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5ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS E CRIMINAIS DA

BAHIA

PROCESSO Nº 0110922-08.2014.8.05.0001
CLASSE: RECURSO INOMINADO
RECORRENTES: FERNANDA GONÇALVES GORDIANO E OUTRO E AUSTRÁLIA
EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA. E OUTROS
RECORRIDOS: OS MESMOS
JUIZ PROLATOR: MICHELLINE SOARES BITTENCOURT TRINDADE LUZ
JUIZ RELATOR: ROSALVO AUGUSTO VIEIRA DA SILVA

EMENTA

RECURSOS INOMINADOS SIMULTÂNEOS. COMPRA DE


IMÓVEL NA PLANTA. AÇÃO ATRAVÉS DA QUAL SE BUSCA A
RESTITUÇÃO, EM DOBRO, DOS VALORES PAGOS A TÍTULO DE
TAXA DE CORRETAGEM. SENTENÇA QUE DECRETOU A
PRESCRIÇÃO E EXTINGUIU O PROCESSO COM RESOLUÇÃO
DE MÉRITO. SEGUNDO CONSTRUÇÃO DO STJ, CENTRADA A
CAUSA DE PEDIR NA COBRANÇA INDEVIDA DE VALORES
INSERTOS EM CONTRATO, ROGANDO-SE A REPETIÇÃO DE
INDÉBITO, O PRAZO PRESCRICIONAL APLICÁVEL É DE TRÊS
ANOS, NOS TERMOS DO ART. 206, § 3º, IV DO CÓDIGO CIVIL.
MANUTENÇÃO INTEGRAL DO JULGADO, PREJUDICANDO A
ANÁLISE DO MÉRITO DO RECURSO INTERPOSTO PELOS
REQUERIDOS QUE PRETENDEM SEJA AFASTADA A REVELIA,
FACE À AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO PARA AUDIÊNCIA DE
CONCILIAÇÃO, INSTRUÇÃO E JULGAMENTO. NÃO
PROVIMENTO DO RECURSO DOS AUTORES.

Dispensado o relatório nos termos do artigo 46 da Lei n.º 9.099/95.

Circunscrevendo a lide e a discussão recursal para efeito de registro,


saliento que os Autores, FERNANDA GONÇALVES GORDIANO E OUTRO, pretendem
a reforma da sentença lançada nos autos que extinguiu o processo com julgamento de mérito,
em vista da decretação da prescrição da sua pretensão, buscando a condenação dos
Requeridos, AUSTRÁLIA EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA. E
OUTROS, a lhes restituírem, em dobro, os valores pagos a título de taxa de corretagem e
dano moral. Ao passo que os Requeridos pretendem seja afastado o reconhecimento da
revelia face à ausência de intimação para a audiência de conciliação, instrução e julgamento.

Presentes as condições de admissibilidade dos recursos, conheço-os,


apresentando voto com a fundamentação aqui expressa, o qual submeto aos demais membros
desta Egrégia Turma.

VOTO

A sentença recorrida, tendo analisado corretamente todos os aspectos do

1
litígio, merece confirmação integral, não carecendo, assim, de qualquer reparo ou
complemento dentro dos limites traçados pelas razões recursais, culminando o julgamento do
recurso com a aplicação da regra inserta na parte final do art. 46 da Lei nº 9.099/95, que
exclui a necessidade de emissão de novo conteúdo decisório para a solução da lide, ante a
integração dos próprios e jurídicos fundamentos da sentença guerreada.

A título de ilustração apenas, fomentada pelo amor ao debate e para realçar


o feliz desfecho encontrado para a contenda pelo MM. Juiz que atuou no primeiro grau,
alongo-me na fundamentação do julgamento, nos seguintes termos:

Tendo celebrado contrato de compra e venda de imóvel na planta, informa a


Recorrente ter pago a quantia de R$ 7.282,98 (sete mil, duzentos e oitenta e dois reais e noventa e oito
centavos) a título de taxa de corretagem.

Segundo entendimento pacificado nesta Turma, deve ser respeitado o prazo


prescricional trienal para a hipótese da restituição pretendida pelos Recorrentes.

De fato, segundo construção do STJ 1, centrada a causa de pedir na


1
- CONSUMIDOR E PROCESSUAL - AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO - COBRANÇA INDEVIDA DE VALORES -
INAPLICABILIDADE DO PRAZO PRESCRICIONAL DO ART. 27 DO CDC - Incidência das normas relativas a prescrição
insculpidas no Código Civil. Repetição em dobro. Impossibilidade. Não configuração de má-fé- A incidência da regra de prescrição
prevista no art. 27 do CDC tem como requisito essencial a formulação de pedido de reparação de danos causados por fato do
produto ou do serviço, o que não ocorreu na espécie- Ante à ausência de disposições no CDC acerca do prazo prescricional
aplicável à prática comercial indevida de cobrança excessiva, é de rigor a aplicação das normas relativas a prescrição insculpidas no
Código Civil- O pedido de repetição de cobrança excessiva que teve início ainda sob a égide do CC/16 exige um exame de direito
intertemporal, a fim de aferir a incidência ou não da regra de transição prevista no art. 2.028 do CC/02 .- De acordo com este
dispositivo, dois requisitos cumulativos devem estar presentes para viabilizar a incidência do prazo prescricional do CC/16: i) o
prazo da lei anterior deve ter sido reduzido pelo CC/02; E ii) mais da metade do prazo estabelecido na lei revogada já deveria ter
transcorrido no momento em que o CC/02 entrou em vigor, em 11 de janeiro de 2003- Na presente hipótese, quando o CC/02 entrou
em vigor já havia transcorrido mais da metade do prazo prescricional previsto na lei antiga, motivo pelo qual incide o prazo
prescricional vintenário do CC/16- A jurisprudência das Turmas que compõem a Segunda Seção do STJ é firme no sentido de que a
repetição em dobro do indébito, sanção prevista no art. 42, parágrafo único, do CDC , pressupõe tanto a existência de pagamento
indevido quanto a má-fé do credor.- Não reconhecida a má-fé da recorrida pelo Tribunal de origem, impõe-se que seja mantido o
afastamento da referida sanção, sendo certo, ademais, que uma nova perquirição a respeito da existência ou não de má-fé da
recorrida exigiria o reexame fático-probatório, inviável em recurso especial, nos termos da Súmula 07/STJ. Recurso especial
parcialmente provido apenas para, afastando a incidência do prazo prescricional do art. 27 do CDC , determinar que a prescrição
somente alcance a pretensão de repetição das parcelas pagas antes de 20 de abril de 1985. (STJ - REsp 1.032.952 - (2008/0037003-
7) - 3ª T - Relª Minª Nancy Andrighi - DJe 26.03.2009 - p. 763)
2. CONSUMIDOR E PROCESSUAL - AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO - COBRANÇA
INDEVIDA DE VALORES - INCIDÊNCIA DAS NORMAS RELATIVAS À PRESCRIÇÃO INSCULPIDAS NO CÓDIGO
CIVIL - PRAZO ESPECIAL - PRESCRIÇÃO TRIENAL - PRETENSÃO DE RESSARCIMENTO DE ENRIQUECIMENTO SEM
CAUSA - 1- O diploma civil brasileiro divide os prazos prescricionais em duas espécies. O prazo geral decenal, previsto no art.
205, destina-se às ações de caráter ordinário, quando a lei não houver fixado prazo menor. Os prazos especiais, por sua vez,
dirigem-se a direitos expressamente mencionados, podendo ser anuais, bienais, trienais, quadrienais e quinquenais, conforme as
disposições contidas nos parágrafos do art. 206. 2- A discussão acerca da cobrança de valores indevidos por parte do fornecedor se
insere no âmbito de aplicação do art. 206, § 3º, IV, que prevê a prescrição trienal para a pretensão de ressarcimento de
enriquecimento sem causa. Havendo regra específica, não há que se falar na aplicação do prazo geral decenal previsto do art. 205
do CDC . Precedente. 3- A incidência da regra de prescrição prevista no art. 27 do CDC tem como requisito essencial a formulação
de pedido de reparação de danos causados por fato do produto ou do serviço, o que não ocorreu na espécie. 4- O pedido de
repetição de cobrança excessiva que teve início ainda sob a égide do CC/16 exige um exame de direito intertemporal, a fim de aferir
a incidência ou não da regra de transição prevista no art. 2.028 do CC/02 . 5- De acordo com esse dispositivo, dois requisitos
cumulativos devem estar presentes para viabilizar a incidência do prazo prescricional do CC/16: i) o prazo da lei anterior deve ter
sido reduzido pelo CC/02; E ii) mais da metade do prazo estabelecido na lei revogada já deveria ter transcorrido no momento em
que o CC/02 entrou em vigor, em 11 de janeiro de 2003. 6- Considerando que não houve impugnação do dies a quo do prazo
prescricional definido pelo Tribunal de Origem - Data da colação de grau do recorrente, momento no qual ocorreu o término da
prestação de serviço educacional -, e que, na espécie, quando o CC/02 entrou em vigor não havia transcorrido mais da metade do
prazo prescricional previsto na lei antiga, incide o prazo prescricional trienal do CC/02, motivo pelo qual o acórdão recorrido não
merece reforma. 7- Recurso especial não provido. (STJ - REsp 1.238.737 - (2011/0038777-2) - 3ª T. - Relª Minª Nancy Andrighi -
DJe 17.11.2011 - p. 713)

2
cobrança indevida de valores insertos em contrato, rogando-se à repetição de indébito, o
prazo prescricional aplicável encontra precisão no art. 206, § 3º, IV2, do Código Civil.

O prazo inserto no art. 27, do CDC3, sempre lembrado, disciplina os casos


de responsabilidade do fornecedor por danos causados ao consumidor por fato do produto ou
do serviço defeituosos4, ou seja, aqueles provocados por acidentes relacionados ao
fornecimento em si, que, pressupondo um risco à segurança do consumidor, são chamados de
“acidentes de consumo”.

Assim, impõe-se o reconhecimento da prescrição, como bem salientou o


MM Julgador. Se o consumidor pretende ver-se restituído do valor pago a título de comissão
de corretagem porque entende que deveria ter sido adimplido pela promissária vendedora do
imóvel, resta configurada a pretensão de repetição de indébito. Nesse passo, aplica-se a regra
inserta no artigo 206, § 3º, IV, do Código Civil, sendo de três anos o prazo prescricional.

Assim, se considerarmos o prazo prescricional de 03 (três) anos, com fulcro


no art. 206, § 3º, inc. IV, do Código Civil, o termo final para a pretensão dos Autores seria o
mês de AGOSTO DE 2012. No entanto, a ação proposta para repetição de indébito somente
foi ajuizada em 12 de novembro de 2014, quando já operada a prescrição.

Quanto ao recurso interposto pelos Requeridos, a análise de seus termos se


encontra prejudicada em função da manutenção da sentença que extinguiu o processo, com
resolução do cerne, não havendo, pois, utilidade a repetição do ato de intimação daqueles ou
redesignação de nova audiência de instrução e julgamento.

Assim, ante ao exposto, voto no sentido de CONHECER ambos e


considerar PREJUDICADO o recurso interposto pelos Requeridos e NEGAR
PROVIMENTO ao recurso interposto pelos Autores, FERNANDA GONÇALVES
GORDIANO E OUTRO, para confirmar, em consequência, todos os termos da sentença
hostilizada, sem condenação ao pagamento das despesas processuais porque esta Turma
Recursal tem reconhecida a impossibilidade quando a sucumbência atinge os beneficiários de
gratuidade judiciária.

Salvador-Ba, Sala das Sessões, 14 de julho de 2015.

2
Art. 206. Prescreve:
§ 3o Em três anos:
IV - a pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa;

3
Art. 27. Prescreve em 5 (cinco) anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço prevista na
Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria.

4-
“Responsabilidade por danos e prescrição – Nesta passagem o Código disciplina a prescrição nos casos de responsabilidade por
danos, vale dizer, nos acidentes causados por defeitos dos produtos ou serviços”. (Zelmo Denari, em Código de Defesa do
Consumidor – Comentado pelos autores do anteprojeto, pág. 152).
AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXIGIBILIDADE DE COMISSÃO DE CORRETAGEM C/C REPETIÇÃO DE
INDÉBITO. PRESCRIÇÃO TRIENAL. APLICABILIDADE DO ART. 206, § 3º, IV, DO CC. INAPLICABILIDADE DO ART. 27
DO CDC. HIPÓTESE DE ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA E NÃO DE DANO CAUSADO POR FATO DO SERVIÇO OU
DO PRODUTO. SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. RECURSO IMPROVIDO. (Recurso Cível
Nº 71004089934, Primeira Turma Recursal Cível - TJRS, Turmas Recursais, Relator: Lucas Maltez Kachny, Julgado em
24/09/2013)

3
Rosalvo Augusto Vieira da Silva
Juiz Relator

COJE – COORDENAÇÃO DOS JUIZADOS ESPECIAIS


TURMAS RECURSAIS CÍVEIS E CRIMINAIS

PROCESSO Nº 0110922-08.2014.8.05.0001
CLASSE: RECURSO INOMINADO
RECORRENTES: FERNANDA GONÇALVES GORDIANO E OUTRO E AUSTRÁLIA
EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA. E OUTROS
RECORRIDOS: OS MESMOS
JUIZ PROLATOR: MICHELLINE SOARES BITTENCOURT TRINDADE LUZ
JUIZ RELATOR: ROSALVO AUGUSTO VIEIRA DA SILVA

EMENTA

RECURSOS INOMINADOS SIMULTÂNEOS. COMPRA DE


IMÓVEL NA PLANTA. AÇÃO ATRAVÉS DA QUAL SE BUSCA A
RESTITUÇÃO, EM DOBRO, DOS VALORES PAGOS A TÍTULO DE
TAXA DE CORRETAGEM. SENTENÇA QUE DECRETOU A
PRESCRIÇÃO E EXTINGUIU O PROCESSO COM RESOLUÇÃO
DE MÉRITO. SEGUNDO CONSTRUÇÃO DO STJ, CENTRADA A
CAUSA DE PEDIR NA COBRANÇA INDEVIDA DE VALORES
INSERTOS EM CONTRATO, ROGANDO-SE A REPETIÇÃO DE
INDÉBITO, O PRAZO PRESCRICIONAL APLICÁVEL É DE TRÊS
ANOS, NOS TERMOS DO ART. 206, § 3º, IV DO CÓDIGO CIVIL.
MANUTENÇÃO INTEGRAL DO JULGADO, PREJUDICANDO A
ANÁLISE DO MÉRITO DO RECURSO INTERPOSTO PELOS
REQUERIDOS QUE PRETENDEM SEJA AFASTADA A REVELIA,
FACE À AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO PARA AUDIÊNCIA DE
CONCILIAÇÃO, INSTRUÇÃO E JULGAMENTO. NÃO
PROVIMENTO DO RECURSO DOS AUTORES.

ACÓRDÃO

Realizado julgamento do Recurso do processo acima epigrafado, a


QUINTA TURMA, composta dos Juízes de Direito, EDSON PEREIRA FILHO, ROSALVO
AUGUSTO VIEIRA DA SILVA e ELIENE SIMONE SILVA OLIVEIRA decidiu, à
unanimidade de votos, CONHECER ambos e considerar PREJUDICADO o recurso
interposto pelos Requeridos e NEGAR PROVIMENTO ao recurso interposto pelos
Autores, FERNANDA GONÇALVES GORDIANO E OUTRO, para confirmar, em
consequência, todos os termos da sentença hostilizada, sem condenação ao pagamento
das despesas processuais porque esta Turma Recursal tem reconhecida a
impossibilidade quando a sucumbência atinge os beneficiários de gratuidade judiciária.

Salvador, Sala das Sessões, 14 de julho de 2015.

4
JUIZ EDSON PEREIRA FILHO
Presidente

JUIZ ROSALVO AUGUSTO VIEIRA DA SILVA


Relator

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