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TJBA

PJe - Processo Judicial Eletrônico

17/09/2018

Número: 8001442-59.2017.8.05.0063
Classe: PROCEDIMENTO COMUM
Órgão julgador: VARA DOS FEITOS DE REL DE CONS CIV E COMERCIAIS DE CONCEIÇÃO DO
COITÉ
Última distribuição : 30/11/2017
Valor da causa: R$ 3.792,80
Assuntos: Defeito, nulidade ou anulação
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
JOSE PINTO DE OLIVEIRA FILHO (AUTOR) WAGNER FRANCESCO DE MIRANDA MARTINS
(ADVOGADO)
AGENCIA EST. DE REG. DE SERVIÇOS PUBLICOS DE
ENERGIA, TRANSP. E COMUNICAÇÕES DA BAHIA -
AGERBA (RÉU)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
93330 30/11/2017 16:30 Petição Inicial Petição Inicial
66
93332 30/11/2017 16:30 Procuração Procuração
45
93332 30/11/2017 16:30 Documento pessoal Documento de Identificação
59
93332 30/11/2017 16:30 Comprovante de Residência Documento de Comprovação
78
93332 30/11/2017 16:30 Auto de Infração Documento de Comprovação
92
93333 30/11/2017 16:30 Decisão Agerba Documento de Comprovação
07
93333 30/11/2017 16:30 Declaração Andeza Documento de Comprovação
15
93333 30/11/2017 16:30 declaração Gilsa Documento de Comprovação
28
93333 30/11/2017 16:30 declaração Guilherme Documento de Comprovação
42
93333 30/11/2017 16:30 Proprietária atual do veículo Documento de Comprovação
54
13437 05/07/2018 10:37 Substabelecimento Substabelecimento
543
13438 05/07/2018 10:37 SUBSTABELECIMENTO Substabelecimento
126
13443 05/07/2018 12:02 Decisão Decisão
956
13957 26/07/2018 11:53 Certidão Certidão
340
13957 26/07/2018 11:53 Guia de postagem Outros documentos
396
14417 14/08/2018 10:04 Petição Petição
618
15119 10/09/2018 12:53 Contestação Contestação
814
15119 10/09/2018 12:53 Contestação Contestação
837
15119 10/09/2018 12:53 Resposta a Ofício Outros documentos
854
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA COMARCA DE CONCEIÇÃO
DO COITÉ/BA

JOSÉ PINTO DE OLIVEIRA FILHO, brasileiro, casado, motorista, CPF nº 962.401.305-59, residente
e domiciliado à rua Antônio Nunes Gordiano, 242, Centro, no município de Conceição do Coité/BA, por
meio de seu advogado constituído conforme procuração em anexo, vem respeitosamente perante Vossa
Excelência ajuizar a presente

AÇÃO ANULATÓRIA DE AUTO DE INFRAÇÃO DE TRÂNSITO C/C PEDIDO LIMINAR

Em face da AGERBA - Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e


Comunicações da Bahia, pessoa jurídica de direito público, estabelecido no Centro Administrativo da
Bahia (CAB), 4ª Avenida, nº 435, 1º andar, CEP 41745-002, Salvador/Bahia.

I - DA JUSTIÇA GRATUITA

Consoante o disposto nas Leis 1.060/50 e 7.115/83, o autor declara para os devidos fins e sob as penas da
lei, ser pobre, não tendo como arcar com o pagamento de custas e demais despesas processuais sem
prejuízo do próprio sustento e de sua família pelo que requer os benefícios da justiça gratuita.

II - DOS FATOS

O autor, na data 08 de Outubro de 2012, acompanhado de familiares (documentos em anexo), se dirigia à


cidade de Salvador quando foi abordado por agentes da AGERBA - Agência Estadual de Regulação de
Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia, sendo acusado de transportar
passageiros de modo irregular.

O autor e os acompanhantes apresentaram os seus respectivos documentos, demonstrando que o carro se


tratava de veículo de passeio e que os presentes não eram passageiros estranhos ao motorista, mas sim

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pessoas ligadas por vínculos parentesco e afinidade. Ignorando tais informações prestadas, foi lavrado o
Auto de Infração de número 22031 sendo o motorista considerado infrator do artigo 40 da Lei 11.378/09.

Irresignado, o autor apresentou recurso administrativo, ao qual foi negado provimento, sendo-lhe
aplicadas as sanções de recolhimento do valor da multa pecuniária na quantia de valor de R$ 3.792,80
(três mil setecentos e noventa e dois reais e oitenta centavos), bem como a de imediata apresentação do
veículo identificado, para o cumprimento da penalidade de apreensão pelo prazo de 40 (quarenta) dias,
conforme o art. 40, II, “b" da lei 11.378/09 e critérios descritos no art. 84 do decreto 11.832/09.

Uma vez transitada em julgado na Instância Administrativa, e se valendo da Constituição Federal, art. 5º,
XXXV, segundo o qual o Poder Judiciário não será excluído quando houver lesão ou ameaça a direito,
resolveu o autor ingressar com a presente demanda com o intuito de comprovar suas alegações e alcançar
a anulação do requerido auto de infração.

III - DA FUNDAMENTAÇÃO

Na situação apresentada, verifica-se não ter havido qualquer irregularidade que justificasse a lavratura do
Auto de Infração de número 22031 (cópia em anexo), vez que o autor não prestou serviço de transporte
rodoviário de passageiros, como demonstraremos adiante, bem como na instrução do processo.

O artigo 40 da Lei Estadual nº. 11.378/2009 traz expressamente que

A prestação do serviço de transporte rodoviário intermunicipal de passageiros no Estado da Bahia em


linhas não abrangidas pelo objeto da concessão ou permissão acarretará a incidência de:

II - Penalidades cumulativas:

a) multa no valor equivalente, em reais, a 20.000 (vinte mil) vezes o valor absoluto do coeficiente
tarifário quilométrico (R$/km) vigente para o veículo tipo ônibus rodoviário convencional, ou majoração
em 100% (cem por cento) da penalidade imediatamente anterior, se reincidente num prazo de 12 (doze)
meses;

b) apreensão do veículo por um período de 10 (dez) a 90 (noventa) dias.

Para melhor compreensão do que venha a ser Transporte Rodoviário Intermunicipal de Passageiros, o
artigo 4º da Lei 11.378/2009 esclarece que:

O Sistema de Transporte Rodoviário Intermunicipal de Passageiros do Estado da Bahia - SRI -


compreende os serviços de transporte realizados entre os pontos terminais, considerados início e fim,
transpondo limites de um ou mais municípios, com itinerários, seções, tarifas e horários definidos,
realizados por estradas federais, estaduais ou municipais, abrangendo o transporte de passageiros, suas
bagagens e encomendas de terceiros.

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Do acima exposto, não resta dúvida quanto à diferenciação de Sistema de Transporte Rodoviário
Intermunicipal, sendo este uma prestação de serviço, meio de sustento, seja transportando passageiros
(clientes), suas bagagens ou encomendas.

Observe-se que “caronas”, ou, por exemplo, “ajuda de custo dividindo o gasto com a gasolina” não se
configura, sob qualquer hipótese, em Transporte Rodoviário Intermunicipal.

De fato, o autor não transportava passageiros (clientes) de um destino a outro, mas, gratuitamente,
conduzia em seu veículo pessoas ligadas por vínculo familiar e afetivo, vez que no automóvel de placa
JQM 4355 estavam presentes o senhor Guilherme Araújo Matos, afilhado do motorista, Andressa Araújo
Matos, irmã do Guilherme Araújo Matos e, por fim, Gilsa Telma Brito Araújo, mãe de Andressa e
Guilherme.

Ao transportar, gratuitamente, em seu próprio veículo de passeio, pessoas ligadas ao autor, não há que se
falar em transporte rodoviário intermunicipal de passageiros, mas sim do transporte previsto na lei
10.406/2002 – Código Civil – em seu art. 736, conhecido como Transporte feito gratuitamente por
amizade ou cortesia. Segundo este artigo,

Não se subordina às normas do contrato de transporte o feito gratuitamente, por amizade ou cortesia.

IV - DA IRRAZOABILIDADE NA APLICAÇÃO DA MULTA

Superada a questão do equívoco na imputação da infração do artigo 40 da lei estadual 11.378/2009, se faz
necessário atentar para o peso da penalidade aplicada.

A requerida, sem amparo legal, com base em suposta irregularidade, imputou ao autor penalidade
gravíssima, quando, ainda que verdadeiros fossem os fatos, o que se nega, poderia fazer uso de quaisquer
outras penalidades previstas no artigo 32 da lei estadual acima citada, como a advertência por escrito,
entretanto aplicou uma multa no valor de R$ 3.792,80 (três mil setecentos e noventa e dois reais e oitenta
centavos) e, cumulativamente, a penalidade de apreensão do veículo de placa JQM 4355, por 40 (quarenta
dias), o que representa verdadeiro excesso.

Caso tivesse havido infração, o que ficou negado, sendo necessária a aplicação da penalidade multa, esta
deveria ocorrer nos termos do artigo 231, VIII, do Código de Trânsito, assim transcrito:

Transitar com o veículo efetuando transporte remunerado de pessoas ou bens, quando não for licenciado
para esse fim, salvo casos de força maior ou com permissão da autoridade competente:

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Infração: média;

Penalidade: multa;

Medida Administrativa: retenção do veículo;

Assim, o artigo 231, VIII, do Código de Trânsito Brasileiro deve ser interpretado à luz do artigo 267, da
lei 9.503/97, que afirma expressamente que

Poderá ser imposta a penalidade de advertência por escrito à infração de natureza leve ou média,
passível de ser punida com multa, não sendo reincidente o infrator, na mesma infração, nos últimos doze
meses, quando a autoridade, considerando o prontuário do infrator, entender esta providência como mais
educativa.

Desde modo, se mostra irrazoável a aplicação de uma penalidade gravíssima quando, se a infração tivesse
ocorrido, o que se nega, caberia a penalidade de advertência em razão de ser infração média.

V - DA TITULARIDADE DO VEÍCULO/PREJUÍZO A TERCEIRO

Fora imposta ao autor a penalidade de apreensão do veículo de placa JQM 4355, por 40 (quarenta) dias.

Ocorre que tal apreensão causaria prejuízo a terceiros, vez que o veículo em questão não é mais de
propriedade do autor, e sua apreensão causaria grande transtorno para o atual proprietário, que não tem
qualquer relação com o fato ocorrido em 2012, portanto, há 05 (cinco) anos.

VI - DO PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA

Nos termos do artigo 300 da lei 13.150/2015,

A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e
o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.

Para a concessão de Tutela de Urgência se faz necessária de um desses dois requisitos: a probabilidade do
direito e o perigo de dano o risco ao resultado útil do processo.

DA PROBABILIDADE DO DIREITO

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A situação descrita, onde se demonstrou que não houve transporte rodoviário de passageiros, evidencia
que o autor praticou uma modalidade de transporte prevista no ordenamento jurídico, diferenciando-se da
infração imposta. Portanto, os elementos indicativos de legalidade do transporte, atacado por uma
autuação irregular, traz à tona circunstâncias de que o direito aqui buscado muito provavelmente existe.

DO PERIGO DE DANO

Haverá grande dano a terceiro, atual proprietário do automóvel usado na ocasião da lavratura de suposta
infração, se a autuação irregular aqui combatida não cessar sua validade, pois este terceiro será privado de
seu bem móvel sem que tenha dito qualquer relação com o fato, ocasionando grandes e irreparáveis
danos. Com a apreensão do veículo, um terceiro será privado do seu direito real de gozar e fruir de sua
propriedade.

Inclusive, o autor da presente ação correrá sérios riscos de ser alvo de ação judicial, pleiteada pelo terceiro
prejudicado, caso haja esta apreensão, em razão de dano material.

Não bastasse isso, há o perigo de dano econômico ao autor, caso o mesmo, assalariado como a maioria
dos trabalhadores do país, tenha que pagar a quantia de R$ 3.792,80 a título da infração de trânsito que
ora protestamos, pois irregular. Este valor, ao ser pago pelo autor, poderá causar prejuízos para o sustento
seu e de sua família.

VII - DOS PEDIDOS

Diante de todo o exposto, requer:

1. Deferimento dos benefícios de assistência gratuita;

2. Seja concedida tutela de urgência para suspensão da exigibilidade da penalidade de apreensão do


automóvel de placa JQM 4355, uma vez que o veículo pertence a terceiro; bem com seja deferida tutela
de urgência para suspensão do pagamento da multa no valor de R$ 3.792,80 (três mil setecentos e noventa
e dois reais e oitenta centavos);

3. Anulação do Auto de Infração, vez que, conforme demonstrado, não houve transporte irregular de
passageiros, mas tão somente transporte feito por amizade.

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Dá-se à causa o valor de R$ 3.792,80 (três mil setecentos e noventa e dois reais e oitenta centavos).

Protesta por todos os meios de prova admitidos em direito, principalmente, prova documental, pericial e
depoimento do representante da Ré, sob pena de confissão.

Termos em que

pede deferimento,

Conceição do Coité, 30 de novembro de 2017.

Bel. Helder Araújo Mota

OAB/BA n° 23.912

Documento assinado eletronicamente

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Número do documento: 17113016260290900000008884730
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Número do documento: 17113016262582000000008884757
Assinado eletronicamente por: HELDER ARAUJO MOTA - 30/11/2017 16:27:44 Num. 9333342 - Pág. 2
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Número do documento: 17113016263582700000008884767
EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA COMARCA DE CONCEIÇÃO DO COITÉ/BA

Ref. Processo nº 8001442-59.2017.8.05.0063

JOSÉ PINTO DE OLIVEIRA FILHO, devidamente qualificado nos autos do processo acima
mencionado, vem, através de seu patrono, perante V. Exa., na AÇÃO ANULATÓRIA DE AUTO DE
INFRAÇÃO DE TRÂNSITO C/C PEDIDO LIMINAR, movida contra AGERBA - Agência Estadual
de Regulação de Serviços Públicos, Transportes e Comunicações da Bahia., também qualificada,
requerer juntada de substabelecimento, e a habilitação nos autos.

Termos em que,

Pede deferimento.

Conceição do Coité, 05 de julho de 2018.

Bel. Wagner Francesco

OAB/BA 58.110

Documento assinado eletronicamente

Assinado eletronicamente por: WAGNER FRANCESCO DE MIRANDA MARTINS - 05/07/2018 10:37:35 Num. 13437543 - Pág. 1
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Número do documento: 18070510373533400000012760009
Assinado eletronicamente por: WAGNER FRANCESCO DE MIRANDA MARTINS - 05/07/2018 10:37:37 Num. 13438126 - Pág. 1
https://pje.tjba.jus.br:443/pje-web/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=18070510373575300000012760560
Número do documento: 18070510373575300000012760560
Assinado eletronicamente por: WAGNER FRANCESCO DE MIRANDA MARTINS - 05/07/2018 10:37:37 Num. 13438126 - Pág. 2
https://pje.tjba.jus.br:443/pje-web/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=18070510373575300000012760560
Número do documento: 18070510373575300000012760560
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA
Vara dos Feitos de Relações de Consumo Cíveis e Comerciais
Fórum Durval Silva Pinto / Praça Porcina de Araújo, sn, Carijé - CEP 48730-000 - Telefax: 3262-1557 -
Conceição do Coité - BA.

DECISÃO

8001442-59.2017.8.05.0063
Processo:
[Defeito, nulidade ou anulação] / PROCEDIMENTO ORDINÁRIO (7)

Requerente: AUTOR: JOSE PINTO DE OLIVEIRA FILHO

Nome: AGENCIA EST. DE REG. DE SERVIÇOS PUBLICOS DE ENERGIA,


TRANSP. E COMUNICAÇÕES DA BAHIA - AGERBA
Requerido:
Endereço: 4ª Avenida Centro Administrativo da Bahia, 435, 1 andar, Centro
Administrativo da Bahia, SALVADOR - BA - CEP: 41745-002

Em síntese, alega o autor que em data 08 de Outubro de 2012, acompanhado de familiares (documentos
em anexo), se dirigia à cidade de Salvador quando foi abordado por agentes da AGERBA - Agência
Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia, sendo
acusado de transportar passageiros de modo irregular, sendo lavrado o Auto de Infração de número
22031 por infração do artigo 40 da Lei 11.378/09; que apresentou recurso administrativo, ao qual foi
negado provimento, sendo-lhe aplicadas as sanções de recolhimento do valor da multa pecuniária na
quantia de valor de R$ 3.792,80 (três mil setecentos e noventa e dois reais e oitenta centavos), bem como
a de imediata apresentação do veículo identificado, para o cumprimento da penalidade de apreensão pelo
prazo de 40 (quarenta) dias, conforme o art. 40, II, “b" da lei 11.378/09 e critérios descritos no art. 84 do
decreto 11.832/09.

Ao final, requereu tutela de urgência para suspensão da exigibilidade da penalidade de apreensão do


automóvel de placa JQM 4355, uma vez que o veículo pertence a terceiro; bem com seja deferida tutela
de urgência para suspensão do pagamento da multa no valor de R$ 3.792,80 (três mil setecentos e noventa
e dois reais e oitenta centavos), bem como a anulação do Auto de Infração, vez que, conforme
demonstrado, não houve transporte irregular de passageiros, mas tão somente transporte feito por
amizade.

Juntou documentos comprovando a ocorrência da multa por motivo de “prestar servico de transporte
rodoviário intermunicipal de passageiros”, constando do auto de infração que o veículo teria sido retido e
autuado por esta razão.

Num. 13443956 - Pág. 1


Juntou ainda declarações de passageiros informando que não se tratava de transporte intermunicipal e que
teria laços de parentesco com o condutor.

Por fim, segundo consta do documento do Id 9333354, de 01.08.2017, trata-se de veículo VW GOL,
pertencente atualmente a pessoa diversa, sem características ou estilo de veículo destinado a transporte de
passageiros.

Tem-se comprovado, portanto, a ocorrência da multa e apreensão do veículo, que não mais pertence ao
autor, bem como o julgamento improcedente do recurso administrativo.

De fato, o auto de infração foi lavrado em desfavor do autor na condição de “operador/proprietário” do


veículo, incidindo tal multa, evidentemente, em anotação perante o cadastro do veículo perante o órgão do
trânsito.

De outro lado, os documentos apresentados pelo autor indicam, em análise preliminar, que não se
tratavam de passageiros em veículo destinado a transporte intermunicipal, conforme declarações
apresentadas. Além disso, do auto de infração consta apenas um singelo “x”, anotado por preposto da
acionada, destacando que a situação era de transporte de passageiros sem a apreciação e consideração dos
argumentos do autor, violando qualquer possibilidade de contraditório e devido processo legal.

Isto posto, por tudo o mais que dos autos consta, havendo fundada dúvida sobre a validade do auto de
infração, DEFIRO o pedido de antecipação de tutela para determinar a suspensão das penalidades
impostas ao autor e ao veículo que conduzia até o julgamento final da ação.

Por motivo de celeridade e economia processual, serve a presente decisão como Mandado, Ofício ou
Notificação.

Após, cite-se e inclua-se na pauta de audiências de conciliação.

Intime-se.

Conceição do Coité, 5 de julho de 2018

Bel. Gerivaldo Alves Neiva


JUIZ DE DIREITO - Assinado Eletronicamente

Num. 13443956 - Pág. 2


PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA
Vara dos Feitos de Relações de Consumo Cíveis e Comerciais
Fórum Durval Silva Pinto / Praça Porcina de Araújo, sn - Carijé - CEP 48730-000 - Telefax: 3262-1557
CONCEIÇÃO DO COITÉ - BAHIA

CERTIDÃO

8001442-59.2017.8.05.0063
Processo: PROCEDIMENTO ORDINÁRIO (7)
[Defeito, nulidade ou anulação]

CERTIFICO para os devidos fins de direito que se fizerem necessários que fiz a JUNTADA dos
documentos escaneados abaixo relacionados:

Juntada de guia de postagem

=>

O referido é verdade e dou fé

Conceição do Coité, 26 de julho de 2018.

MARIA AMELIA MOTA MASCARENHAS

Diretor de Secretaria

Num. 13957340 - Pág. 1


Num. 13957396 - Pág. 1
EXMO(A). SR(A). DR(A). JUIZ(A) DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE
CONCEIÇÃO DO COITÉ, BAHIA.

Proc. nº 0001442-59.2017.8.05.0063

HELDER ARAÚJO MOTA, brasileiro, casado, advogado inscrito na OAB n° 23.912, vem, perante V.
Exa., nos autos do processo acima mencionado, informar que já fora protocolado substabelecimento para
o advogado Wagner Francesco de Miranda Martins (id 13437543), pelo que requer a sua desabilitação
como advogado do autor no sistema PJe.

Termos em que,

Pede deferimento.

Conceição do Coité, 14 de agosto de 2018.

Bel. Helder Araújo Mota

OAB – 23.912

(Documento assinado eletronicamente)

Num. 14417618 - Pág. 1


Segue em anexo.

Num. 15119814 - Pág. 1


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PROCURADORIA JUDICIAL

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DA VARA DOS FEITOS DAS


RELAÇÕES DE CONSUMO, CÍVEIS E COMERCIAIS DA COMARCA DE CONCEIÇÃO DO
COITÉ/BAHIA.

Autos nº 8001442-59.2017.8.05.0063

Autor: José Pinto de Oliveira

Réu: Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos de Energia,


Transportes e Comunicações da Bahia - AGERBA

AGÊNCIA ESTADUAL DE REGULAÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS DE


ENERGIA, TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES DA BAHIA AGERBA, autarquia em
regime especial representada judicialmente pela Procuradoria do Estado da
Bahia, vem, respeitosamente, à presença de V. Exa., nos autos da Ação Anulatória
em epígrafe, movida por JOSÉ PINTO DE OLIVEIRA, apresentar, com fundamento
no art. 335 do CPC, a sua CONSTESTAÇÃO o que faz de acordo com as razões de
fato e de direito a seguir expostas.

Inicialmente, nos termos do art. 334, § 4º, inciso II, e § 5º, do Código
de Processo Civil, informa o Estado da Bahia que a controvérsia posta à
apreciação judicial envolve direitos indisponíveis e não pode ser transacionada,
razão pela qual NÃO possui interesse na realização de audiência de conciliação
ou de mediação.

I - DA TEMPESTIVIDADE

A Agerba foi citada e intimada eletronicamente no dia 03/08/2018.


O prazo para contestar é de 30 dias úteis, considerando o benefício de dobra legal
(art. 183 do CPC). Logo, tempestiva é a presente manifestação.

Além disso, registre-se que contra a Fazenda Pública não incide a


presunção de veracidade decorrente da falta de impugnação específica dos fatos,
1

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assim como não operam os efeitos da revelia quanto à presunção de terem sido
admitidos como verdadeiros os fatos afirmados pelo autor, nem se admite
confissão ou reconhecimento do pedido. (Cf. STJ: AgRg no Resp 1187684/SP, Rel.
Min. Humberto Martins, Segunda Turma, Julgado em 22/05/2012, DJe
29/05/2012, e AgRg nos Edcl no Resp 1288560/MT, Rel. Min. Castro Meira,
Segunda Turma, Julgado em 19/06/2012, DJe 03/08/2012).

II - DA SÍNTESE DA INICIAL

Trata-se de ação de anulação de auto de infração proposta pelo


Autor, na qual afirma que está sendo injustamente penalizado pela AGERBA com
multa de R$3.792,80 (três mil setecentos e noventa e dois reais e oitenta
centavos) e apreensão do seu veículo por 40 (quarenta) dias, em decorrência do
cometimento, em 08/10/2012, de infração administrativa, já julgada em grau de
recurso administrativo, tipificada pelo art. 40 da Lei Estadual nº 11.378/2009,
qual seja, “prestação de serviço de transporte rodoviário intermunicipal de
passageiros no Estado da Bahia em linhas não abrangidas pelo objeto da
concessão ou permissão”.

Lavrado o termo de infração, foi o Autor notificado para


apresentação de defesa administrativa, que foi julgada improcedente, tendo sido
interposto recurso, que também NÃO foi acolhido pela AGERBA.

Assim, o Autor ajuizou a presente ação, requerendo a concessão de


tutela de urgência para que: i) seja suspensa qualquer cobrança decorrente da
autuação que pretende anular; ii) se abstenha a AGERBA de apreender seu
automóvel, sob pena de multa diária. No mérito, pleiteou a confirmação desses
pedidos e a anulação definitiva do auto de infração, bem como a devolução de
eventual valor pago a título de multa.

Autuada e distribuída a ação, este r. Juízo proferiu a decisão de id.


13443956, na qual deferiu o pedido de concessão de tutela de urgência, nos
seguintes termos:
“[...] De fato, o auto de infração foi lavrado em desfavor do
autor na condição de 'operador/proprietário' do veículo,
incidindo tal multa, evidentemente, em anotação perante o
cadastro do veículo perante o órgão do trânsito.

De outro lado, os documentos apresentados pelo autor


indicam, em análise preliminar, que não se tratavam de
passageiros em veículo destinado a transporte

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intermunicipal, conforme declarações apresentadas. Além


disso, o auto de infração consta apenas um singelo 'x',
anotado por preposto da acionada, destacando que a
situação era de transporte de passageiros sem a apreciação e
consideração dos argumentos do autor, violando qualquer
possibilidade de contraditório e devido processo legal.

Isto posto, por tudo o mais que dos autos consta, havendo
fundada dúvida sobre a validade do auto de infração, DEFIRO
o pedido de antecipação de tutela para determinar a
suspensão das penalidades impostas ao autor e ao veículo
que conduzia até o julgamento final da ação.”

Com as mais respeitosas vênias, contudo, a decisão acima descrita


não pode prevalecer, razão pela qual a Procuradoria do Estado da Bahia interporá
o recurso cabível perante o egrégio Tribunal de Justiça.

E, quanto ao mérito, melhor sorte não socorre ao Autor, pelo que


são totalmente improcedentes os pedidos da inicial.

É o que se passa a demonstrar.

III DO MÉRITO

A) Ausência de qualquer nulidade do auto de infração da AGERBA


presunção de legitimidade que não foi afastada pelo Autor no processo
administrativo (ausência de provas em contrário)

Como visto, o fundamento do pedido inicial de nulidade do auto de


infração lavrado e julgado em grau de recurso administrativo pela AGERBA é uma
suposta inexistência de materialidade.

Segundo o Autor, jamais foi prestado serviço irregular de transporte


intermunicipal de passageiros, muito menos no local e na data afirmados pelos
fiscais da Agência. O que não revelou o Autor, contudo, é que esse tipo de
autuação, por óbvio, só pode ocorrer em flagrante.

E, de fato, foi ele flagrado em 08/102011, às 11:20h, na BR 324,


no trecho do município de Cícero Dantas, realizando transporte ilegal de
passageiros, em “blitz” realizada pela AGERBA, conforme documento anexado
aos autos.

O Autor alega que a infração não tenha ocorrido “no local e na


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data afirmados pelos fiscais”, contudo tal alegação é absurda. Fosse correta tal
ilação, poder-se-ia concluir que os fiscais da AGERBA teriam o dom da
mediunidade para preencher os dados da infração, tais como nome completo do
Autor, seu RG, CPF e número de CNH, além de placa e renavam do seu veículo.

Ora, Exa., tais afirmações não passam de mais um dos


desfundamentados argumentos sustentados pelo Autor para simplesmente dar
volume à sua inicial. Isso porque, a autuação sofrida pelo Autor é ato
administrativo e, como tal, goza de presunção relativa legitimidade.

Reforça essa orientação o ensinamento anotado por JOSÉ DOS


SANTOS CARVALHO FILHO1:

“Os atos administrativos, quando editados, trazem em si a


presunção de legitimidade, ou seja, a presunção de que
nasceram em conformidade com as devidas normas legais,
como bem anota DIEZ. Essa característica não depende de
lei expressa, mas deflui da própria natureza do ato
administrativo, como ato emanado de agente integrante
da estrutura do Estado.

Vários são os fundamentos dados a essa característica. O


fundamento precípuo, no entanto, reside na circunstância de
que se cuida de atos emanados de agentes detentores de
parcela do Poder Público, imbuídos, como é natural, do
objetivo de alcançar o interesse público que lhes compete
proteger. Desse modo, inconcebível seria admitir que não
tivessem a aura de legitimidade, permitindo-se que a todo
momento sofressem algum entrave oposto por pessoas de
interesses contrários. Por esse motivo é que se há de supor
que presumivelmente estão em conformidade com a lei.

É certo que não se trata de presunção absoluta e intocável.


A hipótese é de presunção iuris tantum (ou relativa),
sabido que pode ceder à prova em contrário, no sentido
de que o ato não se conformou às regras que lhe traçavam
as linhas, como se supunha.

Efeito da presunção de legitimidade é a


autoexecutoriedade, que, como veremos adiante, admite
seja o ato imediatamente executado. Outro efeito é o da
inversão do ônus da prova, cabendo a quem alegar não ser
1 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 31. ed. rev., atual. e ampl.
São Paulo: Atlas, 2017, p. 110.
4

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o ato legítimo a comprovação da ilegalidade. Enquanto isso


não ocorrer, contudo, o ato vai produzindo normalmente
os seus efeitos e sendo considerado válido, seja no
revestimento formal, seja no seu próprio conteúdo.” (sem
grifos no original)

Em outras palavras, sabendo-se que a fiscalização efetivada pela


AGERBA e que gerou notificação e penalidade ao Autor constitui ato
administrativo e goza de presunção relativa de legitimidade, caberia a ele ter
feito prova necessária a elidir essa presunção, demonstrando a alegada e
suposta imaterialidade.

Mas, ao contrário, durante o processo administrativo que tramitou


perante a AGERBA, não fez ele qualquer comprovação de que transportava em
seu veículo apenas colegas e familiares, conforme afirmou.

Justamente por essa razão seu recurso administrativo foi conhecido,


porém desprovido pela Câmara Superior de Julgamento de Recursos de Infração
CSJRI em 25.08.2017, conforme a emenda do acórdão que juntou aos autos:

“Multa. Transporte irregular de passageiros. Alegação de


transporte apenas de colegas e/ou parentes. Não
comprovação das alegações. Recurso CONHECIDO E NÃO
PROVIDO.” (sem grifos no original)

Para que se falasse em nulidade da atuação da AGERBA, teria de ser


comprovado um vício de legalidade, relativo à competência, finalidade, forma,
motivo ou objeto. No entanto, vício algum há no caso e, até por isso, prova
nenhuma foi produzida pelo Autor.

Assim, não há qualquer causa de nulidade do Auto de Infração e do


processo administrativo que se seguiu. Os primados do devido processo legal,
ampla defesa e contraditório foram todos garantidos ao Autor na fase
administrativa, revelando esta ação anulatória apenas seu descontentamento com
o resultado do desprovimento do seu recurso perante a AGERBA.

Inúmeros casos idênticos são julgados diariamente pelo Judiciário,


mostrando-se assente na jurisprudência a improcedência das ações que visam
anular atos administrativos apenas com alegações, mas sem provas que afastem a
presunção de legitimidade conferida à Administração. Vejamos a título
exemplificativo:

“ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AUTO DE INFRAÇÃO.


PRESUNÇÃO DE VERACIDADE NÃO ILIDIDA. ARTIGO 333, I,

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CPC/1973. REVISÃO DO JULGADO. SÚMULA 7/STJ.

1. A recorrente defende em seu Recurso Especial que "os


documentos constantes às fls. 81/82 bastariam à
comprovação de que jamais embarcou a mercadoria em
caminhão da empresa KEK Comércio e Transportes LTDA-
ME, e que a nota fiscal identificada no auto de infração
não foi por ela emitida."

2. Sobre a questão, o Tribunal de origem entendeu que "tais


documentos exprimem, contudo, apenas declarações de
particulares, que não desincumbem a Recorrente de
comprovar o que neles se afirma. (...) Inócua a alegação de
que as simples declarações acostadas aos autos (de que a
mercadoria nunca embarcou no veículo e que a nota fiscal
não foi emitida pela empresa) já serviriam, por si só, à
comprovação do que nelas se afirma, uma vez que
compete ao interessado fazer prova do fato declarado,
atestando sua veracidade, a teor do parágrafo único do
art. 368 do CPC. (...) Nesse diapasão, a Apelante não se
desincumbiu do ônus que lhe competia, nos moldes do art.
333, I, CPC, já que não logrou desconstituir a veracidade
das informações constantes do auto de infração que,
conforme se aduz do procedimento administrativo
colacionado aos autos, foi lavrado em estrita observância
aos princípios do devido processo legal, contraditório e
ampla defesa" (fl. 165, e-STJ).

3. É inviável analisar a tese defendida no Recurso Especial,


pois inarredável a revisão do conjunto probatório dos autos
para afastar as premissas fáticas estabelecidas pelo acórdão
recorrido.

Aplica-se, portanto, o óbice da Súmula 7/STJ.

4. Recurso Especial não conhecido.”

(STJ, Recurso Especial nº 1.696.926/ES, 2ª Turma, rel. Min.


HERMAN BENJAMIN, DJe de 16.10.2017) sem grifo no
original

“APELAÇÃO CÍVEL E REMESSA NECESSÁRIA. MANDADO DE


SEGURANÇA. TRANSPORTE IRREGULAR DE PASSAGEIRO.
ARGUIÇÃO DE NULIDADES EM PROCESSO ADMINISTRATIVO.

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INEXISTÊNCIA. CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA


ASSEGURADOS. SENTENÇA MODIFICADA. APELO PROVIDO.

De tudo quanto dos autos consta e neles se faz referência,


percebe-se que o processo administrativo atendeu aos
princípios do devido processo legal, do contraditório e da
ampla defesa, tendo sido o infrator notificado para
apresentar defesa e a proprietária do veículo, à época,
intimada acerca da penalidade aplicada.

Caso em que o Apelado, atual proprietário do carro, era


condutor do veículo no momento da autuação, sendo
responsável pela infração e notificado da instauração do
processo administrativo, assumindo assim os riscos de se
responsabilizar por eventual penalidade sancionadora.

Sentença modificada. Apelo Provido.”

(TJBA, Apelação Cível nº 8000950-53.2016.8.05.0079, 3ª


Câmara, rel. Des. TELMA LAURA SILVA BRITTO, DJe de
10.07.2018) sem grifos no original

Assim, não tendo o Autor se desincumbido do seu ônus probatório em


âmbito administrativo e respeitados seus direitos ao devido processo legal, ampla
defesa e contraditório pela AGERBA, não há qualquer mácula no auto de infração
e no julgamento dele decorrentes, pelo que devem ser julgados improcedentes os
pedidos da inicial.

B) Regularidade da legislação estadual que fundamentou a


autuação e das penalidades aplicadas ao Autor

Nos termos do art. 25, § 1º, da CF/88, a exploração


de transporte intermunicipal de passageiros é competência dos Estados, que o faz
sob a forma de concessão ou permissão, devendo fiscalizar as hipóteses em que se
realiza de forma clandestina, impondo-se as multas administrativas pertinentes,
que não se confundem com as multas de trânsito, de imposição exclusiva por
parte da Polícia Rodoviária Federal, a teor do art. 20, incisos I e II, do CTB (Lei nº
9.503/97).

Quando esse transporte intermunicipal clandestino é realizado nas


rodovias federais, cujo patrulhamento compete à União, verifica-se que se
caracteriza a competência administrativa comum dos dois entes federativos (União e

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Estados).

Seguindo esse ditame, com o fim de atender ao quanto disposto


tanto na Constituição Federal quanto na Constituição do Estado da Bahia, a
Administração Pública estadual instituiu a AGERBA, como legitimada a exercer o
poder de polícia no controle do serviço público de transporte intermunicipal de
passageiros.

Veja-se a legislação pertinente (Lei 11.378/2009):

“Art. 2º - Os serviços do Sistema de Transporte Rodoviário


Intermunicipal de Passageiros do Estado da Bahia estão
sujeitos à regulação da Agência Estadual de Regulação de
Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da
Bahia - AGERBA, que nele exercerá o seu poder de polícia.

Art. 4º - O Sistema de Transporte Rodoviário Intermunicipal


de Passageiros do Estado da Bahia - SRI compreende os
serviços de transporte realizados entre pontos terminais,
considerados início e fim, transpondo limites de um ou mais
municípios, com itinerários, seções, tarifas e horários
definidos, realizados por estradas federais, estaduais ou
municipais, abrangendo o transporte de passageiros, suas
bagagens e encomendas de terceiros.”

E, neste caso, em que se discute a competência para a fiscalização


do transporte intermunicipal de passageiros, imprescindível destacar a previsão
dos arts. 23 e 24 do Decreto Estadual nº 11.832/2009:

“Art. 23 - Constitui transporte irregular rodoviário


intermunicipal de passageiros a prestação de serviços de
transporte rodoviário intermunicipal de passageiros em linhas
que não sejam objeto de delegação pela AGERBA, nas
modalidades de concessão ou permissão.

Art. 24 - A prestação de serviço de transporte irregular


rodoviário intermunicipal de passageiros no Estado da Bahia
acarreta a incidência de:

I - medidas administrativas:

a) retenção do veículo para transbordo dos passageiros;

b) remoção do veículo para depósito público para fins de

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verificação do atendimento às normas da Lei Federal nº


9.503, de 23 de setembro de 1997;

II - penalidades cumulativas:

a) multa no valor equivalente, em reais, a 20.000 (vinte mil)


vezes o valor absoluto do coeficiente tarifário quilométrico
(R$/km) vigente para o veículo tipo ônibus rodoviário
convencional, relativo ao piso asfáltico, ou majoração em
100% (cem por cento) da penalidade imediatamente anterior,
se reincidente em um prazo de 12 (doze) meses;

b) apreensão do veículo pelo período de 10 (dez) a 90


(noventa) dias;

c) declaração de inidoneidade, pelo prazo de 02 (dois) anos,


para licitar ou contratar com a Administração Pública.”

A autuação da AGERBA trata, em verdade, portanto, de exercício


legítimo do poder de polícia e do dever de fiscalização e de controle sobre a
atividade de transporte intermunicipal de passageiros, serviço público essencial
que apenas pode ser exercido por meio de concessão, permissão ou autorização
do poder público.

Isso porque a exploração irregular desse tipo de serviço acarreta


perigo concreto para a sociedade, em especial para os usuários, devendo ser
devidamente fiscalizada pelas autoridades competentes.

Nesse sentido:

“A regulamentação e a fiscalização de transporte coletivo


intermunicipal por fretamento se inserem no poder de
polícia exercido pela Administração Pública, com vista à
realização do interesse público e à preservação do bem estar
social, visando conferir segurança e eficácia na prestação do
serviço de transporte de passageiros, prevenindo o
transporte clandestino, sem qualquer responsabilidade, de
modo a causar insegurança não apenas para os passageiros,
mas para toda a coletividade (...)”.

(TJMG, Agravo de Instrumento nº 10024140055302001, 5ª


Câmara Cível, rel. Des. FERNANDO CALDEIRA BRANT, DJe de
16.06.2014) sem grifos no original

Com efeito, a autuação do Autor pelo exercício irregular da


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atividade de transporte, com a aplicação da penalidade de apreensão do veículo,


não ofende o direito fundamental à propriedade, previsto no artigo 5º, inciso LVI,
da Constituição Federal, mas sim, visa assegurar a proteção à coletividade em
desfavor do interesse do particular.

Assim, os pedidos do Autor devem ser julgados improcedentes, pois


foi manifestamente legal o ato praticado pelos prepostos da Agência, não havendo
o que se declarar nulo.

IV - DOS REQUERIMENTOS

Postos estes motivos, a AGERBA vem requerer:

a) sejam julgados improcedentes os pedidos formulados, em razão


da inexistência de violação a direito da demandante, extinguindo-se o processo
com resolução do mérito, condenando-se a parte Autora nas cominações legais.

Protesta pela produção de todos os meios de prova em direito


admitidos, notadamente depoimento pessoal do demandante, perícia, oitiva de
testemunhas e juntada posterior de documentos.

Termos em que pede deferimento.

Feira de Santana/BA, 10 de setembro de 2018.

Monise Watt Peixoto Guerra

Procuradora do Estado da Bahia

OAB/BA Nº 33.363

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