas, quase sempre, o feudo era uma extensão de terra.
Imaginar o feudo é algo complexo, pois ele podia apresentar muitas
variações, desde vastas regiões onde encontramos vilas e cidades em
seu interior, como grandes “fazendas” ou mesmo pequenas porções
de terra. Para tentarmos perceber o desenvolvimento
socioeconômico do período, melhor é imaginarmos o feudo como
uma grande propriedade rural. O território do feudo era dividido
normalmente em três partes: o domínio ou manso senhorial, terra
comum e manso servil.
4- As relações comerciais na Idade Média: o comércio sempre existiu,
apesar de irregular e de intensidade muito variável. Algumas
mercadorias eram necessárias em todos os feudos, mas encontradas
apenas em algumas regiões, como o sal ou mesmo o ferro. Além
desse comércio de produtos considerados fundamentais, havia o
consumidos por uma parcela da nobreza e pelo clero. Apesar de
bastante restrito, esse comércio já era realizado pelos venezianos.
Até mesmo os servos participavam de um pequeno comércio, ao
levar produtos excedentes agrícolas para a feira da cidade, onde
obtinha artesanato urbano, promovendo uma integração entre campo
e cidade. A pequena produtividade fazia com que qualquer acidente
natural (chuvas em excesso ou em falta, pragas) ou humano
(guerras, trabalho inadequado ou insuficiente) provocasse períodos
de escassez.
Sociedade hierarquizada
• Clero: membros da Igreja, controladores da ideologia cristã
medieval.
• Nobreza: dedicava-se, em grande parte, à guerra. A instituição
militar feudal que ganhou destaque entre os nobres foi a cavalaria
que possuía os seguintes fundamentos, a saber: honra,
desprendimento e destreza, lealdade e heroísmo.
• Servos: camponeses presos à terra, obrigados a prestar serviços e
pagar impostos em troca do uso da terra e de proteção militar.
• Vilões: pequenos comerciantes, livres e que habitavam as vilas
próximas ao feudo.
Estrutura política medieval
A sociedade medieval foi marcada pelos seguintes aspectos:
a) Descentralização política: fragmentação do poder em função do
parcelamento das terras;
b) Particularismos feudais: os senhores feudais detinham o poder
em suas terras de forma particular;
c) Guerras contínuas: as invasões e disputas pelo poder; direito de
governar era um privilegio de todo possuidor de feudo, implicando
este privilégio obrigações muito definidas, cuja violação podia
acarretar a perda do feudo;
d) Direito consuetudinário: lei com base na oralidade, pois as leis
escritas romanas perderam de forma parcial o seu simbolismo.
O papel dos servos
1- O aparecimento dos servos: com a crise do mundo romano onde a
principal mão-de-obra e base da economia era o escravo, verificou-se
uma transformação considerável nas relações de trabalho na Europa.
Com a crise do escravismo começou a aparecer no mudo ocidental os
colonos, dando origem ao chamado colonato, mais tarde esse
colonos propiciaram o aparecimento da servidão.
Os servos eram presos à terra dos senhores feudais e estavam
submetidos aos desmandos autoritários destes e também da
ideologia da Igreja Católica. Vejamos como estavam divididas as
reservas feudais (feudos).
Obrigações servis: relações de exploração e dependência dos servos
em relação aos senhores: os servos viviam em um regime de intensa
exploração, sobretudo no que diz respeito à sua força de trabalho.
Como forma de exploração, os servos eram obrigados a pagar os
seguintes trabalhos aos senhores feudais:
a) Corveia: três dias de trabalho semanal gratuito dos servos no
manso senhorial. A produção era do senhor feudal;
b) Talha: divisão da produção servil no manso servil;
c) Banalidades: taxas pagas pelos servos pela utilização das
instalações do feudo (celeiro, moinho, forno etc.);
d) Capitação: imposto pago por cada servo individualmente;
e) Tostão de Pedro: imposto pago para manter a capela;
f) Mão-morta: imposto pago para transferir o lote de um servo
falecido para seus herdeiros;
g) Formariage: taxa paga para se casar;
h) Albergagem: fornecimento de alojamento e produtos para os
senhores em viagem.
 As ordens religiosas e os mosteiros: surgem as primeiras
Relações feudo-vassálica universidades: sabe-se que na Idade Média foram frequentes a
As relações feudo-vassálicas se davam entre os nobres e se existência de pessoas que se dedicaram à realizar andanças
baseavam no compromisso de fidelidade pessoal, condição pregando a mensagem da Igreja Católica os chamados eremitas.
indispensável para a existência da mesma. Com o tempo esses eremitas passaram a viver em comunidades
• Suserano: doava a terra (beneficium) a um nobre escolhido em controladas por um conjunto de regras. A regra mais importante do
troca de proteção; Ocidente surgiu por volta de 530 na Itália, escrita por São Bento
• Vassalo: recebia a terra do suserano e se responsabilizava em ser (Benedito em latim).
fiel a este que lhe doava a terra no auxílio das guerras, pagamento Surgiu assim a ordem monástica (daí monastério ou mosteiro)
de resgate; Beneditina, que marcou profundamente a vida religiosa e cultural de
O papel da cavalaria toda a Idade Média.
A cavalaria era uma das instituições mais importantes do período
medieval. Surgiu no encalço da nobreza, a qual se dedicava,
sobretudo, à guerra com o objetivo de realizar a manutenção da
ordem feudal mantendo os servos subjugados à estrutura social
estabelecida.
O papel dos clérigos
 Teocentrismo cristão: a Igreja Católica sendo a maior instituição
medieval cuidou de impor uma hegemonia ideológica e cultural sobre
a sociedade com seus valores teológicos. A cultura teocêntrica
preservou a herança cultural greco-romana.
Houve nesse momento por parte da Igreja um controle no campo
educacional que justificava a ordem feudal; pregando a tripartição
funcional e clerical da sociedade medieval: clero (rezar), nobreza
(combater) e servos (trabalhar).
 Divisão clerical: o clero se dividia na Idade Média em:
a) Clero Secular: papa, bispos e padres que entravam em contato
com o ambiente mundano;
b) Clero Regular: abades e monges. Surgiu em reação ao
desregramento do clero secular.
 Tribunal do Santo Ofício ou Santa Inquisição: durante a Idade Média
a Igreja católica teve muitas dificuldades em manter a ordem
católica, por isso buscando combater as heresias (ato ou palavra que
ofendam a religião) foi criado o Tribunal do Santo Ofício que tinha
como metas:
a) Descobrir e julgar os heréticos;
b) Punições às heresias: confisco de bens, excomunhão, torturas ou
morte nas fogueiras;
c) Combater os movimentos contrários à ordem social dominante.
Heresias mais comuns durante a Idade Média:
•Homossexuais: a Igreja Católica considerava o homossexualismo um
crime contra a natureza humana;
• Prostitutas: a sexualidade, na visão do clero, deveria ser utilizada
apenas para a procriação e não para o prazer;
• Judeus: historicamente, foram acusados de terem assassinado
Cristo. Muitos judeus foram obrigados a se converterem ao
catolicismo, denominando-se cristãos novos. No entanto, era comum
a realização de cultos secretos judaicos (criptojudaismo) perseguido
pelo Tribunal do Santo Ofício;
• Muçulmanos: representavam uma outra religião e foram vistos
como inimigos da Igreja Católica;
• Bruxas: geralmente as mulheres eram vistas como agentes, por
excelência, do demônio, relacionadas com a sexualidade, nesse
sentido muitas mulheres foram acusadas de bruxaria;
• Leprosos: essa doença não tinha cura e era altamente contagiosa.
A Igreja Católica cuidou de representá-la como agente do diabo.
Objetivos da Santa Inquisição:
a) Descobrir e julgar os heréticos;
b) Punir as heresias;
c) Confisco de bens;
d) Excomunhão;
e) Torturas;
f) Morte na fogueira (Alto de Fé);
g) Combater os movimentos contrários à ordem social dominante.