ESCOLA DE DIREITO
PASSO FUNDO
2018
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PASSO FUNDO
2018
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BANCA EXAMINADORA
___________________________________
Prof. Dr. Felipe da Veiga Dias
Faculdade Meridional - IMED – Orientador
___________________________________
Prof.
Titulação - Instituição
___________________________________
Prof.
Titulação – Instituição
4
Agradecimentos
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo trazer uma percepção crítica sobre a
construção social do ato infracional, além de fazer um debate interseccional na
definição do adolescente infrator e dos atores e das atrizes do sistema socioeducativo,
com foco na medida de internação. O marco teórico adotado pela pesquisa foi o
estudo trazido pela interseccionalidade a partir do viés criminológico crítico. A
pergunta a ser respondida pela pesquisa é: a partir da interseccionalidade existente
nas relações sociais, quais são os papéis desempenhados pelos atores e atrizes na
audiência de revisão da medida socioeducativa de internação no Rio Grande do Sul?
A pesquisa foi desenvolvida dentro de uma unidade de internação no Rio Grande do
Sul, durante o marco de tempo de março a maio de 2018, totalizando 60 audiências.
O trabalho está estruturado em duas partes. Na primeira, a partir do estudo da
criminologia crítica, será apresentado como as legislações criadas no brasil serviram
como recurso de legitimação das desigualdades de classe, gênero, sexo e raça.
Também será abordada a questão da interseccionalidade nas relações sociais,
demonstrando quais são os papéis desempenhados pelos homens brancos e negros,
pelas mulheres brancas e negras, e de que forma isso corrobora para manter o status
quo das seletividades, e para manter sempre o mesmo gênero, a mesma classe social
e a mesma raça no topo da estrutura. Na segunda parte, com o método da observação
(não) participante, predominantemente indutivo, foram coletados os dados durante a
análise das audiências de revisão da medida socioeducativa de internação. Para a
análise dos dados obtidos durante as audiências, a técnica adotada foi a teoria
fundamentada nos dados (Grounded Theory), com a utilização do software Weft-QDA.
Porém, cabe destacar que há um movimento circular em que o método indutivo vai
intercalar com o dedutivo, pois a análise dos dados vai acabar cruzando com o marco
teórico ora apresentado. Os resultados obtidos pela pesquisa mostram que há uma
verticalidade entre os atores e as atrizes na audiência e com o adolescente que teve
a sua medida avaliada/reavaliada. Além disso, mostram que é fundamental o papel
das mães dos adolescentes na sustentação do sistema socioeducativo de internação,
pois recaem sobre elas as responsabilidades de reintegrar socialmente o adolescente
internado.
ABSTRACT
The present work aims to bring a critical perception about the social construction of the
infraction act, as well as to make an debate intersectional about definition of teenage
offender the about and the actors and actresses of the socio-educational system,
focusing on law enforcement measure of hospitalization The theoretical reference
adopted by the research was the study of intersectionality based on the critical
criminological bias. The question to be answered by the research is: from the
Intersectionality existing in social relations, what roles do the actors and actresses play
in court hearing of review of the socio-educational measure of hospitalization in Rio
Grande do Sul? The research was developed within a unit of hospitalization in Rio
Grande do Sul, from March to May 2018, totaling 60 audiences. The work is structured
in two parts. In the first, from the study of critical criminology, it will be presented how
the legislations created in Brazil served as a legitimizing resource for class, gender,
sex and race inequalities. The question of intersectionality in social relations will be
addressed, the roles played by white and black men and white women, and how this
corroborates to maintain the status quo of selectivities, and to maintain the same sex,
the same class and the same race in the top of the structure. In the second part, with
the predominantly inductive (non) participant observation method, the data were
collected during the analysis of the audits of review of the socio-educational measure
of hospitalization. For the analysis of the data obtained during the hearings, the
technique adopted was Grounded Theory, using Weft-QDA software. However, it is
worth mentioning that there is a circular movement in which the inductive method
intersperses with the deductive, since the analysis of the data will eventually cross the
theoretical reference presented here. The results obtained by the research show that
there is a verticality between the actors and the actresses in the audience and with the
adolescents who had their evaluation evaluated / reevaluated. Moreover, they show
that the role of adolescent mothers in the maintenance of the socioeducative system
of hospitalization is fundamental, since they are responsible for the social reintegration
of the hospitalized adolescent.
LISTA DE GRÁFICOS
LISTA DE TABELAS
LISTA DE ABREVIATURAS
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 12
1 O PAPEL DA CRIMINOLOGIA PARA COMPREENDER A ESTRUTURA DO
SISTEMA PENAL E DO SISTEMA SOCIOEDUCATIVO NO BRASIL .................... 14
1.1 A CRIMINOLOGIA POSITIVA E A LEGISLAÇÃO BRASILEIRA: A IMPORTÂNCIA
DA RUPTURA DE PARADIGMAS PELA CRIMINOLOGIA CRÍTICA E OS AVANÇOS
LEGISLATIVOS NO BRASIL..................................................................................... 14
1.1.2 A estrutura racista do sistema penal, e consequentemente do sistema
socioeducativo........................................................................................................... 22
1.1.3 A interseccionalidade na construção social e o reflexo no sistema penal e no
sistema socioeducativo ............................................................................................. 28
2 A INTERSECCIONALIDADE NA AUDIÊNCIA DE REVISÃO DA MEDIDA
SOCIOEDUCATIVA DE INTERNAÇÃO ................................................................... 34
2.1 A MEDIDA SOCIOEDUCATIVA DE INTERNAÇÃO: O QUE É A AUDIÊNCIA DE
REVISÃO? ................................................................................................................ 34
2.1.1 A interseccionalidade na socioeducação a partir da observação (não)
participante ................................................................................................................ 38
2.1.2 Aspecto comum em todas as audiências: a verticalidade na medida
socioeducativa de internação .................................................................................... 40
2.1.3 O papel das mulheres na socioeducação .................................................... 48
2.1.4 “Cadeia” não é vida: preocupações com o futuro ............................................. 51
2.1.5 Casos sui generis ............................................................................................. 53
CONCLUSÃO ........................................................................................................... 56
Referências .............................................................................................................. 58
12
INTRODUÇÃO
e de que forma isso corrobora para manter o status quo das seletividades, e para
manter sempre o mesmo sexo, a mesma classe social e a mesma raça no topo da
estrutura. Além disso, será apresentado brevemente como o Estatuto da Criança e do
Adolescente busca responsabilizar o (a) adolescente autor (a) de ato infracional, além
de explicar o que é a audiência de revisão da medida de internação, partindo do viés
da proteção integral, utilizando de pesquisa exploratória da bibliografia.
Na segunda parte, com o método da observação (não) participante,
predominantemente indutivo, foram coletados os dados nas audiências de revisão da
medida socioeducativa de internação. Para a análise dos dados obtidos durante as
audiências, a técnica adotada foi a teoria fundamentada nos dados (Grounded
Theory), com a utilização do software Weft-QDA. A partir disso, foram criadas
categorias e subcategorias, com o intuito de agrupar informações coletadas nas
audiências. Essa técnica consiste basicamente na coleta de dados, com base
qualitativa e “o resultado desta inversão proposta pela TFD é a possibilidade de
produzir, no decorrer da própria pesquisa, uma formulação teórica a partir dos dados,
isto é, emergindo da observação” (CAPPI, 2014, p. 13). Porém, cabe destacar que há
um movimento circular em que o método indutivo vai intercalar com o dedutivo, pois
após a geração das hipóteses, haverá uma ligação com o marco teórico estabelecido,
e elas “serão testadas para conferir-lhes certa solidez” (CAPPI, 2017, p. 397).
Dito isso, cabe destacar que a presente pesquisa possui vínculo com a linha de
pesquisa da Instituição, pois denunciar e buscar formas de aprimorar o sistema
socioeducativo e as relações sociais faz parte da busca pela sustentabilidade social.
14
Essa estrutura foi determinante para as políticas criminais criadas nos países sul-
americanos, e principalmente no Brasil.
Com a abolição da escravidão em 1888, e sem o implemento pelo Estado de
ações afirmativas, a população negra foi se tornando alvo do controle estatal. No
Brasil, em 1803 tem-se o decreto nº 145 de 11 de junho, que determinava a prisão de
“mendigos válidos, vagabundos ou vadios, capoeiras e desordeiros”, lembrando que
perto de se ter a abolição da escravatura, a população negra chegava a
aproximadamente sete milhões de pessoas, já que “no censo de 1849, o Rio de
Janeiro tem a maior população escrava negra das Américas” (BATISTA, 2003, p. 39).
Além desse Decreto, tem-se a Lei 4.242, de janeiro de 1921, a qual estipulou a
maioridade penal nos 14 anos, e abriu-se caminho para a tutela de crianças e
adolescentes abandonadas e delinquentes (FLAUZINA, 2008, p. 69).
Em 1927, tem-se no Brasil o primeiro Código de Menores, com o principal viés
de tutelar crianças e adolescentes em situação de abandono ou delinquência
(BRASIL, 1927). “Conforme Mendez, a origem da justificativa de controle social sobre
as crianças e os jovens está na construção diferenciada das categorias ‘criança’ e
‘menor’ em ambos os casos objeto de incapacidade e de imposição de proteção”
(COSTA, 2005, p. 49).
Esse período é marcado principalmente pelo Estado apenas tutelar quando há
alguma situação de abandono ou de cometimento de ilícitos, não haviam políticas
públicas eficazes capaz de prevenir qualquer tipo de desamparo sofrido por crianças
e adolescentes. “Assim, se a criança não fosse nem vítima imediata, nem ofensora,
não teria como o Estado agir para protegê-la (e principalmente controlá-la)” (BUDÓ,
2013, p. 63).
“Em 1941 cria-se o Serviço de Assistência do Menor (SAM), com o objetivo de
prestar amparo social aos menores desvalidos e delinquentes, centralizando-se a
execução de uma política nacional de assistência” (BUDÓ, 2013, p. 64). O SAM tinha
como objetivo estudar as causas do abandono afetivo familiar e da delinquência
juvenil, para a partir disso criar relatórios que pudessem auxiliar os (as) menores
nessa situação (BRASIL, 1941). Esse serviço assistencial basicamente internava os
adolescentes que aparentassem ser perigosos, a partir de uma análise patriarcal de
um juiz/pai, que arbitrariamente determinava a sua segregação. Após diversas críticas
a esse serviço, por ele principalmente legitimar estudos criminológicos positivistas, no
16
Com essa distinção trazida pela nova legislação de controle somente ao (a)
adolescente pertencente à classe social mais pobre, ele funcionou como “técnica de
controle das famílias pobres no Brasil” (LIMA, 2001, p. 63). Isso demonstra o reflexo
da criminologia positiva, na qual somente relacionava o cometimento de ilícitos com a
pobreza. Houve uma culpabilização a esse grupo por sua condição de marginalização
(BUDÓ, 2013, p. 70).
Em 1979, logo após a ditadura militar e todas as consequências advindas do
seu processo, foi promulgado o novo Código de Menores, com a vigência da doutrina
da situação irregular, novamente voltado principalmente para o controle social da
criança e do adolescente pobre e negro (BATISTA, 2003). A questão da
vulnerabilidade social nesse período está atrelada principalmente à criminalização da
pobreza, construção histórica estudada também pela criminologia positiva do final do
século XIX e início do século XX.
17
Para esta escola, não importa por que alguém se torna delinquente. O
importante é saber quem define e como se define a delinquência e como se
assinala alguém como delinquente (uns em vez de outros, da mesma maneira
como umas condutas, em vez de outras, aparecem criminalizadas nos
Códigos Penais) (ANIYAR DE CASTRO, 1982, p. 79).
18
reação social, ou seja, para um ato ser considerado desviante, é necessário observar
qual a reação dada pela sociedade (BECKER, 2008, p. 24).
Além da nova definição dada ao desvio e ao desviante pela criminologia crítica,
ela ainda destacou algumas funções declaradas do sistema penal. As funções
declaradas são as de criar as normas, caracterizada como criminalização primária, o
momento de aplicação das normas (desde a fase de investigação até a sentença),
criminalização secundária, e por fim, a aplicação da pena, da medida socioeducativa,
ou da medida de segurança, a criminalização terciária (BARATTA, 2011, p. 161).
O controle social dos desvios foi dividido em duas formas: o formal e o informal.
O controle formal é exercido pelos órgãos legitimados pelo próprio Estado como a
polícia, o Poder Judiciário e o sistema penal. Como controle informal se tem a escola,
família, instituições religiosas e a mídia. O papel da mídia, aparece em pesquisas
como fundamental para o recrudescimento das medidas de controle dos adolescentes
em conflito com a lei (BUDÓ, 2013).
A forma de controle social, como a segregação do indivíduo, encontra-se
deslegitimada, uma vez que sua função declarada de combater os crimes, é ineficaz,
e ainda oculta funções não declaradas, sob atos criminosos que deixa de intervir
(ZAFFARONI, 1991, p. 28-29). No momento do primeiro ingresso no sistema penal, o
indivíduo segregado tem o estigma de desviante, e com as condições precárias dos
presídios, não há como efetivar sua reintegração social.
Hulsman é um dos autores trazidos por Zaffaroni que busca o fim do sistema
penal, identificando motivos essenciais para a sua deslegitimação. Existem outros
autores, com outras teorias que fundamentam o abolicionismo, como Thomas
Mathiesen, com preferência à teoria marxista, e Michel Foucault com uma teoria
estruturalista (ZAFFARONI, 1991, p. 98).
Entretanto, pode-se referir que existem “minimalismos como meios para o
abolicionismo, que são diferentes de minimalismos como fins em si mesmos, e de
minimalismos reformistas” (ANDRADE, 2006, p. 167-168). O minimalismo reformista
está interligado “com o princípio da intervenção mínima e o uso da prisão como última
ratio e a busca de penas alternativas a ela” (ANDRADE, 2006, p. 167-168). Esse
minimalismo estaria próximo ao eficientismo, e ao garantismo penal, defendido por
Ferrajoli (FERRAJOLI, 2010). Ao contrair o sistema penal, e restringi-lo aos crimes de
maior gravidade, não terminaria com a crise estrutural do sistema penal, isso apenas
relegitimaria as desigualdades na aplicação da lei.
Os minimalismos como meio para o abolicionismo são os modelos que partem
da deslegitimação do sistema penal, acreditam que não há possibilidade para
reestruturação desse sistema. É a máxima contração do sistema penal, para atingir o
abolicionismo, defendido por autores como Baratta e Zaffaroni (ANDRADE, 2006, p.
174).
Como grande parte da criminologia crítica restringe-se ao estudo das questões
sociais, e deslegitimantes do sistema penal, acaba-se deixando de fora grande parte
dos estudos relacionados à gênero e raça. “Quando perguntamos com quem a
Criminologia Crítica dialogou e o que a Criminologia Crítica produziu no campo das
questões raciais, temos respostas que nos falam sobre o poder da branquidade na
produção da pesquisa” (CALAZANS et al, 2016, p. 454).
Como divisor teórico, e com base na criminologia crítica, alguns escritores e
algumas escritoras buscaram compreender também a interferência do racismo e do
sexismo no sistema penal e nas relações sociais, e isso será apresentado no próximo
tópico.
Cam teria sido amaldiçoado pelo seu pai, Noé, ao afirmar que os seus filhos seriam
escravizados pelos filhos dos seus irmãos, Sem e Jafé (GOÉS, 2016; MUNANGA,
2004).
Antes de elencar as consequências trazidas pelo racismo e pela hierarquização
das raças, importante destacar o conceito do termo “raça”, que é melhor conceituado
por Munanga.
Etmologicamente, o conceito de raça veio do italiano razza, que por sua vez
veio do Latim ratio, que significa sorte, categoria, espécie. Na história das
ciências naturais, o conceito de raça foi primeiramente usado na Zoologia e
na Botânica para classificar as espécies animais e vegetais. Foi neste sentido
que o naturalista sueco, Carl Von Linné conhecido em Português como Lineu
(1707-1778), o usou para classificar as plantas em 24 raças ou classes,
classificação hoje inteiramente abandonada (MUNANGA, 2004, p. 15).
1Importante diferenciar raça de etnia, pois as raças são classificadas em branca, negra e amarela, já
a “etnia é um conjunto de indivíduos que, histórica ou mitologicamente, têm um ancestral comum; têm
uma língua em comum, uma mesma religião ou cosmovisão; uma mesma cultura e moram
geograficamente num mesmo território” (MULANGA, 2004, p. 23).
25
2 No Brasil com a promulgação da “Lei do Ventre livre”, em 1871, os filhos e as filhas de escravas
seriam considerados (as) “livres”. “É importante assinalar que, de acordo com o referido instrumento
legal, as crianças ficavam sob a tutela da mãe e de seus senhores até a idade de oito anos. Atingindo
26
Os números obtidos pela CPI, vão ao encontro do trazido por Carneiro, de que
toda essa desassistência apresentada pelo Estado à população negra, vai
desencadear um controle social seletivo e desproporcional. Isso também evidencia a
essa idade, o senhor poderia optar por uma indenização do Estado ou por explorar o trabalho da criança
até a idade de 21 anos” (FLAUZINA, 2008, p. 63).
27
deslegitimação do sistema penal, uma vez que essa é a sua função real e não
declarada.
O controle social exercido sobre os adultos negros se reproduz no sistema
socioeducativo, pois também são os adolescentes negros e pobres que acabam
sendo maioria dentro das instituições. Segundo dados do Levantamento Anual do
Sinase 56% dos adolescentes em restrição e privação de liberdade foram
considerados pardos ou negros (BRASIL, 2017).
Essa classificação de raças entre pardos e negros, estipulada pelo Instituto
Brasileiro Geográfico e Estatístico (IBGE), é duramente criticada por Carneiro. Em
seus artigos sobre miscigenação, ela irá abordar os termos que são utilizados para
não identificar a pessoa como negra, em uma forma bastante clara de branqueamento
(CARNEIRO, 2011, p. 66).
3No artigo “Negros de pele clara”, Carneiro explica como ocorreu o registro de nascimento da sua filha,
que o pai dela, branco, teve que intervir com o escrivão para que ele a reconhecesse como negra
(CARNEIRO, 2011, p. 70 – 73).
28
Um dos reflexos dessa dupla violência é constatado por Diniz (2015), pois, no
Distrito Federal, as mulheres negras são as maiores vítimas de violência doméstica.
A seletividade alcança além dos autores dos delitos, as vítimas de violência.
Além de denunciar as diversas opressões, a luta do feminismo negro está
também pelo lugar de fala da mulher negra, que durante muito tempo foi vista como
Outro do Outro4. Quando se falou em racismo, inclusive pela criminologia crítica, não
havia alcance para as opressões sofridas pela mulher negra, o foco estava sempre
voltado para o racismo estrutural contra o homem negro (RIBEIRO, 2017). A carga
histórica carregada pela mulher negra se refere a como ela é vista e representada
pela sociedade. Ela é “vista naturalmente pela sociedade como cozinheira, faxineira,
servente, trocadora de ônibus ou prostituta” (GONZALEZ, 1984, p. 226).
Além dessa visão enraizada da mulher, as mulheres negras também sentem
na pele o racismo estrutural quando são denominadas por termos pejorativos, como
é o caso do termo “mulata”.
Por conta dessa visão que foi construída a partir da escravização dos corpos
de negras e negros que a sociedade possui uma dificuldade em enxergar as mulheres
negras em cargos de poder, produzindo conhecimento e/ou teoria. Hemmings (2009)
fará uma crítica à visão eurocêntrica da história, pois somente essa história é tida
como verdadeira, mesmo que os feminismos lutem para acabar com essa visão, pois
apenas substituir as verdades não é o suficiente. Há todo um trabalho de aceitação
4Segundo o diagnóstico de Beauvoir (BEAUVOIR apud RIBEIRO, 2017, p. 36), no seu livro O segundo
Sexo, de 1949, a mulher “não é definida em si mesma, mas em relação ao homem e através do olhar
do homem” (RIBEIRO, 2017, p. 36). Grada Kilomba irá sofisticar esse conceito trazido por Beauvoir,
com a expressão “o Outro do Outro”, pois “afirma que mulheres negras, por serem nem brancas e nem
homens, ocupam um lugar muito difícil na sociedade supremacista branca por serem uma espécie de
carência dupla, a antítese de branquidade e de masculinidade” (KILOMBA apud RIBEIRO, 2017, p. 39).
30
das histórias que são contadas com um viés feminista, ou Feminist Standpoint
Theory5.
A colocação desses grupos em lugares subalternizados, dificulta a credibilidade
e a legitimidade dos grupos oprimidos (RIBEIRO, 2017, p. 63). Ribeiro afirma que essa
diversidade intelectual quebraria uma visão universal. “Uma mulher branca por conta
de sua localização social, vai experimentar gênero de uma outra forma” (RIBEIRO,
2017, p. 61). Falar sobre um contexto feminista vai ser sempre uma questão de poder
e autoridade, para determinar quais estórias predominam ou são elididas ou
marginalizadas (HEMMINGS, 2009, p. 219).
5 Conceito trazido por Patrícia Hills Collins, quem tem a tradução de “teoria do ponto de vista feminista”,
que “enfatiza menos as experiências individuais dentro de grupos socialmente construídos do que as
condições sociais que constituem esses grupos” (COLLINS, 1997, p. 9). A autora se refere que as
diversas opressões sofridas pelos indivíduos não devem ser interpretadas de forma isolada, mas sim
considerar que indivíduos pertencentes a determinados grupos partilhem experiências similares
(RIBEIRO, 2017, p. 62).
6 “O patriarcado é um sistema político modelador da cultura e dominação masculina, especialmente
contra as mulheres. É reforçado pela religião e família nuclear que impõem papeis de gênero desde a
infância baseados em identidades binárias, informadas pela noção de homem e mulher biológicos,
sendo as pessoas cisgêneras aquelas não cabíveis, necessariamente, nas masculinidades e
feminilidades duais hegemônicas. A despeito do gênero atribuído socialmente, pessoas não-cis estão
fora da identificação estética, corpórea e morfo-anatônicas instituídas” (AKOTIRENE, 2018, p. 112).
31
7O crime de aborto, previsto no artigo 124, do Código Penal, é um exemplo de benefício trazido ao
homem, pois somente a mulher é responsabilizada pela morte do feto (BRASIL, 1940). No tocante à
comunidade LGBTQI, a própria Constituição Federal de 1988, no artigo 226, parágrafo terceiro, traz
como entidade familiar apenas a união de homem e mulher (BRASIL, 1988).
32
entre homem e mulher, e legitimado pelo Estado moderno. Flauzina explica esse
fenômeno, quando informa que “o sistema penal está vocacionado para promover o
controle dos homens, desde que o Estado moderno submeteu às mulheres ao controle
masculino doméstico” (FLAUZINA, 2008, p. 113). Essa submissão entre sexos se dá
em decorrência do estado patriarcal que etiqueta a mulher como ser indefeso, e está
mais facilmente atrelada à figura de vítima do que à figura de criminosa (ANDRADE,
2012).
O controle social exercido pelo sexo masculino aqui explicitado está
relacionado ao controle da mulher branca, uma vez que a condição de mulher, como
ser feminino, foi retirada da mulher negra, devido a todo o processo de escravidão à
que ela foi submetida (FLAUZINA, 2008, p. 132). “Os níveis de criminalização de
mulheres, que começam a crescer de maneira preocupante, atingem, nesses termos,
as negras em especial, por serem elas também o alvo preferencial de um sistema
condicionado pelo patriarcalismo e o racismo” (FLAUZINA, 2008, p. 132).
No que se refere à população LGBTQI no Brasil a violência está presente no
elevado índice de homicídios sofridos por esse grupo, e que por meio dos estudos
trazidos pela interseccionalidade, será possível compreender e combater esse tipo de
violência.
8 Dispõe o artigo 108 do ECA: Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser determinada pelo
prazo máximo de quarenta e cinco dias. Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada e basear-
se em indícios suficientes de autoria e materialidade, demonstrada a necessidade imperiosa da medida
(BRASIL, 1990).
36
coleta dos dados foi o da etnografia, e esses dados quantitativos foram cruzados com
os dados qualitativos, para então serem analisados.
Para a análise dos dados obtidos durante as audiências, a técnica adotada foi
a teoria fundamentada nos dados (Grounded Theory). Para a criação e agrupamento
das categorias e das subcategorias foi utilizado o software Weft-QDA. A partir disso,
foram criadas categorias e subcategorias, com o intuito de agrupar as informações
coletadas em audiências. Essa técnica utilizada possui um caráter
predominantemente indutivo que diferente do método dedutivo, o método da indução
“prevê um outro tipo de operação cognitiva: as hipóteses são geradas a partir das
emergências da observação” (CAPPI, 2017, p. 395). É a partir da coleta dos dados
foi possível gerar as hipóteses. Porém, cabe destacar que há um movimento circular
em que o método indutivo vai intercalar com o dedutivo, pois após a geração das
hipóteses, haverá uma ligação com o marco teórico estabelecido, e elas “serão
testadas para conferir-lhes certa solidez” (CAPPI, 2017, p. 397).
Essa técnica, basicamente consiste na coleta de dados, com base qualitativa e
possui três etapas.
Inicialmente cabe referir que neste centro socioeducativo onde foi realizada a
pesquisa, estão internados apenas adolescentes do sexo masculino. No Estado do
Rio Grande do Sul existe apenas um centro socioeducativo para internação de
41
9 Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística o Rio Grande do Sul possui cerca de
8,9% da população negra, e 4,4% da população parda (lembrando que já foi desmitificado durante o
trabalho no item 1.1.2 sobre a distinção entre a população parda e negra) (BRASIL, 2007).
42
Tabela 1: Dados obtidos sobre as reavaliações e avaliações das medidas dos adolescentes.
Situação da medida Quantidade de adolescentes
Medida mantida 29 adolescentes
Progressão para ICPAE 8 adolescentes
Progressão para ICPAE caso cumprissem requisitos 6 adolescentes
Progressão para a semiliberdade 5 adolescentes
Progressão para o meio aberto (PSC e/ou LA) 4 adolescentes
Não foi possível obter resposta quanto a medida 2 adolescentes
Progressão para a semiliberdade caso cumprissem 2 adolescentes
requisitos
Medida imediatamente extinta 2 adolescentes
Progressão para ICPAE, por três meses, e após, 1 adolescente
extinção da medida
Medida extinta e transferência para o presídio 1 adolescente
Total 60 adolescentes
43
10 Prevê o artigo 42, parágrafo 2º, do SINASE: Art. 42. As medidas socioeducativas de liberdade
assistida, de semiliberdade e de internação deverão ser reavaliadas no máximo a cada 6 (seis) meses,
podendo a autoridade judiciária, se necessário, designar audiência, no prazo máximo de 10 (dez) dias,
cientificando o defensor, o Ministério Público, a direção do programa de atendimento, o adolescente e
seus pais ou responsável.
§ 2º A gravidade do ato infracional, os antecedentes e o tempo de duração da medida não são fatores
que, por si, justifiquem a não substituição da medida por outra menos grave.
44
insistirem, ele falou sobre as agressões, e sobre a agente socioeducadora que teria
provocado ele. Por ter tido essa provocação, segundo ele, ele pedalou, e com isso
iniciaram as agressões como forma de represália à pedalação11. Posteriormente ao
relato de agressão, foi mencionado pela advogada da unidade sobre ter uma sala com
as câmeras cobertas dentro da unidade, que possivelmente serviria como local de
agressão aos adolescentes.
A partir desse relato trazido pela equipe da unidade, foi possível identificar uma
violação de direitos pelos próprios agentes da unidade. Isso demonstra que as
violências estatais existentes na sociedade são reproduzidas dentro dos centros
socioeducativos, e claramente dificulta para que a medida de internação seja eficaz.
Além de ser vítima de violência, o adolescente que fora agredido se sentiu repreendido
e amedrontado e por isso não quis denunciar as agressões durante a audiência. Por
mais que tenha sido denunciada a agressão dentro da unidade, a atitude da advogada
em trazer isso à tona no momento da audiência, mostra que há uma preocupação por
parte da equipe com a integridade física dos adolescentes. E isso demonstra um ponto
positivo dentro da socioeducação.
Por fim, o último dado que revela a estrutura das audiências, é referente aos
atos infracionais que ocasionaram a internação dos adolescentes. Tendo em vista que
os atos infracionais praticados foram muito repetitivos, segue um gráfico que indica
quais são os atos infracionais praticados pelos adolescentes que tiveram suas
medidas avaliadas ou reavaliadas. Importante ressaltar, que em duas oportunidades
a pesquisadora não foi informada sobre quais foram os atos infracionais praticados.
11 Pelo colhido em audiência, o ato de pedalação seria proferir chutes/chineladas na porta, que é de
ferro, e fazer barulho como forma de demonstrar que o adolescente está “abalado” com algo.
47
0 5 10 15 20 25
Número de ocorrências
Tia
Mãe e padrasto Companheira
2% Mãe e pai
Pai Desacompanhado
13%
3%
Fonte: Elaboração própria a partir da análise das audiências.
visível esse papel também no sistema socioeducativo, uma vez que os adolescentes
do sexo masculino estão em maior número internados.
Essa categoria foi criada em decorrência dos relatos colhidos pelos atores e
pelas atrizes no que concerne ao futuro dos adolescentes que tiveram a sua medida
progredida para o meio aberto ou extinta. Dos sessenta adolescentes avaliados,
apenas quatro tiveram a sua medida extinta (TABELA 1). Esses que tiveram a medida
extinta foi verificada uma preocupação com o futuro dos adolescentes (com a exceção
de um, que a medida foi extinta e ele teve que ir para o presídio cumprir pena como
imputável).
O segundo adolescente avaliado no mês de março teve a sua medida extinta,
por ter cumprido dez meses da medida de internação. Havia praticado o ato infracional
equiparado ao crime de roubo. Durante a audiência, foi constatado pela Assistente
Social da unidade que a mãe do adolescente (que o acompanhava na audiência)
estaria com uma situação muito precária na sua residência. Por conta disso, o juiz
determinou a expedição de ofício para a Secretaria de Habitação do município do
adolescente, para verificar a moradia do reeducando. Portanto, houve uma
preocupação por parte do Poder Judiciário com a moradia do adolescente, e isso
possibilitou que fosse tomada uma atitude quanto a isso.
Esse cuidado também esteve presente em mais uma audiência do mês de
março. O interno teve a sua medida extinta após o cumprir dois anos e quatro meses
de internação. Houve muito elogios da escola, porque ele aprendeu a ler e escrever
dentro da unidade: “trajetória de vitória”. O juiz aconselhou muito o adolescente para
que ele continuasse estudando e procurasse um emprego, bem como para que ele
ficasse tranquilo na rua, para não ser preso, porque ele já tem 19 anos. O adolescente
permaneceu durante a audiência de cabeça baixa, mas quando saiu da sala se
despediu de toda a equipe e pareceu feliz.
Apesar de essa atitude dos atores conter resquícios de um viés paternalista, ao
aconselharem (ou até mesmo ameaçarem) o adolescente, houve um cuidado dentro
da unidade para que o adolescente se alfabetizasse. Atitudes como essa demonstram
a importância da Proteção Integral, pois foi possível melhorar a vida desse
adolescente, e de oportunizar melhores condições aos adolescentes internados.
Além disso, os adolescentes que estudavam receberam muitos elogios. Houve
relatos de adolescente que aprendeu a ler e a escrever dentro da unidade, e até
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essa atenção que é dada aos adolescentes, não é verificada no sistema penal. Apesar
de o sistema de justiça socioeducativo possuir grandes avanços, ainda existem
algumas lacunas, que geram discricionariedades por parte do órgão julgador, e isso
será apresentado no próximo tópico.
12Em pesquisa no sítio do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, foi encontrado apenas um caso
sobre internação domiciliar, na cidade de Uruguaiana, em 2013. A decisão do Tribunal consistiu em
suspender a execução da medida de internação, até que o adolescente tivesse condições físicas de
ser internado (BRASIL, 2013).
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internação. O ato infracional foi o equiparado ao crime de lesão corporal leve e lesão
corporal de natureza grave, com o envolvimento de quatro adolescentes. Cada
adolescente teve a decretação da medida de internação em ISPAE com a fixação de
tempo determinado. Um adolescente teve a sua medida fixada em cinco meses; outro
adolescente foi fixado o prazo de três meses; outro adolescente teve a medida de
internação aplicada no prazo de nove meses; e o último adolescente teve a medida
fixada em sete meses.
A fixação de prazo determinado para a aplicação da medida de internação não
possui previsão legal, o único prazo é de que ela não deve ultrapassar os três anos,
e deve ser revista no máximo a cada seis meses (BRASIL, 1990). Desta forma,
verificou-se que o juízo fixou o quantum de internação, equiparando o sistema penal
com o sistema socioeducativo, já que naquele sistema, o Código Penal - e as demais
leis especiais – preveem o tempo de privação de liberdade que deverá ser observado
pelo juízo (BRASIL, 1940).
Outra característica presente em duas audiências, foi feita pela promotora de
justiça ao observar a gravidade do fato antes de progredir a medida, e equiparar caso
o fato fosse praticado por um (a) adulto (a). Na audiência do mês de abril, foi imputado
ao adolescente a prática do ato infracional equiparado ao crime de lesão corporal de
natureza grave, e segundo o Código Penal, a pena máxima seria de cinco anos caso
praticado por um (a) imputável (BRASIL, 1940). Mas, mesmo que esse crime fosse
praticado por um (a) adulto (a) a pena não seria em regime fechado, caso alcançasse
os cinco anos, o (a) imputável conseguiria a fixação de pelo menos um regime
semiaberto13.
Neste caso em específico, a observação feita pela promotora foi muito bem
colocada, pois o adolescente teve a fixação de uma medida em meio fechado,
enquanto um (a) adulto (a) jamais estaria em regime fechado pela prática do mesmo
fato. A discricionariedade do juízo prejudicou o adolescente, pois violou o caráter de
13 O artigo 33, parágrafo 2º, alínea “b”, do Código penal prevê: Art. 33 - A pena de reclusão deve ser
cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto. A de detenção, em regime semi-aberto, ou aberto,
salvo necessidade de transferência a regime fechado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o mérito
do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime
mais rigoroso: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito),
poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semi-aberto;
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CONCLUSÃO
considerado sujeitos de direitos, por não ter tido o seu lugar de fala viabilizado no
momento da audiência. Ficou evidenciado também entre os atores e as atrizes a
reprodução dessa verticalidade por não possibilitar a fala do interno durante a
audiência, já que o futuro da sua medida foi decidido sem a sua presença.
Por fim, foi perceptível uma diferença positiva entre o sistema socioeducativo e
o sistema penal. Porém, essas poucas qualidades pertencentes ao sistema
socioeducativo não modificam o marco teórico aqui apresentado sobre a
deslegitimação do sistema penal e também do sistema socioeducativo. Por conta
disso, as pautas retrógradas que circundam a seara da Infância, jamais alcançariam
qualquer avanço, pois estão voltadas apenas para a reprodução de estereótipos e
para a manutenção da estrutura racista, sexista e classista dos sistemas. Enquanto o
olhar interseccional estiver afastado das pautas legislativas, e da própria sociedade,
não será possível compreender a estrutura dos sistemas, e tampouco será possível
modificá-la.
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