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LEVY-BRUHL, Lucien. O sentido sociológico do


sentimento de participação. [Tradução de Mauro
Guilherme Pinheiro Koury]. RBSE, 10 (28): 192-194
ISSN 1676-8965, abril de 2011. http://www.cchla.
ufpb.br/rbse/Index.html

O sentido sociológico do sentimento de


participação1

Lucien Lévy-Bruhl
Tradução de Mauro Guilherme Pinheiro Koury

O que complica o problema aqui proposto, para mim,


por um lado, é que não é uma tese a se estabelecer ou
provar, mas, apenas, estados e tendências para descrever
o mais fielmente possível, e, por outro lado, eu não
possuo um bom vocabulário para esta descrição.
Aqueles que me transmitiram através da tradição se
formaram através da reflexão sobre os fenômenos da
sensibilidade psíquica, da percepção, da memória, do
raciocínio, do esforço de vontade, etc., na medida em
que aparecem na consciência de onde podem ser
observados. Só recentemente houve o reconhecimento
da existência e importância do inconsciente (Freud) e,
contudo, este conceito só tem sido estudado em sua
forma individual.
Ora, o que temos de descrever nunca passou pelo
espírito dos filósofos e psicólogos que necessitavam da
experiência de indivíduos que se sentiam, embora
indivíduos, membros e elementos de um corpo social
que se apresenta e se concebe como o indivíduo
verdadeiro; que, sem dúvida, se compõe dos seus
membros, mas, ao mesmo tempo, os faz existir; o que
na nossa linguagem, é a sua razão de ser, a sua essência,

1
Texto retirado de LEVY-BRUHL, Lucien. Lucien Lévy-Bruhl (1938-1939),
Carnets. Paris: Les Presses universitaire de France, 1949, pp. 66-68.

RBSE – Revista Brasileira de Sociologia da Emoção, 10 (28): Abril de 2011


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dado que se, por desgraça, são separados e cortados, o


corpo social, provavelmente, sofre um súbito prejuízo,
mas eles se perdem.
Nas descrições habituais da vida psíquica, não
encontramos nenhuma alusão a este sentimento original
de pertença. Naturalmente os sociólogos insistiram e
enfatizaram a importância da solidariedade social de
qualquer tipo entre as pessoas, e sobre o sentimento e as
idéias que eles apresentam. Mas tratam as consciências
individuais de abordagem, antes de mostrar as relações
e as influências que exercem umas sobre as outras. Não
podia ser diferente, dado as sociedades a que pertenciam
e que tinham sob seus olhos ou que lhes eram
conhecidas. Mas estamos lidando com sociedades
elementares, portanto, com consciências diferentes.
18 de agosto de1938

A diferença mais marcante é esta. No nível mais
baixo dos sentimentos que o indivíduo tem de sua
própria existência - naturalmente sem que tenha o que
chamamos de consciência – este sentimento envolve
tanto a sua existência individual quanto a do grupo a
que pertence, ou seja, é a dos outros membros cujo
grupo atualmente é composto, a dos antepassados que
passaram para o outro mundo, e a dos antepassados
míticos e totêmicos. Como exprimir esse sentimento que
nunca foi observado por filósofos e psicólogos? É
necessário, no entanto, lhes emprestar palavras, que
necessitarão ser as menos inadequadas e que provoquem
menos confusão e equívoco. Diremos, por exemplo, que
na sinestesia de um indivíduo cem por cento australiano,
ou de um marind-anim2, se encontra não apenas os
elementos que os nossos fisiologistas e psicólogos têm
determinado, mas também o sentimento de que o
indivíduo se sente pertencer ao seu grupo, isto é, aos
membros vivos e mortos de seu grupo, e ele traz esse
sentimento para si mesmo, como que instintivamente.

2
Marind-anim é um povo que vive ao sul da Nova Guiné. Hoje em dia a área
por eles habitada é integrante da província de Papua, na Indonésia [Nota do
Tradutor].

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Existem os fenômenos motores-afetivos, etc., através do


qual sente que a sua pessoa é o ente e que lhe pertence
de uma maneira que não sofra ao ser ignorado: o
sentimento de uma solidariedade de existência com o
grupo apresenta no “primitivo” este mesmo caráter e é
por isso que podemos dizer que está presente à sua
sinestesia.
Poder-se-ia dizer, também, que o sentimento que o
indivíduo tem de sua própria existência o envolve em
uma relação simbiótica com os outros membros do
grupo – sob a condição de não ser entendido como uma
espécie de existência em comum como os animais
inferiores que vivem em colônias, mas, simplesmente,
de existências que se assenta em uma dependência
inevitável, constante e recíproca – a qual, aliás, em
tempos normais, formalmente não é sentida,
precisamente porque se encontra constantemente
presente, como a pressão atmosférica. Comparação
instrutiva: assim como a pressão atmosférica, que o
homem nunca teria duvidado se a física não a tivesse
descoberto e provado, no entanto, é admitida sem
qualquer dificuldade, – do mesmo modo este sentimento
de simbiose essencial para o sentimento único que o
"primitivo" tem de si mesmo, não apenas ele não o
percebe como não o podemos observá-lo diretamente: é
o seu comportamento, as suas instituições, os seus
mitos, e as suas crenças que nos dão a prova
indubitável.
18 de agosto de 1938

[Tradução de Mauro Guilherme Pinheiro Koury]

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