CÂMPUS DE DIANÓPOLIS/ TO
1
RICARDO DE SOUZA BRITO
JOÃO PAULO RODRIGUES DO CARMO
2
O presente trabalho busca apresentar os principais pontos acerca do Mandado de
Segurança, o qual trata-se de uma ação constitucional prevista no artigo 5º, inciso LXIX da
Constituição Federal, regulado mais detalhadamente na Lei 12.016 de 2009. Dessa forma,
analisando de forma clara e coesa, os referidos tópicos: Conceito; natureza da ação;
legitimação ativa e passiva; pessoas equiparadas às autoridades, para fins de mandado de
segurança; ato de autoridade judicial; ato sujeito a recurso administrativo; litisconsórcio;
assistência; pressuposto especial do mandado de segurança (direito líquido e certo);
procedimento; instrução por meio de documentos ainda não obtidos pelo impetrante; liminar;
suspensão da segurança; prazo decadencial para impetrar o mandado de segurança;
competência; desistência do mandado de segurança; sentença e coisa julgada; por fim, o
mandado de segurança coletivo.
3
CONCEITO
NATUREZA DA AÇÃO
LETIMAÇÃO ATIVA
O Mandado de Segurança é uma ação derivada que serve para resguardar Direito
líquido e certo, não amparado por Habeas Corpus ou Habeas Data, que seja negado, ou
mesmo ameaçado, por autoridade pública no exercício de atribuições do poder público. É
ação de criação eminentemente brasileira inspirada no habeas corpus. A
primeira Constituição brasileira a prever o mandado de segurança foi a de 1934, artigo 113.
Art 133 - Excetuados quantos exerçam legitimamente profissões liberais na
data da Constituição, e os casos de reciprocidade internacional admitidos em lei,
somente poderão exercê-las os brasileiros natos e os naturalizados que tenham
prestado serviço militar ao Brasil; não sendo permitido, exceto, aos brasileiros
natos, a revalidação de diplomas profissionais expedidos por institutos estrangeiros
de ensino. CF/1934.
Qualquer pessoa pode lançar mão do mandado de segurança para corrigir o ato
abusivo de agente do Poder Público, que lhe tenha ofendido direito líquido e certo. Não
importa se pessoa física ou jurídica, de direito privado ou de direito público, se brasileiro ou
estrangeiro.
O mandado de segurança enseja a participação, no pólo ativo, das mesmas pessoas
legitimadas para as causas em geral. Aplicam-se ao impetrante os mesmos direitos, deveres
5
e ônus, inclusive quanto à necessidade da representação por advogado regularmente
habilitado.
Também entidades despersonalizadas, como o espólio, a massa falida e o condomínio,
legitimam-se, quando dotadas de personalidade formal para o processo, ao exercício do
mandado de segurança, se o patrimônio que representam vier a ser ofendido por abuso de
autoridade. Até mesmo organismos de direito público sem personalidade jurídica podem se
defender por meio da ação mandamental, se agirem na defesa de suas prerrogativas
institucionais, quando violadas por outros entes da organização do Poder Público. É o caso,
v.g., da Presidência da República e a Câmara dos Deputados, do Prefeito e a Câmara de
Vereadores, da Mesa do Senado ou da Câmara, do Governador e a Assembleia, dos Tribunais
e do Ministério Público etc.
Quando o direito ameaçado ou violado couber a várias pessoas, não se impõe um
litisconsórcio ativo necessário para sua tutela em juízo, por via do mandado de segurança.
Qualquer um dos cotitulares poderá impetrá-lo singularmente. Se resolverem fazê-lo em
conjunto, o litisconsórcio ativo será apenas facultativo (Lei nº 12.016, art. 1º, § 3º).
Art. 1o Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido
e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente
ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou
houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e
sejam quais forem as funções que exerça.
§ 3o Quando o direito ameaçado ou violado couber a várias pessoas,
qualquer delas poderá requerer o mandado de segurança.
LEGITIMIDADE PASSIVA
Dispõe o art. 1º, da Lei nº 12016/09, que o mandado de segurança é concedido contra
conduta de autoridade que tenha cometido abuso de poder em desfavor do direito do
impetrante. O artigo 6º, da Lei do mandado de segurança, exige que, na petição inicial, o
impetrante identifique tanto a autoridade coatora, quanto a pessoa jurídica a que o agente do
ato impugnado se acha integrado. Há simplesmente possibilidade de dois órgãos diferentes da
mesma pessoa jurídica atuarem em seu nome, em caráter eventual, e por pura conveniência do
único sujeito passivo da ação. É por isso que o primeiro órgão recebe a citação e o segundo
apenas é intimado da impetração.
Não é sujeito passivo quem exerce o poder normativo, por meio de edição de leis,
decretos, entre outros; pois em regra, não cabe mandado de segurança contra lei.
Disciplina o art. 6º, §3º, da Lei 12016/09 que: “considera-se autoridade coatora aquela que
tenha praticado o ato impugnado ou da qual emane a ordem para a sua prática.
Em regra, não caberia mandado de segurança contra decisão judicial, em razão de existir
recurso próprio para o caso. Porém, se o ato do juízo é impassível de recurso, ou se o recurso
não é dotado de efeito suspensivo, que evite o ato abusivo, poderá a pessoa violado no receio
de sofrer tal violação, impetrar mandado de segurança.
O artigo 5º, inciso I, da Lei nº 12016/09, estabelece que o mandado de segurança não
será concedido quando se tratar de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito
suspensivo, independentemente de caução.
LITISCONSÓRCIO
É possível a formação de litisconsórcio, tanto ativo como passivo, em mandado de
segurança. O litisconsórcio ativo é, em regra facultativo, podendo, vários atingidos
individualmente por um mesmo ato administrativo reunirem-se para a propositura de um writ
comum (Lei nº 12.016, art. 1º, § 3º).
Art. 1o Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido
e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente
ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou
houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e
sejam quais forem as funções que exerça.
§ 3o Quando o direito ameaçado ou violado couber a várias pessoas,
qualquer delas poderá requerer o mandado de segurança.
8
Já no caso do litisconsórcio passivo é mais frequente sob a modalidade de
litisconsórcio necessário. É o que se passa quando o ataque do impetrante se dirige contra ato
da administração que gerou situação jurídica em favor de outrem. Ao pretender desconstituir
tal ato, o impetrante está atuando não apenas contra o agente da Administração, mas
igualmente contra o particular que se aproveitou do seu ato. É impossível, na sistemática
processual, esse tipo de desconstituição, sem que todos os sujeitos interessados participem da
relação processual (CPC, art. 114).
Art. 114. O litisconsórcio será necessário por disposição de lei ou quando,
pela natureza da relação jurídica controvertida, a eficácia da sentença depender da
citação de todos que devam ser litisconsortes.
Por isso, “extingue-se o processo de mandado de segurança se o impetrante não
promove, no prazo assinado, a citação do litisconsorte passivo necessário, conforme a Súmula
nº 631 do STF). Incide plenamente, na espécie, a sanção prevista no parágrafo único do art.
115 do CPC. Senão, vejamos:
Súmula 631 - Extingue-se o processo de mandado de segurança se o impetrante
não promove, no prazo assinado, a citação do litisconsorte passivo necessário.
9
DIREITO LÍQUIDO E CERTO
PROCEDIMENTO
A propositura da ação se inicia por meio da petição inicial, apresentada em duas vias e
acompanhada obrigatoriedade da prova pré-constituída.
Após a propositura da ação, a autoridade coatora é notificada, e terá 10 (dez) dias para
prestar suas informações (art. 7º, inciso I, da Lei do mandado de segurança). Nesta
oportunidade, é intimada (dar ciência) a pessoa jurídica a quem vincula o coator, para que,
querendo, ingresse no feito. Tal intimação é feita se prazo, facultando a administração,
intervir no processo, a qualquer tempo ou fase do processo, respeitadas, as etapas processuais
vencidas e preclusas.
Da sentença que denegar ou conceder a segurança caberá recurso de apelação (art. 14,
caput, Lei do mandado de segurança). Da sentença que conceder, caberá remessa necessária
(duplo grau de jurisdição).
10
Cabe salientar que, se procedente a ação, a apelação não possuirá efeito suspensivo,
portanto, é cabível a execução provisória do pedido, salvo nos casos que vetarem o
cumprimento provisório da ação.
11
§ 2o Se a autoridade que tiver procedido dessa maneira for a própria
coatora, a ordem far-se-á no próprio instrumento da notificação.
LIMINAR
O art. 7º, III, da Lei nº 12.016 autoriza o juiz a conceder, in limine litis, medida liminar
para suspender o ato impugnado. Observemos:
Art. 7o Ao despachar a inicial, o juiz ordenará:
III - que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido, quando houver
fundamento relevante e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida,
caso seja finalmente deferida, sendo facultado exigir do impetrante caução, fiança
ou depósito, com o objetivo de assegurar o ressarcimento à pessoa jurídica.
Dois são os requisitos legais para obter-se a medida, que participa da natureza da
antecipação de tutela: relevância da fundamentação do mandado de segurança e o risco de
ineficácia da segurança, se afinal vier a ser deferida. A natureza da medida autorizada pelo
referido dispositivo legal é de típica antecipação de tutela. A suspensão do ato impugnado
antecipa, com efeito, se não inteiramente, pelo menos em parte, o resultado material esperado
da solução final do mérito da causa.
A medida liminar, no mandado de segurança individual, é sempre deferível inaudita
altera parte, i.e., sua concessão ocorre no despacho da inicial, antes, pois, da notificação e
resposta da autoridade coatora. Já no coletivo, o juiz somente pode conceder a suspensão
liminar do ato impugnado após a audiência do representante judicial da pessoa jurídica de
direito público, que deverá se pronunciar no prazo de 72 (setenta e duas) horas (Lei nº 12.016,
art. 22, § 2º).
Art. 22. No mandado de segurança coletivo, a sentença fará coisa julgada
limitadamente aos membros do grupo ou categoria substituídos pelo impetrante.
§ 2o No mandado de segurança coletivo, a liminar só poderá ser
concedida após a audiência do representante judicial da pessoa jurídica de direito
público, que deverá se pronunciar no prazo de 72 (setenta e duas) horas.
Fala-se que a liminar seria “ato de livre arbítrio do juiz” e se inseriria na sua “livre
convicção e prudente arbítrio”. No entanto, as medidas de urgência, sejam cautelares ou
antecipatórias, integram a tutela jurisdicional como condição de sua efetividade. À parte,
quando presentes os requisitos legais, tem direito subjetivo a elas, como parcelas integrantes
do direito cívico de ação. Não é por favor ou benemerência do juiz que ditas providências são
12
deferidas, mas porque correspondem a direito do litigante, que o órgão jurisdicional não pode
ignorar e muito menos denegar.
Existe casos em que a lei veda a concessão de liminar nas ações de segurança. Estão
eles elencados no § 2º do art. 7º da Lei nº 12.016, vejamos:
Art. 7o Ao despachar a inicial, o juiz ordenará:
§ 2o Não será concedida medida liminar que tenha por objeto a
compensação de créditos tributários, a entrega de mercadorias e bens provenientes
do exterior, a reclassificação ou equiparação de servidores públicos e a concessão
de aumento ou a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza.
SUSPENSÃO DA SEGURANÇA
PRAZO DECADENCIAL
COMPETÊNCIA
15
representação no Congresso Nacional; organização sindical; entidade de classe ou associação
legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses
de seus membros os associados.
O objeto dessa presente ação, é a proteção de direito líquido e certo, não amparado por
habeas corpus e habeas data, contra atos ilegais ou abusivos, com intuito de preservar ou
reparar interesses transindividuais.
Os direitos coletivos compreendem que existem uma natureza indivisível, dos quais
seja titular, grupo ou categoria de pessoas ligadas entre si.
16
A luz dos argumentos apresentados, observamos que o Mandado de Segurança é uma
ação jurídica utilizada para proteger um direito que tenha sido violado ou que esteja sob
ameaça por um abuso de poder praticado por uma autoridade pública. O mesmo visa garantir
um direito líquido e certo do indivíduo. Neste sentido, a referida ação é conhecida ainda como
uma “ação mandamental”, sendo considerada um remédio constitucional. O mandado de
segurança está previsto na Constituição como um direito fundamental. Além disso, possuí
uma lei própria que define a sua aplicação (Lei nº12.016/09), conhecida como Lei do
Mandado de Segurança.
17
BIBLIOGRAFIA
THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil - volume II. 50 ed.
Rio de Janeiro: Forense, 2016.
BRASIL. Código de Processo Civil. 1. ed. São Paulo: Revistas do Tribunais, 2015.
18