Classe : RECURSO INOMINADO Recorrente(s) : MARIONALVA DE CASTRO MOREIRA Recorrido(s) : BANCO ITAÚ CONSIGNADOS S/A Origem : 1ª VARA DO SISTEMA DOS JUIZADOS VITÓRIA DA CONQUISTA Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE
EMENTA
RECURSO INOMINADO. CONSUMIDOR. ALEGAÇÃO DE
NEGATIVAÇÃO INDEVIDA EM FACE DE DÉBITO CONTRAÍDO PELA PARTE AUTORA. BANCO RÉU QUE COMPROVA A REGULARIDADE DA CONTRATAÇÃO. LEEGITIMIDADE DA INSCRIÇÃO DO NOME DA AUTORA NOS CADASTROS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. EXERCPICIO REGULAR DO DIREITO DE COBRAR A DÍVIDA CONSTITUÍDA. SENTENÇA MANTIDA.
ACÓRDÃO
Acordam os Senhores Juízes da 2ª Turma Recursal dos Juizados
Especiais Cíveis e Criminais do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE - Relatora, CÉLIA MARIA CARDOZO DOS REIS QUEIROZ - Presidente, LEÔNIDES BISPO DOS SANTOS SILVA, em proferir a seguinte decisão: RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. UNÂNIME, de acordo com a ata do julgamento. Sem custas e honorários advocatícios, por ser a parte beneficiária da justiça gratuita
Salvador, Sala das Sessões, 24 de SETEMBRO de 2015.
BELA. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE Juíza Relatora BELA. CÉLIA MARIA CARDOZO DOS REIS QUEIROZ Juíza Presidente
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA
2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS
Processo nº. : 0000680-02.2015.8.05.0274
Classe : RECURSO INOMINADO Recorrente(s) : MARIONALVA DE CASTRO MOREIRA Recorrido(s) : BANCO ITAÚ CONSIGNADOS S/A Origem : 1ª VARA DO SISTEMA DOS JUIZADOS VITÓRIA DA CONQUISTA Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE
EMENTA
RECURSO INOMINADO. CONSUMIDOR. ALEGAÇÃO DE
NEGATIVAÇÃO INDEVIDA EM FACE DE DÉBITO CONTRAÍDO PELA PARTE AUTORA. BANCO RÉU QUE COMPROVA A REGULARIDADE DA CONTRATAÇÃO. LEEGITIMIDADE DA INSCRIÇÃO DO NOME DA AUTORA NOS CADASTROS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. EXERCPICIO REGULAR DO DIREITO DE COBRAR A DÍVIDA CONSTITUÍDA. SENTENÇA MANTIDA.
RELATÓRIO
Dispensado o relatório nos termos da Lei n.º 9.099/95.
Circunscrevendo a lide e a discussão recursal para efeito de registro,
saliento que o Recorrente Marinalva de Castro Moreira, por meio de seu patrono devidamente constituído, pretende a reforma da sentença lançada nos autos que julgou improcedente os pedidos constantes na inicial, por entender que : “Para tanto, basta observarmos que os documentos apresentados pelo
réu quando da contestação (evento 24), bem demonstram que a autora
firmou sim contratos com a demandada, inclusive o referente ao presente processo, nº 245836322 (ver aditamento, evento 11), constando sua assinatura em todas as folhas (evento 24).
A recorrente busca a reforma da sentença, por entender plenamente
configurados os danos morais advindos de cobrança indevida e da negativação do nome da autora nos cadastros de proteção ao crédito.
Em contrarrazões, a recorrida pugna pela manutenção do
decisium. Presentes as condições de admissibilidade do recurso, conheço- o, apresentando voto com a fundamentação aqui expressa, o qual submeto aos demais membros desta Egrégia Turma.
VOTO
O exame dos autos revela que se insurgiu a autora em razão de
ter seu nome inscrito em cadastro de devedores, por divida contraída junto ao banco réu, que teria procedido ao lançamento de cobranças de forma equivocada, não informando a quantidade de parcelas exatas a serem debitadas. Desde então, alega a parte autora que vinha sendo cobrada de maneira indevida, alegando terem sido utilizados meios vexatórios na cobrança da aludida dívida, o que teria culminado, por fim, na negativação indevida.
Com efeito, em que pese vigorar na seara das relações de
consumo a possibilidade da inversão do ônus da prova, prevista no art.6º,VIII do CDC, tal inversão não se dá de forma automática, devendo existir verossimilhança nas alegações do consumidor, bem como notória hipossuficiência técnica na produção probatória ante o fato alegado. Nestes termos, não fora demonstrado pela parte autora que os lançamentos de cobrança se deram de forma equivocada. O banco réu, por sua vez, junta aos autos a cópia do contrato celebrado, assinado pela parte autora, bem como demonstrativos de pagamentos, demonstrando a regularidade da contratação bem como que o contrato vinha sendo cumprido a contento, o que reforça a tese de que a demandada tinha prévia ciência da forma de cumprimento das obrigações.
Provada a regularidade da relação jurídica, não há que se falar
em cobrança indevida, e a conseqüente negativação do nome da autora nos cadastros de proteção ao crédito configuram exercício regular de um direito. Nesta senda, inexistindo ato ilícito comprovado nos autos que possa ser imputada á demandada, descabe a alegação de danos morais, nos termos da jurisprudência que segue:
Nesse sentido vem se manifestando a jurisprudência de nossos
tribunais, conforme os julgados que seguem:
APELAÇÃO - INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C DANOS
MORAIS - INSCRIÇÃO DO NOME NOS CADASTROS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO - INSCRIÇÃO DEVIDA - EXERCÍCIO REGULAR DO DIREITO. Se comprovada a realização do negócio jurídico, e o credor, diante da inadimplência do devedor, inscreve o seu nome nos órgão de proteção ao crédito, não há que se falar em danos morais tendo em vista que a Instituição Financeira agiu no exercício regular do direito. (TJ-MG - AC: 10024112857909001 MG , Relator: Estevão Lucchesi, Data de Julgamento: 10/04/2014, Câmaras Cíveis / 14ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 25/04/2014)
APELAÇÃO - DANO MORAL - TELEFONIA - INSCRIÇÃO
DO NOME NOS CADASTROS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO - INSCRIÇÃO DEVIDA - EXERCÍCIO REGULAR DO DIREITO. Não comprovando a apelante a quitação das faturas, não há que se falar em inclusão indevida do seu nome nos órgão de proteção ao crédito, já que, estando inadimplente, o credor age no exercício regular do seu direito em inscrever o seu nome nos órgãos responsáveis. Recurso não provido.(TJ-MG - AC: 10145110262444001 MG , Relator: Estevão Lucchesi, Data de Julgamento: 04/04/2013, Câmaras Cíveis / 14ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 12/04/2013)
Nesse sentido, reitero a fundamentação exposta na sentença
objurgada, como o permite o art.46 da lei 9099/95, e reconheço não ter havido no caso concreto ato ilícito, donde se conclui inexistir dano moral a ser ressarcido.
Assim sendo, ante ao exposto, voto no sentido de CONHECER e
NEGAR PROVIMENTO ao recurso interposto pela Recorrente Marinalva de Castro, para manter, na íntegra, a sentença objurgada pelos seus próprios fundamentos. Sem custas e honorários advocatícios, por ser a parte beneficiária da justiça gratuita.
Salvador, Sala das Sessões, 24 de Setembro de 2015.
BEL. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE
Juíza Relatora que desconhece a origem, sofrendo abalo resultante da cobrança perpetrada pelo acionado. Em sua defesa o réu aduziu a possibilidade de ocorrência de fraude e culpa de terceiros para eximir-se da responsabilidade pelo ocorrido. A sentença impugnada reconheceu a abusividade da conduta da parte ré, posto que não houve comprovação da alegada contratação entre as partes, deixando, entretanto, de reconhecer o dano moral em decorrência da existência de outras negativações contra a parte recorrente. O cerne da questão reside no indeferimento da condenação da parte recorrida em danos morais. Entendeu o julgador de primeiro grau que o fato da parte autora ter registrada contra si outras anotações, não haveria alteração do seu status quo, o que desconfiguraria o dano moral alegado. Este entendimento baseou-se na Súmula 385 do STJ que dispõe: “Da anotação irregular em cadastro de proteção ao crédito, não cabe indenização por dano moral quando preexistente legítima inscrição, ressalvado o direito ao cancelamento". Um dos argumentos usados pela recorrente em suas razões de recurso baseia-se na configuração do dano moral aplicado ao caso, exatamente porque a anotação feita contra a parte autora decorreu do mesmo motivo que é a fraude, aqui retratada. Por amor ao debate insta salientar que o caso em tela consiste em hipótese de aplicabilidade da referida orientação jurisprudencial, e assim, tem deliberado essa Egrégia Turma Recursal, posto que o entendimento vigorante é de que qualquer negativação anterior desconfigura o dano moral perseguido. No caso em exame, a parte recorrente somente em grau de recurso veio aos autos indicar a existência das ações onde discutia as negativações anteriores perpetradas contra a parte autora, se configurando como inovação processual, já não admitida nesta fase do processo, posto que já finalizada a fase instrutória. Ante o relatado, CONHEÇO DO RECURSO e NEGO-LHE PROVIMENTO, mantendo a sentença atacada em todos os seus termos. Sem custas e honorários advocatícios, por ser a parte beneficiária da justiça gratuita.
Salvador, Sala das Sessões, 24 de Setembro de 2015.