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Por Arthur Kaufmann, Munique 1.1. Filosofia do direito e dogmiatica juridica A filosofia do direito é um ramo da filosofia, nao é um ramo da ciéncia do direito. Contudo, também néo se pode encarar a filosofia do direito como uma classe especial dentro do género filosofia (geral). A filosofia de- bate-se sempre, e em todas as suas formas, com os problemas fundamen- tais da existéncia humana, com aquilo a que Karl Jaspers chamou «o en- globante»". Em sintese, na filosofia esté sempre em causa «0 essencial>. Portanto, a filosofia do direito nao se distingue dos outros ramos da filo- sofia por ser mais especial, mas porque reflecte, filosoficamente, sobre questées juridicas essenciais, sobre problemas juridicos fundamentais, dis- cutindo-os e dando-lhes, tanto quanto possivel, uma resposta. Pode pér-se 4 questao, algo negligentemente, desta maneira: na filosofia do direito, o jurista formula as perguntas eo filésofo da as respostas. Por isso, um fil6- sofo do direito que se queira competente deve «sentir-se em casa», tanto na ciéneia do direito como na filosofia. A pergunta, j4 varias vezes colocada, Sobre qual das filosofias do direito serd pior, a dos «puros fildsofos, ou a dos “Puros juristas», dever-se-4 responder que sao igualmente mas. la Assim, a filosofia do direito nao é ciéncia do direito; mas, ees * a0 € dogmatica juridica. A dogmtiea 6, segundo Kant, o procedimento og atico da azo pura, sem uma critica prévia da sua propria capa ande medida no sen- sia la8P*"S Einflthrung in die Philosophie, 26."ed.,1986, pp. 243s. Em (pp. 21 8s), 1991. so texto também Faith Stein, infthrung in die Philosophie, Binletong PT "Kant, Kritik der reinen Vernunft, ed. B, p. XXXV. Quanto a este U.Neumann, et al.,Ju- 'gny, «Die Rolle der Dogmatik — wissenschafftlich gesehen»,em U. “che Dogmatik und Wissenschaftstheorie, 1976, pp- 100 ss. 26 © dogmatico parte de pressupostos que assume como verdadeirog, sem, porém, dispor de provas dessa veracidade. Ele Renee datis.O que 6 ah nal o direito? Em que circunstancias, em que medida © de que forma CXigte conhecimento do direito? — 0 dogmatico do direito nao se pée perante eg. tas perguntas. Isto nao significa, necessariamente, que a dogmatica fe dica proceda acriticamente. Contudo, mesmo quando adopta uma Postar, critica, nomeadamente na anélise de uma norma legal’, © argumenty qa dogmatica juridica 6 sempre imanente ao Sistema; o sistema vigente Den manece intocado. No quadro da dogmatica juridica, esta atitude 6 inteiry. mente legitima. Ela s6 se torna perigosa quando recusa 0 modo de penga, nao dogmatico (meta-dogmatico) da filosofia do direito por este ser «des. necessdrio», «meramente teérico» ou, até, «ndo cientifico». i ébvio que também nao se poe o caso de a filosofia, a filosofia do direj. to, poder operar sem quaisquer pressupostos. Esta ideia tornar-se-4 mais clara se tivermos presente aquilo que Pascal, na Légica de Port Royal (1662), descreveu como o — inatingivel — «método mais completo»: nao se pode utilizar nenhum conceito que nao haja sido anteriormente definido de forma inequivoca; nao se pode proferir nenhuma afirmacdo, cuja vera- cidade nao tenha sido atestada. Nao é necessdria uma exposi¢ao muito longa para mostrar que estas exigéncias nao podem ser cumpridas, uma vez que conduziriam a regressées infinitas. No entanto, a filosofia — diferentemente da dogmatica — deve, pelo me- nos, tentar indagar aquilo que esta «por detras» dos problemas e pressupos- tos fundamentais das ciéncias e dos sistemas. Por outras palavras, a filoso- fia tem de adoptar uma atitude que transcenda os sistemas‘, Esta atitude ndo é, porém, a da tébua rasa. Foi justamente a hermenéutica mais recente que mostrou que o «preconceito» ou a «pré-compreensdo» é uma condigéo transcendental para o entendimento de contetidos de significado, donde te sulta o seu particular significado, sobretudo para. as ciéncias linguistice (nas quais se inclui a ciéncia do direito, j4 que esta se debruca, essencial [Dla seem ror exemple, a propésito da wdefesa da ordem juridica»(9§ 47, al. 1",€ 56,2 aide elas are decisao juridica ousada pela postura critica adoptade: “ Cfr. Coing, Grundziige der Sea to, sem preset” dir dos ; iii philosophie, 5. ed., 1993, p. 3: «Portan! aireito Selle ehematis = ie = juridica elaborou na sua frea, a filosofia do i nifestagéo cultural do direito com an daqueles; ela relaciona os problemas postos questées gerais e essenciais da filosofia.» vestiga¢ac que a inve correcto (j «mais ou I lacéo de d 1.2.0 an As dif cea reflect bitos. A t do qual u a perspec que este | formal é, pode ser mum a t adminis} Pectivo o centes, z SS 5V., sc Vorversta; 186 gs, cE PR. 515, Stelmach ° Gaa, en Daqui nao se pode, Porém, conchuir coisas «mais importantes» do que as ci que a fill «mais ou menos», de «mais importante ou menos importantes, mas uma re- lacdo de diferentes formas de Ser. Por isso, uma nao se substitui a outra. 1.2. 0 Ambito da filosofia do direito As diferentes formas de ser da filosofia do direito e da dogmatica juridi- ca reflectem-se, como ja foi dado a entender acima, nos seus diferentes am- bitos. A teoria da ciéncia entende objecto material como 0 objecto conereto do qual uma ciéncia se ocupa na totalidade. Por sua vez, 0 objecto formal é @ perspectiva especifica a partir da qual a ciéncia investiga esse todo (dat que este seja, por vezes, designado por «objecto de investigagao). O objecto formal é a marca distintiva de cada ciéncia, ao passo que 0 objecto material Pode ser comum a varias ciéncias. Assim, 0 «direito» 6 oobjecto material ¢o- mum a todas as disciplinas juridicas — direito civil, direito publico, abe administrativo, direito penal ete. —, cujas especificidades eee Bective objecto formal. Tem-se assistido, precisamente nas tempos mais T= centes, ao crescente desdobramento dos objectos materiais em 51 _ ~~ ., 830 85.5 Esser, *V.,Sobretudo, Gadamer, Wahrheit und Methode, 5 ed., ee scialmente pp. Voruerstéindnis und Methodenwahl in der Rechtsfindun, 2. Hermenettib, 2." ed 1993, 1255s, Cf. também Arthur Kaufmann, Beifrige eur juristischen SET" tal de J. PP. 51 5., 74 ss., 86 5., 92 as. Muito recentemente, v. a obra a sont Stelmach, Die hermeneutische Auffassung der Rechtephilosophie, , » Wahrheit... cit., p. 271.

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