Portal Educação
CURSO DE
INTERPRETAÇÃO DE EXAMES
LABORATORIAIS
Aluno:
AN02FREV001/REV 4.0
CURSO DE
INTERPRETAÇÃO DE EXAMES
LABORATORIAIS
MÓDULO I
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição
do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.
AN02FREV001/REV 4.0
SUMÁRIO
MÓDULO I
1 NOÇÕES PRELIMINARES
1.1 OBJETIVOS
2 COLETA DE MATERIAL BIOLÓGICO
2.1 SANGUE
2.2 URINA
2.3 FEZES
2.4 LÍQUOR
2.5 ESPERMA
2.6 SECREÇÕES EM GERAL
3 VARIÁVEIS ANALÍTICAS
3.1 VARIÁVEIS PRÉ-ANALÍTICAS
3.2 VARIÁVEIS ANALÍTICAS
3.2 VARIÁVEIS PÓS-ANALÍTICAS
4 CONTROLE DE QUALIDADE
MÓDULO II
5 EXAME DE URINA
5.1 TÉCNICA E INTERPRETAÇÃO
5.2 AVALIAÇÃO DA AMOSTRA
6 ANÁLISE FÍSICA
6.1 DENSIDADE
6.2 ASPECTO
6.3 COR
6.4 PH
7 ANÁLISE QUÍMICA QUALITATIVA
AN02FREV001/REV 4.0
7.1 CORPOS CETÔNICOS
7.2 BILIRRUBINAS
7.3 UROBILINOGÊNIO
7.4 HEMOGLOBINA
7.5 GLICOSE
7.6 NITRITO
7.7 PROTEÍNAS
8 ANÁLISE MICROSCÓPICA DO SEDIMENTO
8.1 CÉLULAS EPITELIAIS
8.2 HEMÁCIAS
8.3 LEUCÓCITOS
8.4 CRISTAIS
8.4.1 Cristais Normais
8.4.2 Cristais Anormais
8.5 CILINDROS
8.6 BACTÉRIAS
8.7 MUCO
8.8 LEVEDURAS
8.9 PARASITAS
8.10 ESPERMATOZOIDES
8.11 CÁLCULOS RENAIS
8.12 ARTEFATOS
9 PARASITOLOGIA
9.1 NOÇÕES GERAIS
9.2 MÉTODOS PARA DETECÇÃO DE PARASITAS NAS FEZES
9.2.1 Exame Macroscópico
9.1.2 Simples Observação
9.2.3 Tamisação
9.3 IDENTIFICAÇÃO DE PROGLÓTIDES DE TAENIA
9.3.1 Método do Ácido Acético Glacial
9.3.2 Método de Campos
9.4 DIRETO
9.4.1 Exame Direto para a Pesquisa de Ovos de Helmintos
AN02FREV001/REV 4.0
9.5 TÉCNICAS DE CONCENTRAÇÃO
9.5.1 Flutuação Simples
9.5.2 Centrífugo-Flutuação
9.5.2.1 Material fecal fresco
9.5.2.2 Material fecal preservado pela solução de formaldeído
9.5.3 Técnica de Sedimentação
9.5.3.1 Sedimentação espontânea em água
9.5.3.2 Centrífugo-Sedimentação: Centrífugo-Sedimentação pela Formalina-Éter
9.6 MÉTODOS QUANTITATIVOS
9.6.1 Método Modificado de Kato-Katz
9.7 MÉTODOS PARA ISOLAMENTOS DE LARVAS
9.7.1 Método de Baermann (1917) e Moraes (1948)
9.7.2 Método de Rugai, Mattos & Brisola (1954)
9.8 MÉTODO DE GRAHAM (TESTE DA FITA ADESIVA/GOMADA)
10 PESQUISA DE ELEMENTOS ANORMAIS NAS FEZES
10.1 PESQUISA DE GORDURA FECAL
10.2 PESQUISA DE LARVAS
10.3 PESQUISA DE ROTAVÍRUS
10.4 PESQUISA DE SANGUE OCULTO
10.5 PESQUISA DE TROFOZOIDES
11 ALGUNS PARASITOS DE IMPORTÂNCIA MÉDICA
11.1 GIARDIA LAMBLIA
11.2 ASCARIS LUMBRICOIDES
11.3 ENTAMOEBA HYSTOLYTICA
11.4 STRONGYLOIDES STERCORALIS
11.5 SCHISTOSOMA MANSONI
11.6 ANCYLOSTOMA DUODENALE
11.7 ENTEROBIUS VERMICULARIS
11.8 TAENIA SOLIUM E TAENIA SAGINATA
AN02FREV001/REV 4.0
MÓDULO III
12 HEMATOLOGIA
12.1 NOÇÕES GERAIS
12.2 COMPOSIÇÃO DO SANGUE
12.3 HEMATOPOIESE
12.4 HEMOGRAMA
12.4.1 Técnicas para Realização do Hemograma
12.4.2 Técnica Manual para Realização do Hemograma
12.4.3 Automação na Realização do Hemograma
12.4.4 Princípios dos Equipamentos Automatizados
13 ANÁLISE DO HEMOGRAMA
13.1 O LAUDO DO HEMOGRAMA
13.1.1 Eritrograma
13.1.2 Leucograma
13.1.3 Plaquetograma
13.2 OS VALORES DE REFERÊNCIA DO HEMOGRAMA
14 ALTERAÇÕES NO HEMOGRAMA
14.1 ERITRÓCITOS
14.2 HEMOGLOBINA
14.2.1 Anemia
14.2.1.1 Anemia pós-hemorrágica
14.2.1.2 Anemia ferropriva
14.2.1.3 Hemoglobinopatias
14.2.1.4 Talassemias
14.2.1.5 Anemia sideroblástica
14.2.1.6 Anemia das doenças crônicas (ADC)
14.2.1.7 Anemia por produção deficiente de eritropoetina
14.2.1.8 Anemia por síntese defeituosa de nucleoproteínas
14.2.1.9 Anemia por falta de precursores
14.2.1.10 Anemia hemolítica
14.3 HEMATÓCRITO
AN02FREV001/REV 4.0
14.4 ÍNDICES HEMATIMÉTRICOS
14.4.1 Volume Corpuscular Médio (VCM)
14.4.2 Hemoglobina Corpuscular Média (HCM)
14.4.3 Concentração De Hemoglobina Corpuscular Média (CHCM)
14.4.4 Red Cell Distributions Width (RDW)
14.5 ALTERAÇÕES MORFOLÓGICAS DOS ERITRÓCITOS
14.5.1 Alterações com relação ao tamanho
14.5.2 Alterações com relação à coloração
14.5.3 Alterações com relação à forma/coloração
14.5.4 Inclusões e outras variações das hemácias
14.6 LEUCÓCITOS
14.6.1 Morfologia dos Leucócitos
14.6.2 Aspectos Gerais das Alterações Leucocitárias
14.6.3 Neutrófilos
14.6.4 Eosinófilos
14.6.5 Basófilos
14.6.6 Linfócitos
14.6.7 Monócitos e Macrófagos
14.6.8 Alterações dos Leucócitos
15 PLAQUETAS
16 VELOCIDADE DE HEMOSSEDIMENTAÇÃO (VHS)
17 RETICULÓCITOS
18 FRAGILIDADE OSMÓTICA DAS HEMÁCIAS
19 TESTE DE FALCIZAÇÃO DAS HEMÁCIAS
20 TESTE DE COOMBS DIRETO
21 TESTE DE COOMBS INDIRETO
22 DETERMINAÇÃO DO GRUPO SANGUÍNEO
23 PESQUISA DE CÉLULAS LE
AN02FREV001/REV 4.0
MÓDULO IV
24 IMUNOLOGIA
24.1 PRINCÍPIOS
24.2 PRINCIPAIS CÉLULAS DO SISTEMA IMUNE (RESPOSTA CELULAR)
24.2.1 Linfócitos B
24.2.2 Linfócitos T
24.2.3 Células Naturais Killer (NK)
24.2.4 Macrófagos
24.2.5 Mastócitos
24.3 PRINCIPAIS MOLÉCULAS DO SISTEMA IMUNE (RESPOSTA HUMORAL)
24.3.1 Anticorpos
24.3.2 Sistema Complemento
24.3.3 Citocinas
24.3.3.1 Interferons (IFN)
24.3.3.2 Interleucinas (IL)
24.3.3.3 Fatores Estimuladores de Colônia (CSF)
25 ENSAIOS IMUNOLÓGICOS
25.1 FATOR REUMATOIDE
25.2 VDRL (LUES)
25.3 ASLO (ANTIESTREPTOLISINA “O”)
25.4 BRUCELOSE
25.5 DOENÇA DE CHAGAS
25.6 PROTEÍNA C REATIVA
25.7 MONONUCLEOSE INFECCIOSA
25.8 EPSTEIN-BARR VÍRUS
25.9 PPD (PROTEÍNA PURIFICADA DERIVADA)
25.10 HIV
25.11 HTLV I/II
25.12 TOXOPLASMOSE
25.13 CITOMEGALOVÍRUS
25.14 RUBÉOLA
AN02FREV001/REV 4.0
25.15 HERPES SIMPLEX
25.16 HEPATITES
25.16.1 Hepatite A
25.16.2 Hepatite B
25.16.3 Hepatite C
25.16.4 Hepatite D
25.16.5 Hepatite E
25.16.6 Hepatite G
25.16.7 Hepatite por TTV
25.17 MARCADORES TUMORAIS
25.17.1 Enzimas e Proteínas
25.17.2 Glicoproteínas
25.17.3 Glicoproteínas Mucinas
25.17.4 Hormônios
25.17.5 Moléculas do Sistema Imune
25.18 DIFERENCIAÇÃO CELULAR OU CD
26 HEMOSTASIA
26.1 ANTICOAGULANTES
26.1.1 Heparinas
26.1.2 Anticoagulantes Orais (Antivitamina K)
26.2 EXAMES LABORATORIAS PARA ANÁLISE DA HEMOSTASIA
26.2.1 Tempo de Sangramento
26.2.2 Tempo de Coagulação
26.2.3 Retração do Coágulo
26.2.4 Tempo de Atividade da Protrombina (TAP)
26.2.5 Tempo de Tromboplasmina Parcial Ativada (TTPA)
26.2.6 Fibrinogênio
26.2.7 Anticoagulante Lúpico
26.2.8 Resistência à Proteína C Ativada
26.2.9 Proteína S
AN02FREV001/REV 4.0
MÓDULO V
27 BIOQUÍMICA
27.1 PRINCÍPIOS
27.2 ANALITOS DE INTERESSE
27.2.1 Glicose
27.2.2 Teste de Tolerância Oral à Glicose (TTOG)
27.2.3 Triagem Gestacional
27.2.4 Hemoglobina Glicada
27.2.5 Frutosamina
27.2.6 Proteínas Totais e Frações
27.2.7 Eletroforese de Proteínas
27.2.7.1 Padrões típicos de eletroforese
27.2.7.2 Eletroforese da urina
27.2.7.3 Eletroforese do liquor
27.2.7.4 Eletroforese da hemoglobina
27.2.8 Creatinina
27.2.9 Clearance de Creatinina
27.2.10 Cistatina C
27.2.11 Ureia
27.2.12 Perfil Lipídico
27.2.12.1 HDL-colesterol
27.2.12.2 LDL-colesterol
27.2.12.3 VLDL-colesterol
27.2.12.4 Triglicerídeos
27.2.12.5 Lipase
27.2.12.6 Valores de referência
27.2.13 Ácido Úrico
27.2.14 Aspartato Aminotransferase (AST/TGO)
27.2.15 Alanina Amino Transferase (ALT/TGP)
27.2.16 Gama Glutamil Transpeptidase (GGT)
27.2.17 Fosfatase Alcalina
AN02FREV001/REV 4.0
27.2.18 Bilirrubinas
27.2.19 Amilases
27.2.20 Desidrogenase Lática (LDH)
27.2.21 Colinesterase
27.2.22 Creatinoquinase (CK)
27.2.23 Sódio (Na+)
27.2.24 Potássio (k+)
27.2.25 Magnésio (Mg++)
27.2.26 Cálcio (Ca++)
27.2.27 Cloro (Cl-)
27.2.28 Fósforo (P)
27.2.29 Ferro
27.2.30 Troponinas
27.2.31 Gasometria Arterial
27.2.32 Teste do Pezinho
28 HORMÔNIOS
28.1 INSULINA
28.2 TSH
28.3 TBG
28.4 T3 TOTAL
28.5 T3 LIVRE
28.6 T4 TOTAL
28.7 T4 LIVRE
28.8 HORMÔNIO LUTEINIZANTE (LH)
28.9 HORMÔNIO FOLÍCULO-ESTIMULANTE (FSH)
28.10 ESTRADIOL
28.11 ESTRIOL
28.12 ESTRONA
28.13 HORMÔNIO DO CRESCIMENTO (GH)
28.14 PROGESTERONA
28.15 PROLACTINA
28.16 RENINA
28.17 ANTÍGENO PROSTÁTICO (PSA)
AN02FREV001/REV 4.0
28.18 TESTOSTERONA
28.19 DEIDROEPIANDROSTERONA (DHEA)
28.20 ACTH
28.21 CORTISOL
28.22 BETA-HCG
MÓDULO VI
29 MICROBIOLOGIA
29.1 NOÇÕES GERAIS
30 PRINCIPAIS MÉTODOS DE COLORAÇÃO
30.1 HIDRÓXIDO DE POTÁSSIO (KOH)
30.2 TINTA DA CHINA (TINTA NANQUIM)
30.3 COLORAÇÃO DE GRAM
30.4 MÉTODO DE ZIEHL-NEELSEN
30.5 PESQUISA DE BAAR POR AURAMINA
30.6 MICROSCOPIA DE CAMPO ESCURO
31 CULTURA
31.1 CULTURA DE URINA (UROCULTURA)
31.2 CULTURA DE MATERIAL DO TRATO GENITURINÁRIO
31.3 CULTURA DE FEZES (COPROCULTURA)
31.4 CULTURA DE MATERIAL DO TRATO RESPIRATÓRIO SUPERIOR
31.5 CULTURA DE MATERIAL DO TRATO RESPIRATÓRIO INFERIOR
31.6 CULTURA DE MICOBACTÉRIAS
31.7 CULTURA DE ANAERÓBIOS
31.8 CULTURA DE SECREÇÕES, ABCESSOS, TECIDO SUBCUTÂNEO,
FRAGMENTO DE TECIDOS E BIÓPSIAS
31.9 HEMOCULTURA
31.10 CULTURA DE LIQUOR
31.11 CULTURA DE OUTROS LÍQUIDOS BIOLÓGICOS
31.12 CULTURA DE FUNGOS
32 ANTIBIOGRAMA OU TESTE DE SENSIBILIDADE A ANTIBIÓTICOS (TSA)
32.1 QUALITATIVO
AN02FREV001/REV 4.0
32.2 QUANTITATIVO
32.3 SELEÇÃO DE ANTIBIÓTICOS
32.4 ALGUNS EQUIPAMENTOS AUTOMATIZADOS DE IDENTIFICAÇÃO DE
DETERMINAÇÃO DA CIM
33 ESPERMOGRAMA
33.1 INTERPRETAÇÃO DOS NOVOS PARÂMETROS DE MOTILIDADE
33.2 PARÂMETRO ESTRITO (KRUGER)
33.3 ÁCIDO CÍTRICO
33.4 FRUTOSE
34 LÍQUIDO CEFALORAQUIDIANO – LCR/LIQUOR
34.1 EXAME MICROSCÓPICO
34.2 EXAME BIOQUÍMICO
34.3 EXAME CITOLÓGICO
35 OUTRAS AVALIAÇÕES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AN02FREV001/REV 4.0
MÓDULO I
1 NOÇÕES PRELIMINARES
1.1 OBJETIVOS
AN02FREV001/REV 4.0
14
2 COLETA DE MATERIAL BIOLÓGICO
2.1 SANGUE
AN02FREV001/REV 4.0
15
A obtenção do sangue é feita basicamente de três maneiras: punção
venosa, punção arterial e punção de pele, porém a grande maioria das análises é
feita após punção venosa, por sua facilidade de obtenção, uma vez que as artérias
são mais profundas e doloridas para o paciente e a punção de pele não permite
obtenção de grandes volumes.
A punção arterial é utilizada apenas para dosagens de gases sanguíneos,
também chamada gasometria, uma vez que a composição dos gases sanguíneos
varia consideravelmente entre artérias e veias. A punção de pele raramente é
utilizada, sendo muito comum para testes de glicose em aparelhos de uso pessoal
em diabéticos, algumas determinações de grupo sanguíneo, etc.
Como já foi dito, a amostra de sangue recomendada para análises
laboratoriais é a amostra venosa e para tal pode-se puncionar qualquer veia do
corpo e as preferidas são as veias do antebraço:
* Veia Basílica
* Veia Mediana
* Veia Radial
Uma observação importante é com relação ao “Teste do Pezinho”, que
posteriormente será abordado. A amostra de sangue coletada pode ser obtida por
punção venosa, não sendo necessária a punção no calcanhar do bebê. Tal
procedimento é algumas vezes escolhido pela quantidade de sangue a ser coletada,
já que a punção no calcanhar, além de mais dolorida, pode ser insuficiente para a
realização de todos os testes (preenchimento dos espaços no cartão-teste).
A punção não deve ser realizada no braço ou lado em que a paciente
realizou mastectomia (retirada do seio) ou onde o paciente recebeu uma infusão
intravenosa recentemente (soro, etc.). O mais importante em uma coleta de sangue
é que a mesma seja realizada sem traumatismos para se evitar a hemólise ou
coagulação do sangue, pois em algumas análises tais eventos interferem nos
resultados.
Nunca se deve aplicar “tapinhas” no local a ser puncionado. Tal
procedimento era utilizado para facilitar a palpação da veia, porém acarreta sérios
problemas como hemólise e em idosos portadores de ateroma (placas de gordura
nas veias) pode ocorrer o deslocamento das placas e causar graves problemas. A
AN02FREV001/REV 4.0
16
assepsia deve ser realizada utilizando algodão embebido em álcool 70% em sentido
único: de cima para baixo ou de baixo para cima.
O garroteamento é utilizado apenas para facilitar a punção, pois se aumenta
a pressão de retorno venoso no braço fazendo com que as veias se encham de
sangue e possam ser mais facilmente puncionadas. O garroteamento prolongado
leva a uma hemoconcentração de todos os elementos do sangue, refletindo em
resultados falsamente elevados e, para evitá-la, deve-se garrotear o braço do
paciente por não mais que um minuto.
A coleta deve ser realizada mediante uso de seringas e agulhas
descartáveis ou mais apropriadamente com tubos a vácuo (os tubos possuem vácuo
próprio para aspiração de volumes determinados de sangue além de
anticoagulantes próprios para cada dosagem). Outra grande vantagem na coleta a
vácuo é a eliminação do processo de transferência do sangue da seringa para o
tubo de realização dos testes.
AN02FREV001/REV 4.0
17
FIGURA 3 - CENTRÍFUGA DE LABORATÓRIO
AN02FREV001/REV 4.0
18
Plasma: O sangue é colhido com anticoagulante, homogeneizado e então
centrifugado, o sobrenadante é o plasma. O material recebe nomenclaturas
diferentes de acordo com tipo de anticoagulante utilizado: Plasma citratado (plasma
obtido após tratamento com o anticoagulante Citrato), Plasma heparinizado (plasma
obtido após tratamento com Heparina), etc. Em tubos de coleta a vácuo, os
anticoagulantes já estão preparados e são vendidos prontos para uso (no interior do
tubo de coleta e na concentração própria para o volume de sangue a ser coletado).
Existe uma padronização dos tubos de coleta, independentemente da marca, com
relação ao anticoagulante presente no seu interior, sendo que a diferenciação é feita
pela cor da tampa do tubo. Os mais utilizados são:
Sorologia
Gel separador com ativador de
e Vidro ou Plástico
coágulo
Bioquímica
Coagulação Vidro
Citrato de Sódio
Sorologia
Siliconizado sem
e Vidro ou Plástico
anticoagulante
Bioquímica
Bioquímica
Heparina
e Vidro
Sódica
Imunologia
Fluoreto de
Bioquímica Vidro ou Plástico
sódio + EDTA
Fonte: Greiner Bio-One Brasil. Disponível em: <www.gbo.com>. Acesso em: 26 jan. 2010.
AN02FREV001/REV 4.0
19
2.2 URINA
AN02FREV001/REV 4.0
20
deve ser refrigerada, nunca congelada, para garantir sua melhor preservação. Além
de estar claramente identificada e ser colhida em recipiente adequado.
AN02FREV001/REV 4.0
21
procedimentos para a coleta de Urina Tipo I, como higiene e desprezar o primeiro
jato, não são aplicadas nestas análises.
Em crianças pode-se coletar a urina em coletores de plástico próprios e
estéreis. Em casos extremos utiliza-se também a coleta por punção suprapúbica,
quando a urina é aspirada diretamente da bexiga.
2.3 FEZES
AN02FREV001/REV 4.0
22
Existem outros exames realizados nas fezes, porém o mais conhecido é o
parasitológico, em que são pesquisadas formas diversas de parasitas que causam
doenças em humanos. Alguns observados no exame não causam doenças, porém,
devem ser relatados, pois refletem o contato do paciente com alimentos, água, entre
outros itens contaminados e indicam uma maior possibilidade de infecção futura por
outros parasitas.
Dentre os outros exames realizados nas fezes está a pesquisa de sangue
oculto e para tal exame devem ser observadas rigorosamente as seguintes
instruções durante três dias que antecedem a coleta da amostra para realização do
exame:
* Não comer carnes vermelhas, cenoura, abóbora, nabos, rabanetes,
* Não utilizar medicamentos como Aspirina, Vitamina C, Ferro.
Tais recomendações ajudam a reduzir o número de resultado falso-positivo e
ao mesmo tempo providenciam a absorção de alimentos de difícil digestão,
facilitando a descoberta de lesões que possam sangrar apenas intermitentemente.
2.4 LÍQUOR
AN02FREV001/REV 4.0
23
2.5 ESPERMA
AN02FREV001/REV 4.0
24
FIGURA 8 - SWAB ESTÉRIL
AN02FREV001/REV 4.0
25
identificação apenas com relação à coloração adquirida e à forma do patógeno, bem
como a reação inflamatória local.
Uma forma mais adequada para identificar especificamente a bactéria ou o
fungo causador da doença é a cultura de material biológico, que nada mais é que
cultivar o microrganismo presente no local da lesão e por meio de testes
bioquímicos, enzimáticos, sorológicos, etc. realizar sua identificação. Vale ressaltar
que a cultura de material biológico varia conforme o material a ser coletado e,
consequentemente, altera a forma de se cultivar o microrganismo, bem como sua
identificação.
Desta forma, a cultura de secreções de pele utiliza um meio de cultura, já a
secreção vaginal para bactérias outro e a cultura de secreção vaginal para fungos
outro meio e assim por diante. A nomenclatura urocultura nada mais é que a cultura
de urina e a coprocultura é usada para a cultura de fezes.
AN02FREV001/REV 4.0
26
resultado falso-positivo. A presença de bactérias no sangue, denominada
septicemia, é um quadro grave, de urgência e alguns cuidados devem ser tomados
durante a coleta.
O exame possui maior positividade nas duas semanas iniciais da doença,
devendo o ser colhido de preferência antes que o paciente tenha tomado antibiótico.
Recomenda-se a coleta de duas hemoculturas em locais diferentes (braços), não
havendo necessidade de intervalos maiores que 30 minutos entre as mesmas. Tal
procedimento é utilizado para eliminar o resultado de uma possível contaminação,
uma vez que em caso de septicemia o exame será positivo em ambas as
hemoculturas e caso haja crescimento bacteriano em apenas uma é forte indicativo
de contaminação durante a coleta.
O técnico deve lavar as mãos com água e sabão, enxaguar bem, enxugar
com papel toalha e calçar as luvas. Fazer a antissepsia de toda a área (braço) com
PVPI, por no mínimo 30 segundos. Deixar secar. Passar álcool 70%. Realizar a
coleta.
3 VARIÁVEIS ANALÍTICAS
AN02FREV001/REV 4.0
27
* Preparo do paciente: deverão ser minimizados os fatores que influenciam as
determinações analíticas e que estão relacionados à atividade do paciente ou ao
momento da coleta:
* Variações diurnas: as variações diurnas fisiológicas fazem com que exames
como a dosagem do hormônio cortisol seja bem diferente se coletada pela manhã ou
à tarde. Variações menos significativas são observadas na dosagem de ferro sérico
e no hemograma.
* Exercícios: a realização de atividades físicas anteriormente à coleta eleva as
dosagens de Lactato, Creatina Quinase (CPK), TGO e LDH.
* Jejum: o não cumprimento do jejum mínimo de oito horas interfere em vários
exames, com destaque para as dosagens de Glicose e Triglicérides. Jejum muito
prolongado (48 horas) eleva a concentração de bilirrubina sérica e após 72 horas o
organismo não é mais capaz de manter a concentração plasmática de glicose.
* Dieta: a alimentação rica em gordura eleva os resultados de potássio,
triglicérides e fosfatase alcalina, já uma dieta rica em proteínas eleva a concentração
de ureia, amônia e uratos.
* Consumo de álcool: o uso de etanol eleva as taxas de lactato, urato,
triglicérides, Colesterol HDL, GamaGT e o VCM (volume corpuscular médio).
* Tabagismo: o hábito de fumar eleva a concentração de hemoglobina,
eritrócitos, leucócitos e o VCM.
* Ingestão de drogas: diversos medicamentos interferem no resultado dos
exames.
* Posição no momento da coleta: o volume de sangue em um adulto em pé é
cerca de 600-700 mL menor que em posição deitada.
* Garroteamento: o garroteamento maior que um minuto eleva a concentração
de lactato, enzimas séricas, proteínas, colesterol, sódio, potássio, cálcio e
triglicérides.
* Estresse e ansiedade: causam a elevação de lactato e leucócitos.
AN02FREV001/REV 4.0
28
As variáveis analíticas são todas aquelas relacionadas à análise
propriamente dita e dentre as mais importantes estão:
* Coleta inadequada: a hemólise ou coagulação do sangue durante a coleta
resulta em uma série de alterações que impossibilitam a realização de determinados
exames. Por exemplo: a concentração de íons potássio no interior das células é
maior que no interstício e com a hemólise (rompimentos dos eritrócitos) tem-se um
aumento considerável na dosagem de potássio sérico. De maneira geral, a maioria
das interferências observadas ocorre devido à presença de hemoglobina (hemólise
causada por dificuldade na coleta), lipemia (elevada concentração de gordura no
sangue – dieta) e bilirrubina (alterações patológicas do paciente).
Essas três substâncias tem interferência direta em praticamente todos os
testes colorimétricos que tenham pico de absorção no mesmo comprimento de onda
de uma das três substâncias. Em outras palavras, os testes para dosagem de
glicose, por exemplo, cuja leitura no equipamento seja feita em um comprimento de
onda de 480 nm sofre interferência de uma eventual hemólise, uma vez que a
hemoglobina também possui um pico de absorção próximo deste comprimento de
onda. Com o avanço no desenvolvimento de novas metodologias analíticas, novos
testes estão sendo desenvolvidos, em que as leituras são realizadas em regiões
próximas à do infravermelho (600 nm ou maior), o que reduz consideravelmente a
interferência destas três substâncias nas dosagens analíticas.
AN02FREV001/REV 4.0
29
A coagulação do sangue no momento da coleta impede a realização de
todas as análises celulares, como principalmente o hemograma e análises
genéticas. Os testes de coagulação também são inviabilizados caso haja
coagulação in vitro.
* Calibração: a calibração correta dos equipamentos é o fator mais importante
de variável analítica, uma vez que um equipamento que não esteja corretamente
calibrado é um gerador de erro sistemático, já que todos os resultados liberados pelo
equipamento não serão confiáveis.
4 CONTROLE DE QUALIDADE
AN02FREV001/REV 4.0
30
na realização de um determinado exame reflete diretamente no correto diagnóstico
do paciente, bem como no adequado tratamento e acompanhamento do mesmo.
O Controle de Qualidade Total ou Garantia de Qualidade Total é um termo
genérico aplicado a vários segmentos e a definição é: “Prática que inclui todos os
esforços, procedimentos, formatos e atividades dirigidas para assegurar que uma
qualidade ou produto especificado seja alcançado e mantido”. Para que seja
alcançado é necessário controlar as variáveis pré-analíticas, analíticas e pós-
analíticas e monitorar todos os equipamentos do laboratório para obter o máximo em
precisão e exatidão, dentre outras inúmeras ações.
Para acompanhar e padronizar o CQ em Laboratórios Clínicos há diversos
órgãos que, por meio de programas de qualidade, certificam as empresas que se
adequarem aos procedimentos exigidos para obtenção de suas certificações. Dentre
as mais importantes do ramo estão a ISO 9001, Sociedade Brasileira de Análises
Clínicas (SBAC) e Sociedade Brasileira de Patologia Clínica (SBPC).
A principal ferramenta para o controle de qualidade em laboratórios é a
utilização de amostras controle. Estas amostras são produzidas e comercializadas
seguindo rigorosos critérios de qualidade e, desta forma, juntamente com as
amostras, são fornecidas bulas com valores aceitáveis de cada analito. Se, após a
análise destas amostras, o resultado obtido não for compatível com o valor
estabelecido pela empresa, deve-se realizar a manutenção/calibração do
equipamento em questão. Tais amostras devem ser analisadas, no mínimo,
diariamente no início da rotina.
O Controle Interno de Qualidade é realizado com a análise diária de
amostras controle, porém existe também o Controle Externo de Qualidade, quando
periodicamente as empresas e/ou organizações acima descritas enviam ao
laboratório amostras para serem analisadas com relação a todos os exames
realizados naquela empresa e os resultados são remetidos para diagnóstico. Após
um ano de atividade, realizando as análises das amostras do Controle Externo de
Qualidade, o laboratório é certificado, caso obtenha resultados precisos e exatos
para tal.
FIM DO MÓDULO I
AN02FREV001/REV 4.0
31