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Código  ​(para  o  mundo  do  direito):  conjunto  de  leis;  sistematização;  regulamentação; 

normas que regem sobre determinado assunto - percepções dos alunos. 


Podemos falar que um código é uma ​lei​, uma norma; um conjunto de dispositivos que, 
normalmente,  versam  sobre  um  assunto  específico  (geralmente  é  temático).  Código  é  uma 
figura  histórica  muito  bem  definida,  fruto  da  ​modernidade  jurídica​.  A  revolução  francesa,  ao 
lado  da revolução americana, contribuem para que ele se instaure - uma das grandes rupturas 
que  ocorrem  nesse  momento  diz  respeito  ao  direito:  buscava-se  romper  com  o  “modelo 
antigo”  de  se  pensar  o  direito.  Procurava-se  desvencilhar  dele  por  dois  motivos:  (i)  a  sua 
pluralidade,  por  advir  de  vários  corpos  sociais  independentes  e; (ii) a sua administração cada 
vez  mais  unilateral  pelo  soberano  político.  A  população  em  geral  não  participava  da criação 
desse  direito.  Muda-se,  conjuntamente,  a  forma  de  se  fazer política e de se fazer o direito - a 
soberania  passa  da  figura  do  monarca  e  se  transfere  para  o  ​Parlamento​,  que  deveria 
representar  a  população.  Ou  seja,  o  direito não seria mais nem feito por diversos grupos mas 
também  não  seria  meramente  a  vontade  do  monarca  -  ela  seria  aquilo  que  os  parlamentos 
criassem como ​lei​.  
Percebe-se  uma  característica  importante: ​o direito passa a ser entendido enquanto lei​. 
Só  é  direito  aquilo  que  os  Parlamentos  emanam  como  lei.  O  direito  era  o  que  se  realizava  a 
partir  da  manifestação  desse  corpo.  Uma  das  leis  importantes  do  período  é  aquela  que,  na 
França,  extingue  as corporações de ofício - o que, na prática, remove o “corpo intermediário” 
entre indivíduo e Estado. 
Essa  transição,  de  um  caráter  mais  “horizontal”  e  plural,  para  uma  dinâmica 
verticalizada  ocorre  pela  propagação  das  ideias  iluministas.  O discurso iluminista procurava 
romper  com  a  classe  dominante  -  para  isso,  utilizavam-se  de  discursos  de  democracia, 
liberdade  e  igualdade,  enquanto  na  prática,  uma  vez  que  chegaram  a  uma  posição  de  poder, 
criam mecanismos de exclusão a outras classes. 
O  código  civil  napoleônico,  marco  importante  do  período  da  codificação,  buscava 
“revogar”  todo  o  direito  anterior  a  ele  (como  o  direito  romano,  direito  canônico,  costumes, 
etc);  ainda  que  houvesse  lacunas  em  si.  O  direito  passa  a  ser  reconhecido  como  lei  (e  nada 
além  dela).  O  direito  moderno  tem  uma  característica  importante:  a  lei  é um ​ato de vontade 
do  soberano.  A  transformação  que  se  tem  do  Antigo  Regime  para  a  modernidade  é  de  que 
essa  vontade  deixa  de  ser  de  um  indivíduo  (o  soberano) e passa a ser o de um sujeito coletivo 
(o  Parlamento).  Percebe-se,  ainda,  a  presença  do  ​jusnaturalismo  enquanto  justificador  dessa 
prática  -  a  atividade  legislativa  estaria  baseada  em  critérios  racionais,  de  juristas  que 
auxiliariam  na  construção  desses  códigos.  Isso  percebe-se  através  dos anteprojetos - versões 
preliminares,  formuladas  por  peritos  na  área  específica,  os  juristas  eram  chamados  para dar 
uma primeira versão do que pode, eventualmente, tornar-se lei. 
Em  que  pese  haja  uma  ruptura  muito  grande  no  ​modo  de  se  fazer  o  direito,  o 
conteúdo  dele  ainda  apresenta-se  como  uma  ​continuidade  -  adapta-se  o  direito  construído 
ao  modelo  legislado.  Há  uma  mudança  de  técnica,  mas o conteúdo mantém-se muito similar 
ao  anterior.  Ainda  assim,  o  direito  passa  a  fundar-se  nos  novos  valores  da  ordem  moderna: 
vida,  igualdade,  liberdade  e  propriedade.  Existe  uma  proteção  do  direito  por  meio  dessa  lei. 
Enquanto  os  institutos  jurídicos  pouco  mudam,  os  sujeitos  são  muito  distintos  daqueles 
existentes,  por  exemplo,  na  ordem  medieval.  Isso  implica  na  percepção  de  que  a  igualdade 
formal  existente  no  período  permitia  que  ações  materialmente  muito  desiguais  existissem. 
Isso  é,  basicamente,  a  identidade  do  ​liberalismo  filosófico  e  político  -  o  que  subverte, 
completamente,  com  a  ordem  existente  anteriormente.  Esta  é  a  base  do  direito  tal  qual  nós 
conhecemos  hoje  -  o  objetivo  do  direito  seria  o  de  tutelar  as  liberdades  dos  cidadãos,  e  o 
papel da lei é de impedir que o poder político interfira nas relações privadas. 
Esse  período  é  reconhecido  por  alguns  autores como aquele do ​absolutismo jurídico 
-  a  lei  vale  sobre  tudo  e  todos,  muitas  vezes  fazendo  com  que,  na  prática,  ignora-se  as 
desigualdades  políticas  e  sociais  existentes.  Todo  o  projeto  jurídico  da  modernidade  é  o  de 
identificar o direito com a própria lei. 

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