I. ESTUDANDO HOMILÉTICA
1. Superando obstáculos
1.1 "O Espírito Santo é quem fala". De fato, o Espírito Santo é o grande pregador. Mas,
por que há sermões incompreensí veis? Por que há pregadores melhores que outros? Se o
Espírito Santo orienta igualmente a todos, não deveriam ser excelentes todos os sermões e
pregadores?
1.2 "Preguiça". O Espírito Santo "ajuda" aquele que não me ditou no texto, no assunto?
Por que hátendência de se esperar a ajuda do Espírito Santo no púlpito e não durante a
meditação ou estudo da Palavra? Creio na necessidade de haver amadureci mento das idéias.
Estas devem ser trabalhadas para um melhor efeito, tanto para o pregador como para os
ouvintes.
1.3 "Orgulho". Geralmente o pregador acha que prega / pre gou bem. Alguns
justificam-se quando não são bem-sucedidos:
"É uma igreja fria" ou "Há pecado na igreja". Muitos não aceitam críticas referentes às suas
mensagens. Tomam-nas como ata ques à sua pessoa ou como ataques à sua vocação. A
humildade e a autocrítica não devem ter espaço no púlpito.
1.4 "Teoria". Técnicas e teorias homiléticas não substituem uma vida de devoção pessoal
a Deus. O pregador deve ter uma vida em harmonia com as verdades divinas que ele prega.
Quan do Jesus começou a pregar, o povo ficou impressionado com as Suas palavras, pois
eram palavras de poder, bem diferentes das palavras bonitas, mas vazias, dos escribas e
fariseus.
1.5 "Recalque" . O púlpito não é lugar para o pregador aliviar os seus complexos. Não se
pode reivindicar a sinceridade para despejar opiniões pessoais que passam ao largo das
verdades bíblicas. O pregador deve, fundamentalmente, persuadir com amor, ao invés de
reprimir com furor.
2. Definindo Pregação
3. Definindo Homilética.
"A arte de pregar sermões"; " A ciência da pregação"; "A arte da fala religiosa". Grego:
"Homília" = falar, conversar.
5. O que é a Homilética.
1. É uma auxiliar do estudo e análise do texto.
2. É uma auxiliar na exposição de idéias.
1. Dá a compreensão de que o sermão tem muito a ver com o pregador. Ou seja, a vida
do pregador é o sermão.
4. Dá a compreensão de que Deus colocou no mundo recursos que devemos aproveitar em
benefício de Seu Reino. Inclusive os da ciência da comunicação verbal: a Homilética.
Observações:
1. Há um objetivo geral para não crentes ( Evangelístico ) e cinco objetivos gerais para
não crentes (Doutrinário, Devocional, Consagração, Ético e Alento).
1. Não existe objetivo geral de "exortação"!
1. O pregador deve ter o cuidado para ter somente um objetivo para cada sermão.
Exemplos:
Divisões:
1. No cristão, as promessas de Deus se realizam.
1. Pelo cristão as promessas de Deus são mostradas ao mundo.
1. Ao cristão é conferida a condição de supervencedor.
Observe:
1 . O tema oriundo da expressão "em Deus faremos proezas".
1. As "proezas" ficam por conta da imaginação do pregador.
2. Note a relação entre o título e as divisões.
C. João 3:19
D. Jeremias 29:13
Título: BUSCANDO A DEUS
Objetivo Geral: Consagração
Objetivo Específico: Mostrar ao crente alguns passos para uma vida consagrada a Deus.
Divisões: 1. Esquecendo-se do passado pecaminoso.
1. Alimentando-se no presente das verdades de Deus.
1. Confiando que as promessas de Deus se cumprem.
Observe:
1 . O pregador colocou acertadamente uma seqüência: passa do, presente e futuro, mas que
não se encontra no texto.
1. O texto não declara as idéias das divisões.
2. Observe a relação entre o título e as divisões.
E. Tiago 4: 3
Título: CAUSAS PARA A ORAÇÃO NÃO RESPON DIDA
Objetivo Geral: Doutrinário
Objetivo Específico: Ensinar a igreja a não cometer alguns erros comuns não condizentes
com a oração.
Divisão:
1. Pedir mal (Tg. 4: 3 ).
1. Pecado no coração ( SI. 66:18 ).
2. Duvidar da Palavra de Deus (Tg. 1:6 e 7).
3. Vãs repetições ( Mt. 6:7 ).
4. Desobediência à Palavra de Deus (Pv. 28:9).
1. Procedimento irrefletido nas relações conjugais (I Pd. 3:7).
Observe:
1 . O uso de vários textos para exposição do tema.
1. As divisões provenientes do tema.
1. As divisões poderiam ter outra seqüência, de acordo com a ênfase do pregador.
2. Sermão Textual
É o sermão baseado num texto da Bíblia, geralmente, UM versículo. O TEMA e as
DIVISÕES vêm do próprio texto. É o texto quem diz o que será pregado. Há dois tipos de
sermões textuais: LITERAL e LIVRE.
Exemplos:
A. João 14:6
Título: COMO CHEGAR A DEUS? Objetivo Geral:
Evangelismo
Objetivo Específico: Levar os ouvintes a aceitarem Jesus como único meio de alcançarem
a salvação.
Divisões:
1. Por Jesus, que é o único caminho.
2. Por Jesus, que é a única verdade.
3. Por Jesus, que é a única vida.
Observe:
1. As palavras-chaves Caminho, Verdade e Vida são as que se encontram no texto, na
mesma ordem.
2. As divisões não são oriundas do tema ( então, não é temático ), mas sim literalmente do
texto ( portanto, é um sermão textual literal).
B. Efésios 5:20
Título: DAI GRAÇAS
Objetivo Geral: Doutrinário
Objetivo Específico: Ensinar a igreja como dar graças a Deus.
Divisões:
1. A quem? DEUS, O PAI.
2. Como? EM NOME DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO.
1. Quando? SEMPRE
2. Em que circunstâncias? POR TUDO
C. Mateus 6:33
Título: A BUSCA DO REINO DE DEUS
Objetivo Geral: Devocional
Objetivo Específico: Levar a igreja a reconhecer a provisão que o Senhor dá aos Seus.
Divisões:
1. O quê? O REINO E A SUA JUSTiÇA
1. Quem? VÓS ( os crentes)
2. Quando? EM PRIMEIRO LUGAR
1. Porquê? TODAS AS COISAS VOS SERÃO ACRESCENTADAS
Observe:
1 . Nos exemplos B e C o argumento está baseado em perguntas.
2. As respostas às perguntas procuram seguir literalmente as
expressões do texto.
Exemplos:
A. Salmo 18:2
Título: UM DEUS PESSOAL ( DMAF )
Objetivo Geral: Devocional
Objetivo Específico: Estimular a igreja a intensificar mais a sua devoção a Deus Pai.
Divisões:
1 . Ele é a minha rocha, o meu rochedo, o meu escu do - O DEUS PROTETOR
2. Ele é a minha fortaleza, o meu alto refúgio, em quem me refugio - O DEUS
PATERNO.
3. Ele é o meu libertador e a força da minha salvação - O DEUS SALVADOR.
Observe:
1. As idéias não estão na mesma ordem do texto, mas são
todas oriundas do texto.
2. Porque o pregador achou melhor estruturar as idéias numa determinada seqüência ou
agrupamento, este é considerado um sermão textual livre.
B. Lucas 23:43
Título: A SALVAÇÃO OUTORGADA POR CRISTO ( W. Kaschel )
Objetivo Geral: Evangelístico
Objetivo Específico: Induzir o não crente a aceitar Jesus como seu salvador pessoal.
Divisões:
1. É certa: "Em verdade ... estarás".
1. Em companhia de Cristo: "Comigo".
2. Em lugar de delícias: "No paraíso".
1. Instantânea: "Hoje".
Observe:
1. As idéias não estão na mesma ordem do texto, mas são todas provenientes do texto.
2. As demais expressões servem para clarear o argumento, sem mudar o sentido básico do
texto. Por isso é textual livre.
3. Note as relações do título com as divisões.
C. Lucas 9:23
Título: A RELIGIÃO DE CRISTO
Objetivo Geral: Doutrinário
Objetivo Específico: Ensinar aos crentes os fundamentos e as implicações da religião
ensinada por Jesus Cristo.
Divisões:
1. É universal: "Todos".
1. É voluntária: "Se alguém quiser".
2. Exige abnegação: "Tome a sua cruz".
1. Implica compromisso: "Siga-me".
Observe:
1. Poderia ser textual literal ou livre, pois as expressões-cha ves se encontram na mesma
ordem no texto.
1. Há uma seqüência progressiva.
2. Acertadamente a idéia mais forte é a última.
1. Todas as idéias são oriundas do texto, com um argumento que utiliza outras
expressões sem mudar o sentido básico do texto.
3. Sermão Expositivo
É aquele cujo tema é encontrado diretamente no texto, sendo desenvolvido com material
fornecido por uma correta interpreta ção do texto, para atingir um propósito que se
harmonize com o significado original do texto (Crane, p.79).
3.1 Exigências para a elaboração de Sermões Expositivos
1 . É necessário determinar o texto. O texto precede o sermão.
1. É necessária a exegese do texto. Dá mais trabalho.
2. É necessário descobrir o assunto ou lição principal.
3. As divisões devem se relacionar com o tema principal.
1. Evite a multiplicação de minúcias, de detalhes desneces sários (o famoso tim-tim
por tim-tim).
1. Não gaste tempo demasiado explicando pontos difíceis.
1. Não multiplique a citação de passagens paralelas. Exemplos:
A. Efésios 2: 1 a 10
Título: O REMÉDIO PARA A CONDIÇÃO HUMA NA (Carne)
Divisões:
I. A condição do homem natural está descrita em nosso texto
sobre três figuras:
1 . O homem natural está morto ( "morto em delitos e pecados" ).
2. O homem natural está preso por uma trindade infernal
(1 . Segue o curso deste mundo; 2. Vive nos desejos da carne;
1. Obedece ao príncipe da potestade do ar).
3. O homem natural é um réu condenado ("filho da ira").
II. Para esta terrível condição Deus proveu um remédio ade-
quado, que o nosso texto descreve de três maneiras:
1. É um remédio de amor
2. É um remédio de poder
* Nos ressuscita da morte espiritual
* Nos assenta com Cristo nos lugares celestiais, vitoriosos sobre
a trindade infernal.
3. É um remédio de graça
Conclusão:
1. Este remédio nos é oferecido somente em Cristo.
2. Este remédio pode ser nosso pela fé.
3. Os resultados da aplicação deste remédio serão motivos de contemplação e de louvor a
Deus por toda a eternidade (veja o v. 7 ). 4. Deve, por isso, ser aceito agora mesmo!
Observe
1. O bom título (mas que pode ser melhorado).
1. Nas subdivisões, as palavras-chaves "homem natural" e "remédio".
1. O esgotar do texto
2. A boa estrutura da conclusão.
B.Atos 2
Título: A IGREJA MAIS ATRAENTE DO MUNDO Divisões:
I. Era uma igreja unida
1. No pentecostes (v. 1 ).
2. Após o pentecostes (v. 42).
II. Era uma igreja informada (v. 32 ).
1 . Conhecia o evangelho.
1. Compreendia a missão da igreja.
1. Continuava aprendendo (v. 42).
IIII. Era uma igreja espiritual
1 . Os 120 originais tinha ficado "cheios do Espírito Santo" (v. 4 ).
1. Os 3.000 posteriores receberam o Espírito Santo (v. 38).
1. O grupo unido ministrava no poder do Espírito Santo.
IV. Era uma igreja que testemunhava
1. O modelo do pentecostes: "Todos passaram a falar" (v. 4).
2. O imperativo divino: testemunho duplo: lábios e vida.
3. A suprema dificuldade divina: falta de testemunhas consagradas.
Observe:
1. O título interessante.
2. Divisões no passado devem ser evitadas.
3. Algumas lacunas na abordagem do texto.
4. A questão das subdivisões.
C. Êxodo 14: 1 a 14
Título: BECO SEM SAÍDA (Braga ).
Divisões: 1 . "Beco sem saída" é o lugar que às vezes Deus nos leva ( vv. 1a 4a).
2. "Beco sem saída" é o lugar que às vezes Deus nos prova ( vv.4b a 9).
3. "Beco sem saída" é o lugar em que às vezes falhamos com o
Senhor(vv.5 a 9).
4. "Beco sem saída" é o lugar em que Deus nos ajuda (vv. 13 a 14).
Observe:
1. O título interessante.
2. A expressão-chave nas divisões.
3. O esgotar do texto.
D. Neemias 6: 1 a 14
Título: A FIRMEZA DO SERVO DE DEUS ( DMAF )
Objetivo Geral: Ético
Objetivo Específico: Mostrar ao crente como agir de acordo com
os princípios divinos em situações comuns.
Divisões: 1. Quando convidado a deixar sua missão (vv. 1 a 4).
1. Quando questionado quanto às suas intenções (vv. 5 a 9).
1. Quando induzido a agir erroneamente (vv. 10 a 14).
Observe:
1 . O esgotar do texto.
2. A relação entre o título e as divisões.
3.2 Confirmando
1. Um sermão expositivo é um sermão oriundo de um trecho da Bíblia (mais de um
versículo).
2. O tema ou idéia central encontra-se diretamente no texto, implícita ou explicitamente.
3. As divisões são oriundas das idéias encontradas no próprio
texto.
1. O texto, e não o tema, é que determina a ênfase do sermão.
1. A diferença básica entre um sermão textual e um sermão expositivo está no
tamanho do texto bíblico exposto.
1. O Texto
2. O Título do Sermão
D. O sermão com títulos imperativos podem ter uma combinação dos métodos
descritos
Ex: "Crescei na Estatura Espiritual" 11 Ped. 3: 18 (Crane)
1. Que significa crescer espiritualmente?
2. Por que devemos crescer espiritualmente?
3. Como podemos crescer espiritualmente?
3. A Estrutura do Sermão
4. A Introdução do Sermão
"É o processo pelo qual o pregador procura preparar a mente dos ouvintes e prende-Ihes o
interesse na mensagem que vai proclamar" (Braga). As palavras introdutórias são diferentes
das palavras preliminares. As empresas de publicidade usam AIDA: Atrair, Interessar,
Desenvolver e Adquirir. O pregador deve ter em mente dois objetivos: conquistar a boa
vontade dos ouvintes e despertar interesse dos ouvintes pelo tema a ser pregado.
5. As Divisões do Sermão
6. Perguntas: Que, Quem, Gomo, Quando, Onde, Por Quê? (Crane, p. 98)
"O Novo Nascimento" - Jo. 3: 1-18.
1 . Que é novo nascimento?
1. Quem necessita desse novo nascimento?
1. Gomo pode o homem obter esse novo nascimento? Observe: Gomo as divisões
interrogam o tema, direcionando
progressivamente o argumento.
9. Desenvolvimento cronológico
"Deus, O Nosso Libertador" - Rm. 11: 26 1 . No passado.
1. No presente.
2. No futuro.
6. Conclusão do Sermão
"Confia a teu povo, logo no começo, a alegre expectativa do fim!" (Charles R. Brown).
É na conclusão que o pregador vai dar sua ênfase mais persu asiva. Põe abaixo ou salva o
sermão. É onde se chega a uma decisão. Sua importância, ver Crane, p. 112.
7. As Ilustrações do Sermão
"O material ilustrativo é semelhante a uma janela, que tem por finalidade deixar entrar a
luz e iluminar a sala. As ilustrações per mitem que os ouvintes possam ver em suas mentes as
verdades apresentadas no sermão. Elas despertam a atenção, explicam as verdades e
fortalecem os argumentos apresentados, auxiliam os ouvintes a reter as idéias do sermão,
tocam nos sentimentos e proporcionam descanso mental para os ouvintes" Key, p. 49.